Ipen na Mídia
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- 22/01/2024 - Brasil anuncia o desenvolvimento de sua primeira bateria nuclearEm seu canal no YouTube, o Global Militar divulga vídeo sobre o desenvolvimento da primeira bateria nuclear no Brasil por meio de projeto de cientistas do IPEN, coordenados pela pesquisadora Maria Alice Morato Ribeiro, do Centro de Engenharia Nuclear.Link para a matéria:
https://www.youtube.com/watch?v=KFo9XFpBnY0 -
- 22/01/2024 - Bateria nuclear brasileira poderá durar 200 anosFonte: Inovação TecnológicaBateria atômica de amerícioEnquanto uma empresa chinesa anunciava uma bateria nuclear com duração de 50 anos, pesquisadores brasileiros divulgaram seu próprio feito, mostrando uma bateria que poderá durar quatro vezes mais.A bateria nuclear brasileira está sendo desenvolvida por uma equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo (SP).Enquanto a bateria chinesa é baseada no isótopo radioativo níquel-63 (63Ni), que tem meia-vida de 100,1 anos, a bateria nuclear brasileira usa o isótopo amerício-241 (241Am), que tem meia-vida de 432 anos.Meia-vida é o período de tempo necessário para que metade de uma dada quantidade de um radioisótopo transforme-se em outro elemento devido à emissão de uma partícula. Assim, a bateria nuclear baseada em amerício-241 tem potencial para continuar fornecendo pelo menos metade de sua carga original por mais de dois séculos.Diversos radionuclídeos têm sido utilizados no desenvolvimento de baterias nucleares, dependendo do tempo de duração da carga e potência desejados. Entre os mais utilizados estão o estrôncio-90, plutônio-238 e o próprio amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores.Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país, mas o IPEN possui o material como rejeito radioativo, o que o torna particularmente interessante para uma aplicação de longa duração - o amerício-241 tem diversos usos, como nos medidores de densidade do combustível dos aviões.As fontes radioativas (Am-241) são postas junto com um material termoelétrico (TEGs), que transforma o diferencial de temperatura em energia elétrica.As fontes radioativas (Am-241) são postas junto com um material termoelétrico (TEGs), que transforma o diferencial de temperatura em energia elétrica.
[Imagem:E.R. Paiva/IPEN-CNEN]Fraca por falta de combustívelNo protótipo da bateria nuclear foram usadas 11 fontes de amerício-241, com cerca de 2,9 Curies (Ci). O calor gerado pelo decaimento radioativo é então passado para um material termoelétrico, o qual transforma um diferencial de temperatura em eletricidade.Em razão da limitação da quantidade de material radioativo disponível para a construção do protótipo, o aumento de temperatura gerado pela bateria é pequeno, de cerca de 6 ºC. Em conjunto com o material termoelétrico utilizado pela equipe, a bateria gera uma tensão elétrica de apenas 20 milivolt.Apesar do baixo rendimento, o protótipo serviu para demonstrar a viabilidade do conceito. Segundo a pesquisadora Maria Alice Ribeiro, com materiais de maior atividade será possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar sensores e pequenos dispositivos da internet das coisas - por exemplo, cita ela, uma estação meteorológica remota.A equipe agora está lidando com os trâmites legais para viabilizar o licenciamento das baterias nucleares e regulamentar seu uso. -
- 22/01/2024 - Primeira bateria nuclear brasileira vai durar 200 anos sem recargaFonte: Defesa Área & NavalNo Brasil, cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) desenvolveram a primeira bateria nuclear nacional, a partir de um isótopo em decomposição de amerício (amerício-241). Sem precisar de uma recarga extra, ela pode fornecer energia para aparelhos por mais de 200 anos.A pesquisa brasileira desenvolveu uma bateria nuclear termoelétrica, também conhecida como gerador termoelétrico radioisotópico (RTG). A produção de eletricidade é feita a partir do calor e não envolve fissão nuclear – este seria o caso de uma bateria termonuclear.Buscando entender as etapas de desenvolvimento e quando poderemos usar as baterias nucleares – que colocam um fim nos carregadores -, o Canaltech conversou com Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do Centro de Engenharia Nuclear do IPEN e coordenadora do projeto.Como funciona a bateria nuclear?Antes de explicarmos, vale definir o que é o amerício. Trata-se de um metal radioativo, relativamente maleável e de coloração prateada, cujo símbolo na tabela periódica é Am. Ele é um emissor de partículas alfa e gama, com atividade de partículas alfa aproximadamente três vezes maior que a do rádio. O elemento possui 10 isótopos conhecidos pela ciência.Na bateria nuclear, o calor de decaimento natural do radioisótopo é que vai gerar energia elétrica. Como parte do processo, esse calor precisa passar através de pastilhas termoelétricas geradoras de energia elétrica (TEGs).Por enquanto, a tensão de saída nas pastilhas termoelétricas é de 20 milivolts (mV). Isso é resultado da diferença de temperatura nas pastilhas termoelétricas entre a fonte de Amerício (lado quente) e a parte externa (lado frio).Essa tensão alimenta um circuito coletor que acumula energia suficiente e assim fornece pequenas cargas, periodicamente. No entanto, como o atual modelo possui uma capacidade muito baixa de geração de energia, é necessária uma fonte com atividade maior apenas para acender um LED.A seguir, veja um esquema de como funciona a bateria nuclear termelétrica:O que é impressionante na bateria é o tempo de duração, estimado em 200 anos, devido à meia-vida do amerício ser de 432,6 anos. No entanto, "ainda enfrentamos desafios técnicos relacionados à confiabilidade das pastilhas termoelétricas, as quais precisam operar por um período equivalente”, destaca Ribeiro.Por isso, a cientista conta que esta primeira bateria foi desenvolvida, na verdade, para validar o conceito. O próximo passo é construir uma versão melhorada, com potência de 100 mW.Onde usar uma bateria nuclear?Hoje, as baterias nucleares já são usadas em locais de difícil acesso. São os casos de faróis em ilhas desertas e dispositivos enviados para o espaço, como satélites. Os rovers da NASA também usam esse tipo de tecnologia, como o Curiosity e o Perseverance.Recentemente, uma startup chinesa anunciou o desenvolvimento de baterias para alimentar dispositivos de uso pessoal, como celulares, drones e computadores.No caso da bateria brasileira, a ideia é usá-la para em dispositivos instalados em locais remotos. No entanto, a cientista ainda não pode entrar em detalhes sobre esses planos por questões de confidencialidade envolvendo os parceiros.Bateria nuclear oferece riscos?Pensar em algo nuclear logo remete a sérios riscos para à saúde humana e ao meio ambiente, mas existem inúmeras proteções. Por exemplo, "o uso de blindagens eficientes” garante a segurança, como afirma Ribeiro. Além disso, "o radioisótopo está contido em fonte selada, não havendo perigo de dispersão do material”, acrescenta.Curiosamente, ela lembra que, na década de 1970, as baterias nucleares, como as de plutônio-238 e promécio-147, eram amplamente usadas em marca-passos de pacientes com problemas no coração. O uso só foi descontinuado com a ascensão das baterias de lítio.Reciclagem de resíduos radioativosOutro ponto interessante envolvendo essas baterias é que elas podem ser criadas a partir da reciclagem dos radioisótopos encontrados nos combustíveis (já usados) provenientes de reatores nucleares de usinas, incluindo o amerício-241. -
- 22/01/2024 - Pesquisadores do IPEN-CNEN desenvolvem bateria nuclearA pesquisa, inédita no País, demonstra a capacidade técnica de reciclar rejeitos radioativos de baixa intensidade, utilizando-os como fonte de energia
A pesquisa, inédita no País, demonstra a capacidade técnica de reciclar rejeitos radioativos de baixa intensidade, utilizando-os como fonte de energia
Fonte: Forças TerrestreEquipe multidisciplinar de pesquisadores do IPEN-CNEN realizou estudo pioneiro para o desenvolvimento de uma bateria nuclear utilizando Amerício-241.A pesquisa foi conduzida nos Centros de Engenharia Nuclear (CEENG) e de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN-CNEN com objetivo de encontrar uma alternativa energética para locais de difícil acesso ou em que haja necessidade de um fluxo ininterrupto de energia.O projeto foi desenvolvido pelo CEENG e a bateria foi montada pelos pesquisadores do CETER, usando como combustível pastilhas de Amerício-241 que se encontravam no Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR).O pesquisador Eduardo Cabral, do CEENG, explica que a bateria nuclear é um dispositivo que utiliza o calor produzido pelo decaimento radioativo para gerar energia elétrica. Entretanto, para que o calor originado seja utilizado. é necessário um sistema de conversão de energia que, neste caso, são pastilhas termelétricas que geram energia elétrica quando submetidas a um gradiente de temperatura.Embora o conceito seja simples e baterias nucleares sejam conhecidas desde no início do século XIX, a execução é complexa por razões que envolvem danos de materiais e proteção radiológica.Carlos Alberto Zeituni, gerente e pesquisador do CETER, comenta que diversos radionuclídeos podem ser utilizados em uma bateria nuclear, dependendo do tempo de duração e potência desejados. Entre os mais utilizados, encontram-se o Estrôncio-90, o Plutônio-238 e o Amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores. Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país.Nessa bateria foram utilizadas 11 fontes de Amerício 241, que estavam armazenadas no SEGRR como rejeitos radioativos. Com autorização do Serviço de Radioproteção (SERAP) do IPEN, essas fontes, com cerca de 2,9 Ci, seguiram para os laboratórios do CETER após análise de estanqueidade efetuada no SEGRR.No CETER, foi realizada a análise dimensional e de atividade das fontes. Com essas informações, pesquisadores do CEENG definiram os termelétricos e projetaram um invólucro para transformar. de forma eficiente, a energia do decaimento radioativo das fontes em energia elétrica.De posse de todos os materiais, foi construída a primeira bateria nuclear do Brasil. Em razão da limitação da quantidade de material radioativo, o aumento de temperatura gerado nesse protótipo é pequeno, sendo de cerca de 6º C, que em conjunto com o material termoelétrico utilizado, gera uma tensão elétrica de 20 milivolt. Como a meia vida do Amerício 241 é de 416 anos, após um ano ligada, a bateria mantém o desempenho inicial, produzindo quase a mesma quantidade de energia por centenas de anos.A coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do CEENG, ressalta ainda que embora o material utilizado tenha baixa atividade, o experimento comprovou a viabilidade do conceito. Com materiais de maior atividade, seria possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar, por exemplo, uma estação meteorológica remota.Este desenvolvimento foi resultado de um projeto de pesquisa financiado por uma grande empresa nacional e seu êxito permitiu que o IPEN fosse agraciado com sua continuidade no intuito de produzir uma bateria nuclear para utilização em locais de difícil acesso.É importante ressaltar que graças ao esforço conjunto dos pesquisadores de vários centros do IPEN-CNEN e do reaproveitamento de material radioativo armazenado, foi possível desenvolver e construir um protótipo de bateria nuclear, demonstrando a capacidade técnica de produzir esse tipo de equipamento no país.Esse projeto abre a possibilidade de desenvolvimento de diferentes tipos de baterias nucleares, específicas para diferentes tipos de uso. O trabalho para viabilizar o licenciamento dessas baterias já foi iniciado. -
- 19/01/2024 - Primeira bateria nuclear brasileira vai durar 200 anos sem recargaFonte: Canaltech
No Brasil, cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) desenvolveram a primeira bateria nuclear nacional, a partir de um isótopo em decomposição de amerício (amerício-241). Sem precisar de uma recarga extra, ela pode fornecer energia para aparelhos por mais de 200 anos.A pesquisa brasileira desenvolveu uma bateria nuclear termoelétrica, também conhecida como gerador termoelétrico radioisotópico (RTG). A produção de eletricidade é feita a partir do calor e não envolve fissão nuclear - este seria o caso de uma bateria termonuclear.
Buscando entender as etapas de desenvolvimento e quando poderemos usar as baterias nucleares - que colocam um fim nos carregadores -, o Canaltech conversou com Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do Centro de Engenharia Nuclear do IPEN e coordenadora do projeto.
Como funciona a bateria nuclear?
Antes de explicarmos, vale definir o que é o amerício. Trata-se de um metal radioativo, relativamente maleável e de coloração prateada, cujo símbolo na tabela periódica é Am. Ele é um emissor de partículas alfa e gama, com atividade de partículas alfa aproximadamente três vezes maior que a do rádio. O elemento possui 10 isótopos conhecidos pela ciência.
Na bateria nuclear, o calor de decaimento natural do radioisótopo é que vai gerar energia elétrica. Como parte do processo, esse calor precisa passar através de pastilhas termoelétricas geradoras de energia elétrica (TEGs).
