Ipen na Mídia
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- 16/09/2021 - Governo adia construção de reator capaz de produzir insumos para a medicina nuclear. Desabastecimento em clínicas de tratamento contra o câncer pode ocorrer nos próximos diasFonte: Tania Malheiros - Jornalista
Enquanto o governo adia a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó (SP), que daria independência à produção de material radioativo para a realização de exames e tratamento contra o câncer e outras doenças, os centros de medicina nuclear correm o risco de ficar desabastecidos. O drama para pacientes que dependem de tratamento deve ocorrer a partir da próxima segunda-feira (20/09), quando o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) terá a produção suspensa de todos os fármacos e de isótopos radioativos por falta de verbas.À noite, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações divulgou nota informando que desde junho de 2021 vem trabalhando com o Ministério da Economia para a maior disponibilização de recursos para a produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), vinculado a esta pasta por meio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI). Para a recomposição do orçamento do Instituto, o Governo Federal por meio do MCTI está sensibilizando o Congresso Nacional pela votação e aprovação do PLN 16/2021 prevista para a próxima semana.
"Tão logo tenhamos a informação quanto ao recebimento dos recursos orçamentários extras e, consequentemente, à normalização nos fornecimentos, entraremos em contato imediatamente por meio do Serviço de Gestão Comercial do IPEN-CNEN”, consta parte de comunicado do IPEN/CNEN enviado aos serviços de medicina nuclear.
O problema é gravíssimo e pode afetar milhares de pessoas. Cerca de dois milhões de procedimentos médicos são realizados, por ano, utilizando radioisótopos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 440 clinicas cadastradas para realizar o trabalho semanalmente. Somente o RMB, dará autonomia ao Brasil na área de produção de radioisótopos. Mas o projeto não recebe nenhuma verba há anos, conforme o blog vem divulgando desde março do ano passado.
A suspensão da produção anunciada pelo IPEN agora, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), "causará importantes danos à sociedade como um todo”, seja em pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja por permitir diagnósticos mais precisos para cirurgias, por exemplo. Na nota da SBMN, o IPEN anunciou que depende da liberação de verbas orçamentárias extraordinárias para a retomada de seu funcionamento. "Até que isso aconteça, a Medicina Nuclear Brasileira fica de mãos atadas e os pacientes, sem seus devidos procedimentos médicos”, afirmou o presidente da SBMN, George Coura Filho.
Empolgados discursos
O projeto de construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) costuma motivar empolgados discursos políticos pela autossuficiência nacional na produção de radioisótopos e fontes radioativas, aplicados no diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer. Mas o projeto não sai do papel. Os radioisótopos possibilitam que os médicos vejam o funcionamento de órgãos e tecidos vivos por meio de imagens como as tomografias, radiografias e cintilografias.
A falta de decisão de governos para destravar a construção do RMB levará o país este ano a gastar mais de R$ 60 milhões (de acordo com a alta do dólar), importando radioisótopos da África do Sul, Rússia, Holanda e principalmente da Argentina. O Brasil importa cerca de 4% da produção mundial anual do radioisótopo molibdênio-99. O decaimento radioativo do molibdênio-99 produz o radioisótopo tecnécio-99m, utilizado nos radiofármacos (substância química) mais empregados na medicina nuclear. Para se ter ideia da necessidade do RMB, cerca de dois milhões de procedimentos médicos são realizados, por ano, utilizando radioisótopos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 440 clinicas cadastradas para realizar o trabalho semanalmente.
Cerca de 440 mil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o restante pela rede privada. O apelo social do projeto é que a partir do funcionamento do RMB, haveria um aumento significativo da utilização do serviço pelo SUS. As informações são do engenheiro civil, mestre em engenharia nuclear e doutor em tecnologia nuclear, José Augusto Perrotta, coordenador do RMB, tecnologista sênior da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pelo empreendimento. A construção do RMB foi orçada em US$ 500 milhões, quando idealizada em 2009. Até hoje foram aplicados apenas R$ 230 milhões. Para a sua entrada em funcionamento, teriam que ser aplicados, em média, cerca de US$ 100 milhões, ao longo de cinco anos.
Crise mundial
O projeto do RMB ganhou força em 2009, a partir da crise mundial provocada pela paralisação do reator canadense National Research Universal (NRU), que atendia na época a cerca de 30% da demanda mundial de molibdênio-99. "O problema gerou o primeiro desabastecimento internacional do medicamento, algo sem precedentes”, comentou Perrotta. Quatro reatores de pesquisa estão em funcionamento no Brasil. Somente o reator EIA-R1, instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), produz radioisótopos. O EIA-R1 funciona há 63 anos, e espera-se que tenha mais 10 anos de vida. Contudo, ele não tem capacidade de produzir radioisótopos em escala necessária. Por isso, o IPEN, através da CNEN, importa todo o molibdênio-99 utilizado na produção de radiofármacos.
Segundo Perrotta, a CNEN gasta US$ 15 milhões por ano com essa importação, que gera um faturamento de R$ 120 milhões, ano, recursos que vão direto para o caixa do governo. Sem o EIA-R1, o país ficará ainda mais dependente, alerta Perrotta, em seus mais de 40 anos de experiência no setor nuclear no Brasil e exterior. "Alguns estádios para as olimpíadas custaram mais do que o valor do RMB”, comentou Perrotta. Lembrou que a Argentina iniciou projeto semelhante no mesmo tempo que o Brasil. Mas o projeto argentino já está com 70% das obras prontas. "Acreditamos que podemos recuperar o tempo perdido”, acredita.
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- 16/09/2021 - Ipen anuncia suspensão de produção de insumos para tratamento de câncer no Brasil por falta de verba federalO órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia afirmou que teve grande corte de verba em 2021 e precisa de R$ 89,7 milhões para continuar produção até dezembro, por causa da alta do preço do dólar na importação de material. Verba extra ainda não foi aprovada no Congresso Nacional
O órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia afirmou que teve grande corte de verba em 2021 e precisa de R$ 89,7 milhões para continuar produção até dezembro, por causa da alta do preço do dólar na importação de material. Verba extra ainda não foi aprovada no Congresso Nacional
Fonte: G1
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) do governo federal, anunciou na terça-feira (14) a suspensão da produção de produtos radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil a partir da próxima segunda-feira (20).
Em comunicado enviado aos serviços de medicina nuclear brasileiros que compram os produtos do Ipen, o órgão afirmou que teve grande corte no orçamento federal em 2021 e precisa de R$ 89,7 milhões para continuar a produção dos insumos até o fim de dezembro deste ano, por causa da alta do preço do dólar para importação de material.
A verba adicional, entretanto, ainda não foi aprovada no Congresso Nacional, segundo o comunicado.
"Enfrentamos a grande redução dos recursos atribuídos pela Lei Orçamentária Anual (LOA) à CNEN e à forte e desfavorável variação cambial, em 2021. Visando à recomposição dessas perdas orçamentárias, o IPEN-CNEN, com o apoio do MCTI, trabalharam fortemente junto ao Ministério da Economia (ME), desde o 1° semestre deste ano. Entretanto, esses créditos suplementares de R$ 89,7 milhões, programados na forma de Projeto de Lei, necessitam de aprovação no Congresso Nacional e sanção da Presidência da República”, disse o instituto.
"O fato desses recursos orçamentários extras ainda não estarem disponíveis no Instituto, até o momento, implica na inexistência de lastro em crédito orçamentário. Nesse sentido, a impossibilidade nas aquisições e contratações pelo IPEN-CNEN, implicará na suspensão temporária da produção dos geradores de 99Mo/99mTc e dos radiofármacos provenientes de iodo-131, gálio-67, tálio-201 e lutécio-177, dentre outros, a partir de 20/09/2021”, afirmou o comunicado da entidade.Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o Ipen fornece 85% dos radiofármacos e radioisótopos utilizados no país.
A suspensão na produção vai afetar diretamente o tratamento de câncer no Brasil e o diagnóstico da doença, já que os materiais do Ipen são utilizados no tratamento de câncer e em exames de imagem, como raio-x, tomografia, ressonância magnética, cintilogafia e mamografia, entre outros exames que são essenciais para o diagnóstico de doenças no Brasil.
No comunicado enviado às clínicas e hospitais brasileiros, o Ipen reconheceu o problema e disse que já é do conhecimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), presidido pelo ministro astronauta Marcos Pontes.
"O IPEN-CNEN, a CNEN e o MCTI entendem perfeitamente, de forma solidária, que a ausência temporária dos geradores de 99Mo/99mTc e dos radiofármacos aos hospitais e às clínicas no País, resultará em transtornos familiares de grande monta. Sobretudo, nos pacientes que necessitam de atendimento, e que têm seu procedimento de Medicina Nuclear interrompido, seja este pelo SUS ou via Sistema de Saúde Suplementar”, afirmou o instituto.
Procurado pelo G1, o Ministério da Ciência e Tecnologia afirmou que "desde junho de 2021 vem trabalhando com o Ministério da Economia para a maior disponibilização de recursos para a produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)”.
"Para a recomposição do orçamento do Instituto, o Governo Federal por meio do MCTI está sensibilizando o Congresso Nacional pela votação e aprovação do PLN 16/2021 prevista para a próxima semana”, disse a nota da pasta.
O Ipen afirma que esgotou todas as possibilidades de diálogo com o governo federal para ter mais verba e não paralisar a produção, mas que não teve sucesso.
"Acredita-se que essas instabilidades nas produções de radiofármacos sejam apenas por poucos dias, com a obtenção dos créditos orçamentários suplementares de R$ 89,7 milhões, ao IPEN-CNEN. (...) O IPEN-CNEN e a CNEN esgotaram todos os meios para que se evitasse a descontinuidade, recebendo inclusive assessoria da Advocacia Geral da União (AGU), nesse contexto”, declarou o comunicado do instituto.
