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IPEN-CNEN/SP contesta afirmação do site PetroNotícias sobre desabastecimento de radiofármacos

Notícia é alarmista e unilateral. Instituto não foi procurado pelo site e apenas teria comunicado o cancelamento de produções específicas.

Ao contrário do que foi veiculado pelo site PetroNotícias, o IPEN-CNEN/SP não vai parar a produção dos Geradores de Mo-99/Tc-99m, utilizados na medicina nuclear com finalidades diagnósticas, enquanto for possível o transporte dos radioisótopos que vêm da Rússia, da África do Sul e da Holanda. A notícia de que o Instituto interromperá o fornecimento é improcedente e foi contestada pela direção. O IPEN emitiu comunicado informando o cancelamento apenas de produções pontuais de radiofármacos à base de Iodo-131.

"É evidente que atrasos nas logísticas nacional e internacional estão ocorrendo, mas rotineiramente, a equipe está de prontidão para fazer todas as produções necessárias, abastecer o Brasil e atender a todos os brasileiros que necessitam dos radiofármacos produzidos no Instituto, para realizar os seus procedimentos médicos. Estamos sensíveis à situação da pandemia sem descuidar dos nossos compromissos, mesmo durante esse período em que o servidor também está se arriscando ao deixar as suas casas por um motivo maior: a vida”, declarou Wilson Calvo, Superintendente do IPEN.

Calvo afirma que a informação não procede e que o Instituto nem sequer foi procurado para se manifestar, junto à PetroNotícias. O Superintendente confirmou que, nesta semana, os principais fornecedores de Mo-99 e I-131 (matérias primas) tiveram dificuldades para encontrar voos internacionais e manter a logística que possibilita o transporte de material da África do Sul (produtor NTP) e da Rússia (produtor Rosatom). O Superintendente ressaltou o compromisso de ambos em momentos de crise que acontecem na cadeia global de abastecimento.

A Rosatom fornece regularmente aproximadamente 50% da demanda de Mo-99 do Brasil ao IPEN-CNEN/SP. Também fornece I-131 e, por diversas semanas, proveu 100% do material, quando os outros produtores tiveram paradas inesperadas de seus reatores nucleares de pesquisa. O governo russo tem um compromisso formal e parceria bilateral com o Brasil. Entretanto, não havia voos apropriados com a logística necessária, o que impossibilitou o envio do material ao Instituto.

Já a NTP, responsável por quase 40% da demanda de Mo-99 ao IPEN-CNEN/SP, reafirma "a longuíssima relação de sucesso com o Instituto” e destaca a cooperação em situações adversas. "Pudemos atender o Brasil em vários momentos de crise mundial e entendemos que a cooperação e a sinergia entre os fornecedores são fundamentais, principalmente em tempos de crise, quando devemos trabalhar pensando no bem que estamos fazendo para o nosso país. Atualmente, também somos responsáveis pelo fornecimento de 50% do I-131, mas a ausência de voos partindo na África do Sul impediu o transporte de material ao Instituto”, explicou Dênio Mustrangi, representante comercial exclusivo da NTP no Brasil.

Buscando alternativas– O gerente do Centro de Radiofarmácia do IPEN-CNEN/SP, Efrain Perini, informou que consultou a possibilidade de fornecimento de material da Argentina, mas não será possível visto que o país vizinho prorrogou a quarentena obrigatória até 13 de abril de 2020, e todos os voos (nacionais e internacionais) foram suspensos. "Temos que trabalhar com expectativas e informações que mudam a cada minuto. Em função da pandemia, decisões drásticas são tomadas mundialmente a todo o momento e temos que verificar continuamente possíveis outras soluções de logísticas e fornecimento”, disse.

De acordo com Perini, até mesmo a possibilidade de acionar a Força Aérea Brasileira já foi estudada pela Superintendência e a Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, junto aos produtores, mas isso depende de ações administrativas e diplomáticas. De qualquer modo – salienta – "o IPEN-CNEN/SP sempre se pauta pela transparência com os seus clientes e comunica frequentemente o adiamento ou o cancelamento de produções específicas em decorrência dos atrasos ou do não recebimento do material radioativo”. Inclusive, há pedidos programados de Mo-99, I-131 e Lu-177 para as próximas semanas junto a quatro fornecedores internacionais.

O Instituto não foi procurado para se manifestar, uma vez que é reconhecido pelos seus pares no fornecimento de radiofármacos há mais de 60 anos, totalizando mais de 50 milhões de procedimentos em medicina nuclear. "A PetroNotícias será muito bem-vinda em se unir aos nossos esforços na tentativa de minimizar os impactos já tão negativos dessa pandemia na sociedade”, afirma Calvo.

O site PetroNoticias também faz uma correlação de que o problema do desabastecimento é decorrente ao monopólio da produção pelo IPEN-CNEN/SP. A informação é imprecisa, uma vez que o monopólio já está flexibilizado no país. Ainda assim os problemas existiriam, pois o fechamento do espaço aéreo de diversos países também inviabilizaria o fornecimento de qualquer radioisótopo ao Brasil, independente de ser ao setor público ou privado, já que ambos dependem da cadeia global de provimento dos materiais. "Além disso, o fornecimento pelo IPEN-CNEN/SP garante os preços, os quais não foram reajustados durante o período da pandemia, quando os materiais estão escassos”, destaca Perini.

Medidas preventivas –Em contato com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o IPEN-CNEN/SP solicitou que fossem elencados radiofármacos essenciais para que a medicina nuclear não entre em colapso durante a crise de abastecimento no período de pandemia do COVID-19. Foi sugerida a manutenção mínima dos radiofármacos de I-131 e Lu-177, além dos geradores de Mo-99/Tc-99m, e assim o Instituto tem envidado esforços para a manutenção dessas produções e de qualquer outra mediante o recebimento do radioisótopo importado.

"Vale destacar que o I-123 é produzido no acelerador cíclotron do IPEN-CNEN/SP e não depende de importação semanal de insumo radioativo. Consequentemente, não há risco de desabastecimento para os radiofármacos que utilizam este radioisótopo”, observou Perini, salientando que a produção de radiofármacos é classificada como atividade essencial e prioritária no atendimento aos pacientes e serviços de medicina nuclear de todo o País.

"Com esta crise mundial e logísticas de voos dificultadas, fica evidente entender a necessidade e urgência de implantação do novo Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que tornaria o Brasil independente e autossuficiente na produção de diversos radioisótopos médicos, como por exemplo o Mo-99, I-131 e o Lu-177, este último com uma demanda crescente de uso para tratamento de tumores neuroendócrinos e também promissor no tratamento de câncer de próstata metastático”, ressaltou Wilson Calvo.

O superintendente do IPEN-CNEN/SP reafirma "o empenho da equipe do Instituto e também de todos os nossos fornecedores para o cumprimento da missão, mesmo durante o cenário de pandemia”. Ele lembra o risco enfrentado por toda a equipe do Instituto que vem trabalhando na execução dos serviços essenciais do Instituto, mas entende que é o momento de "esforço coletivo”.

"Os servidores do IPEN-CNEN/SP seguem cumprindo a sua missão durante esse período de crise com trabalho em equipe, união e calma. Enquanto houver radioisótopos, haverá produção no Instituto, que já se organizou com equipes mínimas e horários restritos, em atendimento às orientações sanitárias do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Fiquem em casa que estamos aqui por vocês”, concluiu Calvo.


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