Por enquanto, a tensão de saída nas pastilhas termoelétricas é de 20 milivolts (mV). Isso é resultado da diferença de temperatura nas pastilhas termoelétricas entre a fonte de Amerício (lado quente) e a parte externa (lado frio).
Essa tensão alimenta um circuito coletor que acumula energia suficiente e assim fornece pequenas cargas, periodicamente. No entanto, como o atual modelo possui uma capacidade muito baixa de geração de energia, é necessária uma fonte com atividade maior apenas para acender um LED.
A seguir, veja um esquema de como funciona a bateria nuclear termelétrica:
Bateria nuclear brasileira pode funcionar por 200 anos (Imagem: IPEN-CNEN)
O que é impressionante na bateria é o tempo de duração, estimado em 200 anos, devido à meia-vida do amerício ser de 432,6 anos. No entanto, "ainda enfrentamos desafios técnicos relacionados à confiabilidade das pastilhas termoelétricas, as quais precisam operar por um período equivalente”, destaca Ribeiro.
Por isso, a cientista conta que esta primeira bateria foi desenvolvida, na verdade, para validar o conceito. O próximo passo é construir uma versão melhorada, com potência de 100 mW.
Onde usar uma bateria nuclear?
Hoje, as baterias nucleares já são usadas em locais de difícil acesso. São os casos de faróis em ilhas desertas e dispositivos enviados para o espaço, como satélites. Os rovers da NASA também usam esse tipo de tecnologia, como o Curiosity e o Perseverance.
Recentemente, uma startup chinesa anunciou o desenvolvimento de baterias para alimentar dispositivos de uso pessoal, como celulares, drones e computadores.
No caso da bateria brasileira, a ideia é usá-la para em dispositivos instalados em locais remotos. No entanto, a cientista ainda não pode entrar em detalhes sobre esses planos por questões de confidencialidade envolvendo os parceiros.
Bateria nuclear oferece riscos?
Pensar em algo nuclear logo remete a sérios riscos para à saúde humana e ao meio ambiente, mas existem inúmeras proteções. Por exemplo, "o uso de blindagens eficientes” garante a segurança, como afirma Ribeiro. Além disso, "o radioisótopo está contido em fonte selada, não havendo perigo de dispersão do material”, acrescenta.
Curiosamente, ela lembra que, na década de 1970, as baterias nucleares, como as de plutônio-238 e promécio-147, eram amplamente usadas em marca-passos de pacientes com problemas no coração. O uso só foi descontinuado com a ascensão das baterias de lítio.
Reciclagem de resíduos radioativos
Outro ponto interessante envolvendo essas baterias é que elas podem ser criadas a partir da reciclagem dos radioisótopos encontrados nos combustíveis (já usados) provenientes de reatores nucleares de usinas, incluindo o amerício-241.
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- 17/01/2024 - Pesquisa sobre radiofármacos desenvolvida pelo Ipen-CNEN/USP recebe prêmio internacionalTrabalho premiado reúne profissionais de dois centros de pesquisa do Instituto e é inovador ao utilizar microusinagem com laser de femtosegundo para sistema microfluídico para otimizar a produção de radiofármacos
Trabalho premiado reúne profissionais de dois centros de pesquisa do Instituto e é inovador ao utilizar microusinagem com laser de femtosegundo para sistema microfluídico para otimizar a produção de radiofármacos
Fonte: Jornal da Ciência
O trabalho "Circuito microfluídico aplicado à concentração de 18F (Flúor-18) para produção de radiofármacos”, que é parte da pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida pelo aluno da pós-graduação do IPEN/USP, Antonio Arleques Gomes, conquistou o 1º lugar com a láurea "Marcos Pinotti Barbosa”, concedida à melhor pesquisa estudantil apresentada durante o XII Congresso Latino-Americano de Órgãos Artificiais e Biomateriais (COLAOB/2023) realizado no período de 12 a 15 de dezembro de 2023 em Mar del Plata, Argentina.
O prêmio, inédito para o programa de pós-graduação do IPEN/USP, é considerado um dos mais importantes para a comunidade científica da Sociedade Latino-Americana de Biomateriais e Órgãos Artificiais (SLABO), organizadora do evento, e presta homenagem ao professor Marcos Pinotti (1965-2016) reconhecido como um dos principais cientistas brasileiros nas áreas de Biomimética e Bioengenharia e cofundador da SLABO.
A pesquisa, escolhida entre 69 trabalhos apresentados durante o congresso, está sob a orientação do professor Dr. Wagner de Rossi, gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP) e coorientada pelo farmacêutico Dr. Emerson S. Bernardes, gerente do Centro de Radiofarmácia (CECRF) do IPEN. Também contou com a importante participação do radioquímico Dr. Arian Pérez Nario, bolsista de pós-doutorado do IPEN e do físico Dr. André Luiz Lapolli, responsável pelo Serviço de Operação de Aceleradores Cíclotron do instituto.
Na prática, a pesquisa visa desenvolver um sistema microfluídico por meio de técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos para a produção de radiofármacos a partir de Flúor-18. No trabalho, foi produzido um circuito microfluídico dedicado chamado de "Microcartucho de troca aniônica” destinado ao primeiro estágio de obtenção de qualquer radiofármaco; um produto utilizado essencialmente para diagnósticos, tratamentos e terapias de várias doenças que são objeto da medicina nuclear.
O processo compreende duas fases distintas. Na primeira, o Flúor-18 obtido em cíclotron fica retido no microcartucho. Na segunda, de eluição, o Flúor-18 é extraído resultando em um eluente líquido com uma concentração significativamente elevada do radionuclídeo.
Inovação
Além de inédito no Brasil, o resultado da pesquisa desenvolvida no IPEN-CNEN pode ser considerado significativo uma vez que conseguiu uma concentração do eluente com Flúor-18 de seis a dez vezes maior que a obtida por meio de outros processos convencionais na primeira etapa de produção de radiofármaco, como, por exemplo, o Fluordexogliocose (FDG).
"Ter sido premiado com o trabalho de maior importância e relevância científica em um congresso desse nível é, sem dúvida, uma grande satisfação para mim e acredito, de grande importância para o IPEN”, destacou o doutorando Antonio Gomes, o qual enfatiza a dedicação do prêmio ao seu grupo de pesquisa e, em especial, a seu orientador pelo apoio incondicional.
O doutorando explicou ainda que os resultados apresentados, bem como o desenvolvimento da técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos, posicionam o IPEN como uma instituição de destaque na inovação tecnológica e científica nesta área do conhecimento.
Uma das principais missões do IPEN é tornar a medicina nuclear cada vez mais acessível à sociedade brasileira e o Flúor-18 tem destaque em exames que se utilizam de equipamentos de tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT).
"O próximo passo após a conclusão da pesquisa é buscar parcerias no setor produtivo para disponibilizar para a sociedade radiofármacos mais eficazes para a medicina nuclear”, finaliza Gomes.
Para o físico Dr. Wagner de Rossi este prêmio coroa um trabalho que iniciou há alguns anos a partir de uma sugestão de Dr. Jair Mengatti, gerente da Radiofarmácia na época.
"Nós encaramos a sugestão como um desafio para produzir radiofármacos com microfluídica. O trabalho ainda não está concluído, pois o prêmio se refere apenas a uma parte já desenvolvida, mas demonstra que estamos num bom caminho para conseguir produzir radiofármacos a partir de um sistema inovador que vai trazer inúmeras vantagens para o processo”, conclui Rossi.
Mais informações no site do IPEN. (www.ipen.br)
Ulysses Varela – Bolsista BGE-DA/IPEN-CENEN
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- 15/01/2024 - Visita da China National Nuclear Corporation Overseas (CNNC) à CNEN visa divulgar e promover negócios e oportunidades de parceriasFonte: CNENO presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Junior, recebeu nesta quarta-feira uma delegação do escritório de representação para a América Latina da China National Nuclear Corporation (CNNC), localizado em Buenos Aires, Argentina. A visita faz parte de uma série de encontros promovidos pela CNNC em países da América do Sul, com o objetivo de fomentar parcerias e oportunidades de negócios com a China.A reunião ocorreu no Salão Nobre da CNEN, com a presença do diretor de Gestão Institucional, Pedro Maffia, do coordenador geral de Ciência e Tecnologia Nucleares (CGTN), Leslie de Molnary, da coordenadora geral de Assuntos Internacionais, Viviane Simões, e do chefe de Gabinete, Rogério Mamão Gouveia. A comitiva chinesa, chefiada pelo gerente de Desenvolvimento de Negócios, GAO Wei, era composta ainda pele também gerente BI Kum e pelos assessores DENG Pan e YANG Lu.Durante a reunião, foram discutidas as iniciativas da CNEN relacionadas a Pequenos Reatores Modulares (SMRs) e atividades dos reatores de pesquisa nas unidades técnico-científicas da CNEN, localizadas em São Paulo (IPEN), Rio de Janeiro (IEN), Belo Horizonte (CDTN) e Recife (CRCN-NE). A CNNC apresentou os avanços na geração termonuclear na China, seu apoio a projetos de pesquisa nuclear e o compromisso em colaborar internacionalmente na disseminação de conhecimento em projetos e construção de reatores nucleares de potência.No que diz respeito a acordos e parcerias, a CNNC expressou disposição para futuros contatos comerciais e colaborações de pesquisa na área nuclear. A CGTN manifestou interesse na formação especializada, e a CNNC destacou programas de intercâmbio e formação de mestrado e doutorado em universidades chinesas, oferecendo bolsas de ensino e fomento tecnológico para alunos brasileiros e abrindo instalações nucleares chinesas para pesquisadores da CNEN.A relevância dessa reunião foi ressaltada pelo coordenador geral da CGTN, Leslie de Molnary, como resultado de uma primeira aproximação ocorrida durante um evento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Sanya, na China, em setembro de 2023. Na ocasião, a CNEN apresentou o cenário da área nuclear no Brasil e os papeis de cada organização no programa nuclear brasileiro.Também foram abordadas as perspectivas do uso dos pequenos reatores nucleares no apoio à geração elétrica e para o apoio em outras aplicações industriais nas próximas décadas visando apoiar a transição energética que o país deverá desenvolver até 2050. Por sua vez, a CNNC demonstrou interesse em parcerias tecnológicas com as UTCs da CNEN, destacando a capacidade significativa da China em investimento e desenvolvimento tecnológico na geração nucleoelétrica."Essa visita representa um passo importante na construção de laços colaborativos entre os dois países, abrindo portas para avanços significativos na área nuclear e fortalecendo a cooperação bilateral”, afirmou Molnary.O presidente Rondinelli fez um apanhado geral sobre as principais atividades que cabem à CNEN no apoio ao programa nuclear brasileiro, e perspectivas de médio e curto prazo que vislumbra para aumentar o parque de geração nucleoelétrica no Brasil. Também comentou sobre a importância de dar prosseguimento ao projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), no âmbito da cooperação Brasil-Argentina.Rondinelli também ressaltou as diversas aplicações da tecnologia nuclear em diversos setores no Brasil além do já consagrado uso na área médica, mas também na área de alimentação e agricultura, meio ambiente, e indústria, sem perder de vista o mandamento da segurança radiológica que permeia todas essas aplicações.CNNC e o mercado externoGAO Wei, BI Kum, DENG Pan e YANG Lu integram a CNNC Overseas Ltd. (CNOS), plataforma especializada no desenvolvimento do mercado externo de toda a indústria nuclear chinesa, sob a CNNC. Primeira no país asiático a construir projetos de energia nuclear no estrangeiro, a CNOS abriu a fronteira para a globalização da indústria chinesa na área nuclear.Entre os meses de novembro e dezembro, a empresa está conduzindo uma série de encontros de trabalho em vários países da América do Sul. No Brasil, realizou visitas a diversas entidades do setor nuclear, incluindo a Eletronuclear, as usinas Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis, as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende, culminando com a reunião na CNEN. -
- 10/01/2024 - Podcast que discute protonterapia reconhece relevância da CNEN e do IPEN no cenário da medicina nuclear brasileiraTratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
Tratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
O podcast, disponível no canal do Youtube da empresa Tractebel, discute os avanços no tratamento do câncer por meio da protonterapia e ressalta a importância da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) no cenário brasileiro.No episódio, o CEO da Tractebel, América do Sul, Cláudio Maia, entrevista o oncologista Marcos Castilho e o representante do Grupo IBA, Mauro Ferreira, para falar sobre a necessidade de trazer a protonterapia para o Brasil.O tratamento inovador e promissor contra câncer que usa a medicina nuclear a partir de raios de prótons ainda não está disponível no Brasil, mas já é amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos.Além de discutirem como funciona o tratamento, as dificuldades de implantação aqui no país e o benefício para as crianças, o grupo citou a capacidade e o preparo das instituições governamentais brasileiras como o IPEN e a CNEN para lidar com o processo de implantação e acompanhamento deste tratamento no futuro.O vice-presidente comercial do Instituto IBA, Mauro Ferreira, destaca o apoio do Governo Federal para o setor, a capacidade técnica do IPEN e o fato da CNEN já ter enviado técnicos para visitar centros de prótons e ter legislação e pessoal preparado para lidar com essa tecnologia.Para saber mais e ficar por dentro do assunto assista ao podcast completo disponível no canal da Tractebel no Youtube.Saiba mais
A radioterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que tem como objetivo destruir ou impedir o crescimento das células tumorais, por meio da aplicação de radiação concentrada, diretamente no tumor.