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- 16/09/2021 - Produção de remédio contra câncer corre risco de apagão por falta de verba do IpenÓrgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia está sem recursos para comprar insumos usados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem; corte afeta entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas
Órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia está sem recursos para comprar insumos usados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem; corte afeta entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas
Fonte: TerraO Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), informou esta semana aos serviços de medicina nuclear que, a partir do próximo dia 20, vai suspender temporariamente sua produção, diante da impossibilidade orçamentária para aquisições e contratações. O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material é usado na radioterapia e exames de diagnóstico por imagem, entre outros.No documento que o Estadão teve acesso, o Ipen explica que está fazendo todos os esforços para manter a produção, mas destaca o cenário desafiador e o momento delicado que a medicina passa diante da pandemia do coronavírus. "O IPEN-CNEN, a CNEN e o MCTI entendem perfeitamente, de forma solidária, que a ausência temporária dos geradores de 99Mo/99mTc e dos radiofármacos aos hospitais e às clínicas no País, resultará em transtornos familiares de grande monta", admite na carta ao mercado. Procurado, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) não respondeu aos questionamentos da reportagem.O caso no Ipen ocorre na mesma semana em que o governo do presidente Jair Bolsonaro criou uma nova estatal dentro do plano de privatização da Eletrobras, a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional, a ENBpar. Serão destinados R$ 4 bilhões do Orçamento deste ano para constituir a nova empresa pública, segundo o Ministério da Economia.O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), George Coura Filho, avalia que entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas serão prejudicadas com a falta de distribuição dos radiofármacos do Ipen, e não apenas os doentes de câncer. Ele recebeu na terça-feira a carta do Ipen, e junto com outras entidades vai tentar junto aos ministérios relacionados uma saída para o problema. Os remédios do Ipen representam cerca de 10% dos medicamentos usados para tratar a doença."O Ipen é produtor quase exclusivo no Brasil dos isótopos radioativos que são utilizados na medicina nuclear. Por exemplo, no diagnóstico de cintilografia óssea para procurar metástase óssea em paciente com câncer, na cintilografia miocárdica para avaliar pacientes com doença coronariana, infartados", explicou.O Ipen fabrica 25 diferentes radiofármacos, ou 85% do fornecimento nacional. Para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação pelo Congresso Nacional de um Projeto de Lei que adicionaria R$ 34,6 milhões ao seu orçamento. Outros R$ 55,1 milhões estão sendo buscados pelo MCTIC para completar os R$ 89,7 milhões que o instituto precisa para produzir os radiofármacos até dezembro deste ano."O fato de recursos orçamentários extras ainda não estarem disponíveis no Instituto, até o momento, implica na inexistência de lastro em crédito orçamentário. Tão logo tenhamos a informação quanto ao recebimento dos recursos orçamentários extras e, consequentemente, à normalização nos fornecimentos, entraremos em contato imediatamente", informa o Ipen na carta aos estabelecimentos que utilizam a medicina nuclear.Um dos mais prejudicados será o paciente com câncer de tireóide, que depende 100% do iodo radioativo, sob risco de perder a chance de cura. "O universo de pacientes vai muito além do câncer. Tem paciente pediátrico que a gente faz cintilografia renal dinâmica, para avaliar obstrução, o que numa criança pode resultar na perda do rim se não for feito", alertou George Coura Filho.De acordo com a presidente da Uddo Diagnósticos Médicos, Beatriz Cancegliero, também conselheira da Abdan, a medicina nuclear atende no Brasil cerca de 10 mil pacientes por dia, sendo que a grande maioria, cerca de 70%, pela saúde pública. "Todos os procedimentos de medicina nuclear em câmaras de cintilografia são realizados 100% com material do Ipen que é o tecnécio (material radioativo) de monopólio do estado brasileiro. Os materiais para tratamento também são de referência do IPEN, sendo o iodo 131 o de maior utilização, usado para o tratamento de câncer de tireoide e hoje também somente comercializado pelo IPEN/CNEN", informou.Para o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, a crise é grave e haverá um apagão no tratamento de câncer no País. Ele explica que o Ipen não está conseguindo importar um mineral chamado molibdênio, que serve de base, após processado pelo Ipen, para a produção de vários produtos."O molibdênio vem de fora e a legislação impede que a importação seja feita por empresas privadas. Sem dinheiro, o mercado ficará desabastecido e as clínicas que fazem o diagnóstico e tratamento de câncer vão parar", alerta Cunha.Em publicação do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Federal de São Paulo (Sindsef-SP), a falta de recursos para o Ipen é classificada de "desastre sem precedentes". O sindicato informa que o problema vem sendo relatado desde o início do ano e que o Ipen tem feito "malabarismo" para se manter em atividade.
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- 15/09/2021 - Por falta de verba, Ipen suspende a produção de remédios contra câncerO órgão federal está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem
O órgão federal está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem
Fonte: Metrópoles
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), informou que, a partir do dia 20 de setembro, vai suspender temporariamente sua produção, devido à falta de verbas para aquisições e contratações.
O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, na Holanda e na Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material é usado na radioterapia e em exames de diagnóstico por imagem, entre outros.
O Ipen fabrica 25 diferentes radiofármacos, ou 85% do fornecimento nacional. Para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação pelo Congresso Nacional de um Projeto de Lei que adicionaria R$ 34,6 milhões ao seu orçamento. Outros R$ 55,1 milhões estão sendo buscados pelo MCTIC para completar os R$ 89,7 milhões que o instituto precisa para produzir os radiofármacos até dezembro deste ano.
Em publicação do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Federal de São Paulo (Sindsef-SP), a falta de recursos para o Ipen é classificada de "desastre sem precedentes”. O sindicato informa que o problema vem sendo relatado desde o início do ano e que o Ipen tem feito "malabarismo” para se manter em atividade.
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- 15/09/2021 - Falta de verba faz Ipen anunciar suspensão de produção de remédios para câncerÓrgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem; corte afeta entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas em tratamento
Órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem; corte afeta entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas em tratamento
Fonte: O Estado de S. Paulo
Saúde
Denise LunaO Instituto de Pesquisa Energética e Nucleares (Ipen), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), informou esta semana aos serviços de medicina nuclear que, a partir do próximo dia 20, vai suspender temporariamente sua produção, devido à impossibilidade orçamentária para aquisições e contratações. O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material é usado na radioterapia e exames de diagnóstico por imagem, entre outros.
No documento que o Estadão teve acesso, o Ipen explica que está fazendo todos os esforços para manter a produção, mas destaca o cenário desafiador e o momento delicado que a medicina passa diante da pandemia do coronavírus. "O IPEN-CNEN, a CNEN e o MCTI entendem perfeitamente, de forma solidária, que a ausência temporária dos geradores de 99Mo/99mTc e dos radiofármacos aos hospitais e às clínicas no País, resultará em transtornos familiares de grande monta", admite na carta ao mercado. Procurado, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) não respondeu aos questionamentos da reportagem.
O caso no Ipen ocorre na mesma semana em que o governo do presidente Jair Bolsonaro criou uma nova estatal dentro do plano de privatização da Eletrobras, a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional, a ENBpar. Serão destinados R$ 4 bilhões do Orçamento deste ano para constituir a nova empresa pública, segundo o Ministério da Economia.
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear(SBMN), George Coura Filho, avalia que entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas serão prejudicadas com a falta de distribuição dos radiofármacos do Ipen, e não apenas os doentes de câncer. Ele recebeu na terça-feira a carta do Ipen, e junto com outras entidades vai tentar junto aos ministérios relacionados uma saída para o problema. Os remédios do Ipen representam cerca de 10% dos medicamentos usados para tratar a doença.
"O Ipen é produtor quase exclusivo no Brasil dos isótopos radioativos que são utilizados na medicina nuclear. Por exemplo, no diagnóstico de cintilografia óssea para procurar metástase óssea em paciente com câncer, na cintilografia miocárdica para avaliar pacientes com doença coronariana, infartados", explicou.
O Ipen fabrica 25 diferentes radiofármacos, ou 85% do fornecimento nacional. Para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação pelo Congresso Nacional de um Projeto de Lei que adicionaria R$ 34,6 milhões ao seu orçamento. Outros R$ 55,1 milhões estão sendo buscados pelo MCTIC para completar os R$ 89,7 milhões que o instituto precisa para produzir os radiofármacos até dezembro deste ano.
"O fato de recursos orçamentários extras ainda não estarem disponíveis no Instituto, até o momento, implica na inexistência de lastro em crédito orçamentário. Tão logo tenhamos a informação quanto ao recebimento dos recursos orçamentários extras e, consequentemente, à normalização nos fornecimentos, entraremos em contato imediatamente", informa o Ipen na carta aos estabelecimentos que utilizam a medicina nuclear.
Um dos mais prejudicados será o paciente com câncer de tireóide, que depende 100% do iodo radioativo, sob risco de perder a chance de cura. "O universo de pacientes vai muito além do câncer. Tem paciente pediátrico que a gente faz cintilografia renal dinâmica, para avaliar obstrução, o que numa criança pode resultar na perda do rim se não for feito", alertou George Coura Filho.
De acordo com a presidente da Uddo Diagnósticos Médicos, Beatriz Cancegliero, também conselheira da Abdan, a medicina nuclear atende no Brasil cerca de 10 mil pacientes por dia, sendo que a grande maioria, cerca de 70%, pela saúde pública. "Todos os procedimentos de medicina nuclear em câmaras de cintilografia são realizados 100% com material do Ipen que é o tecnécio (material radioativo) de monopólio do estado brasileiro. Os materiais para tratamento também são de referência do IPEN, sendo o iodo 131 o de maior utilização, usado para o tratamento de câncer de tireoide e hoje também somente comercializado pelo IPEN/CNEN", informou.
Para o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, a crise é grave e haverá um apagão no tratamento de câncer no País. Ele explica que o Ipen não está conseguindo importar um mineral chamado molibdênio, que serve de base, após processado pelo Ipen, para a produção de vários produtos.
"O molibdênio vem de fora e a legislação impede que a importação seja feita por empresas privadas. Sem dinheiro, o mercado ficará desabastecido e as clínicas que fazem o diagnóstico e tratamento de câncer vão parar", alerta Cunha.
Em publicação do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Federal de São Paulo (Sindsef-SP), a falta de recursos para o Ipen é classificada de "desastre sem precedentes". O sindicato informa que o problema vem sendo relatado desde o início do ano e que o Ipen tem feito "malabarismo" para se manter em atividade.
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- 28/08/2021 - Programa Ciência é Tudo destaca pesquisas sobre hidrogênio e células a combustível"Hidrogênio: as diversas finalidades do elemento mais leve do universo" foi o tema do episódio exibido em 28/08 do programa de divulgação científica Ciência é Tudo, produzido pela TV Brasil em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
"Hidrogênio: as diversas finalidades do elemento mais leve do universo" foi o tema do episódio exibido em 28/08 do programa de divulgação científica Ciência é Tudo, produzido pela TV Brasil em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Dentre os institutos de pesquisa nacionais envolvidos com desenvolvimentos na área da produção de energia limpa com hidrogênio, o IPEN-CNEN participou com entrevista do físico Fábio Coral Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CECCO). Fonseca comenta sobre as linhas de pesquisa realizadas no Instituto e a parceria com a Nissan para desenvolvimento de um veículo movido a célula a combustível para geração de energia elétrica a partir da utilização de etanol.O episódio encontra-se disponível no site ou pelo canal do Ciência é Tudo no Youtube: -
- 26/08/2021 - Dosimetria das radiações ionizantes em física médicaFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Como parte das atividades do Seminário de Física Aplicada com Aceleradores de Partículas, o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) receberá amanhã (27/08) o pesquisador Hélio Yoriyaz, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), para apresentar o evento on-line "Dosimetria das radiações ionizantes em física médica”.
Serão abordadas as principais atividades de pesquisa e os trabalhos realizados pelo grupo de Dosimetria e Monte Carlo Aplicados à Física Médica do Ipen ao longo dos últimos anos, em especial no que se refere às aplicações radioterápicas.
O seminário também discutirá a protonterapia, seus desafios e as atividades do grupo voltadas para essa nova modalidade de tratamento de câncer. Em particular, será apresentado um projeto em parceria com o Laboratório de Análise de Materiais por Feixes Iônicos do IF-USP para o desenvolvimento de um protocolo de testes microdosimétricos para feixes de prótons em busca da redução de fontes de incerteza no planejamento protonterápico.
