Ipen na Mídia
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- 23/06/2021 - Pós-doutorado em aceleração a laser no Instituto de Pesquisas Energéticas e NuclearesFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Uma oportunidade de pós-doutorado com bolsa da FAPESP está disponível para o projeto "Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde (PDIp)”. O prazo de inscrição termina em 9 de julho de 2021.
Conduzido no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), o projeto trabalha com aceleradores de prótons/elétrons a laser e suas aplicações e tem como objetivo acelerar prótons e/ou elétrons para atingir energias cinéticas de 10 milhões de elétrons-volt.
O candidato deve ter conhecimento experimental em uma ou mais das seguintes áreas: "Lasers”, "Plasmas induzidos por lasers, tanto em meios sólidos quanto em líquidos e gasosos”, "Produção de alvos para interações laser-plasma com perfil de densidade controlado e ajustável” e "Métodos de detecção de feixes de partículas”. Os feixes formados nesses plasmas serão caracterizados em sua divergência e monocromaticidade.
O candidato deve ter doutorado em lasers e instrumentação de detecção, com forte histórico de publicações.
Os interessados devem enviar e-mail para egp02@ipen.br com o título "Bolsa - PD Temático - Aceleração - LPA”, anexando currículo Lattes, MyCitation (Google Scholar) e projeto de no máximo duas páginas.
A seleção será feita por análise curricular, avaliação do perfil e da trajetória do candidato e análise de aderência às linhas de pesquisa do projeto. O resultado do processo seletivo será divulgado até 20 de julho de 2021.
Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/4329.
A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 22/06/2021 - Entrevista | RMB: grande centro de pesquisa nuclear e um projeto estruturante e de arrasteFonte: ABENÀ frente do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), um empreendimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), sob responsabilidade e coordenação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), contando com parcerias técnicas da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) e do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e do apoio do Governo do Estado de São Paulo, o coordenador técnico José Augusto Perrotta ressalta que o futuro reator de pesquisa dará início a um projeto estruturante e de arraste para o desenvolvimento da tecnologia nuclear no País. Em seu entendimento, o mesmo ocorreu nas décadas de 1950 e 1960, quando os reatores IEA-R1, TRIGA IPR-R1 e Argonauta entraram em operação, respectivamente, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) e Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), todas instituições vinculadas à Cnen.
"Os reatores de pesquisa desempenharam um papel muito importante no Brasil, pois geraram institutos de pesquisa e desenvolvimento da tecnologia nuclear. Eles formam gerações de técnicos, desenvolvem tecnologia e propiciam a manutenção do conhecimento. Tudo isso proporciona inovação, produtos e serviços para a sociedade. O RMB é mais um desses institutos que vai ser erguido. Começamos com um reator de pesquisa de 30 megawatts (MW), mas haverá toda uma infraestrutura técnico-científica por trás", explica.
Como estampado no nome, o RMB terá muitas finalidades: produção de radioisótopos para Saúde (tornando o Brasil autossustentável na Medicina Nuclear), Indústria e Meio Ambiente; teste e qualificação de materiais e combustíveis para reatores de potência; e estudos científicos e tecnológicos com feixe de nêutrons em materiais, dentre tantas outras. Sua infraestrutura contará com laboratório de processamento de radioisótopos, laboratório de feixe de nêutrons, laboratório de análise pós irradiação, laboratório de radioquímica e análise por ativação com nêutrons. No futuro poderá contar, por exemplo, com laboratórios dedicados a pesquisas de utilização das radiações em benefício da sociedade, laboratórios de lasers de alta potência, laboratório para estudo de tecnologia da fusão nuclear, bem como aceleradores de partículas com alta energia para produção de radioisótopos e pesquisas.
Para construir o RMB em um prazo de cinco anos, contudo, é necessária a garantia de fluxo de caixa na ordem de R$ 500 milhões por ano - o montante total para sua conclusão é de US$ 500 milhões. Investimento não apenas pelo viés social e aplicações científico-tecnológicas, mas também porque o empreendimento tem potencial de ser autossustentável financeiramente, ou seja, independente de recursos do Tesouro Nacional. Confira a entrevista com o coordenador técnico José Augusto Perrotta abaixo.
Como o RMB irá se inserir dentro do Programa Nuclear Brasileiro (PNB)?
Será um grande centro de tecnologia nuclear da Cnen em Iperó/SP, construído ao lado do Centro Experimental Aramar da Marinha do Brasil. O RMB não será apenas um reator que produzirá alguns produtos, é efetivamente um projeto estruturante e de arraste para o desenvolvimento da tecnologia nuclear do País. Será um dos principais reatores dessa classe no mundo, com possibilidade de atender autonomamente o País em radioisótopos e dar suporte à tecnologia do combustível nuclear aplicado às usinas nucleares e aos reatores de propulsão nuclear.
Em média, o Brasil realiza dois milhões de procedimentos de Medicina Nuclear por ano, entre tratamento e diagnóstico. Qual a expectativa de aumento com o RMB em operação?
Hoje importamos radioisótopos da Rússia, Europa, África do Sul. O principal deles - cerca de 80% - é o molibdênio-99 (99Mo), que gera o tecnécio-99m (99mTc). Outros radioisótopos são importados para terapia, como, por exemplo, o Iodo-131 (I-131) e Lutécio-177 (Lu-177). Produzindo no RMB, o material terá uma atividade específica muito maior se comparado com o mesmo material que chega importado, pela questão de tempo gasto com a logística de entrega. Seremos mais efetivos e poderemos oferecer uma quantidade muito maior de radioisótopos. A Medicina Nuclear será expandida no País. Além disso, o preço do radioisótopo produzido pelo RMB não estará sujeito à variação cambial ou a políticas internacionais. Em torno de um quarto dos dois milhões de procedimentos de Medicina Nuclear no Brasil são feitos no SUS e três quartos na iniciativa privada. Queremos mudar essa lógica. É um papel social do RMB, que democratizará o acesso à Medicina Nuclear no Brasil. Nossa intenção, como ente do governo, é atender a sociedade. Importamos hoje cerca de 500 Curies (Ci) de 99Mo por semana, e o projeto está se estruturando para iniciar com o volume de mil Curies/semana, podendo expandir para dois mil Curies/semana. Estamos falando em até quadruplicar. A produção mundial é de cerca de 10 mil Curies/semana. Assim, também poderemos eventualmente exportar radioisótopos. Hoje dependemos de orçamento do governo, mas com o RMB poderemos mudar a governança. O recurso gerado além cobrir os custos operacionais poderia ser reinvestido em pesquisa, criando um ciclo virtuoso de ciência, tecnologia e inovação. Realizamos um estudo de viabilidade econômica que demonstra que geramos produtos à sociedade com autossustentabilidade financeira. Podemos ser independentes do Tesouro Nacional.
Em sua visão, o RMB será uma ferramenta de formação e de manutenção de recursos humanos no setor nuclear brasileiro?
Será importantíssimo para manter o conhecimento da tecnologia nuclear no Brasil. Muito investimento foi feito lá atrás e não pode ser perdido. O Ipen, por exemplo, já teve 1.600 funcionários em atividade e hoje tem menos de 600, sendo que metade pode se aposentar. Eu mesmo tenho 42 anos de experiência. Não se forma pessoas de uma hora para outra. Temos alunos de pós-graduação, mas não podemos fixá-los no instituto, só mediante a realização de concurso público, mas não se abrem concursos há muitos anos. Nós somos patrimônio do Estado e da sociedade. A ciência e tecnologia nuclear são estratégicas e fundamentais para o desenvolvimento do País. O RMB é um elo para o futuro. Temos que mudar a forma de gestão. O foco é atender a sociedade. Infelizmente, altos dirigentes muitas vezes não têm a assessoria correta para demonstrar isso. O RMB motivaria a área nuclear, com toda essa estrutura de pesquisa e desenvolvimento e atendimento à sociedade. Mas, infelizmente, estamos perdendo tempo. Falta, portanto, um olhar estadista para a questão.
Em que passo está o RMB e quanto investimento precisa ser feito para construí-lo?
O projeto começou em 2008 e deveria ter terminado em 2014. Mas não tivemos recursos até 2010 e nem a disponibilidade necessária a partir de 2014. Em paralelo, fizemos um acordo com a Argentina. Ela está construindo o Reator RA-10, que é semelhante ao RMB. Os argentinos fizeram o investimento e o reator RA-10 estará totalmente pronto em dois anos. O Brasil é detentor do domínio do ciclo do combustível. Um bom exemplo dessa nossa capacidade é o reator de pesquisa, unidade crítica, IPEN/MB-01, que entrou em operação em 1988, e teve o núcleo trocado para simular os parâmetros do RMB. Isso é pura Física de Reatores. Fizemos o enriquecimento do urânio no laboratório do CTMSP em Aramar, fabricamos 19 elementos combustíveis no Ipen/Cnen-SP, projetamos e licenciamos o novo núcleo do reator com a capacidade técnica do Ipen/Cnen-SP. O novo núcleo do reator ficou crítico em 2020. É pura tecnologia nacional! São poucos países que conquistaram tudo isso. O RMB terá também a capacidade de irradiar tipos de combustíveis HALEU para pequenos reatores modulares, os SMRs. Para construção do RMB são necessários US$ 500 milhões. No fim deste ano terminaremos o projeto detalhado do reator e já elaboramos o projeto básico de todo o empreendimento. Desde 2008, gastamos R$ 280 milhões, empregados na fase de projeto de concepção, projeto básico, projeto detalhado, licenciamento nuclear e ambiental e desenvolvimento das instalações para fabricação dos combustíveis para o reator. Temos a Licença de Instalação (LI) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), fizemos Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e audiências públicas. No órgão regulador nuclear (Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear - DRS/Cnen), obtivemos a Licença de Local (LL) e agora discutimos a Licença de Construção (LC) do reator e esperamos obtê-la até o fim do ano, no mais tardar no início de 2022. Já temos o terreno de dois milhões de m² à disposição em Iperó/SP. Poderíamos ter começado a terraplanagem no local, mas infelizmente não recebemos os recursos financeiros.
Qual a previsão de entrada em operação do RMB?
Com todo o recurso disponível, em cinco anos finalizamos o RMB, ou seja, seria 2026. Contudo, não tivemos aporte em 2021. Se em 2022 a situação for a mesma, não faremos nada. O MCTI depende do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Dos R$ 280 milhões que investimos, R$ 250 milhões vieram desse fundo. O RMB custa o mesmo que custou o Estádio de Manaus utilizado na Copa do Mundo de 2014. Dificilmente você vai para Manaus assistir um jogo, mas com certeza usará algum radiofármaco na vida. E esse radiofármaco pode faltar quando você precisar, porque não tem o RMB. O FNDCT começou a diminuir seus repasses em 2014 e agora está fortemente contingenciado. Ele representa recursos de R$ 5 a R$ 6 bilhões por ano ao MCTI. O RMB precisa de R$ 500 milhões anuais para ter fluxo de caixa contínuo, para ser construído em cinco anos. Anualmente, é um décimo do valor do FNDCT. A verba do MCTI deveria ser também concentrada em grandes projetos. Havia uma promessa de aporte de R$ 750 milhões do Ministério da Saúde no governo passado, mas não se concretizou. Outras pastas têm interesse no RMB: Defesa, Minas e Energia, Agricultura, Indústria. As aplicações nucleares são inúmeras, mas o maior interesse certamente é dos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia. Eles dão o apoio político, mas não se traduz em apoio financeiro.
