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- 09/01/2018 - FAPESP e Shell financiarão centro de pesquisa em novas energias - Agência FapespFonte: Agência FAPESP
A FAPESP e a Shell financiarão um centro de pesquisa em novas energias em São Paulo. Os parceiros, que mantêm um acordo de cooperação desde 2013, anunciaram uma chamada de propostas para a instalação do Centro de Pesquisa em Novas Energias, com foco no desenvolvimento de investigações em quatro divisões: Transportadores de alta densidade de energia, Armazenamento avançado de energia, Conversão de metano em produtos e Ciência computacional de materiais.
A chamada recebeu doze submissões, cobrindo os quatro tópicos de pesquisa nela listados. Cada proposta recebeu pareceres de assessoria ad hoc e foi analisada por um painel de especialistas.
A documentação resultante foi estudada pelo Comitê Gestor da chamada, que, após discussão preliminar, enviou as críticas e os pedidos de esclarecimento encontrados nos pareceres para manifestação dos proponentes.
Uma vez examinadas as respostas dos proponentes, o Comitê Gestor realizou as entrevistas previstas na chamada e agora anuncia, como resultado final, a aprovação das seguintes propostas:Divisão: Portadores Densos de Energia
Divisão de Pesquisa 1 - Portadores Densos de Energia
Processo / Grant number
2017/11986-5
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Química - IQ / UNICAMP
Divisão: Armazenamento Avançado de EnergiaDivisão para Armazenamento de Energia Avançado
Processo / Grant number
2017/11958-1
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Faculdade de Engenharia Química - FEQ / UNICAMP
Divisão: Do Metano para ProdutosRota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Processo / Grant number
2017/11937-4
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN / SDECTSP
Divisão: Ciência dos Materiais ComputacionalCiência Computacional de Materiais
Processo / Grant number
2017/11631-2
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Química de São Carlos - IQSC / USP
A chamada de propostas está publicada (em inglês) emwww.fapesp.br/10896.
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- 09/01/2018 - Reinaldo Gonzaga: Decisão NuclearO Brasil tem uma situação privilegiada porque tem uma matriz energética predomi-nantemente hidrelétrica
O Brasil tem uma situação privilegiada porque tem uma matriz energética predomi-nantemente hidrelétrica
Fonte: O PovoMuito se tem falado sobre a paralisação das obras de Angra 3 devido a questões orçamentárias e a investigações no âmbito do Tribunal de Contas da União, mas as discussões parecem ter desviado o foco da importância estratégica de um programa nuclear dos mais bem-sucedidos do mundo. Quase seis décadas de esforço tecnológico nacional colocaram o Brasil no seleto grupo dos que dominam todo o ciclo do combustível nuclear.
Com uma das maiores reservas de urânio do mundo, o País desenvolveu todo o processo na fábrica da INB-Indústrias Nucleares do Brasil, em Resende, que abastece Angra 1 e 2, e temos todas as condições para alcançar a autonomia. Mas há ainda outras razões que apontam a necessidade de conclusão das obras.
O mundo aposta na substituição dos combustíveis fósseis, e muitos países estão aumentando a geração nuclear. Esta é a fonte que garante dois terços da energia limpa hoje disponível. No caso brasileiro, além das vantagens competitivas das reservas e do domínio tecnológico, temos a necessidade de reduzir o risco de esgotamento do potencial hidroelétrico.
O Brasil tem uma situação privilegiada porque tem uma matriz energética predominantemente hidrelétrica. Enfrentamos, porém, um problema estrutural: a opção por construir hidrelétricas a fio d’água, para atender às exigências ambientais, reduz a capacidade de acumulação e obriga as distribuidoras a recorrer a térmicas, mais caras e poluidoras. O problema se agrava com a escassez de chuva em várias partes do País, o que gera instabilidade no fornecimento. A alternativa nuclear é a mais recomendável por garantir energia limpa, segura e competitividade econômica.
O Brasil está retomando agora, no começo de 2018, a mineração de urânio, que esteve interrompida por três anos devido ao esgotamento da mina da Cachoeira, em Caetité (BA), e dificuldades para obtenção de licenças. Com o aumento da produção, a INB poderá atender plenamente as necessidades de combustível de Angra 1, 2 e, futuramente, Angra 3.
A interrupção das obras de Angra 3 exigiria a inclusão de usinas térmicas a gás natural, carvão ou óleo, com todos os problemas daí decorrentes. Sua conclusão, ao contrário, traria segurança ao sistema; consolidaria uma tecnologia de ponta desenvolvida no Brasil e fortaleceria a indústria nacional, gerando emprego e renda. São questões a serem levadas em conta agora para que não venhamos a lamentar no futuro.
Reinaldo Gonzaga
pr@inb.gov.br
Presidente da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) -
- 05/01/2018 - Presidentes da ABC e da SBPC discutem com deputado Celso Pansera estratégias de atuação junto ao Congresso NacionalO encontro teve por objetivo a construção de estratégias para sensibilizar os parlamentares sobre projetos de lei e recursos orçamentários adequados para o desenvolvimento científico, econômico e social do País
O encontro teve por objetivo a construção de estratégias para sensibilizar os parlamentares sobre projetos de lei e recursos orçamentários adequados para o desenvolvimento científico, econômico e social do País
Fonte: Jornal da CiênciaNo dia 22 de dezembro, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, recebeu, na sede da Academia, no Rio de Janeiro, a visita do deputado federal Celso Pansera (PMDB-RJ). O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, também participou do encontro, que visou à construção de estratégias para sensibilizar os parlamentares sobre importantes projetos para a ciência nacional.Na reunião, Pansera apresentou um relatório sobre os projetos ligados à CT&I. Segundo o deputado federal, existem 454 proposições relacionadas à C&T em tramitação na Câmara. Dessas, 21 são de especial interesse, visto que já estão prontas para entrarem na pauta do Plenário. Fora estas proposições, Pansera chamou a atenção ainda para outras duas iniciativas, que, de acordo com ele, merecem especial atenção das entidades ligadas à C&T:– O Projeto de Lei (PL) n° 5876/2016, de autoria do próprio deputado, que trata do repasse de 25% dos recursos oriundos da exploração do petróleo da camada do Pré-Sal – o Fundo Social – à ciência, tecnologia e inovação. Já aprovado na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), o PL agora segue para as comissões de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça e, por fim, vai a Plenário.– O Projeto de Lei nº 5425/2016, que concede incentivos fiscais ao contribuinte que doar recursos para programas, projetos e atividades de CT&I, cuja lógica de funcionamento é semelhante à da Lei Rouanet. Como relator da proposta na CCTCI, cuja autoria é do deputado Rômulo Gouveia (PSD-PB), Pansera formulou um substitutivo ao PL, que foi aprovado por unanimidade pelos membros da comissão.Estes dois projetos foram considerados de grande importância pelos presidentes da ABC e da SBPC. Para Luiz Davidovich, incentivos fiscais para doações a instituições de ciência e tecnologia existem há muito tempo em países desenvolvidos, em particular nos Estados Unidos e na Europa, e têm um papel importante no desenvolvimento científico e tecnológico desses países."Esse projeto precisa ser aprovado com urgência, pois esses incentivos ajudariam a alavancar a ciência e a inovação tecnológica no País”, avaliou Davidovich. "Por outro lado, o Projeto de Lei 5875/2016 ajudaria a consolidar o tripé essencial para o desenvolvimento nacional: educação, saúde e C&T. Sem um desses elementos, os outros dois não se sustentam”, acrescentou o presidente da ABC.Também se referindo ao Projeto de Lei n° 5876/2016, Celso Pansera destacou que a ideia é que um quarto dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal seja destinado ao setor de CT&I. "Assim o Brasil poderá continuar investindo pesado em novas tecnologias, buscando caminhos criativos e inovadores que permitam ao país romper com uma dinâmica de economia focada na produção de commodities. Isso é fundamental para que o Brasil passe a agregar valor a seus produtos e serviços. Se esta política já vigorasse em 2015, por exemplo, o montante destinado à C&T seria de aproximadamente R$ 2 bilhões”, destacou o parlamentar.Ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (2015-2016), Pansera ressaltou ainda que a lei que criou o Fundo Social (12.351/10) já determina o investimento dos recursos nas áreas de Educação e Saúde e, por isso, justifica-se estabelecer um percentual mínimo para CT&I.O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira também destacou a importância da reunião, salientando que a comunidade científica precisa se organizar melhor para se fazer presente junto ao Congresso Nacional e às Assembleias Legislativas. "Assim, poderemos colaborar na elaboração de leis adequadas para o desenvolvimento científico, econômico e social do País, além de influenciar nas discussões dos recursos orçamentários para CT&I, que têm sido drasticamente cortados”, disse.Moreira lembrou ainda que os cientistas devem se manter unidos e atentos às eleições deste ano. "A comunidade científica e acadêmica deverá também debater as grandes linhas das políticas públicas para a CT&I e para a educação e buscar influenciar os candidatos, seus partidos e programas, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, informar os eleitores sobre os posicionamentos deles e, depois da eleição, acompanhar seus desempenhos”, afirmou. -
- 05/01/2018 - Modelo prediz cenários para geração de energia por meio da fusão nuclearFonte: Revista FAPESPA geração controlada e regular de energia por meio da fusão nuclear, com a conversão de hidrogênio em hélio, reproduzindo na Terra, em pequena escala, o que ocorre no Sol e em outras estrelas, é uma das grandes promessas tecnológicas para as próximas décadas.Indo muito além dos resultados já obtidos há tempos em laboratórios, um protótipo de reator, o ITER – cujo nome significa "o caminho”, em latim –, capaz de gerar 500 megawatts de energia, está em construção no sul da França e deverá entrar em operação em 2025. China, União Europeia, Índia, Japão, Coreia do Sul, Rússia e Estados Unidos participam do megaprojeto, cujo custo deverá ultrapassar a marca de € 20 bilhões.O ITER não fornecerá energia para a rede elétrica, mas será o primeiro equipamento do tipo tokamak – termo formado pelo acrônimo da expressão em russo para "câmara toroidal com bobinas magnéticas” – em que a energia gerada será maior do que a energia necessária para colocá-lo em funcionamento. Assim, possibilitará testar as múltiplas complexidades técnicas inerentes ao processo e servirá de modelo para máquinas semelhantes.Para que tudo isso dê certo, porém, existe uma questão crucial: garantir que o processo de fusão nuclear se torne autossustentável, impedindo que a perda de energia por meio de radiação eletromagnética e do escape de partículas alfa – o núcleo atômico do hélio, formado por dois prótons e dois nêutrons – desaqueça o reator. Resultados experimentais observados ao longo dos 20 últimos anos mostraram que a forma pela qual os íons rápidos (dentre os quais as partículas alfa) são ejetados do plasma varia muito entre diferentes tokamaks. E ninguém compreendia quais condições experimentais determinavam esse comportamento.O problema foi elucidado agora por um jovem pesquisador brasileiro, Vinícius Njaim Duarte, recém-doutorado com Bolsa da FAPESP e Bolsa de Pesquisa no Exterior e atualmente realizando trabalho de pós-doutoramento no Princeton Plasma Physics Laboratory, nos Estados Unidos.Duarte foi o autor principal do artigo Theory and observation of the onset of nonlinear structures due to eigenmode destabilization by fast ions in tokamaks, publicado com destaque pela revista Physics of Plasmas, do American Institute of Physics (AIP).A repercussão de seu trabalho foi tanta que, no maior tokamak dos Estados Unidos, o DIII-D, desenvolvido e operado pela General Atomics em San Diego, Califórnia, foram realizados experimentos dedicados a testar o modelo por ele proposto. E os resultados experimentais confirmaram as predições do modelo.