A prototerapia ou protonterapia é um tipo avançado de tratamento de câncer que utiliza um feixe de prótons direcionado diretamente ao tumor. O feixe de prótons acelerados destrói as células cancerígenas, minimizando o dano aos tecidos saudáveis.
Ulysses Varela
Bolsista BGE-DA
Com supervisão -
- 10/01/2024 - Um Novo Projeto de Motor a ÁlcoolUm consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Fonte: Jornal do Vale
OPINIÃO
No início de dezembro, escrevi ao Presidente Lula propondo um novo Proálcool. Fiquei obcecado pelo rendimento de uma célula etanol apresentada dias antes pelos bolsistas PCI (Programa de Capacitação Institucional) do INPE. O Instituto desenvolve uma célula de etanol (gera eletricidade diretamente por reações eletrolíticas), com uma eficiência de 70%. Algo espetacular, já que um motor a combustão não chega a 30%, ou seja, mais que o dobro. Se um carro comum faz 10 km/l, um carro elétrico com célula de etanol faria mais de 23 km/l.
O PCI é um programa patrocinado pelo MCTIC e operacionalizado pelo CNPq com vistas a fomentar a capacitação técnica, científica e de inovação das Unidades de Pesquisas ligadas ao MCTIC como o INPE. Eu sou responsável pelos bolsistas da Ciência e Tecnologia Espaciais.
Tomei a liberdade de sugerir ao presidente Lula repetir a ideia do Motor a Álcool Brasileiro, quando o presidente Geisel encomendou ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial) fazer estudos técnicos sobre o etanol que permitiram que o governo mais tarde criasse o Proálcool logo após a crise do petróleo em 1973.
De 1973 a 1976, realizaram experiências com diversos tipos de motores adaptando-os para o uso do etanol combustível. Em 1975, apresentou os resultados de seus estudos ao presidente Ernesto Geisel, fato que levou o governo brasileiro a criar o programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo por álcool. Até 1976, o CTA adaptou e testou motores de diversos fabricantes.
A situação atual está mais fácil, pois há diversos institutos federais e estaduais, além das indústrias automobilísticas, estudando e testando células de etanol, como meus colegas do INPE. O governo federal deveria apadrinhar o novo carro a etanol, mais eficiente e bem menos poluente. Os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Indústria poderiam gerir. A necessidade de dinheiro para a pesquisa já está até suprida no orçamento e, posteriormente, incentivos para a fabricação e venda na forma de empréstimo é dinheiro que volta ao Erário.
A Revista Pesquisa da Fapesp vem divulgando diversas pesquisas brasileiras sobre o assunto. Uma parceria entre a montadora japonesa Nissan e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) desenvolve uma tecnologia da célula a combustível a etanol, que permite abastecer o veículo com esse combustível em qualquer posto do país, como já ocorre hoje.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Outro consórcio, formado por Volkswagen, Stellantis, Toyota, Ford, Shell, Bosch, AVL e a brasileira Caoa, também fechou um contrato de parceria com a Unicamp para desenvolver células a combustível a etanol, apoiado pela FAPESP e Finep.
Já temos todos os ingredientes para fazer no Brasil um projeto de sucesso.
Por Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado Mariano
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- 06/01/2024 - Pesquisadores do IPEN/CNEN desenvolvem bateria nuclearEquipe multidisciplinar de pesquisadores do IPEN-CNEN realizou estudo pioneiro para o desenvolvimento de uma bateria nuclear utilizando Amerício-241.A pesquisa foi conduzida nos Centros de Engenharia Nuclear (CEENG) e de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN-CNEN com objetivo de encontrar uma alternativa energética para locais de difícil acesso ou em que haja necessidade de um fluxo ininterrupto de energia.O projeto foi desenvolvido pelo CEENG e a bateria foi montada pelos pesquisadores do CETER, usando como combustível pastilhas de Amerício-241 que se encontravam no Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR).O pesquisador Eduardo Cabral, do CEENG, explica que a bateria nuclear é um dispositivo que utiliza o calor produzido pelo decaimento radioativo para gerar energia elétrica. Entretanto, para que o calor originado seja utilizado. é necessário um sistema de conversão de energia que, neste caso, são pastilhas termelétricas que geram energia elétrica quando submetidas a um gradiente de temperatura.Embora o conceito seja simples e baterias nucleares sejam conhecidas desde no início do século XIX, a execução é complexa por razões que envolvem danos de materiais e proteção radiológica.Carlos Alberto Zeituni, gerente e pesquisador do CETER, comenta que diversos radionuclídeos podem ser utilizados em uma bateria nuclear, dependendo do tempo de duração e potência desejados. Entre os mais utilizados, encontram-se o Estrôncio-90, o Plutônio-238 e o Amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores. Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país.Nessa bateria foram utilizadas 11 fontes de Amerício 241, que estavam armazenadas no SEGRR como rejeitos radioativos. Com autorização do Serviço de Radioproteção (SERAP) do IPEN, essas fontes, com cerca de 2,9 Ci, seguiram para os laboratórios do CETER após análise de estanqueidade efetuada no SEGRR.No CETER, foi realizada a análise dimensional e de atividade das fontes. Com essas informações, pesquisadores do CEENG definiram os termelétricos e projetaram um invólucro para transformar. de forma eficiente, a energia do decaimento radioativo das fontes em energia elétrica.De posse de todos os materiais, foi construída a primeira bateria nuclear do Brasil. Em razão da limitação da quantidade de material radioativo, o aumento de temperatura gerado nesse protótipo é pequeno, sendo de cerca de 6º C, que em conjunto com o material termoelétrico utilizado, gera uma tensão elétrica de 20 milivolt. Como a meia vida do Amerício 241 é de 416 anos, após um ano ligada, a bateria mantém o desempenho inicial, produzindo quase a mesma quantidade de energia por centenas de anos.A coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do CEENG, ressalta ainda que embora o material utilizado tenha baixa atividade, o experimento comprovou a viabilidade do conceito. Com materiais de maior atividade, seria possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar, por exemplo, uma estação meteorológica remota.Este desenvolvimento foi resultado de um projeto de pesquisa financiado por uma grande empresa nacional e seu êxito permitiu que o IPEN fosse agraciado com sua continuidade no intuito de produzir uma bateria nuclear para utilização em locais de difícil acesso.É importante ressaltar que graças ao esforço conjunto dos pesquisadores de vários centros do IPEN-CNEN e do reaproveitamento de material radioativo armazenado, foi possível desenvolver e construir um protótipo de bateria nuclear, demonstrando a capacidade técnica de produzir esse tipo de equipamento no país.Esse projeto abre a possibilidade de desenvolvimento de diferentes tipos de baterias nucleares, específicas para diferentes tipos de uso. O trabalho para viabilizar o licenciamento dessas baterias já foi iniciado. -
- 31/12/2023 - 'Tempo é Saúde': Projeto da ABDAN é apresentadono 37o. Congresso de Medicina NuclearRevista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Revista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Fonte: Conexão Nuclear
Lopes comenta sobre os desafios do setor de medicina nuclear entre eles a dependência externa com a importação de insumos para produção de radiofármacos. O IPEN é citado como principal fornecedor nacional de geradores de Tecnécio-99m entre outros radiofármacos utilizados para diagnóstico e terapia em Medicina Nuclear.
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- 20/12/2023 - Presidente da SBMN alerta: produção de radiofarmacos (medicamentos usados no combate ao câncer) pode estar ameaçada em 2024Fonte: Blog Tania Malheiros
Às vésperas de completar um ano na presidência da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o médico nuclear e cardiologista Rafael Willain Lopes, 47 anos, conversou com o Blog e fez um balanço sobre algumas das situações críticas que ameaçam a continuidade da produção de radiofármacos (insumos usados na produção de radioisótopos, medicamentos destinados à realização de diagnóstico e combate a doenças como o câncer), em 2024. "A demanda por serviços é grande, está reprimida e deve crescer por conta do envelhecimento populacional e doenças crônicas”, afirmou o médico, natural de Florianópolis, radicado em São Paulo desde 2004. Na entrevista exclusiva, ele, alertou que é "preciso que se resolva outras questões estruturais intrinsicamente relacionadas como a logística, infraestrutura, financiamento, regulação. E para isso precisamos de toda ajuda possível tanto pública, como privada, para suprir a demanda”. Falou também sobre a quebra do monopólio da produção de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (IPEN), por exemplo. Eis a entrevista:BLOG: A falta de radioisótopos gerou vários problemas e interrompeu o tratamento de pacientes no decorrer de 2021. Como está a situação no momento?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Em relação ao presente e ao futuro, com a quebra de monopólio de produção de radioisótopos de meia vida longa, aprovada em 2022 pelo Congresso Nacional, a SBMN mantém o seu posicionamento em defesa da Medicina Nuclear brasileira, alinhada com sua missão. A SBMN está trabalhando sempre em prol dos pacientes que se beneficiam desta especialidade, buscando ampliar a utilização de suas metodologias, assim como expandir o acesso dos pacientes a elas, para melhorar, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso dos pacientes aos procedimentos de medicina nuclear que impactam a tomada de decisão e o resultado do tratamento, atuamos junto às diversas instituições, visando a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
BLOG: E a quebra do monopólio?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Durante décadas, por determinação legal, apenas ao IPEN era permitida a produção e a distribuição de geradores de Tecnécio, dentre outros insumos radioativos, item fundamental à nossa especialidade. Este cenário mudou, do ponto de vista legal, recentemente, a partir do momento em que empresas privadas foram autorizadas a comercializar tal material em território nacional. Somos imensamente gratos por todos os esforços e todas as entregas que o IPEN fez à Medicina Nuclear desde o seu surgimento, há 67 anos. Entendemos que o instituto prestou, presta e seguirá prestando papel fundamental neste cenário. Não existe um futuro para a medicina nuclear dissociado de um futuro para o IPEN, assim como para os demais institutos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
BLOG: Há outros passos a serem dados...
RAFAEL WILLAIN LOPES: O que deverá ser discutido dentro de cada instituição, seja do IPEN, sejam em outros centros de pesquisa da CNEN, será qual deverá ser esse papel. Como cada um pode colaborar para o país e para a região específica em que se encontra. Em um país continental como o Brasil, é natural que existam demandas regionais mais especificas. Por outro lado, a entrada de outras empresas neste cenário tem o potencial de expandir a Medicina Nuclear para horizontes que ainda não temos acesso. Acreditamos que a demanda por serviços por parte da nossa população é grande, está reprimida, e deve crescer por conta do envelhecimento populacional e doenças crônicas, e que, resolvendo-se outras questões estruturais intrinsicamente relacionadas (logística, infraestrutura, financiamento, regulação etc.), precisaremos de toda ajuda possível, tanto pública quando privada, para suprir a demanda.
BLOG: Qual a posição da SBMN?
RAFAEL WILLAIN LOPES: A SBMN apoia a pluralidade de participantes no processo da Medicina Nuclear, declara seu fundamental apoio ao IPEN e congratula qualquer empresa que possa, porventura, acrescentar opções. Ocorre que discutir Medicina Nuclear no Brasil não passa, simplesmente, por permitir a entrada de novos players no cenário de suprimento.
BLOG: Como assim?
RAFAEL WILLAIN LOPES: A SBMN entende que urge discutirmos revisão de reembolso dos procedimentos, tanto os oferecidos pelo SUS, que não sofrem qualquer tipo de reajuste desde 2009, apesar dos crescentes custos, quanto os oferecidos aos usuários do sistema de saúde suplementar. Ao resolvermos o gap de financiamento existente no Brasil nestes procedimentos, vislumbramos um crescimento da especialidade, com expansão de serviços em todo o Brasil. A Medicina Nuclear brasileira se desenvolveu com o IPEN, segue e seguirá sendo grande parceira deste instituto, com o qual mantemos inclusive projeto de pesquisa junto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A entrada de outros entes nesse processo, por outro lado, pode ser auspicioso e vir a beneficiar a todos. Quando se somam esforços, reduzem-se as limitações, multiplicam-se os resultados e dividem-se os louros.