Gostaria de dar uma palavra final?
Não podemos esmorecer. Eu estava na reunião de criação da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) ocorrida em 1982 no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro. Na época, trabalhava em Furnas. Participei das equipes de avaliação da criticalidade de Angra 1. É importante a Aben participar desse processo. Associações como ela são as guardiãs da área nuclear brasileira. Se nós do setor não lutarmos, ninguém vai lutar pela tecnologia nuclear. Não podemos abrir mão do conhecimento da ciência e da aplicação da tecnologia nuclear de maneira autônoma no País. É um erro muito grave não considerar essa tecnologia como de importância e de sustentabilidade para o futuro. A ação da Aben e das demais instituições da área é fundamental. O RMB vai ser mais um instituto da Cnen. Um centro de arraste, de sustentabilidade do conhecimento e estruturante para o futuro da área nuclear no Brasil. Mantendo e expandindo o conhecimento que adquirimos até hoje.
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- 15/06/2021 - Nissan e IPEN seguem com acordo por uso bioetanolFonte: Garagem360
Erica FrancoA Nissan e o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) assinaram um novo acordo, a fim de seguir no desenvolvimento do uso de bioetanol para veículos movidos à Célula de Combustível Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC). O SOFC tem a capacidade de gerar energia elétrica a partir da utilização do bioetanol.A nova parceria foi oficializada por meio de uma cerimônia virtual. Estiveram presentes o presidente da Nissan Mercosul e diretor geral do Brasil, Airton Cousseau e o superintendente do IPEN, Wilson Calvo. O primeiro acordo entre a montadora e o Instituto aconteceu em 2019.
Acordo entre Nissan e IPEN prevê uso do bioetanol em escala comercial
O principal objetivo da parceria é a avaliar, além de viabilizar componentes. Assim, torná-los adequados para uso em possíveis projetos de escala comercial.
Um dos desafios, por exemplo, é estudar a possibilidade de integrar o reformador (peça importante do sistema) à célula de combustível. Além disso, demais estudos visam buscar soluções, a fim de reduzir o tamanho do sistema.
Com esta parceria, a Nissan se insere no conceito "Nissan Intelligent Mobility”. No caso, uma visão da marca para transformar a maneira como os carros são conduzidos e integrados na sociedade.
"Seguimos avançando com as pesquisas. E esse novo acordo representa um novo passo do projeto global de Célula de Combustível de Óxido Sólido da Nissan, que também é muito interessante para o Brasil. Isto, por se encaixar perfeitamente na nossa matriz energética”, esclarece o presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da Nissan do Brasil, Airton Cousseau.
"Assim, pelo conhecimento técnico das instituições brasileiras, como o IPEN, as parcerias locais são fundamentais para contribuir com a iniciativa global da marca”, completa o presidente.
Já o superintendente do IPEN, Wilson Calvo, ressalta que o acordo firmado com a Nissan demonstra a excelência do Instituto e o compromisso em prol da sociedade. Dessa forma, promovendo a transformação do conhecimento científico em produtos e serviços de valor agregado ao mercado.
"O IPEN/CNEN tem a inovação em sua visão. Além disso, abriga a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo (USP/IPEN-CIETEC) que conta, atualmente, com 93 startups. Assim, consolidando um ecossistema de inovação e empreendedorismo”, completa Calvo.
Primeiros testes para o uso de bioetanol para veículos movidos a Célula de Combustível Célula de Combustível
De acordo com a montadora e o IPEN, o primeiro período de testes com o protótipo real do sistema foi realizado no Brasil entre 2016 e 2017. Dois veículos e-NV200 equipados com o sistema SOFC foram testados pela equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan do Brasil.
Assim, demonstraram que a tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasileiro. Ainda mais, pelo fato de o país ter infraestrutura já existente para abastecimento com etanol em todo o seu território.
Atualmente, de acordo com os parceiros, os testes seguem em evolução conduzida pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan no Japão. Também, com constante colaboração da equipe brasileira e dos parceiros locais, como o IPEN/CNEN.
"É um prazer interagir com o time de pesquisa da Nissan. Além disso, poder colaborar com um desenvolvimento global da marca”, avalia o pesquisador do IPEN/CNEN, afirma Fabio Coral Fonseca.
"Eletrificar o etanol, um combustível renovável e estratégico para o país, tem um enorme potencial no contexto das novas energias sustentáveis. A Nissan tem a visão de que investir globalmente em pesquisa é um caminho para superar os desafios existentes para conquistar novas tecnologias. Ver os desenvolvimentos do IPEN participando desse processo é muito gratificante”, comemora Fonseca.
Sistema gerador de potência
Vale ressaltar que a tecnologia de Célula de Combustível de Óxido Sólido da Nissan conta com sistema gerador de potência. No caso, que se utiliza da reação química do íon oxigênio com diversos combustíveis. Por exemplo: o etanol e o gás natural. Assim, transformando os componentes em hidrogênio na célula, a fim de gerar eletricidade.
De acordo com a Nissan e o IPEN, o sistema é limpo, altamente eficiente e funciona 100% com etanol ou água misturada ao etanol. Além disso, suas emissões são tão limpas quanto à atmosfera. Inserindo-se, assim, como parte do ciclo natural do carbono e sendo absorvido durante a plantação da cana-de-açúcar.
O Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (ITAI) integram mais uma parceria com a Nissan e o IPEN. Um dos focos, por exemplo, é no desenvolvimento nacional de carregadores bidirecionais para veículos elétricos.
Tais carregadores devem criar um novo ecossistema. Com isto, possibilitando que os carros funcionem como uma solução para compartilhamento de energia.
Nissan LEAF: elétrico com zero emissão de poluentes
Vale ressaltar, também, que a Nissan já tem o seu modelo com zero emissão – um dos ícones mundiais dos modelos elétricos: o Nissan Leaf. O modelo já superou a marca de mais de 500 mil unidades comercializadas globalmente.
No Brasil, no início de 2021, o elétrico da Nissan atingiu 150 unidades vendidas.Veja aqui.
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- 15/06/2021 - Nissan e IPEN assinam acordo para desenvolver bioetanol no BrasilCombustível será utilizado em veículos movidos a célula de combustível
Combustível será utilizado em veículos movidos a célula de combustível
Fonte: R7A Nissan e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN selaram um acordo para desenvolver o bioetanol em carros movidos com células de combustível de óxido sólido no Brasil. A nova tecnologia permite ao etanol gerar o hidrogênio para aumentar o desempenho do veículo sem poluir o meio ambiente.
A marca, que já havia apresentado o protótipo e-NV200, agora trabalha para deixá-lo comercialmente viável, uma vez que busca aperfeiçoar o reformador dentro do módulo Solid Oxide Fuel Cell – SOFC, que são as células de combustível. Esse novo projeto busca reduzir o tamanho do sistema e, também, das baterias, o que diminuiria os custos do veículo e, ao mesmo tempo, aumentaria a eficiência energética.
Veículo deve ter uma autonomia de 600 quilômetros com um tanque de 30 litros
NISSAN/REPRODUÇÃOO conceito deve ser desenvolvido até 2025, porém, a companhia não fala sobre os custos de produção, já que ainda depende de como será o formato final do projeto para cotar as peças de fornecedores.
A tecnologia não deve ficar restrita apenas ao mercado brasileiro, uma vez que a Nissan pretende utilizá-lo globalmente. Por isso, também deve ser aplicado o biogás pensando em países como China, Índia e Tailândia que não utilizam o etanol, mas sim o gás natural.
Tecnologia não deve ficar restrita apenas ao mercado brasileiro
NISSAN/REPRODUÇÃOComo o carro funciona
Pode parecer complicado, já que a tecnologia ainda está em desenvolvimento. Contudo, no futuro um dono de um carro como este irá utilizá-lo como os de hoje, ou seja, basta parar em um posto e abastecer com o bioetanol ou etanol.
Ao fazer isso, o combustível passará por um reformador, que fará uma reação química por meio de calor, separando o hidrogênio e uma pequena parte de CO2. O hidrogênio é levado para as células de combustível sólido, onde gera energia para o trem de força elétrico. Já o CO2 vira vapor d’água e sai pelo escapamento em uma pequena quantidade que não prejudica o meio ambiente. Desta maneira, o veículo deve ter uma autonomia de 600 quilômetros com um tanque de 30 litros.
*Em colaboração Felipe Salomão
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- 14/06/2021 - Nissan acelera projeto de carro elétrico com célula de etanolTecnologia em desenvolvimento com o IPEN poderá usar também gás natural e biogás
Tecnologia em desenvolvimento com o IPEN poderá usar também gás natural e biogás
Fonte: GZHO desenvolvimento de tecnologia de célula de combustível que utiliza etanol para gerar energia e alimentar as baterias de um carro elétrico será acelerado. A Nissan anunciou nesta segunda-feira (14) a renovação do convênio com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) para continuidade do projeto de veículo elétrico equipado com célula de combustível de etanol. A autonomia fica em torno de 600 quilômetros e, além do etanol, o sistema também poderá ser usado gás natural e biogás.Reação química
Energia elétrica gerada a partir do etanolO trabalho conjunto das engenharias brasileira e japonesa da Nissan com o IPEN, desenvolve tecnologia para que veículos elétricos utilizem a Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC) que gera energia elétrica a partir da utilização do etanol.
O sistema produz energia elétrica através de reação química utilizando etanol e elimina a necessidade de recarga das baterias do carro por fonte externa em pontos especiais.
O etanol passa por um equipamento, o reformador, que extrair o hidrogênio que será combinado com o oxigênio do ar na célula de combustível. A reação química gera a eletricidade que alimenta o motor elétrico.
O sistema SOFC utiliza bateria menor em relação às dos atuais carros elétricos convencionais e dispensa a recarga em pontos especiais ou tomadas residenciais. O etanol utilizado na reação química fica no tanque normal do carro que pode ser abastecido nos postos de combustíveis existentes em todo país.
Tecnologia avançada
Van elétrica e-NV200O presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da Nissan Brasil, Airton Cousseau destaca que não existirá problema de recarga pois a infraestrutura já está criada sendo a mesma utilizada para os veículos atuais que rodam no pais.
- É uma tecnologia impressionante que vai ajudar não só a Nissan em nível global, mas também o Brasil, já que é o maior produtor mundial de etanol -, disse o presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da marca no Brasil, Airton Cousseau, durante apresentação do projeto à imprensa, que contou também com a participação do superintendente do Ipen, Wilson Calvo.
Água e etanol
Protótipos rodaram dois anos no BrasilO desafio do projeto da célula de etanol fazer a tecnologia comercialmente viável. O anúncio da nova fase contou também com a presença do presidente do IPEN. Wilson Cavo. O executivo lembrou que a primeira fase do projeto foi desenvolvida em 2019 complementado estudos feitos pela Nissan. Os primeiros testes foram feitos pela montadora em 2016 e 2017 com dois protótipos que rodaram no país e foram abastecidos em postos de combustível com etanol.
Se pudermos ter condições de exportar essa tecnologia, seria sensacional, pois mercado existe.
AIRTON COSSEAU
Presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da marca no BrasilOs protótipos, a van elétrica e-NV200 que integra a gama de veículos Nissan vendidos no Japão foi equipada com o módulo SOFC. Nos testes, a tecnologia respondeu bem ao etanol brasileiro ao rodar pelo país.
