Menu Principal
Portal do Governo Brasileiro
Logotipo do IPEN - Retornar à página principal

Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares

Ciência e Tecnologia a serviço da vida

 
Portal > Institucional > Notícias > Clipping de Notícias

Qual a verdadeira energia do futuro?

Fonte: Planeta Osasco

Jornal GGN – O parque energético brasileiro passa por um momento de mudanças que os especialistas chamam de transição hidrotérmica. Isso quer dizer que, pelo esgotamento do potencial econômico e ambientalmente viável da geração hidrelétrica, e pela perda de sua capacidade de autorregulação decorrente da diminuição dos reservatórios, a expansão do sistema passa a requerer uma crescente contribuição das termelétricas na base.

Esse cenário começou a se desenhar no Brasil a partir dos anos 2000, quando a taxa de crescimento das térmicas passou a ser muito superior à das hídricas. Isso porque, em 2001, o país sentiu na pele o peso da dependência das hidrelétricas. Na época, por conta da seca, o nível dos reservatórios caiu e não havia disponibilidade de energia térmica complementar. O resultado foi o apagão.

Naturalmente, para não repetir os erros do passado, o governo buscou diversificar a matriz. E as termelétricas ganharam um protagonismo maior.

As estimativas são que, até 2025, 2030, o Brasil terá esgotado o seu potencial hidrelétrico aproveitável (economicamente competitivo e ambientalmente viável), de cerca de 150 MW. A partir daí, a expansão do sistema precisaria necessariamente incluir as térmicas na base. E as nucleares entre elas.

Essa é a opinião de Leonam dos Santos Guimarães, diretor de Planejamento da Eletronuclear, que introduziu o assunto para discussão no 56º Fórum de Debates Brasilianas.org.

De acordo com ele, existem 435 reatores nucleares operando comercialmente em 31 países. São 375 mil MW de capacidade e 11% da eletricidade mundial. Além desses, outros 70 reatores estão em construção.

A grande questão para que a fonte possa evoluir é a relação que as pessoas têm com a energia nuclear. "Não existe nenhuma dificuldade tecnológica, nem nenhuma restrição de insumo, mas a aceitação pública é um desafio”, disse Leonam.

Desafio que os países estão tentando superar com inovação tecnológica. As usinas que compõem o parque nuclear atualmente em operação são de "Geração II”. Os projetos em desenvolvimento, incluindo Angra III, são chamados de "Geração III” ou "Geração III+”.

Nessas plantas, o combustível continua a ser o mesmo, e os reatores ainda são resfriados com água, mas a instrumentação e controle são aprimorados e há dispositivos para evitar acidentes severos.

Leonam acredita, que depois de Angra III, deve surgir novos projetos de usinas nucleares no Brasil. Para ele, a expansão do parque energético nacional depois de 2030 terá que ser baseada em gás natural e carvão. Mas isso depende da quantidade e custo do pré-sal e da viabilidade da captura e armazenamento de carbono. Daí a importância da energia nuclear na base.

E as fontes renováveis? Eólica, solar e biomassa? Na opinião de Leonam, elas serão um importante complemento, assim como os programas de eficiência energética. Mas por serem imprevisíveis e intermitentes não estarão na base do sistema.

"A evolução do sistema elétrico canadense nos últimos 50 anos guarda muitas similaridades com a situação do sistema elétrico brasileiro nos últimos 15 anos. A partir de uma contribuição de mais de 90% em 1960, a participação da hidroeletricidade no Canadá declinou de forma constante até 1990, quando se estabilizou em torno de 60%”, comparou Leonam.

"No Canadá, o crescimento da geração térmica operando na base permitiu que a geração hídrica passasse a fazer a regulação de demanda e da sazonalidade das renováveis, que em 2010 representavam cerca de 3% da geração total”. Ele se pergunta se esse não é um modelo para o Brasil do futuro.


Eventos