BLOG: Poderia exemplificar? Tem relação com importação?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Uma vulnerabilidade da medicina nuclear do Brasil é a dependência externa de radioisótopos, principal exemplo sendo o molibdênio-99 para a produção de geradores de tecnécio, radiofármaco empregado na maioria dos exames de cintilografia no país e que são fornecidos quase que na sua totalidade pelo IPEN. O radioisótopo é importado, semanalmente, de países como Argentina, Israel, África do Sul e Rússia. Qualquer irregularidade no seu fornecimento impacta na produção dos geradores de tecnécio, que são distribuídos para todo o país.
BLOG: A quantas anda a demanda pelo tratamento?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Anualmente, são realizados no país cerca de dois milhões de procedimentos de medicina nuclear, considerando-se o conjunto da saúde suplementar e Sistema Único de Saúde (SUS). Os exames de cintilografia do miocárdio respondem pela metade dos procedimentos. Os radiofármacos também são utilizados em exames de diagnóstico PET-CT e cintilografias tradicionais, além do tratamento de doenças como o câncer de tireoide, com o iodo-131 e tumores neuroendócrinos, com o lutécio-177.
BLOG: Qual a expectativa diante de novos cenários?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Nossa estimativa é de que esse número, no entanto, deveria ser pelo menos o dobro, considerando o tamanho da nossa população e a prevalência dessas doenças. Em outros países da América Latina como Argentina e Chile, a possibilidade de um paciente realizar um exame ou tratamento de medicina nuclear é duas vezes maior do que a disponibilidade existente no Brasil, o gap é ainda maior se comparamos o número de procedimentos realizados na medicina suplementar em relação ao sistema público. Cerca de 94% dos serviços de medicina nuclear são privados - embora a grande maioria das clínicas preste serviços para o SUS – e apenas 6% são públicos, estimando-se, assim, que mesmo com um crescimento constante, seriam necessários 30 anos para que o número de procedimentos na saúde pública alcance os realizados na saúde suplementar.
BLOG: Outras questões prementes?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Sim. Além desde cenário desafiador, temos questões ainda mais urgentes tais como a indisponibilidade de inúmeros kits liofilizados (cold-kits), muitos com excepcionalidade de importação no momento autorizada pela ANVISA. Mas isto também acarreta aumento de custos, que reduz a disponibilidade de uso e, por consequente, dos exames que os utilizam. Some-se a isso questões regulatórias que pairam há tempos sobre a medicina nuclear.
BLOG: Problemas nacionais?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Não são exclusivas de nosso país. Mas diante da realidade brasileira, também impactam a utilização e até uma eventual expansão da metodologia. Claro, para um país continental como o nosso, com desafios para a interiorização da medicina e acesso a saúde pública como um todo, questões de infraestrutura e logísticas, que já são limitantes. No cenário da medicina nuclear tudo isso têm impacto ainda maior, colocando em risco a sobrevivência de muitos serviços pelo país afora, assim como a perspectiva de expansão de novos serviços, públicos e privados, tão necessário para podermos atender à demanda crescente da nossa população em função do envelhecimento e das doenças crônicas. A questão ficou evidente no último censo recém publicado.
BLOG: E a questão financeira?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Por fim, é uma questão que hoje permeia todo sistema de saúde e não é diferente na nossa área, a sustentabilidade financeira e que na medicina nuclear vem se tornando crítica considerando a falta de reajuste dos procedimentos da tabela SUS desde 2009, bem como as dificuldades com as fontes pagadoras da saúde suplementar em seu momento talvez mais desafiador.
BLOG: Quais as soluções?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Neste ponto, um projeto de grande relevância é o do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a cargo da CNEN, que propiciará uma série de mudanças no contexto dos desafios que enfrentamos, ao garantir a autonomia do país na produção de diversos isótopos, principalmente o molibdênio-99. Dentro desta perspectiva, os geradores de tecnécio serão produzidos com matéria prima brasileira, seja pelo IPEN ou até mesmo pela iniciativa privada, que, com a flexibilização do monopólio, ocorrida em 2022, já pode também exercer tal atividade, mas ambos o fariam com custo em Real, o que facilitará sua distribuição e, principalmente, permitirá ampliar o acesso e reduzir os custos da medicina nuclear para a população. Além disso, o RMB será um polo de agregação do conhecimento que permitirá produzir novos isótopos e terá capacidade para abastecer não só o Brasil, como outros países da América Latina. O RMB sozinho não resolverá todos os problemas, mas pode trazer em sua concepção perspectivas para um futuro menos incerto e ampliar horizontes nas áreas da pesquisa, visando aplicações práticas e desenvolvimento de capital humano e intelectual associada à prática da medicina nuclear e das ciências nucleares nas mais variadas vertentes.
BLOG: Mas o RMB ainda é projeto que levará alguns anos para se tornar realidade. Assim, o que temos de soluções no horizonte atual?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Diante de tantos desafios no curto e longo prazo, temos buscado continuamente manter diálogo com as diversas instituições e entes governamentais, tentando sensibilizar os tomadores de decisão no intuito de compreenderem a importância da medicina nuclear para o futuro da saúde da população. A delicada situação atual necessita de atenção para que ela possa realizar todo o potencial que vem se apresentando no horizonte.
BLOG: Bem complicado.
RAFAEL WILLAIN LOPES: Além das perspectivas no campo da cardiologia, as maiores promessas residem no campo da oncologia e do teranóstico, com a evolução de exames diagnósticos e tratamentos a eles associados. Alguns já estão disponíveis no Brasil, muitos outros estão por vir, e precisamos estar preparados para oferecê-los aos brasileiros, não apenas na saúde suplementar, mas também e principalmente, no âmbito da saúde pública e, para tanto, buscamos apoiar o desenvolvimento e implantação do programa nuclear brasileiro e o plano de expansão da medicina nuclear, que possuem dentro de sua concepção a importância da medicina nuclear e diretrizes para ajudar em sua sobrevivência e desenvolvimento do seu grande potencial em prol da população brasileira, que merece ter acesso ao que de melhor a medicina nuclear pode oferecer atualmente.
BLOG: Poderia exemplificar?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Exemplos destes esforços vêm se materializando ao longo do tempo na forma de reuniões com a presidência da CNEN, superintendência do IPEN, fornecedores e parceiros, Ministérios e/ou ministros de Estado e com o próprio Vice-Presidente da República, explicando a urgência em olhar para a comunidade da medicina nuclear, seus desafios, com destaque para o IPEN, a gravidade da situação do seu Centro de Radiofarmácia e a incerteza de continuidade de produção de radiofármacos a partir de janeiro de 2024.
BLOG: Muito grave. Poderia fornecer maiores informações?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Existe uma preocupação real e legítima, também compartilhada pela SBMN, segundo a visão exposta pelo IPEN, a sociedade em diversas reuniões, acerca de situações críticas que ameaçam a continuidade da produção de radiofármacos. Essas preocupações já foram endereçadas, tanto pelo IPEN como pela SBMN, em vários fóruns e com as mais diversas autoridades e instituições, em que discorremos sobre a falta de recursos necessários a investimentos de infraestrutura de instalações do centro de radiofarmácia, além da adequação às boas práticas de fabricação, uma exigência de longa data da ANVISA. Outra questão é a falta de recursos humanos, considerando que o IPEN vem, consistentemente, perdendo boa parte do seu capital humano, por conta da longevidade de seus servidores, muitos já aposentados ou em processo, sem uma adequada reposição ao longo dos anos, por conta da falta de concursos públicos e/ou outras alternativas. Neste sentido, entende-se também a necessidade de evolução do modelo de gestão, com mais agilidade, essencial para lidar com essas demandas, com as mudanças e dinâmicas de um setor globalizado como o da produção de radioisótopos e de sua cadeia logística, tanto mundial, como nacional. Diante desta incerteza de continuidade da produção de radiofármacos, expressada pelo órgão, a SBMN se une ao IPEN como voz em busca de soluções, visando garantir o futuro da produção de radioisótopos e, assim, assegurar a continuidade da prestação dos bons serviços que, historicamente, o uso desses radioisótopos na medicina tem oferecido à população brasileira.
BLOG: O que está sendo feito?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Estamos cientes que estes órgãos e suas respectivas instâncias superiores estão empenhados na busca por soluções no curto, médio e longo prazo, nós como SBMN nos solidarizamos e empenhamos em expandir o diálogo, dar conhecimento e visibilidade a estas questões e a necessidade de se colocar em prática soluções no curto prazo, para que possamos realizar a promessa do futuro brilhante que se anuncia para a medicina nuclear, de modo a contribuir, na prática para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
BLOG: Há metas?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Com a nova diretoria da SBMN, ainda ao final de 2022 elencamos as seguintes metas que vêm norteando as principais ações deste novo biênio 2023-24, em consonância com a visão da instituição, e o que tem sido feito para atingi-las: apoiar e fomentar o ecossistema para o presente e futuro da Medicina Nuclear. Acreditando ser papel da SBMN ouvir as demandas dos diversos entes da comunidade nuclear, especialmente seus associados, e buscando coordenar esses diferentes atores em prol de objetivos comuns.
A SBMN se propõe a buscar a ampliação do uso e acesso das tecnologias nucleares para fins diagnósticos e de tratamento, propondo novas indicações de procedimentos já comprovadamente eficazes para Agência Nacional de Saúde (ANS) e na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no sistema Único de Saúde (CONITEC) para uma quantidade cada vez maior de brasileiros alinhados a uma conduta técnico-científica, ética e socialmente responsável. Realizamos, como de costume, este ano, nossa prova de título de especialista em parceria com a CNEN, assim como nosso 37º Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, que foi um grande sucesso.
Temos trabalhado em nossas mídias com intuito de atingir tanto o público leigo, desmistificando a medicina nuclear e seus usos em prol da saúde e com toda a segurança a que estamos habituados em nossa prática cotidiana, assim também suas indicações para médicos das mais diversas especialidades e, claro, para os especialistas médicos e de áreas correlatas da medicina nuclear, para quem oferecemos cursos, simpósios com treinamentos e aulas, que vão desde conceitos básicos até técnicas avançadas, em conjunto com diversas entidades como a Agência internacional de Energia Atômica - IAEA, a própria CNEN e IPEN, Associação Brasileira de Física Médica - ABFM, Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
BLOG: O que a entidade tem feito pela capacitação profissional?
RAFAEL WILLAIN LOPES: No que se refere ao crescimento e reconhecimento da especialidade, buscamos fortalecer os laços institucionais e criar, especialmente no âmbito da formação e educação dos profissionais médicos e de áreas correlatas, proporcionando, assim, sementes para o crescimento futuro do capital humano na área da saúde nuclear brasileira.
Neste sentido, promovemos cursos e simpósios próprios ou em parcerias com diversas instituições, nos mais diversos formatos, presencial, on line, híbrido e contamos para isto com grande apoio de diversas instituições como Agência Internacional de Energia Atômica - IAEA, CNEN, IPEN, Associação Brasileira de Física Médica - ABFM, Colégio Brasileiro de Radiologia - CBR, Associação Americana de Cardiologia - ASNC, ALASBIMN, Associação Europeia de Medicina Nuclear - EANM, dentre outras. Além de diversos webinares, desde a nossa já tradicional quinta-nuclear mensalmente discutindo casos e patologias com participação de profissionais em formação de diversas partes do país, assim como outros específicos que vem a atender a demandas e anseios da comunidade nuclear para discutir temas relevantes a sua prática.
No intuito de alinhar estes dois objetivos, buscamos firmar acordos de cooperação com entidades médicas internacionais que facilitem o intercâmbio de profissionais entre seus respectivos eventos científicos, seja na forma de vantagens para inscrições ou participação direta em eventos ou programas específicos, espaço para entidade nos eventos de forma a difundir a atuação da SBMN. Ainda neste alinhamento, tivemos a oportunidade representar o Brasil integrando uma delegação, em um fórum de especialista de Medicina Nuclear dos BRICS realizado em julho de 2023, no qual podemos constatar a enorme capacidade de cooperação que podemos oferecer aos demais países por meio do material humano e conhecimento acumulado ao longo dos mais de 62 anos de história da SBMN e prática da especialidade no Brasil, com profissionais de competência e renome internacional nas mais diversas áreas da medicina nuclear, da mesma forma que podemos aprender muito e trocar experiências sobre a produção de radiofármacos, com alguns dos líderes mundiais do setor.
BLOG: Bom trânsito na administração pública?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Nas relações institucionais nacionais e internacionais queremos fortalecer as relações da SBMN com os diversos órgãos da administração pública na esfera federal, em especial, aqueles relacionados ao exercício da medicina nuclear.
