Clipping de Notícias
-
- 31/08/2018 - Nova luz no monitoramento de reações químicas - Agência FapespPesquisas com materiais que poderão ser usados em futuros dispositivos eletrônicos são destaques em eventos com apoio da FAPESP e da DFG
Pesquisas com materiais que poderão ser usados em futuros dispositivos eletrônicos são destaques em eventos com apoio da FAPESP e da DFG
Fonte: Agência Fapesp
André JuliãoAs telas coloridas de smartphones, TVs, tablets e outros dispositivos cada vez mais presentes no dia a dia dependem de materiais com propriedades especiais, sejam luminescentes, magnéticos ou com condutividade elétrica particular. O mesmo vale para as lâmpadas de LED.
Como atuam os mecanismos durante a formação desses novos materiais e como podem ser melhorados os processos de transformação de matéria-prima em produtos foram os temas do workshop New Light on Monitoring Chemical Reactions, ocorrido em agosto na Christian-Albrechts-Universität (CAU) na cidade de Kiel, Alemanha.
O evento foi financiado pela FAPESP do lado brasileiro e pela Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG), como resultado da chamada FAPESP-DFG Joint Workshops 2017.
"Foram dias bastante produtivos, com muitas trocas de informações científicas para trabalhos futuros”, disse Hermi Felinto de Brito, professor do Instituto de Química da USP e um dos organizadores do encontro, à Agência FAPESP.
Entre os 40 pesquisadores e pós-graduandos presentes dos campos da Química, Física e Engenharia, 16 eram brasileiros oriundos de diferentes instituições do Estado de São Paulo, como da USP (São Paulo, São Carlos e Ribeirão Preto), do Ipen, da Unesp de Araraquara, Unicamp e do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
"Nossos dispositivos estão se tornando cada vez menores e mais potentes. Por isso, precisamos desenvolver novos materiais para o futuro”, disse ao site da CAU a brasileira radicada na Alemanha Huayna Terraschke, pesquisadora do Instituto de Química Inorgânica da CAU e coorganizadora do evento.
"O que acontece no nível químico durante a síntese desses materiais ainda não foi esclarecido para a maioria deles. Se aprendermos mais sobre seus processos e mecanismos fundamentais, poderemos, por exemplo, fabricar baterias e dispositivos de armazenamento mais eficientes no futuro”, disse o professor Wolfgang Bensch, diretor do Instituto de Química da universidade alemã.
Os pesquisadores brasileiros participaram ainda de uma visita técnica ao laboratório sincrotron DESY (Deutsches Elektronen-Synchrotron), na cidade de Hamburgo, para observar alguns dos métodos de análise in situ.
Como parte do acordo de colaboração bilateral Brasil-Alemanha, haverá outro workshop, desta vez no Brasil. O evento será sediado no Instituto de Química da USP, no período de 4 a 6 de dezembro deste ano.
-
- 28/08/2018 - Gestão do Conhecimento da Amazul recebe prêmio nacionalFonte: AmazulO projeto-piloto de Gestão de Conhecimento da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), que foi implantado em uma unidade da cadeia de produção de combustível nuclear da Marinha do Brasil, recebeu o 17º Prêmio Learning & Performance Brasil 2018/2019, na categoria Referência Nacional. O prêmio reconhece as melhores práticas em aprendizado e performance. A Amazul concorreu com iniciativas de organizações como Claro-Brasil, Serasa Experian, Bayer e Bradesco.
Constituída há apenas cinco anos, a Amazul desenvolve e aplica tecnologias e gerencia projetos e processos necessários ao Programa Nuclear da Marinha, Programa de Desenvolvimento de Submarinos e Programa Nuclear Brasileiro. A gestão de conhecimento é estratégica no sentido de reter, proteger e compartilhar o conhecimento crítico desenvolvido no longo prazo pela Marinha do Brasil na área de tecnologia nuclear e de construção de submarinos.
"O prêmio é mais uma evidência do grau de maturidade que a Amazul atingiu em apenas cinco anos de existência. A gestão do conhecimento é vital para o setor nuclear e para a conquista da independência tecnológica do País", afirma Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente da empresa. "Além disso, o modelo desenvolvido amplia a frente de negócios da Amazul, pois pode ser replicado em outros empreendimentos nucleares para gerenciar o conhecimento relevante e assegurar seu diferencial tecnológico e competitivo", ressalta.
O projeto-piloto foi implantado, em 2017, na Unidade de Produção de Hexafluoreto de Urânio (Usexa), no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó, unidade onde se converte o minério beneficiado de urânio em hexafluoreto de urânio gasoso. No momento, a empresa implanta o modelo na Assessoria de Meio Ambiente, no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), área responsável pelos temas relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade, que assessora a organização no atendimento de exigências legais e de manutenção de licenças e autorizações ambientais.
Nos próximos dias, o projeto começa a ser aplicado na Coordenadoria do Programa do Ciclo do Combustível Nuclear, que coordena o desenvolvimento de técnicas, materiais, equipamentos, processos, instalações e projetos especiais da Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha.
A metodologia desenvolvida pela Amazul tem como referências os modelos de gestão do conhecimento para a administração pública brasileira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e do Empreendimento Modular de Gestão do Conhecimento da Marinha do Brasil.
-
- 27/08/2018 - Concurso público para provimento de um cargo de professor doutor na área de Materiais em Escala Nanométrica para o IFUSPFonte: IFUSP
Edital IF - 13/18
(http://portal.if.usp.br/fmt/sites/portal.if.usp.br.fmt/files/Ed%2013_18%20Dr.%20FMT%20cargo%201233904_0.pdf)
Estarão abertas, até o dia 12 de setembro de 2018, as inscrições ao Concurso de Títulos e Provas para provimento deumcargo de Professor Doutor, na Referência MS-3.1, em RDIDP, com o salário de R$ 10.670,76, no Departamento de Física dos Materiais e Mecânica (DFMT) do Instituto de Física da Universidade de São Paulo,na área de Materiais em Escala Nanométrica.As inscrições podem ser feitas através do site
https://uspdigital.usp.br/gr/admissao
Informações adicionais poderão ser obtidas na Assistência Acadêmica do IFUSP, (ataac@if.usp.br), fones +55-11-30916020 / 30917000, ou no DFMT, com Antonio Domingues dos Santos (adsantos@if.usp.br), fone +55-11-30916886
-
- 22/08/2018 - Eletronuclear se pronuncia sobre desligamento de usinas em Angra: 'estão operando a plena capacidade'Na terça-feira (21), prefeitura decretou estado de emergência, após tiroteios causados por briga de facção criminosa. Pronunciamento responde a possível desligamento de Angra 1 e 2.
Na terça-feira (21), prefeitura decretou estado de emergência, após tiroteios causados por briga de facção criminosa. Pronunciamento responde a possível desligamento de Angra 1 e 2.
Fonte: G1A Eletronuclear se pronunciou nesta quarta-feira (22) após a publicação do decreto de estado de emergência de Angra dos Reis, RJ. Segundo a empresa, o órgão está preparado para essas situações e as usinas nucleares 'estão operando a plena capacidade'. Em nota, eles ressaltaram que, inclusive, o plano é de responsabilidade deles.
A nota reforça ainda que a empresa mantem contato diário com o Secretário de Segurança do Estado, general Richard Nunes, para acompanhar a situação. A preocupação aconteceu após o aumento da violência no litoral, gerada pela disputa territorial entre facções criminosas do município, principalmente no bairro Belém. A resposta da empresa é também ao pronunciamento da prefeitura na tarde de terça-feira (21), onde afirmou que a insegurança na cidade podia resultar no pedido de desligamento das usinas.
O prefeito, Fernando Jordão, cobrou, durante a tarde, uma ação efetiva da Intervenção Federal na cidade. O prefeito teve um encontro, no Rio de Janeiro, com o General Braga Netto, interventor federal. "A polícia de Angra dos Reis precisa de apoio para enfrentar essa onda de violência que culminou em um ônibus incendiado, nesta segunda (20), no Belém", disse.
Confira a nota na íntegra
"É preciso distinguir duas coisas nessa história. O Plano de Emergência Local abrange a área de propriedade da Eletronuclear (o que inclui a Central Nuclear em Itaorna, a Vila Residencial de Praia Brava e a área da Piraquara de Fora). Esse plano é de responsabilidade da Eletronuclear e operado com seu próprio pessoal. A empresa entende o momento difícil pelo qual o município está passando, mas assegura ter plena capacidade de efetuar as operações necessárias em caso de emergência.
O Plano de Emergência Externo é de responsabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro. A Eletronuclear tem mantido contato diário com o Secretário de Segurança do Estado, general Richard Nunes para acompanhar a situação. Vale lembrar que o Plano de Emergência Externo reúne diversos órgãos de segurança pública, tais como as Forças Armadas, as Polícias Militar e Rodoviária Federal; e as Defesas Civis no âmbito federal, estadual e municipal.
Cabe ressaltar que as usinas Angra 1 e Angra 2 estão operando a plena capacidade, gerando 2.020 MWe para o sistema elétrico nacional."
-
- 18/08/2018 - Hospital de Base voltará a oferecer iodoterapia a pacientes com câncerDesde 2016, tratamento estava indisponível na unidade. Previsão é de que quarto terapêutico seja reinaugurado no fim do próximo mês e beneficie 240 pessoas
Desde 2016, tratamento estava indisponível na unidade. Previsão é de que quarto terapêutico seja reinaugurado no fim do próximo mês e beneficie 240 pessoas
Fonte: Correio Braziliense
A partir do próximo mês, o Instituto Hospital de Base passará a disponibilizar, novamente, o tratamento de iodoterapia, indicado para pacientes com câncer na tireoide e hipertireoidismo. Há dois anos, um quarto terapêutico da unidade de saúde destinado a receber as sessões teve de ser fechado, e a unidade de saúde precisou atender a normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear para reformar o espaço e voltar a ofertar o serviço à população.
O hospital será o único da rede pública a contar com uma sala capaz de realizar atendimentos ambulatoriais e em condições de internar os portadores das patologias em questão. Uma parceria entre a Secretaria de Saúde e o Hospital Universitário de Brasília (HUB) oferece o tratamento de iodoterapia, no entanto, o hospital tem estrutura apenas para exames ambulatoriais. Os pacientes que precisam de um tratamento mais delicado têm de recorrer a centros médicos particulares.
