Clipping de Notícias
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- 08/04/2021 - Fusão Termonuclear Controlada: Energia Limpa, Segura e InesgotávelFonte: Agência FapespAgência FAPESP – O Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) promove neste sábado (10/04) uma nova edição da série Física para Todos, que terá como tema "Fusão Termonuclear Controlada: Energia Limpa, Segura e Inesgotável”.
A apresentação pretende delinear, de maneira simples, uma perspectiva histórica das pesquisas em fusão e seu progresso. Serão também discutidos os principais desafios científicos e tecnológicos que ainda precisam ser enfrentados para a construção de reatores comerciais afusão nuclear.
O Física para Todos promove palestras sobre os mais diversos campos científicos a um público abrangente, desde estudantes do Ensino Médio, ou jovens graduandos, até o público geral que acompanha e aprecia temas científicos.
A atual edição será apresentada pelo pesquisador Vinícius Njaim Duarte, da Princeton University (Estados Unidos). O evento será transmitido às 10h30 pelo Zoom e pelo canal do IF-USP no Youtube. Não há necessidade de inscrição prévia.
Mais informações:https://portal.if.usp.br/extensao/pt-br/f%C3%ADsica-para-todos.
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- 05/04/2021 - Pesquisador da USP integrará Conselho Executivo do maior experimento ligado ao Grande Colisor de HádronsFonte: Agência FapespAgência FAPESP* – O pesquisador Marco Aurelio Lisboa Leite, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), foi indicado para compor o Conselho Executivo do experimento A Toroidal LHC ApparatuS (ATLAS), conduzido no âmbito do projeto Grande Colisor de Hádrons (LHC), da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN).
O ATLAS é um detector que utiliza um eletroímã toroidal, ou seja, no qual o campo magnético fecha-se sobre si mesmo no ar. Trata-se do maior dos quatro grandes experimentos de física de partículas do LHC, mantido por uma colaboração internacional que envolve mais de 3 mil cientistas de 38 países e mais de 1.200 estudantes de doutorado.
O Conselho Executivo é a instância de governança do ATLAS responsável pela direção e coordenação do experimento, sendo composto por coordenadores de área, líderes de subsistemas e por apenas três membros da colaboração, escolhidos de forma a ampliar as competências no Conselho.
Leite foi indicado para compor o Conselho por sua contribuição com o experimento, uma vez que o pesquisador é também membro do Upgrade Speakers Committeee do Upgrade Steering Committeedo ATLAS, tendo ainda servido entre 2018 e 2019 como membro do Collaboration Board Chair Advisory Committee.
*Com informações do portal do IF-USP.
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- 05/04/2021 - Evento internacional sobre ciência e tecnologia de materiais recebe resumosFonte: Agência FapespAgência FAPESP – A Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat/B-MRS) e a União Internacional de Sociedades de Pesquisa em Materiais (IUMRS) convidam a comunidade científica a submeter resumos de trabalhos para apresentação no 19º Brazilian Materials Research Society Meeting (B-MRS Meeting), evento internacional sobre ciência e tecnologia de materiais que será realizado em formato virtual de 30 de agosto a 3 de setembro de 2021.
O evento contará com 24 simpósios temáticos em que pesquisadores e estudantes do Brasil e do exterior poderão submeter resumos de seus trabalhos para apresentação oral ou em forma de pôster. O programa também inclui sete palestras plenárias de cientistas de outros países.
Os resumos podem ser submetidos no site do evento até 25 de abril. Os interessados podem enviar até dois resumos de trabalhos, que devem ser redigidos em inglês.
Os melhores trabalhos de cada simpósio apresentados por estudantes de graduação ou pós-graduação serão distinguidos no final do evento com prêmios da SBPMat, dentro do Bernhard Gross Award.
Além disso, a ACS Publications, editora da American Chemical Society, outorgará prêmios em dinheiro aos dez melhores trabalhos de todo o evento. Para se candidatar aos prêmios, os autores deverão submeter um resumo estendido adicional ao convencional, após serem notificados da aceitação do trabalho no evento.
As inscrições para o B-MRS Meeting custam entre R$ 100 e R$ 500 até 30 de julho e devem ser feitas pelo site do evento. Após essa data, as inscrições custarão entre R$ 130 e R$ 550. As pessoas inscritas receberão link de transmissão das atividades.
Mais informações em:www.sbpmat.org.br/19encontro/.
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- 31/03/2021 - Com edição de DNA, brasileiros avançam no transplante de órgãos de porcos para humanosTrabalho é coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP; primeiro objetivo é realizar transplantes de rim
Trabalho é coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP; primeiro objetivo é realizar transplantes de rim
Fonte: Folha de São Paulo
Reinaldo José Lopes
São Carlos (SP)
Usando técnicas de edição de DNA, pesquisadores brasileiros deram passos importantes para viabilizar o transplante de órgãos de porcos para seres humanos.
Eles conseguiram remover trechos de material genético que poderiam desencadear rejeições ou causar doenças nos pacientes que receberem os tecidos de origem suína. Seu primeiro objetivo é realizar transplantes de rim, o que poderia diminuir significativamente a fila de transplantes e a dependência de constantes sessões de hemodiálise por parte dos doentes.
O trabalho está sendo coordenado pela geneticista Mayana Zatz e pelo médico Silvano Raia, da USP. "Na parte molecular, temos tido bastante sucesso”, diz Zatz.
"Transplantes de rins suínos modificados dessa maneira para babuínos [que são primatas, como o ser humano] já mostraram que é possível uma sobrevida de longo prazo. Os macacos ficaram com os rins por dois anos e meio e foram sacrificados como parte do estudo, sem que isso tivesse relação com o transplante. O procedimento ainda não foi realizado com pacientes humanos em nenhum lugar do mundo, mas há equipes trabalhando para isso, e é um esforço que precisa ser realizado no Brasil também”, argumenta ela.
Os suínos são considerados fontes promissoras para esse tipo de xenotransplante (transplante entre espécies diferentes) há tempos. Tanto o tamanho dos animais quanto sua anatomia são compatíveis com as necessidades de receptores humanos.
Para que o transplante se torne viável, dois tipos de modificação genética são considerados necessários. O primeiro envolve a remoção de três trechos do DNA suíno que provocariam rejeição aguda nos pacientes. Além disso, é preciso extirpar ainda regiões do genoma conhecidas como Pervs (sigla inglesa de "retrovírus endógenos porcinos”).
Em essência, estamos falando de vírus "fossilizados”, que infectaram os ancestrais dos porcos de hoje e inseriram versões de seu material genético no genoma dos animais. É o que o vírus da Aids ainda faz hoje com as pessoas que infecta.
No organismo dos bichos, os Pervs são inócuos, mas há o risco de eles "ressuscitarem” e infectarem outra espécie que receber o órgão transplantado. Tanto no caso dos genes de rejeição quanto no dos Pervs, a equipe já dominou os métodos necessários para deletá-los, usando a técnica de edição de DNA conhecida como Crispr (pronuncia-se "crísper”).
O próximo passo, conta Silvano Raia, será transferir o núcleo das células suínas modificadas para óvulos cujo núcleo foi retirado — na prática, um processo de clonagem — e implantar o embrião assim gerado em fêmeas. Os rins dos filhotes que nascerem a partir desse processo serão testados em sistemas de circulação extracorpórea, para demonstrar que são capazes de realizar corretamente a função filtradora do órgão.
Isso, no entanto, ainda não será suficiente para que a pesquisa chegue ao teste clínico, com pacientes. Para isso, os pesquisadores estão em busca de financiamento para construir a chamada "pig facility”, uma instação em que os suínos seriam criados em condições livres de germes e, portanto, seguras para o transplante. A área já está disponível: um espaço de 1.100 m2cedido pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), na capital paulista. "Com a ‘pig facility’, poderíamos começar os testes com pacientes num intervalo de seis meses a um ano”, diz Zatz.
Raia elenca os requisitos bioéticos para escolher os participantes: seriam pessoas cuja expectativa de vida ficaria maior com o transplante do que apenas com a continuidade da hemodiálise. Além disso, elas receberiam prioridade na fila de transplantes de órgãos humanos caso o procedimento não desse certo. "Seria possível fazer o xenotransplante sem retirar o rim ainda funcional do paciente, tornando-o reversível no caso de algum problema”, explica ele.
Os pesquisadores chegaram até a consultar autoridades religiosas — católicas, judaicas e muçulmanas — em busca de seu beneplácito para o procedimento. "Em essência, é algo permitido por todos”, diz Raia.
Recipiente térmico usado para transportar coração doado é colocado em uma canto da sala cirúrgica enquanto aguarda para ser transplantado em uma paciente no Instituto do Coração - (Lalo de Almeida/Folhapress)
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- 24/03/2021 - Hospital do Câncer recebe autorização da CNEN para operar novo equipamentoFonte: Diário do SudoesteEm meio a tantas dores e perdas, dias difíceis e incertezas causadas pela pandemia, uma boa notícia na área da saúde. Na manhã dessa terça-feira (23) o Hospital do Câncer de Pato Branco anunciou que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Rio de Janeiro, autorizou a operacionalização do novo acelerador linear do hospital.
