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- 12/12/2022 - Incubadora USP/Ipen abre inscrições para novo programa de desenvolvimento de startupsPrograma DNA vai oferecer mentoria e capacitação para o desenvolvimento de negócios inovadores com critérios de diversidade para seleção de empreendedores; inscrições estão abertas até 31 de janeiro de 2023
Programa DNA vai oferecer mentoria e capacitação para o desenvolvimento de negócios inovadores com critérios de diversidade para seleção de empreendedores; inscrições estão abertas até 31 de janeiro de 2023
Fonte: Jornal da USP
Estão abertas até 31 de janeiro as inscrições para o Programa DNA da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo – Universidade de São Paulo e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Incubadora USP/Ipen). Serão selecionadas 30 startups de todo o Brasil para receberem mentoria e capacitação para o desenvolvimento de negócios de alto impacto positivo, intensivos em conhecimento e tecnologia. Pela primeira vez, 50% das vagas de incubação serão destinadas a mulheres, pessoas negras, pardas, com deficiência, representantes de povos originários, comunidades tradicionais e LGBTQIA+.
O programa é voltado prioritariamente para startups das seguintes áreas: Saúde, Ciências da Vida, Tecnologias Verdes, Tecnologia da Informação, Indústria 4.0 e Educação. A Incubadora USP/Ipen é a única do Brasil que tem o mais elevado nível de reconhecimento da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) – o Cerne 4 – sem ser vinculada a um parque tecnológico. A certificação atesta a excelência no desenvolvimento de negócios disruptivos de alto impacto. A gestão do ambiente é feita pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec).
"O programa de incubação DNA é uma abordagem metodológica focada na criação, planejamento e desenvolvimento de empresas intensivas em conhecimento, as deeptechs. É derivado de 25 anos de experiência da entidade a partir da gestão da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, ambiente de inovação da USP e do Ipen, somada às melhores práticas nacionais e internacionais”, destaca Felipe Maruyama, diretor de Operações do Cietec.
Para se candidatar, não é necessário ter CNPJ constituído. Basta preencher o formulário on-line. A Banca Examinadora avaliará critérios como perfil empreendedor, mercado, inovação, finanças e gestão. O resultado do processo seletivo será divulgado em março.
Jornada empreendedora DNA
As trilhas formativas do DNA são híbridas, unindo experiências on-line e presencial. Os empreendedores terão acesso a uma metodologia única, estruturada em três ciclos: Descoberta, Negócios e Aceleração. Cada ciclo oferece capacitação adequada ao estágio de desenvolvimento da startup, combinando mentorias coletivas e individuais, workshops, aulas e outras atividades voltadas para estimular habilidades vitais para o empreendedorismo inovador. O formato foi pensado com o objetivo de entregar um valor específico para diferentes momentos da jornada empreendedora, considerando tanto a maturidade do negócio como da tecnologia.
"Um dos diferenciais do DNA é ter sido feito para desenvolver empresas intensivas em conhecimento e tecnologia. Para isso, serão realizados um acompanhamento e um monitoramento constantes para entregar serviços específicos, juntamente de uma rede de parceiros e mentores exclusivos, em atendimento às dores e demandas de mercado e da sociedade”, complementa Maruyama.
Celeiros de negócios inovadores
Hoje, 64 startups fazem parte da comunidade da Incubadora USP/Ipen. A maioria (mais de 70%) são empresas das áreas de Ciências da Vida e Tecnologias Verdes. Mais de 740 startups já passaram pela incubação ao longo de 25 anos. Entre elas destacam-se empresas que são referência no mercado, como a MagnaMed, especializada em ventilação pulmonar, e a Genera, pioneira em análise genômica.
A Incubadora USP/Ipen tem o mais alto índice de captação de verbas de fomento à pesquisa e inovação. As startups da incubadora concentram 12% do total de projetos aprovados nos editais de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Em 2021, a incubadora captou R$ 5,5 milhões em fomento para apoio à pesquisa e inovação desenvolvidas pelas empresas.
1º Batch do Programa DNA – Incubadora USP/Ipen
Inscrições: 7 de dezembro a 31 de janeiro
Como se inscrever: www.inscricoes.cietec.org.br/incubadora-usp-ipen
Vagas: 30
Divulgação do resultado: 30 de março /23
Início da jornada: Abril/23
Áreas prioritárias: Saúde, Ciências da Vida, Tecnologias Verdes, Tecnologia da Informação, Indústria 4.0 e EducaçãoTexto: Assessoria de Comunicação do Cietec
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- 12/12/2022 - Incubadora USP/Ipen recebe certificação Cerne nível 4A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/Ipen, gerida pelo Cietec, conquistou certificação que atesta sua excelência no desenvolvimento de negócios disruptivos de alto impacto: o Cerne 4.
A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/Ipen, gerida pelo Cietec, conquistou certificação que atesta sua excelência no desenvolvimento de negócios disruptivos de alto impacto: o Cerne 4.
Fonte: Cietec
É a primeira vez que um ambiente de inovação não vinculado a parques tecnológicos recebe o mais elevado nível de reconhecimento da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
"O Cerne 4 reconhece aprimoramentos de gestão, com foco na melhoria contínua de processos da incubadora. Atingimos um modelo de maturidade que nos faz ser referência no desenvolvimento de empreendimentos inovadores de alto impacto positivo para a sociedade. Os unicórnios da Incubadora USP/Ipen impactarão ao menos 1 bilhão de vidas até 2025”, destaca Paula Lima, diretora presidente do Cietec.
Com a certificação, o Cietec se posiciona entre os quatro melhores gestores de ambiente de inovação do Brasil. O país conta com 22 incubadoras certificadas em algum nível do Cerne. Apenas 4 com o nível máximo: Incubadora USP/Ipen – Cietec (SP), Nexus – Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), Unitec (RS) e Incubadora Santos Dumont – Parque Tecnológico de Itaipu.
Benefícios para startups
Cada nível de maturidade (Cerne 1, 2, 3 e 4) representa um passo em direção à melhoria contínua, ampliando sua capacidade em gerar empreendimentos de sucesso.
O Cerne 4. obtido pela incubadora USP/Ipen, atesta que o ambiente atingiu um nível de maturidade que não só amplia a qualidade de startups de alto impacto, mas também apoia processos de inovação aberta de grandes empresas. Como resultado, alcança um posicionamento global, por meio de parcerias que viabilizam a internacionalização de empresas incubadas e graduadas.
Hoje, 62 startups fazem parte da comunidade da incubadora USP/Ipen. A maioria (mais de 70%) são empresas das áreas de Ciências da Vida e Tecnologias Verdes. Mais de 740 startups já passaram pela incubação ao longo de 25 anos. Entre elas destacam-se empresas que são referência no mercado, como a MagnaMed, especializada em ventilação pulmonar, e a Genera, pioneira em análise genômica.
A entrega da certificação aconteceu em Salvador, durante a 32ª Conferência da Anprotec.
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- 07/12/2022 - Incubadora USP/Ipen abre inscrições para programa de aceleração de startupsPela primeira vez, 50% das vagas serão destinadas a mulheres, pessoas negras, pardas, com deficiência, representantes de povos originários, comunidades tradicionais e LGBTQIA+
Pela primeira vez, 50% das vagas serão destinadas a mulheres, pessoas negras, pardas, com deficiência, representantes de povos originários, comunidades tradicionais e LGBTQIA+
Fonte: Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios
Estão abertas as inscrições para o Programa DNA, da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo - Universidade de São Paulo e Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Incubadora USP/Ipen). A iniciativa selecionará 30 startups de todo o Brasil para receber capacitação para o desenvolvimento de negócios de impacto positivo, intensivos em conhecimento e tecnologia. As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de janeiro por meio deste formulário. Não é necessário ter CNPJ constituído para se candidatar.
O programa é prioritariamente para startups de Saúde, Ciências da Vida, Tecnologias Verdes, Tecnologia da Informação, Indústria 4.0 e Educação.
Pela primeira vez, 50% das vagas serão destinadas a mulheres, pessoas negras, pardas, com deficiência, representantes de povos originários, comunidades tradicionais e LGBTQIA+.
"O programa de incubação DNA é uma abordagem metodológica focada na criação, planejamento e desenvolvimento de empresas intensivas em conhecimento, as deeptechs. É derivado de 25 anos de experiência da entidade a partir da gestão da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, ambiente de inovação da USP e do Ipen, somada às melhores práticas nacionais e internacionais”, diz Felipe Maruyama, diretor de Operações do Cietec.
Para selecionar as startups, a banca examinadora avaliará critérios como perfil empreendedor, mercado, inovação, finanças e gestão. O resultado será divulgado em fevereiro.
O programa
A iniciativa combina experiências online e presencial, em que os empreendedores terão acesso a uma metodologia estruturada em três ciclos: Descoberta, Negócios e Aceleração. Cada um deles oferece capacitação de acordo com o estágio de desenvolvimento da startup, incluindo mentorias coletivas e individuais, workshops, aulas e outras atividades para estimular habilidades de inovação.
Atualmente, 64 startups fazem parte da comunidade da Incubadora USP/Ipen — mais de 70% são empresas das áreas de Ciências da Vida e Tecnologias Verdes. Mais de 740 startups já passaram pela incubação ao longo de 25 anos, com destaque para a MagnaMed, especializada em ventilação pulmonar, e a Genera, de análise genômica.
