Ipen na Mídia
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- 09/04/2022 - Homens são presos após suspeita de que estariam armazenando urânioPolícia Civil de São Paulo investiga se material apreendido é radioativo
Polícia Civil de São Paulo investiga se material apreendido é radioativo
Fonte: SBT News
Dois homens foram presos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, após os agentes descobrirem que dupla armazenava pedras que podem conter urânio. A polícia investiga se o material seria vendido para integrantes de uma facção criminosa.A apreensão foi feita após os policiais receberem uma denúncia de que o material era oferecido por um homem. Uma amostra das duas toneladas estaria disponível para ser vista na casa, em Guarulhos. Os agentes, se passando por compradores, foram até o imóvel, onde prenderam Rodrigo Tarssios Coelho do Amaral e Clodoaldo de Oliveira Santos.
Na delegacia, ambos deram versões diferentes sobre o caso. Clodoaldo, por sua vez, afirmou que recebeu uma caixa com urânio em uma rodoviária no Acre. O produto deveria ser trazido a São Paulo, para ser entregue a um homem de nome "Souza". Pelo serviço, ele receberia R$ 10 mil. Já Rodrigo, disse que extraiu o material radioativo da fazenda de um tio em Rondônia, e que a facção criminosa PCC providenciaria a vinda dele até São Paulo.
O urânio é um material radioativo, usado na produção de energia, na medicina e agricultura. Em grandes quantidades, é utilizado na fabricação de bombas nucleares. De acordo com Madison Almeida, diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear, tecnologia, no entanto, não está disponível no Brasil. "O urânio pode ser utilizado para fins bélicos. Ele precisa ser enriquecido em uma taxa muito alta, acima de 90%. O Brasil, por tratados e convenções internacionais, só aplica o urânio em fins pacíficos que são os medicinais, na agricultura, meio ambiente e indústria", disse em entrevista ao SBT.
O caso é investigado pela Polícia Civil, que não descarta a possibilidade de golpe. Os policiais aguardam o laudo do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares do Governo Federal (IPEN), que vai atestar se a pedra é ou não radioativa.
Assista aqui a reportagem.
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- 07/04/2022 - IPEN contesta acusações da SBMN sobreFonte: Blog Tania Malheiros
A nota oficial do presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), médico George Coura Filho, com "acusações” ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN), responsabilizando a entidade por "interrupções frequentes" do fornecimento de radioisótopos para tratar pacientes com câncer, gerou mal estar. Ele diz na nota que recebeu com "muita satisfação” a aprovação, pela Câmara dos Deputados da PEC-517-2010, que autoriza a privatização da produção de radioisótopos (medicamentos com radiação para combater o câncer). Até aí, tudo bem, segundo os servidores - "é questão de opinião". Nos bastidores, contudo, contam que pode haver dificuldade na execução das parcerias entre as duas instituições. A SBMN tem convênio com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com repasses de verbas através do IPEN.O blog contatou o gerente do Centro de Radiofarmácia do IPEN, o farmacêutico Emerson Bernardes, que tem mestrado e doutorado em Imunologia Básica e Aplicada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Segundo ele, foram aportados recursos pela AIEA da ordem de 755 mil EUROS (cerca de RS 4 milhões), divididos de forma igualitária entre o IPEN, CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e SBMN. "Os recursos repassados para a SBMN, através da parceria com o IPEN-AIEA, serão utilizados para produção de Lutécio-177-PSMA, um novo radiofármaco para tratamento de um tipo de câncer de próstata mais agressivo (câncer de próstata metastático resistente à castração)”, informou, ao descartar o rompimento da parceria, que vem sendo comentada nos bastidores do IPEN..
Quanto às acusações da SBMN, não desculpou: "O que deixou perplexa a maioria dos servidores do Centro de Radiofarmácia não foi o posicionamento da SBMN a favor da PEC 517-2010, mas sim a forma desrespeitosa com a qual se referiram ao IPEN. É uma inverdade, para não dizer leviandade, afirmar categoricamente que interrupções frequentes de fornecimento pelo IPEN prejudicaram a população brasileira”.