"Depois de muito trabalho e ajuda de toda comunidade, hoje (terça) é um dos dias mais felizes para a Fundação Hospital do Câncer. O CNEN autorizou a operação do acelerador linear”, celebrou Osmar Gabriel, presidente do Conselho dos Instituidores.
Ele frisou ainda que essa é, sem dúvida alguma, uma das maiores conquistas na área da saúde. "O câncer é uma doença agressiva e cruel, mas o esforço da comunidade, desde a Fundação em 1997, conseguiu aproximar o tratamento do câncer junto aos pacientes. De agora em diante precisamos evoluir mais ainda”, completou.
Trâmites
Gabriel contou que o hospital pediu a autorização da CNEN no dia 9 de novembro de 2020. Correu o trâmite normal de 60 dias e em janeiro foram realizadas algumas modificações a pedido da CNEN.
Em fevereiro foi pedida uma avaliação independente, nas dependências do hospital, que deveria ser feita por um físico. O hospital solicitou a avalição do físico de Maringá (PR), Alisson Dal Col, juntamente com o físico Sidnei Maschio. O objetivo do levantamento era checar se as medidas estavam dentro dos padrões dos protocolos de segurança.
A medição radiométrica fez a leitura da radiação emitida pelo equipamento e analisou as barreiras de proteção para observar a eficácia da blindagem. Após o levantamento, o físico emitiu um laudo favorável, que foi encaminhado ao CNEN em 25 de fevereiro.
Em 9 de março o pedido entrou em processo de avaliação técnica na CNEN, e no dia 18 foi emitida a autorização para a operacionalização do aparelho.
Próximos passos
O presidente do Conselho dos Instituidores informou que o próximo passo nesse processo é encaminhar essa autorização à Vigilância Sanitária do Estado e, posteriormente, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"Como já temos um serviço de radioterapia registrado junto à Anvisa, acreditamos que agora deva ser rápida essa situação. Eles devem fazer um levantamento e após a liberação da licença sanitária a máquina já pode ofertar o serviço de radioterapia aos nossos pacientes”, comemorou Gabriel.
Tratamento
Com esse novo equipamento, o tratamento dos pacientes com câncer será mais eficaz e com menos efeitos colaterais. A CNEN é uma comissão vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e faz o controle de tudo que envolve energia nuclear. Assim, estabelece normas e regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e o uso da energia nuclear no Brasil.
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- 23/03/2021 - Brasil e Argentina retomam Comitê Binacional nas áreas de Ciência e TecnologiaFonte: Defesa.comOs ministros da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, Marcos Pontes, e da Argentina, Roberto Salvarezza, estiveram reunidos por videoconferência na terça-feira (23). Na pauta do encontro, diversos temas de interesse em comum das duas nações como biotecnologia, nanotecnologia, setor espacial, setor nuclear e enfrentamento à pandemia de Covid-19, dentre outros.
Durante a reunião, o ministro Marcos Pontes detalhou uma série de iniciativas do MCTI como laboratórios na Amazônia para pesquisas de insumos farmacêuticos, o programa espacial brasileiro com o lançamento do satélite Amazonia 1 e a criação do plano estratégico para uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara, a recente criação do Instituto Nacional do Mar, projetos na Antártica para aprimoramento dos estudos meteorológicos, além de todas as iniciativas de enfrentamento do coronavírus.
"Essa parceria com a Argentina é muito importante para o desenvolvimento tecnológico e econômico das duas nações. Podemos ir muito mais longe se trabalharmos em conjunto para o desenvolvimento dos nossos países e da América do Sul”, avaliou Marcos Pontes.
O encontro serviu também para selar a retomada de um antigo projeto entre as duas nações o Comitê Binacional. Ficou decidido que já em abril haverá um novo encontro entre especialistas dos dois países para trocar informações de combate à Covid-19. Depois em junho está previsto outra reunião para debater as possibilidades de cooperação nas outras áreas.
"Temos muito interesse nesta cooperação com o Brasil. Devido a urgência do momento, primeiro vamos tratar sobre o combate a Covid-19. Mas depois vamos nos reunir novamente para ver no que podemos contribuir um com outro nas outras áreas de interesse comum”, destacou o ministro argentino Roberto Salvarezza.
Também participaram da reunião o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), Carlos Moura, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI), Paulo Roberto Pertusi, o sub secretario de unidades vinculadas Darcton Damião, o secretário de Empreendedorismo e Inovação (SEMPI/MCTI) Paulo Alvin, o secretário de Pesquisa e Formação Científica (SEPEF/MCTI) Marcelos Morales, a coordenadora-geral de Cooperação Bilateral (ASSIN/MCTI) Vânia Gomes, o coordenador-geral de Cooperação Multilateral, Carlos Matsumoto, o coordenador-geral de Tecnologias Estratégicas do MCTI, Ricardo Mangrich além dos embaixadores do Brasil na Argentina Reinaldo Salgado, e da Argentina no Brasil, Daniel Scioli.
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- 23/03/2021 - Fukushima: Japão pede a AIEA para rever plano de despejar água no marO Governo do Japão pediu hoje à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para rever o seu plano para despejar gradualmente no mar água tratada, mas ainda radioativa, da central nuclear destruída de Fukushima.
O Governo do Japão pediu hoje à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para rever o seu plano para despejar gradualmente no mar água tratada, mas ainda radioativa, da central nuclear destruída de Fukushima.
Fonte: Notícias ao MinutoO ministro da Indústria nipónico, Hiroshi Kajiyama, solicitou hoje por videoconferência ao diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que o organismo de controlo nuclear da ONU realize uma revisão científica do plano para eliminar a água e transmita a sua opinião à comunidade internacional, informou a agência noticiosa japonesa Kyodo.
O Governo japonês estuda há algum tempo a possibilidade de despejar no Oceano Pacífico a água usada para arrefecer os reatores da central nuclear, gravemente afetada por um terramoto e tsunami em 2011, mas ainda não tomou uma decisão e conta com forte oposição da indústria pesqueira e de países vizinhos como a Coreia do Sul e a China.
O Japão pediu à AIEA que confirme se o método e as instalações utilizadas para a eliminação da água cumprem os padrões de segurança da agência, verifique os dados da radiação à volta da central e divulgue as suas descobertas.
As instalações de Fukushima Daiichi geraram toneladas de água contaminada que tiveram de ser armazenadas depois de usadas para arrefecer os núcleos parcialmente derretidos de três reatores.
Desde há anos que a empresa responsável pela central utiliza um sistema para filtrar aquela água e eliminar todos os seus isótopos radioativos com exceção do trítio.
O pedido de Tóquio ocorre depois de, no início do mês, especialistas das Nações Unidas terem destacado que a água da central representa um grave risco ambiental e que seria "inaceitável" libertá-la no Oceano Pacífico, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
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- 18/03/2021 - Rejeitos Radioativos: Como a biomassa vem auxiliando no tratamento desse tipo de resíduoEstudo desenvolvido por pesquisadores do Ipen usou cascas de arroz e café para a biossorção de radionuclídeos.
Estudo desenvolvido por pesquisadores do Ipen usou cascas de arroz e café para a biossorção de radionuclídeos.
Fonte: Biomassa BRO tratamento de rejeitos radioativos ainda é um desafio no Brasil e cada vez mais estudos e pesquisas buscam por soluções para fazer a destinação desse tipo de resíduo de forma correta.
Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) entretanto visa modificar o cenário e mostrar o quanto o uso da biomassa pode ser eficaz e barato nesse tipo de tratamento.
De acordo com a Lei 10.308 de 2001, a qual trata sobre rejeitos radioativos, esse tipo de resíduo não pode ser descartado de forma qualquer e precisa de um tratamento específico para evitar danos graves a saúde e ao meio ambiente.A biomassa então entra como uma possível solução, visto que vem sendo cada vez mais objeto de estudo de pesquisadores para esse fim. Leandro Araujo, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo do Ipen, reforça que diversos tipos biomassa já estão sendo estudadas e trabalhadas para o tratamento de rejeitos radioativos.
Estudo utilizou cascas de arroz e café na biossorção de radionuclídeos
O estudo desenvolvido pelo Ipen teve como base de estudo o uso de cascas de arroz, assim como de café. De acordo com Araujo as mesmas foram utilizadas por se tratarem de resíduos agrícolas comuns e baratos no Brasil, um incentivo ainda maior para futuros investimentos.
O estudo teve como objetivo avaliar se as cascas possuíam propriedades atrativas na biossorção de radionuclídeos presentes em rejeitos radioativos. Na ocasião o estudo testou a biomassa especialmente em três tipos de rejeitos sendo urânio, amerício e césio.
Ainda de acordo com o pesquisador todo um processo foi realizado com a biomassa para que ela tivesse êxito durante o processo de tratamento do resíduo.
"As cascas foram preparadas por meio de lavagem com água destilada, secas em estufa a 80 graus celsius por 24h, esterilizadas por radiação UV, picadas e peneiradas. Parte desse material foi utilizado diretamente no tratamento do rejeito, ao passo de que outra parte foi ativada quimicamente com o uso de ácido nítrico e hidróxido de sódio e depois utilizada no tratamento do rejeito” explicou Araujo.