A estimativa é de que, em 45 dias, a equipe médica comece a receber os pacientes. Chefe da unidade de Medicina Nuclear do Hospital de Base, Rodrigo Guimarães destacou a importância de o hospital contar novamente com o tratamento. "Será uma conquista muito grande. Com o quarto terapêutico, o paciente não precisará recorrer ao tratamento em clínicas privadas. Por termos ficado um longo tempo fora de operação, existe uma demanda reprimida, mas esperamos resolver agilmente e atender a todas as pessoas nessa situação”, disse.A unidade de saúde pediu ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares a compra das doses de Iodo-131, substância utilizada nas sessões de iodoterapia. Segundo Rodrigo, por semana, o Hospital de Base trabalhará com uma quantidade de 800 miliquirri (mCi) do mineral. Pessoas que precisarem de uma dose de até 50 mCi receberão apenas atendimentos ambulatoriais e serão liberados após a sessão. Pacientes que necessitam de uma dose superior terão de ser internados.
"A dose para cada paciente varia. Dessa forma, é difícil estabelecer quantas pessoas poderemos atender por dia. De qualquer forma, a quantidade que teremos à disposição é muito boa. No HUB, por exemplo, o estoque disponibilizado é de apenas 100 mCi por semana”, afirmou Rodrigo.
Dentro do quarto terapêutico do Hospital de Base funcionarão dois leitos. A estimativa é de que pelo menos 150 pacientes com câncer na tireoide e 90 com hipertireoidismo sejam beneficiados. "Queremos dar qualidade a todos. Para as pessoas com um tumor avançado, o nosso objetivo será aumentar, prolongar a sua sobrevida. Já para aqueles com o câncer em estágio inicial, trabalharemos com o intuito de curá-los dessa oncologia”, ressaltou.
Esperança
Chefe da Unidade de Medicina Nuclear do HUB, Flavio Andrade comentou que o novo quarto terapêutico poderá otimizar o tratamento às duas doenças. "A partir do momento em que é evidenciada a necessidade da iodoterapia para um paciente, temos que atendê-lo para evitar que o risco seja prolongado”, frisou.
Com mais recursos para tratar os desdobramentos do câncer, quem é portador da enfermidade recebeu a notícia com otimismo. O aposentado Ernani da Mata, 77 anos, cuida de um câncer na tireoide desde 2012. No ano seguinte, a patologia afetou a pelve e ele quase teve um dos ossos fraturados. Recebeu o auxílio do Hospital de Base e, apesar de não ter se livrado do câncer, conseguiu evitar uma morte que era considerada iminente pelos médicos.
"Fico emocionado ao lembrar do quanto foi difícil para as dores passarem e eu conseguir lidar com o câncer. Cheguei a pensar que eu não conseguiria me salvar, mas, hoje, não sinto mais nada. Ainda preciso do tratamento à base de iodoterapia, porque o meu caso foi muito grave, e estou certo de que receberei o melhor apoio possível”, relatou.
A babá Luana do Nascimento, 36, descobriu que era portadora da oncologia há dois anos. Retirou o tumor, mas até maio deste ano não havia conseguido o tratamento de iodoterapia, quando foi direcionada ao HUB. "É uma satisfação saber que mais uma unidade de saúde abrirá as portas aos pacientes.”
-
- 17/08/2018 - Usinas nucleares para o Brasil? - Opinião - artigo de Washington NovaesOs próximos tempos trarão importantes notícias sobre o nosso panorama energético
Os próximos tempos trarão importantes notícias sobre o nosso panorama energético
Fonte: O Estado de S. Paulo
*WASHINGTON NOVAES
Dizem os jornais que "Temer retoma plano nuclear e governo prevê várias usinas” (Folha de S.Paulo, 25/7). Além do abastecimento interno, prevê-se "aumentar a exportação”. O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro estaria encarregado de um "programa para ampliar no País a geração de energia a partir do urânio e dinamizar a mineração no setor”. Mas é um tema que divide especialistas e enfrenta a oposição de ambientalistas internos e externos.O projeto foi produzido pelo Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, vinculado ao Palácio do Planalto e integrado por representantes de 11 ministérios, aos quais tem sido dito que o governo pretenderia construir usinas nucleares em várias partes do País e retomar a construção da usina Angra 3, paralisada desde a Operação Lava Jato.
O panorama na área anda agitado com a notícia de que a estatal russa de energia nuclear já tem uma frota de quatro quebra-gelos a propulsão nuclear, únicos no mundo, e uma unidade de processamento de lixo atômico, com dois reatores de 35 MW cada, abastecidos com combustível nuclear. Após testes no início de 2019, eles deverão ser rebocados para 5 mil quilômetros de distância, no extremo leste do Ártico, onde poderão abastecer 100 mil pessoas. Segundo o Greenpeace, é "um risco sem igual de acidente”, já que a barcaça de transporte tem seu fundo achatado e seria mais vulnerável no mar bravio da região. E também precisa de rebocador – outro risco. Mas a Rússia e a Agência Internacional de Energia Atômica aprovam o projeto, que substituirá outro mais antigo, com reator semelhante ao que explodiu em Chernobyl em 1986. O novo o substituirá com menor impacto ambiental no Ártico, em região que em 2012 teve a menor cobertura de gelo polar da história. O combustível, após 40 anos de uso, irá para aterro de lixo atômico.
Ambientalistas têm dito que o Brasil não precisa deste tipo de projetos com tanto risco. Segundo representante do Greenpeace (22/7), foram gastos R$ 300 bilhões para cobrir danos provocados pelos acidentes em Fukushima, em 2011, e R$ 1,5 trilhão em Chernobyl (1986) – sem falar em gastos para receber o lixo atômico e para desmontar as usinas a serem desativadas quando não mais produtivas. Por essas e outras, Francisco Whitaker, que em 2006 recebeu o Prêmio Nobel Alternativo do Parlamento sueco, diz que a atual proposta do governo brasileiro significa "remar contra a maré e a História”. E lembrou que diversos países estão abandonando a opção nuclear, entre eles a Alemanha, que até 2022 desligará todas as suas usinas nucleares.
Há quem discorde de certos pontos. Por exemplo, o professor do programa nuclear da Coppe/UFRJ Alberto Luiz Coimbra Reis, segundo quem a energia nuclear pode ser considerada "limpa”, pela baixa emissão de gases do efeito estufa. E embora o País tenha tecnologia e matéria-prima indispensáveis, além da sexta maior reserva de urânio do mundo. Mas também ele critica o momento da elaboração da nova política de governo, a apenas seis meses do fim da atual gestão federal.
O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, reinstituído no ano passado, elabora uma proposta de Política Nuclear Brasileira, que deverá ser capaz de nortear o desenvolvimento futuro do programa nuclear. Mas ele não tem tratado de questões como a construção de usinas nucleares.
No âmbito mundial, prossegue a discussão acirrada. O próprio papa Francisco afirmou durante viagem ao Chile que "teme” o risco de uma guerra nuclear. Segundo ele, o mundo está "no limite de uma guerra nuclear” (Estado, 15/1/2018). E acrescentou: "Estou realmente com medo disso. Um acidente é o suficiente para precipitar as coisas”. Ele também tem endurecido suas falas contra as armas nucleares. Acha que os países não devem estocá-las, mesmo para dissuasão.
Nem todos se convencem. A Rússia, por exemplo, inaugurou há pouco tempo uma usina nuclear marítima, com reatores nucleares flutuantes, que vai bombear energia para cidades portuárias e plataformas de perfuração em busca de petróleo. Segundo a empresa estatal russa de energia nuclear, a usina tem "uma grande margem de segurança”, pois é "resistente a tsunamis e desastres naturais”. Segundo grupos ambientais, o projeto deveria chamar-se "Titanic Nuclear” ou "Chernobyl Flutuante”.
Nos últimos meses, as esperanças maiores recaíram nos encontros entre o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, e dirigentes da Coreia do Norte, como Kim Jong-un, nos quais foram tratados temas que preveem a desnuclearização coreana, apoiado até pela China.
À margem de tudo isso, no Brasil ganha força um movimento em favor da ampliação do parque nacional de energia eólica, já que a energia dos ventos responde por 8,5% da potência instalada no País e deve ultrapassar a biomassa (Estado, 5/8) em 2019, para transformar-se na segunda maior fonte geradora de energia, após a eletricidade. A energia dos ventos tem ganhado maior força principalmente nas Regiões Nordeste e Sul do País, "onde giram hoje 6,6 mil cataventos, espalhados por 534 parques eólicos”. A energia solar também tem avançado em algumas regiões.
Seja como for, não é difícil de prever que os próximos tempos trarão notícias importantes sobre o panorama energético brasileiro. E que deverão tratar basicamente da diversificação das nossas fontes de energia – um avanço decisivo para o País. Porque não faz sentido continuarmos presos a poucos mananciais, sem considerar a possibilidade de avanços na diversificação e de ganhos nas estratégias de implantação e de preços, com muitos benefícios para o consumidor. E sem falar, também, que será possível rever a estratégia de grandes barragens, com os problemas que as envolvem (e que afetam recursos hídricos), inclusive o de lobbies e de corrupção.
*JORNALISTA
E-MAIL: WLRNOVAES@UOL.COM.BR
-
- 16/08/2018 - Concurso de comunicação científica está com inscrições abertasFonte: Agência FAPESPA Euraxess Brazil recebe até 15 de setembro de 2018 inscrições para o concurso de comunicação científica Science Slam Brazil 2018.
Science slam é uma apresentação do trabalho de pesquisa de cientistas para uma audiência leiga no assunto. O foco é ensinar ciência a um público diverso, de forma descontraída.
Segundo a Euraxess Brazil, além de receber treinamento individual, os cinco finalistas participarão de uma formação em técnicas de apresentação que será organizada no Rio de Janeiro em 16 de outubro.
A melhor apresentação ganhará uma viagem à Europa, com tudo pago, durante a primavera europeia de 2019. Além disso, o vencedor terá a oportunidade de visitar um instituto europeu de pesquisa de sua escolha.
O concurso é aberto a pesquisadores ativos no Brasil, de mestrando em diante, de todas as nacionalidades e de todas as áreas do conhecimento.
A apresentação do projeto de pesquisa pode ser na forma de palestra, experimento ao vivo, desenho, teatro, canto, entre outras. O candidato deverá mostrar, em até 3 minutos, como pretende apresentar seu trabalho ao vivo por vídeo simples gravado com smartphone ou equivalente ou em chamada pelo Skype com a equipe da Euraxess Brazil.
Mais informações: https://scienceslambrasil.splashthat.com.
-
- 15/08/2018 - Bastidores do programa nuclear brasileiro e o acordo com a Argentina - Agência FapespArtigo de José Goldemberg e colaboradores mostra como os dois países convergiram para fazer do Cone Sul uma zona desnuclearizada
Artigo de José Goldemberg e colaboradores mostra como os dois países convergiram para fazer do Cone Sul uma zona desnuclearizada
Fonte: Agência Fapesp
José Tadeu ArantesO risco de um conflito nuclear, com consequências apocalípticas, perpassou todo o período da Guerra Fria, polarizada pelos Estados Unidos e a União Soviética desde o final da Segunda Guerra Mundial até o início da década de 1990.