Com o tanque de 60 litros abastecido com partes iguais de 50% de etanol e água, a autonomia dos dois protótipos superou os 600 quilômetros.
Próximos passos
Testes continuam na Nissan japonesaOs testes continuam em desenvolvimento pela Nissan no Japão e os novos desafios começam pela redução do tamanho do sistema, integração do reformador à célula de combustível, a viabilização em escala comercial e na redução do custo dos veículos.
O desenvolvimento da tecnologia deverá estar concluído por volta de 2025. O gerente de engenharia da Nisssan Brasil, Ricardo Abe, estima que e em menos dos cinco anos seguintes deverão rodar os primeiros veículos com a célula de combustível de etanol.
Eletrificar o etanol, um combustível renovável e estratégico para o país, tem um enorme potencial no contexto das novas energias sustentáveis
FABIO CORAL FONSECA
Pesquisador do IPEN/CNENComo um dos principais produtores de etanol no mundo, a participação do Brasil é fundamental para o desenvolvimento de carros elétricos que utilizem a tecnologia SOFC de combustíveis alternativos. Além do Brasil, a tecnologia deverá ser usada em outros mercados pois sistema permite o uso de outro tipo de combustível para gerar o hidrogênio, como o gás natural e o biogás.
Cousseau lembrou que a tecnologia será vantajosa nos Estados Unidos que têm o E85 de etanol de milho (85% álcool e 15% gasolina) sendo hoje o segundo maior mercado do mundo em eletrificação ou a China onde um dos principais combustíveis para veículos é o gás natural.
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- 14/06/2021 - Nissan inicia projeto para lançar célula de combustível a etanol no BrasilNova parceria com o Ipen quer tornar a tecnologia comercialmente viável e adaptá-la ao uso de gás natural e biogás para que possa ser exportada no futuro
Nova parceria com o Ipen quer tornar a tecnologia comercialmente viável e adaptá-la ao uso de gás natural e biogás para que possa ser exportada no futuro
Fonte: Automotive BusinessA Nissan anunciou nesta segunda-feira, 14, uma nova parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) para que possam desenvolver em conjunto uma tecnologia comercialmente viável de célula de combustível a etanol.
"É uma tecnologia impressionante que vai ajudar não só a Nissan em nível global, mas também o Brasil, já que é o maior produtor mundial de etanol”, disse Airton Cousseau, presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da marca no Brasil, durante apresentação do projeto à imprensa, que contou também com a participação do superintendente do Ipen, Wilson Calvo.O sistema adotado pela Nissan é a SOFC (Solid Oxide Fuel Cell, em português Célula de Combustível de Óxido Sólido), que utiliza o etanol para criar eletricidade. Nessa tecnologia, o etanol passa por um equipamento chamado reformador, que vai extrair o hidrogênio, que por sua vez será combinado ao oxigênio do ar na célula propriamente dita. É a reação química dentro da célula (eletrólise) que vai gerar a eletricidade que alimentará o motor elétrico.Há duas grandes vantagens dos veículos com célula SOFC em relação aos automóveis elétricos tradicionais. Como a eletricidade vem do etanol que está no tanque, o carro não precisa de uma enorme bateria, que chega a representar 25% do peso total do veículo. Basta uma versão muito menor, que seria constantemente recarregada pela célula de combustível."Recarga" rápida e em qualquer lugarO segundo benefício é a facilidade e rapidez de abastecimento. Não é necessário que haja uma rede de carregadores distribuídos pelo país nem é preciso esperar mais de uma hora para recarregar a bateria, como ocorre num automóvel elétrico convencional. O veículo equipado com célula SOFC aproveita a rede de postos de combustível que já vendem etanol no Brasil, enquanto o tempo de abastecimento é o mesmo para encher um tanque normal. "Não existe problema de recarga porque a infraestrutura já está criada. É a mesma que usamos para o veículos que já rodam no Brasil”, diz Airton Cousseau.O grande desafio, no entanto, é tornar essa tecnologia comercialmente viável, que será o foco desta segunda fase do projeto da Nissan com o Ipen – ambas já tinham desenvolvido um projeto em 2019. Ele fazia parte de um longo desenvolvimento, que começou com os testes de dois protótipos no Brasil em 2016 e 2017, quando rodaram abastecidos em postos regulares com o etanol brasileiro. Os protótipos eram a van elétrica e-NV200 (vendida normalmente no Japão) que foi adaptada para receber o módulo SOFC.Nos testes realizados na época, os protótipos mostraram uma autonomia de mais de 600 km, segundo a Nissan, para um tanque de 60 litros, que era abastecido metade com álcool e metade com água, aproximadamente. Considerando o preço médio do litro do etanol no Brasil a R$ 4,39 (segundo a ANP), o custo para rodar 600 km seria de R$ 131,70 (30 litros de álcool), o que daria R$ 0,22 por quilômetro rodado.Não é Emissão ZeroAo contrário do que ocorre com um carro elétrico a bateria, o veículo com célula a etanol produz algum nível de emissão de CO2, mas os engenheiros dizem que é muito mais baixo que qualquer motor a combustão, inclusive abastecido com álcool. A tecnologia, porém, é chamada de ciclo zero de emissão porque o pouco CO2 emitido seria todo absorvido durante o cultivo da cana-de-açúcar.Ricardo Abe, gerente sênior de engenharia da Nissan, explica que o objetivo é desenvolver um equipamento que seria comercializado não apenas no mercado brasileiro, pois o sistema pode permitir o uso de outro tipo de combustível para gerar o hidrogênio, dependendo da disponibilidade do país. "É uma solução de eletrificação não só para o Brasil, mas para outros mercados também. Todos que tenham etanol, gás natural e biogás”, esclarece o engenheiro.Airton Cousseau deu alguns exemplos onde essa tecnologia será mais vantajosa. "Os Estados Unidos têm o E85 de etanol de milho [85% álcool e 15% gasolina]e é hoje o segundo maior mercado do mundo em que a eletrificação vem sendo puxada com força. Há também locais da China onde um dos principais combustíveis para veículos é o gás natural”, lembrou o executivo. "Se pudermos ter condições de exportar essa tecnologia, seria sensacional, pois mercado existe.”A Nissan diz que é cedo para dar estimativas de valores de um veículo com célula SOFC. "Não temos ideia de custo até porque precisa definir uma cadeia de fornecedores e ter um preço que seja competitivo”, comenta Ricardo Abe. O objetivo inicial será tentar integrar o reformador à célula principal, para deixar o conjunto mais compacto e leve. E também não há previsão de lançamento, já que esta fase do projeto deve se estender até 2025. -
- 13/06/2021 - CNEN é notificada de extravio de iodo-131Fonte: Comissão Nacional de Energia Nuclear
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi informada na tarde do último sábado (12/6) do extravio de uma embalagem para uso exclusivo médico-hospitalar contendo o elemento radioativo iodo-131 (I-131), colocando-se imediatamente em ação para acompanhar os esforços destinados à localização do material e para colaborar com o que for necessário a este fim. O conteúdo extraviado serviria para duas a quatro doses aplicadas em procedimentos de diagnóstico e é considerado de baixo risco. Mesmo com a periculosidade relativamente pequena, a CNEN, com a cautela e precaução necessárias para estes casos, acionou a sua equipe de emergência e a Coordenação de Resposta a Emergência (CoRE).O material foi produzido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), em São Paulo. A empresa encarregada do transporte, autorizada pela CNEN a esse tipo de operação, coletou no Instituto, no dia 7 de junho, um lote com 15 embalados de I-131. Destes, 14 foram regularmente entregues a seus destinatários.
A falta de um deles teria sido percebida quando o veículo de entrega chegou a um hospital de Belo Horizonte e o material não foi localizado no compartimento de carga. A empresa transportadora busca verificar se o material foi indevidamente entregue a outro cliente. A CNEN está averiguando os procedimentos e abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.
O iodo-131 está acondicionado em embalagens de chumbo que o blindam e evitam qualquer irradiação para o ambiente. Estas embalagens estão em um balde plástico especialmente preparado para este tipo de transporte (foto abaixo). Tanto o balde quanto as embalagens em seu interior estão identificados com o trifólio, símbolo da radiação. Como todo radiofármaco, o seu uso ou manipulação inadequados podem vir a causar danos à saúde. Caso alguém localize o material, é importante entrar em contato com a CNEN pelos telefones (21) 99769 7313 ou (21) 99872 4624, ou com as autoridades de segurança mais próximas.
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- 09/06/2021 - Medicina nuclear do Brasil recebe grande avanço com isótopos promissores da corporação russa RosatomNesta semana, os lados russo e brasileiro celebraram um novo contrato que prevê entregas dos isótopos médicos mais promissores na indústria farmacêutica nuclear do Brasil – Lu-177 e Ac-225.
Nesta semana, os lados russo e brasileiro celebraram um novo contrato que prevê entregas dos isótopos médicos mais promissores na indústria farmacêutica nuclear do Brasil – Lu-177 e Ac-225.
