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Prazo para conclusão do prédio de armazenamento do combustível nuclear de Angra 1 e 2 preocupa sindicato dos engenheiros

Fonte: Petronotícias

A falta de um acordo definitivo para dívida da Eletronuclear com a Caixa e com o BNDES está trazendo uma séria preocupação para o Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro. A empresa continua a pagar cerca de R$ 80 milhões mensais para quitar os juros devidos pelos empréstimos para a construção da Usina Angra 3, que ainda aguarda uma definição do governo federal para a sua conclusão. Com um sangramento dessa ordem mensalmente no caixa da empresa, a preocupação do sindicato é com a falta de fôlego para o pagamento das obras de construção do prédio da Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) onde ficarão parte dos elementos combustíveis irradiados das usinas Angra 1 e Angra 2, que estão depositados nas piscinas especiais. Até maio de 2022 precisarão ser retirados das duas piscinas 480 elementos combustíveis irradiados no total. São 220 elementos correspondentes a cinco ciclos de Angra 1 e 260 elementos, correspondentes também a cinco ciclos, mas de Angra 2.

A gigante americana Holtec, com larga experiência internacional neste tipo de obra, também fará a operação de transferência desses elementos, que tem 4 metros de altura cada um. Eles serão colocados em invólucros especiais conhecidos como Canister. O prazo para entrega da obra precisa ser antes de maio de 2022. E já está muito apertado porque a obra ainda está na fase de projetos. Quando foi assinado o contrato o prazo de conclusão era de 36 meses. E ainda precisa ser feito uma licitação para retirada de um morro onde o prédio do armazenamento será construído. Caso a obra não seja concluída no prazo, as usinas de Angra 1 e Angra 2, teriam que ser obrigatoriamente desligadas porque não haveria espaço para se colocar mais elementos combustíveis. É importante dizer que até o momento o projeto transcorre normalmente e todos os eventos de pagamentos estão sendo cumpridos pela Eletronuclear, com todos os fornecedores também em dia.

A tecnologia da Holtec vai usar é o sistema HI-STORM FW para armazenamento a seco do combustível nuclear. Serão colocados no Canister e levados para UAS, que está sendo projetada e será construída pela própria Holtec. Um fator que aumenta a complexidade é a diferença das usinas. Angra-1 é um projeto da Westinghouse e Angra-2 é um projeto da Siemens. Tem diferentes arquiteturas e bases de licenciamento. Apesar dessas diferenças, o plano de implementação da Holtec permitirá a compatibilidade entre grande parte dos equipamentos e procedimentos operacionais. O de Angra-1 beneficiou-se das prateleiras de armazenamento úmido da Holtec, instalados em meados da década de 1990, que apoiaram a operação contínua das unidades desde aquela época. Agora, a instalação de armazenamento a seco servirá como uma solução complementar para o gerenciamento do combustível irradiado, com tecnologia considerada segura e eficiente.

Na verdade, a responsabilidade da construção da Unidade de Armazenamento a Seco, pela legislação federal, pertence a CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear e não a Eletronuclear. O Petronotícias conversou com o Diretor de Negociações Coletivas Sindicato dos Engenheiros do Rio e da Federação Interestadual de Sindicato dos Engenheiros, físico, com 40 anos trabalhando na Eletronuclear, Guther de Moura Angelkorte:

– Por que o Sindicato tem a preocupação com a obra da UAS ?

A administração anterior a do presidente Leonam foi um pouco desastrosa porque perdeu muito tempo para tomar uma decisão de construir a UAS. Sem esse prédio para o armazenamento dos elementos combustíveis, as usinas terão que obrigatoriamente serem desligadas, o que representaria um prejuízo enorme para o país. Não apenas para a Eletronuclear e para o sistema de geração de energia.

– O pagamento dos juros do empréstimo para Angra 3 compromete ?

– Certamente. Esse pagamento, se não houver um acordo, sangra o caixa da empresa e pode ter consequências graves, como o não pagamento das obras da unidade e a empresa atrasar a sua construção. As piscinas especiais não terão mais espaço para armazenamento dos elementos a partir de 2022. Sem esse espaço as usinas não podem funcionar. É a dívida com a Caixa, com o BNDES e com a próprio Holding, a Eletrobrás.

– Como são essas piscinas ?

– Elas tem pelo mais de 8 metros de profundidade, porque os elementos tem 4 metros e precisa de uma lâmina d’água de pelo menos 4 metros sobre estes elementos. Elas são bastante grandes, maiores que um piscina olímpica, com ácido bórico diluído na água para absorver os Neutrons para ficar subcrítico. Há um controle frequente dessa água.

– Depois de ser retirado da piscina, como esses elementos ficam ?

Eles precisam ser colocados em um invólucro especial e levados para o prédio da unidade de armazenamento a seco para ficarem guardados. É um trabalho de alta complexidade que precisa ser feito por pessoas experientes.

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