O evento é gratuito e será transmitido às 14 horas. O público interessado deve solicitar o link para acompanhar on-line pelo e-maillamfi@if.usp.br.
Mais informações:https://bit.ly/37YOcYb.
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- 23/08/2021 - Palestras na área de física explicam sobre radiações ionizantes e materiais bidimensionaisEventos promovidos pelo Instituto de Física da USP nesta semana apresentam temas atuais e relevantes da física com especialistas
Eventos promovidos pelo Instituto de Física da USP nesta semana apresentam temas atuais e relevantes da física com especialistas
Fonte: Jornal da USPDois eventos com transmissão on-line promovidos pelo Instituto de Física (IF) da USP nesta semana vão abordar temas da área de física, com pesquisadores e especialistas que trazem novidades de sua área ou informações sobre seus estudos, com tópicos sempre atuais e relevantes, frequentemente nas fronteiras do conhecimento científico.
A primeira palestra nesta quinta-feira, dia 26 de agosto, vai abordar Novos fenômenos em materiais bidimensionais e possíveis aplicações em dispositivos. Neste evento, o professor Helio Chacham, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especialista em Física da Matéria Condensada, vai falar sobre materiais 2D que têm sido extensamente estudados nos últimos anos, como o grafeno.
Serão apresentadas previsões teóricas e colaborações com experimentais na investigação de fenômenos anômalos associados a fortes deformações de materiais 2D, como dobras verticais (nanoparedes) que são observadas experimentalmente. Essas dobras podem ser utilizadas, por exemplo, em dispositivos eletrônicos e nanofluídicos. Também, como materiais 2D sofrem transições estruturais e eletrônicas levando, por exemplo, à formação de famílias de "diamantes 2D”.
A palestra faz parte da série Colóquios do IFUSP e a transmissão será às 16 horas pelo Canal do IF no YouTube, neste link.
Mais informações: http://bit.ly/ProximoColoquio. Assista às edições anteriores em http://bit.ly/playColoquioIF.
Outro evento, na sexta-feira, dia 27 de agosto, às 14 horas, vai abordar as principais atividades de pesquisa e os trabalhos realizados pelo grupo de Dosimetria e Monte Carlo Aplicados à Física Médica do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) ao longo dos últimos anos, em especial no que se refere às aplicações radioterápicas. O palestrante será Hélio Yoriyaz, pesquisador do Ipen com experiência na área de Engenharia Nuclear, com ênfase em Física Médica.
Com o aumento vertiginoso do Método de Monte Carlo na solução de problemas na área médica, devido a sua capacidade de simular problemas complexos envolvendo o transporte de radiação, hoje este método tem sido considerado o padrão ouro no cálculo de dose absorvida em tratamentos de câncer com o uso da radiação. Sendo assim, alguns dos problemas práticos encontrados na rotina clínica que têm sido solucionados por esse método serão tratados neste seminário.
O Seminário de Física Aplicada com Aceleradores de Partículas é realizado mensalmente e busca divulgar possibilidades de colaboração e pesquisas realizadas no Laboratório de Análises de Materiais por Feixes Iônicos do IFUSP. Para participar, é necessário solicitar o link pelo e-mail lamfi@if.usp.br.
Com informações da Comunicação do IFUSP
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- 13/08/2021 - Hidrogel capaz de estocar CO2 no solo será desenvolvido e testado no BrasilFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Entre os diversos esforços para diminuir o efeito estufa na atmosfera estão projetos voltados a promover o sequestro de dióxido de carbono (CO2) com soluções baseadas na natureza. No geral, são tecnologias com grande potencial disruptivo e que poderão abrir frente para uma nova cadeia de valor na captura, uso e armazenamento de carbono. É o caso de um hidrogel que está sendo desenvolvido por pesquisadores de diversas instituições da Universidade de São Paulo (USP), sob a liderança do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás(RCGI) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell na Escola Politécnica (Poli-USP).
O projeto, denominado Programa Hidrogel, é financiado pela Shell Brasil com recursos da Cláusula de Investimento em P&D dos Contratos de Concessão da ANP.
Composto por material orgânico, o hidrogel será produzido com moléculas sintetizadas a partir de CO2. Uma vez usado no plantio, os grânulos do produto se degradariam e liberariam o carbono para estocá-lo no solo. Segundo Alexandre Breda, executivo da Shell e vice-diretor do RCGI, o produto será desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a partir de ácido oxálico e um biomonômero. O ácido oxálico, por sua vez, será produzido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) a partir do CO2.
Uma vez pronto, o hidrogel será testado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Em paralelo, o Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP) irá propor os padrões normativos necessários para a entrada do produto no mercado. O IEE-USP já desenvolve um trabalho focado na produção de documentos normativos para a aplicação global desse tipo de tecnologia, em conformidade com as normais internacionais. O trabalho abrange tanto soluções baseadas na natureza como aquelas que permitem transformar CO2 em produtos químicos de alto valor agregado.
Sumidouro de CO2
O CO2 é apontado como um dos principais gases causadores do efeito estufa e das mudanças climáticas. Sua quantidade na atmosfera vem crescendo principalmente devido à queima de combustíveis fósseis. Estocar o excedente desse carbono é uma ação urgente e recomendada para ajudar a mitigar o efeito estufa. E o solo, que já faz o processo de estocagem de forma natural, tem potencial para ser um grande sumidouro de CO2. É aí que entra o papel da Esalq-USP nos testes com o hidrogel.
"Além de quantificar a estocagem de CO2, queremos saber quais são os possíveis benefícios do hidrogel para o solo e para as plantas em condições de clima tropical", conta o coordenador da pesquisa,Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq-USP, à Assessoria de Comunicação do RCGI.
Segundo ele, quando um material orgânico se decompõe no solo, parte do dióxido de carbono gerado fica retido na terra e o restante retorna à atmosfera na forma de gás. "Em condições naturais, aproximadamente um terço do carbono fica retido no solo. O que buscamos saber é o quanto do carbono do hidrogel ficará estabilizado no solo em condições tropicais", afirma.
Somada à estocagem do CO2 pelo solo, o ácido oxálico produzido pelo Ipen terá pegada negativa de carbono no processo de captura. Segundo Thiago Lopes, responsável por essa parte da pesquisa, o CO2 será transformado em ácido oxálico pela rota eletroquímica e/ou fotoeletroquímica.
"Com o uso de eletricidade [ou fótons] de fontes renováveis poderíamos capturar perto de duas moléculas de CO2 para produzir o ácido oxálico. Criaríamos um círculo virtuoso de sorvedouro do gás de efeito estufa, promovendo o pagamento da dívida histórica de emissões da nossa sociedade", afirma Lopes.
Relação solo-planta
Outro desafio da pesquisa é avaliar o desempenho do hidrogel na relação solo-planta. A expectativa é que os grânulos do produto, uma vez umidificados, retenham água e a liberem gradualmente para a planta, o que diminuiria a necessidade de irrigação, aumentaria a absorção de macro e micronutrientes pela planta, além de trazer benefícios para as propriedades do solo.
"O fato de o hidrogel ser biodegradável tem vantagens que vão além da questão ambiental. Uma delas é aumentar a taxa de absorção de micronutrientes, algo que só ocorre na solução do solo. Outra é propiciar condições favoráveis para a proliferação de microrganismos benéficos no solo, o que potencialmente aumentaria a competição com patógenos causadores de doenças", afirma Cerri.
Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa é referente à troca de cátions no solo. Segundo Cerri, boa parte dos elementos que a planta absorve tem carga positiva (cátions). No entanto, o solo brasileiro tem pouca carga negativa, o que significa que muitos dos nutrientes com carga positiva acabam não se fixando e se perdendo por lixiviação. "A proposta é usar o hidrogel com argilas para aumentar a carga negativa no solo e, assim, otimizar a capacidade de troca de cátions", afirma.
Caberá ao Instituto de Química da UFRGS produzir um hidrogel com essa capacidade. O trabalho está sendo liderado pelo professor Douglas Gamba, do Departamento de Química Orgânica, e prevê o uso do ácido oxálico produzido pelo Ipen, com seus derivados ésteres etílicos, além de produtos de fontes renováveis, como glicerol ou poliglicerol e diferentes hidroxiácidos carboxílicos naturais. Tal composição resultará em um hidrogel com alta capacidade de absorção e retenção de cátions no solo.
Outra aplicação promissora, que poderá ser estudada mais à frente, é fazer do hidrogel um meio de entrega de xenobióticos nas culturas. Em vez de pulverizar grandes quantidades de pesticidas, por exemplo, os produtos químicos seriam disponibilizados pelo hidrogel de forma mais efetiva e controlada.
Inicialmente, os testes na Esalq-USP serão feitos em sistemas fechados, que propiciam melhor controle dos experimentos. Depois é que se partirá para avaliação em campo. Estão previstos testes com cinco culturas, de ciclos diversos: gramíneas, soja, milho, eucalipto e cana-de-açúcar, por exemplo. Os primeiros resultados deverão sair em menos de dois anos. Após quatro anos, o grupo espera ter dados suficientes para subsidiar a tomada de decisão sobre o potencial do uso do hidrogel nos agrossistemas do Brasil.
* Com informações da Assessoria de Comunicação do RCGI.
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- 02/08/2021 - Águas mais limpasIrradiação trata, in situ, efluentes industriais e evita poluição em córregos, rios e águas subterrâneas
Irradiação trata, in situ, efluentes industriais e evita poluição em córregos, rios e águas subterrâneas
Fonte: Revista Brasil Nuclear
Um projeto inovador, voltado para o combate à poluição e para a preservação ambiental, encontra-se em fase final de desenvolvimento no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen) e deverá estar disponível a partir de 2022. Trata-se da Unidade Móvel com Acelerador de Elétrons para Tratamento de Efluentes Industriais e sua Reutilização, um sistema para tratar efluentes industriais no local onde são gerados, evitando que sejam lançados in natura em córregos e rios, com grande prejuízo para o meio ambiente e para a saúde pública.De acordo com o superintendente do Ipen, Wilson Calvo, a unidade móvel com acelerador de feixe de elétrons tem potencial para tratar um volume entre 20 m3/dia a 1.000 m3/dia, ao custo de US$ 0,60 a US$ 30,1 por metro cúbico, dependendo da composição química do efluente objeto do tratamento. Ela poderá ser usada para o tratamento de efluentes da produção de petróleo, para a dessulfurização de petróleo (processo de remoção de enxofre) e para a degradação de compostos orgânicos tóxicos em águas residuais com fins de reutilização.
Além de prestar serviços de irradiação na própria empresa, o laboratório móvel permitirá ao Ipen oferecer treinamento em manutenção e operação de aceleradores industriais de elétrons e realizar estudos de viabilidade técnica e econômica entre plantas em escala laboratorial e industrial, demonstrando a eficiência dessa tecnologia para resolver problemas de efluentes industriais no Brasil.
