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Oferta insuficiente de fármacos limita expansão da medicina nuclear no País

Com a construção de novo reator, governo visa diminuir dependência da importação de insumos usados principalmente no diagnóstico e tratamento do câncer, com foco preponderante no SUS

Fonte: DCI

Ricardo Casarin • São Paulo

A falta de capacidade produtiva de radiofármacos torna deficiente o atendimento da demanda de procedimentos de medicina nuclear no País. A dependência de importação de insumos encarece tratamentos e reduz a oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).

"O nosso mercado tem um déficit muito grande, a quantidade produzida internamente não atende o País. Atualmente, o Brasil gasta cerca de US$ 17 milhões importando o material necessário para a produção de radiofármacos utilizados no diagnóstico e tratamento de diversas doenças”, afirma o coordenador técnico do Projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), José Augusto Perrotta. Em março, o governo federal anunciou o investimento de R$ 750 milhões no RMB até 2022.

De acordo com o Ministério da Saúde, desde 2009 o Brasil enfrenta dificuldade no abastecimento de radiofármacos devido à paralisação de um reator canadense, responsável pelo fornecimento de 40% do mercado global. O principal objetivo do RMB, em desenvolvimento no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó (SP), é nacionalizar a produção de radiofármacos, permitindo fornecimento a preço de custo ao SUS. "O governo planeja uma expansão dentro do sistema público, pois atualmente a medicina privada corresponde a 70% deste tipo de tratamento e só atende 30% da população”, conta o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Juliano Cerci.

Perrotta aponta que o projeto permitirá ao País produzir mais com menos dinheiro. "Com o reator, conseguiremos dobrar ou triplicar a produção, com um investimento em real, em vez de dólar, barateando o processo. Isso dará sustentabilidade e ampliará a medicina nuclear.” Ele explica como os radiofármacos são usados em procedimentos de detecção e tratamento de doenças. "O elemento radioativo é injetado no paciente que, junto com um equipamento, permite a visualização de um órgão específico, um mapeamento de dentro para fora. Isso permite detectar anomalias, como o câncer”, explana. "Já o tratamento consiste na emissão de radiação para matar uma célula cancerígena, por exemplo.”

Incentivo à indústria

O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), Carlos Goulart, acredita que o RMB terá um impacto positivo para a produção nacional. "Nossas empresas estão procurando entender melhor o volume e a disponibilidade de insumos, todas têm interesse em fazer uso.” Goulart explica que o equipamento de diagnóstico conhecido como PET/CT (sigla em inglês para tomografia por emissão de pósitrons) é produzido pela indústria nacional. "É um tomógrafo unido ao radiofármaco, dando a localização exata de um tumor.”

Atualmente, o Brasil possui quatro reatores de pesquisa, sendo o principal deles o localizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), localizado em São Paulo. "Todo o campus se desenvolveu ao redor do Ipen. Acredito que o mesmo vai ocorrer com o RMB, vai ser um grande polo de ciência nuclear no Brasil”, prevê Perrotta. A projeção de conclusão é em 2024, mas a produção de radiofármacos pode ser iniciada antes. "O reator é de multipropósito, há uma série de interfaces para outros setores, como a agricultura. Também traz a possibilidade de tornar o Brasil um exportador de insumos radioativos”, diz Cerci.

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