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- 07/12/2022 - Paralisação nacional dos Pós-GraduandosFonte: ANPG
Em virtude das últimas notícias sobre o confisco dos recursos do Ministério da Educação, causando o não pagamento das bolsas de milhares de pós-graduandos pelo país, a ANPG convoca todas(os) pós-graduandas(os), cientistas brasileiras(os) e a sociedade civil a reivindicarem o pagamento imediato das bolsas de estudos aos estudantes brasileiros, paralisando suas atividades a partir do dia 08 de dezembro de 2022 até o pagamento de todas as bolsas.
A situação atual é consequência direta da escandalosa devassa nas contas públicas que Jair Bolsonaro realizou para garantir recursos para o orçamento secreto e sua reeleição, associado aos efeitos de sua política econômica. Em virtude disso, há bloqueios financeiros que não permitem que a CAPES, Universidades e outros órgãos cumpram com suas obrigações financeiras, como pagamento de água, luz, terceirizados e as bolsas de assistência estudantil e de estudos, no Brasil e exterior, como mestrado, doutorado e residências.
Não bastasse a desvalorização das bolsas de estudos que atinge 75%, Bolsonaro e Paulo Guedes estão dando um calote na educação. O cenário é bastante claro, se trata de um projeto de destruição da pós-graduação e da ciência e tecnologia brasileira, do fomento público e de qualidade irrestrita. São milhares de jovens pesquisadores que têm sua sobrevivência ameaçada concretamente pela quebra de contrato ao não serem pagos por seu trabalho produzindo ciência no país. Estamos falando de milhares de jovens, o qual possuem como única renda as bolsas de estudos.
É necessário que avancemos para derrotar esse projeto de destruição da ciência e tecnologia brasileira com mobilização, conversa direta com os colegas e com os demais participantes da universidade, tanto alunos e alunas de graduação, técnicos e técnicas e docentes, além da construção ativa de nossas entidades representativas, sobretudo as APGs. Nesse sentido, convocamos a todos se mobilizarem, organizando plenárias em suas instituições no dia de amanhã a fim de organizarmos nossa luta para um Dia de Paralisação Nacional Dos Pós-Graduandos, no dia 08 de dezembro de 2022, até que as bolsas de estudos sejam pagas, com atos e mobilizações em todo o Brasil. Ao mesmo tempo, a ANPG dispenderá todos os esforços para garantir o pagamento das bolsas pela via jurídica e/ou em articulação com o Congresso Nacional.
Associação Nacional de Pós-Graduandos
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- 05/12/2022 - Filme nanoestruturado melhora o desempenho de células a combustível de óxidos sólidosFonte: CINE
Uma pesquisa realizada com participação de pesquisadores do CINE traz um importante avanço para aprimorar as células a combustível de óxidos sólidos (SOFCs na sigla em inglês). Esses dispositivos podem se tornar cada vez mais importantes no contexto da transição energética por serem muito eficientes para gerar eletricidade a partir de um combustível, com nula ou baixa emissão de carbono. A tecnologia já é utilizada, por exemplo, no carro elétrico a etanol, cujo protótipo foi lançado pela montadora Nissan em 2016. "Esta pesquisa dá mais um passo na direção de comercialização das células a combustível de óxidos sólidos”, diz Fabio Fonseca pesquisador do IPEN e membro do CINE que participou do trabalho. "Nossa contribuição colabora no sentido de aumentar a sua durabilidade e desempenho”, completa.
As SOFCs são formadas por camadas sólidas de diversos materiais, geralmente da família dos óxidos. Cada camada cumpre uma função específica dentro do objetivo final de promover as reações eletroquímicas que produzem a desejada corrente elétrica. Em grandes linhas, o cátodo gera íons de oxigênio, os quais viajam pelo eletrólito até o ânodo, onde reagem com hidrogênio gerando eletricidade. As células podem ser abastecidas diretamente com hidrogênio ou com moléculas que contêm hidrogênio na composição, como o etanol.
Apesar da sua alta eficiência na conversão da energia química do hidrogênio em energia elétrica, as SOFCs ainda apresentam algumas limitações, principalmente com relação à sua estabilidade, relacionada a fenômenos que ocorrem nas interfaces entre as camadas. Particularmente, na interface entre o cátodo e o eletrólito, a troca de determinados íons promove a formação de compostos químicos indesejados, os quais pioram o desempenho dos dispositivos ao longo do tempo e reduzem a sua vida útil.
Para resolver esse problema, Fonseca e os outros autores do trabalho desenvolveram cuidadosamente uma nova camada capaz de gerar no cátodo as reações eletroquímicas necessárias e, ao mesmo tempo, impedir trocas indesejadas com o eletrólito. Formada por dois filmes de materiais óxidos, de 200 nm de espessura cada um, a camada foi adicionada durante a montagem da célula a combustível usando a técnica de laser pulsado. "Essa técnica avançada é possivelmente a que permite um controle mais eficaz da construção de camadas de óxidos complexos”, diz Fonseca. "Com ela fizemos uma obra de engenharia de materiais, na qual conseguimos controlar com precisão o arranjo dos átomos nos filmes”, completa.
A introdução da nova camada na SOFC resultou em um aumento da densidade de potência de 35% em relação às melhores células desse tipo encontradas na literatura científica. Essa característica permitiria diminuir as dimensões da célula e baixar o seu consumo de hidrogênio sem reduzir a corrente elétrica obtida. Além disso, os autores do trabalho verificaram, mediante um teste de 1.500 horas, que a SOFC não sofreu degradação significativa. "Este trabalho mostra como os materiais óxidos podem ser controlados de forma precisa para construir estruturas que contribuem para melhorar o desempenho de células a combustível SOFC”, conclui Fabio Fonseca.
O trabalho foi realizado no contexto do programa Metano a Produtos do CINE, dentro do doutorado em Tecnologia Nuclear de Marina Machado Livinalli, realizado com orientação do professor Fonseca no IPEN/ USP, com período sanduíche noInstitut de Recerca enEnergiade Catalunya(IREC), na Espanha. A pesquisa reuniu a expertise do grupo do IPEN em fabricação e testes de SOFC com a experiência do grupo espanhol em deposição a laser pulsado e no uso dessa técnica em SOFCs de alto desempenho.
A pesquisa foi financiada pela FAPESP e pelo programa Horizon 2020 da União Europeia e foi reportada em artigo publicado no Journal of Materials Chemistry A.
Referência do artigo científico:
Functional thin films as cathode/electrolyte interlayers: a strategy to enhance the performance and durability of solid oxide fuel cells. Marina Machado, Federico Baiutti, Lucile Bernadet, Alex Morata, Marc Nuñez, Jan Pieter Ouweltjes, Fabio Coral Fonseca, Marc Torrell and Albert Tarancón. J. Mater. Chem. A, 2022,10, 17317-17325. https://doi.org/10.1039/
d2ta03641j .Autores do artigo que são membros do CINE: Marina Machado (doutoranda no momento da pesquisa) e Fabio Coral Fonseca (pesquisador no IPEN).
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- 05/12/2022 - Cientistas desenvolvem baterias baseadas em elemento abundante no planetaMaterial feito por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias é capaz de melhorar o desempenho de baterias e supercapacitores com íons de sódio
Material feito por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias é capaz de melhorar o desempenho de baterias e supercapacitores com íons de sódio
Fonte: Agência FAPESP
Agência FAPESP* – Pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e colaboradores desenvolveram um material capaz de melhorar o desempenho de baterias e supercapacitores baseados em íons de sódio, tecnologia alternativa à de íons de lítio, a mais usada atualmente.O CINE é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell, com sedes na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Em ambas as tecnologias, os íons são os encarregados de transportar e estocar elétrons durante a carga e a descarga dos dispositivos. Nesses processos, os íons penetram o material dos eletrodos, sendo que os menores conseguem fazê-lo mais rapidamente. Nesse ponto, embora o sódio seja pequeno, o lítio é campeão, sendo o menor íon em estado sólido da tabela periódica.Contudo, o sódio apresenta uma importante vantagem: trata-se de um elemento abundante e bem distribuído no planeta, tanto na crosta terrestre quanto, principalmente, no mar. Essa característica facilitaria a produção mundial de dispositivos de armazenamento de energia, cada vez mais demandados, dentro dos esforços para diminuir as emissões de carbono e estocar eletricidade proveniente de fontes renováveis como o sol e os ventos. No caso do lítio, as reservas são menos abundantes e se concentram em poucos países."Em nosso trabalho desenvolvemos dispositivos que funcionam com íons de sódio – uma tecnologia cuja viabilidade econômica é muito mais interessante do que a de íons de lítio e que poderia ser fabricada em muitos países, inclusive o Brasil”, diz Hudson Zanin, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do programa Armazenamento Avançado de Energia do CINE.Essa tecnologia, porém, ainda não está pronta para a comercialização. Um dos desafios principais para viabilizá-la é desenvolver eletrodos nos quais os íons de sódio possam entrar e sair mais rapidamente. Nesse contexto, em artigo publicado no i>Journal of Energy Storage, Zanin e os demais autores apresentam um novo material para os eletrodos desses dispositivos formado por nanotubos de carbono com nanopartículas de pentóxido de nióbio (NbO5).A equipe estudou o desempenho desse material como eletrodo de uma bateria e de um supercapacitor de íons de sódio. Os resultados dos experimentos e das simulações computacionais mostraram que o eletrodo funcionou muito bem nos principais mecanismos de armazenamento de cargas desses dispositivos: a intercalação e a adsorção.Os autores observaram que os íons de sódio penetraram o pentóxido de nióbio em velocidade ultrarrápida e foram bem adsorvidos por eletrostática na grande área superficial dos nanotubos de carbono. Em consequência, a capacitância dos dispositivos – a sua habilidade de coletar e armazenar cargas elétricas – aumentou significativamente em relação ao eletrodo convencional de nanotubos sem nanopartículas.O estudo foi realizado durante o doutorado de Carla Real, que está em andamento na Unicamp sob a orientação de Zanin. Contou com a colaboração de pesquisadores da Kansas State University (Estados Unidos) na produção e caracterização da bateria de sódio. Também participaram do trabalho pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), que ajudaram a compreender os fenômenos eletroquímicos fundamentais que ocorriam nos dispositivos.O artigo Freestanding niobium pentoxide-decorated multiwalled carbon nanotube electrode: Charge storage mechanism in sodium-ion pseudocapacitor and battery pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2352152X22008027?via%3Dihub.* Com informações do CINE, um Centro de Pesquisa em Engenharia apoiado por FAPESP e Shell.