"Ondas eletromagnéticas excitadas por partículas rápidas em tokamaks podem apresentar variações bruscas de frequência que, em inglês, são chamadas de chirping [chilreio]. Não se compreendia por que em algumas máquinas isso aparecia e em outras não. Usando modelagem numérica bastante complexa e dados experimentais, Duarte mostrou que a produção ou não do chirping – e, portanto, o caráter da perda de partículas e energia – depende do nível de turbulência do plasma existente no interior do tokamak, no qual estão ocorrendo as reações de fusão nuclear. Se o plasma não for muito turbulento, o chirping acontece. Mas, se for muito turbulento, não”, disse o físico Ricardo Magnus Osório Galvão, atual diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que foi o orientador do doutoramento de Duarte no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP).
Para entender essa descoberta, algumas explicações prévias são necessárias.
Primeiro, é preciso ter claro que o processo em pauta é o da fusão e não da fissão nuclear. Na fissão, que ocorre em várias usinas nucleares espalhadas pelo mundo, núcleos atômicos de elementos pesados (como urânio 235, por exemplo) se dividem em núcleos de elementos mais leves (no caso, criptônio e bário) e liberam energia, radiação eletromagnética e nêutrons (que dão sequência ao processo).
Na fusão, o fenômeno é diferente. Nela, núcleos atômicos de elementos mais leves [como deutério (um próton e um nêutron) e trítio (um próton e dois nêutrons), que são dois isótopos do hidrogênio] se fundem, formando núcleos de elementos mais pesados (no caso, hélio – dois prótons e dois nêutrons) e gerando energia.
"Para que a fusão possa ocorrer, é preciso superar a repulsão eletrostática entre os íons positivos. Isso só é possível se o gás ionizado [plasma] constituído pelos núcleos dos elementos leves for aquecido a temperaturas altíssimas, da ordem de dezenas a centenas de milhões de graus Celsius”, explicou Galvão.
No ITER, por exemplo, 840 metros cúbicos de plasma serão aquecidos a 150 milhões de graus Celsius – mais de 10 vezes a temperatura do núcleo do Sol. "Nesse patamar de temperatura, se alcança o breakeven, quando a energia gerada pelas reações de fusão consegue compensar a energia necessária para aquecer o plasma”, prosseguiu o diretor do Inpe.
O processo é realizado no interior do tokamak, que, como o próprio nome indica, é um dispositivo toroidal. Essa máquina, inventada na década de 1950 pelos físicos soviéticos Igor Tamm e Andrei Sakharov, a partir de uma ideia original de Oleg Lavrentiev, tem formato semelhante ao de um pneu, porém com tamanho muito maior.
O "passo a passo” é o seguinte. Produz-se vácuo no interior da câmara, que, depois, é preenchida com o gás. Por meio de descarga elétrica, o gás é ionizado e tem sua temperatura elevada pela injeção de campos de radiofrequência.
Um campo elétrico, induzido na direção do toroide, faz passar pelo gás uma corrente de intensidade altíssima (no DIII-D, a corrente é da ordem de 1 milhão de amperes). Essa corrente aquece o gás por efeito Joule, e mais energia ainda é injetada mediante o aporte de ondas eletromagnéticas. Assim, se alcança a temperatura necessária para desencadear o regime de fusão nuclear. Mesmo um tokamak pequeno, como o existente na Universidade de São Paulo, atinge temperaturas de ordem de 100 milhões de graus.
"Nessa temperatura elevadíssima, a vibração dos íons faz com que um se choque com o outro, vencendo a repulsão eletrostática. Um poderoso campo magnético confina o fluxo do plasma, impedindo que ele entre em contato com as paredes do equipamento. E as partículas alfa [núcleos de hélio] formadas, altamente energizadas, colidem com outras partículas do plasma, mantendo-o aquecido, de forma que a reação de fusão se torne autossustentável”, disse Galvão.
Uma analogia, apresentada pelo orientador, ajuda a entender o processo. Trata-se de uma fogueira feita com lenha um pouco úmida. No início, é difícil acender o fogo. Porém, se um determinado patamar de temperatura for alcançado, a própria queima da lenha produzirá energia suficiente para vencer a umidade e manter o regime de combustão estável. No caso do plasma, diz-se que ele atinge o ponto de ignição quando as partículas alfa passam a realimentar o processo de forma consistente.
Controle da turbulênciaDentre as muitas vantagens da fusão em relação à fissão, uma é o fato de a fusão ser dotada de um mecanismo autoconsistente de controle. Uma vez alcançado o ponto de ignição, se esse patamar de temperatura for muito ultrapassado, isto é, se o plasma se aquecer demais, a taxa de reação decresce automaticamente. Assim, fica descartada a possibilidade de superaquecimento do reator, que é um dos mais perigosos desdobramentos dos acidentes em usinas nucleares.
O problema – e aqui voltamos à pesquisa de Duarte – é que a interação ressonante entre partículas alfa e ondas presentes no plasma pode fazer com que sejam excitadas oscilações eletromagnéticas ou mesmo que partículas alfa sejam ejetadas. Isso leva à perda de energia, ao desaquecimento do plasma e à eventual interrupção do regime de fusão nuclear. Entender os motivos que provocam e os motivos que impedem esse desfecho é fundamental para assegurar a sustentabilidade do processo e a utilização da fusão nuclear como fonte viável para a produção de eletricidade.
"O que Duarte constatou foi que esse desfecho acontece de maneira auto-organizada, com produção do chirping, se o plasma não for muito turbulento. Mas, se for muito turbulento, não”, disse Galvão [leia adiante uma entrevista dada por Vinícius Njaim Duarte à Agência FAPESP].
O xis da questão, como explicou Galvão, é que, em um fluido muito turbulento, já não há direção preferencial. E, também em relação a isso, o diretor do Inpe recorreu a uma analogia.
"Quando aquecemos paulatinamente a água, cria-se no recipiente uma célula de convecção. A água quente sobe, a água fria desce. Isso se mantém até que toda a água atinja o ponto de ebulição. O meio torna-se, então, turbulento; a célula de convecção é destruída; e a energia distribui-se indiferenciadamente em todas as direções. No plasma, confinado magneticamente, isso também ocorre. E o fato de ocorrer inviabiliza a existência de um sistema auto-organizado que permita a sustentação de uma indesejável onda eletromagnética associada. Não há coerência suficiente para que as ondas sejam geradas. Assim, deixa de ocorrer a perda de energia que poria termo ao processo de fusão”, disse.
"Duarte já havia publicado um trabalho sobre esse modelo durante seu doutoramento. Mas ninguém havia feito ainda um experimento para controlar o nível de turbulência e verificar se o modelo se aplicava ou não. Agora, a General Atomics realizou tal experimento no DIII-D, especificamente com a finalidade de testar o modelo. E o resultado o comprovou”, disse Galvão.
Os físicos experimentais já sabiam, empiricamente, como induzir maior ou menor turbulência, mas não sabiam que isso teria efeito na alteração da natureza espectral de ondas associadas a estruturas de partículas. A contribuição de Duarte foi identificar o mecanismo-chave de controle e explicar o porquê. Em termos de aplicação tecnológica, trata-se de estabelecer um "optimum” de turbulência: suficiente para impedir a perda de partículas e energia de forma auto-organizada, mas não tanta que possa criar outros efeitos indesejáveis ao confinamento do plasma como um todo.
Até agora, os tokamaks foram utilizados em escala de laboratório. O ITER será o primeiro protótipo de uma máquina capaz de gerar eletricidade por meio de fusão de forma eficiente. O emprego da fusão nuclear controlada não está livre de controvérsias. Mas seus propositores acenam com a perspectiva de uma geração segura e praticamente ilimitada de energia, sem a contrapartida da produção de lixo radiativo, como ocorre nos reatores a fissão.
O artigo Theory and observation of the onset of nonlinear structures due to eigenmode destabilization by fast ions in tokamaks, de V. N. Duarte, H. L. Berk, N. N. Gorelenkov, W. W. Heidbrink, G. J. Kramer, R. Nazikian, D. C. Pace, M. Podestà e M. A. Van Zeeland (doi: https://doi.org/10.1063/1.5007811), está publicado em http://aip.scitation.org/doi/10.1063/1.5007811.A seguir, Vinícius Njaim Duarte, primeiro autor do artigo, detalha o estudo.
Agência FAPESP – Quais ondas induzem perdas de partículas alfa?
Vinícius Njaim Duarte – São as chamadas Ondas de Alfvén, que são oscilações fundamentais em fluidos carregados que respondem a campos magnéticos. Todo plasma embebido em uma região permeada por um campo magnético admite oscilações "naturais” na forma de Ondas de Alfvén. Elas são observadas em circunstâncias bastante variadas, tanto em meios astrofísicos quanto em experimentos de laboratório, como é o caso dos tokamaks. Em um artigo publicado na Nature em 1942, o físico sueco Hannes Alfvén [1908 – 1995] previu a existência dessas ondas, o que lhe rendeu o prêmio Nobel em Física em 1970.
Agência FAPESP – De que forma as Ondas de Alfvén induzem a ejeção de partículas alfa pelo plasma?
Duarte – O objetivo final das pesquisas em plasmas de tokamaks é tornar possível e comercialmente viável a produção de energia limpa e praticamente inesgotável a partir de reações de fusão termonuclear. Para se produzir reações de fusão, utiliza-se tipicamente hidrogênio (na forma de seus isótopos deutério e trítio). Como produtos, são obtidos nêutrons e partículas alfa muito energéticas. Para se sustentar um reator a fusão funcionando de maneira contínua, é necessário que as partículas alfa tenham tempo suficiente para colidir com os elétrons do plasma e transferir a eles a maior parte de sua energia. Ocorre que as Ondas de Alfvén podem induzir a ejeção indesejada das partículas alfa, bem como de outros íons rápidos do plasma. Quando isso acontece, a continuidade das reações de fusão fica seriamente comprometida.
Por meio de um mecanismo conhecido como Amortecimento de Landau, as Ondas de Alfvén interagem de maneira ressonante com íons rápidos presentes no plasma (o que inclui as partículas alfa). Esta interação permite trocas de energia entre as ondas e as partículas ressonantes (o que faz com que as partículas alfa percam sua energia), bem como permite que as Ondas de Alfvén controlem a dinâmica dessas partículas. Tipicamente, as Ondas de Alfvén induzem a ejeção das partículas ressonantes de duas formas: de maneira difusiva (quando as ondas têm uma frequência constante) ou de maneira convectiva (quando as ondas apresentam rápidas variações de frequência, em um processo conhecido como chirping). Em nosso artigo, identificamos o fator-chave que controla essa dinâmica em experimentos. Descobrimos quando cada um dos dois cenários é provável de ocorrer, dadas as condições experimentais. A identificação desse fator-chave (turbulência sentida pelas partículas ressonantes) era um problema em aberto havia várias décadas.