O que disseram os resultados para o tratamento dos resíduos
Os resultados apresentados pelo estudo foram bastante satisfatórios segundo Araujo, tendo a casca de café não processada com um ótimo produto de absorção de rejeitos de urânio e amerício. A expectativa agora é que mais estudos dêem continuidade e mostrem o quão importante a biomassa possa vir a ser na redução de rejeitos.
"Esses materiais se mostraram eficazes na remoção de radionuclídeos em solução de rejeito radioativo real, justificando a continuação desse estudo. Há também resultados atrativos de imobilização desses materiais com o uso de cimento Portland após o tratamento de rejeito radioativo. No momento temos trabalhado com outras biomassas, mas há a possibilidade de voltarmos a usar as cascas de café e arroz em trabalhos futuros” destaca Araujo.
O resultado positivo da pesquisa mostrou o quanto à biomassa bem exercendo um papel fundamental na redução dos impactos ambientais causados pelos poluentes e como incentivos para esse tipo de produção podem ser favoráveis para a preservação ambiental.
"Materiais como as cascas de café e arroz são de nosso interesse porque são resíduos agrícolas, gerados em quantidade significativa e que são baratos. Dessa forma, utilizamos um resíduo para tratar outro resíduo, diminuindo o impacto ao meio ambiente” finalizou Araujo.
Para quem possui interesse em acessar o estudo completo basta acessar o arquivo na plataforma SpringerLink clicando aqui: O uso de casca de arroz e café para biossorção de U (total), 241 Am e 137 Cs em resíduos orgânicos líquidos radioativos -
- 18/03/2021 - Quão seguros são os navios de guerra movidos a energia nuclear dos EUA?Fonte: Defesa Aérea e NavalPor Ryan White
Os navios de guerra movidos a energia nuclear dos EUA (NPWs) operam com segurança há mais de 50 anos sem sofrer nenhum acidente no reator ou qualquer liberação de radioatividade que prejudique a saúde humana ou tenha um efeito adverso na vida marinha. Os reatores navais têm um recorde notável de mais de 134 milhões de milhas movidas com segurança com energia nuclear e acumularam mais de 5.700 reatores-anos de operação segura. Atualmente, os EUA têm mais de 80 navios com propulsão nuclear (porta-aviões e submarinos). Esses NPWs constituem cerca de quarenta por cento dos principais combatentes navais dos EUA e visitam mais de 150 portos em mais de 50 países, incluindo aproximadamente 70 portos nos EUA e três no Japão.
Projeto da planta do reator naval
Todos os NPWs dos EUA usam reatores de água pressurizada (PWRs). Os PWRs têm um histórico de segurança estabelecido, seu comportamento operacional e riscos são conhecidos e são o projeto básico usado por aproximadamente 60% das usinas nucleares comerciais do mundo. A missão que os reatores navais apoiam é diferente da missão dos reatores comerciais.
Todos os NPWs são projetados para sobreviver a ataques em tempo de guerra e continuar a lutar enquanto protegem suas tripulações contra perigos. Eles têm recursos de controle de danos bem desenvolvidos, redundância e backup em sistemas essenciais. Além disso, para apoiar a missão de um navio de guerra, os reatores navais são projetados e operados de forma a fornecer mudanças rápidas de nível de potência para as necessidades de propulsão, garantir a continuidade da propulsão e ter longa vida operacional (núcleos de reatores navais atuais são projetados de tal forma que os porta-aviões são reabastecidos apenas uma vez na vida do navio e os submarinos nunca precisam ser reabastecidos).
Estas são as diferenças significativas entre as missões dos NPW e reatores comerciais. Além disso, o fato de que os operadores e as tripulações precisam morar nas proximidades do reator nuclear exige que o reator tenha sistemas redundantes e blindagem abrangente, além de ser confiável e seguro. Por essas razões, os projetos de plantas de reatores navais são diferentes dos reatores comerciais, o que resulta em uma capacidade aprimorada dos navios de guerra para operar com segurança em condições de batalha adversas, ou ainda com mais segurança durante operações em tempos de paz.
Existem pelo menos quatro barreiras que funcionam para manter a radioatividade dentro do navio, mesmo no caso altamente improvável de um problema envolvendo o reator. Essas barreiras são o próprio combustível, o sistema primário do reator totalmente soldado, incluindo o vaso de pressão do reator que contém o combustível, o compartimento do reator e o casco do navio. Embora os reatores comerciais tenham barreiras semelhantes, as barreiras nas NPWs são muito mais robustas, resilientes e projetadas de forma conservadora do que as dos reatores civis devido às diferenças fundamentais na missão.
O combustível nuclear naval dos EUA é um metal sólido. O combustível é projetado para choque de batalha e pode suportar cargas de choque de combate maiores que 50 vezes a força da gravidade sem liberar produtos de fissão produzidos dentro do combustível. Isso é maior do que 10 vezes as cargas de choque do terremoto usadas para projetar usinas nucleares comerciais dos EUA. Com o projeto de combustível de alta integridade, os produtos da fissão dentro do combustível nunca são liberados no refrigerante primário. Esta é uma das diferenças marcantes dos reatores comerciais, que normalmente têm uma pequena quantidade de produtos de fissão liberados do combustível para o refrigerante primário.
Um sistema primário totalmente soldado fornece uma segunda barreira de metal substancial para a liberação de radioatividade. Este sistema é formado pelo vaso de pressão do reator, que é um componente de metal muito robusto e espesso que contém o núcleo do reator e circuitos de refrigeração primários. Eles são firmemente soldados de acordo com padrões rigorosos para constituir uma única estrutura que mantém a água pressurizada em alta temperatura dentro do sistema. As bombas de refrigeração do sistema primário são bombas motorizadas enlatadas, o que significa que estão completamente contidas na barreira metálica do sistema primário totalmente soldada. Nenhuma violação no limite primário é necessária para alimentar a bomba; a bomba é operada de fora pela força de um campo eletromagnético.
Nenhuma peça giratória com vedações de gaxetas associadas penetra na barreira de metal. Embora o projeto garanta que nenhum vazamento mensurável ocorra neste sistema primário, deve-se observar que há apenas uma quantidade muito pequena de radioatividade dentro do refrigerante primário. Conforme explicado acima, não há produtos de fissão liberados do combustível para o refrigerante. As principais fontes de radioatividade no refrigerante primário são traços de corrosão e produtos de desgaste que são transportados pela água de resfriamento do reator e ativados por nêutrons quando os produtos de corrosão passam pelo combustível do reator. A concentração de radioatividade (Becquerels por grama, Bq / g) de tais produtos de corrosão ativados é quase a mesma que a concentração de radioatividade de ocorrência natural encontrada em fertilizantes comuns de jardim.
A Marinha dos EUA monitora os níveis de radioatividade na água de resfriamento do reator diariamente para garantir que qualquer condição inesperada seja detectada e tratada prontamente. A terceira barreira é o compartimento do reator. Este é o compartimento de alta resistência especialmente projetado e construído dentro do qual o sistema primário totalmente soldado e o reator nuclear estão localizados. O compartimento do reator impediria a liberação de qualquer líquido do sistema de refrigeração primário ou vazamento de pressão no caso de ocorrer um vazamento no sistema primário.
A quarta barreira é o casco do navio. O casco é uma estrutura de alta integridade projetada para resistir a danos significativos em batalha. Os compartimentos do reator estão localizados na seção central e mais protegida do navio.
A operação do reator naval
A operação de reatores navais também é diferente da de reatores comerciais devido às diferentes finalidades a que servem. Em primeiro lugar, os reatores navais são menores e mais baixos em potência do que os reatores civis. Os maiores reatores navais são avaliados em menos de um quinto de uma grande planta de reator comercial dos EUA. Além disso, os reatores navais normalmente não operam com potência total. O nível médio de potência dos reatores em porta-aviões com energia nuclear durante a vida útil do navio é inferior a 15% de sua potência nominal total. Em contraste, os reatores comerciais normalmente operam perto da potência total. Em segundo lugar, o nível de energia do reator naval é definido principalmente pelas necessidades de propulsão, e não pelas outras necessidades de serviço do navio, que também são alimentadas pelo reator, mas requerem uma pequena fração da energia necessária para a propulsão.
Consequentemente, os reatores são normalmente desligados logo após a atracação e são normalmente iniciados apenas um pouco antes da partida, uma vez que apenas uma potência muito baixa é necessária para a propulsão no porto. Enquanto no porto, a energia elétrica para as necessidades de serviço é fornecida por fontes de alimentação portuária. Este tem sido e continuará a ser o caso para os NPWs em outros portos onde há energia suficiente disponível.
Destes dois fatos por si só, segue-se que a quantidade de radioatividade potencialmente disponível para liberação de um núcleo de reator de uma NPW americana atracada em um porto é menos do que cerca de um por cento daquela de um reator comercial típico. Uma grande fração dos produtos de fissão que são produzidos durante a operação do reator, e são uma preocupação para a saúde humana, se decompõe logo após o reator ser desligado.