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- 05/12/2022 - Ciência para a guerra e para a pazUso militar ajudou a ciência a avançar, mas o papel da ciência na busca pela paz é fundamental
Uso militar ajudou a ciência a avançar, mas o papel da ciência na busca pela paz é fundamental
Fonte: Revista Ciência e Cultura
Chris Bueno
Guerra e ciência têm um longo – e complicado – relacionamento. Em diversos momentos da história, a ciência foi empregada para fins bélicos, aprimorando estratégias, logística e armamentos. Por outro lado, isso fez a ciência avançar, e muitas inovações que surgiram no contexto militar hoje são utilizadas na saúde, no transporte e no dia a dia.
Nesse sentido, a comunidade científica desempenha um papel central na demarcação de fronteiras para a criação e aplicação de instrumentos para a guerra, mas também para desenvolver padrões e mecanismos éticos que permitam evitar, cada vez mais, os conflitos.
"A CT&I tem potencial para desenvolver vários tipos de armas e temos tido exemplos disso há anos. Mas acredito que nossa maior preocupação deva ser investir em CT&I para que ela possa atuar no combate ao desenvolvimento de novas armas”, aponta Elisa Orth, vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Química e professora do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná(UFPR). A pesquisadora explica que a preocupação com o uso de armas mais letais – como as armas químicas e biológicas – levou à elaboração de acordos internacionais, como a Convenção Mundial sobre Armas Químicas, regulada pela Organização para Proibição de Armas Químicas (Organisation for the Prohibition of Chemical Weapons– OPCW). Este acordo internacional, assinado em Paris em 1993, proíbe o desenvolvimento, a produção, a estocagem e o uso de armas. "Mas vale ressaltar o boom dos cálculos computacionais e machine learning, que têm grande potencial para desenvolver novas armas químicas”, alerta.
Tecnologias avançadas são vistas como elementos essenciais para um exército bem-sucedido. A Primeira Guerra Mundial ficou conhecida como "a guerra dos químicos” – isso porque, ao longo do conflito, cientistas de ambos os lados desenvolveram produtos químicos cada vez mais potentes (os mais usados foram o gás de cloro, o gás de mostarda e o gás de fosgênio) e também elaboraram medidas contra os novos gases inimigos. Os físicos também tiveram uma importante participação, desenvolvendo tecnologias de comunicação sem fio e métodos baseados em som para detectar submarinos. Mas foi a Segunda Guerra Mundial que marcou o crescimento do uso militar da ciência, especialmente da física. O conflito pode ser chamado de "a guerra dos físicos”: além da bomba atômica (talvez a mais notória colaboração científica para a guerra), o desenvolvimento do radar foi fundamental, permitindo a detecção de navios e aeronaves inimigas, assim como da criptografia matemática e da ciência de foguetes, com seus avanços tendo um efeito significativo em cada disciplina.
Segundo Geraldo Lesbat Cavagnari Filho, fundador e coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor convidado do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), a partir da Primeira Guerra Mundial, a comunidade científica iniciou sua colaboração com o esforço de guerra das grandes potências. No intervalo entre as duas guerras mundiais, as potências estavam convencidas da importância da pesquisa científica e tecnológica para as guerras futuras. "Mas foi a partir da Segunda Guerra Mundial que os militares tomaram consciência do caráter estratégico da ciência e tecnologia na guerra moderna”, afirma em artigo para a revista ComCiência.
O advento da Guerra Fria solidificou os vínculos entre as instituições militares e a ciência acadêmica, particularmente nos Estados Unidos e na União Soviética. Assim, o financiamento militar continuou a se expandir e se espalhou para as ciências sociais, naturais, e para campos totalmente novos, como a computação. "Intervenções bélicas são, em sua maioria, causadas por escassez ou busca pelo controle de recursos como alimentos, água, minerais e, principalmente, fontes energéticas, e também domínio das rotas de escoamento e distribuição desses recursos. O conhecimento científico permite melhorias em todos esses processos”, explica Frederico Genezini, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
A ciência da guerra
De todos os avanços científicos e tecnológicos feitos durante a Segunda Guerra Mundial, poucos recebem tanta atenção quanto a bomba atômica. Desenvolvidas durante o conflito em meio a uma corrida armamentista entre as potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e dos Aliados (Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos), as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki moldaram o século XX e a posição dos Estados Unidos no cenário global. Essa corrida armamentista inaugurou uma nova era da ciência que mudou a diplomacia, o poder das forças militares e o desenvolvimento tecnológico.(Imagem por ARL Technical Library. Reprodução)
Figura 1. Mulheres operam o computador ENIAC.Porém, abomba atômica não foi o único avanço tecnológico advindo do conflito. O primeiro sistema de radar prático foi produzido em 1935 pelo físico britânico Robert Watson-Watt, e em 1939 a Inglaterra construiu uma rede de estações de radar ao longo de suas costas sul e leste. O uso do radar foi determinante para a guerra, pois ajudou as forças aliadas a detectar navios e aviões inimigos.
A guerra também avançou as pesquisas sobre o motor a jato. A aviação e os motores aeronáuticos eram uma preocupação militar mesmo antes da Segunda Guerra Mundial. Os motores a jato surgiram nos meses finais do conflito como forma de dar aos caças uma vantagem sobre seus adversários. Em 1930, Frank Whittle, engenheiro inglês da Royal Air Force, do Reino Unido, registrou a primeira patente da tecnologia. Com o início da guerra, o governo britânico desenvolveu aviões baseados nos projetos de Whittle. O primeiro avião aliado a usar propulsão a jato decolou em 15 de maio de 1941.
Foi também durante a Segunda Guerra que os Estados Unidos começaram a desenvolver novas máquinas para calcular trajetórias balísticas. Apesar de já estarem em desenvolvimento bem antes do início do conflito, a guerra exigiu uma rápida progressão dessa tecnologia, resultando na produção de novos e mais potentes computadores. Um exemplo foi o Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC). Com cerca de dois metros de altura, pesando 30 toneladas e ocupando 180 metros quadrados, o ENIAC conseguia realizar milhares de cálculos em um segundo. Originalmente projetado para fins militares, o computador não foi concluído até 1945, sendo lançado ao público apenas em 1946. Porém, antes do ENIAC, na Grã-Bretanha, o matemático e cientista da computação britânico Alan Turing inventou uma máquina eletromecânica chamada Bombe que ajudou a decifrar os códigos alemães. Embora a máquina de Turing não fosse tecnicamente um computador – especialmente considerando-se as máquinas dos dias de hoje – o Bombe foi um precursor do Colossus, uma série de computadores eletrônicos britânicos. A invenção de Turing aparece no filme Enigma, de 2001. Enigma é uma máquina eletromecânica de criptografia utilizada pelos nazistas para transmitir mensagens aos seus submarinos através de códigos ultra seguros. O filme de Michael Apted, embora seja uma obra ficcional, trata do embate real entre a inteligência alemã e inglesa e aborda parte da vida de Turing e o uso de sua máquina para quebrar o código nazista. (Figura 1)
De certa forma, a própria internet começou como um projeto militar. A Rede da Agência de Pesquisas em Projetos Avançados (Advanced Research Projects Agency Network – ARPANET) começou durante a Guerra Fria como uma forma de os militares dos Estados Unidos desenvolverem um sistema de compartilhamento de informações sem a necessidade de um centro de comando. Ao criar uma rede robusta e flexível, os Estados Unidos poderiam garantir que, em caso de catástrofe, o acesso aos supercomputadores do país permanecesse intacto. A tecnologia possibilitava que vários computadores se conectassem diretamente uns aos outros, permitindo que as pessoas compartilhassem informações em velocidades sem precedentes. A ARPANET deu as bases para a internet como a conhecemos hoje.
"Nos últimos anos, muita ênfase tem sido dada ao desenvolvimento de armas e veículosautônomos ou operados remotamente, que permitem reduzir drasticamente a perda devidas em esforços bélicos”, explica Guilherme Soares Zahn, pesquisador do Centro do Reator de Pesquisas (IPEN-CNEN). O pesquisador aponta que as armas "inteligentes” (que usam inteligência artificial) possibilitam a tomada de decisões instantaneamente, o que permite a criaçãode novos campos de batalha. Um exemplo são os domos virtuais de segurança que, pormeio de cálculos de balística de mísseis, permitem sua interceptação. Os próprios mísseis também podem tomar decisões na mesma velocidade. "Essas duas mudanças, junto com diversas outras que vêm sendo introduzidas a partir de avançoscientífico-tecnológicos, vêm mudando drasticamente a lógica de conflitos bélicos, bem como trazendo diversos novos problemas éticos à mesa de discussão”, diz.
