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Westinghouse firma acordo para extensão de vida de Angra 1 e planeja atuar em Angra 3

Fonte: Petronotícias

As últimas semanas têm sido intensas e de excelentes novidades para a Westinghouse. No exterior, a companhia conectou à rede elétrica da China a sua primeira usina nuclear AP 1000. No país asiático, o futuro é promissor, já que a empresa está desenvolvendo mais três reatores deste modelo para os chineses, num sinal claro de que o passado recente de dificuldades financeiras está sendo deixado para trás. Para o Brasil, os planos também são bastante consistentes. O presidente da Westinghouse para as Américas, David Howell, visitou o país pela primeira vez recentemente e sua vinda gerou excelentes frutos. Com a INB, a companhia americana fechou um acordo comercial para fornecimento de componentes para combustível nuclear para Angra 1. Já com a Eletronuclear, a Westinghouse assinou um contrato relacionado ao aumento de vida de Angra 1. "É uma extensão do que estamos fazendo nos Estados Unidos. Lá, existem 99 reatores em operação, dos quais mais de dois terços já estenderam sua vida de 40 anos para 60 anos. Isso é uma realidade nos EUA e pode ser feito no Brasil também.”, afirmou o vice-presidente da Westinghouse para a América Latina, Carlos Leipner (foto). O executivo declarou também que a empresa está atenta às futuras oportunidades que surgirão quando as obras de Angra 3 forem retomadas. "Não estamos envolvidos na construção em si, mas temos muito a contribuir com nossa competência e capacidade técnica. Eu sei que Angra 3 tem várias áreas que precisam ser desenvolvidas e nós temos capacidade para fazer”, disse. 

Gostaria que o senhor começasse falando das novidades da Westinghouse para o Brasil.

O presidente da Westinghouse para as Américas, David Howell, nos visitou recentemente. Foi a primeira vez em que ele esteve no Brasil. Ele está no posto há pouco mais de um ano e tem mais de 36 anos dentro da Westinghouse. Então, é uma pessoa com bastante experiência. Ele veio com vários objetivos, um deles é monitorar o mercado e entender como está o setor nuclear no Brasil. Obviamente, teve reuniões com os principais stakeholders do Brasil. Nós também visitamos a Central Nuclear de Angra e foi muito positivo.

Celebramos novos acordos comerciais. Com a INB, temos um relacionamento de longa data e recentemente firmamos um contrato de fornecimento de componentes para combustível nuclear para Angra 1. É uma continuação de um trabalho que temos feito com eles. Temos muita experiência em colaborar com a INB no desenvolvimento de novas tecnologias. Trabalhamos juntos no desenvolvimento do novo combustível de Angra 1, que é o 16 NGF. Já qualificamos o pessoal da INB para prestar serviços para a Westinghouse. Eles hoje fazem serviços para a companhia nos Estados Unidos. É uma relação muito produtiva para ambos os lados. 

Quais outros acordos foram assinados?

Com a Eletronuclear, firmamos um novo acordo relacionado à extensão de vida de Angra 1. Um trabalho que já estávamos fazendo com eles há muitos anos e agora estamos na etapa final, trabalhando junto com a Eletronuclear, em preparação da aplicação que eles vão ter que fornecer para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) no final do ano que vem para extensão de vida de Angra 1. Este é um trabalho extremamente importante e agradecemos a confiança que a Eletronuclear tem nos dado. Obviamente, a Westinghouse está muito bem posicionada por ser a fornecedora da tecnologia usada em Angra 1. Temos uma responsabilidade muito grande e estamos muito confiantes que isso vai trazer bons resultados.

É uma extensão do que estamos fazendo nos Estados Unidos. Lá, existem 99 reatores em operação, dos quais mais de dois terços já estenderam sua vida de 40 anos para 60 anos. Isso é uma realidade nos EUA e pode ser feito no Brasil também. 

Qual sua perspectiva em relação dos negócios entre a Westinghouse e Eletronuclear?

Como eu disse, tivemos a oportunidade de visitar o sítio da Central Nuclear de Angra. Visitamos Angra 1 e Angra 3 também. Ali, obviamente, a Westinghouse continua bem envolvida na parte operacional, de reparos e apoio técnico à Eletronuclear. Temos a meta de continuarmos nessa posição. Essa foi parte da nossa conversa – manter e reforçar nosso compromisso de apoio técnico à Eletronuclear para a Central de Angra. 

Poderia detalhar um pouco mais essa parceria para extensão de vida de Angra 1?