Cunhou-se no período a expressão "Equilíbrio do Terror”, baseada na suposição de que uma conflagração real poderia ser evitada se houvesse equivalência no poder de destruição dos arsenais das duas superpotências. O cenário tornou-se mais complexo ao longo da década de 1960 e depois, com a emergência de novos detentores de tecnologia e armamentos nucleares.
Na América do Sul, a queda dos regimes militares possibilitou que as duas nações mais desenvolvidas da região, Brasil e Argentina, abrissem mão de perspectivas de uso não pacífico da energia nuclear e criassem, em 1991, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), que se tornou também um importante ponto de apoio para a estruturação do Mercosul.
O físico José Goldemberg, presidente da FAPESP, analisou a evolução ocorrida no desenvolvimento nuclear dos dois países. Especialista em energia, Goldemberg escreveu, junto com Carlos Feu Alvim e Olga Mafra, da Ecen Consultoria, o artigo The Denuclearization of Brazil and Argentina, publicado noJournal for Peace and Nuclear Disarmament, periódico mantido pela Universidade de Nagasaki, no Japão.
O artigo – o primeiro do número inaugural do periódico – apresenta um panorama amplo das iniciativas internacionais voltadas para a desnuclearização e se aprofunda na descrição dos esforços nucleares brasileiro e argentino e nas tratativas que resultaram na criação da ABACC e em seu posterior desenvolvimento.
Secretário da Ciência e Tecnologia do Brasil durante o biênio 1990-1991, Goldemberg participou diretamente da negociação. E revelou, em primeira mão, os detalhes desse processo à Agência FAPESP.
"Houve uma conferência entre os presidentes Collor, do Brasil, e Menem, da Argentina, em Foz do Iguaçu. Lá aconteceu uma reunião da qual participaram quatro pessoas: Collor, Menem, um assessor de Menem e eu. Nessa reunião, foi discutido o fato de que tanto o Brasil quanto a Argentina apareciam na imprensa como países que estavam competindo pela produção de armas nucleares. Isso, além de não ser verdade, poderia provocar sanções da parte dos norte-americanos e europeus. Para pôr fim aos boatos e deixar tudo transparente, foi decidida a criação de uma agência bilateral”, disse Goldemberg.
"A criação da ABACC foi uma medida efetiva, que liberou aos brasileiros o acesso à inspeção das instalações argentinas, e aos argentinos o acesso à inspeção das instalações brasileiras. Posteriormente, os dois países aderiram ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, facultando à Agência Internacional de Energia Atômica (International Atomic Energy Agency – IAEA) a participação no sistema de inspeções”, acrescentou.
Como descreve o artigo, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (NPT) foi firmado por 189 países em 1970. Mas Brasil, Argentina e outros países consideraram esse acordo discriminatório, por congelar uma situação assimétrica, impedindo a proliferação da tecnologia e das armas nucleares, mas preservando os arsenais existentes.
Um acordo global mais equânime, o Tratado de Proibição das Armas Nucleares, só viria à votação quase meio século depois. Aprovado por 122 países na Assembleia Geral da ONU em julho de 2017, com apenas uma abstenção e um voto contrário, esse acordo tem como perspectiva a eliminação dos artefatos bélicos nucleares, levando em tese à completa desnuclearização do planeta no que se refere ao uso militar. Porém sua efetividade encontra-se comprometida, uma vez que os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, três potências nucleares, declararam que "não participaram da negociação do tratado, e não pretendem assinar, ratificar ou fazer parte dele”.
Diante da dificuldade de uma solução abrangente, o artigo aponta os compromissos regionais como formas mais efetivas de enfrentamento do problema, com a criação de zonas desnuclearizadas. "Notavelmente, os acordos mais bem-sucedidos sobre desarmamento foram negociados primeiro na arena bilateral”, afirma o texto. No contexto latino-americano, o acordo brasileiro-argentino desempenha papel proeminente.
"Entre as 10 maiores economias do mundo, o Brasil é a única com domínio do ciclo de combustível nuclear que não possui nem depende de armas nucleares para sua proteção (...) a Argentina, atualmente na 27ª posição no ranking das economias mundiais, não tem ambições globais que possam motivar o desenvolvimento de armas nucleares”, argumenta o artigo.
Evidentemente, pela lógica impiedosa da geopolítica, se um dos dois países se engajasse em uma corrida nuclear, o outro se sentiria compelido a fazer o mesmo. Mas a criação da ABACC afastou essa ameaça do horizonte.
"A ABACC não apenas cria barreiras à proliferação por meio de salvaguardas como também reduz drasticamente a motivação para ter armas, construindo confiança entre os países da região”, enfatizou Goldemberg.
Corrida regional
A expectativa de um desenvolvimento nuclear independente foi uma ideia que prosperou bem cedo no Brasil e na Argentina, tanto no meio científico quanto no meio militar. No Brasil, começou a ganhar corpo desde o início dos anos 1950, quando foi criado o CNPq (inicialmente Conselho Nacional de Pesquisas, e, depois de 1974, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
"Em 1956, sob o programa ‘Atoms for Peace’, o Brasil recebeu dos Estados Unidos um reator de pesquisa alimentado por urânio enriquecido em 90%. O reator foi instalado na Universidade de São Paulo, sob a jurisdição do governo federal”, informa o artigo. Mas o programa ‘Atoms for Peace’ foi criticado por importantes cientistas e militares pelo fato de tornar o país dependente do fornecimento de urânio enriquecido pelos Estados Unidos.
Como o enriquecimento do urânio parecia, na época, um objetivo muito distante para o Brasil, desenhou-se um projeto alternativo de reator alimentado por urânio natural. "O chamado Grupo do Tório propôs o uso de um reator de urânio natural, moderado por água pesada, com uma camada de tório 232 que se transformaria em urânio 233 e poderia ser utilizada posteriormente em substituição ao urânio 235. Desta forma, o Brasil poderia substituir o uso de urânio enriquecido por tório, que é abundante no país”, descreve o artigo.
No entanto, este projeto não ganhou apoio governamental e foi abandonado quando o governo decidiu, por razões políticas, adotar a tecnologia de reatores de água pressurizada (PWR). No final dos anos 1960, um reator de água pressurizada de 624 megawatts foi adquirido pelo governo federal da empresa norte-americana Westinghouse e instalado em Angra dos Reis, sob fortes críticas de cientistas e militares.
Enquanto isso, a Argentina adotava um programa mais independente, baseado em reatores canadenses abastecidos por urânio natural e moderados por água pesada, e no Atucha I, construído em cooperação com a Alemanha. Inicialmente baseado em urânio natural e depois modificado para utilizar urânio fracamente enriquecido, o Atucha I serviu de modelo para o Atucha II, vários anos mais tarde.
"A perspectiva de que a Argentina poderia, com o tempo, tornar-se autossuficiente para construir reatores próprios e desenvolver o reprocessamento nuclear tornou-se um assunto espinhoso entre o Brasil e a Argentina, alimentado pelo fato de ambos os países, assim como a Índia, não haverem aderido ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (NPT)”, prossegue o artigo.
Em reação, o governo militar brasileiro, na época comandado pelo general Ernesto Geisel, anunciou, em 1975, um ambicioso acordo de cooperação nuclear com a Alemanha Ocidental, com vistas a assegurar ao país o completo domínio do ciclo de combustível. Esse acordo, firmado sem consulta à comunidade científica, foi fortemente criticado como opção econômica e tecnológica.
"A justificativa oferecida pelo governo para o acordo era que o programa nuclear constituía uma resposta à crise do petróleo de 1973, que na época representava uma grave ameaça à balança comercial do país. Na verdade, esta foi a resposta errada porque a eletricidade no Brasil era produzida principalmente por usinas hidrelétricas e não por petróleo, de modo que construir reatores nucleares não reduziria a importação de petróleo, que era usado no transporte e na indústria. Houve também fortes reclamações de que o chamado acordo nuclear com a Alemanha não contemplava uma contribuição justa de insumos da indústria e das instituições tecnológicas locais”, afirma o artigo.
Além disso, o acordo foi visto pelo governo norte-americano, sob a administração Carter, como um possível caminho para o desenvolvimento de armas nucleares pelo regime militar brasileiro.
Em resposta, os Estados Unidos cancelaram as garantias de fornecimento de urânio enriquecido, necessário para reabastecer o reator de Angra I. E, como sintetizou o artigo, "o acordo Brasil-Alemanha desmoronou sob pressão dos EUA devido às suas próprias fraquezas”.
Mas a ambição nuclear continuou na pauta do regime militar. E adquiriu formas concretas sob o governo do general João Batista de Oliveira Figueiredo, quando três programas paralelos, tocados respectivamente pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, foram iniciados.
Deles, o da Marinha, instalado no Centro Experimental de Aramar, em Iperó-SP, conduzido por pesquisadores treinados no Massachusetts Institute of Technology (MIT), e nominalmente destinado à construção de um submarino nuclear brasileiro, foi o que mais prosperou, obtendo urânio enriquecido em 20% por ultracentrifugação.
Documento secreto do Conselho de Segurança Nacional, divulgado pela imprensa após a redemocratização do país, justificava o programa nuclear paralelo e definia, como um dos objetivos, a fabricação de explosivos nucleares, "com finalidades pacíficas”.
Mas, como demonstra o artigo, a falta de coordenação entre as várias iniciativas e o enorme empate de dinheiro no acordo com a Alemanha tornaram esse esforço pouco efetivo. Enquanto isso, agentes do Serviço Nacional de Informação, SNI, lotados na embaixada do Brasil em Buenos Aires, transmitiam informes ultrassecretos ao governo e à cúpula militar sobre o desenvolvimento acelerado da Argentina no setor.
"Não há evidência de que, durante os respectivos períodos militares, Brasil e Argentina tenham efetivamente se engajado na produção da bomba. Empenharam-se, sim, no desenvolvimento de tecnologias que poderiam preparar os países para a subsequente fabricação de armas nucleares”, disse Goldemberg.
Mesmo assim, os Estados Unidos viram esses esforços com grande suspeita e bloquearam a transferência ao país de equipamentos que poderiam facilitá-los. Instituições que nada tinham a ver com o programa nuclear, como a Petrobras, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e as universidades, foram prejudicadas, impedidas de receber computadores de alta velocidade comprados de companhias norte-americanas.
Fins pacíficos
Após a redemocratização do Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu claramente que "toda atividade nuclear em território nacional deve ser admitida apenas para fins pacíficos e sob aprovação do Congresso Nacional”. A construção de confiança entre Brasil e Argentina e o acordo efetivo entre os dois países foi decorrência da redemocratização. Goldemberg contou como participou do processo.