Fonte: Sputnik BrasilIsotope – fornecedor oficial de isótopos e parte integrante da Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom – assinou um novo contrato de cinco anos com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares do Brasil (IPEN), um departamento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)."Esse contrato é o resultado de muitos anos de trabalho escrupuloso de ambos os lados. Ele tem um importante significado social, já que abre novas possibilidades para o tratamento de milhares de pacientes [...] A cooperação com o IPEN/CNEN é um exemplo da cooperação internacional destinada à introdução de altas tecnologias no tratamento de oncologia em todo o mundo", comentou a CEO da Rusatom Healthcare, Natalia Komarova.O acordo estipula remessas mensais de isótopos lutécio-177 e actínio-225 ao Brasil. Acreditando-se que sejam promissores na indústria farmacêutica nuclear, as referidas variantes de elementos químicos receberam a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para posterior registro do radiofármaco DOT-IPEN-177, fabricado pelo IPEN/CNEN.Segundo avaliações dos cientistas que trabalham no desenvolvimento de remédios modernos, os medicamentos com lutécio-177 demonstram alta eficácia na terapia dirigida de uma série de doenças oncológicas, como câncer do pulmão, formas do câncer da próstata e tumores neuroendócrinos, entre outras.O actínio-225, por sua vez, utiliza-se atualmente na elaboração do radiofármaco na base do actínio-225 – o PSMA, que se espera vir a ser um novo produto da medicina nuclear do Brasil fabricado pelo IPEN/CNEN. Desde outubro de 2020, a empresa russa Isotope forneceu com sucesso vários lotes de Ac-225 ao IPEN/CNEN a fim de que a entidade brasileira avaliasse a qualidade do material russo.Vale destacar que a Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom é a única companhia do mundo que disponibiliza capacidades tecnológicas para a produção de todos os tipos de lutécio-177 e ainda procura aumentar os volumes de suas entregas."A corporação estatal Rosatom, possuindo uma base tecnológica única de reatores de pesquisa, produz a linha mais ampla de isótopos para fins medicinais. Uma das tarefas-chave da Rusatom Healthcare é aumentar a acessibilidade dos produtos de radionuclídeos que são a fundação da medicina nuclear", ressaltou a CEO da empresa.Hoje em dia, no mundo existem dezenas de radiofármacos na base dos isótopos Lu-177 e Ac-225 em diferentes fases de testes clínicos. Do ponto de vista da comunidade científica mundial, os radiofármacos inovadores vão dar uma contribuição significativa no combate às doenças oncológicas mais comuns.O contrato celebrado consolida ainda mais as posições da corporação russa como o maior fornecedor de radioisótopos nos mercados da América Latina.As relações entre a Rosatom e IPEN-CNEN no âmbito da medicina nuclear têm se desenvolvido ativamente a partir de 2017, quando foi assinado o contrato para fornecimento dos tradicionais isótopos medicinais molibdênio-99 e iodo-131. No momento, a companhia estatal russa provém cerca de 50% das necessidades do Brasil em isótopos medicinais. -
- 07/06/2021 - O investimento em tecnologias não militares das Forças ArmadasIrradiação de alimentos, que prolonga a vida de frutas, e dispositivos de assistência cardiovascular são alguns dos projetos para a utilização de recursos concebidos a princípio com propósitos de defesa
Irradiação de alimentos, que prolonga a vida de frutas, e dispositivos de assistência cardiovascular são alguns dos projetos para a utilização de recursos concebidos a princípio com propósitos de defesa
Fonte: Defesa.NetO exemplo, convenhamos, é radical, porém ilustra de maneira extraordinária quanto uma tecnologia originalmente concebida para fins militares pode encontrar utilidades, nada bélicas, no dia a dia de pessoas comuns.Foi nos laboratórios das Forças Armadas americanas que, na década de 1960, nasceu este sinônimo da era digital: a internet. Em plena Guerra Fria, havia a preocupação do Pentágono de que arquivos secretos fossem preservados, mesmo na remota hipótese de um ataque soviético ao território dos Estados Unidos.Surgiu então a Arpanet, que conectava, por meio de cabos telefônicos, computadores do governo, os quais, desse modo, podiam compartilhar entre si documentos sigilosos. Pois a Arpanet viria a ser a matriz da web, a onipresente rede mundial que conhecemos hoje.Histórias parecidas à da internet têm o GPS, os equipamentos de ressonância magnética, o Teflon das panelas e frigideiras. Todos carregam consigo o traço da dualidade."Na verdade, essa é uma característica dos produtos de defesa mundo afora: algo a princípio desenhado para um emprego operacional militar ou estratégico, ou ao menos testado pioneiramente com tal fim, e que sempre transborda para o uso civil, com mais ou menos pressa, dependendo do segmento”, observou Marcos Degaut, que responde por essa área no Ministério da Defesa.No Brasil, a dualidade já integrava a Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2008, e se manteve na Política Nacional de Defesa, de 2012, a qual explicitava, segundo Degaut, "que o fomento dessa indústria deve considerar o uso diversificado das tecnologias”."Inovação” é o mantra das Forças Armadas do país nesse front. Não é outra a bússola que orienta, por exemplo, os esforços para a instalação de centros de irradiação que utilizem tecnologias nucleares de esterilização de alimentos.Empregado especialmente em frutas e proteína animal, esse recurso — desenvolvido nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e consolidado em decorrência das viagens tripuladas ao espaço — multiplica por três a vida útil de tais produtos, eliminando a contaminação por micro-organismos.Isso, sem transmitir radioatividade, ao contrário do que se poderia supor. O sistema é usado em larga escala pelos americanos, no México e, sobretudo, nas nações asiáticas.
Em São Paulo até existem centros de irradiação desenvolvidos a partir de tecnologias nucleares que tiveram origem nos estudos da área militar, mas eles são usados apenas no campo médico — o primeiro a se interessar pela técnica, investindo em equipamentos para esterilização de instrumental cirúrgico, máscaras, luvas, seringas descartáveis, agulhas, cateteres e materiais para implantes, entre outros.
Não por acaso, os 16 irradiadores que funcionam hoje no Brasil atendem, exclusivamente, esse setor. A ideia agora é estender a utilização para a agricultura, como forma de ajudar a impulsionar as exportações.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República criou em 2009 — e ampliou no ano passado — um grupo de trabalho para estudar a aplicação da energia nuclear em vários setores da sociedade, e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento imediatamente encampou a proposta — e a está levando adiante.
É a Amazul — Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A., empresa vinculada à Marinha — que realiza tratativas com a Pasta comandada pela ministra Tereza Cristina e outros órgãos federais, além da iniciativa privada, para a implantação de centros de irradiação no país. "A aplicação dessa tecnologia não tem limites”, disse o almirante Antonio Carlos Soares Guerreiro, diretor presidente da Amazul.
O setor exportador de frutas já manifestou interesse no projeto. "Esse recurso nos possibilita alcançar mercados longínquos sem qualquer risco, o que pode nos trazer vantagem pelo lado comercial”, afirmou Luiz Roberto Barcelos, da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Jorge Souza, gerente técnico da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) ressaltou que, ao triplicar, em média, a vida dos produtos nas prateleiras, a tecnologia aumenta a competitividade nacional do setor. E permite que os alimentos cheguem à mesa "saborosos e livres de contaminação”.
Apesar de o tema ser pouco difundido por aqui, o Brasil importa alimentos irradiados, "como o alho, da China”, destacou Luís Rangel, assessor especial do Ministério da Agricultura, especializado em defesa agropecuária. "Irradiação é a bala de prata para a venda de produtos para o exterior porque dispensa qualquer outro tratamento químico ou hidrotérmico que busque eliminar fungos ou micro-organismos”, afirmou ele.
De acordo com o almirante Guerreiro, a tecnologia seria importante para eliminar o desperdício de frutas dentro do próprio território brasileiro, onde um produto leva dias, às vezes semanas, para chegar a seu destino.
Segundo ele, 25% da produção vai para o lixo entre sair do campo e encontrar o consumidor final. "O morango, por exemplo, começa a se deteriorar a partir do terceiro dia de colhido; se for irradiado, esse processo só tem início após o 21º dia”, atestou Guerreiro.
O diretor presidente da Amazul sublinhou que hoje não existe nenhum local no Brasil que irradie alimentos. Daí a importância da parceria firmada entre a empresa e o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo (USP), que já estuda a irradiação desse tipo de produto.
O agronegócio respondeu por 21,4% do PIB em 2019, atingiu 26% no ano passado e a expectativa é de que cresça pelo menos 3% em 2021, mesmo com a pandemia. Atualmente, o país é o terceiro maior produtor de frutas do globo. Entretanto, figura apenas no 23º lugar como exportador, desempenho que pode crescer de maneira exponencial com a irradiação.
Em todo o planeta, cerca de 500 mil toneladas de alimentos são irradiadas anualmente para exportação. A China é a campeã, com 40%, seguida pelos Estados Unidos (20%) e pelo Vietnã (13%).
O almirante Guerreiro cita ainda outros usos da irradiação fora de seu campo de trabalho. Os irradiadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), por exemplo, matam os fungos que ameaçam documentos e publicações do acervo histórico de São Paulo; obras de arte também são irradiadas para sua conservação; e até pneus são esterilizados por esse método a fim de ganharem aderência e se tornarem mais resistentes.
O processo de irradiação de alimentos, todavia, é somente um entre vários desdobramentos do emprego dual de tecnologia pela Marinha que beneficia a sociedade civil. Em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), a Amazul está concluindo o projeto detalhado do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), primeiro grande passo capaz de levar o país alcançar a autossuficiência na produção de insumos (radioisótopos) para a fabricação de radiofármacos empregados no diagnóstico e no tratamento do câncer e de outras doenças.
O Brasil não produz esses radiofármacos, que são utilizados, por exemplo, em exames com contraste — o país gasta cerca de R$ 80 milhões na importação de radioisótopos para a produção dos insumos.
O RMB, que está sendo desenvolvido com a participação da companhia argentina Invap, vai permitir que os exames sejam ampliados para largas faixas da população porque ficarão muito mais baratos.
Hoje em dia o número de procedimentos com aplicação de radiofármacos por aqui é em torno de 2 milhões ao ano, volume três vezes inferior ao do Chile e da Argentina. Desse total, apenas 6,3% são realizados no Sistema Único de Saúde (SUS).
O reator — e toda a planta laboratorial que está em andamento — foi orçado em US$ 500 milhões. Conforme assegurou o almirante Guerreiro, não há ainda sinalização da liberação dos recursos para sua construção. Apesar disso, ele estima que o projeto detalhado esteja pronto até o final do ano.
Outro projeto de alta complexidade também oriundo do uso dual da tecnologia militar pela Marinha é o que prevê o desenvolvimento de um dispositivo de assistência cardiovascular para auxiliar o bombeamento de sangue em pacientes com insuficiência cardíaca que estão na fila de espera do transplante.
O micromotor desse dispositivo de assistência ventricular será desenvolvido a partir de tecnologia utilizada nas ultracentrífugas da Marinha, que são empregadas para o enriquecimento do urânio destinado ao submarino de propulsão nuclear e também às usinas de Angra. O aparelho resultará de uma parceria entre Amazul, Fundação Zerbini e Instituto do Coração.
No Exército, projetos duais de peso incluem o sistema de veículos terrestres remotamente controlados, que integra técnicas e conhecimentos da Inteligência Artificial (IA) e da robótica.
No âmbito militar, eles podem ser usados na desativação de minas antipessoais. Já no plano civil, o mesmo equipamento terá utilidade na coleta de dados de meio ambiente em lugares de difícil acesso.
O Exército desenvolveu também o sistema aéreo remotamente pilotado, empregado em operações militares de reconhecimento de locais e que pode ser estendido para a indústria agropecuária.
O secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut, lembrou que a indústria química foi altamente beneficiada com o desenvolvimento do sistema Astros para fabricação de foguetes e mísseis.
Para produzi-los, a empresa Avibras teve de desenvolver e recuperar uma fábrica de um insumo básico que se chama PBHT, que havia sido desativada em 1995 e que é matéria-prima fundamental tanto como propelente de foguetes militares como civis e para lançamento de satélites. "Por conta desse projeto do Exército com a Avibras, recuperamos a capacidade de produção de PBHT nos últimos dois anos. Hoje podemos, inclusive, exportar esse produto, que é amplamente empregado em vários setores, caso do automobilístico”, atestou Degaut.
Por fim, a Aeronáutica também tem procurado enfatizar as características duais de seus avanços tecnológicos. No final de 2020, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu o satélite radar SAR, da empresa finlandesa Iceye, para ser operado pelo Centro de Operações Espaciais da Aeronáutica.
O satélite foi comprado sem licitação, por ser considerado um projeto estratégico, a ser empregado em áreas ligadas à segurança nacional.
Esse será o primeiro satélite do sistema do Projeto Lessonia-1, previsto no Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (Pese), cujo principal objetivo é prover infraestrutura espacial para ser usada estrategicamente, e de modo potencializador, no Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e no Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra).
O aparelho será ainda utilizado estrategicamente no Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o maior projeto de vigilância ambiental da Terra.
Com previsão de entrar em funcionamento no segundo semestre de 2022, o satélite de sensoriamento remoto para radar de órbita baixa deverá ter uma de suas bandas destinadas ao uso civil. Embora o objetivo primordial do satélite seja uso militar, não será restrito às ações na área de defesa. A banda civil do satélite permitirá a utilização também para o controle de queimadas e desmatamento, a detecção de óleo no mar e do crescimento de cidades, por exemplo.
Segundo o Ministério da Defesa, toda a infraestrutura de solo para a operação, o treinamento e o suporte logístico do sistema do satélite radar foi orçada em um total de US$ 33,8 milhões, cerca de R$ 179 milhões.
