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Brasil vai fazer primeira exportação de urânio enriquecido para Argentina

Contrato, assinado há 15 dias, aguarda autorização do Ministério das Relações Exteriores

Fonte: O Globo

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O Brasil vai fazer a primeira exportação de urânio enriquecido, destinado para reator nuclear, para a Argentina. A informação foi dada nesta segunda-feira, pelo presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), João Carlos Tupinambá, durante evento na Sociedade Nuclear Americana (NSA), no Rio.

Segundo o executivo, foi fechado acordo para a exportação de quatro toneladas de urânio enriquecido na forma de pó de UO2 (dióxido de urânio).

Do total, 1.430 quilos foram enriquecidos a 1,9%; 670 quilos, a 2,6%; e dois mil quilos, a 3,1%. Segundo o executivo, a INB já tinha em estoque cerca da metade do volume que será exportado, e o restante foi enriquecido na fábrica de Resende, no Rio.

— Todo o processo foi genuinamente brasileiro, metade foi enriquecido aqui e metade havia em estoque — destacou Tupinambá.

Segundo o executivo, o contrato foi assinado há 15 dias e agora está aguardando a autorização do Ministério das Relações Exteriores para sua efetivação.

O negócio foi fechado com a empresa estatal argentina Conuar, que cuida da parte de combustível. O produto será destinado para um reator de teste de pequeno porte chamado Carem.

O executivo explicou que as unidades de enriquecimento instaladas na INB (seis cascatas) permitem o enriquecimento de cerca de 40% das necessidades da usina nuclear de Angra 1. Se o projeto for concluído com a construção de mais três cascatas, o país passaria a ter condições de atender a toda demanda por combustível enriquecido de Angra 1 e a cerca de 20% da necessidade de Angra 2.

Todas as etapas do enriquecimento de urânio já são produzidas no Brasil, com exceção da conversão em gás chamada de UF6. Apesar de já se ter tecnologia dominada, não é feito ainda no país por questões de escala.

— Estamos buscando uma parceria mais efetiva com a Argentina. Estamos em negociações para a recarga desse reator do Carem e também verificando possibilidades para fornecimento para a usina nuclear de Atucha 1 — disse o executivo.

Tupinambá explicou que o objetivo com a exportação é aumentar a atuação da companhia no mercado e buscar o desenvolvimento da companhia.

Falta definir com o governo federal a continuidade da construção das quatro últimas cascatas do processo de enriquecimento, que exigirá investimentos adicionais da ordem de R$ 100 milhões.

O presidente da INB garantiu que a primeira exportação de urânio enriquecido para a Argentina não vai afetar o atendimento das cargas para as usinas de Angra 1 e Angra 2. Ele explicou que os dois primeiros lotes são de material em estoque que estava disponível, e o terceiro lote foi enriquecido. O executivo destacou que na realidade a empresa está otimizando os seus estoques.

— Em momento algum nossas ações colocam em risco o fornecimento nacional. Estamos otimizando nossas operações — destacou Tupinambá.

Como o carregamento vai ser feito por rodovias até Uruguaiana, e precisa ser escoltado pela Polícia Rodoviária, a expectativa é conseguir enviar o produto até o fim deste mês. Caso não seja possível, segundo ele, o carregamento só será feito após as Olimpíadas.

Apesar dos recursos escassos, a INB continua executando o projeto da segunda mina de exploração de urânio em Caitité, na Bahia. O executivo disse que já espera conseguir produzir cerca de 60 toneladas na nova mina ainda este ano. A mina deverá produzir 250 toneladas anuais de urânio. A INB está investindo R$ 32 milhões no projeto, mas ainda faltam R$ 150 milhões para concluir o projeto, dos quais 100 milhões viriam do governo federal. Para este ano, a INB deverá contar com um orçamento total da ordem de R$ 800 milhões, contra R$ 1 bilhão que seria necessário.

O executivo participou nesta manhã da abertura do simpósio anual da Seção Latino-Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS). Segundo seus organizadores, o evento pretende discutir a combinação de energias limpas (nuclear e renováveis).

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