Agência FAPESP – Em que caso ocorre a ejeção e em que caso não?Duarte – A ejeção ocorre quando, por meio da interação ressonante com os íons rápidos, a amplitude das ondas de Alfvén cresce a tal ponto que elas começam a controlar o movimento dos próprios íons rápidos. Quando isso acontece, essas partículas começam a ser indesejavelmente expelidas do plasma.
Agência FAPESP – Seu modelo poderá contribuir para um maior controle do processo de fusão, viabilizando a fusão como recurso tecnológico para a geração de energia?
Duarte – A motivação do nosso trabalho foi predizer a forma pela qual as Ondas de Alfvén irão se comportar em experimentos para, a partir daí, controlar a interação ressonante entre essas ondas e as partículas alfa e, consequentemente, mitigar as perdas das alfas. Estima-se que o experimento ITER tolerará cerca de, no máximo, 5% de perdas de partículas alfa. O controle das Ondas de Alfvén é, portanto, crucial.
Agência FAPESP – O ITER é o experimento mais caro já construído no mundo, não?
Duarte – Sim. Seu custo, atualizado recentemente, está estimado em € 20 bilhões. Um conjunto de 35 países está aportando recursos. Terá números impressionantes, como a previsão de que o plasma seja aquecido a uma temperatura de 150 milhões a mais de 200 milhões de graus Celsius, o que o tornará cerca de 10 vezes mais quente que o centro do Sol.
Agência FAPESP – Seu artigo foi destacado pelo American Institute of Physics. Poucos artigos recebem tal menção.
Duarte – Acredito que um aspecto do trabalho que recebeu atenção foi o fato de ele ter envolvido teoria, simulações numéricas e experimentos. Além disso, as predições do artigo motivaram pesquisadores do maior tokamak das Américas [o DIII-D, localizado nos laboratórios da General Atomics, em San Diego, Califórnia] a propor experimentos específicos a fim de testar a fundo nossas predições. Por meio de uma mudança na geometria do plasma, eles induziram o DIII-D a operar em um regime de turbulência muito menor que o usual. E observaram que a resposta das Ondas de Alfvén na forma de chirping foi muito mais prevalente do que o normal, em consonância com a nossa predição.
Agência FAPESP – Que apoios você recebeu para desenvolver seu estudo?
Duarte – Fui bolsista da FAPESP em todos os níveis da minha formação: iniciação científica, mestrado e doutorado. Depois, recebi uma proposta do Princeton Plasma Physics Laboratory para prosseguir minha pesquisa lá, em nível de pós-doutoramento, com apoio do Departamento de Energia americano.
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- 05/01/2018 - “Sem dinheiro público não haverá muita ciência no Brasil”O físico, professor da UFPE e ex-ministro da C&T, Sérgio Rezende, fala à edição especial do Jornal da Ciência impresso sobre a importância da ciência brasileira para o desenvolvimento do País
O físico, professor da UFPE e ex-ministro da C&T, Sérgio Rezende, fala à edição especial do Jornal da Ciência impresso sobre a importância da ciência brasileira para o desenvolvimento do País
Fonte: Jornal da Ciência
A pressão da comunidade científica sobre o governo aos poucos tem conseguido chamar a atenção dos políticos para a gravidade dos cortes orçamentários. E isso salvará a área de cair em um precipício. Essa é a avaliação otimista do físico Sérgio Rezende, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que foi ministro da Ciência e Tecnologia de 2005 a 2010.
Em entrevista ao Jornal da Ciência impresso, edição especial de dezembro, Rezende afirma que o Brasil não teria a força internacional que tem hoje se não tivesse criado o sistema de formação de pesquisadores nas últimas cinco décadas e difundido esse sistema pelo País. Por ser uma área nova, a ciência brasileira ainda é pouco compreendida como uma área estratégica, o que explica o orçamento baixo para a área, "um desastre”, segundo ele. "Mas tenho esperança de que isso seja revertido”, diz.
Jornal da Ciência – "Ciência não é gasto, é investimento” é um mantra que tem sido muito repetido ultimamente. Quanto, de fato, a ciência brasileira contribui para a economia e o desenvolvimento geral do País?
Sérgio Rezende – É difícil mensurar quanto a economia brasileira seria pior se não tivesse ciência. Mas isso não é só no Brasil, é em todo o mundo. O que todos sabemos é que os países que têm o maior PIB têm uma produção científica alta. Então, eu diria que o Brasil não teria a economia que tem hoje, a 9ª do mundo, se não tivesse criado seu sistema de formação de pesquisadores, por meio dos programas de pós-graduação, e se não tivesse a ciência tão difundida no País. Nós tínhamos no começo da década de 1950 cerca de 200 pesquisadores com doutorado – hoje somos mais de 100 mil. Certamente não teríamos o nível de desenvolvimento que temos hoje se não tivéssemos essa quantidade de pessoas fazendo pesquisa pelo País. As pessoas acham que falta um prêmio Nobel ou uma descoberta marcante para a ciência brasileira ser mais importante. Na verdade, o resultado da atividade em ciência é difuso, mas a gente tem muitos exemplos de várias dimensões que mostram o quanto a ciência é importante para o desenvolvimento do Brasil.
JC – O que a ciência brasileira desenvolveu nas últimas décadas que mais impactaram o País? Quais exemplos mais significativos?
SR – Os exemplos que têm maior impacto econômico são no agronegócio. O Brasil hoje é o maior produtor mundial de alimentos e isso não se deve apenas à nossa grande extensão territorial e clima favorável. Mas sim, em grande parte, ao trabalho feito pelas dezenas de centros de pesquisa da Embrapa, em cada região do País, com avanços importantes para o aprimoramento das espécies, adaptá-las a regiões, e o melhoramento contínuo na produção. O Brasil é o maior produtor de soja, mas há 40 anos não tínhamos soja. E a soja é produzida em uma região que era improdutiva, o Centro Oeste. Após muitos desenvolvimentos, alguns mais sofisticados como a descoberta da Johanna Döbereiner, de fixação de nitrogênio. Outro exemplo é a produção de frutas no Vale do São Francisco. Hoje essa região é a maior exportadora de frutas do Brasil, e não tinha qualquer produção há 30 anos. Isso se deve à adaptação de variedades.
Na área da saúde, temos o desenvolvimento de vacinas, medicamentos, a descoberta recente, aqui em Pernambuco, usando tecnologias sofisticadas, da correlação entre a zika e a microcefalia. Em áreas de alta tecnologia, temos exemplos principalmente em tecnologia da informação. Em Recife, por exemplo, tem o Parque Tecnológico de empresas de software, que empregam mais de 5 mil pessoas e que é resultados de um trabalho feito na Universidade Federal de Pernambuco, que estimulou os jovens pesquisadores a criarem empresas de desenvolvimento de software, em áreas como jogos. Isso atrai empresas maiores para a região, por conta dos recursos humanos disponíveis. Os parques tecnológicos que temos aqui no Brasil são resultados, principalmente, de ação de professores das universidades: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, etc..
JC - Estamos em uma crise de investimentos desde 2014, cada vez mais grave e sem perspectivas de mudanças. Como o senhor avalia essa marcha a ré? Para onde iremos com essas políticas?
SR - Isso é um desastre. Mas como sou uma pessoa otimista, estou sempre acreditando que, a pesar de estarmos nos aproximando do precipício, não vamos cair nele. Porque tem havido reação de várias formas, da comunidade científica, essa reação tem aumentado e tem chamado a atenção de pessoas do governo e do parlamento. Esse ano, por exemplo, em agosto, foi anunciado que o CNPq só teria recursos para pagar as bolsas até agosto. Isso ganhou grande repercussão e o CNPq conseguiu o recurso adicional e não se falou mais no assunto – estamos em novembro, e as bolsas continuam sendo pagas. Os protestos acabam produzindo efeito. Minha esperança é que essas manifestações façam com que a proposta de orçamento para 2018, que sabemos que é muito ruim, por trazer um corte grande no orçamento já pequeno do MCTIC, seja melhorada. O orçamento, afinal das contas, é votado pelo Congresso Nacional. O desastre já está aí. Hoje conhecemos muitas pessoas que estão com poucos recursos para pesquisa, e isso desestimula os jovens a seguir a carreira científica, leva pesquisadores a desistirem do Brasil. Mas tenho esperança de que isso seja revertido.
JC – Por que a ciência não é ainda uma área estratégica para o Brasil como para os EUA, para a Coreia?
SR - Não temos a cultura, porque tudo na ciência é novo no Brasil. Nossa pós-graduação foi criada há 50 anos e muitas das pessoas que estão hoje no Congresso, em posições de influência nas empresas e no governo não passaram por uma universidade que tinha ensino em tempo integral, pesquisa e desenvolvimento, inovação. Então, não valorizam isso. E isso se retroalimenta, numa ausência de cultura científica. Ao contrário dos EUA, Alemanha, Japão, Coreia e mais recentemente a China, que são países que perceberam a correlação entre desenvolvimento econômico e científico. No Brasil, como isso não é claro, não é valorizado e, como isso, temos um orçamento pequeno para C&T.
JC – Onde estaríamos, em termos de desenvolvimento, se os investimentos na área tivessem continuado a trajetória crescente pré-2014?
SR - Eu não diria que estaríamos muito mais a frente porque os prejuízos dos cortes orçamentários se refletem a médio prazo, não são imediatos. Nos anos de orçamentos maiores, todos os grupos de pesquisa no Brasil que tinham competência para fazer pesquisa tiveram projetos aprovados contemplando infraestrutura. Graças a isso, o Brasil tem hoje laboratórios sofisticados em todas as áreas e em toda extensão do Brasil. Isso faz com que a infraestrutura esteja aí, e as pessoas estejam trabalhando.
Outro fator importante é que como quase metade da ciência brasileira está em São Paulo, e a Fapesp não sofreu cortes significativos de orçamento, então a ciência brasileira como um todo fica bem representada, porque uma parte dela continua sendo financiada. Isso ocorreu também na década de 1990, mas naquela época não haviam muitas Fundações Estaduais com muitos recursos. As Fundações do Rio de Janeiro e Minas Gerais têm sofrido bastante, mas outras estão indo bem pelo País. Além disso, uma vantagem de termos várias agências de financiamento – CNPq, Capes, Finep no âmbito federal – quando uma vai mal, o outro colabora para projetos não serem interrompidos. O financiamento para a ciência no Brasil não foi interrompido. Ele diminuiu. Se tivesse sido interrompido, estaríamos em uma situação muito mais grave.
JC – Na sua opinião, o problema da ciência no País é apenas financeiro? Ou é preciso pensar além do orçamento?
SR - É lógico que a ciência brasileira pode fazer mais. É possível os cientistas se envolverem com problemas mais desafiadores, tanto de pesquisa básica quanto de pesquisa aplicada. O sistema brasileiro não é tão insistente como deveria ser, precisamos de processos de recrutamento melhores e avaliação de rendimento mais rígidas. Porém, sem dinheiro público não haverá muita ciência no Brasil. Principalmente em ciência básica. Em qualquer lugar do mundo ela é financiada com dinheiro público. Se houver um corte ainda mais dramático, a ciência vai sofrer um prejuízo irreversível.