O equipamento permite detectar o solo, mesmo que haja nuvens, de noite ou de dia, diferentemente de outros equipamentos que poderiam ser considerados semelhantes. Por isso, ainda segundo a FAB, ele é eficiente para a atuação na defesa nacional.
Em outra frente, o Centro de Operações Espaciais do Comando da Aeronáutica opera uma das bandas do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), uma parceria com o Ministério das Comunicações.
Pelo contrato firmado entre as partes, 30% do satélite se destinam ao uso estratégico das Forças Armadas, em apoio às operações militares com comunicações consideradas seguras, e os outros 70% são pilotados pela Telebrás, que utiliza o equipamento para distribuir internet de banda larga para comunidades isoladas.
Nos dias atuais, há 14 mil pontos instalados em 2.958 municípios, sendo a maior parte (10.600) em área rural. No total, 2,6 milhões de alunos foram conectados à internet pelo projeto, incluindo 248 escolas indígenas e 97 unidades quilombolas. Para elas, a sucessora da velha Arpanet não deixou de ser uma arma tecnológica — mas sem nada de bélica.
- Fonte: Revista Época, Por: Tânia Monteiro
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- 07/06/2021 - Os Desafios da Importação na Ciência e as Soluções trazidas pela Fundep para o Cenário da PandemiaEntre as cinco fundações nacionais e públicas que mais importam produtos de pesquisa, Fundep mira nova estrutura para diminuir os impactos das oscilações da economia brasileira e mundial
Entre as cinco fundações nacionais e públicas que mais importam produtos de pesquisa, Fundep mira nova estrutura para diminuir os impactos das oscilações da economia brasileira e mundial
Fonte: Site FundepQuem vê os resultados de pesquisas científicas nem sempre tem a chance de saber como um cientista chegou a eles. Alguns podem salvar vidas, melhorar setores econômicos ou criar inovações que serão lembradas por anos a fio. Desde o processo de planejamento da pesquisa até a sua concretização são diversas fases e participantes que constroem, tijolo por tijolo, um resultado. E neste contexto, desde o início da pandemia de covid-19, em 2020, trabalhar com a importação de insumos e equipamentos se tornou uma tarefa desafiadora.
Há pressões de todos os lados. Real desvalorizado frente ao dólar nos últimos dois anos, plantas de produção fechadas e com demanda represada em diversos países e, consequentemente, um aumento da espera para conseguir itens básicos. A Fundep está entre as cinco fundações nacionais e públicas que mais importam produtos para a pesquisa no Brasil e trabalha com itens heterogêneos – do setor naval, mineração, saúde – em função da sua atuação em diversas áreas do conhecimento. Há mais de 15 anos na Fundação, o coordenador de importação e exportação, Guilherme Matos, diz que o cenário atual na pandemia é bastante complexo.
Para tentar mitigar o alto custo do dólar, a tentativa tem sido reduzir o custo logístico fazendo aquisições mais consolidadas em blocos, e criar uma previsibilidade nos projetos. No entanto, situações como a escassez de voos em função da pandemia e a interrupção do canal de Suez, têm sido barreiras duras de serem transpostas. São mais de mil transações de importação feitas pela Fundep anualmente, 1/3 delas de fornecedores diferentes. "O analista precisa ser camaleão, entender um pouco como funciona cada área para negociar e inserir no plano de trabalho que temos. O valor do trabalho é esse. A intermediação é importante”, ressalta.
A aposta para diminuir os impactos das oscilações da economia brasileira e mundial é criar uma nova estrutura de compras fora do país. Uma trading pensada no final de 2019 e que deve começar a operar no segundo semestre deste ano a um custo inicial de US$ 10 mil. "A ideia é ter uma trading fora do país, com apoio da Fundepar (agência de investimentos da Fundep), para conseguir garantir poder de compra nos projetos e previsibilidade do custo. Ainda que não seja uma compra para agora, eu poderia deixar o recurso previamente alocado para uma aquisição”, diz. A vantagem seria uma proteção de desvalorização do recurso e aumento da confiabilidade dos parceiros que vendem para a Fundep.
A importância de um processo bem feito de importação pode ser vista em projetos recentes nos quais a Fundep teve participação. A construção de um nanoscópio por professores da UFMG, capitaneados pelo físico Ado Jorio, só foi possível tendo a importação como um alicerce. Mais do que isso, ela é responsável por prover boa parte dos materiais utilizados no trabalho do pesquisador mineiro. "Se você retirar o pagamento de pessoal e pensar só em equipamentos e insumos, 90% do que eu trabalho é importado. Tudo o que faço tem ótica, fontes de luz, lasers, detectores, parte ótica de alta qualidade, espelhos, filtros, tudo é importado”, explica. Segundo ele a importação de um único produto para o Brasil pode levar de quatro a seis meses. "Se você estiver nos EUA, na Europa, no Japão, você pega o telefone e o produto chega no dia seguinte”, diz.
Além da continuidade e desenvolvimento de pesquisas, a importação ajuda pesquisadores a garantir que o Brasil e Minas Gerais tenham equipamentos de boa qualidade que ajudam na atração de profissionais de ponta, dispostos a atuar no Estado. É o que conta o professor Gilberto Medeiros, do centro de Microscopia da UFMG, que atuou junto com Guilherme Matos e outros parceiros para conseguir trazer ao Brasil um microscópio doado pela Hewlett-Packard Company (HP). O equipamento, utilizado por cientistas do Brasil e do exterior, saiu de Palo Alto, no Vale do Silício e foi colocado em funcionamento em 2019.
Medeiros compara a chegada de equipamentos de qualidade via importação a uma maratona de longa distância em que é necessário estar sempre à frente. "Se você tem uma universidade com um parque de instrumentos bons, você vai conseguir atrair pesquisadores bons. Se não tem, às vezes a pessoa não quer começar do zero. Isso serve também para fazer boas contratações”, salienta. Para trazer o microscópio americano ao Brasil, foram necessários quase dois anos entre armazenamento na Califórnia, desembaraço aduaneiro e outros processos de registro.
Importação para a Fronteira do Conhecimento
No Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a demanda por importação também é alta e complexa. Fernando Moreira, gerente do Escritório de Gestão de Projetos do Instituto, relata que em apenas um projeto foram importados seis equipamentos de grande porte para o desenvolvimento de pesquisas de ponta. Um deles é o acelerador de elétrons, que teve um custo avaliado em torno de R$ 2 milhões. "Esse equipamento não é vendido de prateleira, ou seja, precisa ser montado. Com a atuação da Fundep, conseguimos importá-lo da Coréia”, explica Fernando.
O equipamento é usado para desinfecção de efluentes industriais. "Por meio de um feixe de elétrons com alta energia, o equipamento desinfeta resíduos líquidos que poluem rios, por exemplo”, comenta. O acelerador de elétrons está sendo montado em uma carreta para percorrer todo o Brasil, desenvolvendo pesquisa e ensino e contribuindo com o tratamento de efluentes. "Tivemos que reforçar o chassi da carreta, porque o acelerador é muito pesado! Agora, teremos um equipamento único, itinerante e multiusuário, trazendo inúmeros benefícios em escala nacional. A participação da Fundep foi fundamental para atender todas as especificidades do projeto. Toda a negociação com o fornecedor foi feita pela Fundação, sempre com acompanhamento do Ipen”, finaliza Fernando.
Outros Setores
Segundo a Academia Brasileira de Ciências, em 40 anos, a partir de 1980, a produção de insumos farmacêuticos no Brasil caiu de 55% para 5% da necessidade de consumo. Com isso, o processo importação no setor se tornou imprescindível para a pesquisa. Na área de conservação e restauração o cenário é muito parecido.
"A restauração necessita de pigmentos, vernizes, andaimes, solventes. São muitos equipamentos. Nós até tentamos fazer um equilíbrio entre a compra de material nacional e internacional, mas em todas as áreas, em restaurações de grande e pequeno porte, a importação é um processo necessário. E a Fundep nos dá um apoio logístico fundamental”, afirma Bethania Reis, ex-diretora do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) ligado à Escola de Belas Artes da UFMG.
Ela cita a restauração do Presépio do Pipiripau, obra tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como um dos casos no qual a chegada de insumos para pintura e recuperação foi essencial. A obra tem um palco de 45 cenas com 586 personagens e peças contando a história de Jesus Cristo desde o seu nascimento até a ressurreição.
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- 07/06/2021 - Ipen seleciona alunos para mestrado profissional gratuito em tecnologia das radiaçõesFonte: Agência FapespAgência FAPESP* – O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) recebe, até sexta-feira (11/06), inscrições para o mestrado profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde. O curso é voltado a profissionais que atuam em hospitais e clínicas, com radiações ionizantes e não ionizantes.
Podem se candidatar profissionais graduados em medicina, farmácia e bioquímica, odontologia, física médica,biologia, química, física, engenharias, radiologia ou áreas afins.
O objetivo do programa é tornar os profissionais aptos para o desenvolvimento de pesquisas, uso e implementação de novas técnicas ou processos com radiações para diagnóstico, terapia e aplicações diversas na área da saúde.
O curso tem período letivo semestral, com aulas de quartas às sextas-feiras, das 14hàs 19h30, e duração de dois anos. O número de vagas mínimo é 25. A modalidade é presencial, mas, devido à pandemia, o primeiro semestre do curso, de agosto a dezembro, terá aulas on-line, a maioria síncronas.
Os interessados devem se inscrever pelo e-mail smp@ipen.br. Deverão enviar os seguintes documentos: formulário de inscrição preenchido, foto colorida 3x4, diploma do curso de graduação registrado, histórico escolar do curso de graduação, documento de identificação, CPF e link para o currículo Lattes.
Os candidatos que tiverem suas inscrições homologadas poderão participar dos exames de proficiência em inglês. Os aprovados no exame de proficiência serão convocados para a entrevista com a Comissão do Processo seletivo do Programa.
O resultado final será divulgado em 2 de julho, pelo site do Ipen.
Mais informações: www.ipen.br/portal_por/portal/interna.php?secao_id=2954.
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- 25/05/2021 - Anvisa autoriza teste em humanos de soro do Butantan contra a Covid-19Fonte: Isto ÉPor Patrícia Vilas BoasSÃO PAULO (Reuters) – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Instituto Butantan a testar em voluntários um soro hiperimune contra o novo coronavírus causador da Covid-19, informou o órgão regulador nesta terça-feira.
As pesquisas clínicas haviam sido aprovadas no mês de março, mas até então os testes se restringiram apenas aos animais. Essa será a primeira vez que o soro será aplicado em humanos.
O presidente do Butantan, Dimas Covas, disse em março que o instituto já tinha 3 mil frascos do soro contra a Covid para início dos testes em pessoas aguardando a autorização pela Anvisa.
De acordo com a Anvisa, a autorização da agência seguiu "uma avaliação criteriosa dos aspectos técnicos e de segurança do produto”.
O soro é produzido junto ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), e os estudos conduzidos em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e o Hospital do Rim e Hipertensão (HRim), em São Paulo.
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- 04/05/2021 - Cientistas comparam filtração de materiais de máscaras mais usadas; N95 (PFF2) tem a maior eficiênciaLaboratório de Física Atmosférica da USP analisou 300 máscaras comumente usadas pela população para se proteger da covid-19
Laboratório de Física Atmosférica da USP analisou 300 máscaras comumente usadas pela população para se proteger da covid-19
Fonte: Jornal da USPO uso de máscaras faciais é obrigatório em locais públicos em muitos países e tem se mostrado fundamental para diminuir a disseminação da covid-19. Nos países em desenvolvimento, máscaras caseiras com formatos e tecidos variados são usadas diariamente pela população. Estudos científicos indicam que a proteção contra o sars-cov-2 varia significativamente neste tipo de máscara. Por isso, uma equipe de pesquisadores da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizou um extenso estudo com os materiais típicos das máscaras usadas pelos brasileiros, recentemente publicado na revista Aerosol Science & Technology.