O projeto está sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do Ipen, em parceria com a empresa Truckvan Indústria e Comércio Ltda., especializada na fabricação de unidades móveis para as áreas de saúde, capacitação e treinamento profissional, eventos, serviços, defesa e segurança, e a Nuclebras Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), responsável pela caixa de blindagem radiológica do acelerador. O empreendimento conta com recursos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O projeto do laboratório móvel é fruto de um programa de pesquisa de tratamento de efluentes industriais, iniciado no CTR em 1992, utilizando um dos seus aceleradores industriais de elétrons fabricados pela Radiation Dynamics Inc., com 1,5 milhão de elétron-Volts (1,5 MeV) de energia, 25 mA de corrente de feixe e 37,5 kW de potência. Em setembro de 1993 foi concluída a construção de uma planta piloto, projetada para tratar 3 m3/h de efluentes líquidos por feixe de elétrons no Instituto. As pesquisas foram desenvolvidas em parcerias com empresas como a Companhia de Saneamento de São Paulo (Sabesp) e a Petrobras e indústrias químicas, farmacêuticas e de tintas, dentre outras. Todos os estudos relacionados ao projeto geraram várias teses de doutorado e dissertações de mestrado, mais de 50 trabalhos publicados em revistas científicas e apresentados em congressos internacionais.
O custo total do projeto da Unidade Móvel com Acelerador de Elétrons para Tratamento de Efluentes Industriais e sua Reutilização é de R$ 7 milhões. Desse total, R$ 1,2 milhões estão sendo investidos pelo Ipen. Cerca de R$ 374 mil foram aportados pela Truckvan, por meio do "Acordo de Parceria para Realização de Atividades Conjuntas de Desenvolvimento Tecnológico” (desenho e especificação do chassi da unidade móvel, adequação do projeto às normas e legislação brasileiras de transporte de cargas, dentre outras); a AIEA investiu 250 mil euros, por meio do projeto "IAEA TC Project BRA1035 - Mobile electron beam accelerator to treat and recycle industrial effluents”, destinado ao treinamento dos engenheiros e tecnologistas do Ipen na empresa coreana EB-Tech, fabricante do acelerador industrial de elétrons; a Finep tem financiamento aprovado de US$ 622 mil, por meio do Projeto "Implantação de unidades móveis visando disponibilizar a tecnologia gerada no Ipen para o setor produtivo e a sociedade/troca de equipamentos obsoletos”.
Projeto multidisciplinar
O projeto, a construção e a operação da unidade móvel envolve profissionais com formações multidisciplinares como engenheiros elétricos, eletrônicos e mecânicos, farmacêuticos, químicos, biólogos, físicos e projetistas, dentre outros.
A parte frontal do veículo conta com uma sala com equipamentos multimidia, notebooks e instrumentos analíticos. "Trata-se de um espaço onde a parte teórica e a prática podem ser expostas e demonstradas. Os equipamentos analíticos, por exemplo, viabilizam avaliar no local de tratamento os efluentes industriais antes e após a irradiação”, explica a arquiteta Fabiana de Faria Lainetti, em sua dissertação de mestrado "Desenvolvimento do projeto arquitetônico de uma unidade móvel de irradiação do Ipen para o tratamento de efluentes industriais”, defendida em 2019 no Ipen/USP. De acordo com ela, a unidade móvel pode levar esse tipo de tecnologia específica para diversas partes do Estado de São Paulo, outros estados do Brasil e até outros países da América Latina. "É uma grande oportunidade de apresentar mais uma alternativa para tentarmos minimizar os problemas que afetam o meio ambiente, muitos deles provocados por diversas ações do homem”, diz.
Em função da pandemia de Covid-19, houve atraso na importação e entrega pela Finep/Fundep do acelerador industrial de elétrons (700 keV, 28 mA e 20 kW). Sua instalação na unidade móvel ocorrerá ainda este ano e será realizada por engenheiros e técnicos da EB-Tech, juntamente com uma equipe do Instituto.
Já a fabricação da Caixa de Blindagem Radiológica para o dispositivo de irradiação do acelerador industrial de elétrons acaba de ser concluída pela Nuclep. A Caixa de Blindagem Radiológica pesa cerca de 15,86 toneladas e tem como objetivo fornecer a proteção adequada a trabalhadores e ao meio ambiente durante as operações.
Benefícios e difusão
Fabiana Lainetti aponta "a necessidade de atendimento à legislação, cada vez mais restritiva, e o impacto positivo na imagem pública do empreendimento, por meio das iniciativas de combate à poluição”, como motivos da difusão que vem ocorrendo com a prática de tratamento de efluentes industriais. Ela também destaca as vantagens econômicas, dentre elas a possibilidade de reutilização da água obtida do tratamento dos efluentes nos próprios processos das empresas.
Já o tratamento in situ dos efluentes, realizado através de unidades móveis, oferece o benefício adicional da eliminação dos custos e dos problemas legais relacionados com o transporte de resíduos.
O tratamento de efluentes industriais por feixe de elétrons vem se disseminando em diversos países, com destaque para a Coreia do Sul e, recentemente, a China. Este país conta com plantas de irradiação instaladas em complexos têxteis, para reutilização da água tratada no processo produtivo de tecidos.
Já no Brasil, diversos fatores ainda dificultam sua utilização em escala comercial, dentre eles: a falta de difusão da tecnologia, de produtores nacionais do equipamento, do alto capital inicial de investimento e a falta de infraestrutura nas indústrias para suportar um equipamento nas dimensões requeridas.
No entanto, segundo Wilson Calvo, em outras áreas como nas indústrias de alimentos, eletrônicas e embalagens, verifica-se nos últimos anos uma ampliação das aplicações dos aceleradores de elétrons, principalmente os de baixa energia (ver Múltiplas aplicações).
Opções de tratamento
As águas residuárias industriais podem conter uma variedade de poluentes, incluindo pesticidas, materiais orgânicos, produtos químicos e tintas, que podem ser prejudiciais à saúde e, em alguns casos, muito tóxicos. Seu tratamento permite eliminar ou minimizar a quantidade de contaminantes, buscando evitar a contaminação de recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Diferentes tipos de contaminantes precisam de diferentes métodos de tratamento. A utilização da radiação, combinada com outros métodos, pode eliminar alguns contaminantes e decompor mais facilmente a matéria orgânica (facilitando o tratamento), necessitando de menos produtos químicos e diminuindo os poluentes secundários. A velocidade do processo de tratamento e maior se comparada aos métodos tradicionais de tratamento, gerando melhor custo-benefício no tratamento de grandes volumes de efluentes.
O objetivo do uso da radiação ionizante, por meio de feixe de elétrons de média e alta energias, no tratamento de efluentes industriais é degradar os compostos orgânicos, diminuindo os impactos ambientais. "Ela pode ser utilizada de forma efetiva para o tratamento de águas residuais, destruindo compostos orgânicos e biológicos, minimizando os contaminantes e removendo as cores e odores indesejáveis”, garante Fabiana Lainetti.
Laboratório móvel
A unidade móvel funciona como um laboratório móvel, que tem equipamentos analíticos, e também como um acelerador de elétrons. Essa unidade vai até à empresa, que pode ser uma fabricante de tintas ou petroquímica, por exemplo, coleta efluentes, analisa e, por fim, aplica elétrons que vão degradar compostos orgânicos. "Com isso, conseguimos mostrar para a indústria que existem tecnologias alternativas ao invés de uma incineração ou de um processo convencional”, explica o superintendente do Ipen, Wilson Calvo. Segundo ele, na prestação de serviços tecnológicos de irradiação às indústrias químicas, petroquímicas e de saneamento, a parceria com a empresa Truckvan é fundamental.
Dentre os processos de tratamento de efluentes industriais contendo compostos orgânicos, destacam-se: Adsorção em carvão ativo e resinas, Biodegradação (aeróbia e anaeróbia), Incineração e Processo de oxidação avançada. A irradiação por feixe de elétrons utilizada na Unidade Móvel é classificada entre as tecnologias de oxidação avançada.
"A grande vantagem é que, no tratamento por radiação ionizante (feixe de elétrons), o processo é homogêneo sem efeito de superfície ou concentração, aplicável tanto para substratos polares quanto não polares, e os efeitos de degradação independem do pH do efluente industrial. Nesse sentido, a tecnologia propicia um amplo espectro de utilização no mercado, tais como, no tratamento de efluentes provenientes das indústrias têxteis, farmacêuticas, químicas, petroquímicas, de fábricas de papel e celulose, de aterros sanitários, de estações de tratamento de efluentes domésticos e industriais, dentre outros”, explica Wilson Calvo. "Há estudos no Ipen e internacionais em diversos setores produtivos, os quais comprovam que o tratamento por radiação ionizante oferece benefícios tecnológicos e econômicos em relação às técnicas convencionais de tratamento de poluentes recalcitrantes”, completa.
Múltiplas aplicações
O acelerador utilizado na unidade móvel produz elétrons a partir de um filamento de tungstênio aquecido, do qual são extraídos e acelerados em um tubo em vácuo, com campo elétrico aplicado, até atingirem uma bobina de varredura, gerando um feixe de elétrons, o qual possui energia para atravessar uma janela de titânio e interagir com a superfície do produto a ser processado. O equipamento é alimentado por energia elétrica, e os elétrons acelerados até atingirem a energia de 700.000 elétron-Volts (700 keV), o que faz com que o efluente industrial ou doméstico não se torne radioativo, após o tratamento.
Os aceleradores de partículas são utilizados na medicina e também em diversas aplicações industriais. Um dos usos mais disseminados no mundo inteiro é a produção de diferentes tipos de radioisótopos, para o diagnóstico e tratamento de doenças. Os feixes de elétrons também podem ser utilizados para reduzir a carga microbiana em plaquetas sanguíneas humanas e em enxertos de pele. E, ainda, para radioesterilizar produtos, incluindo os de uso médico.
Na indústria de alimentos, os feixes de elétrons podem eliminar bactérias patogênicas, tais como Escherichia coli, Salmonela e Listeria, insetos e retardar o processo germinativo em produtos vegetais, aumentando a sua vida de prateleira. Eles também são utilizados em sistemas de segurança, gerando raios X e imagens de diferentes tipos de materiais para a inspeção de cargas densas.
Outra aplicação industrial é a modificação de polímeros (a exemplo dos fios e cabos elétricos que são irradiados no Ipen) e outros materiais, na indústria eletrônica e na preservação do meio ambiente, através do tratamento de gases tóxicos de combustão, lodos e águas residuais.
Prêmio Inédito na AL
O projeto da Unidade Móvel foi contemplado com várias premiações, destacando-se o Prêmio "Nuclear Technologies for better life”, concedido pela estatal russa Rosatom, em 2019. Fabiana de Faria Lainetti foi contemplada com o prêmio Master Student Paper Award, na International Meeting on Radiation Processing (IMRP 2019), em Estrasburgo, França.