Preparação para Emergências
Defesa em profundidade devido às quatro barreiras existentes nas NPWs dos EUA, é extremamente improvável que a radioatividade seja liberada do núcleo do reator para o meio ambiente. Para garantia adicional, no entanto, os NPWs dos EUA têm vários sistemas de segurança para evitar que problemas aconteçam e se expandam. O sistema primário totalmente soldado, é projetado com um critério de projeto de vazamento zero que permite aos operadores de reatores NPWs determinar rapidamente se houve mesmo um vazamento de refrigerante primário muito pequeno e tomar medidas corretivas imediatas antes que possa levar a problemas adicionais.
Além disso, os NPWs dos EUA têm um sistema de desligamento de reator à prova de falhas, que provoca o desligamento do reator muito rapidamente, bem como outros sistemas de segurança de reator múltiplos e recursos de projeto, cada um dos quais tem back-ups. Entre eles está uma capacidade de remoção de calor de decomposição, que depende apenas do arranjo físico da planta do reator e da própria natureza da água (convecção natural impulsionada por diferenças de densidade), e não da energia elétrica, para resfriar o núcleo.
Além disso, os reatores navais têm acesso imediato a uma fonte ilimitada de água do mar que pode, se necessário, ser trazida a bordo para resfriamento e proteção de emergência e permanecerá no navio. Todos os reatores nos NPWs dos EUA estão localizados em compartimentos robustos e têm várias maneiras de adicionar água para resfriar o reator. Esses múltiplos sistemas de segurança garantem que, mesmo no evento altamente improvável de múltiplas falhas, os reatores navais não superaquecerão e a estrutura do combustível não será danificada pelo calor produzido no núcleo do reator.
Assim, seriam necessárias condições de acidente virtualmente incríveis, onde esses sistemas de segurança e seus backups falham, para causar uma liberação de produtos de fissão do núcleo do reator para o refrigerante primário. A tripulação do NPW é totalmente treinada e totalmente capaz de responder imediatamente a qualquer emergência no navio. As práticas operacionais navais e os procedimentos de emergência são bem definidos e rigorosamente aplicados; e os indivíduos são treinados para lidar com situações extraordinárias e estão sujeitos a altos padrões de responsabilidade. Além disso, o fato de a tripulação viver tão perto do reator fornece o melhor e mais rápido monitoramento até mesmo da menor alteração no status da planta. Os operadores ficam muito sintonizados com a maneira como a planta soa e cheira.
No caso extremamente improvável de um problema a bordo envolvendo a planta do reator de um NPW dos EUA visitando outros países, a Marinha dos EUA iniciaria as ações necessárias para responder e poderia recorrer a outros ativos de resposta nacional dos EUA, se necessário. Devido ao design robusto da planta do reator, vários sistemas de segurança e uma equipe totalmente treinada e capacitada, a segurança das NPWs dos EUA é extremamente alta. Para que um acidente que afete a operação do navio ou da tripulação aconteça, o navio deve experimentar simultaneamente numerosas e irreais falhas dos equipamentos e falhas do operador. Mesmo que tal cenário de acidente seja muito irreal, os NPWs dos EUA e suas instalações de apoio são obrigadas a simular tais situações à medida que conduzem um treinamento significativo em cenários de acidente de reator altamente improváveis. Com essa abordagem de defesa em profundidade, mesmo no evento altamente improvável de um problema envolvendo o reator nuclear de um NPW dos EUA, toda a radioatividade do combustível deveria permanecer dentro do navio.
Quando um porta-aviões dos EUA está no porto para manutenção, os reatores nucleares são desligados?
Normalmente, os reatores serão desligados sempre que o navio estiver atracado em um porto que possa fornecer serviços completos em terra (energia elétrica, água, etc). Se os serviços de terra não estiverem disponíveis, um reator será desligado, normalmente o que tiver consumido mais combustível.
A decisão também depende das necessidades operacionais. Ao reiniciar a partir do ferro frio, a condição limite é o aquecimento da tubulação de vapor. Todo esse aço frio precisa ser aquecido gradualmente e a condensação eliminada dos pontos baixos. Aquecê-lo muito rápido pode rachar o navio. O capitão provavelmente verifica suas ordens e, se houver alguma chance de que eles precisem sair em menos de 72 horas, eles provavelmente manterão reatores ou nível de energia suficientes para fumegar e sair de lá.
Geralmente, para manutenção, um navio irá para um estaleiro e a disponibilidade de manutenção será geralmente predefinida em termos de duração e programação. O reator provavelmente será desligado para uma condição de ferro frio, onde a usina a vapor pode esfriar.
Ainda há alguém a bordo que irá monitorá-los e mantê-los?
Atracado significa que você não precisa de operadores de acelerador ou relógios do motor principal. Desligar um reator reduz ainda mais o pessoal.
O reator normalmente é desligado quando o navio está em manutenção. Isso é para que mais tripulantes possam entrar em liberdade, já que uma equipe de vigilância de desligamento requer menos pessoas.
Em um desligamento de manutenção, você pode ficar com um oficial de vigilância, um supervisor de vigilância, um operador de reator de desligamento e 1–2 caras em cada ‘caixa’ (espaço de maquinário) para ficar de olho nas coisas. Isso é para cada planta, então existem alguns relógios compartilhados, técnico do reator, despachante de carga, etc.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: Naval Post -
- 17/03/2021 - Nuclep entrega acumuladores de energia para Angra 3Fonte: Diário do ValeO Ministério de Minas e Energia (MME) e a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) promovem solenidade para realizar a entrega dos dois últimos acumuladores da usina nuclear Angra 3, fabricados pela Eletronuclear. O evento ocorre na próxima sexta-feira (19), às 10h, quando a Nuclep também inaugura uma linha de produção de torres de transmissão de energia.
Estarão presentes o presidente da República, Jair Bolsonaro; o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; e o governador em exercício do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. Além disso, participarão da cerimônia o presidente da Nuclep, Carlos Henrique Seixas, juntamente com os demais diretores da empresa, e o presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.
Os acumuladores de Angra 3 são tanques com 14,2 metros de comprimento e 22 toneladas, utilizados para fazer o resfriamento do sistema primário, onde fica o reator. Por isso, são estratégicos para garantir a segurança de uma usina nuclear.
Esses equipamentos armazenam água pressurizada rica em boro, que neutraliza a reação de fissão nuclear que ocorre no núcleo. Em caso de emergência, sua função é injetar o líquido rapidamente no sistema primário para resfriar o reator. A água é descarregada de forma passiva, por ação da gravidade, sem a necessidade de energia elétrica.
Angra 3 terá, no total, oito acumuladores. Todos foram produzidos pela Nuclep, assim como os demais grandes equipamentos da usina, incluindo o vaso de pressão do reator, os geradores de vapor, os condensadores e o pressurizador.
Quando entrar em operação, Angra 3, com potência de 1.405 megawatts, terá capacidade de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o período. Com a usina em funcionamento, a central nuclear de Angra produzirá energia equivalente a 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro. As obras da unidade estão previstas para serem reiniciadas em outubro, com conclusão estimada para 2026.
Produção
Já a nova linha de produção da Nuclep fabricará todos os tipos de torres de transmissão e telecomunicação. O objetivo da empresa é atuar como uma fornecedora do setor energético nacional, contribuindo para o seu desenvolvimento. A previsão é produzir até 35 mil toneladas de estruturas metálicas anualmente, possibilitando a instalação de 1,5 mil km por ano em linhas de transmissão.
O MME prevê a instalação de 55 mil km de linhas de torres de transmissão no Brasil até 2027. Com a perspectiva de absorver a grande demanda que existe nesse mercado, a Nuclep foca na redução de sua dependência de recursos da União. O faturamento pode chegar a R$ 300 milhões até 2022. Uma expansão da capacidade produtiva para 60 mil toneladas anuais também está nos planos, mas vai depender da resposta do mercado.
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- 12/03/2021 - FAPESP lança chamada de propostas com fundação belga FWOFonte: Agência FapespAgência FAPESP – A FAPESP e a Research Foundation – Flanders (FWO), da Bélgica, anunciam uma nova chamada de propostas. Esta é a terceira oportunidade de cooperação científica bilateral lançada no âmbito do acordo de cooperação mantido pelas instituições.
O objetivo é apoiar projetos colaborativos entre pesquisadores do Estado de São Paulo e de Flandres em qualquer área do conhecimento, desde que envolvam o desenvolvimento de pesquisa científica básica.
Espera-se que as propostas busquem parcerias balanceadas, não em termos especificamente monetários, mas em comprometimento e esforço de pesquisa. Os projetos aprovados terão duração de três anos.
A FAPESP considerará elegíveis pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior ou de pesquisa no Estado de São Paulo, que atendam aos requisitos da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Os interessados devem consultar a FAPESP a respeito de sua elegibilidade antes de iniciar a preparação de suas propostas. As consultas serão recebidas por e-mail até 1º de maio.
Candidatos considerados elegíveis enviarão propostas completas posteriormente, via SAGe, até 1º de junho.
A chamada de propostas está disponível em fapesp.br/14782.