Avanço tecnológico
Apesar de inicialmente terem sido desenvolvidas com fins bélicos, essas tecnologias continuaram avançando e alcançaram outras finalidades, desta vez pacíficas. O radar, por exemplo, tornou-se essencial para os meteorologistas avançarem no conhecimento dos padrões climáticos e aumentou a capacidade de realizar previsões meteorológicas. Os motores a jato agora são usados pelas companhias aéreas para transportar passageiros por todo o mundo. O desenvolvimento contínuo tornou os computadores progressivamente menores, mais poderosos e mais acessíveis. E não é possível imaginar o mundo hoje sem a internet.(Reprodução)
Figura 2. A tecnologia do forno micro-ondas foi descoberta por acidente
durante a Segunda Guerra Mundial, numa tentativa de aprimorar os radares de então.Mas não é só. Várias outras inovações – hoje comuns em nosso dia a dia – originaram-se através de pesquisas militares. Esse é o caso da borracha sintética. O suprimento global de borracha natural foi suficiente até a Segunda Guerra Mundial, quando as potências do Eixo cortaram quase todo o suprimento de borracha da Ásia (o maior fornecedor do produto). Como a borracha era essencial para as operações militares – utilizada desde esteiras de veículos e máquinas, a calçados, roupas e equipamentos de soldados – os Aliados foram forçados a encontrar materiais alternativos e assim desenvolveram a borracha sintética. O mesmo aconteceu com a supercola e a fita adesiva, criadas para suprir as necessidades dos exércitos e hoje amplamente comercializadas. E também como o forno micro-ondas. Originalmente utilizada no desenvolvimento de radares (a capacidade de produzir comprimentos de onda mais curtos através do uso de um magnetron de cavidade resultou em maior precisão em distâncias maiores), a capacidade de micro-ondas para cozinhar alimentos foi descoberta por acidente. Enquanto pesquisava o uso das micro-ondas em radares, o engenheiro norte-americano Percy Spencer notou que uma barra de chocolate em seu bolso havia derretido. Isso levou à percepção de que o equipamento poderia ser reaproveitado para aquecer e cozinhar alimentos. (Figura 2)
Uma das inovações mais importantes foi o GPS. Desenvolvido na década de 1960, a ideia era usar satélites para determinar a posição de um usuário na Terra medindo sua distância de três satélites periféricos em um processo conhecido como trilateração. Embora o sistema tenha se tornado totalmente operacional em março de 1994, ele capturou o interesse do público muito antes disso. Hoje, a tecnologia é usada em produtos como carros e telefones, e também é aplicada na pesquisa de terremotos egeocaching.
"Um bom monitoramento, aliado a um trabalho eficiente de processamento da informação, permite a rápida identificação de padrões suspeitos que podem indicar potenciais ataques, tanto bélicos como criminosos”, aponta Genezini. Para o pesquisador, o monitoramento eficiente possibilita a identificação e a prevenção de crimes, bem como a solução dos crimes já cometidos. No mesmo sentido, a comunicação rápida, segura e eficiente entre os atores do sistema de prevenção é essencial para ações integradas e cirúrgicas, aumentando muito sua eficiência e reduzindo os danos colaterais.Uma questão de saúde
Junto com os avanços da tecnologia de micro-ondas e computadores, a Segunda Guerra Mundial trouxe mudanças importantes no campo da medicina. A necessidade de tratar milhões de soldados exigiu o desenvolvimento e uso de novas técnicas que levaram a melhorias nas transfusões de sangue, enxertos de pele e cirurgia, assim como o desenvolvimento de novos medicamentos.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a pandemia de influenza (também conhecida como Gripe Espanhola) entre 1918 e 1919 impactou significativamente os exércitos e motivou os militares norte-americanos a desenvolver a primeira vacina contra a gripe. Os cientistas começaram a isolar os vírus na década de 1930 e o Exército dos Estados Unidos ajudou a patrocinar o desenvolvimento de uma vacina contra eles nos anos 1940. A primeira vacina contra a gripe foi aprovada para uso militar em 1945 e para uso civil em 1946.
(Reprodução)
Figura 3. O cientista escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina
em 1928, mas foi só durante a Segunda Guerra que ela começou a ser
produzida em massa para o tratamento médico.Previamente ao uso generalizado de antibióticos nos Estados Unidos, mesmo pequenos cortes e arranhões podiam levar a infecções fatais. O cientista escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina em 1928, mas foi só durante a Segunda Guerra que os Estados Unidos começaram a produzi-la em massa para o tratamento médico. Antes da tomada da Normandia, que iniciou a invasão da Europa Ocidental ocupada pelos alemães em 1944, os cientistas prepararam 2,3 milhões de doses do medicamento. Da Segunda Guerra Mundial até hoje, a penicilina continua sendo uma forma fundamental de tratamento usada para evitar infecções bacterianas. (Figura 3)
A ciência da paz
Se por um lado as armas ficaram mais sofisticadas, a ciência aplicada à saúde, o desenvolvimento das ciências sociais em termos de construção de meios preventivos de resolução de conflitos, a diplomacia e o direito internacional são o outro lado dessa moeda.
"O papel da ciência em todos os aspectos sempre é central. Ela que norteia como os avanços do conhecimento devem ser aplicados e como nos precaver. Ela que alerta sobre perigos e traz soluções para problemas. Ela é o alicerce para o desenvolvimento de uma sociedade consciente e que busca a paz”, enfatiza Orth.
Desta forma, a ciência é a chave para um futuro próspero e pacífico. Desde sua proclamação pela Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco) em 2001, o Dia Mundial da Ciência para a Paz e o Desenvolvimento é comemorado em todo o mundo para demonstrar por que a ciência é relevante para a vida cotidiana das pessoas e envolvê-las em debates sobre essas questões. Ao vincular a ciência mais estreitamente à sociedade, a data visa garantir que os cidadãos sejam mantidos informados sobre os desenvolvimentos da ciência e ressalta o papel que os cientistas desempenham na ampliação de nossa compreensão do planeta.
Embora hoje exista muita informação, tecnologia e conhecimento disponíveis, isso não significa que haja paz e justiça para todos. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente o mundo enfrenta o maior número de conflitos violentos desde o fim da Segunda Guerra Mundial: no total, 25% dos habitantes do mundo estão em áreas afetadas por conflitos. Para Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, os surpreendentes avanços alcançados pela ciência nessas últimas décadas têm mudado nossas condições de vida, e as inovações produzidas são uma oportunidade para desenvolver as sociedades e alcançar a paz. "As ciências melhoram nosso bem-estar, facilitam a vida cotidiana e derrubam as fronteiras que pareciam imutáveis nas áreas de medicina, transporte, comunicação e partilha de conhecimentos. Além disso, são um motor de crescimento e riqueza”, afirmou Azoulay em declaração no Dia Mundial da Ciência para a Paz.
A importância dessa interação entre ciência e sociedade é que a CT&I impacta a sociedade, determinando assim a extensão de seu desenvolvimento, enquanto a sociedade pode influenciar o desenvolvimento da CT&I em direção a comunidades pacíficas. "O desenvolvimento da ciência, que é um ramo que pressupõe colaboração entre países, para além dos equipamentos e armamentos de dissuasão, pode e deve influenciar na qualidade de vida, reduzindo a causa primária de conflitos”, afirma Zahn.
Em seu texto "Ciência sem o Pentágono”, publicado no jornal Folha de S. Paulo em 1985, Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, afirma a importância de usar a ciência para fins pacíficos. Mais recentemente, em entrevista à Revista Pesquisa Fapesp Chris Bueno é jornalista, escritora, divulgadora de ciências, editora-executiva da revista Ciência & Cultura, e mãe apaixonada por escrever (especialmente sobre ciência).no ano passado, Janine Ribeiro voltou a afirmar o papel fundamental da ciência na defesa da democracia. "Houve um período em que o desenvolvimento científico esteve muito associado à pesquisa militar. Um grande exemplo foi o desenvolvimento da bomba atômica, por volta de 1945. Mas ocorreu uma mudança interessante. A ciência foi se afastando das causas da guerra e assumindo as causas da paz, da democracia e da ética. Foi se voltando mais para a questão da saúde, do meio ambiente, da sustentabilidade”, afirmou.
Chris Bueno é jornalista, escritora, divulgadora de ciências, editora-executiva da revista Ciência & Cultura, e mãe apaixonada por escrever (especialmente sobre ciência).
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- 05/12/2022 - Radiação contra fungos em herbáriosFonte: Revista FAPESP no. 322 - dezembro de 2022
Já aplicada sobre documentos ou objetos, a descontaminação por radiação ionizante serviu para eliminar fungos e insetos de amostras botânicas, as chamadas exsicatas. Um grupo do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) submeteu amostras prensadas e desidratadas de folhas de plantas das famílias Asteraceae e Solanaceae coletadas em 1946, 1984 e 1986 a um tratamento com radiação emitida pelo elemento químico cobalto 60. Foram avaliadas três doses absorvidas de radiação (1, 6 e 10 quilogray), as mesmas usadas para a desinfestação e a desinfecção de outros materiais. As análises feitas por Leni Lima, do IPA, indicaram que não houve alteração significativa nem da cor nem de estruturas microscópicas das folhas. A radiação ionizante mostrou-se eficiente, mas, por exigir instalações apropriadas e técnicos especializados, por ora, sua aplicação é de difícil acesso para herbários em áreas remotas (Radiation Physics and Chemistry, janeiro de 2023).