Encerrado seu mandato como reitor da Universidade de São Paulo, e exercendo há apenas dois meses e meio o cargo de secretário da Educação do Estado de São Paulo, ele foi convidado, um dia antes da posse de Fernando Collor de Mello, a assumir a Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da República.
Com a extinção do Ministério de Ciência e Tecnologia, a Secretaria passava a coordenar órgãos como o CNPq, a Finep e outros, mas, estando lotada diretamente na Presidência, ficava também em sintonia com os problemas políticos.
"E havia, na época, um problema político sério que eram as frequentes matérias da imprensa sobre o suposto programa secreto das Forças Armadas voltado para a produção de armas nucleares. O presidente me interrogou sobre isso. E eu lhe respondi que as atividades nucleares do Ipen [Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares] eu conhecia bem, por ter sido reitor da Universidade de São Paulo. Lá era feito enriquecimento do urânio, mas nada que pudesse ser voltado para a produção bélica. Porém os jornais diziam que havia atividades no Exército, na Marinha e na Aeronáutica. E isso eu não sabia se era verdade”, disse.
Collor pediu-lhe então que visitasse essas instalações e chamou um general para acompanhá-lo. O físico foi e constatou que não havia, na realidade, preparativos avançados para a produção de armas nucleares. Mas existiam grupos dentro dessas estruturas que procuravam transmitir tal imagem, com o objetivo de realçar sua própria importância.
Nesse contexto, surgiu a notícia da descoberta, em Cachimbo, no Pará, de poços muito profundos, que a imprensa alegava terem sido construídos para testes nucleares subterrâneos. "Collor foi a Cachimbo e, em um gesto simbólico, atirou uma pá de cal em um dos poços, sinalizando assim o não engajamento do Brasil na produção de armas nucleares”, relatou Goldemberg.
A reunião dos presidentes Collor e Menem em Foz do Iguaçu, que resultou na criação da ABACC, ocorreu pouco depois. Segundo Goldemberg, antes disso, o Itamaraty havia participado de entendimentos, mas sem resultados concretos. Foi a ABACC que pôs um ponto final na desconfiança mútua. "Durante as tratativas, houve o questionamento de por que não apelar diretamente para a mediação da Agência Internacional de Energia Atômica. Mas o argumento de que a IAEA era dominada pelas grandes potências prevaleceu”, detalhou o físico.
"Mais tarde, no governo Fernando Henrique Cardoso, foi firmado o acordo com a IAEA. Eu já não estava mais no governo, mas o presidente Fernando Henrique me perguntou se não seria o caso de extinguir a ABACC, uma vez que a IAEA poderia fazer a mediação e se encarregar das inspeções. Eu lhe disse que achava melhor preservar a ABACC, porque há sempre suspeitas de que as agências internacionais possam ser manipuladas pelas grandes potências. A ABACC foi mantida e está funcionando muito bem até agora. Graças a ela, o Cone Sul da América Latina ficou desnuclearizado”, disse Goldemberg.
O resultado foi tão positivo que inspirou o governo da Índia a tentar uma solução semelhante. Mas as tratativas com o Paquistão não prosperaram. Estima-se que a Índia possua 135 artefatos nucleares, e o Paquistão, 145, segundo a Arms Control Association.
O artigoThe Denuclearization of Brazil and Argentina(https://doi.org/10.1080/25751654.2018.1479129), de José Goldemberg, Carlos Feu Alvim e Olga Y. Mafra, pode ser lido em www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/25751654.2018.1479129.
-
- 14/08/2018 - ´Muito mais que uma injustiça social, uma perversidade que condena a maior parte da nossa população”, diz ministro do GSI sobre a dificuldade para tratamento nuclear no SUS ´ - Diário de PetrópolisFalta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Falta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Fonte: Diário de Petrópolis
Na 32ª edição, além da programação científica, o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear (CBMN) abordou a necessidade de expansão da especialidade no País. O general Sergio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência, representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), produtores e fornecedores de radiofármacos participaram do evento.Em discurso, o general Etchegoyen destacou que "pessoas perdem a vida porque sequer sabem que existem os recursos da Medicina Nuclear, que podem antecipar diagnósticos, curar, controlar ou melhorar (doenças). As pessoas não têm ideia! 75% da nossa população tem um acesso muito reduzido a isso”.
Para Juliano Cerci, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), "é preciso lutar para que o acesso verdadeiro e universal à saúde seja garantido à população. Não adianta termos a melhor medicina nuclear, o melhor produto, o melhor profissional, o melhor equipamento, se isto não chega à comunidade da forma necessária”.
Durante o congresso ficou definido que a SBMN participará de fóruns com produtores e ANVISA para registro de radiofármacos, além de encontros com o CNEN, produtores privados e responsáveis por clínicas nucleares, a fim de desburocratizar o abastecimento de insumos para a especialidade.
De acordo com o ministro do GSI, o investimento do Ministério da Saúde na produção de radiofármacos e o financiamento de parte da construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) ajudará a expandir a medicina nuclear "nos próximos 50 anos, a partir da inauguração do RMB, o Ministério terá os seus radioisótopos e radiofármacos a preço de custo. Esse é o custo do financiamento. Parece-me absolutamente justo”, afirmou.
O dr Drauzio Varella, também esteve em reunião no Congresso "nós viemos discutir o impacto da medicina nuclear tanto no tratamento de várias doenças, como no diagnóstico e estadiamento de vários tumores malignos, e quais as dificuldades para levar estes recursos e toda esta tecnologia para os pacientes do SUS”.
No final deste mês está prevista uma visita conjunta da SBMN, do dr Drauzio e da comitiva do ministro ao IPEN e ao Centro Experimental Aramar, na região de Sorocaba, onde será construído o RMB.
Histórico
O encontro ocorreu quase três meses após a crise do IPEN, que desabasteceu hospitais importantes como o HC de Campinas e do Câncer de Barretos. Atualmente, o instituto está desinterditado em caráter excepcional da ANVISA e precisa realizar adequações.
Desde 2009, o Brasil enfrenta problemas no abastecimento de radioisótopos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos médicos nucleares. O principal motivo foi a paralização do reator canadense que abastecia integralmente o mercado brasileiro e 40% do mundo. Estes insumos vêm sendo produzidos exclusivamente pelo IPEN no Brasil ou importados, o que esbarra na burocracia, altos custos e uma série de exigências para autorização.
Sobre a SBMN
Fundada na década de 60, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é constituída por médicos especialistas em medicina nuclear e outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos, radiofarmacêuticos, biomédicos, físicos e químicos, contando com quase 1 mil sócios atualmente. Tem por objetivo integrar e favorecer o desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo atividades científicas e de intercâmbio entre profissionais de todo o País.
-
- 13/08/2018 - Prazo para conclusão do prédio de armazenamento do combustível nuclear de Angra 1 e 2 preocupa sindicato dos engenheirosFonte: Petronotícias
A falta de um acordo definitivo para dívida da Eletronuclear com a Caixa e com o BNDES está trazendo uma séria preocupação para o Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro. A empresa continua a pagar cerca de R$ 80 milhões mensais para quitar os juros devidos pelos empréstimos para a construção da Usina Angra 3, que ainda aguarda uma definição do governo federal para a sua conclusão. Com um sangramento dessa ordem mensalmente no caixa da empresa, a preocupação do sindicato é com a falta de fôlego para o pagamento das obras de construção do prédio da Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) onde ficarão parte dos elementos combustíveis irradiados das usinas Angra 1 e Angra 2, que estão depositados nas piscinas especiais. Até maio de 2022 precisarão ser retirados das duas piscinas 480 elementos combustíveis irradiados no total. São 220 elementos correspondentes a cinco ciclos de Angra 1 e 260 elementos, correspondentes também a cinco ciclos, mas de Angra 2.
A gigante americana Holtec, com larga experiência internacional neste tipo de obra, também fará a operação de transferência desses elementos, que tem 4 metros de altura cada um. Eles serão colocados em invólucros especiais conhecidos como Canister. O prazo para entrega da obra precisa ser antes de maio de 2022. E já está muito apertado porque a obra ainda está na fase de projetos. Quando foi assinado o contrato o prazo de conclusão era de 36 meses. E ainda precisa ser feito uma licitação para retirada de um morro onde o prédio do armazenamento será construído. Caso a obra não seja concluída no prazo, as usinas de Angra 1 e Angra 2, teriam que ser obrigatoriamente desligadas porque não haveria espaço para se colocar mais elementos combustíveis. É importante dizer que até o momento o projeto transcorre normalmente e todos os eventos de pagamentos estão sendo cumpridos pela Eletronuclear, com todos os fornecedores também em dia.
A tecnologia da Holtec vai usar é o sistema HI-STORM FW para armazenamento a seco do combustível nuclear. Serão colocados no Canister e levados para UAS, que está sendo projetada e será construída pela própria Holtec. Um fator que aumenta a complexidade é a diferença das usinas. Angra-1 é um projeto da Westinghouse e Angra-2 é um projeto da Siemens. Tem diferentes arquiteturas e bases de licenciamento. Apesar dessas diferenças, o plano de implementação da Holtec permitirá a compatibilidade entre grande parte dos equipamentos e procedimentos operacionais. O de Angra-1 beneficiou-se das prateleiras de armazenamento úmido da Holtec, instalados em meados da década de 1990, que apoiaram a operação contínua das unidades desde aquela época. Agora, a instalação de armazenamento a seco servirá como uma solução complementar para o gerenciamento do combustível irradiado, com tecnologia considerada segura e eficiente.
Na verdade, a responsabilidade da construção da Unidade de Armazenamento a Seco, pela legislação federal, pertence a CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear e não a Eletronuclear. O Petronotícias conversou com o Diretor de Negociações Coletivas Sindicato dos Engenheiros do Rio e da Federação Interestadual de Sindicato dos Engenheiros, físico, com 40 anos trabalhando na Eletronuclear, Guther de Moura Angelkorte:
– Por que o Sindicato tem a preocupação com a obra da UAS ?
– A administração anterior a do presidente Leonam foi um pouco desastrosa porque perdeu muito tempo para tomar uma decisão de construir a UAS. Sem esse prédio para o armazenamento dos elementos combustíveis, as usinas terão que obrigatoriamente serem desligadas, o que representaria um prejuízo enorme para o país. Não apenas para a Eletronuclear e para o sistema de geração de energia.
– O pagamento dos juros do empréstimo para Angra 3 compromete ?
