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Programa nuclear brasileiro tem sofrido atrasos devido aos cortes, alerta Marinha

Fonte: Agência ABIPTI

O corte no orçamento do programa nuclear, executado pela Marinha do Brasil, tem prejudicado o andamento de várias iniciativas estratégicas para o país, como a entrega do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear (SN-Br) e do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Para o programa nuclear funcionar a pleno vapor, seria necessário um montante entre R$ 450 milhões e R$ 480 milhões por ano. Contudo, a iniciativa tem operado com cerca de R$ 250 milhões.

Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (24) pelo comandante da Marinha do Brasil, almirante de esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Ele afirma que a falta de recursos tem sido uma "grande trava” para o andamento das iniciativas, que têm o potencial de trazer para o Brasil "avanços tecnológicos que outros países ainda não tiveram”.

"Nos últimos três anos, houve um grande corte no orçamento do programa nuclear e do programa de submarinos, inclusive com repercussões internacionais. Tínhamos compromissos assumidos com outros países. Foi muito difícil as negociações para poder recolocar um novo cronograma, porque os cortes foram muito acentuados”, afirmou o comandante. "A indústria de defesa não pode viver de sobressaltos. Ninguém se dispõe a investir, a conquistar o mercado se não haver uma resposta a médio prazo”, ressaltou

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que viabilizará o submarino nuclear, por exemplo, precisaria de aproximadamente R$ 2,4 bilhões para cumprir todas as metas. Mas nos últimos dois anos operou com R$ 1,2 bilhão a R$ 1,3 bilhão. "No momento estamos com R$ 1,8 bilhão. Mas esses cortes sempre causam atraso, sempre causam dificuldade, porque nossos parceiros estrangeiros tem o cronograma deles e a gente fica mudando”, informou Ferreira.

Para ele, o potencial do programa nuclear da Marinha "é muito maior que simplesmente construir um reator nuclear para o submarino brasileiro”. Um exemplo é que com o desenvolvimento do reator, o Brasil é capaz agora de produzir combustível nuclear de uma forma totalmente autônoma.

"Como ninguém vai nos vender o combustível, desenvolvemos toda a capacidade de produzir a pastilha que vai ser combustível do reator. São várias etapas, que já fizemos em laboratório. Agora estamos acabando a instalação fabril. Isso deu ao Brasil uma capacidade única, inclusive com alguns avanços tecnológicos. É o caso das nossas centrífugas, por exemplo”, explicou.

Já o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro, que está com dificuldades de sair do papel, pode dar ao país a autonomia na produção de radioisótopos – elementos empregados como agentes no diagnóstico e no tratamento de câncer e de outras doenças. Até o ano passado, o projeto estava parado esperando US$ 150 milhões. O preço total é de US$ 500 milhões. "O atraso principal tem sido pelas inconstâncias de recursos. Mas o potencial de desenvolvimento é enorme”, comentou o almirante.

Ao todo, as iniciativas do programa nuclear e do Prosub empregam diretamente cerca de 3.600 pessoas. Segundo Ferreira, antes dos cortes, eram mais de 6 mil. Para ele, manter essas pessoas altamente qualificadas trabalhando no Brasil é um esforço que vale a pena ser feito. "Isso envolve não apenas a defesa, que por si só justificaria, mas o desenvolvimento tecnológico do Brasil em uma indústria que tem um potencial muito grande para nós todos e de crescimento em pesquisa e tecnologia.”

Cronograma

Caso mais cortes não sejam feitos no orçamento, a Marinha do Brasil prevê que o primeiro submarino do Prosub seja entregue em julho de 2018. No programa serão construídos cinco, sendo quatro deles convencionais. "Depois de um ano e meio sai o segundo, e a cada ano sai o terceiro e o quarto. Por fim, o submarino nuclear será construído provavelmente em 2020 e vai até 2027”, informou o almirante.

(Leandro Cipriano, da Agência ABIPTI)

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