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- 29/11/2022 - CNEN leva aplicações da energia nuclear para a SNCTFonte: CNEN
Acontece de 28 de novembro a 04 de dezembro, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade em Brasília, a 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). O evento, que anualmente é organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), tem como tema este ano "Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil”.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI) e 5 de suas unidades – Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) e o Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE) – apresentam diversas aplicações da energia nuclear em benefício da sociedade.
Produção de radiofármacos para diagnóstico e tratamento de vários tipos de câncer, realidade virtual aplicada ao setor nuclear, monitoramento e proteção radiológicos, radiação de gemas voltada para a alteração da coloração e aumento do seu valor comercial são alguns dos usos benéficos da energia nuclear demonstrados no estande da Comissão.
Este ano também está sendo apresentada uma novidade, o Informama, um aplicativo cujos objetivos, dentre outros, são oferecer informações fidedignas de testes de controle de qualidade em mamografias, disponibilizando para profissionais e público em geral, dados sobre fatores de risco, principais sintomas e sinais radiológicos do câncer de mama, diagnóstico precoce, além de serviços de análise da qualidade da imagem da mamografia.
O objetivo da SNCT é estimular a curiosidade e o gosto pela pesquisa, divulgando os resultados e a produção científica do país.
Fotos: Monica Viana, Walber Castro e Ricardo Fernandes
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- 16/11/2022 - Conselho Superior da FAPESP busca candidatos aos cargos de diretor científico e diretor administrativoInteressados devem se inscrever de 15 de dezembro de 2022 a 15 de fevereiro de 2023
Interessados devem se inscrever de 15 de dezembro de 2022 a 15 de fevereiro de 2023
Fonte: Agência FAPESP
O Conselho Superior da FAPESP elaborará no início de 2023 as listas tríplices de candidatos a serem submetidas ao governador do Estado de São Paulopara nomeação do novo diretor científico da Fundação, cujas competências estão previstas nos artigos 25 e 26 de seu Regimento Interno, e para a nomeação do novo diretor administrativo, cujas competências estão previstas nos artigos 28 e 29 do mesmo regimento.
O comitê de busca do Conselho Superior que analisará as candidaturas ao cargo de diretor científico é formado por Pedro Wongtschowski, Thelma Krug e Mozart Ramos; e o comitê de busca para o cargo de diretor administrativo é integrado por Ignacio Poveda, Ronaldo Pilli e Mayana Zatz.
Os dois comitês solicitam que os candidatos aos dois cargos se inscrevam entre 15 de dezembro de 2022 e 15 de fevereiro de 2023.
Diretor científico
Os candidatos ao cargo de diretor científico da FAPESP devem se inscrever pelo endereço eletrônico comite_dc@fapesp.br, especificando suas credenciais para o exercício da função. A documentação obrigatória a ser apresentada é o currículo Lattes, carta de manifestação de interesse com resumo das principais realizações e sugestão de programa de trabalho a ser desenvolvido (máximo de cinco páginas).
Os candidatos poderão ser convocados para entrevista pessoal de 1º a 5 de março de 2023. Todos os contatos serão tratados confidencialmente.
Diretor administrativo
Os candidatos ao cargo de diretor administrativo devem se inscrever pelo endereço eletrônico comite_da@fapesp.br, especificando suas credenciais para o exercício da função. A documentação obrigatória a ser apresentada é o currículo Lattes, carta de manifestação de interesse com resumo das principais realizações esugestão de programa de trabalho a ser desenvolvido (máximo de cinco páginas).
Os candidatos poderão ser convocados para entrevista pessoal de 1º a 5 de março de 2023. Todos os contatos serão tratados confidencialmente.
Os candidatos aos dois cargos poderão consultar os últimos relatórios anuais da FAPESP, que descrevem as atividades desenvolvidas pela Fundação. Espera-se que os candidatos tenham as qualidades de liderança e experiência em gestão de ciência e tecnologia, habilidade para conduzir e motivar equipes qualificadas, bem como familiaridade com temas científicos e tecnológicos e com os valores envolvidos nas atividades ligadas ao desenvolvimento da ciência e tecnologia no Estado de São Paulo.
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- 15/11/2022 - SENAI-SP lança 'O IPEN e a Economia do Hidrogênio' , de Marcelo LinardiFonte: Tania Malheiros - Jornalista
Acaba de sair do forno o livro "O IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e a Economia do Hidrogênio”, do engenheiro químico Marcelo Linardi, pela editora SENAI, de São Paulo, com 288 páginas, um importante trabalho sobre o tema, que no momento está sendo debatido no Brasil e no mundo. As mudanças climáticas apontam para a relevância do estudo da utilização do hidrogênio, considerado o pilar da descarbonização e, desde fevereiro de 2021, foram anunciados em todo o mundo 131 projetos de grande escala, em um total de 359, com investimentos estimados em cerca de US$ 500 bilhões até 2050.De acordo com o Marcelo Linardi, mais de 30 países possuem estratégias para o hidrogênio e a capacidade de sua produção pode ultrapassar 10 milhões de toneladas/ano, em 2030. Até 2050, a demanda por hidrogênio verde (de origem renovável) deverá chegar de 300 milhões de toneladas, segundo as previsões mais pessimistas, e a 800 milhões de toneladas, no cenário mais otimista, promovendo o desenvolvimento socioeconômico, tecnológico, a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente.
"Internamente, entre as maiores riquezas do Brasil estão as inúmeras fontes de produção de hidrogênio, em sua maioria renovável, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Temos sol, vento, água, biomassa, energia geotérmica, energia dos oceanos, biocombustíveis, e ainda vários tios de resíduos”, comenta Linardi. Para a diretora de Relações Institucionais da Associação da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Monica Saraiva Panik, o hidrogênio já está entre as mais importantes fontes de energia no futuro.
"Vislumbramos o sonho do hidrogênio tornando-se realidade, quando tantos pesquisadores e especialistas do IPEN e de outros institutos de ensino e pesquisa têm trabalhado, incansavelmente, durante os últimos 30 anos, nesse tema, no Brasil. De fato, considerando a imensa porta de oportunidades que se abriu em 2021, o que importa que tenha demorado tanto tempo? As experiências bem sucedidas serviram de legado e as experiências frustradas, de aprendizado. E agora, é preciso aproveitar esse momento do nascer do sol do hidrogênio, pelo qual todos nós espetávamos e que é tão maravilhoso que parece que ainda estamos sonhando. Mas não estamos”, escreveu a diretora da Associação, ao prefaciar o livro.
Hoje, segundo eles, já está garantido que o hidrogênio passou a ser finalmente considerado veto energético importante e a sua demanda mundial está vinculada às metas de descarbonização. "Não se trata de mais uma onda ou moda, e sim de um processo sem volta”, afirmaram.
Em fevereiro de 2021, segundo eles, o governo do Estado do Ceará lançou o primeiro hub de hidrogênio verde, atraindo outros estados. Para a presidente da ABH2, a obra de Marcelo Linardi, além de promover um resgate histórico, tem o mérito de demonstrar o legado cientifico, tecnológico e de formação de recursos humanos especializados que o IPEN deixou em áreas da economia do hidrogênio para o Brasil. Ela espera que o trabalho "estimule instituições de pesquisa e desenvolvimento do País a continuar contribuindo para a realizado do sonho, em parceria com órgãos do governo responsáveis”.
No Brasil, segundo ela, o hidrogênio pode combinar a rota da eletrificação com a de biocombustíveis e o sonho brasileiro de ter um veiculo a hidrogênio movido a etanol pode virar, finalmente, realidade, conforma descrito no livro, que contou com a coautoria de uma equipe formada por 27 pesquisadores. Entre os temas estão a infraestrutura e ensino, as células a combustível, o programa brasileiro, os resultados institucionais das pesquisas nos últimos 20 anos, publicações de estaque e patentes, os grandes projetos entre outros. Para obter o trabalho, escreva para o endereço: dpde@ipen.br.
Marcelo Linardi - Perfil
Pesquisador emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Marcelo Linardi, é graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998. Na área da Química, tem experiência em Eletroquímica, atuando principalmente nos seguintes temas: célula a combustível, eletroquímica, eletrocatálise, hidrogênio e etanol. Orientou 10 teses de doutorado, 10 dissertações de mestrado, 15 trabalhos de iniciação científica, 7 estágios e 5 pós-doc, na CPG USP/IPEN.
Atuou no Programa Brasileiro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ministério de Ciência e Tecnologia. Escreveu o primeiro livro em língua portuguesa sobre ciência e tecnologia de células a combustível. Possui atualmente mais de 100 publicações internacionais arbitradas, incluindo uma publicação na Advanced Materials, revista mais prestigiada na área de materiais do mundo.