As máscaras caseiras mais comuns utilizam uma ou mais camadas de tecidos de algodão ou tecido não tecido, chamado de TNT. O físico Fernando Morais, que liderou o trabalho, mediu a eficiência de filtração de aproximadamente 300 máscaras faciais, com diferentes combinações de tecidos, e comparou seu desempenho com o de máscaras cirúrgicas e N95, padrão correspondente ao PFF2, no Brasil. As N95 foram a que apresentaram maior poder de filtragem.
As medidas foram feitas no Instituto de Física (IF) da USP. Os pesquisadores seguem pesquisando a influência do manuseio de reciclagem das máscaras em sua eficiência e ressaltam que o uso de clipe nasal, embutido na máscara ou não, ajuda a evitar que o usuário respire o ar que entra pelas laterais de alguns modelos, sem passar pelo material que faz a filtragem.
"Essa é a vantagem do clipe, porque a máscara boa é aquela que você vê inflando e desinflando no rosto, significa que todo o ar tá passando pelo filtro e pela máscara, e não pelas laterais.”
Os valores de eficiência de filtração foram medidos produzindo-se partículas de aerossol de tamanhos variados e observando a concentração no ar antes e depois da filtragem pela máscara. Outro fator importante é a respirabilidade do tecido. Um tecido com trama muito fechada pode filtrar muito bem, mas será certamente removido do rosto por quem o utiliza. As medidas de respirabilidade foram realizadas nos laboratórios da Escola Politécnica (Poli) da USP e, junto com a eficiência de filtração, permitiram calcular o Fator de Qualidade (FQ) de cada máscara.
Imagens de microscopia digital mostrando diferentes tecidos. (a) Respirador N95; (b) Máscara cirúrgica; (c, d) SMS não tecido; (e) não tecido; (f) algodão com costura frontal; (g) algodão com trama aberta; (h) algodão com trama fechada; (i) algodão com tamanho heterogêneo e padrão de vazios (trama aberta) – Foto: Aerosol Science & TechnologyAs máscaras N95 apresentaram a maior eficiência para todos os tamanhos de partículas, em torno de 98%, e com bom Fator de Qualidade, e foram consideradas como referência para avaliação de desempenho de máscaras caseiras de tecido. As máscaras cirúrgicas têm uma ótima eficiência, de 89%, e um bom FQ. As máscaras de TNT mostraram uma eficiência média de 78% com um excelente FQ, podendo ser considerado o melhor material para a fabricação caseira de máscaras.
Mas o material mais comumente usado para máscaras caseiras é o algodão, que apresentou uma eficiência de filtração muito variável, entre 20% e 60% e com baixo FQ, portanto, não se mostrando a melhor opção para a confecção de máscaras.
Máscara do tipo N95 (PPF2)Ainda assim, as máscaras faciais sempre reduzem as gotículas e aerossóis emitidos por pessoas com covid-19, sintomáticas ou assintomáticas, e por isso diminuem a disseminação do vírus.
Entretanto, o resultado do estudo mostra que grande parte da população pode estar utilizando máscaras que não protegem significativamente. O ideal é sempre utilizar máscara, mas preferencialmente que sejam as produzidas industrialmente com padrão N95/PFF2, ou mesmo máscaras caseiras de TNT, desde que muito bem ajustadas ao rosto. É importante também manter o distanciamento social e estar sempre em locais ventilados, para reduzir a disseminação do vírus e proteger a saúde de todos.
O físico aponta que, embora o ajuste ao rosto de alguns modelos de máscara possa influir na vedação e em sua eficiência, seu uso é indispensável, e a pesquisa aponta a importância do uso de clipe nasal, que vem embutido em alguns modelos de máscara, enquanto outros possuem um espaço para ele ser inserido.
"Sem o clipe nasal, a pessoa acaba respirando por onde não deveria, quando se usa uma máscara muito dura, que não deixa passar o ar, ele entra pelo lugar errado, pelas bochechas, pelo queixo, e a máscara não filtra nada”, explica. "Essa é a vantagem do clipe, porque a máscara boa é aquela que você vê inflando e desinflando no rosto, significa que todo o ar tá passando pelo filtro e pela máscara, e não pelas laterais.”
De acordo com Moraes, outras pesquisas do laboratório analisam a influência do manuseio na eficiência das máscaras. "Recentemente publicamos um artigo junto com a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que aborda os métodos de reciclagem das máscaras de uso hospitalar, tais como a colocação em fornos para esterilização ou a aplicação de água oxigenada”, relata o físico. "Também há duas pesquisas em andamento, uma que testa a lavagem das máscaras para verificar quantas vezes elas podem ser lavadas sem prejudicar sua eficácia, e outra, sobre o uso de radiação ionizante na esterilização de máscaras, para determinar qual dose é suficiente para que possam ser reutilizadas sem riscos de contaminação.”
O projeto Respire USP é desenvolvido por uma grande equipe multidisciplinar e busca contribuir para melhorar a oferta de máscaras seguras para proteger a população brasileira. Mais informações neste link. O trabalho completo está disponível no site da revista: Filtration efficiency of a large set of COVID-19 face masks commonly used in Brazil.
Com informações da Assessoria de Comunicação do IF
Mais informações: e-mail comunica@if.usp.br, na assessoria do Instituto de Física
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- 03/05/2021 - Estudo avalia eficiência de filtragem de 227 tipos de máscara vendidos no Brasil 03 de maio de 2021Fonte: Agência FapespKarina Toledo | Agência FAPESP – A transmissão do novo coronavírus se dá principalmente pela inalação de gotículas de saliva e secreções respiratórias suspensas no ar e, por esse motivo, usar máscaras e manter o distanciamento social são as formas mais eficazes de prevenir a COVID-19 enquanto não há vacina para todos. Baratas, reutilizáveis e disponíveis em diversas cores e estampas, as máscaras de tecido estão entre as mais usadas pelos brasileiros. Contudo, sua capacidade de filtrar partículas de aerossol com tamanho equivalente ao do novo coronavírus pode variar entre 15% e 70%, como revela estudo conduzido no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).
Coordenado pelo professor Paulo Artaxo e apoiado pela FAPESP, o trabalho integra a iniciativa (respire!, cujo objetivo foi garantir o acesso da comunidade uspiana a máscaras seguras. Os resultados foram divulgados na revista Aerosol Science and Technology.
"Avaliamos a eficiência de filtração de 227 modelos vendidos no Brasil, seja em farmácia ou lojas de comércio popular. Nosso objetivo era saber em que medida a população está realmente protegida com essas diferentes máscaras”, conta Artaxo à Agência FAPESP.
Para fazer o teste, os cientistas utilizaram um equipamento que produz, a partir de uma solução de cloreto de sódio, partículas de aerossol de tamanho controlado – no caso 100 nanômetros (o SARS-CoV-2 tem aproximadamente 120 nanômetros). Após o jato de aerossol ser lançado no ar, a concentração de partículas foi medida antes e depois da máscara.
Os modelos que se mostraram mais eficazes no teste, como esperado, foram as máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95 – ambas de uso profissional e certificadas –, que conseguiram filtrar entre 90% e 98% das partículas de aerossol. Na sequência, estão as de TNT (feitas de polipropileno, um tipo de plástico) vendidas em farmácia, cuja eficiência variou de 80% a 90%. Por último vieram as de tecido – grupo que inclui modelos feitos com algodão e com materiais sintéticos, como lycra e microfibra. Nesse caso, a eficiência de filtração variou entre 15% e 70%, com média de 40%. E alguns fatores se revelaram críticos para aumentar ou diminuir o grau de proteção.
"De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois a máquina faz furos no tecido que aumentam a passagem de ar. Já a presença de um clipe nasal, que ajuda a fixar a máscara no rosto, aumenta consideravelmente a filtração, pelo melhor ajuste no rosto. Algumas máscaras de tecido são feitas com fibras metálicas que inativam o vírus, como níquel ou cobre, e por isso protegem mais. E há ainda modelos de material eletricamente carregado, que aumenta a retenção das partículas. Em todos esses casos, porém, a eficiência diminui com a lavagem, pois há desgaste do material”, comenta Fernando Morais, doutorando no IF-USP e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que é o primeiro autor do artigo.
Inspira e expira
Segundo Artaxo, as máscaras de algodão de duas camadas filtraram consideravelmente mais as partículas de aerossol que as feitas com apenas uma. Mas, a partir da terceira camada, a eficiência aumentou pouco, enquanto a respirabilidade diminuiu consideravelmente.
"Uma das novidades do estudo foi avaliar a respirabilidade das máscaras, ou seja, a resistência do material à passagem de ar. As de TNT e de algodão foram as melhores nesse quesito. Já as do tipo PFF2/N95 não se mostraram tão confortáveis. Mas a pior foi uma feita com papel. Esse é um aspecto importante, pois se a pessoa não aguenta ficar nem cinco minutos com a máscara, não adianta nada”, afirma Artaxo.
Como destacam os autores no artigo, embora com eficiência variável, todas as máscaras ajudam a reduzir a propagação do novo coronavírus e seu uso – associado ao distanciamento social – é fundamental no controle da pandemia. Eles afirmam ainda que o ideal seria a produção em massa de máscaras do tipo PFF2/N95 para distribuir gratuitamente à população – algo que "deveria ser considerado em futuras pandemias”, na avaliação de Vanderley John, coordenador da iniciativa (respire!, organizada pela Agência de Inovação da USP, e coautor do estudo.
"Hoje já está comprovado que a principal forma de contaminação é pelo ar e usar máscaras o tempo inteiro é uma das melhores estratégias de prevenção, assim manter janelas e portas abertas para ventilar os ambientes o máximo possível”, recomenda Artaxo.
O artigo Filtration efficiency of a large set of COVID-19 face masks commonly used in Brazilpode ser lido em www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02786826.2021.1915466.
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- 26/04/2021 - Radiação ionizante: quanto tempo ela pode ficar no corpo humano?Fonte: CanaltechNesta segunda-feira (26), o acidente nuclear de Chernobyl completa 35 anos. Na época, a pequena cidade que era parte da União Soviética — hoje, Ucrânia — foi palco do primeiro acidente nuclear de nível 7 registrado pela humanidade e, passadas mais de três décadas, a região ainda sofre as consequências da radiação. Inclusive, as áreas próximas permanecem desabitadas e os corpos das vítimas ainda carregam algum grau de radiação ionizante.
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Para entender sobre os efeitos da radiação ionizante no corpo humano e por quanto tempo eles podem perdurar, o Canaltech conversou com Daniel Perez Vieira, pesquisador do Centro de Biotecnologia (CEBIO) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP).
Quanto tempo a pessoa pode ser exposta à radiação?
Antes de explorar os eventuais efeitos nocivos da exposição à radiação, é preciso entender quais tipos, de fato, trazem consequências para o corpo humano. Por exemplo, as radiações não ionizantes, como as ondas de rádio, TV e celular e microondas, não são capazes de induzir o corpo humano a complicações como as que aconteceram no acidente de Chernobyl, isso em nenhuma escala. São somente as radiações ionizantes, como raios-X, fótons gama, partículas alfa, beta, pósitrons, nêutrons ou prótons, capazes de afetar a saúde.
