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Com novo núcleo, Reator IPEN/MB-01 recebe Autorização de Operação Permanente da CNEN

Obtenção da AOP foi considerada 'uma vitória' pelo gerente adjunto de Operação, Ulysses Bitelli

A mudança na geometria do núcleo do Reator IPEN/MB-01 – antes composto de 680 varetas combustíveis – foi fundamental para a concessão da Autorização de Operação Permanente (AOP) por parte da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), segundo avaliou o gerente adjunto de Operação, Ulysses d’Utra Bitelli. O novo núcleo vai operar com 19 elementos combustíveis do tipo placa, idênticos aos que estão projetados para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).

"Ao longo de 30 anos, operamos com o núcleo antigo sempre procurando atender às normas da CNEN, mas só tínhamos a AOI [Autorização de Operação Inicial]. Passamos por várias auditorias, nos adequamos a todas as exigências contidas no RASIN [Relatório de Análise de Segurança da Instalação Nuclear], especificamos as alterações técnicas do núcleo novo e, agora, obtivemos a autorização permanente. Apesar da AOP significar Autorização de Operação Permanente, essa licença, na verdade, vale por dez anos, e só é renovada mediante o atendimento de vários condicionantes.

"A CNEN nos deu muita lição de casa para os próximos dez anos”, diz Bitelli. Mas o foco, agora, é na criticalidade do Reator IPEN/MB-01. O próximo passo – explica – é dar início aos experimentos de comissionamento do núcleo. Um deles é a medida do valor negativo do coeficiente de reatividade de temperatura, importante do ponto de vista de segurança para conter, sem intervenção de operador, uma eventual excursão acidental de potência. "O coeficiente deve ser sempre negativo para que, caso a potência aumente, o reator estabilize e desligue sozinho sem ação humana. O cálculo mostrou que é negativo, mas precisamos testar”.

Há outros experimentos que serão executados, entre eles, previsão de criticalidade (massa Crítica e posição das barras de controle), calibração das barras de controle, calibração da potência de operação etc. Tudo descrito na série de relatórios técnicos que apontavam os procedimentos experimentais no Reator IPEN/MB-01 enviados à Coordenadoria Geral de Reatores de Potência e Combustível Nuclear (CGRC/DRS/CNEN) após a efetivação da mudança do núcleo, finalizada em agosto de 2019. "Depois disso, houve várias auditorias da DRS/CNEN aqui no Reator, e então saiu a AOP”, comentou Bitelli.

O trabalho de preparação da instalação, incluindo estudos, experimentos, cálculos e elaboração de relatórios, e a comunicação com a CNEN, foi coordenado pelos pesquisadores Adimir dos Santos e Ulysses d´Utra Bitelli. Mas Bitelli fez questão de ressaltar o trabalho coletivo dos grupos de Operação e de Física de Reatores do Centro de Engenharia Nuclear (CEENG) do IPEN, ao qual o Reator IPEN/MB-01 está vinculado, e do Centro do Combustível Nuclear (CECON), onde foram produzidos os 19 elementos combustíveis do tipo placa.

"Parece ser muita gente, mas são grupos pequenos. O IPEN vive um momento crítico de perda de pessoal sem reposição, trabalhamos no limite. Tudo o que fazemos é furto fruto de muita dedicação e esforço coletivo”, salienta Bitelli. Do ponto de vista da operação do Reator IPEN/MB-01, o que muda é a estratégia de criticalização. No núcleo anterior – explica – havia duas barras de controle (dentro) e duas de segurança (fora). Se uma delas caísse no núcleo, o reator era desligado. Agora, serão as quatro barras dentro do núcleo.

"Nós vamos operar com quatro placas de háfnio, elemento com alta capacidade de absorção de nêutrons, é o material das barras de controle. Antigamente, eram varetas absorvedoras, compostas de liga de prata, Índio e cádmio. A estratégia, agora, vai ser diferente, em termos de como criticalizar o reator. Vamos treinar os operadores, seguindo todas as etapas planejadas, porque são procedimentos diferentes dos executados com o núcleo de varetas combustíveis. Os sistemas auxiliares do reator não mudaram nada, o que mudou foi a estratégia. Teremos muito trabalho pela frente”.

Para Bitelli, a obtenção da AOP é uma vitória. Outro importante aspecto – menciona – é que, pela similaridade, o novo núcleo vai permitir simular a física de nêutrons do núcleo do RMB e consequentemente validar a metodologia de cálculo e as bibliotecas de dados nucleares utilizadas em seu projeto. "Ou seja, vamos trabalhar e trabalhar muito”, brincou. A AOP foi confirmada em novembro, em publicação no D.O.U. no 220, de 11 de novembro de 2019. No documento, constam todas as condicionantes para renovação da AOP como, por exemplo, a adequação do RASIN à norma NUREG-1537 até 11 de maio de 2021.

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