Emerson Bernardes assegura que, nos últimos cinco anos, a única interrupção na produção de geradores foi devido à pandemia, a partir de 2020. Mesmo assim, afirmou, a instituição foi afetada apenas nas primeiras semanas quando não havia voos para o transporte de radioisótopos vindo do exterior. (O Brasil importa radioisótopos da Rússia, África do Sul e Holanda).
"Nessa situação de pandemia, qualquer grupo privado que já estivesse estabelecido no Brasil sofreria as mesmas consequências. Fora a pandemia, tivemos o problema recente com a falta de orçamento para o IPEN em setembro de 2021, que já não vem ao caso neste momento. Portanto, sinto muito dizer que a SBMN e a sociedade brasileira dependem da importação da maior parte dos radioisótopos necessários para produção dos radiofármacos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos de medicina nuclear e não há grupo privado que vá alterar essa situação de dependência internacional”, comentou.
Na avaliação do gerente do Centro de Radiofarmácia, a falta de conhecimento leva a afirmações que acabam colocando a população brasileira contra o Instituto. "Nesse sentido, gostaria de destacar que o IPEN trabalha há mais de 60 anos, tendo sido pioneiro na produção e introdução de novos radiofármacos no Brasil. Se agora o momento for de abertura, se o Congresso Nacional entendeu isso - não pelos motivos corretos-, se a população brasileira e a SBMN apoiam essa decisão, então que venham os novos tempos”, comentou.
E foi adiante: "Por que acusar o IPEN, que vem sobrevivendo sem investimentos, e não questionar os grupos políticos, partidos políticos que deixaram esquecida a PEC por 10 anos? Além de ter seus servidores se aposentando, sem a devida reposição, mantendo a produção com trabalhos aos finais de semana e feriados atendendo a sociedade”.
Sobre os preços que serão praticados pela iniciativa privada, questionou: "não serão os mesmos preços praticados pelo IPEN; obviamente serão muito mais altos. Ora, se é consenso que os preços serão mais altos, por que então a SBMN diz estar preocupada com o SUS (Sistema Único de Saúde)”?
FUTURO DO IPEN: PROJETO PARA QUATRO MIL PACIENTES
Sobre o futuro do IPEN, ele garantiu que o Instituto continuará buscando reafirmar a sua marca na inovação. "Hoje mesmo estávamos (alguns de nós) participando de um encontro científico promovido pela AIEA e tivemos a oportunidade de mostrar nosso trabalho, coordenado pelo IPEN e com a parceria do CNPEM e da própria SBMN!
"Estamos trabalhando num projeto. O IPEN planeja demonstrar a viabilidade de produzir o radionuclídeo Actínio-225 a partir de materiais contidos em rejeito radioativo. O Actínio-225 tem mostrado resultados melhores em casos onde o radionuclídeo Lutécio-177 não foi efetivo em eliminar o tipo de câncer de próstata mais agressivo (câncer de próstata metastático resistente à castração)”.
A boa notícia é que já fizemos os cálculos. "Em princípio, temos rejeito radioativo material suficiente para produzir o Actínio -225, capaz de tratar mais de quatro mil pacientes, pensando em 4 ciclos de tratamento por paciente. Obviamente, os desafios são imensos, mas temos expertise, interesse, e financiamento da AIEA para buscar soluções para os desafios. E qual a finalidade maior disso tudo? Voltarmos a ser pioneiros em pesquisa e desenvolvimento, onde a atividade privada ainda não vislumbra lucro, ou seja: função de estado, função do IPEN”.
Mas afinal, o que são esses rejeitos que poderão ser tão bem utilizados? "São agulhas de Rádio-226 que eram usadas para braquiterapia há décadas, mas que foram descartadas. São fontes radioativas seladas deixadas em depósitos de rejeito radioativo. O Rádio-226 tem meia vida muito longa (1600 anos), e pode ser usado como alvo para produção de um outro radionuclídeo (Actínio-225) de muito interesse atual na medicina nuclear.