Participou de mais de 100 eventos científicos nacionais e internacionais e ministrou vária palestras e conferências como convidado. Ocupou o cargo de Diretor de P&D e Ensino do IPEN de 2013 a 2019, onde atuou em Inovação, Ensino, Projeto Institucionais e Gestão de Tecnologias. Coordena projetos institucionais na FAPESP, chamada da Secretaria do Estado de SP, na área de radiofarmácia e nanotecnologia; e na FINEP, de equipamentos multiusuários. É responsável por várias ações de Internacionalização do instituto, como o livro sobre o passado, presente e futuro da inovação tecnológica no IPEN; e o livro sobre o IPEN, entre outros.
**NOTA DO IPEN**
A obra "O IPEN e a Economia do Hidrogênio” pode ser acessada para download no Repositório Digital da Produção Técnico-Científica do Instituto.
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- 11/11/2022 - Uso de máscaras em ambientes fechados volta a ser obrigatório na USPMedida passa a valer a partir do dia 16 de novembro em salas de aula, auditórios, museus, laboratórios, bibliotecas, locais de atendimento ao público e setores administrativos
Medida passa a valer a partir do dia 16 de novembro em salas de aula, auditórios, museus, laboratórios, bibliotecas, locais de atendimento ao público e setores administrativos
Fonte: Jornal da USP
Adriana Cruz
A partir do dia 16 de novembro (quarta-feira), o uso de máscaras volta a ser obrigatório em ambientes fechados da Universidade, incluindo salas de aula, auditórios, museus, laboratórios, bibliotecas, locais de atendimento ao público e setores administrativos. Nos ambientes externos, o uso de máscara é recomendado em situações de aglomeração. O esquema vacinal completo contra a covid-19 continua obrigatório para docentes, servidores técnicos e administrativos e estudantes.
A decisão da Comissão Assessora de Saúde da Reitoria, divulgada hoje, dia 11 de novembro, foi tomada em função do aumento no número de pessoas com sintomas gripais e diagnósticos positivos de infecção pelo coronavírus entre a comunidade universitária nas últimas semanas.
De acordo com o comunicado, "recomenda-se a não realização de eventos festivos, confraternizações, coffee breaks ou qualquer outro evento similar que estimule os participantes a retirar a máscara para ingestão de alimentos e, consequentemente, aumente a possibilidade de transmissão do vírus”.
O documento com as diretrizes sanitárias atualizadas, assinado pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e pela vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, pode ser acessado neste link.
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- 10/11/2022 - Novo microscópio do Ipen permite ver interior de célula vivaFonte: Ciência SP
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) inaugurou um laboratório multiusuário com o que há de mais avançado em microscopia óptica de varredura de campo próximo.
O Snom é um microscópio subnano a laser capaz de realizar medidas em amostras líquidas e de controlar a temperatura da amostra, características que lhe garantem o acesso a células vivas. Adquirido com apoio da FAPESP, o equipamento será fundamental para o avanço em vários campos de pesquisa, entre eles plasmônica, guias de ondas fotônicas, micro e nanolasers, fotovoltaicos, fotocondutores, fenômenos biológicos celulares, fluorescência de zeptólitros e espectroscopia de correlação. Uma das possibilidades é mapear o interior de células vivas de forma não invasiva.
O Ipen é uma das três instituições no mundo que dispõem de um microscópio equivalente.
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- 09/11/2022 - Pesquisadores fazem esclarecimento técnico sobre programas nucleares nacionaisResposta a artigo publicado no Jornal da Ciência na última segunda-feira intitulado 'O que o Brasil real vai apresentar na COP-27'
Resposta a artigo publicado no Jornal da Ciência na última segunda-feira intitulado 'O que o Brasil real vai apresentar na COP-27'
Fonte: Jornal da Ciência
Leia a íntegra:
Prezado Editor,
O Jornal da Ciência publicou em 07/11/2022 o artigo O que o Brasil real vai apresentar na COP27, de autoria do Prof. Heitor Scalambrini Costa. Sem prejuízo de outros, discordarmos do parágrafo intitulado A insistência em programas nucleares, com as indesejáveis usinas e submarinos nucleares. Devido ao alcance desse jornal, julgamos procedente o esclarecimento técnico, visando não perpetuarmos mitos e desinformação, independente de posicionamentos individuais sobre a política nuclear brasileira e/ou prioridades de qualquer governo.
O Brasil é um país que domina a tecnologia nuclear em toda sua extensão. A capacidade nacional instalada percorre desde as mais simples utilizações típicas de monitoração de áreas industriais, procedimentos diagnósticos ou terapias de diversas doenças, até os complexos processos de controle da fissão nuclear para operação de reatores de pesquisa e centrais de geração de energia elétrica. O país é internacionalmente reconhecido neste campo e respeitado, sobretudo, pelo deliberado posicionamento de não reciprocidade às inciativas de desenvolvimento armamentista nuclear. É imprescindível notar que o desenvolvimento de armas de origem nuclear, as bombas atômicas, esbarram nos limites de enriquecimento da matéria fundamental destes projetos, o elemento radioativo base, que pode ser urânio, plutônio ou outro de estrutura semelhante. É importante notar que reatores nucleares não são bombas atômicas sob controle. Considerando-se que o urânio seja o modelo, como o é no Brasil, para haver disponibilização de energia efetiva para qualquer utilização, é necessário que seja operado um procedimento que minera dentro do isótopo mais abundante, o U-238, uma fração mais rara, o U-235 (cerca de 7 átomos a cada 1000), o qual apresenta as condições energéticas necessárias para o processo de fissão nuclear e consequente liberação de energia útil, processo denominado enriquecimento. Entretanto, por um breve equívoco de avaliação se pode admitir equivalência de capacidades entre reatores nucleares e artefatos bélicos, haja vista funcionarem sob os mesmos princípios físicos – a fissão nuclear. A fundamental diferença reside no fato de que para ocorrer processos controlados de fissão o enriquecimento de urânio apresenta baixos índices, em torno de valores máximos próximos a 20%. De outra forma, para haver uma explosão de interesse bélico esses índices são próximos a 100%. Este salto quantitativo no enriquecimento do urânio não é uma tarefa simples de cumprir, exigindo alto investimento e desenvolvimento de um parque industrial que, nos moldes de cobertura geográfica atuais, seria de difícil ocultação, além de um pensionamento político nacional contrário ao que vem adotando o Brasil. A Constituição Brasileira de 1988 afirma no seu artigo 21, parágrafo 23, inciso (a) que toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional. O Brasil possui acordos em vigência sobre controle e contabilidade mútua de todas as instalações e materiais nucleares com a Argentina, através da Agência Brasil-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC) e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Essa contabilidade e controle inclui as instalações e materiais em operação pelas Forças Armadas do Brasil. O Brasil aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e é signatário do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT, do inglês). O CTBT foi celebrado em 1996 e hoje conta com mais de 180 países signatários, dentre eles o Brasil. Uma vez signatário e adimplente quanto às suas responsabilidades, que incluem treinamento de pessoal e hospedagem de pontos de monitoramento com dados abertos aos países integrantes do Tratado, o Brasil deixa claro seu posicionamento.
A referência à insistência de programas nucleares leva a um questionamento sobre a responsabilidade do país em aplicar os benefícios da energia nuclear para a sociedade. Os institutos de pesquisas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), participantes do Programa Nuclear Brasileiro (PNB), buscam, de uma forma geral, o conhecimento da ciência nuclear, desenvolvem tecnologias, criam inovações que se convertem em produtos e serviços para aplicação à sociedade e contribuem à formação de pesquisadores e técnicos do setor. Essas atividades são fortemente relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico do país e devem ser preservadas e incentivadas à despeito da utilização da energia nuclear para geração de eletricidade.
O desenvolvimento de equipamentos que sejam atendidos pela tecnologia de produção de energia nuclear, ainda que seja para utilização no campo da Defesa Nacional, não produz argumentos suficientes para tornar esta aplicação bélica. Fácil referência se faz ao caso do desenvolvimento brasileiro de submarinos propulsados à energia nuclear, cujo estudo é desenvolvido sob coordenação da Marinha do Brasil. Neste caso o submarino porta um motor nuclear, que é um reator e possui nível de enriquecimento incapaz de gerar explosão nuclear, não podendo ser confundido com um artefato bélico nuclear. Deste modo, qualquer tentativa de associar a propulsão nuclear, caso do submarino, com artefatos bélicos nucleares (bombas atômicas) é inconsistente tanto com relação às diferenças na abordagem física dos processos, como também com relação ao posicionamento político internacional do Brasil no campo das salvaguardas e CTBT.
À disposição para esclarecimentos adicionais,
Edson Ramos de Andrade, D.Sc., inspetor delegado do Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (CTBTO) e professor dos PPGs em Engenharia Nuclear e Engenharia de Defesa do IME
Frederico Genezini, D.Sc., Gerente do Centro do Reator de Pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
Débora Peres Menezes, D. Phil., Profa. Titular da Universidade Federal
de Santa CatarinaJosé Augusto Perrotta, D.Sc., pesquisador emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
Silvia Maria Velasques de Oliveira, D.Sc., pesquisadora aposentada da Comissão Nacional de Energia Nuclear
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- 31/10/2022 - Nova radioterapia é promissora contra tumores preservando tecido saudável; entendaUma nova radioterapia, criada em Israel, oferece resultados promissores tanto no objetivo principal - eliminar tumores - quanto em preservar células saudáveis, algo que as radioterapias convencionais nem sempre conseguem fazer.
Uma nova radioterapia, criada em Israel, oferece resultados promissores tanto no objetivo principal - eliminar tumores - quanto em preservar células saudáveis, algo que as radioterapias convencionais nem sempre conseguem fazer.