– Certamente. Esse pagamento, se não houver um acordo, sangra o caixa da empresa e pode ter consequências graves, como o não pagamento das obras da unidade e a empresa atrasar a sua construção. As piscinas especiais não terão mais espaço para armazenamento dos elementos a partir de 2022. Sem esse espaço as usinas não podem funcionar. É a dívida com a Caixa, com o BNDES e com a próprio Holding, a Eletrobrás.
– Como são essas piscinas ?
– Elas tem pelo mais de 8 metros de profundidade, porque os elementos tem 4 metros e precisa de uma lâmina d’água de pelo menos 4 metros sobre estes elementos. Elas são bastante grandes, maiores que um piscina olímpica, com ácido bórico diluído na água para absorver os Neutrons para ficar subcrítico. Há um controle frequente dessa água.
– Depois de ser retirado da piscina, como esses elementos ficam ?
– Eles precisam ser colocados em um invólucro especial e levados para o prédio da unidade de armazenamento a seco para ficarem guardados. É um trabalho de alta complexidade que precisa ser feito por pessoas experientes.
-
- 13/08/2018 - Muito mais que uma injustiça social, uma perversidade que condena a maior parte da nossa população”, diz ministro do GSI sobre a dificuldade para tratamento nuclear no SUS - Jornal Dia a DiaFalta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Falta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Fonte: Jornal Dia a Dia
Na 32ª edição, além da programação científica, o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear (CBMN) abordou a necessidade de expansão da especialidade no País. O general Sergio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência, representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), produtores e fornecedores de radiofármacos participaram do evento.
Em discurso, o general Etchegoyen destacou que "pessoas perdem a vida porque sequer sabem que existem os recursos da Medicina Nuclear, que podem antecipar diagnósticos, curar, controlar ou melhorar (doenças). As pessoas não têm ideia! 75% da nossa população tem um acesso muito reduzido a isso”.
Para Juliano Cerci, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), "é preciso lutar para que o acesso verdadeiro e universal à saúde seja garantido à população. Não adianta termos a melhor medicina nuclear, o melhor produto, o melhor profissional, o melhor equipamento, se isto não chega à comunidade da forma necessária”.
Durante o congresso ficou definido que a SBMN participará de fóruns com produtores e ANVISA para registro de radiofármacos, além de encontros com o CNEN, produtores privados e responsáveis por clínicas nucleares, a fim de desburocratizar o abastecimento de insumos para a especialidade.
De acordo com o ministro do GSI, o investimento do Ministério da Saúde na produção de radiofármacos e o financiamento de parte da construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) ajudará a expandir a medicina nuclear "nos próximos 50 anos, a partir da inauguração do RMB, o Ministério terá os seus radioisótopos e radiofármacos a preço de custo. Esse é o custo do financiamento. Parece-me absolutamente justo”, afirmou.
O dr Drauzio Varella, também esteve em reunião no Congresso "nós viemos discutir o impacto da medicina nuclear tanto no tratamento de várias doenças, como no diagnóstico e estadiamento de vários tumores malignos, e quais as dificuldades para levar estes recursos e toda esta tecnologia para os pacientes do SUS”.
No final deste mês está prevista uma visita conjunta da SBMN, do dr Drauzio e da comitiva do ministro ao IPEN e ao Centro Experimental Aramar, na região de Sorocaba, onde será construído o RMB.
Histórico
O encontro ocorreu quase três meses após a crise do IPEN, que desabasteceu hospitais importantes como o HC de Campinas e do Câncer de Barretos. Atualmente, o instituto está desinterditado em caráter excepcional da ANVISA e precisa realizar adequações.
Desde 2009, o Brasil enfrenta problemas no abastecimento de radioisótopos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos médicos nucleares. O principal motivo foi a paralização do reator canadense que abastecia integralmente o mercado brasileiro e 40% do mundo. Estes insumos vêm sendo produzidos exclusivamente pelo IPEN no Brasil ou importados, o que esbarra na burocracia, altos custos e uma série de exigências para autorização.
Sobre a SBMN
Fundada na década de 60, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é constituída por médicos especialistas em medicina nuclear e outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos, radiofarmacêuticos, biomédicos, físicos e químicos, contando com quase 1 mil sócios atualmente. Tem por objetivo integrar e favorecer o desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo atividades científicas e de intercâmbio entre profissionais de todo o País.
MAIS INFORMAÇÕES À IMPRENSA
RS Press – (11) 3875-6296
Michele Costa – michelecosta@rspress.com.br
Monique Correa – moniquecorrea@rspress.com.br -
- 10/08/2018 - Alerta Vermelho - artigo de Olga Simbalista - Presidente da ABENFonte: Correio Braziliense
-
- 09/08/2018 - Congresso de Medicina Nuclear vai debater saúde da mulher e importância da autonomia nuclear no BrasilFonte: SEGSComeça na sexta-feira (10), em São Paulo, o XXXII Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. Organizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o evento contará com especialistas brasileiros e estrangeiros que debaterão os principais desafios e avanços da Medicina Nuclear no Brasil e no mundo. Além disso, a Saúde da Mulher será o tema em destaque na programação.
No primeiro dia haverá o III Fórum de Pacientes, que será aberto à população, com o objetivo de esclarecer diagnósticos e tratamentos de combate ao câncer. Para aprimorar o debate, a mesa redonda contará com especialistas, instituições de saúde e pacientes. O ministro Sérgio Etchegoyen, responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal, estará na abertura e apresentará palestra sobre "A Importância do programa Nuclear Brasileiro”.
No sábado, representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participarão da mesa redonda para debater os procedimentos de licenciamento e controle de instalações da Medicina Nuclear. No último dia do encontro (12), haverá programação científica com temas como o teranóstico em câncer de próstata, radioiodoterapia, radiofarmacos no tratamento da infecção, entre outros.
Convidados internacionais
A professora de Medicina Nuclear da Universidade de Washington, Delphine L. Chen, falará sobre critérios de respostas de PET-CT a linfomas e melanomas; o diretor de Medicina Nuclear da Universidade de Duisburg-Essen (Alemanha), Ken Hermann, abordará os tópicos mais atuais de PSMA e Câncer de Próstata; o evento também recebe a especialista em Imagem Cardiovascular de Harvard, Sharmila Dorbala, que palestrará sobre doenças inflamatórias e reservas de fluxo coronariano.
SERVIÇO
XXXII Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear
Data: 10 de agosto – 18h
Local: Maksoud Plaza – Rua São Carlos do Pinhal, 424 – Bela Vista, São Paulo
Organização: Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Informações: http://sbmn.org.br/congresso2018/index.php -
- 06/08/2018 - Ministro da Educação garante manutenção de bolsas da Capes em 2019Fonte: Agência BrasilO ministro da Educação, Rossieli Soares, reafirmou hoje (6) que as bolsas de estudos de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) serão mantidas em 2019.
Rossieli disse que está discutindo com o Ministério do Planejamento a garantia dos recursos necessários não apenas para a autarquia, mas para "todas as áreas da educação”.
"Vou sempre brigar por mais recursos na educação”, disse o ministro, ao participar de debate no 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, organizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca). "As bolsas da Capes, até como dito pelo próprio presidente [Michel Temer], estão mantidas. Não haverá nenhuma descontinuidade nesse sentido, e garantimos que teremos todas as bolsas continuadas.”
O orçamento do Ministério da Educação (MEC) para 2019 entrou em foco quando o presidente do Conselho Superior da Capes, Abílio Baeta Neves, enviou carta ao ministro Rossieli Soares na qual dizia que tinha sido repassado à instituição um teto limitando o orçamento para 2019, que resultaria em um corte significativo, na comparação com os recursos deste ano, e na fixação de patamar inferior ao estabelecido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). "Caso seja mantido esse teto, os impactos serão graves para os programas de fomento da agência.”
Na carta, a Capes afirma que o teto fixado poderia ter como consequência a suspensão das bolsas de 93 mil pesquisadores e de alunos de pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) a partir de agosto do próximo ano. O Conselho da Capes também previu o corte do pagamento para mais 105 mil bolsistas que trabalham e pesquisam com educação básica. A carta circulou nas redes sociais e serviços de mensagens instantâneas e provocou mobilização nas comunidades científica, tecnológica e acadêmica.
"O que o Conselho da Capes apresentou foi um alerta de que, se acontecer, poderá trazer prejuízos. Não está estabelecido e não será estabelecido. O MEC garante que, para as bolsas da Capes, teremos todo o orçamento necessário para a continuidade”, afirmou o ministro.
Orçamento
O Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2019 ainda não foi divulgado oficialmente pelo governo federal. No Orçamento deste ano, o valor destinado ao MEC é R$ 23,6 bilhões. Para o próximo ano, a previsão é que a pasta fique com R$ 20,8 bilhões no Orçamento da União – um corte de 12%, que foi repassado proporcionalmente à Capes. A redução orçamentária é resultado da decisão de limitar a despesa pública instituída pela Lei do Teto de Gastos.
"O Brasil precisa ter controle de gastos, igual [ao] que tem em casa. Lógico que não pode gastar mais do que ganha”, afirmou Soares, que acrescentou: "Uma coisa é clara, não é necessariamente corte da educação. O Orçamento da Educação tem que ser igual ou maior [que o dos anos anteriores].”
-
- 06/08/2018 - A geração núcleo-elétrica antes e após FukushimaFonte: Clube de Engenharia
Por Ivan Salati – engenheiro e vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN)
Fonte: ABEN (03/08/18)O início do ano 2011 encontrou o mundo altamente favorável à expansão da energia nuclear como fonte de geração de eletricidade. O acidente nuclear de Fukushima, que ocorreu em março desse ano, veio colocar um freio momentâneo nessa expansão, com a revisão da segurança das usinas em operação e em construção e afetando projetos de expansão nuclear em vários países. No entanto, passados mais de sete anos do acidente, uma pergunta que surge é como o acidente afetou e quais as perspectivas futuras em relação à participação da energia nuclear na geração de eletricidade.
Olhando para os dados de 2010 e 2017/18, antes e após o acidente de Fukushima, pode-se observar que alguns países reduziram significativamente o número de reatores em operação. Por outro lado, nos principais países em desenvolvimento, ocorreu um grande aumento no número de reatores em operação e em construção, com outros países entrando agora no uso da geração nuclear.
I. Países desenvolvidos
Entre os países que diminuíram o número de reatores estão Japão, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Suécia. Na França existe uma proposta de redução da participação nuclear, ainda não totalmente sedimentada. A análise em separado de cada caso mostra situações bastante diferentes.