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- 04/01/2018 - Governo faz aporte para garantir abastecimento de usinas de Angra em 2018Fonte: Estado de MinasO presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Reinaldo Gonzaga, informou ao Estadão/Broadcast que o governo aportou R$ 190 milhões na empresa nos últimos dias de 2017, para garantir o abastecimento das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. No ano passado, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, alertou para o risco de desabastecimento das usinas se o governo não agisse.
Angra 1 e Angra 2 são responsáveis por 3% da geração de energia do País e são reabastecidas anualmente pelo INB. Angra 1 renova todo ano 44 dos 121 elementos (pastilhas) de urânio utilizados para gerar energia e Angra 2 tem a recarga de 56 dos 193 elementos que utiliza para operar.
Gonzaga explicou que, apesar do aporte do governo, a dívida de R$ 74 milhões com a Eletronuclear prossegue, mas vem sendo paga ao longo do ano e não compromete o abastecimentos das usinas nucleares.
A Indústrias Nucleares do Brasil - S.A (INB) foi fundada em 1988 e incorporou as empresas que faziam parte da Nuclebrás, criada para cumprir o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Com o objetivo de concentrar todo o ciclo de produção do combustível nuclear - desde a mineração até a montagem e entrega do elemento combustível -, a INB foi idealizada para impulsionar a produção da energia nuclear no País.
Gonzaga informou que o orçamento da INB em 2017 era de R$ 1,2 bilhão, mas o contingenciamento reduziu esse montante para R$ 350 milhões, o que inviabilizava a produção dos elementos de urânio.
"Estamos com as recargas garantidas em 2018", afirmou Gonzaga, estimando a troca de pastilhas da usina Angra 1, em março, e de Angra 2, no final do ano. -
- 03/01/2018 - Tráfico impede o acionamento de sirenes de usina de AngraDenúncia chegou à Câmara Federal; Frade é o bairro mais afetado
Denúncia chegou à Câmara Federal; Frade é o bairro mais afetado
Fonte: GazetaO crescimento da criminalidade no entorno das usinas nucleares de Angra dos Reis já é uma preocupação concreta na Câmara Federal. Um pedido de audiência pública na Comissão de Minas e Energia foi protocolado em meados do mês passado após uma denúncia de que bandidos armados estariam impedindo o acionamento e a manutenção de sirenes instaladas na região e usadas em treinamentos de emergência. A ação dos criminosos ocorre, principalmente, no bairro Frade, distante cinco quilômetros da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAA), conjunto formado por Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção). No Plano de Emergência Externo (PEE) da Central Nuclear, essa área é denominada Zona do Plano de Emergência (ZPE) 5, a segunda mais próxima às usinas.A presença ostensiva de bandidos armados impactou, entre julho e outubro, o acionamento de, ao menos, duas sirenes instaladas nas proximidades do Morro da Constância, localizado no Frade. O deputado federal Luiz Sérgio (PT), que solicitou a audiência, pede ainda a intervenção da Força Nacional de Segurança no local.
— A operacionalidade do sistema de alerta está ameaçada em caso de necessidade. Se você tem uma comunidade como a do Frade, que precisa ser evacuada, e nessa comunidade as pessoas estão amedrontadas por causa do tráfico, isso não pode acontecer. Portanto, é preciso pedir a intervenção da Força Nacional para garantir que o plano de emergência seja factível — explica o deputado.
Além de não permitir o acionamento remoto e a presença de técnicos para manutenção, os traficantes também impedem a distribuição de material informativo sobre o Plano de Emergência Externo, que acontecia de casa em casa.
Um levantamento, em fase de conclusão, realizado pelo Núcleo de Estudos em Conflito e Sociedade (Necso) da Universidade Federal Fluminense, aponta o crescimento de crimes em Angra dos Reis. De acordo com o estudo havia, em 2015, cerca de 30 comunidades no município onde se observava a presença ostensiva de traficantes armados.
MILÍCIAS TAMBÉM ATUAM
Para o cientista político e professor do Laboratório de Estudos sobre Política e Violência da UFF de Angra, André Rodrigues, nota-se também indícios da atuação de milícias na região.
— Em relação a homicídios, a região da Costa Verde, especificamente Angra dos Reis, é muito violenta há uma década. Mas tem havido uma reconfiguração dos grupos criminosos e dos territórios, além de uma mudança na maneira de atuação. Talvez pela entrada de armamentos de grosso calibre e pela reorganização de mercados ilegais, que são fatos mais recentes — explica André Rodrigues.
Os teste sonoros no entorno das usinas são realizados uma vez por mês, sempre no dia 10. De acordo com as denúncias recebidas pelo gabinete do deputado, os testes não ocorreram em julho, agosto, setembro e outubro.
O comandante do 33º BPM (Angra dos Reis), coronel Damião Cruz Portella, admitiu, também em nota, que as sirenes estão sendo furtadas e que planeja ações para identificar e prender os criminosos responsáveis pelos atos de violência. Portella disse ainda que está buscando parceria com a Prefeitura de Angra dos Reis para que possa implementar ações mais efetivas na região.
A Defesa Civil estadual, responsável pelo acionamento das sirenes, afirmou que diariamente são realizados testes silenciosos, e uma vez ao mês o sonoro. No entanto, garantiu que não há registros de intercorrência nos acionamentos.
Já a Eletronuclear não confirmou a impossibilidade de os técnicos realizarem a manutenção in loco. Em nota, disse que a violência na região é um problema de segurança pública e que espera uma solução por parte das autoridades competentes.
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- 03/01/2018 - “Não tenho dinheiro para um tubinho de plástico”: os cientistas que estão saindo do BrasilCortes em ciência e tecnologia expulsa pesquisadores e estudantes para o exterior. Buscam melhores condições para desenvolverem suas pesquisas; estas são suas histórias
Cortes em ciência e tecnologia expulsa pesquisadores e estudantes para o exterior. Buscam melhores condições para desenvolverem suas pesquisas; estas são suas histórias
Fonte: El País"Para mim, cortar o dinheiro da ciência é uma improbidade administrativa muito grande. Se for pra ficar no Brasil infeliz... Já morei cinco anos na Alemanha e não teria problema em sair de novo", diz Rodrigo Nunes da Fonseca. Pesquisador da UFRJ da área de Biologia, ele trabalha com vetores de doenças tropicais como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da Zika e da dengue, ou barbeiro Rhodnius prolixus, vetor da doença de chagas. Mas hoje se encontra na Holanda com uma bolsa internacional de três meses.O laboratório de Fonseca, assim com os demais centros de pesquisa do Brasil, se encontram sem dinheiro para tocar novos e antigos projetos. "O país investiu milhões em equipamentos de primeiro mundo, mas eu não tenho dinheiro para comprar um tubinho de plástico". Após esta breve temporada na Europa, retornará ao Brasil e decidirá se fica no país ou se o deixa definitivamente.A fuga de cérebros é um dos impactos mais imediatos e visíveis dos cortes no orçamento em ciência e tecnologia promovidos pelo Governo Federal nos últimos anos, algo que vem congelando pesquisas e bolsas e ameaçando laboratórios de fechar. Só em 2017, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), responsável por dezenas de unidades de pesquisa, laboratórios em universidades e bolsas de estudos cedidas pelo CNPQ, sofreu um corte de 44% do orçamento que estava previsto para este ano. A previsão era de 5,8 bilhões de reais, mas apenas 3,3 bilhões foram liberados pelo Governo de Michel Temer (PMDB). A perspectiva é de que em 2018 haja um corte de mais 25%. Em 2010, quando a pasta de Comunicações ainda não estava incorporada ao ministério, o orçamento teve um pico de aproximadamente 8,6 bilhões de reais - corrigido pela inflação, o equivalente a 10 bilhões de reais hoje."Estão entrando em contato com nossos cientistas e oferecendo oportunidades lá fora. Eu mesmo recebo uma oferta a cada dois meses. Aumentou muito a frequência. Sempre perdemos pesquisadores para o exterior, mas agora, com a falta de perspectiva, estamos perdendo muito mais", explica João Fernandes Gomes de Oliveira, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Para ele, o impacto maior é "parar de fazer atividades e colocar uma massa de pessoas em posição de stand by". Isso ocorre porque os pesquisadores fixos dos centros de pesquisa federais são concursados e, portanto, não podem ser demitidos. "Você cria uma cultura em que você paga salário mas não dá recursos para desenvolver uma pesquisa. É uma coisa horrorosa. É como abrir um restaurante, contratar o melhor cozinheiro, e não dar os ingredientes para ele fazer a comida", acrescenta Oliveira.Ronald Cintra Shellard, diretor Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), acredita que os cortes em ciência são "estúpidos" por um motivo muito simples: "Se paramos de produzir, como muitos de nós somos servidores continuamos recebendo salários. O custo disso é muito alto. Então eu continuo a receber, mas sem pesquisar. Mais adiante os impactos econômicos do que a gente faz não aparece. O investimento não é só em dinheiro, mas em inteligência", diz.Mas o corpo científico não está formado apenas por servidores, mas também pelos pesquisadores terceirizados e os que apenas possuem uma bolsa de mestrado, doutorado ou pós-doutorado. Sem a estabilidade e o salário do funcionalismo e sem a perspectiva de melhora, muitos acabam atraídos de forma mais imediata pelas ofertas de emprego no exterior e pelas facilidades de países como Estados Unidos e Alemanha, menos burocráticos e com um farto financiamento público para a pesquisa básica. "A fuga de cérebros é algo secundário diante da cicatriz que vai ficar no sistema de ciência brasileiro com este gap de financiamento. E agora ainda temos um teto de gastos", lamenta Oliveira. "Os resultados de pesquisas duram cinco ou dez anos. Em um ano não percebemos, mas em 10 anos vamos perder muita coisa", completa."Meu interesse sempre foi ficar"Vinícius Alves tem 28 anos e um extenso currículo acadêmico. Fez sua graduação em Farmácia, seu mestrado em Ciências Farmacêuticas e seu doutorado em Inovações Farmacêuticas. Nesta última etapa, se especializou na área de quimioinformática, uma área da química que usa ferramentas da ciência de dados e inteligência artificial para resolver problemas da química. "Tenho trabalhado para desenvolver métodos computacionais que possam ser empregados para avaliar moléculas químicas em computadores. Durante o meu doutorado, trabalhei para desenvolver um modelo computacional que pudesse identificar se compostos químicos são tóxicos ou não quando entram em contato com a pele", explica Alves. "O método padrão para essa análise envolve o uso de animais. Hoje em dia já existem métodos alternativos, mas vários deles são caros e inviáveis de serem realizados no Brasil devido à burocracia associada à importação do material. A grande vantagem do método que desenvolvemos é que ele possui baixo custo, é rápido e altamente eficiente, podendo contribuir para diminuir o uso de animais em laboratório", acrescenta.Seu trabalho foi publicado na revista Green Chemistry no ano passado, uma publicação que divulga trabalhos que reportam tecnologias sustentáveis e não tóxicas a seres vivos e ao meio ambiente. Atualmente ele diz estar interessado em aplicar esses métodos computacionais para encontrar moléculas promissoras no tratamento de doenças raras, "que atingem uma parcela muito pequena de pessoas e, por isso, possuem pouco interesse de grandes indústrias farmacêuticas", diz.Mas suas pesquisas continuarão