No trabalho que estamos fazendo em Angra 1 agora é uma fase. Uma vez a extensão de vida da usina sendo aprovada pela CNEN, haverá uma necessidade de investir na central para poder operar nos próximos 20 anos. Isso é um potencial muito grande. Sobre Angra 2, sabemos que é a mais nova central do Brasil, está em operação há quase 20 anos. Sabemos também que ela precisa de investimentos no futuro para continuar com a operação de forma segura e confiável, como já é hoje. Temos isso como uma grande oportunidade. No longo prazo, estamos olhando para as futuras centrais. Estamos todos na expectativa do Plano Nacional de Energia (PNE 2050). A empresa está monitorando para ver se haverá um sinal mais concreto e qual será a política energética para o futuro. 

E como avalia o mercado nuclear no Brasil?

Nós continuamos monitorando a situação do setor no Brasil. A situação de Angra 3 continua delicada. A Eletronuclear continua tentando solucionar uma saída para finalizar o projeto. A Westinghouse tem uma posição consistente. Eu já havia comentado que nossa empresa tem a capacidade técnica e experiência de entrar em projetos que estejam no meio do caminho. Um exemplo disso é o de um reator na República Checa (Temelín unidades 1 e 2). São dois reatores que nós terminamos, no final da década de 90. Nós entramos nesse projeto ainda em andamento, desenvolvendo a parte de instrumentação e controle e design do combustível nuclear. 

Como a empresa pretende participar da retomada de Angra 3?

Aqui no Brasil, a necessidade maior que a Eletronuclear tem é a parte comercial, pois precisam de financiamento. A Westinghouse não está numa posição hoje – e não faz parte do perfil da empresa – de financiar este tipo de projeto. Mesmo nos projetos de AP 1000 que temos em construção ao redor do mundo, não fazemos parte do financiamento. Isso, em contraste com nossos concorrentes, que não são empresas privadas e sim fazem parte de governos. Então, isso é um diferencial. Mas, continuamos interessados em participar de alguma maneira. Não será na parte de financiamento. Também não estamos envolvidos na construção em si, mas temos muito a contribuir por nossa competência e capacidade técnica. Eu sei que Angra 3 tem várias áreas que precisam ser desenvolvidas e nós temos capacidade para fazer. Isso vai depender muito do modelo que a Eletronuclear está tentando desenvolver. Continuamos interagindo com a Eletronuclear e outros parceiros e esperamos que no final que Angra 3 seja solucionada. 

Como enxerga o potencial de crescimento dentro da América Latina?

Nós continuamos a ver o mercado do Brasil e da América Latina como uma área de crescimento para a Westinghouse. Essa é a razão pela qual restabelecemos escritório aqui há quatro anos. Vemos o mercado com muito potencial de crescimento, não só na parte das plantas em operação, mas também com a visão de novas usinas. Hoje, temos reatores no México, Brasil e Argentina dentro da América Latina e a Westinghouse é a única empresa com projetos ativos em todos os três mercados. Isso é um ponto de muito orgulho. Especificamente no Brasil, vemos uma oportunidade muito grande de necessidade de Angra 1 e Angra 2. 

Qual a importância da energia nuclear para o país?

Nós vemos que a matriz energética do Brasil continua delicada. Não estamos numa crise energética porque o crescimento econômico está muito limitado. Mas todos nós vemos que teremos um crescimento econômico e isso vai demandar um fornecimento confiável de energia. Embora temos o papel das renováveis cada vez mais importante, precisamos também focar na energia de base. É a fundação da matriz energética do Brasil. Por isso, acho que a fonte nuclear tem um papel importante. 

E que desafios enxerga dentro do setor atualmente?

O capital humano é uma preocupação muito grande da Westinghouse. Por isso, fechamos um acordo com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para concretizar trabalhos que já estávamos fazendo há anos, mas que agora estão documentados neste acordo. A ideia é fazer palestras, workshops e abrir oportunidades de estágio. Somos a única empresa privada até agora a contratar os novos formandos do curso de graduação de Engenharia Nuclear da UFRJ. Estamos muito orgulhosos disso. É uma maneira de contribuir.

 

Para concluir, tivemos recentemente a entrada na rede da primeira usina AP 1000. Poderia citar as vantagens que este reator poderia trazer ao Brasil?

O AP 1000 é um projeto que tem atraído muito interesse não só no Brasil, mas ao redor do mundo, por vários motivos. Primeiro porque é um reator que oferece segurança passiva. Sem precisar de auxílio do próprio operador, os sistemas podem assegurar a confiabilidade do reator de uma maneira segura. Em segundo lugar, pela forma que ele pode ser construído, por módulos. Isso tem um resultado de que precisamos ter um conteúdo local significativo para fazermos os módulos e componentes. A consequência econômica disso é uma geração grande de benefícios. Tenho muito a contar sobre o AP 1000, mas esses são os dois pontos mais importantes.

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