Japão: O acidente de Fukushima afetou principalmente o Japão. Em 2010, antes do acidente, operavam no Japão 55 reatores. Após o acidente, a operação de todos os reatores nucleares foi suspensa, sendo criado um sistema para análises de segurança rigorosas de cada reator, sujeitando seu retorno a uma série de condicionantes, entre as quais a aprovação pelo governo de cada localidade. Dos 55 reatores, 15 provavelmente não irão operar novamente, incluindo os 6 reatores da central Daiichi de Fukushima e os que têm localização em áreas de falhas geológicas ou necessitam de grandes investimentos para sua readequação às exigências pós-Fukushima. Os 40 reatores considerados operacionais gradativamente estão sendo autorizados a operar. Em 2018, 9 desses reatores já retornaram à operação. Os demais estão em processo para conseguir a autorização de retorno. Antes de 2011, a energia nuclear era responsável por quase 30% da geração elétrica no Japão. Em 2017, com 5 reatores nucleares operando, a contribuição nuclear foi de 3.6%. No planejamento de longo prazo lançado em 2015, o Japão continua considerando a energia nuclear importante para o país e prevê a meta de participação na geração elétrica de 20 a 22% por volta de 2030, considerando sua importância para a descarbonização da matriz energética japonesa.
Alemanha: Após Fukushima, a Alemanha, fortemente pressionada politicamente pelo Partido Verde local, decidiu abandonar a alternativa nuclear substituindo gradativamente por energia renovável, basicamente eólica e solar. A participação nuclear na matriz elétrica diminuiu de 26,1 % para 11,5 %. Continua com 8 usinas operacionais, enquanto 9 usinas tiveram suas atividades encerradas a partir de 2011. Permanecem, no entanto, alguns problemas na gestão do provimento de energia elétrica, pois para compensar o desligamento dos reatores, a Alemanha foi obrigada a recorrer ao carvão e à importação de energia elétrica de outros países. Em alguns momentos de alta demanda as usinas nucleares em operação evitaram o risco de um blackout. Apesar do grande investimento na geração eólica, as linhas de transmissão que trarão energia gerada na costa alemã ainda não foram totalmente concluídas. O governo alemão mantém subsídios a algumas indústrias, em função do aumento de tarifa pela adoção preferencial pelas energias alternativas. Esse subsídio é custeado com uma taxa adicional paga pelos demais consumidores.
Reino Unido: Apesar de 4 reatores em fim de vida útil terem sua operação encerrada no período 2010-2017, a participação nuclear na geração elétrica subiu de 17,9% para 19,3% nesse mesmo tempo. O principal motivo foi o aumento da eficiência das usinas nucleares. Em 2013 foi promulgada lei que confirmou a decisão de continuar a utilizar a energia nuclear como instrumento importante para a produção de energia com baixa liberação de carbono e para isso está programando a construção de 16.000 MWe fornecido por usinas nucleares, provavelmente com participação da França e da China. A construção de novos reatores deve iniciar dentro dos próximos anos.
Estados Unidos: Antes de Fukushima havia a expectativa de um "boom” na retomada da construção de usinas nucleares no país, com proposta da construção de vários reatores de diversos fabricantes. Para isso, vários projetos de reatores haviam sido aprovados pelo órgão regulador, dentro da perspectiva do novo processo de licenciamento nuclear americano, que primeiro aprova o equipamento (o reator) para depois licenciar junto com o local de instalação. Um evento de natureza econômica afetou o mercado de energia americano. Foi o desenvolvimento da tecnologia que permitiu a extração com baixo custo de gás e do óleo de estruturas de xisto argiloso do subsolo ("shale gas and oil”), o que se tornou uma opção mais atraente do ponto de vista de investimento. De 2010 a 2017 o número de usinas nucleares em operação nos Estados Unidos passou de 104 para 99. A perda desses reatores foi compensada pelo aumento na capacidade de produção dos reatores existentes. Deixaram de operar aqueles para os quais não houve interesse econômico na extensão de sua vida operacional após o período de vida útil. Mesmo com a diminuição do número de usinas em operação, a produção nuclear aumentou de 787,7 TWh para 805,3 TWh. A participação nuclear na geração elétrica pouco alterou passando de 20,2% em 2010 para 20% com capacidade instalada de 99.647 MWe. Em 2016 entrou em operação a primeira nova usina nuclear após mais de 40 anos. Dois reatores estão em construção no país, Vogtle 3 e 4, do modelo AP1000. Até o início de 2018, havia sido renovada a extensão de vida de 40 para 60 anos para 86 reatores.
Suécia: A Suécia decidiu em 2005 que a construção de novos reatores somente deve ocorrer em substituição aos existentes e nos mesmos locais já aprovados. De 2010 a 2017,reduziu o número de reatores de 10 para 8, desativando as usinas 1 e 2 de Oskarshamn, respectivamente com 473 e 638 MWe de potência. Essa redução foi compensada pela modernização dos demais reatores, que acrescentou 1.230 MWe na produção de eletricidade por energia nuclear. Atualmente está em discussão a construção de novas usinas em substituição às desativadas.
França: Apesar de o número de reatores entre 2010 e 2017 não ter se alterado, a maior parte dos 58 reatores em operação irá alcançar 40 anos de existência nos próximos 15 anos. Atualmente a França tem um reator em construção, em Flamanville. No pronunciamento do novo presidente eleito em 2017, foi expressa a meta de reduzir a participação da geração elétrica nuclear na matriz energética dos 73% atuais para 50% por volta de 2023. Ainda não está definido como e se isso efetivamente ocorrerá, o que irá depender do comportamento das energias renováveis, basicamente eólica e solar, já que os recursos hidráulicos existentes estão esgotados, uma vez que não há intenção no aumento das usinas térmicas. A França tem em desenvolvimento um novo projeto de reator de 3ª geração, baseado no EPR, destinado a ser o padrão para a nova série de reatores nucleares. Além disso, está aberta a possibilidade de extensão de vida para pelo menos parte dos reatores que estão prestes a alcançar os 40 anos de vida.
II. Países em desenvolvimento
Para os países em desenvolvimento a situação é de um aumento significativo na participação da energia nuclear. China, Rússia, Índia são países que já detêm a tecnologia de construção de reatores nucleares e que vem implementando um grande aumento na participação nuclear na geração de energia. Além desses, outros países, como Emirados Árabes Unidos, Bangladesh, Bielorrússia e Turquia, estão entrando na geração nuclear. A Coréia do Sul, apesar de ter aumentado sua geração núcleo-elétrica, passa por um momento de discussão quanto ao futuro.
China: Na China, em 2010, antes de Fukushima, existiam 11 reatores em operação, com 24 em construção. Atualmente são 41 reatores operando, com mais 17 em construção. A China tem três empresas governamentais que atuam na geração núcleo-elétrica. Cada uma delas associou-se a um fabricante tradicional de reatores nucleares e, a partir da 4ª usina de cada tipo construída, a empresa chinesa passa a incorporar a tecnologia e a associar-se ao seu fornecedor como construtor de reatores.
Rússia: Na Rússia, em 1970, eram 31 reatores operando, hoje são 37, com mais 6 em construção. A capacidade instalada da energia nuclear passou de 21.743 MWe para 28.961 MWe com um aumento de 33,1%, embora a participação aumentasse de 17,8% para 18,3% da matriz energética. A Rússia é hoje um dos principais fornecedores de reatores para outros países, com um forte programa de financiamento de seus produtos.
Índia: Em 2010, 19 reatores estavam em operação na Índia, número que passou para 22 reatores em 2017, com mais 6 em construção. A capacidade instalada de geração nuclear subiu de 4.183 para 6.219 MWe. A participação da energia nuclear na geração elétrica aumentou de 2,2% para 3,2%.
Coréia do Sul: Em 2010operavam no país 20 reatores com capacidade instalada de 17.166 MWe. Em 2017 esse número passou para 25 reatores com capacidade instalada de 23.100 MWe. Atualmente 4 reatores estão em construção, adicionando mais 5.600 MWe. A Coréia do Sul é também a responsável pela construção dos reatores nos Emirados Árabes Unidos. Entretanto, o novo presidente da Coréia, eleito em maio de 2017, declarou sua intenção de deixar a opção nuclear até 2050, paralisando inclusive a construção já iniciada de duas usinas nucleares. A forte oposição local fez com que voltasse atrás na decisão e a construção dessas usinas foi retomada. A energia nuclear responde por quase um terço da produção de eletricidade no país, que é prioritariamente baseada em carvão (cerca de 40%). Apesar de existir um forte movimento anti-nuclear no país, também é bastante significativo o suporte à expansão nuclear e à eliminação do carvão como fonte de eletricidade.
Emirados Árabes Unidos: Com a ajuda da Coréia do Sul, têm 4 reatores em construção ao mesmo tempo, sendo que o primeiro deve entrar em operação ainda em 2018. As unidades 2, 3 e 4 estão com 92%, 81% e 66 % completadas.Apesar de ter uma reserva significativa de petróleo (6% das reservas mundiais conhecidas), os Emirados têm como perspectiva que cerca de 25% de seu suprimento de energia elétrica seja de origem nuclear, diminuindo sua dependência de gás importado. Isso deve ser conseguido com a entrada em operação dos 4 reatores até 2021 trazendo ao sistema 5.600 MWe.
Bielorússia: O país está construindo 2 reatores com capacidade de 1.200 MWe em Ostrovets. A previsão de entrada em operação dos dois reatores é 2019 e 2020, respectivamente.
Bangladesh: Está construindo dois reatores com 1.200 MWe de capacidade em Roopur. A Unidade 1 é prevista para entrar em operação em 2021 e a Unidade 2 em 2024.
Turquia: Em 3 de abril de 2018, a Turquia iniciou a construção de sua primeira usina nuclear, com a cooperação da Rússia, com a expectativa de entrada em operação em 2023. Akkuyu NPP-1 é a primeira das 4 usinas de 1.200 MWe a serem construídas nessa central. Além dessa cooperação, há planos para a construção de reatores em outros locais já definidos.
III. O uso atual da geração nuclear no mundo
O número de reatores no mundo continua em expansão, embora o ritmo dessa expansão tenha sido afetado pelo acidente de Fukushima em 2011. Excluindo o Japão, operavam no mundo 384 reatores em 2010. Em 2017 esse número aumentou para 412 reatores, representando um acréscimo de 28 reatores, mesmo considerando os que foram desativados na Alemanha e em outros países. Comparando 2017 com 2010, a produção de eletricidade por geração nuclear caiu 72 TWh devido principalmente a queda de 245,6 TWh no Japão. Não fosse isso, o aumento seria de 173,6 TWh de produção elétrica na mesma relação, mesmo incluindo o decréscimo na Alemanha.