Buscamos reafirmar o papel da SBMN como o interlocutor dos médicos nucleares, desta forma, dialogar com a comunidade nuclear, e as mais diversa instituições, das mais diferentes esferas, estaduais, federais, públicas e privadas, autarquias, ministérios, poder executivo e legislativo, organizações sem fins lucrativos, conselhos de classe, sociedades profissionais, médicas e não médicas, agências nacionais e internacionais, visando a cooperação mútua, para difusão e expansão do conhecimento sobre a medicina nuclear, sua prática e utilização, bem como perspectivas, sempre com caráter institucional, quando possível na forma através de acordos que possam perdurar e se fortalecer ao longo do tempo tendo como escopo o crescimento do conjunto da comunidade da medicina nuclear e suas áreas de atuação.
A exemplo disso, temos realizados ao longo deste ano reuniões institucionais com ANVISA, suas gerências e presidência, IAEA, EANM, ALASBIMN, ABFM, CBR, com diretorias e a presidência da CNEN, destacando-se na última semana com ministérios como segurança institucional, saúde e o Vice-presidente da República e na sequência com a superintendência do IPEN, tendo em vista alinhamentos conjuntos.
BLOG: Qual o trabalho da SBMN na Educação?
RAFAEL WILLAIN LOPES: No que se refere à Educação, trabalhamos junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e sua câmara técnica de Medicina Nuclear, juntamente com Ministério da Educação (MEC) e Comissão Nacional de Residências Médicas (CNRM), visando uma proposta de inclusão da disciplina no currículo da Medicina em todo o Brasil.
Apesar de termos recebido uma negativa junto à câmara técnica do CFM em uma primeira consulta, continuamos buscando rediscutir o assunto e levar o pleito adiante em outras esferas com MEC e CNRM, uma vez que, sendo uma residência com acesso direto e fundamental, que os estudantes de medicina tomem conhecimento da especialidade já na sua graduação, se não por modo de uma disciplina formal, ao menos por uma carga horaria dedicada a falar sobre a Medicina Nuclear.
De forma similar, achamos extremamente importante divulgar as ciências nucleares para as áreas correlatas, e despertar também interesse nos demais profissionais, fundamentais para o crescimento do conjunto da comunidade, como Físicos, Biomédicos, Farmacêuticos, Químicos, Biólogos, e claro, fomentar também a pesquisa, tão intrinsicamente ligada à educação e ao avanço de qualquer área do conhecimento, através da participação em eventos que visem divulgar as aplicações da medicina nuclear, bem como sua multidisciplinaridade e as perspectivas de atuação neste campo.
E, claro, temos nosso congresso anual, como grande vitrine, a materialização e celebração da ciência da medicina nuclear nas suas mais diferentes vertentes, onde buscamos dar espaços para todos, especialmente pesquisadores de apresentarem seus trabalhos.
Também para a comunidade se atualizar, discutir os avanços que poderão virar benefícios aos pacientes no dia a dia de clinicas e hospitais através do aprimoramento técnico cientifico de seus profissionais e métodos empregados, tanto nos diagnósticos, como nas terapias que vêm ressurgindo com enormes perspectivas no campo agora do que se convenciona chamar de teranóstico, a ideia de associação da terapia ao diagnóstico, ou seja, eu trato o que eu vejo.
BLOG: Na área médica, o que faz a SBMN no que diz respeito à ética?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Fazemos a defesa da atuação profissional ética e responsável, trabalhando junto às instituições para o fortalecimento do papel do médico nuclear como pivô central no cuidado de pacientes em sua jornada de diagnóstico e tratamentos. Além disso, vamos criar um código de compliance e conduta da SBMN, objetivando orientar sócios, diretores, funcionários e parceiros em suas relações futuras, baseado nos preceitos do próprio código de ética médica, tendo em vista a crescente relação da instituição com diversos entes públicos e privados.
Com intuito de atingir este objetivo, já foi comunicado aos sócios em assembleia, os desafios que o mundo moderno e a realidade pós pandemia nos impõe nos aspecto de compliance e das relações com nossos parceiros, e que, para isso, está sendo iniciado o processo de criação de uma cultura de compliance interno e que deverá ter repercussão em todos os níveis de atividade e relações da SBMN, visando ainda mais transparência e segurança, com a criação de documentos relacionados que nos orientarão no futuro destas relações institucionais. Também foi iniciada uma aproximação com as entidades de classe regionais, associações médicas e conselhos, tendo em vistas possíveis sinergias na busca por soluções de questões mais localizadas ou pontuais, e neste sentido uma das sugestões que já surgiu seja a constituição de uma comissão de ética permanente e independente da SBMN, a se discutir no processo que se iniciará.
Perfil
Rafael Willain Lopes - Formado em medicina aos 23 anos pela Universidade Federal de Santa Catarina, cursou Residências em Medicina Interna e Cardiologia em hospitais públicos (Hospital Regional de São José e Instituto de Cardiologia de Santa Catarina) da Secretaria de Saúde de Santa Catarina e ambas pelo MEC, Pós-graduação Lato Sensu em Medicina Nuclear pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Doutorado em 2013 pelo Instituto Dante Pazzanese/Universidade de São Paulo; foi membro do programa de desenvolvimento de lideranças da Sociedade Americana de Cardiologia Nuclear (ASNC), ex-presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia Nuclear do Departamento de Ergometria e Reabilitação (DERC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), membro do corpo editorial do Journal Nuclear Cardiology - JNC e da Revista dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Imagem Cardiovascular - ABC-IC e coordenador médico e responsável técnico do Departamento de Medicina Nuclear do Hospital do Coração/SP; entre outros.
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- 20/12/2023 - Parceria entre Acervo dos Palácios e IPEN restaura escultura de São JerônimoTécnica inovadora consegue recuperar imagem e preservar o patrimônio artístico do Palácio do Governo
Técnica inovadora consegue recuperar imagem e preservar o patrimônio artístico do Palácio do Governo
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
O governo do Estado de São Paulo, através de uma parceria entre o Acervo dos Palácios – departamento da Secretaria da Casa Civil – e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) implementaram com sucesso um processo inovador de recuperação de uma escultura de São Jerônimo em madeira que estava em processo de deterioração.
O projeto, que conta com diversas fases, como o diagnóstico do objeto, a consolidação polimérica, a análise evolutiva das etapas, o restauro e as análises finais, é muito importante para as Ciências do Patrimônio, pois pela primeira vez esse tipo de ação foi realizado com sucesso em um objeto artístico-histórico no Brasil.
O processo começou com uma avaliação do objeto e da escolha pela melhor técnica para recuperá-lo, que levou muitos anos de pesquisa da restauradora-conservadora do Acervo dos Palácios, Adriana Pires. Ela é responsável pelo laboratório de restauro do Acervo dos Palácios há 21 anos e conheceu a técnica de consolidação polimérica durante um simpósio. Logo se lembrou da escultura e da possibilidade de restaurá-la com esse procedimento.
"A escultura de São Jerônimo, em madeira policromada, chegou ao laboratório de restauração em estado grave de conservação. A peça apresentava muitas perdas de suporte por ataques intensos de insetos xilófagos, cupim e broca, e estava totalmente desestruturada pelas perdas significativas de material. Existiam lacunas enormes no interior da peça, o que dificultou nosso trabalho de restauração, já que não dispúnhamos de nada que pudesse alcançar e preencher tão profundamente as áreas atacadas”, disse Adriana.
Segundo a restauradora, a consolidação polimérica com uso de radiação ionizante foi a técnica perfeita para esse processo de reestruturação do suporte. Foi a partir da consolidação no irradiador de cobalto 60 que o processo de restauração da peça pôde ser concretizado.
Para viabilizar o projeto, foi indispensável o apoio da equipe do IPEN, coordenada por Pablo Vasquez, que participou ativamente da pesquisa e possuía laboratório com equipamentos de ponta para a execução.
A consolidação polimérica é um processo que preenche perdas da escultura ("orifícios”) com uma resina que solidifica em contato com radiação gama. Para sua utilização num objeto histórico-artístico, os pesquisadores Dr. Pablo Vasquez e Dra. Maria José de Oliveira selecionaram uma resina específica, dentre diversas desenvolvidas, que se adequasse às especificidades necessárias para o procedimento e respeitassem as particularidades da escultura.
Colaboraram para a viabilização da ação o Departamento de Tomografia do Hospital Universitário da USP e o Museu de Zoologia da USP, que captaram imagens para as análises iniciais do procedimento e as imagens finais para a avaliação de resultados.
Também foram feitas análises físico-químicas em parceria com o Laboratório Essencis Tecnologies, que possibilitarão estudos mais aprofundados sobre a composição técnica da obra.
Durante a consolidação polimérica, a peça foi colocada num pequeno reator, criado sob medida para a escultura. O processo cria um vácuo que força a entrada da resina nos espaços vazios no interior da obra, submersa na substância e dentro da estrutura, com a indução de uma pressão positiva. O processo leva aproximadamente 24 horas.
Na sequência, a escultura passou por processo de restauro no laboratório de restauração do Acervo dos Palácios, onde foram realizadas ações curativas como limpeza (após a realização dos testes de solvência), nivelamentos e reintegração pictórica. Todos os materiais usados na restauração da obra são reversíveis e específicos para esse tipo de ação.
"É gratificante ver o resultado bem-sucedido desse processo de restauro nesta escultura sacra. Acredito que após 10 anos de pesquisa em busca de um método para poder recuperar a obra estamos frente a uma grande conquista científica, que aplicou tecnologia de ponta numa área tão específica como o restauro, possibilitando que a escultura volte a ser exposta.”, declarou Adriana.
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- 12/12/2023 - Programa exclusivo de desenvolvimento de deep techs da USP com inscrições abertasSerão selecionadas 20 startups que utilizam descobertas científicas de ponta para solucionar grandes problemas da sociedade
Serão selecionadas 20 startups que utilizam descobertas científicas de ponta para solucionar grandes problemas da sociedade
Fonte: Agência FAPESPA Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, ambiente de empreendedorismo da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) sob gestão do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), está com inscrições abertas até sábado (16/12) para um programa exclusivo de desenvolvimento de deep techs.Serão selecionadas 20 startups que utilizam descobertas científicas de ponta para solucionar grandes problemas da sociedade. Essas deep techs serão desenvolvidas no Programa DNA, metodologia proprietária ancorada nos 25 anos de expertise do ambiente de inovação da USP e do Ipen.As áreas prioritárias para participação abrangem Medicina & Saúde, Biotecnologia, Eletroeletrônicos, Química, Meio Ambiente e Tecnologia da Informação. A incubadora também está aberta a startups de outras áreas de conhecimento, desde que estejam envolvidas em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criação de novos produtos, processos e serviços.As startups selecionadas receberão um diagnóstico personalizado, com a avaliação do nível de maturidade do negócio e recomendações de especialistas para o desenvolvimento de pontos estratégicos. Por meio do Programa DNA, terão acesso a capacitações, mentoria, oportunidades de negócios e eventos exclusivos.Além disso, os empreendedores se conectarão a uma rede de parceiros que oferecem benefícios, incluindo Sebrae, Centro de Inovação do Hospital das Clínicas (InovaHC), Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Anprotec e institutos da USP.As inscrições podem ser feitas por formulário on-line. Não é necessário possuir CNPJ constituído para se candidatar.As candidaturas serão avaliadas pela banca examinadora com base em critérios como grau de inovação, perfil empreendedor, potencial de mercado, risco tecnológico e impacto. O resultado do processo seletivo será divulgado em março de 2024.Mais informações: www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-sp/ -
- 06/12/2023 - USP/Ipen seleciona 20 deep techs para programa de desenvolvimentoPor meio do programa, as deep techs receberão diagnósticos sobre o negócio, além de acesso à capacitações, mentoria e outras vantagens
Por meio do programa, as deep techs receberão diagnósticos sobre o negócio, além de acesso à capacitações, mentoria e outras vantagens
Fonte: Olhar Digital
Por Estella Abreu, editado por Bruno Ignacio de Lima
A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, ambiente de empreendedorismo da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), está com inscrições abertas para um programa de desenvolvimento de deep techs.
As deep techs serão desenvolvidas no Programa DNA, metodologia proprietária ancorada nos 25 anos de expertise do ambiente de inovação da USP e do Ipen.
Os interessados podem fazer a inscrição até o dia 16 de dezembro.
A princípio, serão selecionadas 20 startups que utilizam descobertas científicas de ponta para solucionar grandes problemas da sociedade.