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- 10/03/2021 - Aplicativo ajuda pacientes e médicos no controle da epilepsiaStartup da incubadora USP/Ipen-Cietec criou o app para fazer a gestão do quadro de saúde
Startup da incubadora USP/Ipen-Cietec criou o app para fazer a gestão do quadro de saúde
Fonte: Jornal da USP
De acordo com estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há 65 milhões de pessoas com epilepsia no mundo, uma doença neurológica crônica caracterizada pela recorrência de crises epilépticas que podem se manifestar de diferentes formas dependendo do paciente. Um terço deles não responde à medicação ou cirurgia e, dessa forma, fica difícil prever quando haverá um momento de crise.Para auxiliar essas pessoas no controle da doença, foi criado um aplicativo inédito e gratuito, integrado a uma plataforma digital para médicos. O Epistemic App funciona como um diário. Por meio do preenchimento de um questionário sobre o dia a dia e das crises dos pacientes, o aplicativo armazena indicadores, como: registro de crises epilépticas e seus gatilhos, passando por qualidade do sono, alimentação, prática de esportes até registro e lembrete para medicamentos, entre outros.
A tecnologia foi desenvolvida pela Epistemic, uma startup residente na incubadora USP/Ipen-Cietec e especializada na gestão para tratamento de epilepsia. A proposta do aplicativo é organizar as informações sobre o cotidiano do paciente e facilitar a visualização pelo médico, possibilitando um melhor conhecimento dos padrões das crises.
As perguntas do diário são ajustáveis por paciente e ajudam o médico a entender seu quadro atual para que o tratamento seja feito da melhor forma possível. A ferramenta também permite que o responsável ou cuidador do paciente crie um usuário em nome dele e preencha o questionário com as informações do paciente.
"Temos sempre a preocupação com a comodidade do paciente na hora de administrar suas crises. Nem sempre lembramos tudo aquilo que vivemos. Por isso, o Epistemic App oferece um meio de registro diário através de um questionário com uma sequência de perguntas sobre seus hábitos e suas crises”, explica Paula Gomez, CEO da Epistemic.
O Epistemic App é integrado a uma plataforma digital para médicos, o Epistemic Web. Com esse painel de controle, o médico recebe os dados no formato de gráficos, caso o paciente autorize, contendo informações sobre as crises, o humor, a atividade física, o sono, a alimentação, o funcionamento do intestino, ingestão de medicamentos, entre outros.
Além disso, pelo Epistemic Web, é possível configurar notificações para receber lembretes no horário de tomar cada remédio. O aplicativo já está disponível em português e em inglês, para Android, no Google Play.
Versão Pro: mais funcionalidades
Além do Epistemic App e do Epistemic Web, a startup também disponibiliza o Epistemic Pro, uma versão que permite que o paciente sincronize as informações de diversas marcas de smartwaches. Dessa forma, os dados de sono e atividade física serão preenchidos no diário automaticamente. Com ele, também é possível enviar os dados preenchidos no Epistemic App para o médico, para que ele consiga ver o histórico de forma organizada e agregada na plataforma Epistemic Web. A assinatura do Epistemic Pro é mensal, no valor de R$ 34,90.
A Epistemic nasceu com o projeto do Aurora, tecnologia desenhada para prever crises de epilepsia com uma média de meia hora de antecedência. O dispositivo está em fase de desenvolvimento, pois trata-se de uma pesquisa de longo prazo. Foi com este projeto que Paula Gomez ganhou o prêmio Cartier, destinado a mulheres empreendedoras.
"Colaborar com o desenvolvimento de uma startup como a Epistemic, que tem um propósito tão importante para as pessoas com epilepsia, é gratificante e vai de encontro com a nossa missão de fortalecer e consolidar projetos que tenham o intuito de gerar negócios de impacto na sociedade”, afirma Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.
Da ideia à aplicação prática
Dentro do campus Cidade Universitária da USP, em São Paulo, funciona o Cietec. O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia foi fundado em abril de 1998 para incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica.
O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil.
O centro é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade.
Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.
Mais informações: www.cietec.org.br/project/epistemic
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- 09/03/2021 - Como funciona o soro para Covid-19 testado pelo Instituto ButantanProduzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.
Produzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.
Fonte: SuperinteressanteNa última semana, o Instituto Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de autorização para o início de testes clínicos do soro anti-Sars-CoV-2. Ao contrário das vacinas, o composto desenvolvido pelo Butantan deve ser utilizado quando o paciente já está infectado pelo vírus, e não como medida preventiva.Seu processo de fabricação é simples: primeiro, os cientistas injetam o coronavírus inativado em cavalos – ou seja, o vírus está inteirinho ali, mas não é capaz de causar a doença no animal. Os pesquisadores utilizaram radiação para inativar o Sars-CoV-2, contando com o auxílio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Depois de ser infectado com essa versão modificada do vírus, o cavalo começa a produzir anticorpos. A escolha do animal não é à toa: as proteínas de defesa geradas por ele são 50 vezes mais concentradas do que as produzidas por humanos. A partir daí, os cientistas extraem o plasma sanguíneo do equino e o purificam. Depois, o produto ainda precisa cumprir uma série de etapas para garantir o controle de qualidade.Ao final, restam apenas anticorpos envasados. O soro, ao ser oferecido às pessoas doentes, age no organismo combatendo o vírus e evitando sua replicação. Por enquanto, o produto foi testado apenas em hamsters infectados. Os cientistas aplicaram uma única dose de soro no roedor cerca de dois dias após o contato do animal com o Sars-CoV-2. O resultado foi um sucesso, mostrando diminuição da carga viral, preservação das funções pulmonares e mudança da resposta inflamatória.Com a liberação da Anvisa, o Instituto Butantan poderá iniciar os testes em humanos. Feito isso, primeiro os pesquisadores terão que aplicar o soro em um número restrito de pacientes, apenas para avaliar a segurança do composto e também a quantidade ideal de doses a serem oferecidas. Apresentando resultados positivos nessa primeira fase, os pesquisadores poderão seguir para ensaios clínicos maiores buscando avaliar a eficácia do soro contra a Covid-19.Os primeiros voluntários serão pacientes transplantados no Hospital do Rim e pessoas com comorbidades internadas no Hospital das Clínicas. O Instituto Butantan conta com 3 mil doses prontas para a fase de testes e outras 3 mil apenas aguardando o envasamento.E qual a vantagem de ter um soro agora que já temos vacinas no país? Um complementa o outro. Além das pessoas ainda não vacinadas, há também os pacientes com sistema imune suprimido devido ao transplante de órgãos ou tratamento para câncer e doenças autoimunes. A imunidade passiva – ou seja, que tem duração limitada oferecida pelo soro é essencial nestes casos.O Instituto Butantan não é o único a investir no soro anti-Covid-19. No ano passado, pesquisadores do Instituto Vital Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), anunciaram um tratamento parecido. A única diferença é que eles injetavam no cavalo apenas a proteína spike produzida em laboratório, e não a estrutura completa do vírus inativado.O mesmo foi feito na Argentina, país em que o soro está sendo aplicado em humanos desde janeiro, com autorização da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat). Até agora, foram apresentados resultados bastante positivos. Dados divulgados pela Universidade Nacional de San Mantín e expostos no portal G1 mostram que, considerando os 242 voluntários envolvidos nos testes, houve uma redução de 24% na necessidade de internação por UTI. Além disso, a mortalidade apresentou queda de 45% e o uso de suporte respiratório mecânico caiu 36%. -
- 08/03/2021 - Cietec anuncia Thiago Velloso como novo Diretor-PresidenteTomou posse, na última na segunda-feira, 1º, o novo Diretor-Presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC, gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-CIETEC, Thiago Velloso, em substituição ao Prof. Dr. Claudio Rodrigues, que ocupava o cargo desde 2008.
Tomou posse, na última na segunda-feira, 1º, o novo Diretor-Presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia – CIETEC, gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN-CIETEC, Thiago Velloso, em substituição ao Prof. Dr. Claudio Rodrigues, que ocupava o cargo desde 2008.
Fonte: site TI inside
O novo Diretor-Presidente é executivo e empreendedor, especializado em gestão da inovação, e com um histórico de atuação multidisciplinar e passagens por organizações dos setores público e privado.
Recentemente, Velloso ocupou a Superintendência de Relações Institucionais e Mercado da Desenvolve SP, o banco de desenvolvimento do Governo do Estado de São Paulo onde liderou os esforços de captação de recursos da instituição, bem como sua atuação nas áreas de crédito e investimento em inovação e startups.
Paro o novo Diretor-Presidente, o CIETEC é uma instituição de referência no mercado de startups, que acumula conquistas ao longo de mais de duas décadas de atuação. "Somos um dos maiores ambientes de desenvolvimento de startups do país e inseridos em uma geografia extremamente privilegiada, nos campi da USP e IPEN/CNEN no coração da cidade de São Paulo. Dessa forma, nossa principal missão será extrair o máximo valor desses diferenciais competitivos", afirmou Velloso, em seu discurso de posse.