O Ipen foi o primeiro representante latino-americano a conquistar o prêmio, com o projeto "Multipurpose Gamma Irradiation and Mobile Unit with na Electron Beam Accelerator Developed in Brazil” (Irradiador Gama Multipropósito e Unidade Móvel com Acelerador de Feixe de Elétrons Desenvolvido no Brasil). O Instituto concorreu com outros 10 países, com projetos da iniciativa privada como a General Electric (GE) e instituições como a Universidade da California.
Implementado pelo CTR, o projeto refere-se a duas importantes estruturas para a aplicação da tecnologia nuclear: um irradiador de uso contínuo de Cobalto-60 e um acelerador de feixe de elétrons para tratamento de efluentes industriais.
O irradiador de uso contínuo de Cobalto-60 está em atividade desde 2003 e é prioritariamente utilizado para as necessidades do Instituto, como a esterilização dos recipientes usados para transporte e uso de radiofármacos, esterilização de rações e outros insumos do biotério e irradiações de suporte às pesquisas desenvolvidas no Ipen e nas instituições parceiras. Além disso, promove aplicações pioneiras no Brasil, como a desinfestação e a contenção da proliferação de microrganismos em bens culturais e obras de arte por meio da radiação ionizante do Co60.
No meio ambiente, na agricultura...
Umas das primeiras unidades móveis de irradiação por feixe de elétrons foi construída nos EUA, na década de 1990, por pesquisadores da Universidade de Miami, na Florida. O acelerador foi desenvolvido em parceria com a empresa High Voltage Environmental Applications Inc. e possuia 500 keV de energia e 20 kW de potência.
Atualmente, seu uso foi adotado por países como EUA, China, Alemanha e Coreia, entre outros. Um exemplo é a unidade móvel construída pela coreana Eb-Tech para o tratamento de efluentes. Outro exemplo é a unidade construída pela empresa alemã Evonta, especializada em tratamento de sementes, junto com o Instituto Fraunhofer, que projeta, constrói e comercializa aceleradores de elétrons, como solução para prolongar a vida útil e qualidade das sementes, por meio da desinfecção superficial por irradiacao direta. O tratamento oferece um meio rápido, seguro e ecológico de se livrar dos patógenos das plantas utilizando feixe de elétrons.
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- 02/08/2021 - Deixamos de ser coadjuvantes, agora somos protagonistasFonte: Revista Brasil NuclearUm tratamento de Medicina Nuclear que contribui para aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração acaba de ganhar o reconhecimento da comunidade mundial de Oncologia. O estudo "Vision de Fase III” com PSMA-Lutécio177 foi apresentado no American Society of Clinical Oncology (Asco), considerado o mais importante encontro mundial de Oncologia Clínica, realizado no período de 4 a 8 de junho. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o médico nuclear George Coura Filho, o momento é histórico para a especialidade. "Saímos de uma posição de coadjuvantes, apesar do largo uso e comprovada eficácia da Medicina Nuclear, para a de protagonistas ao ter um trabalho científico da especialidade no Asco 2021”, celebra. "Estamos falando de um tratamento que já está em uso, com resultados preliminares muito positivos e que agora ganha a chancela da comunidade global sobre os benefícios da Medicina Nuclear”, informa o representante da entidade."No passado, quando médico oncologista se deparava com o câncer de próstata avançado, o mais indicado seria o tratamento paliativo. Há mais de uma década, surgiram diversos tratamentos que vêm mostrando benefício na sobrevivência dessa população e a molécula radioativa PSMA-Lutécio177 entra como possibilidade terapêutica de grande peso nesse cenário. Já estamos oferecendo este tratamento nos pacientes brasileiros. Oncologistas clínicos estão tão entusiasmados quanto os médicos nucleares”, revela o presidente da SBMN.Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e com doutorado em Ciências pela mesma instituição, o dr. George Coura Filho atua no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e no centro de diagnóstico médico por imagem Dimen Medicina Nuclear. Nessa entrevista a Vera Dantas, da Brasil Nuclear, ele fala sobre os desafios da Medicina Nuclear no país e as medidas que considera indispensáveis para a sua expansão, dentre as quais destaca a atualização da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), sem reajuste há 12 anos, e a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).O que é a terapia com PSMA-Lutécio 177?A terapia com PSMA-Lutécio177 combina um peptídeo que se liga a marcadores expressos por tumores e um isótopo radioativo, causando danos ao DNA, o que inibe o crescimento e a replicação do tumor. Esta abordagem terapêutica permite a distribuição direcionada de radiação ao tumor, enquanto limita os danos ao tecido normal circundante. O câncer de próstata é o tipo mais comum de câncer entre a população masculina, representando 29% dos diagnósticos da doença no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2021.Onde essas pesquisas foram realizadas?Vários centros no mundo estavam fazendo pesquisas com o Lutécio PSMA. Mas eram estudos retrospectivos, que mostravam algum benefício mas não o que científicamente se categoriza como a melhor evidência científica, como os estudos randomizados, prospectivos, preferencialmente duplo cegos. Recentemente, a empresa farmacêutica Novartis patrocinou um estudo randomizado, prospectivo, que contou com a contribuição de vários centros de pesquisa em todo o mundo. Esse estudo, que demonstrou o melhor nível de evidência do benefício do tratamento com o PSMA-Lutécio 177, foi apresentado na plenária do maior Congresso de oncologia do mundo, que é o Congresso da Asco.O PSMA-Lutécio 177 utilizado no Brasil é importado?Sim, tanto o PSMA como o Lutécio. Aqui é feita a rádiomarcação, atualmente, realizada pela empresa RPH, porém, com resultados tão positivos, espera-se novas empresas também entrando neste mercado.Existem pesquisas no Brasil?Eu tenho informação que vários centros universitários e de formação médica estão participando de um projeto junto com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Qual a sobrevida do paciente?Isso vai depender muito de qual fase de tratamento esse paciente foi incluído. Se o Lutécio PSMA é aplicado precocemente, a sobrevida pode ser de alguns anos; já se a medicação é usada mais posteriormente, a sobrevida vai ser de alguns meses a mais do que quem não tomou. Já para o Lutécio 177, segundo dados divulgados, a sobrevida global de 15.3 meses para tratamento versus 11.3 meses para o grupo controle. Em relação a sobrevida livre de progressão é de 8.7 meses para tratamento versus 3.4 meses para o grupo controle. Quando a doença do paciente é resistente à castração, a sobrevida é bastante encurtada e ele vai acabar precisando de sequenciamento de diversas medicações. Mas acho que o Lutécio 177 pode ter um papel muito importante, talvez se tornando uma das drogas protagonistas no câncer de próstata.Qual é o cenário da Medicina Nuclear no país?Não é de hoje que enfrentamos dificuldades para a obtenção de rádiofármacos, mas com a pandemia alguns problemas foram exacerbados. Um deles é a nossa grande dependência da importação de insumos ativos para uso médico. Com a redução do número de vôos vindo para o Brasil, muitas vezes ficamos sem algumas semanas sem receber esses isótopos radioativos de uso médico para distribuição no território brasileiro, deixando muitos pacientes desassistidos. Outro ponto crítico é que a maioria desses itens são dolarizados. Com isso, houve um aumento de custos significativo, sem o acompanhamento da reposição na tabela SUS, que está sem nenhum reajuste desde 2009, há 12 anos! Já os reajustes do sistema suplementar de saúde ocorrem anualmente, mas, em contrapartida, enfrentamos um aumento considerável do dólar, que quase atingiu 6 reais. Mesmo com essas adversidades a Medicina Nuclear no Brasil tem avançado. A comunidade médica nuclear no Brasil é muito aguerrida. Ela se esforça para conseguir disponibilizar tudo o que o paciente tanto precisa.Quais as últimas novidades na área de medicina nuclear?Podemos citar, nos últimos anos, o uso da tomografia por emissão de pósitrons, o PET-CT, assim como a chegada de demais rádiofármacos para terapia, como o dicloreto de rádio 223. Em 2020, a Anvisa fez uma revisão das normas que regem o registro de radiofármacos, o que fez com que tenhamos uma legislação mais moderna que eu acredito que vai permitir a chegada e o registro de novos radiofármacos de uma forma muito mais ágil. Por exemplo, se antes só tinhamos o PSMA com gálio 68, temos agora o primeiro registro de Fluor 18 PSMA para câncer de próstata, que pode ser produzido em cíclotron e ser distribuído para qualquer parte do território nacional.O sr. poderia citar outro radiofármaco que deve chegar ao mercado?Esperamos que no horizonte dos próximos dois anos possamos ter marcadores específicos para doença de Alzheimer, avaliando a formação de amilóides cerebrais.E quais as novas áreas terapêuticas beneficiadas, tanto para diagnóstico como para tratamento?O leque de aplicações está se abrindo. Por muito tempo, a Medicina Nuclear esteve restrita a tratamentos de câncer de tireóide, hipertireoidismo, a alguns tumores neuroendócrinos como os do trato gastroenteropancreatico, mas começamos a entrar em tumores ainda mais frequentes como o câncer de próstata.E no câncer de mama, houve avanço?Os avanços ocorreram em diagnóstico, não só pelo uso do FDG, mas também através de um novo radiofármaco para PET-CT, o fluroestradiol (18FES). Trata-se de um radiofármaco com afinidade por receptores de estrógeno. A ideia é sempre através de alterações moleculares a gente fazer o diagnóstico mais precocemente antes de ter uma alteração anatômica associada, porque sabemos que quanto mais precoce o tratamento do câncer, mais efetivo será o resultado.O fluroestradiol já está disponível para o público?Aqui no Brasil, ainda não. Mas eu acredito que a perspectiva também seja similar à dos marcadores de placa amilóide para Alzheimer, ou seja, dentro de um a dois anos tenhamos esse diagnóstico disponível.No exterior ele está disponível?Sim, principalmente na Europa. Também no Uruguai e, possivelmente, no Chile.Em sua opinião, qual o cenário desejável para a Medicina Nuclear brasileira? E o que o sr. acredita que vai ser o possível?Eu acho que, entre os fatores desejáveis para que a Medicina Nuclear brasileira possa caminhar daqui para a frente está, em primeiro lugar, o Reator Multipropósito Brasileiro. O RMB é importante porque dará autonomia para que o país vá além da produção em cíclotron e não fique mais refém da produção internacional. Além de atender a demanda brasileira de radiofármacos, podemos pensar até mesmo em exportar para a América Latina. Então, eu acho que para diversos isótopos e principalmente para os isótopos de tratamento, onde se inclui o Lutécio 177, é muito importante o RMB. Outra coisa necessária é reequilibrar os custos e os recebíveis pelas fontes pagadoras para os procedimentos de Medicina Nuclear. Quero frisar novamente que a tabela SUS seja recomposta, que possa sofrer um reajuste capaz de recompor porque o que pode acontecer não vai tendo reajuste, os insumos vão ficando mais caros e chega uma hora que os serviços de medicina nuclear não aguentam e acabam fechando. Isso seria muito ruim. Eu tenho uma expectativa muito grande de que o Ministério da Saúde consiga entender, num curto espaço de tempo, que 2009 para cá é muito tempo para que não se faça nenhum reajuste. Por último, é importante termos drogas protagonistas para as mais diversas doenças. Quando os médicos conhecem mais e melhor os métodos da Medicina Nuclear, mais eles irão solicitar o que podemos fazer na expansão do atendimento dos pacientes. Muitas vezes, o médico não prescreve por não saber que está disponível. Há muitos anos eu digo que não adianta nos limitarmos a dar aula para médico nuclear. Precisamos começar a ter mais acesso aos congressos das outras especialidades para divulgar a Medicina Nuclear para o oncologista, o cardiologista, o neurologista, porque só assim que os pacientes desses especialistas terão acesso a seus benefícios.Já está havendo uma maior visibilidade?Eu acredito que sim, principalmente em algumas áreas como Oncologia e Neurologia. Mas precisamos aproveitar o momento de holofote proporcionado pela disponibilidade dessas drogas tão especiais para divulgar a importância dos exames e tratamentos da Medicina Nuclear para a melhoria da saúde de milhares de pessoas.E o possível?O possível é não medirmos esforços para concretizar o desejável. Acho que devemos continuar insistindo junto aos órgãos governamentais sobre a importância de que o projeto do RMB saia do papel e fazer a nossa parte de solicitar o reajuste da tabela e ampliações no acesso à medicina para os pacientes do SUS, que são cerca de 70% da população brasileira. -
- 01/08/2021 - Instituto de pesquisa nuclear cria caminhão para tratar resíduo industrialFonte: Folha de S. Paulo
O Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) está terminando de fabricar um caminhão que usa irradiação para analisar e limpar efluentes industriais que podem ser reutilizados ou descartados.A unidade móvel com acelerador de elétrons deve ficar pronta a partir do ano que vem para refinaria de petróleo, mas também poderá ser usada em indústrias têxteis, farmacêuticas e químicas e aterros sanitários, segundo o Ipen.