Áreas prioritárias
As áreas prioritárias para participação incluem:
- Medicina e Saúde;
- Biotecnologia;
- Eletroeletrônicos;
- Química;
- Meio Ambiente;
- Tecnologia da Informação.
No entanto, a incubadora também está aberta a startups de outras áreas de conhecimento, caso estejam envolvidas em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criação de novos produtos, processos e serviços.
Benefícios oferecidos
Sendo assim, as startups selecionadas receberão um diagnóstico personalizado, avaliando o nível de maturidade do negócio, além de recomendações de especialistas para o desenvolvimento de pontos estratégicos.
Os interessados podem fazer a inscrição até o dia 16 de dezembro.
No entanto, a incubadora também está aberta a startups de outras áreas de conhecimento, caso estejam envolvidas em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criação de novos produtos, processos e serviços.
Por outro lado, por meio do Programa DNA, os integrantes terão acesso a capacitações, mentoria, oportunidades de negócios e eventos exclusivos.
Além disso, os empreendedores se conectarão a uma rede de parceiros que oferecem benefícios, incluindo:
- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae);
- InovaHC;
- Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi);
- Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec);
- Institutos da USP.
Metodologia
O programa DNA oferece trilhas formativas híbridas, combinando experiências on-line e presenciais.
Os empreendedores participarão de uma metodologia única dividida em três ciclos:
- Descoberta;
- Negócios;
- Acel
Nesse sentido, as metodologias permitem que os empreendedores recebam suporte adequado conforme a maturidade de seus negócios e tecnologias.
Como se inscrever
Não é necessário possuir CNPJ constituído para se candidatar. O processo é simples: basta preencher o formulário disponível neste link.
As candidaturas serão avaliadas pela Banca Examinadora com base em critérios como grau de inovação, perfil empreendedor, potencial de mercado, risco tecnológico e impacto.
Por fim, o resultado do processo seletivo será divulgado em março de 2024 e o início da jornada começa em abril de 2024.
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- 28/11/2023 - Alunos dos cursos de Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Sistemas Biomédicos visitam Instituto de Pesquisa Energéticas e NuclearesA visita monitorada ocorreu em 28 de novembro e propiciou aos alunos o acesso às atividades multidisciplinaridade do setor nuclear do país
A visita monitorada ocorreu em 28 de novembro e propiciou aos alunos o acesso às atividades multidisciplinaridade do setor nuclear do país
Fonte: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Os alunos dos cursos de Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Sistemas Biomédicos da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) visitaram, em 28 de novembro, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), estabelecido dentro da Universidade de São Paulo (USP).
Os alunos foram acompanhados pelos docentes dos cursos tecnológicos, o Prof. Sergio Bittencourt e o Prof. Rodrigo Oliveira. A visita faz parte do programa de atividades práticas dos cursos, onde os alunos têm a oportunidade de conhecer o reator nuclear e o setor de radiofarmácia de institutos e empresas parceiras.
De acordo com os professores, a visitação monitorada propicia aos alunos o acesso às atividades multidisciplinaridade do setor nuclear do país, como as áreas da Física Nuclear, Radioquímica, Biotecnologia e Materiais Avançados.
Durante a visita, os alunos puderam conhecer o IEA-R1 no Centro do Reator de Pesquisa. O equipamento é um reator do tipo piscina, moderado e refrigerado à água leve, capacitado a atender experimentos de física nuclear, física de estado sólido, além de realizar pesquisas em terapia de câncer.
Atualmente, o reator atua na produção de radioisótopos para uso em Medicina Nuclear; na produção de fontes radioativas para gamagrafia industrial, ou seja na no ensaio que permite avaliar diversos tipos de defeitos tanto em estruturas como em soldas; na produção de radioisótopos para processos industriais; e na irradiação de amostras para a realização de análises multielementares.
Os alunos também visitaram o Centro de Radiofarmácia, pioneiro na produção de radioisótopos e radiofármacos no Brasil. De acordo com o professor Rodrigo Oliveira, o Instituto possui o Acelerador Cíclotron, e, por meio do programa de nacionalização e desenvolvimento de novos produtos, tem produzido e distribuído em todo o território nacional diversos produtos radioativos para diagnóstico e tratamentos. Além disso, o equipamento produz radioisótopos primários, moléculas marcadas e reagentes liofilizados, todos com qualidade controlada para administração em seres humanos na forma de fármacos injetáveis, destinados ao diagnóstico e terapia de inúmeras patologias.
A visita foi acompanhada pela Sra. Katia Reiko Itioka e o Sr. Sérgio Tavares, ambos da Comunicação Institucional do IPEN; do Sr. Marcos Rodrigues de Carvalho, pesquisador nas instalações do Reator IEA-R1; e da Sra. Regina Celia Carneiro, gerente de produção no Centro de Radiofarmácia.
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- 17/11/2023 - Incubadora de São Paulo anuncia 2ª edição de programa exclusivo para impulsionar 'deep techs'Fonte: Cietec
A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo - ambiente de empreendedorismo da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Pesquisa Energéticas e Nucleares (IPEN) sob gestão do CIETEC - está com inscrições abertas para um programa exclusivo de desenvolvimento de deep techs. Esta é uma oportunidade única, que selecionará 20 startups que utilizam descobertas científicas de ponta para solucionar grandes problemas da sociedade. Essas deep techs serão desenvolvidas no Programa DNA, metodologia proprietária ancorada nos 25 anos de expertise do ambiente de inovação da USP e do IPEN. As inscrições estarão abertas até o dia 16 de dezembro, no link: www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-sp.
As áreas prioritárias para participação abrangem Medicina & Saúde, Biotecnologia, Eletroeletrônicos, Química, Meio Ambiente e Tecnologia da Informação. No entanto, a incubadora também está aberta a startups de outras áreas de conhecimento, desde que estejam envolvidas em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criação de novos produtos, processos e serviços.
Atualmente, a Incubadora de São Paulo já abriga 84 startups, sendo a maioria delas (mais de 70%) relacionadas às áreas de Ciências da Vida e Tecnologias Verdes. Ao longo de 25 anos, mais de mil startups já passaram pelo programa de incubação da USP/IPEN.
Benefícios oferecidos: diagnóstico, networking e acesso a mercados
As startups selecionadas receberão um diagnóstico personalizado, avaliando o nível de maturidade do negócio, além de recomendações de especialistas para o desenvolvimento de pontos estratégicos. Por meio do Programa DNA, terão acesso a capacitações, mentoria, oportunidades de negócios e eventos exclusivos.
Além disso, os empreendedores se conectarão a uma rede de parceiros que oferecem benefícios, incluindo Sebrae, InovaHC, INPI, Anprotec e institutos da USP.
Trilhas formativas e metodologia exclusiva
O programa DNA oferece trilhas formativas híbridas, combinando experiências online e presenciais. Os empreendedores participarão de uma metodologia única dividida em três ciclos: Descoberta, Negócios e Aceleração. Isso permite que os empreendedores recebam suporte adequado de acordo com a maturidade de seus negócios e tecnologias.
"O formato foi pensado com o objetivo de entregar um valor específico para diferentes momentos da jornada empreendedora, considerando tanto a maturidade do negócio como da tecnologia”, pontua Felipe Maruyama, diretor de Operações do Cietec, entidade gestora do ambiente.
Candidatura Simplificada
É importante observar que não é necessário possuir CNPJ constituído para se candidatar. O processo é simples: basta preencher o formulário disponível neste link: www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-sp.
As candidaturas serão avaliadas pela Banca Examinadora com base em critérios como grau de inovação, perfil empreendedor, potencial de mercado, risco tecnológico e impacto. O resultado do processo seletivo será divulgado em março de 2024.
Programa DNA - Incubadora de São Paulo
Inscrições: De 6 de novembro a 16 de dezembro
Como se inscrever: www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-sp
Vagas Disponíveis: 20
Divulgação dos Resultados: 19 de março de 2024
Início da Jornada: 9 de abril de 2024
Áreas Prioritárias: Medicina & Saúde, Biotecnologia, Eletroeletrônicos, Química, Meio Ambiente e Tecnologia da Informação
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- 16/11/2023 - A economia do hidrogênio e a tecnologia nuclear; protagonismo do IPEN/CNEN, por Marcelo Linardi (II parte)Fonte: Blog Tania MalheirosNa primeira parte de meu artigo mencionei as considerações sobre as possibilidades de utilização da energia do hidrogênio como base energética tem se intensificado. Discussão acelerada por acontecimentos como a invasão da Ucrânia pela Rússia, colocando entraves ao comércio de gás natural na Europa e, não menos importante, a aceleração das mudanças climáticas, refletida em eventos do clima extremos por todo o planeta, causando muita destruição, mortes e prejuízos incalculáveis à humanidade. Nesta segunda parte, o foco é mais a questão nuclear no Brasil, suas utilizações em usinas nucleares, por exemplo, e a importância do protagonismo do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN). Como todo período de transição tecnológica, dúvidas e afirmações superficiais surgem costumeiramente. E no uso da tecnologia do hidrogênio e a tecnologia nuclear, não seria diferente. Entretanto, temos que considerar fatores importantes, que podem influenciar, significativa e positivamente, a evolução tecnológica em questão, como ocorreu em outras épocas com outras tecnologias. Nada é estanque e afirmações precipitadas só servem para confundir e mascarar a realidade.
Fato é que as mudanças no clima planetário têm causa antropogênica, comprovada pela ciência, e as ação para mitigar as emissões de gases de efeito estufa precisam entrar em planejamentos energéticos nacionais de uma maneira mais efetiva em relação aos últimos anos. Algumas afirmações prematuras ou precipitadas são discutidas a seguir, sem, entretanto, esgotar o assunto.
O hidrogênio é muito perigoso? Ora, esse medo ocorreu com os derivados do petróleo há 100 anos. A ciência e a tecnologia aprenderam a manuseá-los de maneira segura ao longo do tempo. A mesma curva de aprendizado se espera para o manuseio e armazenamento seguros do hidrogênio. Já existem várias empresas que oferecem produtos seguros nesta questão. Há um experimento interessante, onde dois carros são jogados em alta velocidade contra uma parede, cujo respectivo vídeo está disponível na internet. O carro a gasolina explode, causando mais danos que os causados no carro a hidrogênio/célula a combustível, que não chega a explodir, mas sim queimar num jato de chama.
A mineração para as baterias e as células a combustível são sujas e a demanda de metais é insana? É possível também processar uma mineração e uma metalurgia verdes, com técnicas ambientalmente limpas. Além disso, a evolução tecnológica pode reduzir quantidades de metais nobres, utilizando nanotecnologia, por exemplo, ou ainda ativando processos eletroquímicos termicamente, reduzindo, ou mesmo eliminando a necessidade de metais nobres.
A tecnologia é ainda muito cara? Sim, é verdade. Ainda! Assim como ocorreu com a indústria automotiva, a taxa de redução de custos vai ser acelerada com a produção em massa e o aumento do mercado específico (verde), seguindo, inclusive, determinações legais em certos países ou regiões. Temos exemplos na Europa, que, aliás, vai limitar, num futuro próximo, o licenciamento de automóveis poluentes.
Não adianta nada fazer algo aqui, pois o processo é global e outras nações não colaboram? Se pensarmos assim, o fim do mundo está já anunciado. Temos que fazer nossa parte, repetimos, em que pese nossa matriz elétrica bastante renovável, bem acima da média mundial. As ações governamentais, como já mencionado, podem acelerar esta questão.
Todo o processo é ineficiente? Em alguns casos sim, é verdade, sob o ponto de vista termodinâmico, mas a eficiência do carro a combustão interna a gasolina, do poço à roda, é de menos de 15%. E isso tudo para transportar o próprio veículo, sendo os passageiros uma ínfima fração deste. O fato é que outra variável entra em ação, o caráter ambiental, deixando a eficiência energética em segundo plano. Importante salientar, também, que as tecnologias de hidrogênio vão conviver, por um bom tempo, com as tradicionais. Essa transição pode ser saudável para a economia, embora não o seja para as mudanças climáticas. Só o tempo dirá em que taxa de crescimento a transição ocorrerá, pois são muitas as variáveis envolvidas. Certo é que já está ocorrendo!
Neste momento, temos que pontuar as possíveis contribuições da tecnologia nuclear para a chamada Economia do Hidrogênio que podem ser divididas em três grandes eixos de atuação. O primeiro trata da produção térmica do hidrogênio; o segundo diz respeito à aplicação de técnicas nucleares tanto para a caracterização de materiais na área como para produção de novos materiais (ou propriedades de materiais) via radiação e o terceiro relaciona-se com a possiblidade de aproveitamento do hidrogênio produzido nas instalações de produção de cloro nas usinas nucleares. O cloro é utilizado na purificação biológica da água de refrigeração dos reatores tipo PWR (Pressurized Water Reactor), principalmente.