Fonte: BBC News
Giulia Granchi
Da BBC News Brasil em São PauloChamada de DaRT (Diffusing Alpha emitters Radiation Therapy), a técnica é aplicada através de um laser focado na erradicação das células cancerígenas, poupando os tecidos saudáveis ao redor do tumor. O tratamento, que está disponível só para grupos de estudos, pretende colaborar para a remissão do câncer de boca, língua, pâncreas e o câncer de mama.
A pesquisa foi desenvolvida no Centro Médico Hadassah, em Jerusalém, Israel, e será implementada em outros hospitais, como o Memorial Sloan Kettering Center e o Dana Farber-Cancer Institute, nos Estados Unidos. Os cientistas buscam parcerias em diferentes países.
"Gostaríamos de ter a pesquisa instituída também em algum hospital brasileiro, já que o país possui uma grande diversidade étnica e altas taxas de câncer", diz o professor Aron Popovtzer, principal responsável pelos estudos da técnica.
Os primeiros resultados publicados em periódico científico estão disponíveis no International Journal of Radiation Oncology desde 2018, mas outros estudos estão sendo realizados desde então.
Na publicação, os cientistas descrevem o que aconteceu com 13 pacientes com câncer de pele ou cabeça e pescoço resistente à radiação. Em um acompanhamento médio de cinco meses, todos os tumores responderam ao tratamento; nove tumores tiveram resposta completa, três tumores apresentaram resposta parcial e um tumor não foi destruído com sucesso e foi considerado "em observação". Nenhuma toxicidade importante foi notada.
Popovtzer explica com exclusividade para a BBC News Brasil a ação da DaRT no corpo humano e em qual estágio a terapia está.
Como a DaRT se diferencia de outras radioterapiasAs radioterapias comumente usadas atualmente têm a radiação beta ou radiação gama, que são executadas com fótons ou elétrons ou até prótons - diferentemente da DaRT, que emite partículas alfa.
Popovtzer esclarece que essas radiações padrão têm a vantagem de viajar por distâncias consideradas longas (de vários centímetros), podendo ser irradiadas de fora do corpo para o meio dele.
"Mas entre os problemas da radiação padrão está o fato de serem dependentes do oxigênio, criando radicais livres que destroem, muitas vezes, apenas uma das fitas de DNA da célula cancerosa, e infelizmente, isso significa que a outra pode se reparar e, portanto, não necessariamente matará todo o tumor."
Aplicadores usados para a inserção das 'sementes' que levam a radiação DaRT através de um procedimento minimamente invasivoA DaRT, explica o professor, só consegue viajar alguns milímetros, mas é muito eficaz na forma como ataca diretamente o tumor.
"Essa radioterapia tem o poder de 'matar' ambas as fitas de DNA e portanto, as células não conseguem se regenerar. É uma terapia nova porque ao longo dos anos, apesar de sabermos que as partículas alfa têm características específicas que a tornam muito eficaz para a radiação, simplesmente não sabíamos como usá-la."
O processo de criação da nova radioterapia
Há quinze anos, os professores Yona Keisari e Itzhak Kelson, da Universidade de Tel Aviv, descobriram uma maneira de usar a radiação alfa para destruir tumores.
Antes disso, como citado pelo professor Popovtzer, sabia-se do potencial da radiação alfa, mas ela não podia alcançar mais do que cerca de 50 mícrons (1/20 de milímetro) dentro do tecido humano. O tratamento de um tumor de, digamos, 5 centímetros exigiria centenas de milhares de fontes emissoras de alfa de curto alcance - o que seria teoricamente impossível.
Mas os cientistas descobriram que, quando entregue através de um isótopo (átomo) específico do elemento rádio, a radiação alfa poderia viajar até 3 mm - o suficiente para alcançar tumores sólidos - liberando átomos que se difundem dentro de um tumor e então emitem suas próprias partículas alfa.
Quais são os resultados obtidos até agora?
"Nossos estudos iniciais foram feitos em camundongos e mostraram que a DaRT tinha um poder maior de destruição de tumores quando comparada a radiação padrão", aponta Popovtzer.
"E isso nos levou ao nosso primeiro estudo em seres humanos, a publicação de 2018 no International Journal of Radiation Oncology."
Desde então, outras três publicações clínicas, descrevendo bons resultados em erradicar tumores e proteger tecidos saudáveis, foram completadas.
"Mais recentemente temos usado uma nova tecnologia que é baseada em software de computador para garantir que cobrimos todo o tecido que precisamos", complementa Popovtzer.
"O que você faz para usar essa tecnologia é colocar 'sementes' intersticiais [dentro da pele] no corpo, o que é feito com anestesia local."
"A vantagem, em relação à braquiterapia [radioterapia interna usada em alguma parte específica do corpo] , é que as sementes são muito finas e, portanto, é muito fácil fazer isso. E a DaRT tem uma tendência especial de entrar apenas em áreas com ele passa por vasos sanguíneos deficientes, uma característica presente nos tumores", diz o professor.
Agora, a equipe de cientistas está fazendo estudos simultâneos para ver como a DaRT funciona em tipos de cânceres distintos e com populações de diferentes países.
"Por enquanto os pacientes beneficiados são apenas aqueles que fazem parte dos estudos. O objetivo é conseguir a aprovação do FDA (Food and Drug Administration) [a agência reguladora de saúde dos Estados Unidos], a qual as decisões o governo de Israel tende a abraçar, para podermos instituir a tecnologia em hospitais diversos, e com o passar do tempo, esperançosamente, barateá-la, já que o custo ainda é alto." -
- 27/10/2022 - Estatal INB passará a ser controlada pela ENBPARFonte: Petronotícias
Movimentações e rearranjos no setor nuclear brasileiro. A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) assumirá o controle acionário da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A Assembleia Geral da ENBPar autorizou o aumento do capital social por meio do aporte das ações que a União detém no capital da INB. Isso, na prática, significa que a ENBPar passa a ter o controle acionário da INB.
Assim, a INB passa para a condição de uma estatal não dependente da União e, portanto, não receberá mais recursos financeiros do Tesouro Nacional para pagamento de despesas com pessoal, de custeio geral ou de capital. Para lembrar, a INB é a estatal responsável pelas atividades de mineração de urânio e fabricação do combustível para usinas nucleares.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a medida trará mais autonomia orçamentária e financeira na gestão do caixa da empresa. "A INB terá maior flexibilidade para estabelecer parcerias com a iniciativa privada, pois a nova legislação permite que sejam feitos outros modelos de associação entre a empresa e parceiros privados para exploração de jazidas minerais que possuam minérios nucleares. A iniciativa deverá atrair novos investidores e desonerar o contribuinte, gerando emprego e renda para a população”, afirmou o MME.
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- 27/10/2022 - ABDAN comemora 35 anos com avanços no Programa Nuclear Brasileiro e novas parcerias internacionaisCelebrando os feitos alcançados no passado e mirando nos próximos objetivos do futuro, a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) chega nesta quinta-feira (27) aos seus 35 anos de existência. Quando foi criada, em outubro de 1987, o setor nuclear brasileiro enfrentava dois grandes desafios: as obras de Angra 2 estavam paralisadas, enquanto Angra 1 passava por problemas técnicos que afetariam os seus primeiros anos de operação.
Celebrando os feitos alcançados no passado e mirando nos próximos objetivos do futuro, a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) chega nesta quinta-feira (27) aos seus 35 anos de existência. Quando foi criada, em outubro de 1987, o setor nuclear brasileiro enfrentava dois grandes desafios: as obras de Angra 2 estavam paralisadas, enquanto Angra 1 passava por problemas técnicos que afetariam os seus primeiros anos de operação.
Fonte: Petronotícias
Por Davi de Souza
"A ABDAN teve um papel muito importante no sentido de manter viva a importância do uso da tecnologia nuclear. Então, no passado, a ABDAN participou ativamente dessas discussões e incentivou as empresas a participarem do projeto nuclear brasileiro”, afirmou o presidente da entidade, Celso Cunha. O setor nuclear brasileiro conseguiu concluir Angra 2 e resolver os problemas que afetavam Angra 1. Contudo, atualmente existem ainda muitos desafios pela frente: o término de Angra 3, a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a democratização do acesso à medicina nuclear, entre outros. Todos esses são os assuntos que devem pautar a ABDAN pelos próximos anos. Cunha falou também das parcerias internacionais que estão sendo estabelecidas nos últimos anos pela associação – inclusive, um novo convênio do tipo será anunciado ainda neste mês. "O que podemos esperar da ABDAN é uma instituição cada vez mais forte. Para isso, estamos trabalhando com mais associados e com mais força, no sentido de demonstrar os benefícios que a tecnologia nuclear pode proporcionar aos brasileiros”, declarou.
Voltando um pouco no tempo, poderia falar do momento da criação da ABDAN, em 1987, e qual foi o papel da instituição naquele contexto?
Há 35 anos atrás, quando a ABDAN foi criada, as obras de Angra 2 estavam paralisadas. Era um momento de dificuldade do Programa Nuclear Brasileiro. Além disso, a usina de Angra 1 também sofria com problemas técnicos. Foi nesse contexto que a associação surgiu. A ABDAN teve um papel muito importante no sentido de manter viva a importância do uso da tecnologia nuclear. Então, no passado, a ABDAN participou ativamente dessas discussões e incentivou as empresas a participarem do projeto nuclear brasileiro.