O caminhão tem capacidade para tratar até 1.000 m³ de líquido por dia, e o projeto tem investimento da empresa Truckvan, diz a entidade.
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- 20/07/2021 - Em programação oficial no Brasil, diretor-geral da AIEA visita MCTI e unidades da CNENVISITA DIRETOR-GERAL AIEA
VISITA DIRETOR-GERAL AIEA
Fonte: CNEN
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), embaixador Rafael Mariano Grossi, esteve em missão oficial no Brasil entre os dias 14 e 21 de julho. O programa incluiu reunião com o ministro da Ciência Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, além de visita a três unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN): a sede, no Rio de Janeiro, o Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN).
A programação iniciou no dia 15, quando, junto com sua comitiva, o diretor-geral da AIEA conheceu alguns dos projetos em desenvolvimento pelo CRCN-NE, como a robô Aurora (de combate à Covid-19) e a produção de radiofármacos, que atende a Região Nordeste do Brasil. No encontro, foi mencionada a importância de parcerias entre o CRCN-NE/CNEN e a AIEA por meio dos projetos Arcal (Acordo Regional de Cooperação para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nucleares na América Latina e Caribe).
Grossi foi o primeiro mandatário da Agência a estar presente nas instalações do CRCN-NE. Ao descerrar uma placa alusiva à visita histórica ao Centro destacou: "O envolvimento do CRCN-NE/CNEN é muito importante na promoção de técnicas nucleares para a paz e o desenvolvimento. Trabalharemos para aumentar a cooperação entre o Centro Regional e a AIEA”. Para o diretor do Centro, Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira, a parceria com a Agência é de suma importância para o Brasil e deve ser ampliada. "O CRCN-NE/AIEA agradece a cooperação da AIEA e coloca todo o seu potencial em pesquisa, desenvolvimento e inovação a serviço dessa cooperação com a finalidade de promover o uso seguro e pacífico da energia nuclear”.
Ainda em Recife, Grossi e sua comitiva participaram da soltura de mosquitos estéreis. Trata-se de aplicação da radiação ionizante para esterilização destes insetos com vistas à diminuição de sua população. O projeto foi desenvolvido pela empresa Moscamed e conta com apoio da CNEN através de sua unidade em Recife, o CRCN-NE/CNEN.
Visita ao IPEN
Rafael Grossi esteve em visita ao IPEN na manhã do sábado, 17/7/2021. Após breve recepção, o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, fez uma apresentação sobre a estrutura do setor nuclear brasileiro, a CNEN e suas unidades técnico-científicas, os principais projetos desenvolvidos pela instituição, as atividades regulatórias, a futura autoridade de segurança nuclear, além dos mecanismos de cooperação técnica com a AIEA.
A visita teve continuidade percorrendo o Espaço Cultural Marcello Damy, descerrando uma placa alusiva à visita e posterior apresentação da unidade móvel com acelerador de elétrons e um tour pelas alamedas do IPEN e seus centros de pesquisa.
Pertusi, o diretor de pesquisa e desenvolvimento, Madison Almeida, e o diretor do IPEN, Wilson Calvo, também apresentaram os principais projetos estratégicos na área nuclear, com destaque para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Grossi ressaltou a importância histórica da participação dos pesquisadores do IPEN/CNEN em projetos desenvolvidos com a AIEA e ressaltou que o Instituto "é um exemplo de excelência em congregar capacidade em pesquisa, ensino e inovação com o compromisso de serviço à sociedade”.
No mesmo dia, a comitiva foi ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), em Iperó, que tem o desenvolvimento de tecnologias nucleares como uma de suas principais linhas de atuação. Ele visitou as instalações do Centro Industrial Nuclear de Aramar e sobrevoou o local do empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
Visita à Sede da CNEN
No Rio de Janeiro, Grossi e comitiva participaram, no dia 19 de julho, das atividades comemorativas aos 30 anos da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais (ABACC). Na tarde deste dia, estiveram na sede da CNEN. No Salão Nobre foi realizada uma reunião com o presidente, diretores e assessores, na qual o Grossi destacou a parceria privilegiada da AIEA com a CNEN e o especial apoio da Agência nos projetos futuros e de separação das atuais funções da Autarquia. O diretor de radioproteção e segurança, Ricardo Gutterres, destacou a complexidade e dimensão da ação regulatória que vem sendo executada pela CNEN, destacando os desafios frente às inúmeras instalações ativas e à franca expansão do setor nuclear brasileiro.
Na ocasião, o diretor-geral da AIEA gravou uma mensagem lembrando pontos de destaque desta sua primeira visita oficial no cargo, durante a qual teve oportunidade de conhecer melhor as abrangentes e diversificadas atividades da CNEN. Também falou do futuro, pois para ele esse é "o começo de uma era de cooperação renovada e dinamizada”. Para Grossi, juntos – a Agência, o Brasil, a CNEN e todas as instituições do complexo nuclear brasileiro – "poderão enfrentar todos os desafios ligados ao clima, a pandemia e a transição energética e, em tudo isso, a CNEN tem um papel central”.
Após esse momento, o presidente Pertusi presenteou o diretor-geral Grossi com uma placa agradecendo a visita e, junto com coordenadores gerais da sede e assessores, também foi descerrada uma placa ao lado da galeria dos ex-presidentes da instituição.
Visita a outras importantes instalações
Rafael Grossi esteve ainda em outras importantes instalações nucleares do Brasil: visitou a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), unidade da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em Resende (RJ); a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ), onde estão localizadas as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e o canteiro de obras de Angra 3. Foi ainda ao estaleiro em Itaguaí (RJ) onde está sendo construído o primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares(ABDAN).
No dia 20, a programação incluiu reuniões com ministros de três pastas: Marcos Pontes - do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Bento Albuquerque - do Ministério de Minas e Energia (MME) e Carlos Alberto Franco França – do Ministério das Relações Exteriores (MRE). No dia 21, Grossi e comitiva partiram do Brasil.
Fontes: CRCN-NE, IPEN e Sede CNEN.
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- 20/07/2021 - No Brasil, chefe da Aiea elogia projeto que combate o mosquito da dengueDiretor-geral Rafael Mariano Grossi esteve no Recife e em Angra dos Reis; ele prevê impacto positivo no mundo da técnica nuclear contra o agente transmissor da dengue e Zika.
Diretor-geral Rafael Mariano Grossi esteve no Recife e em Angra dos Reis; ele prevê impacto positivo no mundo da técnica nuclear contra o agente transmissor da dengue e Zika.
Fonte: ONU News
Um programa-piloto implementado em Pernambuco e na Bahia, que usa uma técnica nuclear para combater o mosquito que transmite dengue e Zika, está sendo elogiado pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea.
Rafael Mariano Grossi visitou o Brasil e declarou que o projeto terá um impacto importante no mundo todo. Além de acompanhar de perto o programa na cidade de Recife, ele esteve também na usina de energia nuclear de Angra dos Reis.
Inseto Estéril
Esta foi a primeira vez que o chefe da Aiea esteve em um país da América Latina, desde que assumiu o posto, em 2019. Grossi participou, em Recife, da libertação de mosquitos criados com a técnica do inseto estéril.
Com esta técnica, os machos da espécie são criados em massa, recebem radiação e ficam impossibilitados de se reproduzirem. Depois, os insetos são liberados no ar para se acasalarem com as fêmeas. Mas sem poder gerar filhotes, acaba havendo queda na população dos mosquitos que transmitem a dengue.
A Moscamed Brasil é parceira da Aiea e é uma das primeiras empresas no mundo a utilizar a técnica do inseto estéril. Os alvos são os municípios da Bahia e de Pernambuco, que foram muito afetados pela Zika em 2016.
Energia Nuclear
Desde outubro do ano passado, entre 250 mil a 350 mil mosquitos machos estéreis têm sido libertados todas as semanas numa área de 60 hectares. A ação já resultou na redução de 19% na população de mosquitos no local.
Depois de Recife, o chefe da Aiea Rafael Grossi seguiu para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele visitou a estação de energia nuclear com dois reatores com capacidade de 1,884 MW(e), fornecendo pouco mais de 2% da eletricidade do Brasil.
Pesquisas
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica avalia que o Brasil "tem um programa de energia nuclear bem desenvolvido e ambicioso”. No ano passado, o país adotou um plano nacional que prevê, até 2050, um aumento de 10 gigawatts na capacidade nuclear do país.
Grossi destacou que a Aiea continuará cooperando com o país. No fim de semana, ele esteve também no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Ipen.
Na área funciona o primeiro reator nuclear utilizado pelo Brasil em pesquisas nas áreas da indústria e da saúde, incluindo o uso de radiofarmacêuticos para tratar vários tipos de câncer.
O mosquito aedes aegypti transmite doenças como chikungunya, dengue e zika - Foto: AIEA
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- 20/07/2021 - Agência da ONU quer energia nuclear contra Covid, novas pandemias e mudança climáticaDiretor da AIEA, que visitou programa brasileiro de controle de mosquito, prega ação global em crises
Diretor da AIEA, que visitou programa brasileiro de controle de mosquito, prega ação global em crises
Fonte: Folha de São Paulo
No centro de negociações complexas como a do programa nuclear iraniano, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) quer ampliar sua atuação no incentivo ao uso de tecnologias do setor para combater a Covid-19, novas pandemias e a mudança climática.