CARTA DA SBMN
A SBMN – Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, recebe com muita satisfação a aprovação da PEC 517/2010, em seu inteiro teor, que autoriza a produção privada de radioisótopos de uso médico. Nos últimos cinco anos, muitos pacientes deixaram de realizar exames de cintilografia e tratamentos com radioisótopos por interrupções frequentes de fornecimento pelo IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
A possibilidade da produção destes insumos pela iniciativa privada é um alento para milhares de pacientes e uma esperança para inúmeros serviços de medicina nuclear, que oferecem esses exames a pacientes do SUS - Sistema Único de Saúde e das operadoras de saúde, bem como geram empregos diretos e indiretos. Reforçamos o entendimento do caráter autorizativo da medida, o que não exclui que a União continue a investir tanto no IPEN, como nos diversos institutos da CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear, visando não apenas a manutenção da produção atual, o retorno de insumos que não estão sendo produzidos, bem como o desenvolvimento de pesquisas na área, objetivo que está no DNA da fundação do próprio Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares.
Esperamos que as empresas interessadas na produção de radiofármacos possam trabalhar lado a lado com o IPEN, complementando o mercado de radioisótopos para fins médicos onde ele está deficitário. A quebra do monopólio estatal permitirá o crescimento da Medicina Nuclear como especialidade médica, a exemplo do que ocorreu previamente na questão dos radiofármacos de meia vida curta. Desta forma, a SBMN não acredita que a PEC 517/2010 represente o fim do IPEN, que continuará fundamental, como sempre foi, no desenvolvimento da medicina nuclear brasileira. (Presidente George B. Coura Filho).
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- 05/04/2022 - Câmara conclui votação de PEC que autoriza produção privada de material radioativo para uso médicoNo ano passado, órgão responsável pelos insumos suspendeu a produção. Defensores do texto falam em ‘restrição’ de produção no país, já oposição critica medida e responsabiliza corte de verbas.
No ano passado, órgão responsável pelos insumos suspendeu a produção. Defensores do texto falam em ‘restrição’ de produção no país, já oposição critica medida e responsabiliza corte de verbas.
Fonte: G1
A Câmara dos Deputados concluiu nesta terça-feira (5) a votação, em dois turnos, de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite a produção privada de material radioativo (radioisótopos) para uso médico. A matéria segue para promulgação.
O texto-base foi aprovado em primeiro turno em março, mas ainda faltava a análise dos destaques (sugestões de alteração) e a aprovação em segundo turno. Nesta terça (5), os destaques foram rejeitados e o texto-base aprovado em segundo turno por 334 votos a 116.
Os radioisótopos de uso médico são materiais radioativos usados, por exemplo, para a fabricação de radiofármacos terapêuticos ou de diagnóstico de doenças.
A Constituição já permite a comercialização e a utilização, sob regime de permissão, de radioisótopos para uso médico. Contudo, a produção pela iniciativa privada só pode ser feita nos insumos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Atualmente, a produção e comercialização de radiofármacos no Brasil são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) por meio de institutos como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo.
Os defensores da proposta afirmam que, com a legislação atual, há uma restrição de produção, com equipamentos defasados e quantidades inferiores ao recomendado.
Já a oposição, crítica à matéria, justificou que o problema da falta de insumos é decorrente da falta de recursos enviada pelo governo federal.
Em setembro do ano passado, o IPEN, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia do governo federal, anunciou a suspensão da produção de produtos radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil.
Na ocasião, o órgão justificou a suspensão com base em um grande corte no orçamento federal em 2021.