a ser desenvolvidas na Carolina do Norte, Estados Unidos, a partir de março de 2018. "Estava sem perspectiva de arrumar algo por aqui. Não tem concurso e o corte em bolsas foi muito grande", conta. Nos últimos meses, desde que terminou seu doutorado, tem feito serviços de consultoria para uma indústria de São Paulo e para uma empresa americana.Alves também participou de processos seletivos na Alemanha e na Suécia. Foi aprovado em todos. Devido aos planos profissionais de sua esposa acabou optando pelos EUA. Lá, vai ganhar salário, ter direito a férias e voltar a trabalhar com pesquisa. "Meu interesse sempre foi ficar, sempre disse que queria me consolidar como pesquisador no Brasil. Tenho um sentimento de que posso contribuir para a ciência brasileira aqui dentro. O governo investiu muito em mim e eu tenho condições de devolver pra sociedade", explica. "Mas a gente fica de mãos atadas. Agora, tendo uma oportunidade, melhorando as coisas… Penso em voltar depois do pós-doutorado. Mas não basta conseguir uma vaga como pesquisador, tem que ter recurso para pesquisa também"."A frustração é muito grande"Rodrigo Nunes da Fonseca começou na UFRJ como aluno da graduação de Ciências Biológicas. Emendou um mestrado em bioquímica na mesma instituição, mas, depois, decidiu ir para Alemanha fazer doutorado e pós-doutorado. Lá ficou por cinco anos. Até que em 2009, "quando o Brasil estava com muito dinheiro na ciência e expandindo as universidades públicas com o Reuni", resolveu voltar. Foi para o campus da UFRJ em Macaé, no interior do Estado do Rio, para seguir trabalhando com biologia no campo de biologia evolutiva do desenvolvimento, uma área nova que utiliza conceitos de genética, evolução e ecologia. Concursado, ajudou a montar, junto com outros 30 docentes, o Núcleo de Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé, do qual hoje é diretor. Mas está frustrado e pensa em largar tudo. "Com essa crise, estamos com os equipamentos parados. Tenho projetos aprovados desde 2014 que ainda não foi liberado o dinheiro. Só da FAPERJ tenho um milhão por receber", explica. "Como as coisas estavam indo bem, tivemos dois programas de mestrado e doutorado, e estávamos num processo de expansão muito bom. Neste ano ainda publiquei um artigo com dinheiro de projetos antigos. Mas agora acabou", completa.Sua pesquisa está centrada nos vetores de doenças tropicais como o mosquito Aedes aegypti (Zika e dengue) ou barbeiro Rhodnius prolixus (doença de chagas). "Nossa grande pergunta é como as moléculas (genes, proteínas, açúcares, etc) fazem para, a partir de uma única célula, termos a formação de uma larva que sai nadando. Isso é importante pois a fase dentro do ovo é a única da vida do inseto que ele não consegue se dispersar (voar, nadar)", explica. Ele diz que seu laboratório já identificou vários genes que são essenciais para a vida do ovo do mosquito e do barbeiro "Ou seja, se retiramos alguns desses genes, o embrião não vira larva, e assim o ciclo de vida não se completa. Não teríamos mosquitos ou barbeiros adultos, logo não teríamos os vetores da doenças, pelo menos não em grande número", acrescenta.Neste ano, viu uma oportunidade de ficar três meses na Holanda com uma bolsa de estudos internacional. Aproveitou a oportunidade para visitar o laboratório de seu ex-orientador na Alemanha e já faz planos de renunciar ao seu posto no Brasil. Mas ainda não bateu o martelo. "O que eu queria mesmo era fazer pesquisa no Brasil, contribuir com o país. Talvez eu segure mais um ano", diz.Sua posição permanente na UFRJ e seu salário são fatores que prendem Fonseca no Brasil. "Mas o emprego público é uma armadilha. A gente tem salário, mas quem faz ciência, quem gosta de estar no laboratório e no campo, sente numa frustração muito grande. É um sentimento horrível", explica. "No fundo é o que move a gente. Mas é uma pena. Já tive dois alunos que foram fazer doutorado fora", acrescenta. E conclui: "Quando eu estava na Alemanha, meu orientador mandou eu voltar para o Brasil porque era o país do futuro. A expectativa era a de que fôssemos uma das grandes potências na área. Eu acredito no país, apesar de todos os problemas". -
- 03/01/2018 - Sociedades científicas endossam Manifesto da SBPC contra cortes no Orçamento de 2018 para CT&IO presidente Michel Temer sancionou a Lei Orçamentária Anual para 2018 nessa terça-feira, 2 de janeiro. O orçamento geral para o MCTIC é R$12,7 bilhões, valor 19% menor que o da LOA 2017 – uma tragédia anunciada, conforme afirmam as entidades científicas no manifesto
O presidente Michel Temer sancionou a Lei Orçamentária Anual para 2018 nessa terça-feira, 2 de janeiro. O orçamento geral para o MCTIC é R$12,7 bilhões, valor 19% menor que o da LOA 2017 – uma tragédia anunciada, conforme afirmam as entidades científicas no manifesto
Fonte: Jornal da CiênciaApesar do esforço e da pressão da comunidade científica nacional, a Lei Orçamentária de 2018 (LOA 2018) foi sancionada nessa terça-feira, 2 de janeiro, pelo presidente Michel Temer, com o orçamento geral de R$12,7 bilhões para o MCTIC, 19% a menos que o valor sancionado na LOA 2017.No dia 20 de dezembro, a SBPC, juntamente com a ABC, Andifes, Confap, Consecti e Fórum Nacional de Secretários Municipais da Área de Ciência e Tecnologia publicaram um manifesto contra a previsão orçamentária, aprovada no dia 13 de dezembro pelo Congresso Nacional e que acabou sendo sancionada ontem: "Eles ameaçam o funcionamento do sistema nacional de CT&I, comprometem a possibilidade de recuperação econômica em momento de crise e podem afetar seriamente a qualidade de vida da população brasileira e a soberania do País”. O manifesto foi encaminhado ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, a todos os deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e a todos os senadores da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado (CCT).Desde a publicação do manifesto, intitulado "Orçamento de CT&I para 2018: tragédia anunciada!”, a SBPC recebeu dezenas mensagens de apoio à iniciativa e solicitações de sociedades associadas para subscrever o documento.Dessa forma, endossam também o documento a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP); Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr); Associação Brasileira de Estatística (ABE); Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias (ESOCITE.BR); Associação Brasileira de Física Médica (ABFM); Associação Brasileira de Linguista (Abralin); Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri); Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); Associação Brasileira de Química (ABQ); Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (Anpepp); Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs); Associação Nacional de Pós-Graduação em Geografia (Anpege); Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur); Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac); Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom); Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (FCHSSA); Sociedade Astronômica Brasileira (SAB); Sociedade Brasileira de Catálise (SBCat); Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS); Sociedade Brasileira de Computação (SBC); Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM); Sociedade Brasileira de Eletromagnetismo (SBMag); Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e de Audiovisual (Socine); Sociedade Brasileira de Física (SBF); Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC); Sociedade Brasileira de História da Psicologia (SBHP); Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT); Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro); Sociedade Brasileira de Micro-ondas e Optoeletrônica (SBMO); Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional (Sobrapo); Sociedade Brasileira de Química (SBQ); Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).As entidades que quiserem assinar o documento podem enviar uma solicitação por e-mail à Secretaria da SBPC, neste endereço.Leia a manifestação na íntegra:Orçamento de CT&I para 2018: tragédia anunciada!As entidades nacionais, representativas das comunidades científica, tecnológica e acadêmica e dos sistemas estaduais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) dirigem-se mais uma vez às autoridades constituídas e à população brasileira para protestar contra os cortes drásticos em CT&I no Orçamento de 2018, que foi aprovado pelo Congresso Nacional no dia 13 de dezembro. Alertamos anteriormente as autoridades, os parlamentares e a opinião pública sobre as consequências muito graves desses cortes para o País. Eles ameaçam o funcionamento do sistema nacional de CT&I, comprometem a possibilidade de recuperação econômica em momento de crise e podem afetar seriamente a qualidade de vida da população brasileira e a soberania do País.O valor aprovado para o orçamento geral do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), para 2018, é cerca de 19% menor do que o que foi aprovado para 2017 pelo mesmo Congresso. O orçamento movimentável, destinado a custeio e investimento (ou seja, excluídas as despesas obrigatórias e a reserva de contingência), é de aproximadamente R$ 4,7 bilhões para o próximo ano, 25% a menos do que o aprovado para o orçamento de 2017. Estes cortes afetarão direta e profundamente as agências de fomento do MCTIC (CNPq e Finep), as instituições de pesquisa do Ministério, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o programa dos Institutos Nacionais de C&T (INCTs), os programas de CT&I dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o apoio geral a projetos de pesquisa e de infraestrutura para os pesquisadores e as instituições de pesquisa brasileiras. É alto o risco de laboratórios de pesquisa serem fechados, pesquisadores deixarem o País e jovens estudantes abandonarem a carreira científica.Ressalte-se que sérios cortes ocorreram também em agências, universidades públicas e instituições de pesquisa ligadas a outros ministérios. Os recursos para a Capes em 2018, uma agência fundamental para a pós-graduação brasileira, responsável por grande parte da pesquisa científica produzida no País, terão uma diminuição de 20% em relação ao aprovado para o orçamento de 2017. Nas universidades públicas federais, os recursos para custeio foram mantidos em patamar 20% inferior aos valores de 2014 e os recursos para investimento foram ainda mais reduzidos, representando agora um corte de mais de 80% em relação a 2014. Muitas instituições de pesquisa importantes para o País, como a Fiocruz, o Ibama e o Inmetro foram igualmente atingidas por cortes de recursos para custeio e investimento. Quando se considera que os recursos federais para a área são catalizadores importantes de recursos estaduais, por meio das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), que estão sendo também fortemente reduzidos, percebe-se a gravidade do momento para o sistema nacional de CT&I.Esta decisão de cortes drásticos nos recursos para CT&I é de responsabilidade do Governo Federal e foi acolhida e aprovada pelo Congresso Nacional, apesar dos esforços e da pressão da comunidade científica e acadêmica, do próprio posicionamento do MCTIC e das manifestações de diversos parlamentares, inclusive do relator setorial de CT&I da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Não aceitamos como justificativa a crise econômica e fiscal, já que o Orçamento Geral da União teve um aumento de 1,7% entre 2017 e 2018. Por outro lado, como demonstram dados governamentais e tem sido amplamente divulgado na mídia, estão ocorrendo desonerações e isenções fiscais em inúmeras áreas, que vão de bancos privados a empresas petrolíferas estrangeiras, e cujos valores são pelo menos uma centena de vezes maiores do que o solicitado para CT&I. Os cortes praticados colocam o Brasil na contramão da história, se tomarmos como referência os países desenvolvidos ou os que caminham aceleradamente para isto, uma vez que eles passam a investir de maneira ainda mais acentuada em CT&I em momentos de crise econômica.