Dar uso diverso à energia nuclear é uma das metas do diretor-geral desta agência da ONU (Organização das Nações Unidas), o argentino Rafael Grossi, no cargo desde dezembro de 2019.
A partir de projetos que já existiam, ele criou a iniciativa Zodiac (acrônimo inglês para Ação Integrada para Doenças Zoonóticas) em junho do ano passado, quando a pandemia da Covid-19 já devastava o planeta.
Cerca de 300 laboratórios em todo o mundo foram interligados pela AIEA para trabalhar em soluções derivadas de aplicações nucleares em relação à pandemia.
Poucos sabem, mas o teste padrão-ouro para detecção do coronavírus Sars-CoV-2, o RT-PCR, em sua origem utilizava isótopos radioativos no processo de identificação do material genético do vírus —agora emprega marcadores fluorescentes.
"A AIEA era uma ferramenta frequentemente subutilizada. Muitas dessas coisas já eram feitas, em escala menor. Há uma quantidade de desafios crescentes. Não podemos continuar fazendo o que estamos fazendo, são coisas que requerem uma resposta diferente da comunidade internacional", afirmou Grossi à Folha, no sábado (17) em São Paulo.
Algumas ideias em estudo no Zodiac incluem a irradiação do sangue, prática comum para inativar leucócitos que podem ser rejeitados por receptores de doações, para atacar vírus.
O argentino citou outro caso, o da Moscamed, biofábrica de moscas de frutas e outros bichos também estéreis, aberta em 2005 em Juazeiro (BA). "A técnica de esterilizar insetos não é nova, mas precisamos ajudar a ofertar esses modelos em grande escala para outros países", afirmou.
Em São Paulo, ele visitou o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), gerido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear.
"Podemos reciclar plástico sem usar solventes. O Ipen tem uma ótima experiência, nós estamos trabalhando com isso na Ásia também. A ferramenta já existe e está sendo paga pelo contribuinte brasileiro. A burocracia internacional irrita, ela tem de dar soluções às pessoas."
Grossi afirma que, obviamente, "não somos salvadores do mundo" e defende os projetos conjuntos que tem com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
Energia nuclear já é central em aplicações médicas cotidianas, de exames a terapias diversas, mas a coordenação de esforços é inédita.
Em relação às mudanças climáticas, Grossi é um advogado do uso da energia nuclear e sabe a resistência que ela sofre —particularmente na Europa, onde os partidos verdes são forças consideráveis em alguns países.
Acidentes como o de Fukushima (2011) e Tchernóbil (1986) ajudaram a aumentar o estigma sobre a matriz, e críticos apontam que ela não é tão limpa porque a produção de seus insumos ao fim também gera pegada de carbono.
Pode ser, mas o fato é que as emissões diretas da produção de energia nuclear são zero, e para Grossi ela deve fazer parte do "mix" energético de qualquer nação, seguindo especificidades. No mundo, hoje, 10% da eletricidade e 4% da energia como um todo têm origem atômica.
Ele cita as cheias na Europa Central como um sinal de alerta renovado do problema à frente.
A proatividade desse argentino de 60 anos atrai algumas críticas de que ele estaria tirando o foco do objeto principal da AIEA, que é monitorar a proliferação nuclear entre seus 173 países afiliados e promover a segurança do uso da matriz.
"Estávamos perdendo tempo, não foco. Somos um cão de guarda muito duro, e seguimos sendo. É o mesmo que dizer que um governo não pode cuidar de educação e segurança ao mesmo tempo", afirmou. "A ambição podia ser muito maior. Nosso papel é inspirar, propor coisas que podem ser feitas."
É uma corrida desigual neste campo. Neste ano, o orçamento operacional da AIEA é de € 383 milhões (R$ 2,3 bilhões hoje). Só o programa de modernização de armas nucleares dos Estados Unidos, maior potência do mundo no campo, prevê US$ 57 bilhões (R$ 297 bilhões) anuais, por três décadas.
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- 16/07/2021 - Nuclear Science to Control Mosquitoes, Generate Clean Energy a Key Focus of Director General Grossi's Visit to BrazilFonte: AIEALuciana Viegas Assumpcao, IAEA Office of Public Information and Communication
Recife and Angra dos Reis – Brazil is a key IAEA partner, and the exchange of knowledge between the Agency and Brazilian experts in the peaceful uses of nuclear science can benefit both and beyond, Director General Rafael Mariano Grossi said during his visit to the country, where, among others, he saw an IAEA-supported project to use a nuclear technique to combat mosquitoes that transmit Zika and dengue, and visited the Angra dos Reis nuclear power plant.The week-long visit, Mr Grossi’s first to Latin America since he took office in 2019, kicked off in the city of Recife, where he participated in insect releases as part of an IAEA-supported programme to use the Sterile Insect Technique (SIT) to control mosquitoes in the neighbourhood of Brasilia Teimosa. The SIT is a type of birth control for insects, where male insects are mass reared and rendered unable to reproduce using radiation. They are then released in large numbers to mate with wild females, resulting in no offspring and therefore contributing to a decline in the mosquito population over time. The method has been used for decades to control agricultural pests such as the Mediterranean- and Screwworm flies and has recently been developed against mosquitoes.
The project implementing partner, Moscamed Brasil, is one of the first SIT facilities in the world to mass rear sterile Aedes aegypti mosquitoes for release, targeting two municipalities in the Brazilian states of Bahia and Pernambuco which were particularly hard-hit by Zika in 2016. The IAEA has provided support to Moscamed Brasil since 2005 and facilitated the transfer of a gamma cell irradiator in recent years to scale up the production of sterile insects.
"What we see here is nuclear science for development, improving the lives of people,” Mr Grossi said in Recife. "The result of the pilot trials in Recife to use SIT to fight Zika, dengue and other diseases will be important not only to Brazil, but worldwide.”
Sterile Aedes aegypti male mosquitoes are being released weekly in a pilot project in the Brasilia Teimosa neighbourhood of Recife, Pernambuco. (Photo: D. Calma/IAEA)Since October 2020, between 250 000 and 350 000 sterile males have been released weekly over a 60-hectare surface area. The releases – the first in an urban setting – have already resulted in a 19 percent reduction in the wild mosquito population in the area. Moscamed Brasil was designated an IAEA Collaborating Centre in 2018, and now provides experts and training for countries such as Mauritius, South Africa and Thailand in various SIT projects.
Mr Grossi also visited the Regional Centre of Nuclear Sciences at the Pernambuco State University as well as its Nuclear Science Museum, which does a fantastic job in demystifying nuclear technology and promoting STEM education, he said.
On Friday, Mr Grossi visited Brazil’s only nuclear power station at Angra dos Reis, on the coast between Rio de Janeiro and Sao Paulo. The plant has two operating reactors with a total capacity of 1 884 MW(e), with a third one under construction, and provides around 2.1 percent of Brazil’s electricity. In 2020, Brazil adopted a national plan that considers an increase of 10 gigawatts in the nuclear installed capacity in the country by 2050.
"Brazil has a very developed and ambitious nuclear power programme,” the Director General said, "and the IAEA is ready to continue our good cooperation with the country in this area.”
On Saturday, Mr Grossi is scheduled to visit the Nuclear and Energy Research Institute (IPEN) at the University of Sao Paulo. The institute works in several areas related to the nuclear sciences and runs the country’s first research reactor. It also carries out research into the industrial applications of radiation, such as to sterilize community face masks, modify plastics and preserve cultural artifacts, and will be responsible for running Brazil’s 30 MW multipurpose research reactor, which will aid the country in the use of radiopharmaceuticals to diagnose and treat diseases such as cancer.
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- 15/07/2021 - Diretor da AIEA visita CRCN-NE/CNENFonte: CRCN-NEO Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), recebeu hoje (15/07) a visita do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi. Presente no Brasil para uma série de compromissos, Grossi foi o primeiro mandatário da Agência a estar presente nas instalações do CRCN-NE, que completou 25 anos em junho de 2021.Junto com sua comitiva, o diretor-geral da AIEA conheceu alguns dos projetos desenvolvimentos pelo Centro como a robô Aurora e a produção de radiofármacos, que atende a Região Nordeste do Brasil, assim como destacou a importância de parcerias entre o CRCN-NE/CNEN e a AIEA por meio dos projetos Arcal (Acordo Regional de Cooperação para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nucleares na América Latina e Caribe).Durante sua passagem pela CRCN-NE/CNEN, uma placa alusiva à visita histórica foi descerrada no hall do instituto de pesquisa pernambucano. "O envolvimento do CRCN-NE/CNEN é muito importante na promoção de técnicas nucleares para a paz e o desenvolvimento. Trabalharemos para aumentar a cooperação entre o Centro Regional e a AIEA”, ressaltou Grossi no momento.A visita foi encerrada com um passeio pelas instalações do CRCN-NE /CNEN e a promessa de que a parceria entre o Centro e a AIEA será ampliada. Para o diretor do CRCN-NE/CNEN, Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira, a parceria com a Agência é de suma importância para o Brasil e deve ser ampliada. "O CRCN-NE/AIEA agradece a cooperação da AIEA e coloca todo o seu potencial em pesquisa, desenvolvimento e inovação a serviço dessa cooperação com a finalidade de promover o uso seguro e pacífico da energia nuclear”, destaca.
Confira algumas fotos que marcaram esta visita.
A comitiva segue agora para a sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear, no Rio de Janeiro, e para seu Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/CNEN), em São Paulo.