Considerando a produção de hidrogênio a altas temperaturas, a fonte térmica nuclear é estável, limpa e possui grande capacidade produtiva. A combinação dessa fonte de calor com a produção térmica de hidrogênio é hoje em dia uma base real de estudo e pesquisa em todo o mundo. Os reatores nucleares do tipo HTGR (High Temperature Gas-cooled Reactor), que utilizam o gás hélio como refrigerante, são uma excelente opção para este fim. A temperatura máxima do combustível pode atingir cerca de 1260ºC e a temperatura do gás de saída para o sistema de transferência de calor é da ordem de 785ºC.
Com o aquecimento do sistema de eletrólise por meio de um reator nuclear HTGR, com eletrólise a 850ºC, pode-se atingir até 50% (rendimento total de energia consumida em relação à energia gerada para produção de hidrogênio). Esse nível de rendimento é superior ao da eletrólise a frio, na ordem de 27% para eletrólise alcalina. Este fato mostra o ganho de produção de hidrogênio que o aquecimento induz no processo de eletrólise a quente, utilizando-se uma energia menos nobre (térmica) que a elétrica, que pode vir de reatores nucleares.
Segundo estudos já existentes, pode-se propor, a partir de construções específicas para uma planta industrial, com base em aquecimento nuclear, um sistema HTGR associado ao processo de eletrólise a quente, para produção de hidrogênio de alta pureza, de forma eficiente e em grandes quantidades.
Vale lembrar que a energia térmica de reatores nucleares também pode ser útil em combinação com eletrolisadores do tipo SOEC (Solid oxide Electrolic Cell), derivadas da célula a combustível tipo SOFC (Solid Oxide Fuel Cell), com eficiências da ordem de 70%. Por fim, ainda existe a possibilidade de aproveitamento do hidrogênio produzido como subproduto da eletrólise da água do mar para produção de hipoclorito de sódio, do sistema de cloração da água de refrigeração das Centrais Nucleares, em geral.
Quanto às técnicas nucleares, lembro que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) realizou, em 2008, a primeira reunião em sua sede em Viena, Áustria, sobre o tema, entre outras, das quais participei, abrangendo os três eixos citados. Este encontro gerou um Relatório de distribuição restrita da IAEA, sob número 08CT03399.
Inúmeras técnicas nucleares ou que utilizam radiação, como espectroscopia de aniquilação de pósitrons (PAS-Positron Annihilation Spectroscopy), microscopia de varredura por tunelamento (STM-Scanning Tunnelling Microscopy), microscopia eletrônica (SEM e TEM) e ferramentas de Testes Não-Destrutivos, têm papel importante na caracterização de materiais atualmente, que vão desde o nível atômico até a escala macroscópica.
Algumas das melhores técnicas podem ser fornecidas por aceleradores. Consequentemente, essas técnicas analíticas têm um grande impacto nos estudos de materiais nanoestruturados, metais leves e ligas, e materiais eletrônicos, entre outros. Uma importante ferramenta para caracterizar as propriedades e desempenho dos materiais é a Análise por Feixe de Íons (IBA).
Outra é a radiação síncrotron que, assim como os feixes de nêutrons, íons e elétrons, pode ser usada para a caracterização de materiais em tempo real. Com esta tecnologia, podem ser enfrentados vários desafios tecnológicos e de investigação específicos da utilização de determinados materiais em aplicações relacionadas com a energia.
Uma outra aplicação importante para a área do hidrogênio é a utilização de neutrografia para o estudo da distribuição de água em células a combustível de baixa temperatura de operação, aproveitando o fato de que nêutrons "enxergam” moléculas de água, diferentemente de raios-X. Estes dados são muito importantes, pois o afogamento de canais das células são um problema grave de perda de eficiência.
Além disso, pode-se aproveitar o resultado da radiólise de soluções aquosas para produzir agentes fortemente redutores, como elétrons solvatados e átomos de hidrogênio, para a produção de nanoestruturas metálicas, estabilizadas por outros agentes, via redução eletroquímica de metais de interesse em eletrocatálise para células a combustível.
Nesta área, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da Comissão nacional de Energia Nuclear (CNEN) produziu algumas patentes e publicações científicas, utilizando radiações gama, beta e também feixe de nêutrons e de elétrons, para a produção de catalisadores nanoestruturados e membranas trocadoras de íons, para aplicações em células de baixa temperatura de operação. Destaco mais adiante o papel de maior importância do IPEN, no campo da tecnologia do hidrogênio, que deve ser democratizado para conhecimento e reconhecimento de toda a sociedade.
Quanto ao aproveitamento do hidrogênio na produção de hipoclorito de sódio, cito como exemplo o caso brasileiro. Obviamente, este aproveitamento pode ser feito em qualquer instalação semelhante. As usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, operadas pela Eletronuclear, utilizam a água do mar como fluido refrigerante no circuito terciário de refrigeração (condensadores). O hipoclorito de sódio é adicionado a este fluido refrigerante de forma a atuar como biocida para evitar o crescimento de bioincrustação (biofouling) nos equipamentos e tubulações desse circuito terciário. O hipoclorito de sódio é produzido continuamente, através de um sistema que realiza a eletrólise da água do mar. O subproduto da produção do hipoclorito de sódio pela eletrólise é o gás hidrogênio, o qual está sendo, atualmente, totalmente liberado para atmosfera.
Dois sistemas de eletrólise operam nas centrais nucleares: Angra1, com produção de uma quantidade de hidrogênio; e outro em Angra 2, com outra produção de hidrogênio. Somando os dois sistemas, Angra 1 e Angra 2, há um lançamento contínuo de hidrogênio para a atmosfera da ordem de 140Nm3/h. O que isto representa? Que essas quantidades não são desprezíveis. E mais: caso seja construída Angra 3, esse volume lançado para a atmosfera passa para 260 Nm3/h.
Uma célula a combustível do tipo PEM utiliza cerca de 0,66 Nm3/h de hidrogênio por kW elétrico produzido. Logo, a disponibilidade de hidrogênio produzido nas usinas permite obter uma potência de aproximadamente 210kW.
Portanto, uma possível aplicação dos sistemas de produção de energia distribuída seria a utilização da energia elétrica na vila residencial de Praia Brava, resultante do aproveitamento do hidrogênio, via células PEM. Neste caso, a energia elétrica gerada pelas células a combustível poderia complementar a rede local e poderia, ainda, gerar água quente, por exemplo, para hospedagem.
Vimos aqui que a chamada Economia do Hidrogênio não é um simples sonho. Pode ser realidade. As perguntas que devemos fazer são apenas: "Quando?”, "Em que penetração de mercado?” e "A que preço?”. Embora uma "Economia do Hidrogênio” madura pressuponha soluções técnicas e econômicas para a produção, armazenagem e utilização do hidrogênio, nada impede que soluções parciais para cada uma destas áreas possam ser implementadas separadamente e a seu tempo.
A demanda global de energia é crescente, enquanto a preocupação com o meio ambiente e mudanças climáticas se tornam imperativas. Esta combinação única de tendências cria inúmeras oportunidades para o hidrogênio entrar numa matriz energética nacional como um armazenador complementar de energia elétrica.
No Brasil, em particular, há necessidade de desenvolvimento de uma tecnologia nacional, segundo o nosso mercado específico, que possui características diferentes de outros países, como a utilização de outro vetor energético: o etanol. A opção brasileira pelo hidrogênio obtido do etanol deveu-se a vários fatores, que tornam esta escolha interessante. O etanol é um combustível líquido, de fácil armazenamento e transporte, já havendo no Brasil toda a infraestrutura para a sua produção, armazenamento e distribuição em todo o território nacional. Além disso, o etanol possui outras características muito importantes, como ser pouco tóxico e ser um biocombustível, portanto, renovável. É um insumo rico em hidrogênio.
A aplicação estacionária, ou seja, a geração distribuída de energia elétrica com células a combustível, representa um enorme potencial de crescimento e uma oportunidade ímpar à indústria nacional, mesmo com empresas estrangeiras concorrendo. Insere-se aí o fornecimento de energia elétrica a regiões isoladas do país, aumentando a qualidade de vida destas comunidades. Outro nicho de mercado promissor é a aplicação veicular, com os carros e caminhões elétricos híbridos, ou mesmo os "puros”, movidos a células a combustível/hidrogênio.
Toda mudança global vem acompanhada de oportunidades de sucesso e crescimento. Com o binômio células a combustível/hidrogênio não será diferente. Portanto, compete aos atores: governos, universidades, institutos de pesquisa e empresas a tomada de decisões estratégicas, no momento certo, para se destacarem a assumirem posições privilegiadas no futuro. Enfatizando, mais uma vez para finalizar, os obstáculos à introdução da chamada Economia do Hidrogênio não se configuram como dificuldades intransponíveis. O Brasil já possui o seu roteiro para a Economia do Hidrogênio e um programa nacional de pesquisa e desenvolvimento para esta tecnologia. Neste artigo, portanto, é preciso destacar o papel do IPEN/CNEN em todo o processo de pesquisas e da economia do hidrogênio que estamos tratando.
IPEN - Protagonismo
A criação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em 1956, está relacionada diretamente à área de energia. Esta área do conhecimento permeia vários Centros de Pesquisa do instituto até os dias de hoje. O Instituto vai além da bancada, pois tem vocação para projetos de pesquisa e desenvolvimento que levam a produtos, protótipos e/ou processos até escala piloto, favorecendo assim a Inovação Tecnológica, como demonstra seu passado, no desenvolvimento da tecnologia nuclear no país.
Os recursos orçamentários para custeio e investimento das atividades do IPEN são repassados pela CNEN. Além dos recursos advindos da CNEN, o IPEN capta recursos junto a Fundações de Apoio à Pesquisa, Agências de Fomento, nacionais e internacionais, e por intermédio de parcerias com empresas e outras instituições públicas.
A Instituição sente-se orgulhosa de ter contribuído, de maneira significativa, para o desenvolvimento da Economia do Hidrogênio no Brasil, com realizações cientificas e tecnológicas, no período de 1998 até a atualidade. Em consequência destas realizações, o IPEN/CNEN tornou-se referência nacional e internacional na área, como comprovam as parcerias institucionais e projetos de inovação tecnológica estabelecidas com empresas nacionais e estrangeiras como, por exemplo, Nissan e Shell.
Todas as atividades científicas e tecnológicas contaram com a valiosa contribuição dos alunos, em todos os níveis, desde a Iniciação Científica, até o Pós-doutoramento, inseridos no Programa de Pós-Graduação IPEN/USP. Nesta área, especificamente, oito cursos foram oferecidos na primeira década do século XXI, a saber: Introdução à Tecnologia de Células a Combustível; Tópicos em Eletrocatálise para Células a Combustível de Baixa Temperatura; Eletroquímica: Princípio e Aplicações; Engenharia Eletroquímica e Reatores Eletroquímicos; Tópicos Avançados em Células a Combustível: Materiais; Tópicos Avançados em Células a Combustível: Fenômenos de Transporte; Projeto e Análise Técnico-Econômica para Células a Combustível e Tecnologia do Hidrogênio para Aplicação em Células a Combustível. Um cálculo aproximado, revela um total de 330 alunos (80 doutorandos, 130 mestrandos, 100 alunos de Iniciação Científica), além de 20 pós-doutorados, que obtiveram formação relacionada à Economia do Hidrogênio no IPEN/CNEN na última década.
Como consequência desta atuação exitosa, o IPEN/CNEN tem aumentado, recentemente, e de maneira significativa, a qualidade de suas publicações em periódicos internacionais, além de apresentar uma média anual de 280 publicações em periódicos internacionais, 152 patentes depositadas, 25.000 itens no Repositório Digital e Índice-h de 90. A localização de uma Incubadora de empresas de caráter tecnológico no Campus do IPEN que, por sua vez, está dentro da USP, ambos na maior cidade industrial do Brasil, cria um ambiente profícuo em Ideias e Inovação Tecnológica, com características únicas.
Este quadro atual é fruto de 65 anos de trabalho sério e comprometido com a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Um futuro de sucesso do IPEN depende, fortemente, de ações políticas de continuidade.