"É difícil dizer quanto tempo um ser vivo pode ser exposto a radiações ionizantes com segurança, sem levar em consideração três outros fatores: a distância da fonte; a atividade da amostra, ou seja, o número de átomos que se desintegram por segundo, liberando energia; e a energia da radiação", explica o pesquisador do CEBIO. "Em Chernobyl, por exemplo, os atingidos foram expostos a grandes atividades radiativas e a radiações de alta energia em distâncias muito pequenas da fonte, o que reduz o tempo de exposição considerado seguro", comenta Vieira sobre o porquê das consequências serem tão graves no acidente.
Questões similares valem também para o Acidente Radiológico de Goiânia — também conhecido como o acidente com césio-137 —, em 1987, quando um aparelho de radioterapia (fonte radioativa) foi manuseado por inúmeras pessoas sem a nenhuma proteção. "Os descontaminadores, tanto em Chernobyl quanto em Goiânia, só podiam permanecer por um tempo muito curto nas áreas contaminadas, como forma de reduzir a exposição às energias das radiações", afirma.
Doses de radiação e os seus efeitos no corpo humano
De forma geral, os riscos para alguém exposto à radiação ionizante dependem do tempo de exposição, da distância da fonte, da energia da radiação e da atividade da amostra. No entanto, o que seriam doses de radiação consideradas nocivas para o corpo?"As radiações ionizantes podem induzir patologias mensuráveis a partir de doses consideradas pequenas (ordem de 0,2-0,5 Sv - Sievert), mas que são muitíssimo maiores do que as doses envolvidas em exposições de diagnóstico", comenta o pesquisador Vieira.
Na prática, uma radiografia de tórax ou uma mamografia causam uma exposição muito menor do que as doses consideradas pequenas de radiação. Em média, a radiografia de tórax entrega 0,02mSv (mili Sievert), ou seja, é 25 mil vezes menor do que a quantidade nociva. Agora, a mamografia expõe a mama da paciente a uma dose de 0,4mSv, ou seja, é 1,2 mil vezes menor.
De acordo com a UNSCEAR (secretariado das Nações Unidas responsável pela padronização de medidas de radioproteção), o corpo humano é exposto, de forma natural, a uma radiação de 2,4mSv por ano. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) — o órgão brasileiro responsável por medidas de radioproteção —, o limite anual de exposição é de 3,4mSv por ano. "O 'excesso' de 1mSV poderia contemplar 50 radiografias de tórax, ou mais de duas mamografias, por exemplo, sem que haja aumento de risco carcinogênico nem desenvolvimento de sintomas", aponta o pesquisador.
No entanto, o cenário muda quando uma pessoa é exposta a doses acima de 0,2-0,5 Sv. Nesses casos, "o indivíduo afetado pode apresentar diversas patologias de pele na área atingida, como perda de pelos e escurecimento [maioria dos casos], bolhas, queimaduras e necrose, e apresentar sintomas como náusea, vômito e diarreia", conta Vieira.
Dependendo da dose de radiação, os sintomas iniciais podem evoluir para síndromes, como a da aplasia medular (SAM), que leva à redução da celularidade sanguínea, perda da capacidade do sistema imunológico, hemorragias e anemia. Outro exemplo é ado trato gastrointestinal (STG), conhecida por levar a perda da capacidade de absorção intestinal e hemorragias intestinais.Também há sintomas clássicos ligados à região do organismo que sofreu dano, como mucosite oral, pneumonite e pericardite, por exemplo.
"A maioria dos expostos em Chernobyl apresentou mucosites e efeitos cutâneos. Os expostos à doses maiores desenvolveram a síndrome aguda da radiação (SAR), na qual os expostos podem apresentar misturas dos sintomas citados acima, com predominância das mucosites, sintomas cutâneos, e danos na medula óssea e trato gastrointestinal", afirma o pesquisador. Além disso, algumas pessoas que foram expostas a doses menores desenvolveram sintomas não-agudos (posteriores), como cânceres de tireoide, ovário e pulmões.
Dá para calcular quanto tempo a radiação pode ficar no corpo?
Dependendo dos fatores de exposição, principalmente da forma como se deu a exposição, a radiação pode permanecer por muitos e muitos anos na superfície ou no corpo de um indivíduo. "Caso haja incorporação de material radioativo, cadáveres podem emitir radiação por vários anos ou séculos dependendo do isótopo incorporado", explica Vieira.
No caso de Chernobyl, a explosão da usina nuclear espalhou diversos isótopos, como o 60Co (cobalto 60) e o 90Sr (estrôncio 90), sendo que a meia-vida radioativa do 60Co é de 5,3 anos e a do 90Sr é de 29 anos. Vale explicar que o termo meia-vida radioativa é usado para definir o tempo que demora para que uma amostra de determinado isótopo perca metade de sua atividade. Dessa forma, "cadáveres contaminados por 90Sr ainda possuem pouco menos da metade da atividade de 1986", comenta Vieira sobre o caso ucraniano.
No caso de Goiânia, a meia-vida do 137Cs (césio 137) é de 30 anos. Por isso, os casos graves do incidente foram sepultados em caixões blindados, já que ainda há cerca de metade da radioatividade de 1987. No entanto, "essa situação ocorre apenas em caso de incorporação de isótopos radioativos. Casos que envolvem exclusivamente exposição, sem contato direto com o material, não contaminam e não deixam radioatividade residual", ressalta o pesquisador.
Atualmente, há diversas técnicas de descontaminação que removem isótopos da superfície ou do interior do organismo, o que reduz a incorporação e os efeitos em alguns casos, mas não há como remover o processo físico da radiação e nem o seu dano. "Uma vez lesado, o tecido vai apresentar várias reações patológicas irreversíveis. Para nos protegermos da energia devemos reduzir o tempo de exposição, aumentar a distância da fonte e usar blindagens quando possível", completa Vieira.
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- 24/04/2021 - Com potencial gigantesco, Brasil precisa ampliar instalações para irradiação de alimentos, diz estudoFonte: Revista CenariumSÃO PAULO – A irradiação de alimentos ainda é uma tecnologia pouco utilizada no Brasil, apesar de suas vantagens, como a eliminação de micro-organismos prejudiciais à saúde e o aumento do período de conservação. Para debater o uso da radiação de modo a alavancar a exportação brasileira, a Agenda Nuclear – Desafios Urgentes promoveu, no dia 8/4, o webinário "Irradiação de Alimentos – como viabilizar e implementar o negócio?”.
Durante evento, foram apresentados desafios como modelos de negócios, tecnologias mais adequadas ao mercado nacional, a visão dos setores produtivos e usuários, fontes de financiamento e a comunicação com a sociedade. Na abertura, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, foi representado por Ricardo Cesar Mangrich, coordenador-geral de Tecnologias Estratégias (CGTE) do MCTI.
O Ipen/CNEN participou das discussões com apresentações de Wilson Calvo, superintendente do Instituto, Anna Lúcia Villavicêncio, pesquisadora do Centro de Tecnologia das Radiações (Ceter/Ipen), Ana Paula Freire, da Assessoria de Comunicação Institucional, e Denise Levy, professora colaboradora em disciplina no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear Ipen/USP e diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR).
Calvo integrou a mesa que discutiu o tema "Modelos de Negócios”. O superintendente do Ipen/CNEN ressaltou a expertise do País e o "potencial gigantesco” para ampliação de instalações visando o processamento de materiais por radiação, se comparado a países como Japão, China e Estados Unidos. Frisou que todos equipamentos utilizados para irradiação, desde o projeto, construção e operação seguem normas de segurança internacionais e nacionais.
"Existe uma conjuntura brasileira que fortalece o Programa Nuclear Brasileiro dando segurança e incentivo, articulação e apoio a entes públicos e privados nessa temática de irradiação de alimentos”. O fortalecimento de parcerias entre governo, setor privado, instituições de pesquisa e financiadores para o empreendimento de novas instalações é fundamental, segundo Calvo. "O Brasil precisa de irradiadores, o agronegócio precisa, e nós precisamos que isso se torne uma realidade”.
Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, instalação do Ipen/CNEN, em São Paulo (Rafael H.L. Garcia-IPEN/CNEN)Também participaram o diretor do Programa de Parcerias de Investimentos do Governo Federal (PPI) do Ministério da Economia (ME), Alceu Justos Filho, o coordenador geral de negócios da Amazul, Nilo de Almeida e o assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura (Mapa), Luiz Eduardo Rangel. A moderação ficou a cargo de Tiago Rusin, da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Nuclear (SCS/GSI/PR).
Outro tema apresentado foi "Modelos tecnológicos adequados ao País”. A pesquisadora Anna Lúcia C. H. Villavicêncio atuou como moderadora. Participaram o vice-presidente de Vendas da IBA Group – Tecnologias em Aplicações Radiativas, Mauro Ferreira, o diretor comercial no Brasil da Nuctech, Juliano Nogueira, e Murillo Freire Junior, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Villavicêncio afirmou que o Brasil já realiza processos de irradiação de alimentos há pelo menos 20 anos, mas nem todos os produtos são rotulados. "Nós temos um grupo muito pequeno de irradiadores comerciais, mas dedicados. Agora, com esse movimento, podemos expandir e colocar irradiadores de norte a sul do País. É isso que está faltando: máquinas. Nós, do Ipen/CNEN, temos bastante procura pelos agricultores interessados em aplicar o processo”.
Comunicação com a sociedade
Na mesa "Comunicação com a sociedade”, a jornalista Ana Paula Freire destacou que a área nuclear é um campo do conhecimento científico e ressaltou a importância da formação do comunicador para transmitir com clareza e simplicidade – "obviamente sem prescindir do rigor técnico”- e, principalmente, com transparência. Mencionou as ações do IPEN/CNEN e a sua contribuição na disseminação dos benefícios da tecnologia nuclear para diferentes públicos.
Levy encerrou a mesa apresentando projetos de educação científica por meio de plataformas digitais desenvolvidos durante suas pesquisas com Anna Lúcia Villavicencio e salientou a necessidade de se levar informações corretas para a sociedade, a fim de "combater o preconceito e a desinformação acerca da área nuclear”.
Também participaram dessa última mesa Thalita Antony de Souza, gerente geral de Alimentos da Anvisa, Luiz Roberto Barcelos, presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, e Gustavo Chianca, representante Adjunto da FAO no Brasil. A moderação foi de Fabiano Petrucelli, assessor técnico do GSI/PR.
"Alinhamento”
Ricardo Cesar Mangrich ressaltou que a atividade nuclear necessita de incentivo e de atividades que estimulem a informação e esclarecimento público, principalmente voltados a segurança e aplicações. Comentou que "o MCTI está sempre alinhado a todas iniciativas nesse sentido, assim como está muito empenhado em atividades na área da saúde” e citou alguns projetos, dentre eles o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
O diretor do Departamento de Coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, Capitão de Mar e Guerra Alexandre Itiro Villela Assano, representando o secretário de Coordenação de Sistemas do GSI/PR, Almirante André Macedo, abordou a tecnologia da irradiação como política pública e as ações do GSI na área.
