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Pior acidente nuclear dos EUA completa 40 anos

Fonte: UOL

Há quarenta anos, o acidente na usina nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, marcava profundamente a opinião pública, mesmo sem ter feito vítimas fatais.

Este acidente, devido a falhas no projeto, operação e erros humanos, foi classificado no nível 5 da escala internacional de acidentes nucleares Ines, enquanto Chernobyl e Fukushima atingiram o nível máximo de 7.

Aconteceu quando acabava de estrear nos cinemas o filme "Síndrome da China", que descreve um grave perigo nuclear em uma usina californiana. A coincidência fez com o desastre reverberasse ainda mais.

Recorde a série de acontecimentos noticiados pela AFP na época.

- "Alerta geral" -Em 28 de março de 1979, um alerta geral foi emitido na central nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, a meio caminho entre Nova York e Washington, após "a ruptura de um mecanismo de resfriamento".

Uma pane na parte não nuclear da central resultou em um aumento da pressão no "circuito primário" de água no núcleo do reator número 2. O reator parou automaticamente por segurança e uma válvula foi acionada para diminuir pressão.

Esta válvula deveria fechar automaticamente assim que pressão caísse. Mas não foi isso que aconteceu, enquanto uma luz indicou erroneamente na sala de controle que ela havia fechado.

A água de resfriamento escapou pela válvula, causando o superaquecimento do reator rapidamente.

- Fusão do núcleo -Sem dispor de informações corretas e de uma boa análise da situação, os técnicos tomaram decisões que reduziram ainda mais o nível da água de resfriamento no núcleo.

A temperatura do combustível nuclear subiu perigosamente e o núcleo começou a derreter. Os funcionários acabaram entendendo a situação e reinjetaram a água.

Foram necessários cinco dias para a situação retornar ao controle.

O governador da Pensilvânia ordenou a evacuação das mulheres grávidas e crianças pequenas da vizinhança. Também pediu que os outros habitantes permanecessem trancados em casa.

O enviado especial da AFP, Michel Faure, observou em 30 de março: "As ruas da pequena cidade de Middletown, aninhadas em uma paisagem montanhosa ao pé de quatro enormes torres de resfriamento da central nuclear de Three Mile Island estão desertas. Os habitantes ficaram trancados o dia todo em casa".

Finalmente, a contenção se mantém e, no exterior, as emanações radioativas parecem limitadas.

Em 1º de abril, o presidente Jimmy Carter entrou em cena para acalmar os ânimos. Em 9 de abril, as mulheres grávidas e as crianças evacuadas foram autorizadas a voltar para casa e, em 27 de abril, a situação é definitivamente estabilizada no reator danificado.

Segundo a Comissão Reguladora Nuclear dos EUA (NRC), a dose radioativa média recebida pelos dois milhões de pessoas na região foi de 1 milirem (0,01 milisievert), menos que uma radiografia de pulmão.

As únicas vítimas foram quatro funcionários expostos a uma superdosagem de radioatividade.

- Perda de confiança -Mas a empresa proprietária da usina, Metropolitan Edison, manipulou as informações nos primeiros dias, multiplicando afirmações otimistas e mentindo para o governador do estado.

O público soube vários meses depois que o acidente poderia ter se transformado em um desastre nuclear.

De acordo com estudos posteriores, 45% do combustível derreteu, misturando-se às bainhas e outros elementos estruturais para formar um magma chamado "cório". Parte do cório - cerca de 20 toneladas - foi para o fundo do tanque que resistiu.

A limpeza e descontaminação da central durou até 1993 e custou US$ 973 milhões.

O reator número 1, não afetado pelo acidente, foi posto em serviço novamente em 1985 e deverá ser definitivamente encerrado em 30 de setembro de 2019.

O acidente enfureceu o povo americano, que nunca recuperou totalmente a confiança nessa forma de energia.


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