Para o Prof. Dr. Marcos N. Martins, o coordenador da Agência USP de Inovação – AUSPIN, o ingresso de Velloso na equipe do CIETEC deve oxigenar a instituição e ampliar a carteira de projetos em colaboração com a Universidade. "Esperamos colaborar intensamente e confiamos que o novo diretor irá aproximar ainda mais o mercado de investidores privados das nossas startups, um movimento fundamental para nossa estratégia de atuação", ressaltou Martins.
O Superintendente do IPEN/CNEN, Dr. Wilson A. P. Calvo, destacou a brilhante atuação da Incubadora, desde a sua criação em 1998, contribuindo de forma decisiva à formação de uma cultura empreendedora e de inovação no Instituto e na Universidade, com empresas que fazem a diferença nesse momento de pandemia do Covid-19, transformando ciência em tecnologia, no atendimento às necessidades imprescindíveis da População Brasileira.
"Tenho certeza de que a nova gestão saberá valorizar e cultivar as inúmeras conquistas da Incubadora USP/IPEN-CIETEC, além de promover a colaboração entre as nossas Instituições de forma participativa, em prol da melhoria do ambiente de negócios, da geração de renda e empregos ao País. Conte conosco nesse novo desafio", finalizou.
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- 08/03/2021 - Butantan submete à Anvisa pedido de autorização para testes clínicos com soro anti-COVIDFonte: Agência FapespAndré Julião | Agência FAPESP – O Instituto Butantan submeteu pedido de autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início dos testes clínicos com o soro anti-SARS-CoV-2 desenvolvido pela instituição. Composto de anticorpos que reconhecem diferentes partes das proteínas virais, o produto foi desenvolvido em apenas cinco meses. Já foram produzidas 3 mil unidades do soro para os testes com pacientes e outras 3 mil estão prontas para serem envasadas.
"Submetemos à Anvisa um dossiê de desenvolvimento clínico desse produto e devemos receber ainda hoje as observações da agência em relação a esse pedido. Estamos aguardando para começar um estudo clínico com pacientes transplantados de rim, com doutor [José Osmar]Medina no Hospital do Rim, e pacientes com comorbidade, com o doutor Esper [Kallás] no Hospital das Clínicas [da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo]", disse Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva realizada nesta sexta-feira (05/03).
O soro é obtido a partir da inoculação, em cavalos, do vírus inteiro, inativado por radiação graças a uma parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Quando recebem o vírus, os animais produzem anticorpos para combatê-lo. O plasma sanguíneo, repleto dessas proteínas, é então extraído e passa por diferentes processamentos, além de purificação e controle de qualidade. O produto que vai nas ampolas é composto apenas de anticorpos, que por sua vez reconhecem proteínas presentes no vírus e, assim, podem impedir que ele se replique no organismo.
"Antes de injetar o vírus em animais, nós constatamos que, mesmo inativado, a sua composição proteica estava mantida, ou seja, todas as proteínas conhecidas como importantes para gerar resposta imune estavam preservadas. Assim, obteve-se um produto policlonal, em que há uma gama de anticorpos contra diferentes epítopos das proteínas virais. Espera-se que essa estratégia seja eficiente em reconhecer o vírus de forma mais abrangente do que, por exemplo, anticorpos dirigidos para apenas uma porção restrita de uma proteína. Isso pode ser uma vantagem no combate às novas variantes do vírus”, explica à Agência FAPESP Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Instituto Butantan e responsável pelo desenvolvimento do soro.
A pesquisadora coordena o Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela farmacêutica GlaxoSmithKline no Instituto Butantan.
A geração e a inativação dos isolados virais ocorreram no âmbito do projeto "Infecção por Coronavírus (SARS-Cov2) em modelos celulares humanos: busca por estratégias terapêuticas”, financiado pela FAPESP.
Outros soros desenvolvidos contra o SARS-CoV-2 utilizam apenas a proteína S (spike), da espícula do vírus, como antígeno. Um desses produtos foi aprovado para uso em pacientes na Argentina em janeiro. Nos testes clínicos, o soro argentino teria reduzido a mortalidade, o número de dias em cuidados intensivos e a necessidade de respiradores pelos pacientes.
A principal vantagem de usar o vírus inteiro é a possibilidade de os anticorpos policlonais serem eficazes também em novas variantes do SARS-CoV-2. Colaboradores do projeto atualmente realizam testes para avaliar a capacidade do soro de neutralizar as cepas mutadas em circulação, entre elas a P.1. – considerada mais transmissível que as anteriores.
Os últimos testes exigidos pela Anvisa foram realizados no Instituto Butantan e no Laboratório NB3+ do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em colaboração com Ana Marcia de Sá Guimarães e Edison Luiz Durigon, professores do ICB-USP. Nos experimentos, hamsters foram infectados com o vírus e tratados com uma única dose do soro dois dias depois, quando já apresentavam sintomas da doença. Os resultados revelaram diminuição da carga viral nos pulmões, modulação da resposta inflamatória e preservação das estruturas pulmonares nos animais tratados, quando comparados aos que não receberam o tratamento. A melhora foi estatisticamente significativa no grupo que recebeu o soro.
Pacientes
"O soro anti-SARS-CoV-2 é uma estratégia diferente, por exemplo, do plasma de pacientes convalescentes, que depende da disponibilidade de pessoas que se recuperaram da COVID-19 para doarem o plasma. Além da oferta incerta desse recurso, no plasma de pacientes não se controla a quantidade de anticorpos presentes. No soro, podemos garantir uma proporção de proteína neutralizante em função de uma quantidade de vírus”, diz Chudzinski-Tavassi.
A eficácia do uso de plasma de pacientes, aliás, tem sido questionada. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos suspenderam recentemente um ensaio clínico que visava avaliar a segurança e a eficácia desse tratamento em infectados com sintomas leves a moderados de COVID-19. Um conselho independente avaliou que, embora a intervenção com plasma convalescente não causasse danos, era improvável que beneficiasse esse grupo de pacientes (leia mais em www.nih.gov/news-events/news-releases/nih-halts-trial-covid-19-convalescent-plasma-emergency-department-patients-mild-symptoms).
As pesquisas do Butantan com o soro obtido a partir da inoculação do vírus em cavalo tiveram como base os resultados de experimentos in vitro (em células em cultura) e in vivo (em animais), os pesquisadores podem sugerir a indicação da soroterapia para pacientes infectados em diferentes graus de intensidade da doença. A efetividade maior da soroterapia provavelmente ocorrerá enquanto o vírus estiver presente no organismo.
O soro pode ser especialmente importante para pacientes que estão com o sistema imune suprimido, como aqueles que receberam transplante de órgãos ou realizam tratamento para câncer e doenças autoimunes, por exemplo. Nesses casos, a imunidade passiva, como é chamado o efeito do soro, pode ser a única solução.
O Instituto Butantan tem em seu portfólio soros contra venenos de serpentes e artrópodes, difteria, tétano, botulismo e vírus da raiva. A fábrica do instituto tem capacidade para produção em larga escala.
"Uma das perguntas que fazem é: se estamos vacinando a população, para que desenvolver um soro? Da mesma forma que vacinamos contra difteria e tétano, por exemplo, nós temos os soros para essas doenças. Sempre haverá alguém que, por alguma razão, não tem anticorpos contra o vírus: aquelas que não se vacinaram ou que realizam tratamentos que suprimem a capacidade do sistema imune de produzir anticorpos são alguns exemplos. Essas pessoas são as que mais se beneficiam do soro”, conta Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan.
Palacios explica ainda que o soro poderia ser usado como forma de prevenção em pessoas expostas ao vírus que possuem comorbidades e podem desenvolver um quadro grave. "Um idoso que vive numa casa em que os outros moradores estão com a doença, por exemplo. Ao tomar o soro, quando o vírus infectá-lo, ele terá anticorpos que podem neutralizá-lo”, diz. O pesquisador ressalta, porém, que soros do tipo só devem ser administrados em ambiente hospitalar.
Monoclonais e policlonais
O soro de anticorpos policlonais pode ter vantagens em relação a outra terapia baseada no mesmo princípio, a de anticorpos monoclonais. A estratégia ficou conhecida por ter sido administrada no então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, no ano passado.
O medicamento – aprovado para uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA, a agência norte-americana correspondente à Anvisa) – é composto de cópias sintéticas de anticorpos encontrados no sangue de pessoas que se recuperaram da COVID-19, com capacidade de neutralizar alguma proteína do vírus. Outro grupo do Butantan trabalha no desenvolvimento de uma terapia baseada nesse tipo de anticorpo (leia mais em agencia.fapesp.br/32964/).
"Anticorpos monoclonais são bastante específicos para uma parte do antígeno contra a qual foram desenvolvidos. Em uma situação de pandemia, uma desvantagem é que têm um tempo de desenvolvimento maior e um custo muito mais elevado do que anticorpos policlonais, como os presentes no soro”, diz Chudzinski-Tavassi.
A especificidade pode ainda se tornar uma desvantagem num cenário em que surgem mutações do SARS-CoV-2. O novo soro do Butantan, por sua vez, age sobre diferentes proteínas e por isso tem potencial para reconhecer mesmo as novas variantes do vírus.
