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Quebra da Westinghouse, um duro golpe para a indústria nuclear nos EUA

Fonte: Estado de Minas

O anúncio da quebra da empresa Westinghouse, na quarta-feira, ensombrece o futuro da energia nuclear nos Estados Unidos, enquanto o governo de Donald Trump pretende dar novo impulso à indústria do carvão.

Charles Fishman, analista da firma de investimentos Morningstar, disse que as possibilidades de que se registrem investimentos na construção de novas centrais nucleares no curto prazo são mínimas.

A quebra da Westinghouse pode ser a última pá de cal da indústria nuclear, disse à AFP.

A energia nuclear representa apenas 9% da energia utilizada nos Estados Unidos, (aproximadamente 19% da geração de eletricidade), muito abaixo do gás natural (32%), do petróleo (28%) e do carvão (21%).

Nos Estados Unidos, a energia nuclear ainda evoca desastres como o de 1979 em Three Mile Island, na Pensilvânia. Nenhuma nova usina nuclear foi posta em funcionamento entre 1996 e 2016 e se espera que apenas quatro entrem em funcionamento até 2021.

Ainda assim, os Estados Unidos são o maior produtor mundial de energia nuclear, graças à acumulação das décadas de 1960 e 1970, período em que foram habilitados 99 reatores em aproximadamente 60 lugares.

Com a quebra da Westinghouse, poucos operadores terão recursos financeiros para construir novos reatores.

O inesperado alto custo de construção foi em parte responsável pelas penúrias da Westinghouse, adquirida pela Toshiba em 2006.

A companhia espera completar a construção de usinas na Carolina do Sul, chamada Summer, e na Georgia, chamada Vogtle.

"A construção de uma usina nuclear é uma empresa complexa e historicamente esses projetos sofreram mudanças no meio do processo, como a quebra de algumas companhias", disse Maria Korsnick, presidente do Instituto de Energia Nuclear, um organismo estabelecido em Washington.

Má imagem da indústria

A organização ambientalista Greenpeace reclama do abandono dos dois reatores projetados. Apenas 40% de Vogtle foi construído e de Summer menos ainda, 31%.

Os trabalhos podem atrasar 11 anos, com custos anuais de funcionamento de 1,5 bilhão a 2 bilhões de dólares, disse o grupo em um comunicado.

"Desfazer os projetos, em primeiro lugar aqueles que não são viáveis, pareceria ser a opção mais lógica", considerou o Greenpeace.

A queda dos preços de outras fontes de energia, fundamentalmente os de gás natural, que caíram em 64% em uma década mais de uma década, deixou o setor nuclear em uma situação de desvantagem.

A General Electric - também vinculada a uma empresa japonesa, a Hitachi - desenvolve uma nova geração de reatores que podem estar disponíveis depois de 2030.

Mas o desastre de Fukushima, Japão, em 2011 sem dúvida não prejudicou a imagem da indústria nos Estados Unidos.

Segundo uma pesquisa da Gallup publicada neste mês, só 46% dos americanos querem que a energia nuclear se desenvolva, enquanto 50% opinam o contrário.

Os legisladores americanos consideram um projeto que pode favorecer a construção de reatores menores e mais avançados.

O texto foi aprovado na Câmara de Representantes, com apoio dos dois partidos, e está sendo debatido no Senado.

Trump relança o projeto Yucca

Segundo o American Action Forum, um think-tank de centro-direita baseado em Washington, só os trâmites burocráticos necessários para conseguir as permissões requeridas para a construção de um reator custam cerca de 8,6 milhões de dólares por ano, e a espera é de mais ou menos uma década.

Um marco regulatório simplificado para reatores modernos poderia ajudar a reativar a indústria, argumentou o congressista de Ohio, Bob Latta.

A indústria deve enfrentar outro obstáculo: enquanto não contribui para o aquecimento global e não emite gases de efeito estufa, apresenta sérios problemas de transporte, armazenamento e reciclagem de seus resíduos.

A proposta de orçamento de presidente Donald Trump para o exercício fiscal 2018 inclui o financiamento de um repositório de resíduos nas montanhas de Yucca, no estado de Nevada.

O projeto definhou durante 30 anos, e enfrenta uma dura oposição dos grupos ambientalistas e do ex-senador de Nevada Harry Reid.

Essa proposta foi até agora o sinal mais tangível de apoio à energia nuclear emanado do governo Trump, mas os fundos envolvidos nela são baixos, de apenas 120 milhões de dólares.

A principal aposta do republicano em matéria energética parece ser o carvão, uma das fontes mais poluentes, com a qual o presidente pretende gerar emprego.

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