O encerramento coube a Carlos Emiliano Eleutério, diretor executivo Planeja & Informa Comunicação e Marketing / Casa Viva Eventos, promotora do seminário. Mencionando a qualidade dos debates ao longo do dia, salientou que a comunicação é estratégica para a aceitação da área nuclear. Concluiu dizendo da importância de uma mesa específica para debater o tema "comunicação com a sociedade” e que "aprendeu muito com tudo o que foi apresentado”.
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- 19/04/2021 - NUCLEP participa da ampliação tecnológica do IPENFonte: NUCLEP na Mídia
Com sua expertise nuclear e capacidade fabril, a NUCLEP concluiu a fabricação da Caixa de Blindagem Radiológica para a Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons, projetado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).A unidade móvel, cujos requisitos de segurança são chancelados pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), pela BSS Serviços de Blindagem e pela CNEN, autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), à qual o IPEN está vinculado, tem várias aplicações. Esta possui um acelerador de feixe de elétrons responsável por tratar efluentes industriais para fins de reutilização, se apresentando como uma alternativa limpa e tecnológica para as empresas.
Com o laboratório móvel, que será usado por profissionais do IPEN no treinamento a empresas de todo país, é possível ampliar a capacidade nacional de tratamento de efluentes, gerando benefícios tecnológicos e econômicos em relação às técnicas convencionais.
A blindagem radiológica fabricada pela NUCLEP pesa cerca de 15,86t e tem como objetivo fornecer a proteção adequada durante as operações, promovendo a segurança dos trabalhadores e do ambiente.
Dentro da Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons, serão aplicadas atividades de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e prestações de serviços em escalas laboratoriais e industriais.
A participação da NUCLEP neste projeto reforça a sua capacidade de atender as mais diversas demandas dos projetos nucleares e contribuir com a sociedade brasileira.
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- 19/04/2021 - Nuclep participa da ampliação tecnológica do IPENEmpresa entrega peça que vai colaborar com importantes pesquisas brasileiras sobre tratamento de efluentes
Empresa entrega peça que vai colaborar com importantes pesquisas brasileiras sobre tratamento de efluentes
Fonte: O Dia
Por Jupy Junior
ITAGUAÍ - Com experiência no setor nuclear e capacidade fabril, a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep)– indústria estatal que atua no bairro de Brisamar, Itaguaí - concluiu a fabricação da Caixa de Blindagem Radiológica para a Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons, projetado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).A unidade móvel tem várias aplicações e conta com um acelerador de feixe de elétrons responsável por tratar efluentes industriais para fins de reutilização, o que viabiliza uma alternativa limpa e tecnológica para as empresas. Os requisitos de segurança são garantidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pela BSS Serviços de Blindagem e pela CNEN - autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações a qual o IPEN está vinculado.Com o laboratório móvel, que será usado por profissionais da IPEN para realizar treinamentos em empresas de todo país, é possível ampliar a capacidade nacional de tratamento de efluentes, o que gera benefícios tecnológicos e econômicos em relação às técnicas convencionais.A blindagem Radiológica fabricada pela Nuclep pesa mais de 15 toneladas e tem como objetivo fornecer a proteção adequada durante as operações, promovendo a segurança dos trabalhadores e do ambiente.
A Unidade Móvel de Irradiação com Acelerador Industrial de Elétrons é importante na aplicação de atividades de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e prestações de serviços em escalas laboratoriais e industriais.
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- 31/03/2021 - Com edição de DNA, brasileiros avançam no transplante de órgãos de porcos para humanosTrabalho é coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP; primeiro objetivo é realizar transplantes de rim
Trabalho é coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP; primeiro objetivo é realizar transplantes de rim
Fonte: Folha de São Paulo
Reinaldo José Lopes
São Carlos (SP)
Usando técnicas de edição de DNA, pesquisadores brasileiros deram passos importantes para viabilizar o transplante de órgãos de porcos para seres humanos.
Eles conseguiram remover trechos de material genético que poderiam desencadear rejeições ou causar doenças nos pacientes que receberem os tecidos de origem suína. Seu primeiro objetivo é realizar transplantes de rim, o que poderia diminuir significativamente a fila de transplantes e a dependência de constantes sessões de hemodiálise por parte dos doentes.
O trabalho está sendo coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP. "Na parte molecular, temos tido bastante sucesso”, diz Zatz.
"Transplantes de rins suínos modificados dessa maneira para babuínos [que são primatas, como o ser humano] já mostraram que é possível uma sobrevida de longo prazo. Os macacos ficaram com os rins por dois anos e meio e foram sacrificados como parte do estudo, sem que isso tivesse relação com o transplante. O procedimento ainda não foi realizado com pacientes humanos em nenhum lugar do mundo, mas há equipes trabalhando para isso, e é um esforço que precisa ser realizado no Brasil também”, argumenta ela.
Os suínos são considerados fontes promissoras para esse tipo de xenotransplante (transplante entre espécies diferentes) há tempos. Tanto o tamanho dos animais quanto sua anatomia são compatíveis com as necessidades de receptores humanos.
Para que o transplante se torne viável, dois tipos de modificação genética são considerados necessários. O primeiro envolve a remoção de três trechos do DNA suíno que provocariam rejeição aguda nos pacientes. Além disso, é preciso extirpar ainda regiões do genoma conhecidas como Pervs (sigla inglesa de "retrovírus endógenos porcinos”).
Em essência, estamos falando de vírus "fossilizados”, que infectaram os ancestrais dos porcos de hoje e inseriram versões de seu material genético no genoma dos animais. É o que o vírus da Aids ainda faz hoje com as pessoas que infecta.
No organismo dos bichos, os Pervs são inócuos, mas há o risco de eles "ressuscitarem” e infectarem outra espécie que receber o órgão transplantado. Tanto no caso dos genes de rejeição quanto no dos Pervs, a equipe já dominou os métodos necessários para deletá-los, usando a técnica de edição de DNA conhecida como Crispr (pronuncia-se "crísper”).
O próximo passo, conta Silvano Raia, será transferir o núcleo das células suínas modificadas para óvulos cujo núcleo foi retirado — na prática, um processo de clonagem — e implantar o embrião assim gerado em fêmeas. Os rins dos filhotes que nascerem a partir desse processo serão testados em sistemas de circulação extracorpórea, para demonstrar que são capazes de realizar corretamente a função filtradora do órgão.
Isso, no entanto, ainda não será suficiente para que a pesquisa chegue ao teste clínico, com pacientes. Para isso, os pesquisadores estão em busca de financiamento para construir a chamada "pig facility”, uma instação em que os suínos seriam criados em condições livres de germes e, portanto, seguras para o transplante. A área já está disponível: um espaço de 1.100 m2cedido pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), na capital paulista. "Com a ‘pig facility’, poderíamos começar os testes com pacientes num intervalo de seis meses a um ano”, diz Zatz.
Raia elenca os requisitos bioéticos para escolher os participantes: seriam pessoas cuja expectativa de vida ficaria maior com o transplante do que apenas com a continuidade da hemodiálise. Além disso, elas receberiam prioridade na fila de transplantes de órgãos humanos caso o procedimento não desse certo. "Seria possível fazer o xenotransplante sem retirar o rim ainda funcional do paciente, tornando-o reversível no caso de algum problema”, explica ele.
Os pesquisadores chegaram até a consultar autoridades religiosas — católicas, judaicas e muçulmanas — em busca de seu beneplácito para o procedimento. "Em essência, é algo permitido por todos”, diz Raia.
Recipiente térmico usado para transportar coração doado é colocado em uma canto da sala cirúrgica enquanto aguarda para ser transplantado em uma paciente no Instituto do Coração - (Lalo de Almeida/Folhapress)
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- 18/03/2021 - Rejeitos Radioativos: Como a biomassa vem auxiliando no tratamento desse tipo de resíduoEstudo desenvolvido por pesquisadores do Ipen usou cascas de arroz e café para a biossorção de radionuclídeos.
Estudo desenvolvido por pesquisadores do Ipen usou cascas de arroz e café para a biossorção de radionuclídeos.
Fonte: Biomassa BRO tratamento de rejeitos radioativos ainda é um desafio no Brasil e cada vez mais estudos e pesquisas buscam por soluções para fazer a destinação desse tipo de resíduo de forma correta.
Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) entretanto visa modificar o cenário e mostrar o quanto o uso da biomassa pode ser eficaz e barato nesse tipo de tratamento.
De acordo com a Lei 10.308 de 2001, a qual trata sobre rejeitos radioativos, esse tipo de resíduo não pode ser descartado de forma qualquer e precisa de um tratamento específico para evitar danos graves a saúde e ao meio ambiente.A biomassa então entra como uma possível solução, visto que vem sendo cada vez mais objeto de estudo de pesquisadores para esse fim. Leandro Araujo, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo do Ipen, reforça que diversos tipos biomassa já estão sendo estudadas e trabalhadas para o tratamento de rejeitos radioativos.
Estudo utilizou cascas de arroz e café na biossorção de radionuclídeos
O estudo desenvolvido pelo Ipen teve como base de estudo o uso de cascas de arroz, assim como de café. De acordo com Araujo as mesmas foram utilizadas por se tratarem de resíduos agrícolas comuns e baratos no Brasil, um incentivo ainda maior para futuros investimentos.
O estudo teve como objetivo avaliar se as cascas possuíam propriedades atrativas na biossorção de radionuclídeos presentes em rejeitos radioativos. Na ocasião o estudo testou a biomassa especialmente em três tipos de rejeitos sendo urânio, amerício e césio.
Ainda de acordo com o pesquisador todo um processo foi realizado com a biomassa para que ela tivesse êxito durante o processo de tratamento do resíduo.
"As cascas foram preparadas por meio de lavagem com água destilada, secas em estufa a 80 graus celsius por 24h, esterilizadas por radiação UV, picadas e peneiradas. Parte desse material foi utilizado diretamente no tratamento do rejeito, ao passo de que outra parte foi ativada quimicamente com o uso de ácido nítrico e hidróxido de sódio e depois utilizada no tratamento do rejeito” explicou Araujo.
O que disseram os resultados para o tratamento dos resíduos
Os resultados apresentados pelo estudo foram bastante satisfatórios segundo Araujo, tendo a casca de café não processada com um ótimo produto de absorção de rejeitos de urânio e amerício. A expectativa agora é que mais estudos dêem continuidade e mostrem o quão importante a biomassa possa vir a ser na redução de rejeitos.
"Esses materiais se mostraram eficazes na remoção de radionuclídeos em solução de rejeito radioativo real, justificando a continuação desse estudo. Há também resultados atrativos de imobilização desses materiais com o uso de cimento Portland após o tratamento de rejeito radioativo. No momento temos trabalhado com outras biomassas, mas há a possibilidade de voltarmos a usar as cascas de café e arroz em trabalhos futuros” destaca Araujo.
O resultado positivo da pesquisa mostrou o quanto à biomassa bem exercendo um papel fundamental na redução dos impactos ambientais causados pelos poluentes e como incentivos para esse tipo de produção podem ser favoráveis para a preservação ambiental.
"Materiais como as cascas de café e arroz são de nosso interesse porque são resíduos agrícolas, gerados em quantidade significativa e que são baratos. Dessa forma, utilizamos um resíduo para tratar outro resíduo, diminuindo o impacto ao meio ambiente” finalizou Araujo.
Para quem possui interesse em acessar o estudo completo basta acessar o arquivo na plataforma SpringerLink clicando aqui: O uso de casca de arroz e café para biossorção de U (total), 241 Am e 137 Cs em resíduos orgânicos líquidos radioativos