Perfil
MARCELO LINARDI - Pesquisador Emérito do IPEN, no Centro de Células a Combustível e Hidrogênio; graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998; autor de vários livros, entre eles, "O IPEN e a Economia do Hidrogênio”, Editora SENAI, 288p, São Paulo, 2022. Exemplares podem ser solicitados, gratuitamente, em superintendente@ipen.br
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- 15/11/2023 - A economia do hidrogênio e a tecnologia nuclear, por Marcelo Linardi (I parte)Fonte: Blog Tania Malheiros
"Nos últimos anos a discussão sobre as possibilidades de utilização da energia do hidrogênio como base energética tem se intensificado. Essa discussão foi acelerada, recentemente, por acontecimentos como: a invasão da Ucrânia pela Rússia, colocando entraves ao comércio de gás natural na Europa e, não menos importante, a aceleração das mudanças climáticas, refletida em eventos do clima extremos por todo o planeta, causando muita destruição, mortes e prejuízos incalculáveis à humanidade.O vetor energético hidrogênio representa uma ótima possibilidade como substituto, setorialmente, para os combustíveis fósseis, no Brasil e no mundo, em que pese o fato de a nossa matriz elétrica já ser em torno de 85% renovável, segundo o próprio Presidente Lula, em discurso recente na Assembleia Geral da ONU. Nenhuma dessas informações é novidade, fato que nos conduz ao objetivo deste artigo.
Especialistas alegam que a opção renovável não importa ao Brasil neste momento, ou ainda que a introdução de carros elétricos não resolveria o problema das emissões nocivas ao meio ambiente ou tampouco que se trata de uma energia limpa, devido à mineração maciça de seus insumos. Pondera-se ainda, que o hidrogênio é inviável economicamente - e também energeticamente – sendo apenas um sonho a desejada Economia do Hidrogênio.
Todas essas afirmações são, no mínimo, apressadas ou mesmo superficiais. Portanto, temos por objetivos tecer algumas considerações sobre esses assuntos, sem esgotá-los, definir alguns termos e, por fim, listar algumas possíveis contribuições que a tecnologia nuclear pode fornecer neste desenvolvimento tão crucial neste momento da humanidade.
Visando, então, a definição do conceito de Economia do Hidrogênio recorre-se ao desenvolvimento tecnológico ao longo da história. A humanidade passou por vários períodos de utilização de diferentes fontes primárias de energia. Podemos citar, por exemplo, a madeira como a primeira fonte primária de energia utilizada pelo homem. Segue-se a este período a era do carvão que, associada a desenvolvimentos tecnológicos, possibilitou a revolução industrial.
Denomina-se então a Economia do Carvão para este período da história, onde grande parte da energia que alimentava a economia provinha do carvão. Seguiu-se, posteriormente, a Economia do Petróleo/Gás Natural, que é a que vivemos hoje. É interessante notar que houve uma descarbonização progressiva das fontes primárias de energia.
Décadas atrás sonhou-se com uma Economia Nuclear, que por motivos diversos (como: a não-aceitação pública, após os acidentes de Chernobyl e Fukushima, além de questões de não-proliferação de armas nucleares) não aconteceu.
Portanto, define-se a Economia do Hidrogênio como sendo a economia, cuja fonte energética principal (mais de 90%), que move essa economia, num certo período da humanidade, provenha do vetor energético hidrogênio, que por sua vez, pode ser obtido de diversas fontes primárias de energia, preferencialmente, de origem renovável, em detrimento à de origem fóssil.
Outra observação interessante se faz necessária e diz respeito à geografia. Todos os recursos naturais de fontes de energias primárias estavam ou estão localizados em determinadas regiões do planeta, beneficiando, naturalmente, os países destas regiões. Este fato gerou e gera conflitos político-econômicos e até guerras.
Por outro lado, a obtenção do gás hidrogênio tem um caráter bastante flexível, sendo este fato uma de suas características mais interessantes. Ele pode ser obtido a partir de energia elétrica (via eletrólise da água), pelas fontes: hidroelétricas, geotérmicas, eólica e solar fotovoltaica, todas geológicas, ou também da eletricidade de usinas nucleares. Também pode ser obtido da energia da biomassa (via reforma catalítica ou gaseificação, seguido de purificação), como: etanol, lixo, rejeitos da agricultura, por exemplo.
A fonte de hidrogênio mais viável economicamente é, entretanto, o gás natural. Seguramente, o gás natural fará, como fonte principal de hidrogênio, uma transição, uma ponte, entre o hidrogênio não renovável e o renovável, também conhecido como hidrogênio verde, ou ainda, de baixo carbono. Essa transição é bem-vinda, pois suaviza a transição tecnológica e já traz benefícios em termos de eficiência energética, se compararmos à simples queima do gás metano.
A rota do etanol como insumo renovável para a obtenção de hidrogênio é particularmente importante ao Brasil. Talvez o único país que pode explorar esta linha de produção, no mundo, em grande escala, devido às suas características, aliás as mesmas que geraram o sucesso do Proálcool, após o desenvolvimento dos carros Flex. Esta flexibilidade em relação à sua obtenção permite que cada país escolha sua melhor maneira de produzir o hidrogênio, segundo suas próprias disponibilidades.
Em uma plena economia do hidrogênio, as emissões poluidoras seriam insignificantes; a eficiência de conversão energética químico/elétrica seria pelo menos o dobro da atual e os conflitos geopolíticos, de origem energética, poderiam ser atenuados (fato inédito na humanidade).
Alguns pontos críticos para o desenvolvimento da Economia do Hidrogênio podem ser citados. O hidrogênio é um vetor energético, ou seja, não está disponível na natureza, precisando ser obtido de uma fonte primária que o contenha, elevando obviamente, o seu custo. Este fato tende a ser minimizado com a produção em grande escala.
Outro ponto crítico seria a segurança em seu manuseio, armazenamento e transporte. Entretanto, a tecnologia pode equacionar este aspecto, como ocorreu com outros tipos de combustíveis no passado. Há também uma necessária mudança de paradigma na indústria, onde toda forma de produção de energia e de meios de transporte têm de ser modificada. O sistema atual de geração centralizada de energia elétrica para um sistema híbrido, incluindo a geração distribuída tem que ser considerado também, envolvendo toda a necessária regulamentação de sistemas de segurança e confiabilidade (vide recente apagão elétrico nacional).
A degradação do meio ambiente é a grande força motriz para a implementação da Economia do Hidrogênio, cujas consequências, como o aquecimento global, são insustentáveis a médio e longo prazos. Neste ponto, um paralelo faz-se útil. A maturidade tecnológica nos tempos iniciais da invenção do automóvel a gasolina pode ser comparada nos dias atuais ao binômio célula a combustível/hidrogênio. Não havia infraestrutura para a rolagem dos automóveis, que tinham, por sua vez, preços proibitivos. A gasolina não era nem abundante nem barata e, tampouco, se encontrava "em cada esquina”. Muitos a temiam, devido à sua inflamabilidade.
Pois bem, aproximadamente cem anos depois, o automóvel tornou-se accessível, existem estradas para sua rolagem e pode-se abastecê-lo em qualquer lugar (sem medo), ou seja, aprendemos a lidar com o combustível e com a produção em massa. Com o crescimento do mercado, os preços caíram. Esta mesma curva de aprendizado pode ser pensada e aplicada à nova Economia.
A seguinte reflexão é de suma relevância para planejamentos de políticas energéticas nacionais. Como o hidrogênio poderá ser obtido de diversas maneiras, qualquer país ou região do planeta poderá obtê-lo. Neste caso, com a introdução da Economia do Hidrogênio, ter-se-ia, pela primeira vez na história da humanidade, uma democratização das fontes primárias de energia, o que seguramente gerará mais progresso e menos tensões políticas.
Associado a estas ações está o desenvolvimento intensivo da tecnologia de células a combustível, visando sempre à redução de custos para aplicações diversas. As metas de custos a serem atingidas variam para cada classe de aplicações: gerações estacionárias de energia elétrica, aplicações portáteis e eletrotração ou transporte em geral. Salienta-se aqui apenas o caráter econômico da tecnologia e não os ambientais, que podem, num futuro próximo, ser tão importantes na nossa sociedade como o financeiro.
Concluindo esta seção, os obstáculos à introdução da chamada Economia do Hidrogênio não configuram dificuldades intransponíveis, ao contrário, apontam um elenco de oportunidades para o surgimento no país de novas empresas de bens e serviços, como demonstrado pelas tecnologias emergente do setor. Este energético (o hidrogênio) pode, em médio prazo, dependendo de políticas, de seu desenvolvimento tecnológico e da abertura de novos mercados, desempenhar um papel importante no cenário mundial de energia.
Quem pretende entender as prováveis e promissoras mudanças no cenário energético futuro, que incluirão, na matriz energética mundial, parcelas crescentes de renováveis e, neste filão, a energia proveniente do hidrogênio, deve conhecer o seu conversor por excelência, a célula a combustível. Estas são os dispositivos mais apropriados para a utilização do hidrogênio como vetor energético.
As tecnologias do binômio hidrogênio/células têm-se desenvolvido bastante nos últimos anos, encontrando aplicações diversas como geradores de energia para meios de transporte (eletrotração para automóveis, caminhões e outros veículos, bem como trens, barcos e outros), para unidades estacionárias (edifícios, condomínios, hospitais, repartições públicas, bancos, torres de comunicação, etc.) e para fins portáteis (laptops, celulares, dispositivos militares, etc.).
Os grandes diferenciais são o baixo (ou nenhum) impacto ambiental e a alta eficiência. Embora a tecnologia de células a combustível não esteja ainda completamente madura e estabelecida (custos, durabilidade), verifica-se que a sua implementação no mercado já começou. Entretanto, é crescente o desenvolvimento da área de novos materiais para equacionar os desafios finais dessa tecnologia.
Resumindo, o hidrogênio já está em fase de implantação e testes em diversos setores energéticos, pavimentando uma possível futura Economia do Hidrogênio, como no setores automotivo, marítimo, da aviação, de fertilizantes (amônia a partir de hidrogênio verde), siderurgia verde, mineração verde (que pode ser a resposta para a obtenção de insumos para baterias e células a combustível), cimento verde, combustíveis híbridos, entre outros.
Enfatizando, mais uma vez para finalizar, os obstáculos à introdução da chamada Economia do Hidrogênio não se configuram como dificuldades intransponíveis. O Brasil já possui o seu roteiro para a Economia do Hidrogênio e um programa nacional de pesquisa e desenvolvimento para esta tecnologia. Um indício da abrangência e seriedade do assunto foi a realização de um evento recente pala ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) em São Paulo. Com a participação de 150 profissionais, o encontro teve o título de "Inteligência, meio ambiente e mudanças climáticas: transição energética – desafios e oportunidades para o país” da qual participamos, entre vários especialistas no assunto. Portanto, o tema é sério, estratégico e merece grande respeito e consideração".
Perfil
MARCELO LINARDI - Pesquisador Emérito do IPEN, no Centro de Células a Combustível e Hidrogênio; graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998; autor de vários livros, entre eles, "O IPEN e a Economia do Hidrogênio”, Editora SENAI, 288p, São Paulo, 2022. Exemplares podem ser solicitados, gratuitamente, em superintendente@ipen.br
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- 14/11/2023 - Centro de Pesquisa é inaugurado no Campus São João da Boa VistaInaugurado no dia 9, o Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais e Estruturas reúne pesquisadores de várias instituições
Inaugurado no dia 9, o Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais e Estruturas reúne pesquisadores de várias instituições
Fonte: Instituto Federal de São Paulo
Na última quinta-feira (09), foi inaugurado, no Campus São João da Boa Vista, o Centro de Pesquisa e Inovação em Materiais de Estruturas (Cepimate). Além dos pesquisadores do IFSP, campi Itapetininga, Guarulhos e São Paulo, participaram também pesquisadores do campus São João da Boa Vista da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O Cepimate tem foco na realização de projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico, promovendo o desenvolvimento local e regional, além do uso eficiente de recursos humanos e tecnológicos. Estiveram presentes na inauguração, o diretor de pesquisa do IFSP, Thiago Donadon, representando o reitor, Silmario dos Santos; o diretor-adjunto educacional do Campus São João da Boa Vista, Márcio Roberto Martins, na ocasião representando o diretor-geral do campus, Diego Cesar Valente e Silva; o chefe do departamento de Engenharia Aeronáutica do Campus São João da Boa Vista da Unesp, Denilson Paulo Souza dos Santos, além do atual coordenador do Cepimate, Emerson dos Reis.
De acordo com Emerson, o Cepimate tem como ponto forte o compartilhamento não só de conhecimento entre os pesquisadores, mas também de recursos humanos e infraestrutura entre as instituições envolvidas. Já o diretor de Pesquisa do IFSP ressalta a importância da articulação com diferentes atores da pesquisa e inovação e da presença do Centro na região: "O Cepimate une um grupo interessante de pesquisadores tanto do IFSP quanto de outras instituições, como a Unesp e Ipen, permitindo o desenvolvimento científico e tecnológico de toda a região, uma vez que o arranjo produtivo local e regional pode ser ainda beneficiado pelos serviços prestados ou desenvolvidos no Centro”.