É elucidativo rememorar os principais acontecimentos dos últimos meses relativos à discussão orçamentária. No dia 31 de agosto de 2017, o governo federal enviou o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2018 que destinava apenas R$ 2,7 bilhões para custeio e investimento para o MCTIC. Houve, nas semanas seguintes, uma movimentação intensa da comunidade cientifica e acadêmica junto ao governo e aos parlamentares, com cartas, manifestações e matérias na mídia e nas redes sociais, e a campanha "Conhecimentos sem Cortes”, que recolheu cerca de 83.000 assinaturas contra os cortes, entregues ao presidente da Câmara e ao presidente do Senado. Também ocorreram, neste período, atividades da Marcha pela Ciência no Brasil em algumas capitais brasileiras. No dia 10 de outubro foi realizada na Câmara dos Deputados uma concorrida audiência pública, além de outras atividades, com a presença de 70 entidades científicas, acadêmicas, empresariais e de outros setores, bem como de muitos dirigentes de instituições de ensino e pesquisa e de cerca de 50 parlamentares. Essas ações contribuíram significativamente para que, na nova mensagem do governo ao Congresso, no dia 31 de outubro de 2017, os recursos fossem aumentados para R$ 4,6 bilhões, um valor ainda muito baixo e insuficiente para as necessidades mínimas da área.Novas ações foram feitas junto ao relator do orçamento, à CMO e ao Poder Executivo para que recursos colocados na chamada Reserva de Contingência fossem transferidos para o orçamento movimentável do MCTIC, o que possibilitaria retornar o orçamento para valores próximos ao que havia sido aprovado para 2017. No dia 5 de dezembro, em reunião das Comissões Temáticas do Conselho Nacional de C&T (CCT) – órgão consultivo máximo da estrutura da CT&I brasileira, que possui representantes de entidades científicas, acadêmicas, empresariais, do governo e de outros setores, foi aprovada uma manifestação unânime nesta direção e encaminhada à Comissão Mista de Orçamento. No entanto, tais ações não tiveram o êxito esperado, apesar da solicitação ter sido incorporada no relatório setorial de CT&I e de manifestações positivas sobre a importância da área feitas pelo relator, por membros da CMO e por outros parlamentares. Todas essas iniciativas e intenções não foram levadas em conta e a decisão final do Congresso, escorada no posicionamento do governo e de sua área econômica, foi manter o orçamento basicamente igual à proposta de 31 de outubro, com valores muito baixos para CT&I. Tais valores, nos quais estão incluídos também os recursos para a área de telecomunicações do MCTIC, correspondem a cerca de 1/3 do que se tinha cinco anos atrás.Um balanço geral mostra que, apesar da atuação da comunidade científica e acadêmica por meio de suas entidades e de dirigentes institucionais, foi parcial o êxito obtido na primeira fase do processo de discussão orçamentária. O resultado final, de um orçamento ainda muito ruim, traduz a predominância de uma visão estreita sobre CT&I e sobre as prioridades essenciais de políticas públicas para o País, tanto por parte do Governo Federal quanto do Poder Legislativo como um todo. A decisão é particularmente ainda mais grave porque a Emenda Constitucional 95 (EC 95), que estipula um teto de gastos do Governo Federal durante 20 anos, certamente dificultará muito, durante seu período de vigência, caso não seja revogada, um aumento real dos recursos orçamentários para CT&I.Para 2018, as entidades reforçam os seguintes pontos:Não se pode admitir que ocorram contingenciamentos adicionais nos recursos para CT&I por parte do governo, como aconteceu em 2017;Reiteramos a importância de que seja realizada, logo no início do ano, uma reunião plena do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, como já solicitado anteriormente pelos representantes das entidades científicas e acadêmicas, para se discutir a situação crítica da CT&I no País;Os recursos alocados na Reserva de Contingência desta área, para 2018, devem ser progressivamente liberados para uso pelo MCTIC.Esta última demanda está em consonância com o próprio relator do Orçamento 2018 que, em um complemento de voto, dentro de seu relatório afirmou: "ITEM 4 – Haja vista a inegável necessidade de recursos adicionais de determinadas programações orçamentárias, recomendamos ao Poder Executivo que promova acréscimos nas seguintes ações, as quais não puderam ser atendidas por esta Relatoria-Geral em razão da insuficiência de recursos disponíveis: 10) Ações da Assistencial Social e da Ciência e Tecnologia.”Para que se efetivem tais medidas, que poderão atenuar o grave impacto da grande redução de recursos para CT&I no Brasil, é essencial uma atuação vigorosa e permanente das entidades científicas e acadêmicas, bem como da comunidade científica e acadêmica como um todo. É fundamental uma mobilização mais intensa dos pesquisadores, professores e estudantes, das entidades científicas e das instituições de ensino e pesquisa brasileiras, para que essa pressão social legítima, sendo acolhida pela sociedade brasileira, possa ser determinante para a reversão do atual quadro de retrocesso no apoio à ciência e tecnologia no País.Ciência não é gasto, é investimento! -
- 29/12/2017 - AIEA convoca estudantes para competição internacional sobre tecnologia nuclearFonte: ABENA Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está promovendo a 3ª Conferência Internacional sobre Desenvolvimento de Recursos Humanos para Programas de Energia Nuclear. Trata-se de uma competição internacional sobre ciência e tecnologia nuclear. O intuito é promover o interesse dos jovens na geração nuclear.Os candidatos devem estar matriculados no ensino médio, ter entre 14 e 18 anos, e devem apresentar um projeto que promova a discussão e a conscientização sobre os impactos da ciência e tecnologia nuclear em suas vidas. A submissão eletrônica dos trabalhos pode ser feita até 31 de janeiro.Os participantes que desenvolverem os projetos mais inovadores serão elegíveis para uma viagem à República da Coreia, para apresentar seus trabalhos na conferência, visitar escolas e instituições locais e participar de eventos culturais.Para mais informações, clique aqui. -
- 27/12/2017 - A Rússia vai aumentar o fornecimento de suprimentos para medicina nuclear brasileiraFonte: PetronotíciasA Rússia e o Brasil ampliam a cooperação em medicina nuclear. Foi assinado um acordo de cinco anos entre a Isótopo JSC, do grupo Rosatom, e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), para fornecer produtos como complemento dos suprimentos semanais atuais da Rússia para o Brasil. A Rosatom disse que o acordo foi uma etapa importante no desenvolvimento da cooperação russo-brasileira no campo da medicina nuclear e abre novas oportunidades para ampliar a gama de produtos de isótopos, tanto para fins médicos como industriais.O Brasil vem usando o Mo-99 produzido na Rússia desde 2015 e, desde o ano passado, a Rússia está cumprindo plenamente a necessidade brasileira de "raw” I-131, que é usado no diagnóstico e tratamento de doenças da tireoide, disse Rosatom. O Brasil vai receber, além do molibdênio, iodo-131, lutetium-177, itrio-90, cobalto-57 e fontes de radiação baseadas em geradores de iridium-192, germanium-68 e gallium-68.Os atributos dos átomos naturalmente em decomposição, conhecidos como radioisótopos, originam aplicações em vários aspectos da vida moderna. Existe uma ampla consciência do uso de radiação e radioisótopos na medicina, particularmente para o diagnóstico e tratamento de várias condições médicas. Nos países desenvolvidos, cerca de uma pessoa em 50 utiliza a medicina nuclear de diagnóstico a cada ano e a frequência de terapia com radioisótopos é cerca de um décimo disso.O medicamento nuclear usa radiação para fornecer informações sobre o funcionamento dos órgãos específicos de uma pessoa ou para tratar doenças. Na maioria dos casos, a informação é usada pelos médicos para fazer um diagnóstico rápido da doença do paciente. A tireoide, os ossos, o coração, o fígado e muitos outros órgãos podem ser facilmente imageados, e os distúrbios em suas funções revelados. Em alguns casos, a radiação pode ser usada para tratar órgãos doentes ou tumores. Cinco prêmios Nobel têm sido intimamente envolvidos com o uso de traçadores radioativos em medicina. -
- 26/12/2017 - Dificuldade para conseguir patente no Brasil causa prejuízosBrasil é o 11º no mundo em registro de patentes. Documento garante o direito de exclusividade por 20 anos na exploração da invenção.
Brasil é o 11º no mundo em registro de patentes. Documento garante o direito de exclusividade por 20 anos na exploração da invenção.
Fonte: G1A demora para se conseguir a patente de um produto novo no Brasil é uma espécie de tiro no pé. Inventores e empresas ficam paralisados. Em alguns casos, numa espera que passa de dez, de doze anos, enquanto o país deixa de gerar riquezas e empregos.Dizem que o brasileiro é criativo. Como o Seu Roberto, que guarda na garagem um sistema de combate a incêndios que desenvolveu. É um grande extintor, com mais pressão, 35 metros de mangueira e um canhão na ponta.O inventor poderia produzir o equipamento ou vender a ideia para alguém. Mas espera a patente há quatro anos."O receio é que outras pessoas venham copiar esse modelo. E aí todo o trabalho que foi feito de pesquisa, de procura de inteligência, vai pro brejo", conta o empresário Roberto Cavalcante.Uma empresa de elevadores desenvolveu um sistema que dá acesso ao morador ou visitante mediante a um processo de verificação de segurança. A patente foi protocolada há 8 anos. Nesse tempo a tecnologia que começou com um chaveiro que gera um código de segurança, já está na quinta geração: o reconhecimento facial.Se a patente tivesse saída, a empresa poderia contratar mais 20 funcionários e faturar no mínimo mais R$ 2 milhões por ano."Isso me dá insegurança de colocar toda essa equipe, esse produto novo, de inovação no mercado onde eu não tenho a segurança que isso não vai ser copiado. Não vai ser duplicado", diz José Roberto Schimdt, diretor-executivo da empresa.O Brasil é o 11º no mundo em registro de patentes. O documento garante o direito de exclusividade por 20 anos na exploração da invenção. Quase 230 mil documentos estão na fila no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial - a espera de análise. O processo pode levar até 14 anos, de acordo com o segmento da invenção. É a maior demora do planeta pra patentes."Fica-se nesse período de incerteza que é muito longo e normalmente isso leva a um desestímulo à inovação no Brasil", comenta Gustavo Morais, diretor de propriedade intelectual da FGV.O INPI tem 326 examinadores. Nos Estados Unidos, são 8,3 mil. O Japão é o mais rápido em análise. Leva pouco mais de 1 ano no exame de cada patente."Cada tecnologia que nós deixamos de registrar aqui no Brasil, são royalties que deixam de vir aqui pro Brasil. Eles vão lá pra fora", explica o diretor de patentes José Roberto Cunha.
Uma empresa investiu R$ 10 milhões para desenvolver aparelhos que monitoram transformadores de alta tensão. Coleta e informa dados que podem evitar apagões. Em quatro anos, a patente nos Estados Unidos foi registrada. No Brasil, já se passaram 10 anos e não há previsão."Se eu tenho a patente concedida nos EUA, é uma sinalização, não uma garantia de que essa patente também deverá ser concedida no Brasil. Dessa forma eu consigo inibir possíveis copiadores no mercado”, afirma o diretor de desenvolvimento da empresa, Daniel Pedrosa.