Em países mais desenvolvidos a participação da geração nuclear tem se mantido razoavelmente estável. Além da extensão de vida dos reatores de 40 para 60 anos, a substituição dos reatores retirados de operação tem sido compensada por novas construções e pelos ganhos na produção de energia pela otimização dos projetos e pelo aumento da disponibilidade das usinas. Os maiores impactos em redução foram na Alemanha, onde a decisão de fechar todos os reatores até 2023 foi política, e no Japão, no qual o acidente fez reavaliar a segurança dos 55 reatores concluindo pela não reativação de 15 deles. A diminuição de custos da geração elétrica por energia solar e eólica também tem sido um fator importante para o não crescimento da energia nuclear nos países mais desenvolvidos. Nos Estados Unidos, o principal fator inibidor do crescimento nuclear foi a nova tecnologia de exploração a baixo custo de gás de xisto ("shale gás”) como fonte geradora de eletricidade. Dentre os países desenvolvidos, o Reino Unido reafirmou a manutenção do uso da energia nuclear como fonte importante de energia, com programa já definido de novas usinas em substituição às que vão ser desativadas.
Em contrapartida, os principais países em desenvolvimento, com previsível aumento na demanda de energia, continuam apostando na fonte nuclear como componente importante em sua matriz energética. A China dá continuidade ao seu robusto programa de expansão da energia nuclear, assim como a Rússia e a Índia. Outros países, como Emirados Árabes Unidos, Bielorrússia, Bangladesh e Turquia, estão iniciando seus programas de geração nuclear. Novos projetos de reatores, das chamadas gerações III e III+ já estão entrando em operação, como o APR1400 da Coréia do Sul e o VVR1200 da Rússia. Esses reatores, junto com outros novos projetos, têm aperfeiçoamentos que aumentam ainda mais sua segurança e diminuem os custos e tempo de construção.
IV. A situação do Brasil
Um erro que é constantemente cometido em política energética é o de comparar o Brasil com economias ricas que estão com o consumo de eletricidade razoavelmente estabilizado, para as quais o objetivo maior é aumentar a eficiência do uso de energia e diminuir a liberação de gases de efeito estufa. Seriam melhores modelos de comparação países que têm uma necessidade maior de energia, por se encontrarem, como o Brasil, em um patamar baixo de consumo per capita e ainda em um nível indesejável de desenvolvimento econômico. Enquanto China, Rússia e Índia, além de investir nas diversas formas de energia renovável, aceleram o uso da energia nuclear em sua geração elétrica, o Brasil vacila em retomar seu programa nuclear. Prova disso é que de 1972 a 2018, o país construiu apenas duas usinas nucleares e mantém paralisada a construção da terceira usina. Após ser retomada em 2008, a construção de Angra 3 parou em 2015, quando se preparava para o início da montagem eletromecânica. Em 2017, Angra 1 e Angra 2 estiveram entre as usinas mais produtivas do mundo. Angra 3 irá dar mais sustentabilidade ao sistema atual, evitando o crescente uso das termoelétricas a gás e a óleo para geração adicional, que são caras e oneram o consumidor. A energia hidráulica teve no passado o papel de prover equilíbrio ao sistema elétrico, utilizando os seus reservatórios para compensar variações nas outras fontes. No entanto, com a construção de usinas hidrelétricas a fio d’água, e com as variações no regime de chuvas, a função de estabilizar o sistema ficou prejudicada. Some-se a isso a participação cada vez maior da energia eólica e solar na matriz elétrica, que necessitam de um fornecimento estável de base na rede, papel esse que pode ser exercido com o auxilio da energia nuclear. Por esse motivo, torna-se imperativa a retomada da construção de Angra 3 e a inclusão de novas usinas nucleares dentro do planejamento energético nacional, aproveitando o fato de que o Brasil é um dos poucos países em que a energia nuclear dispõe de reservas de urânio e da tecnologia de fabricação do combustível, com baixo grau de dependência externa.
-
- 06/08/2018 - As pessoas que caçam objetos radioativos em prédios, lojas e estacionamentosA maioria de nós tenta evitar a radiação, mas Andrew Walker coleciona objetos radioativos, que são muito mais comuns do que se imagina.
A maioria de nós tenta evitar a radiação, mas Andrew Walker coleciona objetos radioativos, que são muito mais comuns do que se imagina.
Fonte: G1Tudo começou com um vídeo online. Andrew Walker assistiu a um colecionador de objetos radioativos ostentando itens com urânio que tinha adquirido ao longo dos anos. Para Walker, buscar tais peças no ambiente poderia ser um hobby pouco comum e interessante. Por isso, decidiu comprar um contador Geiger (equipamento que mede radiações).
Logo ele percebeu que a radioatividade está em toda parte. A primeira medição elevada que ele registrou foi no estacionamento de um restaurante fast-food mexicano em Idaho, nos EUA.
"Eu notei que, quando estacionamos, meu contador Geiger disparou", lembra ele. Algo por perto estava estimulando as minúsculas partículas subatômicas de radiação em quantidades acima do esperado - e, embora não tenha descoberto o que era, Walker registrou a atividade invisível. Depois disso, ele começou a procurar outros exemplos intrigantes.
Sua busca por objetos radioativos ainda é um hobby. Durante o dia, Walker é um projecionista de cinema e cineasta, e não um cientista. Mas ele curte dividir alguns de seus achados no Twitter e Instagram, onde discute a atividade com outros curiosos.
A radioatividade é algo com o qual convivemos constantemente - ela sempre está presente em quantidades relativamente pequenas e naturais. Ao redor do mundo, níveis acima da média de radioatividade são encontrados em várias praias e solos específicos, entre outros lugares.
Além disso, a maior parte do concreto é radioativo, embora seus níveis variem. Nos EUA, é possível testar o nível de gás radônio em sua casa - que se forma lentamente a partir de materiais de construção radioativos. Até o corpo humano é levemente radioativo, já que contém elementos como potássio-40, que se decompõe.
Walker vive em Bozeman, no estado de Montana, nos EUA. E ele descobriu um fato histórico curioso: escombros contendo pequenas quantidades de urânio e rádio foram misturados ao concreto usado em construções de Idaho. Ele se pergunta se não foi isso que provocou a reação no restaurante mexicano.
Cidades desertas
Walker gosta de planejar viagens a áreas próximas onde acredita que pode encontrar algum material interessante. Se isso acontece, ele então documenta sua descoberta. Há várias minas de urânio (e agora cidades desertas de mineração de urânio) nos EUA, e Walker visitou algumas delas em suas viagens.
Ele também começou a frequentar lojas de antiguidades. "Em todas por onde passei, sempre consegui encontrar algo radioativo", diz ele.
Esses itens incluem vidraçaria da "Vaseline" (uma marca de produtos à base de petróleo), que contém urânio e é de uma cor amarela-esverdeada impressionante. Ele também encontrou plásticos laranja-avermelhados e tigelas tingidas com uma tinta à base de urânio. As diretrizes do governo americano desaconselham o uso desses itens para manusear alimentos ou bebidas, embora o risco à saúde de simplesmente possuir tais objetos seja insignificante.
Há ainda relógios com uma tinta que brilha no escuro e contém rádio. Tais objetos são relativamente seguros, desde que não sejam desmontados, mas as mulheres que os produziam em fábricas muitas vezes seguravam os pincéis com os lábios. Elas acabaram ingerindo pequenas quantidades de tinta radioativa, o que as levou a desenvolver doenças graves, como câncer ósseo nas mandíbulas.
Por isso, Walker tenta não se colocar em situações de risco desnecessárias. Com relação à sua louça levemente radioativa, ele afirma: "Se as peças não fossem radioativas, eu provavelmente não as teria comigo, mas elas estão escondidas".
Ainda assim, seu novo hobby tem intrigado amigos e familiares. "Eles perguntam por que estou indo a esses lugares explorar essas coisas", conta com uma risada. "É algo que me interessa; é simplesmente fascinante".
Ele até encontrou alguns pontos de referência, incluindo prédios públicos como estações de trem, onde as telhas produzem níveis ligeiramente elevados de radioatividade - por terem sido feitos, provavelmente, com corantes ou esmaltes radioativos.
Contadores Geiger são fáceis de fazer - tão fáceis que, inclusive, alguns entusiastas montam os seus próprios equipamentos e buscam fontes de radioatividade para testá-los. Já Walker preferiu comprar um por US$ 1.300 (R$ 4.900), um medidor da RadEye que detecta radiação alfa, beta e gama.
O radiologista Nick Evans, da Universidade de Nottingham Trent, no Reino Unido, ressalta que a radioatividade pode ser medida de várias formas. Uma abordagem é observar a taxa de decomposição do núcleo do átomo ao longo do tempo; a unidade internacional usada para isso é o Becquerel. Mas alguns optam por medidas em Sieverts (na verdade, Microsieverts ou Millisieverts).
Essa última é a medida usada por Walker. Ele explica que a forma padrão de fazer a leitura é segurar o contador a um metro de distância da fonte para medir corretamente a radioatividade.
Alta energia
O que é fascinante nas expedições de Walker é a facilidade com que ele achou tantos exemplos radioativos. Evans diz que isso ocorre em parte por conta do legado de indústrias que capitalizaram a radioatividade até décadas após sua descoberta, no final do século 19. Ela rapidamente entrou na composição de novos produtos, estranhos e maravilhosos.
"Era muito, muito diferente do que qualquer coisa", diz Evans. "Era meio místico, e as pessoas obviamente queriam testar tudo o que pudessem com aquilo, até brincar, se quisessem".
Algumas das invenções dos fabricantes são incompreensíveis hoje. Por exemplo, o supositório radioativo, um tratamento lançado sem evidências científicas. Claro que há formas mais seguras de restaurar a normalidade de seu "vigor viril", como era anunciado. Mas esse não foi o único produto com uma dose de átomos se decompondo destinado a pacientes. Também havia a pasta de dente e o preservativo radioativos.
"Não tenho ideia do raciocínio por trás disso", diz Evans sobre o preservativo. "Eu tenho uma lata dele - não que eu os use, devo dizer".
E persiste ainda hoje a noção de que doses altas de radioatividade pode fazer bem ao corpo. Há um spa nos alpes austríacos de Bad Gastein onde as pessoas podem visitar túneis úmidos de uma antiga mina de ouro e suar para expelir suas doenças enquanto respiram o gás radônio.
Muitos cientistas queixam-se da desconfiança instintiva do público com relação a qualquer coisa radioativa. A ansiedade provocada é exagerada, argumentam alguns. De fato, perigos como a poluição não geram a mesma comoção, embora ela provoque a morte de milhões de pessoas por ano. Enquanto isso, um estudo descobriu que apenas 190 pessoas morreram entre 1980 e 2013 vítimas de superexposição à radiação.
Walker diz que muitos medos lhe parecem cada vez mais "irracionais" graças a suas explorações. Pois suas caminhadas e visitas a lojas de antiguidades mostram como a radioatividade é onipresente.