Para Chudzinski-Tavassi, apesar da tradição do instituto na produção de soros e em toda a infraestrutura já presente, o novo soro trouxe uma série de aprendizados. Além da patente do antígeno de vírus inativado por radiação e seus usos, foram estabelecidas novas metodologias. A experiência de reunir uma equipe de mais de 70 pessoas mostrou ainda que é possível desenvolver na instituição um produto do começo ao fim em tempo recorde.
"Fica claro que, quando há uma infraestrutura pronta, investimento contínuo e uma equipe especializada, é possível dar uma resposta rápida, mesmo numa emergência como essa pandemia”, conclui.
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- 07/03/2021 - Irã questiona 'tratamento preferencial' de Israel na AIEA, não obstante seu arsenal nuclearRepresentante de Teerã nas organizações internacionais em Viena, Áustria, questionou o que considera um "tratamento preferencial" de Tel Aviv na área nuclear em comparação com o Irã.
Representante de Teerã nas organizações internacionais em Viena, Áustria, questionou o que considera um "tratamento preferencial" de Tel Aviv na área nuclear em comparação com o Irã.
Fonte: Sputnik BrasilO suposto arsenal nuclear de Israel representa uma ameaça ao Oriente Médio e ao mundo, e Teerã está preocupada com o aparente tratamento preferencial do país por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), apesar de Israel não ser signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), disse na quinta-feira (4) Kazem Gharibabadi, embaixador do Irã nas organizações internacionais em Viena, Áustria.
"Como todos [os países] da região do Oriente Médio, exceto o regime israelense, são partes do TNP e se comprometeram a aceitar as salvaguardas abrangentes da agência, o desenvolvimento de um programa clandestino de armas nucleares por este regime representa uma séria ameaça contínua não só à segurança e estabilidade da região e do mundo, mas também à eficácia e eficiência do TNP e do regime de salvaguardas da agência", afirmou Gharibabadi durante o conselho de governadores da AIEA.
O diplomata sugeriu que, apesar de Israel ser censurado nas Nações Unidas e na AIEA por suas supostas violações do regime de não-proliferação, o país tem se recusado a aderir ao TNP, ou a colocar suas instalações e atividades nucleares sob o regime de salvaguardas da AIEA.
"Ironicamente, Israel está até mesmo desfrutando de um tratamento preferencial em comparação com os Estados detentores de armas nucleares, uma vez que eles são subscritores do TNP e têm várias obrigações, especificamente sob os Artigos I e VI do tratado", argumentou o representante iraniano. Os artigos mencionados referem-se à não transferência de tecnologias de armas nucleares e às conversações de boa fé sobre a cessação da corrida armamentista nuclear e o desarmamento.
"É uma clara contradição que Israel, não sendo subscritor do TNP, esteja desfrutando de todos os direitos e privilégios devidos a sua adesão à AIEA, ao mesmo tempo que se considera livre de qualquer responsabilidade, e participa de todas as deliberações da agência relacionadas aos membros do TNP", disse o diplomata.
É "uma ironia" que a AIEA tenha concentrado suas atenções no Irã e em outros países subscritores do TNP enquanto comete "o erro estratégico crônico" de "ignorar os materiais e atividades nucleares de Israel na volátil região do Oriente Médio", afirmou Gharibabadi, sugerindo que esta "falha muito grave" precisa ser corrigida.
Caso contrário, pergunta, "qual é a vantagem de ser membro do TNP e de implementar plenamente as salvaguardas da agência"?
Política nuclear de Israel
Tel Aviv desenvolve uma política de "ambiguidade nuclear", ou seja, não confirma nem desmente a posse de armas nucleares. Ao mesmo tempo, o país se reserva o direito de realizar operações militares ou agir de outra forma para interromper as atividades de qualquer potência do Oriente Médio que acredita poder vir a possuir armas nucleares.
Israel tem instado repetidamente a comunidade internacional a agir contra o programa nuclear do Irã e seu suposto componente militar secreto. Tel Aviv também ameaçou que não descartaria ações militares unilaterais para deter este suposto programa de armas. Benjamin Netanyahu, premiê israelense, tem afirmado durante grande parte da última década que o Irã está prestes a obter armas nucleares, referindo prazos de "semanas" ou "meses".
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- 05/03/2021 - Toneladas de alimentos radioativos: Quando Brasil importou alimentos contaminados por ChernobylAlimentos com índices preocupantes de radiação chegaram ao país pouco tempo depois do desastre
Alimentos com índices preocupantes de radiação chegaram ao país pouco tempo depois do desastre
Fonte: Aventuras na História - UOLEm 26 de abril de 1986, um dos quatro reatores da Usina Nuclear Chernobyl, que geravam energia para a Ucrânia, explodiu repentinamente. Pouco tempo depois, uma nuvem radioativa atingiu países distantes como Itália e Finlândia. A cidade de Pripyat teve que ser evacuada e possui uma zona de exclusão que permanece até hoje.
O episódio chocou o mundo e causou mais consequências do que se pode imaginar. A contaminação chegou ao resto da Europa rapidamente e, mesmo que soubessem dos impactos disso, o governo brasileiro inclusive importou toneladas de alimentos radioativos do continente, contaminados por Chernobyl.
A BBC News Brasil foi responsável por coletar relatórios e documentos que mostravam o que realmente aconteceu naquele período. Em uma crise durante o governo de José Sarney, o Plano Cruzado foi apresentado, contendo medidas econômicas que tinham como objetivo conter a inflação.
A ideia era congelar preços e aumentar salários, mas isso não estava dando certo, gerando problemas e rumores em todo o país: faltavam alimentos nas prateleiras. Conforme repercutido pela BBC, o então secretário especial de Abastecimento, José Carlos Braga, explicou na época em entrevista: "O governo também poderá importar produtos necessários que faltarem no mercado".
E foi exatamente isso que ele fez. Com a crise de desabastecimento, o Brasil importou toneladas de alimentos da Europa. O único problema? Bom, a alta taxa de radioatividade.
Edital radioativo
Um dia depois da tragédia de Chernobyl ter sido noticiada para o mundo todo, a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal) divulgou um edital que listava a compra de alimentos da Europa. 43 mil toneladas de leite em pó e 2,5 mil toneladas de manteiga seriam adquiridos no mercado externo e poderiam ajudar na crise.
Como o acidente nuclear ainda estava muito próximo, as autoridades estavam receosas em comprar os alimentos, com medo de eles estarem contaminados. Mas isso não durou muito. Mais ou menos dois meses depois, em 12 de junho, um novo edital foi lançado, contendo algumas especificidades.
Agora, os produtos poderiam ser importados da Europa, porém deveriam conter documentos oficiais que garantissem sua não contaminação. A licitação afirmava ainda que os itens seriam analisados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) nos portos brasileiros e poderiam ser vetados a depender do resultado.
Chernobyl em solo brasileiro
Isso não funcionou muito bem na prática. Um mês depois do edital, uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo revelou que produtos contaminados, como leite adquiridos na Irlanda, apresentavam índices de radiação.
De acordo com um exame realizado pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), ligado à CNEN, 3 mil das 20 mil toneladas de leite em pó fornecidas pela licitação apresentavam dados alarmantes de contaminação. O índice de césio-137 era ainda mais elevado que "em diversos países do Hemisfério Norte".
Ainda assim, o documento que mostrava o perigo do consumo do leite atestava que ele estava "apropriado para o consumo humano". Essa resolução fez com que os produtos fossem parar nas prateleiras dos mercados brasileiros.
Carne contaminada
O leite em pó, porém, não foi o único alimento contaminado por Chernobyl que chegou em solo brasileiro. Por volta de um mês depois da polêmica com o leite, 100 mil toneladas de carne bovina e suína chegaram ao país — destas, sete mil apresentavam contaminação por radiação. Diante da gravidade, os itens acabaram sendo proibidos de entrar em circulação pela justiça. Tudo foi estocado em frigoríficos localizados em Canoas, RS.
Além da possibilidade de ser vendida no Rio Grande do Sul, mercados apresentariam cartazes que alertavam os consumidores quanto à radioatividade da carne, ela também seria distribuída no Rio de Janeiro e em São Paulo, estados que contavam com a falta do produto. Uma ação da Justiça acabou por barrar a venda do alimento no país.
Mas ela não desapareceu simplesmente. Durante anos, o alimento esteve guardado em frigoríficos em uma cidade no sul do país até empresas decidirem transformá-lo em comida embutida. O destino dos produtos contaminados? Bom, é indicado que países do Caribe e África pudessem ter recebido o produto.