Texto e fotos: Gilvania Ferreira/Ascom CRCN-NE -
- 08/07/2021 - Nuclear contra a COVID-19Inativação do vírus por radiação ionizante abre novas possibilidades de combate à doença
Inativação do vírus por radiação ionizante abre novas possibilidades de combate à doença
Fonte: Conexão Nuclear/ABDANA vacinação contra o coronavírus avança no mundo, trazendo novas esperanças em diversos países onde já se vê oimpacto da ação preventiva, mas a doença ainda tem muitos mistérios e efeitos pouco claros no organismo humano.Diversos estudos apontam variadas interpretações, mas um fator fundamental para a evolução dessas pesquisas, que podem trazer descobertas importantes também para a criação de tratamentos de infectados, é a possibilidade de inativação do vírus para análise em laboratórios menos complexos, o que facilita muito o trabalho e amplia enormemente a gama de locais apropriados para essa atividade. É nessa frente que a tecnologia nuclear vem ganhando relevância e já se revela uma ferramenta importante no cenário de combate à pandemia, a exemplo da parceria realizada entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e o Instituto Butantan, que teve como um dos resultados o desenvolvimento do soro anti-Covid, em fase de testes clínicos aprovados pela Anvisa recentemente.A atuação do IPEN na inativação de vírus a partir da radiação ionizante não vem de hoje, mas ganhou mais força com os desafios trazidos pela pandemia do Covid-19. Em anos anteriores, o instituto já havia trabalhado com a técnica inclusive para a inativação do vírus da dengue, e os primeiros contatos com o Butantan se deram ainda com foco no Zika Vírus. Quando começou o SARS-CoV-2, os dois institutos reativaram a parceria para ver se era possível fazer a inativação por radiação ionizante.A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já tinha começado a fazer um estudo dessa inativação em outros lugares ao redor do mundo e os resultados eram promissores. Diferente de outros vírus, o SARS-CoV-2 se mostrava mais sensível à radiação, ou seja, podia ser inativado com doses mais baixas. Com isso, a relação entre o IPEN e o Butantan foi reforçada."As técnicas químicas de inativação são mais conhecidas, mas geram alguns problemas depois para purificação”, explica a doutora Monica Mathor, pesquisadora do IPEN envolvida no processo.O processo de inativação é complexo e começa ainda com a definição da rádio resistência do vírus. Para isso, existe uma determinação chamada D10, que avalia a quantidade de radiação dada a um organismo para reduzir em 90% a concentração viral. Com esse valor, torna-se possível estipular qual a dose ideal. Como o vírus é muito infeccioso, qualquer estudo com ele ativo precisa ser feito em locais específicos, os laboratórios chamados NB3 (com nível de biossegurança 3, raros no Brasil), o que limita bastante as possibilidades de pesquisa. Com o vírus inativado, no entanto, é possível realizar estudos em laboratórios simples, de modo que muitas novas frentes de trabalho foram abertas."Você pode inativar o vírus para manipular diretamente, como no caso do soro, ou até num tecido para transplante, e tudo isso pode ser feito com o SARS-CoV-2, que tem uma rádio resistência menor do que outros vírus. Com isso, não precisa dar doses muito altas, o que não deteriora o material em que está o vírus, e com essa dose consegue inativá-lo mantendo a estrutura terciária praticamente intacta”, explica Mathor.Essa estrutura é uma forma com espículas, arredondada, em 3D, e fica preservada, o que gera a possibilidade de induzir a formação de anticorpos num organismo."É a lógica por trás da produção de vacinas. E serve também para a produção da soroterapia, além de abrir possibilidades para outros tipos de tratamento”, ressalta a pesquisadora.A parceria com o Butantan, inclusive, começou direcionada ao desenvolvimento de uma vacina brasileira, mas com o acordo fechado entre o instituto e a China, envolvendo a Coronavac, o trabalho foi redirecionado para a produção do soro anti-Covid.Soro e outros tratamentosA produção do soro é feita a partir da inoculação do vírus inativado em cavalos, que têm uma capacidade de produção de anticorpos 50 vezes maior que os seres humanos. Após isso, ocorre a retirada do plasma sanguíneo do animal, repleto dessas proteínas, para então passar por um processo de purificação e controle de qualidade, de modo que restem apenas os anticorpos. O resultado disso é o soro, voltado ao tratamento de pessoas já infectadas, diferente do foco preventivo que é promovido pelas vacinas."Sempre vai existir um grupo de pessoas que não responde às vacinas, por conta de problemas imunológicos, como pessoas com sistema imune deprimido, pessoas transplantadas, que precisam ser mantidas em imunossupressão porque têm uma doença autoimune, ou algo do tipo”, ressalta a diretora de inovação do Instituto Butantan, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, ao enfatizar a importância do soro, que teve a fase de estudos clínicos aprovada pela Anvisa no final de maio.A nova etapa ocorre no Hospital do Rim de São Paulo e no Hospital das Clínicas da USP, com um total de pacientes estimado em 618 participantes, em três momentos. Nas fases 1 e 2, é avaliada a segurança do tratamento, com 30
pessoas em cada grupo, o que leva à definição da quantidade de doses necessárias e da segurança das doses. Na etapa 3, as doses ideais são aplicadas num número maior de pessoas, com 558 pacientes, para a medição da eficácia."A primeira fase é voltada a pacientes que têm sistema imune já deprimido, com alta probabilidade de desenvolver
uma doença grave. Nas etapas posteriores, isso é expandido, mas o foco continua em pessoas com alto risco de desenvolver a doença grave, mas que não estejam em estado grave. A intenção é justamente reduzir os casos graves”,
reitera Chudzinski-Tavassi.Nas fases prévias dos estudos, os resultados foram bastante promissores. A pesquisa partiu da infecção de hamsters com o vírus, para posteriormente serem tratados com o soro. Dois dias depois da inoculação, quando já apresentavam sintomas da doença, foi injetado o soro, que levou à diminuição da carga viral nos pulmões dos animais, assim como à modulação da resposta inflamatória e à preservação das estruturas pulmonares quando comparados aos que não receberam o tratamento.Agora, com a fase de ensaios clínicos, o soro está mais perto de chegar à rede de tratamento brasileira. Após os testes, se forem confirmados os resultados positivos, ocorre o registro na Anvisa. Caso tudo avance como esperado, poderá virar um medicamento para uso mais amplo.Além disso, a parceria com o IPEN abriu novos caminhos de pesquisa."Irradiar o material que vem dos cultivos é muito bom, abre muitas frentes e pode gerar muita coisa interessante. Estamos caminhando com o soro e também com uma pesquisa que pode gerar um novo produto. E esse novo, se surgir, só terá sido possível porque irradiou, porque permitiu tirar o material inativado para trabalhar em laboratórios com níveis de segurança mais baixos”, afirma Chudzinski-Tavassi.Um dos estudos em curso a partir dessa parceria é voltado a entender o que o vírus faz em diferentes células, como no pulmão, em vasos sanguíneos e neurônios, por exemplo."Se eu conheço aquilo que acontece como efeito, eu posso bloquear por várias formas. Posso desenhar um novo
medicamento, posso fazer um reposicionamento de medicamentos existentes. Estamos falando de algo que possa ser desenvolvido como antiviral ou algo que bloqueia a ação do vírus, e não apenas soro e vacina”, conclui a diretora de inovação do Butantan. -
- 08/07/2021 - Iodo em escassez na pandemiaSetor de Medicina Nuclear sofre com dificuldades para obter o insumo no país
Setor de Medicina Nuclear sofre com dificuldades para obter o insumo no país
Fonte: Conexão Nuclear/ABDANO iodo-131 é um elemento fundamental na produção de radiofármacos para diagnóstico e tratamentos médicos relacionados ao câncer, com demanda constante, mas vem sendo cada vez mais difícil de se obter no Brasil, por questões geradas pela pandemia do Covid-19. Prazos de entrega que já eram fatores complicadores se alongaram ainda mais, e o IPEN vem tentando equacionar o fornecimento da melhor forma, mas depende de soluções que não atendem totalmente à necessidade do curto prazo. Dos 465 serviços de Medicina Nuclear em atividade no país, mais de 70 já se manifestaram relatando problemas à ABDAN em relação ao fornecimento do insumo e agora o setor privado vem se preparando para tentar auxiliar no atendimento dessa demanda.De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer, há uma média de 13.780 novos casos de câncer de tireoide (1.830 em homens e 11.950 em mulheres) ao ano no Brasil, sendo este o tipo de câncer mais comum na região da cabeça e pescoço. O iodo radioativo é utilizado para complementar o tratamento cirúrgico ou para tratar metástases do carcinoma diferenciado da tireoide, em casos considerados de alto risco.Para atender a esses tratamentos, o suprimento de radiofármacos a base de iodo-131 é feito no Brasil exclusivamente pelo Centro de Radiofarmácia do IPEN/CNEN, a partir da importação do radioisótopo produzido em reatores da África do Sul e da Rússia, que demandam prazos mínimos de 20 e 30 dias para as solicitações, respectivamente."Os prazos impostos pelos fabricantes, associados à pandemia do Covid-19, que altera drasticamente a relação entre a oferta e a procura, à meia vida do produto (de 8 dias), ao compromisso na redução no desperdício, à logística complexa de voos internacionais, à dependência orçamentária do Governo Federal e à variação cambial, tornam a pronta entrega do radiofármaco de difícil equalização pelo IPEN/CNEN aos 465 Serviços de Medicina Nuclear no País. Com o Reator Multipropósito Brasileiro em operação, teríamos domínio total na produção nacional dos radioisótopos utilizados em Medicina Nuclear e a logística de abastecimento dos radioisótopos estaria restrita e exclusiva às necessidades e demandas no País”, afirma o superintendente do Instituto, Wilson Calvo.Em função disso, o IPEN estabeleceu, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, o prazo de 21dias para que os clientes realizem seus pedidos, mas em 17/05/2021 uma carga de iodo-131 vinda do exterior apresentou desvio técnico, sem possibilidade de solução e condições de uso pelo Instituto, atrasando o fornecimento por uma semana, gerando mais complicações para o setor.Em breve, o Instituto assinará um acordo de cooperação com a Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha para operar o Reator de Pesquisa IEA-R1, por 9 dias consecutivos, para produção local dos radioisótopos com iodo-131 e lutécio-177, porém isso só será viável a partir de 2022.Apesar de todos estes esforços do IPEN, o setor de medicina nuclear tem se reunido em busca de soluções para o curto prazo. Com isso, há um esforço em andamento para que a iniciativa privada possa complementar os fornecimentos no país, e quatro empresas já desenvolvem atividades locais para viabilizar o atendimento à demanda.O Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal tem acompanhado a discussão, e a expectativa do setor é que a Anvisa dê tratamento prioritário aos pedidos de autorização protocolados pela iniciativa privada, além de haver uma busca pela equalização dos preços praticados pela tabela SUS, a partir da inclusão do iodo- 131 na tabela do Confaz, que permitiria ao setor fornecer em bases mais equânimes com o mercado internacional e com os custos associados.É um problema sério, que afeta muitos tratamentos de saúde no País, mas que tem solução. Agora é fundamental que todos os entes envolvidos sigam com seus esforços na mesma direção. Faltam poucos passos. -
- 08/07/2021 - Pós-doutorado em metrologia no IpenFonte: Agência FapespAgência FAPESP – O Projeto Temático "P&D&I em metrologia das radiações na área da saúde”, desenvolvido no Centro de Metrologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), dispõe de uma vaga de pós-doutorado com bolsa da FAPESP. Inscrições até 19 de julho de 2021.
O projeto busca formar uma base metrológica para calibração de detectores com radiações alfa, beta, gama e X, para novos sistemas dosimétricos e metodologias em metrologia das radiações, com técnicas luminescentes e outras, gerando impacto técnico-científico nacional e internacional e contribuindo para o uso seguro das radiações ionizantes.
Podem concorrer interessados com graduação nas áreas de física, engenharia ou tecnologia e doutorado em tecnologia nuclear concluído há menos de sete anos.
O candidato deve ter experiência em processamento coloidal de terras-raras, sinterização, ressonância paramagnética eletrônica, termoluminescência, espectroscopia de correlação de fótons, potencial zeta, difração de raios X e microscopia eletrônica. Também deve apresentar artigos publicados em revistas indexadas relacionados ao tema do projeto.
Interessados podem enviar para o e-mail da pesquisadora responsável pela vaga, Letícia Lucente Campos Rodrigues (lcrodri@ipen.br), cópias em PDF dos históricos acadêmicos, diploma de doutor, currículo Lattes e lista de publicações em revistas indexadas com o tema do projeto.
Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/4360.
A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.