-
- 03/08/2018 - Capes prevê interrupção de bolsas de estudos em 2019Teto de gastos impediria pagamentos para 93 mil pós-graduandos e 105 mil professores da educação básica
Teto de gastos impediria pagamentos para 93 mil pós-graduandos e 105 mil professores da educação básica
Fonte: O Estado de S . Paulo
SÃO PAULO - Segundo o documento, assinado por Abilio Baeta Neves, presidente da Capes, o teto limitando o orçamento de 2019 fixa um patamar muito inferior ao necessário para mantertodas as linhas de atuação da agência. Além da suspensão do pagamento das bolsas, a redução orçamentária também pode levar a interrupção da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um dos principais programas federais de formação de professores, que tem mais de 245 mil alunos. A limitação também prejudicaria a continuidade de praticamente todos os programas de cooperação com o exterior.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), principal agência de fomento à pesquisa do País, ligada ao Ministério da Educação (MEC), publicou nota em que alerta o governo federal sobre o risco de o teto de gastos públicos inviabilizar o pagamento de bolsas a docentes e alunos de pós-graduação a partir de agosto de 2019. No total, os 93 mil mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos e 105 mil bolsistas de programas de formação de professores estão com o benefício ameaçado a partir desta data, segundo a Capes.
Segundo o documento, assinado por Abilio Baeta Neves, presidente da Capes, o teto limitando o orçamento de 2019 fixa um patamar muito inferior ao necessário para mantertodas as linhas de atuação da agência. Além da suspensão do pagamento das bolsas, a redução orçamentária também pode levar a interrupção da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um dos principais programas federais de formação de professores, que tem mais de 245 mil alunos. A limitação também prejudicaria a continuidade de praticamente todos os programas de cooperação com o exterior.
-
- 02/08/2018 - BID e Governo Federal assinam contrato de empréstimo para projetos de inovação no BrasilSão previstos US$ 703,6 milhões para o programa “Inovar para Crescer”: o BID financiará US$ 600 milhões e a Finep entrará com US$ 103,6 milhões
São previstos US$ 703,6 milhões para o programa “Inovar para Crescer”: o BID financiará US$ 600 milhões e a Finep entrará com US$ 103,6 milhões
Fonte: Jornal da CiênciaO Governo Federal e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) assinaram nessa quarta-feira, 1º de agosto, no Palácio do Planalto, a primeira operação de US$ 703,6 milhões para o programa "Inovar para Crescer”, que será executado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Do montante total da operação inicial, o BID financiará US$ 600 milhões e a Finep entrará com US$ 103,6 milhões.
O empréstimo faz parte da linha de crédito condicional para projetos de investimento (CCLIP na sigla em inglês) de US$ 1,5 bilhão para o Brasil, destinado a aumentar a produtividade das empresas brasileiras por meio de mais investimentos privados em inovação – essa é a primeira vez em que ocorre o aporte nesses moldes.
A solenidade contou com a presença do presidente da República, Michel Temer, do ministro do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, do presidente da Finep, Marcos Cintra e do representante do BID no Brasil, Hugo Flórez Timorán.
O BID pretende acompanhar o governo do Brasil na construção de um caminho sólido para níveis de desenvolvimento sustentáveis e inclusivos no longo prazo. O programa "Inovar para Crescer” aposta em uma estratégia de crescimento baseada na inovação e no fortalecimento de setores estratégicos para impulsionar seu desenvolvimento econômico e melhorar a produtividade empresarial.
O programa prevê aumentar o investimento em inovação de empresas em setores prioritários, aumentar a adoção de tecnologias para micro, pequenas e médias empresas com potencial inovador, além de facilitar o crescimento de empreendimentos dinâmicos e o fortalecimento das capacidades institucionais da Finep no desenho, monitoramento e avaliação de projetos estratégicos.
Segundo a Finep, esses recursos serão disponibilizados para empresas de diferentes setores na área de inovação – projetos incluídos no Plano de Desenvolvimento e Inovação da Indústria Química (Padiq) e no Plano de Desenvolvimento, Sustentabilidade e Inovação do Setor de Mineração e Transformação Mineral (Inova Mineral). Setores como os de biocombustíveis avançados, saúde, agronegócios e tecnologia da informação e comunicação também serão beneficiados. A operação aprovada pelo Senado era negociada desde 2017 e é a maior que a Finep já captou no exterior. No caso de as diferentes parcelas do total de US$ 1,5 bilhão serem executadas antes dos períodos pré-estabelecidos, a Finep será autorizada a adiantar a aplicação do restante dos recursos previstos para os anos seguintes.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Fundado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisa de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.
Sobre a Finep
A Finep – Financiadora de Inovação e Pesquisa – é uma empresa pública federal, vinculada ao MCTIC. Fundada em 1967, a Finep financia iniciativas em todo o espectro da cadeia de inovação tecnológica, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores no Brasil, por meio de financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis a instituições de pesquisa e empresas brasileiras. A partir de 2012, a financiadora passou a oferecer apoio para a implementação de uma primeira unidade industrial e também incorporações, fusões e joint ventures.
-
- 29/07/2018 - Russos fazem parceria com brasileiros para investir em medicina nuclear em SPJoint venture vai instalar no Vale do Paraíba unidade de esterilização de produtos por radiação
Joint venture vai instalar no Vale do Paraíba unidade de esterilização de produtos por radiação
Fonte: Folha de S. Paulo
Eduardo GeraqueJoint venture que reúne a empresa brasileira CK3 e a Rusatom Healthcare, uma das subsidiárias da Rosatom, gigante estatal russa do setor de energia nuclear, vai instalar no Vale do Paraíba (SP) uma unidade de esterilização de produtos médicos, como luvas, gases e seringas.
A porcentagem de cada grupo na operação é sigilosa. O local exato em que ficará a unidade não foi divulgado.
O anúncio do início das operações da fábrica brasileira ocorreu em Sochi, na Rússia, cidade que abrigou a seleção brasileira do Brasil na Copa do Mundo e que recebeu uma das principais feiras anuais do setor.
"Escolhemos uma tecnologia de radiação segura, que não utiliza material radioativo e não deixa resíduos”, afirma Raphael Guiguer, diretor da brasileira Ck3.
A fábrica de esterilização vai tratar os produtos médicos, antes de eles chegarem ao mercado, a partir de uma acelerador de elétrons.
O equipamento, após ser desligado, não continua emitindo radiação. Por isso, é considerado seguro também do ponto de vista ambiental.
As caixas com os vários tipos de equipamento são bombardeadas por feixes de elétrons de alta energia. Não é necessário manipular os objetos.
De acordo com Guiguer, o negócio visa preencher um nicho comercial pouco explorado no Brasil.
As esterilizações tanto por meio da aceleração de elétrons quanto de radiação por raio-X, que também estará disponível na fábrica, têm várias aplicações na área médica e também nos setores farmacêutico e de cosméticos.
No Brasil, órgãos como o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) também prestam serviço de esterilização por radiação.
As estimativas indicam que mais de metade dos produtos da área médica colocados no mercado é esterilizada por meio de radiação.
A tecnologia que utiliza a chuva de elétrons de alta energia, além de segura, é considerada econômica pelo setor. -
- 25/07/2018 - INB planeja chegar a 2026 sem depender de recursos do TesouroFonte: Agência BrasilO planejamento estratégico da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para os próximos dez anos, desenvolvido em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê que a estatal terá autonomia financeira em 2026, quando não mais dependerá de recursos do Tesouro Nacional para sua operacionalidade.
A informação foi dada hoje (25) pelo presidente da INB, Reinaldo Gonzaga, durante palestra no IX Seminário Internacional de Energia Nuclear, que teve início hoje (25).
Gonzaga informou que, atualmente, a INB opera com uma dependência financeira do governo federal em torno de 34% a 35% do seu orçamento anual, recursos necessários para o pagamento da folha salarial, obrigações sociais e encargos. O faturamento anual da estatal gira em torno de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões.
O presidente da INB disse que o planejamento foi elaborado para equilibrar despesas e receitas. E para chegar a essa equação, defendeu a necessidade de se colocar em operação, o mais rapidamente possível, a Unidade de Concentração de Urânio de Caetité, na Bahia, que está sem produzir há cerca de cinco anos.
"Uma das premissas para se alcançar esse objetivo é exatamente parar de comprar urânio lá fora, e isso implica em ter que pôr a mina [de Caetité] novamente em operação, uma vez que ela está parada desde 2014. Quando a unidade estiver em operação, o que deverá acontecer até o final deste ano, nós deixaremos de comprar urânio fora do país e, consequentemente, obteremos um melhor equilíbrio financeiro, além de gerar um excedente que pode levar o país a vir a exportar urânio”, disse.
Gonzaga disse que a estatal trabalha no sentido de avançar com o programa desenvolvido com a Marinha do Brasil para enriquecimento de urânio. O programa, segundo ele, foi concebido para avançar em duas fases. "Nessa primeira fase, já em curso, nós estamos ainda na sexta etapa, mas até o final de agosto estaremos inaugurando a sétima etapa das 10 previstas”.
Atualmente o país compra no exterior todo o urânio consumido nas usinas de Angra I e II e também os componentes metálicos para a montagem do combustível, cujos custos são em euro. "Quando passarmos a nacionalizar estes componentes, a fazê-los aqui no Brasil, nós estaremos reduzindo ainda mais os custos de operação e isso também vai gerar maior equilíbrio financeiro”.
A INB também diminuirá custos com a redução da sua folha de pagamento. "Aprovamos um programa de desligamento voluntário. Hoje, a nossa folha de pagamento está na faixa de R$ 310 milhões, com a implantação do PDV, nós estaremos retirando cerca de R$ 100 milhões dessa folha”.
Mina de Caetité
Entre as muitas unidades da INB, a Unidade de Concentrado de Urânio de Caetité é destaque. Situada no município de Caetité (BA), inoperante desde 2014. Nela eram realizadas as duas primeiras etapas do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério, que resulta no produto chamado concentrado de urânio ou yellowcake.
A unidade ocupa uma área de 1.700 hectares, localizada em uma província mineral com reservas que chegam a 110 mil toneladas de urânio e onde estão identificados mais de 38 depósitos do minério.
Nos 16 anos em que esteve em operação, a INB Caetité produziu 3.750 toneladas de concentrado de urânio a partir da exploração a céu aberto de uma dessas jazidas – a mina Cachoeira.
A avaliação do executivo é de que, retomando gradativamente a atividade, a unidade deverá começar produzindo cerca de 70 toneladas de urânio, de uma capacidade de produção de 400 toneladas, "que deverá ser atingida já no ano que vem”.