O INPI, que é ligado ao Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços - afirmou que o número de examinadores é pequeno para a demanda. E que estuda contratar mais gente e rever alguns processos.
O ministério declarou que está agindo para reduzir o acúmulo de processos e modernizar o INPI. Que em menos de um ano aumentou em 25% o número de servidores do instituto. E que vai liberar R$ 45 milhões em investimentos.
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- 25/12/2017 - Começa limpeza radioativa em cidade que abriga a usina de FukushimaFonte: Agência BrasilA cidade japonesa de Futaba, um dos dois municípios que abrigam a usina de Fukushima, começa nesta segunda-feira (25) sua descontaminação nuclear, para que possa ser habitada novamente em 2022, 11 anos depois da catástrofe. A informação é da Agência EFE.Os trabalhos de limpeza começaram nas áreas poluídas por substâncias radioativas, após o acidente nuclear causado pelo terremoto e o tsunami de 11 de março de 2011, que obrigou a retirada dos moradores da cidade e a proibição das visitas à região, informaram as autoridades locais.O plano de descontaminação faz parte de um projeto do governo do Japão, com o objetivo de que essas áreas possam voltar a ser habitadas. O projeto inclui o desenvolvimento de infraestrutura na região. A empresa responsável pela central, a Tokyo Electric Power Company, financiará a limpeza."Sentir que a reconstrução progride ajudará a estimular a motivação das pessoas da cidade para retornar", afirmou o prefeito de Futaba, Shiro Izawa, à agência japonesa Kyodo.Futaba e Okuba são os dois municípios que hospedam a central de Fukushima Daiichi. As duas tiveram que ser evacuadas completamente após o desastre nuclear.Atualmente, Futaba é considerada uma área de "difícil retorno", por isso nenhum de seus habitantes pôde voltar para casa e somente 4% da cidade estão abertos a visitas.Por enquanto, foi iniciada a eliminação da camada superior do solo perto da Estação Ferroviária de Futaba, bem como o corte da grama nas ruas e a demolição de cerca de 60 casas e instalações públicas, sob a supervisão do Ministério do Meio Ambiente.Espera-se que Futaba volte a ser habitável em 2022, quando o governo japonês planeja retirar a ordem de evacuação, enquanto que em 2020 os trens poderão retomar as operações nessa linha.Depois do acidente nuclear, foi estabelecida uma área de segurança que tem sido reduzida gradualmente, permitindo que os moradores voltem às suas casas, embora a maioria tenha preferido não fazê-lo, dada a escassez de serviços e o medo da radioatividade, entre outros motivos.As emissões e vazamentos radioativos que resultaram do desastre na central de Fukushima ainda mantém fora de casa milhares de pessoas que viviam próximo da usina. O acidente também afetou a agricultura, pecuária e pesca. -
- 25/12/2017 - Pesquisadores comprovam propriedades medicinais da areia preta do Espírito SantoFonte: Jornal NacionalPesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo comprovam propriedades medicinais da areia preta em praias do Espírito Santos.Veja a matéria completa aqui. -
- 22/12/2017 - Os piores cursos de mestrado e doutorado do Brasil (USP na lista)Veja quais os programas de pós-graduação stricto sensu receberam recomendação de descredenciamento, segundo avaliação da CAPES
Veja quais os programas de pós-graduação stricto sensu receberam recomendação de descredenciamento, segundo avaliação da CAPES
Fonte: ExameSeis programas de doutorado da Universidade de São Paulo (USP) receberam recomendação de descredenciamento do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), de acordo com o resultado final da Avaliação Quadrienal 2017 da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).As notas das instituições acadêmicas para programas de pós-graduação profissional e stricto sensu foram divulgadas nesta semana. Os índices variam de 1 a 7. Notas 1 e 2 são insuficientes e resultam no descredenciamento do curso; nota 3 corresponde a desempenho médio, que apresenta padrões mínimos de qualidade; notas 4 e 5 significam um desempenho entre bom e muito bom. Cinco é a nota máxima para programas que possuem apenas curso de mestrado. Notas 6 e 7 indicam desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência.Os cursos avaliados com nota igual ou superior a "3” são recomendados pela CAPES ao reconhecimento (cursos novos) ou renovação do reconhecimento (cursos em funcionamento) pelo Conselho Nacional de Educação – CNE/MEC. Vale lembrar que só programas reconhecidos pelo CNE/MEC podem expedir diplomas de mestrado e/ou doutorado com validade nacional.Da USP, os programas de doutorado (stricto sensu) que tiveram nota insuficiente são: medicina/clínica cirúrgica (Medicina III), nutrição humana aplicada (Nutrição), história econômica (História), literatura e cultura russa (Letras/Linguística), estudos judaicos e árabes (Letras/Linguística) e estudos da tradução (Letras/Linguística).Quatro cursos de doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também foram mal avaliados e receberam índice insuficiente: economia política internacional (Ciência Política e Relações Internacionais) produtos bioativos e biociências (Farmácia), história das ciências e das técnicas e epistemologia (Interdisciplinar), Letras/letras clássicas (Letras/Linguística).Também há programas de mestrado e doutorado de outras instituições renomadas como Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com recomendação de descredenciamento.Confira aqui a matéria completa. -
- 22/12/2017 - Fusão nuclear sem radiação promete reator em 10 anosFonte: Site Inovação TecnológicaRota alternativa para fusão nuclearExiste uma piada entre os físicos que afirma que a geração de energia por meio da fusão nuclearestá 30 anos no futuro... e sempre estará.Isso, é claro, com as propostas técnicas atualmente existentes para tentar domar a energia das estrelas.Mas Heinrich Hora e seus colegas da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, colocaram um novo concorrente no páreo, uma nova rota para tentar tornar realidade a fusão nuclear controlada em um prazo mais curto.A técnica é conhecida como fusão hidrogênio-boro, e é mais simples do que a fusão deutério-trício que está sendo desenvolvida em reatores como o ITER e o Wendelstein 7-X.Entre as várias vantagens da fusão hidrogênio-boro estão a eliminação da necessidade de combustíveis radioativos e a não produção de lixo tóxico radioativo. E, ao contrário da maioria das outras fontes de produção de energia - como o carvão, o gás e a energia nuclear, que aquecem líquidos para girar turbinas e geradores - a energia gerada pela fusão de hidrogênio e boro converte-se diretamente em eletricidade.A equipe australiana afirma que agora essa rota para a fusão nuclear já é viável, podendo estar mais próxima de se tornar realidade do que as outras abordagens.Fusão hidrogênio-boroO professor Hora já havia previsto há décadas que a fusão de hidrogênio e boro poderia ser possível sem a necessidade de um equilíbrio térmico. Em vez de aquecer o combustível até a temperatura do Sol usando ímãs gigantescos para controlar plasmas superquentes dentro de uma câmara, a fusão de hidrogênio e boro é feita usando dois lasers de alta potência que emitem rajadas rápidas, aplicando forças não lineares precisas para comprimir os núcleos dos dois elementos.O grande entrave para essa rota sempre foi que ela exige temperaturas e densidades muito maiores - quase 3 bilhões de graus Celsius, ou 200 vezes mais quente do que o núcleo do Sol.A novidade é que, nos últimos anos, foram construídas grandes fontes de laser, capazes de atingir energias altíssimas. Um laser na escala dos petawatts - como o XFEL e o LFEX - pode gerar pacotes de energia - ou pulsos - que duram apenas um trilionésimo de segundo, compactando nesse pulso algo como um quatrilhão de watts.E Hora e seus colegas garantem que essa potência pulsada é suficiente para gerar uma reação de fusão nuclear que eles chamam de "reação em avalanche"."Foi a coisa mais emocionante ver essas reações confirmadas em simulações e experimentos recentes," disse ele. "E não apenas porque isso prova uma parte do meu trabalho teórico anterior, mas também por ter medido a reação em cadeia iniciada pelo laser criando uma saída de energia um bilhão de vezes mais alta do que o previsto sob condições de equilíbrio termal."Protótipo de reatorCom base nesses experimentos recentes, Hora e seus colegas traçaram agora um roteiro para o desenvolvimento da fusão nuclear hidrogênio-boro usando o mecanismo baseado em lasers petawatts pulsados. O roteiro parte do que já foi feito nos últimos experimentos para traçar o que deve ser feito a seguir para tornar o reator de fusão nuclear sem radioatividade uma realidade."Se os próximos anos de pesquisa não revelarem grandes obstáculos de engenharia, poderemos ter um protótipo de reator dentro de uma década," arrisca-se o professor Warren McKenzie - uma ótima notícia, já que 10 anos no futuro é bem melhor do que 30, mesmo que ele permaneça lá por algum tempo."Do ponto de vista da engenharia, nossa abordagem será um projeto muito mais simples porque os combustíveis e os resíduos são seguros, o reator não precisa de um trocador de calor e de um gerador de turbina a vapor, e os lasers que precisamos podem ser comprados no comércio," acrescentou McKenzie.A equipe fundou uma empresa, a HB11 Energy, para tentar viabilizar a construção desse reator - o nome da empresa é uma referência ao hidrogênio (H) e ao isótopo 11 do boro (B11), usados na reação de fusão. -
- 21/12/2017 - Barulho na bibliotecaAlemanha trava duelo com editora científica para ampliar acesso aberto a papers do país e reduzir custos
Alemanha trava duelo com editora científica para ampliar acesso aberto a papers do país e reduzir custos