Apenas quase trinta anos depois o governo brasileiro admitiu que os alimentos poderiam causar danos às pessoas que entrassem em contato com os produtos ou os consumissem. A Justiça brasileira ainda fez com que um ex-funcionário do frigorífico recebesse indenização da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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- 03/03/2021 - Seis brasileiros foram escolhidos como os mais influentes da energia nuclear mundialFonte: Petronotícias
Seis profissionais da indústria nuclear brasileira foram escolhidos para figurar em uma lista com as 100 mais importantes personalidades do setor em todo o mundo. A relação foi publicada pela FairForce, que reconhece os profissionais com maior impacto positivo no meio ambiente. Os brasileiros ligados ao segmento citados pela entidade foram: Wilson Ferreira Júnior (Eletrobrás), Leonam Guimarães (Eletronuclear), Celso Cunha (ABDAN), Carlos Leipner (ABDAN), André Salgado (Framatome) e Nelida Lucia Del Mastro (USP). Veja abaixo um breve perfil dos homenageados:p
Wilson Ferreira Junior é formado em Engenharia Elétrica e em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie. Ele está no comando da Eletrobrás desde 2016 e deixará o posto no próximo dia 5. Sob sua gestão, a Eletrobrás acertou o envio de recursos para a Eletronuclear retomar as obras de Angra 3.
Leonam Guimarães foi apontado pela FairForce como um "grande nome do ramo de energia nuclear”. Além de presidente da Eletronuclear, o executivo faz parte do International Expert Group on Nuclear Liability (INLEX) da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e é membro do Conselho de Gestão da Associação Nuclear Mundial.
Celso Cunha é outra figura de peso do setor nuclear. No comando da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) desde 2017, possui vários anos de experiência no setor de energia, abrangendo tanto funções técnicas quanto de liderança. Recentemente, foi reconhecido também como um dos 100 nomes mais importantes da energia da década pela Full Energy.
Carlos Leipner é membro do Conselho da ABDAN desde 2017, quando liderou o desenvolvimento do Plano Estratégico e apoiou as diversas iniciativas de promoção do setor nuclear no Brasil. Recentemente, Leipner passou a fazer parte da diretoria da Clean Air Task Force, entidade internacional focada na descarbonização da matriz energética global.
André Luiz Salgado é vice-presidente da ABDAN e diretor executivo para a América do Sul na Framatome. Anteriormente trabalhou na AREVA Brasil por 6 anos e na Kolbitz por quase 20 anos. Para a FairForce, "a experiência do senhor Salgado no setor nuclear fez dele uma das figuras mais proeminentes da América Latina”.
Nelida Mastro é líder do grupo de pesquisa sobre efeitos da radiação biológica na Universidade de São Paulo e também é membro nacional da Women in Nuclear Association.
A lista completa da FairForce está disponível no site da entidade.
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- 03/03/2021 - Campi da USP entram em fase de restrição máxima devido ao agravamento da pandemia no EstadoCampi voltam a ter restrição rigorosa de acesso e atividades presenciais estão suspensas; determinação valerá até o dia 26 de março de 2021
Campi voltam a ter restrição rigorosa de acesso e atividades presenciais estão suspensas; determinação valerá até o dia 26 de março de 2021
Fonte: Jornal da USPPor Adriana CruzO grupo de trabalho responsável pela elaboração do Plano de Readequação do Ano Acadêmico (GT PRAA) divulgou hoje, dia 3 de março, um comunicado sobre o retorno imediado do Plano USP para a fase de máxima restrição em função do agravamento da pandemia da covid-19 no Estado de São Paulo.De acordo com o documento, "considerando a situação epidemiológica do Estado de São Paulo, a fase crítica de oferta de assistência do sistema de saúde (público e privado) e a decisão do Centro de Contingência do Estado de colocar todos os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) na fase vermelha, o GT PRAA comunica o retorno imediato do Plano USP para a fase de máxima restrição (Fase A)”.Isso significa que os campi voltam a ter restrição rigorosa de acesso e não serão permitidas atividades que possam resultar em aglomeração, mesmo em ambiente aberto.As atividades presenciais nos campi também estão suspensas. Bibliotecas, restaurantes, centros esportivos, centros culturais, auditórios, salas de aula, salas de pós-graduandos, salas de pós-doutorandos e quaisquer outros ambientes internos com potencial de aglomeração devem permanecer fechados.A determinação valerá até o dia 26 de março de 2021, quando o grupo de trabalho emitirá um novo comunicado.Atividades essenciais vinculadas à saúde, manutenção de equipamentos especiais, manutenção de biotérios e de alimentação de animais, e outras atividades especiais que o dirigente entenda serem essenciais para não acarretar prejuízo de qualquer natureza à Universidade, deverão ser mantidas em funcionamento, sempre respeitando o protocolo de biossegurança.Ainda segundo o documento, "o GT solicita que a comunidade universitária contribua no esclarecimento da população para que evitem aglomerações, respeitem o protocolo de biossegurança e restrinjam a mobilidade somente para as situações realmente necessárias”.O GT PRAA é coordenado pelo vice-reitor da Universidade, Antonio Carlos Hernandes, e formado pelos professores André Lucirton Costa, Edson Cezar Wendland, Gerson Aparecido Yukio Tomanari, Mônica Sanches Yassuda e Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho.O GT é responsável pelo desenvolvimento e pela atualização do Plano USP para o retorno gradual das atividades presenciais, que define protocolos, oferece recomendações e apresenta orientações aos gestores e aos membros da comunidade universitária para a viabilização progressiva das atividades acadêmicas e administrativas presenciais nos campi, que estão suspensas desde o dia 17 de março do ano passado, por conta da pandemia da covid-19. -
- 03/03/2021 - Estudo permite aperfeiçoar dispositivos que geram eletricidade a partir de etanolFonte: Agência FAPESP
Pesquisa conduzida no Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e publicada no International Journal of Hydrogen Energy contribui para melhorar a estabilidade de células de combustível a etanol. Esses dispositivos viabilizam um tipo de carro elétrico que não tem tanque de hidrogênio, não precisa de tomada para carregar a bateria e pode ser abastecido em qualquer posto do Brasil.O CINE é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela Shell na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Segundo produtor mundial de etanol – e o primeiro em se tratando do etanol de cana-de açúcar –, o Brasil tem sabido aproveitar esse combustível renovável, vendido em todos os postos de gasolina do país. A novidade é que, além de encher os tanques dos carros que têm motor de combustão interna, essa rede de abastecimento pode servir para movimentar carros elétricos.
Isso porque o etanol pode ser usado para gerar hidrogênio e, a partir dele, produzir eletricidade. O processo, neutro em emissões de carbono, é integralmente realizado em um único dispositivo: uma célula a combustível de óxido sólido (SOFC, na sigla em inglês), assim chamada porque seu eletrólito é composto por um material sólido, geralmente um óxido.
No carro elétrico a etanol, cujo primeiro protótipo foi lançado pela Nissan em 2016, não há tanques de hidrogênio e as baterias dispensam tomadas para recarregá-las. Em vez disso, há uma célula a combustível a etanol.
Agora, uma pesquisa liderada por Fábio Fonseca, do CINE, deu um passo importante no sentido de melhorar o desempenho dessas células a combustível. "O trabalho aprofunda uma sequência de estudos em que tentamos avançar o uso de etanol em células a combustível de óxidos sólidos”, diz Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
"O impacto que essa tecnologia pode ter no país é gigantesco”, informa o pesquisador à Assessoria de Comunicação do CINE. "Podemos pensar em automóveis que dispensam tanques complexos de hidrogênio e capazes de abastecer em qualquer posto, com carregamento tão rápido quanto encher o tanque de etanol. Podemos ir além e levar eletricidade a comunidades distantes do grid, bastando abastecê-las com o etanol – um carregador denso de energia líquido, renovável e disponível”, completa.
As SOFCs estudadas por Fonseca e colaboradores são formadas por camadas de materiais diferentes que cumprem funções complementares. Duas camadas compõem o ânodo. Na catalisadora, o etanol é transformado em hidrogênio e compostos baseados em carbono. Na eletroquímica, a energia química do hidrogênio é convertida em energia elétrica por meio de reações redox. O processo, contudo, ainda apresenta limitações, principalmente, a formação de depósitos de carbono na célula a combustível, que prejudicam o seu desempenho ao longo do tempo.
Pensando em resolver esse problema, o grupo desenvolveu variantes do material que compõe a camada catalisadora do ânodo, normalmente constituída por um compósito de níquel (Ni) e óxido de cério (CeO2). Os pesquisadores introduziram pequenas proporções de outros elementos (todos metais não preciosos) no óxido de cério e avaliaram o desempenho de cada nova variante como catalisadora da conversão do etanol na SOFC. "Estudamos sistematicamente o uso de elementos dopantes visando melhorar o desempenho e minimizar a dependência de metais preciosos na conversão interna e direta de etanol em eletricidade”, conta Fonseca. "A ideia final é ter estabilidade e evitar a degradação do dispositivo”, completa.
O estudo mostrou que o óxido de cério dopado com zircônio ou nióbio evita os depósitos de carbono sem prejudicar a decomposição do etanol em hidrogênio e mantendo estável o funcionamento da SOFC por, pelo menos, cem horas. Em outras palavras, o material mostrou-se eficiente para transformar etanol em hidrogênio sem gerar efeitos não desejados em células a combustível de óxido sólido.
A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores do Ipen, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Instituto Militar de Engenharia (IME), do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e da Université Grenoble Alpes (França).
O artigo The role of the ceria dopant on Ni / doped-ceria anodic layer cermets for direct ethanol solid oxide fuel cell pode ser lido em
www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360319920340040?via%3Dihub.