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Decisão do Governo de ignorar a Energia Nuclear em Plano Decenal pode trazer consequências graves ao país

Fonte: Petronotícias

Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente. Foi assim que a defesa do Planalto definiu as acusações do Ministério Público contra o Presidente Temer. Mas bem que poderia ser a definição do Plano Decenal de Energia anunciado pelo Ministério das Minas e Energia e pela EPE – Empresa de Pesquisa Energética, presidida por Luiz Barroso (foto) – na semana passada. O estudo privilegia a geração renovável, solar e eólica, e ao mesmo tempo, uma matriz energética a gás, combustível que ainda não temos, poluidor e caro, responsável pelo aumento de preços nas contas e energia de todos os brasileiros há poucos meses. Apesar de todas as previsões, o PDE simplesmente ignorou a opção nuclear de geração e as consequências de uma decisão como essa.

Às vésperas de um dos encontros mais importantes do setor nuclear no Brasil, o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN), que começa nesta quarta-feira (12) e vai até sexta-feira (14), certamente esse será um dos temas que serão debatidos. O Plano praticamente enterra um trabalho bem elaborado durante anos pela ABDAN – Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – com o apoio da Fundação Getúlio Vargas e algumas instituições importantes, que mostraram a necessidade de se construir pelo menos 12 novas usinas nucleares até 2050. Enterra também as aspirações de uma geração brasileira que acompanhou o desenvolvimento nuclear do país, desde a decisão de se instalar Angra 1, e uma próxima geração de estudantes ansiosos por entrar no mercado de trabalho. Recentemente o governo inglês, ao dar prosseguimento a decisão de se construir uma nova usina no país, falou que passará a ter a necessidade de ter 100 mil pessoas empregadas para atender ao setor nuclear no país.

O plano prevê para a entrada em operação de Angra 3 apenas para 2026. Provavelmente o governo vai optar pelos oferecimentos internacionais de financiamento e conclusão da usina em troca da venda de energia. Pelos menos duas empresas, uma da Rússia e outra da China, estão dispostas a assumir este investimento.

Não contar com matrizes firmes de energia é realmente ficar ao sabor do vento. Se ventar, temos energia. Se não, é acender uma vela. Literalmente. Ou então, estocamos o vento, como sugeriu a ex-presidente Dilma Rousseff. É bom investir em energia renováveis, mas não apostar o futuro do país em fontes complementares, como a eólica e a energia solar que depende de um espaço gigantesco para se colocar os painéis fotovoltaicos para ter uma capacidade grande de energia durante o dia. Em dias frios ou de chuva, a capacidade de geração sofre uma queda.

Pelo plano, o Brasil prevê uma expansão de cerca de 41 gigawatts na capacidade instalada de geração de energia até 2026, com predomínio das usinas eólicas e solares, que deverão responder por quase 19 gigawatts no período. O estudo aponta que essa trajetória deverá demandar cerca de 174,5 bilhões de reais em investimentos no período. A perspectiva é de que ao final do plano, a participação das hidrelétricas, carro-chefe da geração no Brasil, caia para menos de 50% da matriz elétrica, ante pouco mais de 60% atualmente.

Ainda assim, o plano prevê a contratação de 2,6 gigawatts em novas usinas hídricas, mas com a maior parte dessa capacidade estimada para entrar em operação apenas em 2026, último ano do horizonte de planejamento. As previsões consideram um crescimento de 3,3 por cento ao ano da carga de energia do sistema brasileiro entre 2016 e 2021, que aceleraria para 3,7 por cento entre 2021 e 2026. Entre 2016 e 2026, a expansão média seria de 3,5 por cento.


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