Fonte: Revista FAPESPUniversidades da Alemanha travam com a editora holandesa Elsevier uma queda de braço cujo desfecho pode influenciar o modo de divulgação de artigos científicos no mundo. No ano passado, um grupo de 150 instituições de ensino e pesquisa liderado pela Associação dos Reitores da Alemanha (HRK) procurou três grandes editoras científicas responsáveis por mais de 50% dos orçamentos de suas bibliotecas propondo um novo tipo de contrato. Em vez de fazer assinaturas para ter acesso a títulos, as universidades passariam a pagar uma taxa básica pela publicação de cada artigo e isso garantiria acesso aberto e irrestrito na web a todos os papers assinados por autores alemães. As negociações prosperaram com as editoras Springer e Wiley, que devem celebrar novos acordos em 2018. Mas chegaram a um impasse com a Elsevier, a maior empresa de periódicos médicos e científicos do planeta, cujos representantes argumentaram que o modelo proposto não cobre seus custos.Os dirigentes das instituições alemãs se mantiveram irredutíveis e 60 universidades não renovaram os contratos com a Elsevier na virada do ano. Durante janeiro de 2017 elas perderam acesso aos 2,4 mil periódicos da editora, entre os quais publicações consagradas como The Lancet, Cell, Neuron e Current Biology. Segundo dados da empresa, os pesquisadores dessas instituições tentaram fazer, sem sucesso, o download de 124 mil artigos naquele período. Mas a Elsevier decidiu restaurar o acesso em fevereiro, propor a reabertura das negociações e fazer uma contraproposta, que, de acordo com ela, previa valores mais vantajosos para as assinaturas e soluções que permitiriam a oferta de 100% dos artigos em acesso aberto. "Infelizmente, nos foi negada a oportunidade de apresentar tais propostas. A HRK encerrou a discussão dizendo que só valia a pena voltar à mesa se atendêssemos exatamente as suas demandas”, criticou a editora em um comunicado publicado em março. Agora, outras nove instituições, entre as quais as universidades Humboldt e a Livre de Berlim, anunciaram que não renovarão os contratos com a editora holandesa que expiram no início de 2018. A Elsevier lamentou e voltou a pedir a reabertura das negociações: "Somos o parceiro certo para ajudar a Alemanha em sua transição para o acesso aberto de modo sustentável”.Responsável no ano passado por 5,8% de toda a produção científica indexada no mundo, atrás dos Estados Unidos (22%), da China (10%) e do Reino Unido (6%), a Alemanha obteve o engajamento de vários setores da comunidade científica nesse movimento. No mês passado, cinco cientistas do país renunciaram a seus postos nos comitês editoriais de revistas da Elsevier, solidários com a estratégia das universidades. "Pesquisadores e revistas científicas têm uma relação simbiótica e devem tratar uns aos outros de forma justa. A proposta das universidades é justa”, disse à revista Science o cientista da computação Kurt Melhorn, do Instituto Max Planck de Ciência da Computação, em Saarbrücken, que renunciou ao posto de editor-chefe da Computational Geometry Theory and Applications. O meteorologista Martin Köhler, pesquisador do Instituto de Tecnologia Karlsruhe que participou das negociações em nome da Associação Helmholtz de Centros de Pesquisa da Alemanha, disse que as instituições cujos contratos com a Elsevier ainda não terminaram vêm ajudando as que já cortaram as assinaturas. Da mesma forma, pesquisadores têm compartilhado uns com outros as cópias de seus artigos. "É possível sobreviver sem usar o Sci-Hub”, observou ele ao site da Times Higher Education (THE), referindo-se ao serviço registrado nas Ilhas Cocos que franqueia cópias piratas de milhões de artigos científicos.Segundo uma estimativa da Sociedade Max Planck, as bibliotecas acadêmicas do mundo gastam com assinaturas € 7,6 bilhões (o equivalente a R$ 28,8 bilhões) para ter acesso a 1,5 milhão de novos papers publicados anualmente e aos arquivos das revistas. É esse mercado que está em jogo. Outros países com menor poder de negociação aguardam com interesse o desfecho do duelo. A Associação das Universidades da Holanda fez um pleito semelhante ao da Alemanha em 2015, mas o máximo que conseguiu obter da editora foi a oferta de 30% dos artigos de pesquisadores holandeses em acesso aberto até 2018. No Brasil, os responsáveis pelo Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) também acompanham a disputa. "Trabalhamos em conjunto com entidades da Alemanha, da Califórnia [Estados Unidos] e do Canadá para verificar como elas estão renegociando seus contratos”, anunciou em junho a coordenadora-geral do portal, Elenara Chaves Edler de Almeida, segundo o site da Capes. "Queremos utilizar a expertise para remodelar nossos acordos com uma nova ótica.” O Portal de Periódicos oferece a pesquisadores e estudantes de universidades brasileiras acesso a um conjunto de 38 mil periódicos – em 2016, o orçamento aprovado para custear as assinaturas e o acesso foi de R$ 334 milhões. De acordo com Elenara, o objetivo da Capes é gastar menos com assinaturas e instituir um programa para financiar a publicação de artigos. "Conforme os contratos se encerrarem, queremos renegociar levando em consideração o volume de artigos produzido por autores brasileiros”, informou.A expectativa dos alemães é de que o embate se torne um ponto de inflexão do processo que teve início em meados dos anos 2000 e, de forma lenta, vem modificando o modelo de negócios das editoras científicas. A inspiração é o movimento Acesso Aberto, lançado com o objetivo de franquear na web e sem custo para os leitores o acesso à produção científica. A ideia de que artigos científicos resultantes de pesquisas financiadas com recursos públicos devem estar disponíveis para qualquer pessoa sem cobrança de taxas vem sendo incorporada por vários países, agências de fomento e instituições que financiam a ciência. No ano passado, por exemplo, a União Europeia anunciou que irá disponibilizar de forma livre e gratuita a partir de 2020 todos os papers produzidos em seus estados-membros.Muitas revistas funcionam hoje em acesso aberto e se financiam cobrando taxas de publicação dos autores. Outras operam em um sistema híbrido, em que os artigos ficam disponíveis para assinantes, mas o autor pode pagar uma taxa extra para que seu trabalho seja divulgado sem restrições no site do periódico antes mesmo do lançamento da edição. Isso tem elevado os custos de publicação. A Elsevier adota o modelo híbrido em suas revistas: as taxas cobradas para disponibilizar um artigo on-line vão de US$ 500 a US$ 5 mil por paper, dependendo do periódico.Dante Cid, vice-presidente de relações acadêmicas da Elsevier na América Latina, afirma que a transição para um novo modelo precisa ser negociada de forma ampla, e não país por país. "Existe uma demanda de países europeus pela migração para um modelo de acesso aberto com pagamento de taxas de publicação por artigo. Mas essa tendência não é observada em outros países com grande produção científica, como Estados Unidos, China e Japão, que ainda seguem um modelo tradicional”, afirma. "Por isso, instituímos o sistema híbrido, no qual é possível, a critério do autor, publicar um artigo em acesso aberto no site de qualquer uma das nossas revistas pagando uma taxa por isso. Além disso, se passássemos a operar em acesso aberto com cobrança por artigo publicado, limitaríamos o acesso a nossas revistas de autores de países que não dispõem de verbas para pagar taxas ou não desejam arcar com esses custos de publicação”, afirma.Em meio à transformação, as editoras adotaram uma estratégia que tem um olho no futuro e outro no passado. De um lado, apostam em novos modelos – caso da própria editora holandesa, que se tornou uma fornecedora de indicadores sobre a produção científica e investiu em novos negócios como repositórios eletrônicos de preprints e serviços na internet para pesquisadores. De outro, tentam preservar algumas das bases do modelo antigo. No mês passado, uma coalizão de cinco empresas que publicam periódicos e dados com direitos protegidos – American Chemical Society, Brill, Elsevier, Wiley, Wolters Kluwer – notificou o Research-Gate, a maior rede social acadêmica, com 13 milhões de membros, pedindo a remoção de 7 milhões de artigos divulgados em perfis de pesquisadores que estão infringindo direitos – estão disponíveis para download por iniciativa dos autores, mas sem a autorização das revistas que os publicaram. Ao mesmo tempo, as editoras entraram com uma ação em um tribunal de Berlim, onde fica a sede do ResearchGate, solicitando medidas para evitar que a rede volte a divulgar esse tipo de artigo no futuro. -
- 19/12/2017 - Nuclep tem novo presidenteFonte: ABENO almirante Carlos Henrique Silva Seixas tomou posse hoje (19) como presidente da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep). A cerimônia foi realizada na sede da empresa, no Centro do Rio de Janeiro. Seixas, que era diretor Administrativo da companhia, ocupava o cargo interinamente há oito meses.Assim, fica concluída a renovação da Diretoria Executiva da Nuclep. O processo foi iniciado em 24 de novembro com a posse dos diretores José Mauro Esteves dos Santos (Comercial) e Rogério Corrêa Borges (Industrial, que também estava interino). Em 15 de dezembro, foi a vez do diretor Administrativo, Luzenildes Sant’ana de Almeida, ser empossado. -
- 19/12/2017 - Ajuda a estatais deu mais despesas que retorno à União nos últimos cinco anosFonte: Brasil em Folhas
As diversas formas de ajuda da União às estatais federais deram mais despesas que retorno financeiro à União de 2012 a 2016, revelou o Tesouro Nacional em relatório divulgado hoje (18). De acordo com o documento, as empresas custaram R$ 122,31 bilhões ao governo em cinco anos, mas geraram retorno de R$ 89,35 bilhões.
O relatório levou em conta três instrumentos de ajuda: adiantamentos para futuro aumento de capital (Afac), instrumentos híbridos de capital e dívida (reforço de capital das instituições financeiras por meio de títulos públicos, em vez de aporte de dinheiro) e subvenções (subsídio por meio de auxílio monetário).
Para contabilizar os retornos para a União, o Tesouro considerou os juros recebidos pelos instrumentos híbridos, os dividendos (parcela dos lucros das estatais repassada aos acionistas, no caso a União) e os juros sobre capital próprio (outra forma de a empresa distribuir parte do lucro).
Na comparação ano a ano, a relação entre as estatais e a União resultou em prejuízo de R$ 750,3 milhões do Tesouro em 2012; R$ 18,33 bilhões em 2013; R$ 2,06 bilhões em 2015; e R$ 17,51 bilhões em 2016. Apenas em 2014, o Tesouro teve ganhos de R$ 5,7 bilhões para o Tesouro.
De acordo com o órgão, a evolução dos resultados pode ser atribuída ao aumento de gastos com subvenções e à queda de receitas com dividendos e juros sobre capital próprio. A redução no lucro das estatais (com prejuízos no caso da Petrobras e da Eletrobras) e o fim da política de distribuição adiantada de dividendos influenciaram na diminuição dos retornos.
Para 2017, informou o relatório, os resultados apontam para o aumento dos dividendos das estatais, mas em nível insuficiente para superar os gastos com subvenções, considerados bastante elevados pelo Tesouro. De acordo com o Tesouro, a Petrobras e a Eletrobras, depois de sucessivos trimestres de prejuízos, terão melhores resultados em 2017.
Estatísticas
Segundo o documento, no fim de 2016, a União detinha o controle direto de 47 empresas estatais federais: 20 sociedades de economia mista e 26 empresas públicas (com 100% de controle do governo). Há também o controle compartilhado de uma empresa binacional, Alcântara Cyclone Space, criada em parceria com o governo da Ucrânia para operar o lançamento de um foguete em Alcântara (MA) e que está em processo de liquidação.
Em relação à Itaipu, empresa binacional operada pelos governos do Brasil e do Paraguai, a União detém o controle indireto da companhia, com 50% das ações. O relatório não considerou as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep), por serem controladas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, uma autarquia. -
- 18/12/2017 - Seminário discute ampliação do uso de energia nuclearFonte: A Voz da Cidade
RESENDE
A cidade será palco nesta segunda-feira do seminário Indústria Nuclear, que discutirá a utilização pacífica da fonte de energia. O evento acontece no Espaço Z, de 9 ao meio-dia, e terá como tema o "Desenvolvimento tecnológico e econômico sustentável para o Rio de Janeiro”.
Resende abriga a sede das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsável pelo enriquecimento de urânio no Brasil. O evento será realizado através de uma parceria entre a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, a Prefeitura de Resende, a Marinha do Brasil e a Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan).
O seminário promete, além da discussão em torno da redução da dependência da indústria do petróleo, tratar a importância dentro do campo da saúde, setor que utiliza intensamente a energia nuclear, tanto para tratamentos de diversas doenças, quanto para a realização de diagnósticos.