Hoje, 35 anos depois, a instituição está com uma pujança cada vez mais significativa, não apenas com atuação nacional, mas também fazendo voos internacionais. Hoje, somos uma instituição com 31 empresas associadas, focando não apenas no segmento de geração de energia, mas também nas áreas de medicina nuclear e irradiação de alimentos. Esse é o papel da ABDAN atualmente: incentivar cada vez mais a cadeia produtiva do setor nuclear como um todo.
Gostaria de ouvir mais sobre esse processo de ampliação dos setores de atuação da associação e os resultados alcançados até aqui.No ano de 2018, a diretoria da associação concordou que o objetivo da ABDAN é desenvolver atividades nucleares em vários setores, como define o próprio estatuto da instituição. Até aquele momento, ainda estávamos concentrados apenas na questão da geração de energia. Foi a partir de então que a ABDAN começou a cuidar da área da medicina nuclear. Esse é um setor que ainda precisa endereçar muitas questões. A conclusão do Reator Multipropósito Brasileiro é uma delas. O projeto executivo do empreendimento já está finalizado. Agora, é preciso garantir as verbas federais para tirar o projeto do papel.
Mas também conseguimos avanços, como a flexibilização na legislação que permitiu a entrada de agentes privados na produção de radiofármacos. Esse foi um trabalho árduo e esperamos que os brasileiros colham o fruto disso em breve. O acesso aos serviços de medicina nuclear no Brasil ainda é muito desigual. As regiões Sudeste e Sul possuem mais acesso, enquanto o Norte e o Centro-Oeste ainda têm muitas dificuldades. Precisamos romper essa fronteira e avançar.
A ABDAN passou a abraçar não apenas a medicina nuclear, mas também a irradiação de alimentos. Hoje, existe um desperdício de mais de 30% dos alimentos produzidos. É muita coisa. São alimentos que poderíamos colocar na mesa do brasileiro e de pessoas em outras partes do mundo. Por isso, esse também é um tema que está na pauta da ABDAN.
Além da atuação nacional, poderia falar também do movimento de expansão internacional da associação?
Nos últimos anos, a ABDAN conseguiu estabelecer parcerias internacionais muito fortes. Assinamos convênios com a World Nuclear Association (WNA), com a Nuclear Energy Institute (NEI) e, mais recentemente, com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Neste mês de novembro, a expectativa é que devemos anunciar mais uma parceria com uma instituição internacional do setor nuclear.Especificamente falando do nosso convênio com a AIEA, essa parceria começou há dois anos e já deu frutos. Na questão dos pequenos reatores modulares (SMR), por exemplo, já estamos avançando. Mais recentemente, a ABDAN renovou seu convênio com a AIEA. Desta vez, a parceria terá duração de quatro anos e não abrangerá apenas o setor de geração, mas também os segmentos de irradiação e medicina nuclear. Vamos começar a pautar esses dois assuntos. A AIEA é o principal órgão do setor nuclear mundial e, por isso, esse convênio é tão fundamental.
Quais serão as novidades que a ABDAN pretende apresentar para o mercado nuclear brasileiro?
Estamos avançando no debate junto com outros países e angariando cada vez mais apoio no sentido de fortalecer a nossa cadeia produtiva. Isso é um tema importante. Nesse bojo, vamos realizar mais missões internacionais e levar nossas empresas para fora do Brasil. A ideia é que as companhias nacionais possam fornecer não só no Brasil, mas também em outros países. São ações que estão na pauta. Além disso, estamos trabalhando com as pequenas empresas e vamos avançar cada vez mais nesse sentido.O que podemos esperar da ABDAN é uma instituição cada vez mais forte. Para isso, estamos trabalhando com mais associados e com mais força, no sentido de demonstrar os benefícios que a tecnologia nuclear pode proporcionar aos brasileiros. Afinal, nosso país domina o ciclo do combustível, temos capacidade de produção, temos minério etc. Temos todas as condições para desenvolver ainda mais esse setor. Precisamos de coordenação para que os projetos no segmento continuem.
Por fim, poderia deixar uma mensagem para os atuais colaboradores da ABDAN e também para aqueles que ajudaram a construir a história da entidade no passado?O que torna a ABDAN um grande player no setor nuclear é a sua forma de trabalhar. A associação atua sempre de forma colaborativa. Como eu costumo dizer: "nada surge do nada”. Se chegamos até aqui, foi porque outros nos precederam. Outros ajudaram a pavimentar esse caminho e reconhecemos o valor da contribuição dessas pessoas. Mas tão importante quanto reconhecer o que já foi construído é apontar que existe um futuro no qual vamos trabalhar de braços dados com todos. A ABDAN estará de braços dados a todos aqueles que quiserem colaborar em prol do povo brasileiro. E que venham mais 35 anos!
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- 26/10/2022 - Anvisa prorroga por mais 5 meses a importação de radiofármacosFonte: Agência Brasil
Por Lucas Pordeus Leon - Repórter da Rádio Nacional - Brasília
A Anvisa prorrogou, nesta quarta-feira, por mais cinco meses, a resolução que permite a importação de radiofármacos em caráter temporário e excepcional.
o diretor da Anvisa, Daniel Pereira explicou que esses insumos são utilizados para diagnóstico e tratamento de doenças, como a arterial coronariana e vários tipos de câncer. Desde setembro do ano passado, tem sido necessário importar radiofármacos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária para evitar a escassez desses medicamentos no Brasil.
O responsável pela produção dos radiofármacos no Brasil é o Ipen, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, entidade ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O órgão suspendeu parte da produção, em setembro de 2021, devido a problemas financeiros e logísticos.
O Ipen informou a Anvisa que só deve regularizar a situação em março do próximo ano. Por isso, a autorização da importação dos radiofármaco sem caráter excepcional foi prorrogada pela Anvisa até o dia 31 do mesmo mês.
Edição: Bianca Paiva / Beatriz Arcoverde
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- 26/10/2022 - Treinamento para ações em caso de acidente nuclear é realizado em Angra dos Reis (reportagem em vídeo)Fonte: RJ1 - G1
Objetivo é avaliar a eficácia da estrutura de resposta e dos procedimentos do plano de emergência externo do Estado do Rio de Janeiro.
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- 26/10/2022 - STF declara inconstitucional proibição de lixo radioativo em RoraimaPedido pela inconstitucionalidade foi formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e defendido pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco
Pedido pela inconstitucionalidade foi formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e defendido pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco
Fonte: Folha BV (Roraima)
Por Lucas Luckezie
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional o trecho da Constituição de Roraima que proíbe a utilização do território estadual como depositário de lixo radioativo, atômico, rejeitos industriais tóxicos e corrosivos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (26).
O relator da ação foi o ministro Gilmar Mendes, cujo voto favorável à inconstitucionalidade foi acompanhado com ressalvas por Edson Fachin e pela presidente do STF, Rosa Weber. A líder da Corte, inclusive, já comunicou a decisão, por ofício, aos presidentes da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), e do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Cristóvão Suter.
A proibição está no artigo 167, que também proibia a implantação de indústrias de minérios radioativos com vistas à geração de energia nuclear no Estado. O pedido pela inconstitucionalidade foi formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no âmbito da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 6.907, que tramitava na Corte desde junho de 2021. Veja o trecho declarado inconstitucional:
Art. 167. É vedada a utilização do território estadual como depositário de lixo radioativo, atômico, rejeitos industriais tóxicos ou corrosivos.Parágrafo único. Fica vedada a implantação de instalações industriais no Estado para fins de enriquecimento de minerais radioativos, com vistas à geração de energia nuclear.
Aras entendeu que a proibição feita pela Constituição Estadual, ao disciplinar a implantação de instalações nucleares e depósito de material radioativo ou atômico no território estadual, afrontou três artigos da Constituição Federal de 1988, que conferem à União competência privativa para legislar sobre a matéria. Ele reiterou a manifestação na fase final do processo.
"As normas impugnadas nesta ação, portanto, disciplinam e estabelecem restrições para o exercício de atividades nucleares em âmbito estadual, temática sobre a qual somente lei federal poderia dispor”, defendeu Aras, citando ainda ações diretas que declararam inconstitucionais leis de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul que tratam de tema semelhante.
Solicitado por Aras a se manifestar nos autos, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, que representa o governo federal em ações judiciais, endossou o pedido de inconstitucionalidade, ao entender que compete privativamente à União legislar sobre as atividades nucleares e a localização das usinas que operem com reator nuclear e sobre o transporte e o destino final de materiais radioativos.
A Assembleia também se manifestou a pedido de Aras. Os procuradores geral e adjunto da Casa, Paulo Luis de Moura e Sergio Mateus, defenderam a constitucionalidade da proibição, sob à análise da Carta Magna brasileira. "Como bem retrata o texto constitucional, a ideia de monopólio e exploração de serviços e instalações nucleares é vinculada estritamente ao desenvolvimento dessas atividades, matéria essa não disciplinada pelo texto da Constituição Estadual”.
Para o Legislativo estadual, "o constituinte decorrente do Estado de Roraima, ao impor um comando negativo sobre o tema, legisla não violando a regra de repartição de competências inserida no inc. XXVI, do art. 22, da CRFB, ao contrário, encontra amparo normativo no art. 24, incs. VI, XII e §2º, complementando a legislação federal existente, atendendo as peculiaridades locais e maximizando a proteção já estabelecida pelo texto da Constituição da República”.