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- 01/04/2022 - Grupo estuda como transformar moléculas orgânicas em eletricidade, combustível e matéria-prima industrialExperimentos conduzidos no Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) visam promover a transformação de glicerol e metanol por meio de uma reação eletroquímica conhecida como eletroxidação
Experimentos conduzidos no Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) visam promover a transformação de glicerol e metanol por meio de uma reação eletroquímica conhecida como eletroxidação
Fonte: Agência FAPESPPesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e colaboradores utilizaram um tipo de reação eletroquímica conhecido como eletroxidação para promover a transformação de moléculas orgânicas, como glicerol e metanol, e gerar hidrogênio, eletricidade e outras substâncias que podem servir de matéria-prima para a indústria.O CINE é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell. Tem sedes na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Universidade de São Paulo (USP) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).Mais conhecido por glicerina, seu nome comercial, o glicerol é um composto derivado de óleos e gorduras, usado na indústria química. Atualmente, é obtido principalmente a partir da produção de biodiesel. A cada mil litros de combustível gerados a partir de óleos vegetais ou gordura animal, sobram cerca de 100 litros de glicerol. Diante de um possível aumento na produção de biocombustíveis no futuro, torna-se necessário encontrar novos usos para o glicerol, que pode se converter em importante poluente se descartado no ambiente.Nos estudos coordenados por Elton Sitta, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foram realizados experimentos em células eletroquímicas, dispositivos formados por dois eletrodos e uma solução chamada de eletrólito. Os pesquisadores utilizaram platina em um dos eletrodos, onde ocorrem as reações de eletroxidação, um processo escalável, possível de gerar eletricidade e novas moléculas.No primeiro trabalho, publicado na revista Electrochimica Acta em 2021, os autores estudaram em detalhe a eletroxidação do glicerol em sistemas com diferentes eletrólitos alcalinos.Por meio do uso de técnicas que estão sendo aprimoradas por pesquisadores do CINE, sob coordenação do professor da Unicamp Pablo Sebastián Fernández, foi possível coletar amostras da superfície do eletrodo enquanto as reações ocorriam e identificar e quantificar as substâncias. Dessa forma, os autores observaram a formação de glicerato e lactato, compostos utilizados nas indústrias farmacêutica, cosmética e têxtil.O segundo trabalho trata dos fenômenos complexos que geram oscilações na eletroxidação do metanol. A pesquisa conseguiu identificar, mapear e explicar essas oscilações. Totalmente realizado na UFSCar, o trabalho foi destaque de capa da revista Physical Chemistry Chemical Physics. O metanol é um álcool que pode ser extraído da madeira ou de sobras de reflorestamento, mas atualmente é fabricado a partir do gás natural.Por meio da compreensão dos fenômenos fundamentais que ocorrem na eletroxidação dessas substâncias, as pesquisas podem contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de produção de combustíveis, eletricidade e matérias-primas a partir de fontes renováveis usando processos limpos e escaláveis."O uso de moléculas orgânicas como glicerol e metanol é uma alternativa interessante à oxidação da água na produção de hidrogênio”, explica o professor Sitta. "Em geral, é mais fácil oxidar essas moléculas do que a água para fornecer os elétrons necessários para a formação de hidrogênio.”O hidrogênio é utilizado na indústria alimentícia e também em veículos ainda experimentais com células a combustível, equipamentos que extraem elétrons do hidrogênio e fornecem energia a motores elétricos.O artigo Glycerol electro-oxidation at Pt in alkaline media: influence of mass transport and cations pode ser encontrado em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S001346862101608X?via%3Dihub.Já o estudo Oscillatory dynamics during the methanol electrooxidation reaction on Pt pode ser lido em: https://pubs.rsc.org/en/content/articlelanding/2021/CP/D1CP02490F.* Com informações da Assessoria de Imprensa do CINE. -
- 28/03/2022 - SBPC pede a deputados para votaremFonte: Blog Tania Malheiros
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou nesta segunda-feira (28/3) carta aos deputados federais solicitando que votem ‘não’ à Proposta de Emenda à Constituição (PEC 517/10) que trata da produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada. A votação está prevista para ocorrer amanhã (29/3).No documento, a entidade lista alguns argumentos importantes e reafirma que o IPEN, instituição pioneira e responsável pelo desenvolvimento da Radiofarmácia no País, continue fornecendo produtos essenciais para a população brasileira, especialmente a atendida pelo SUS.
Eis a carta aos parlamentares:
Temos certeza do seu compromisso com a saúde da população do nosso país, já tão debilitada. Pedimos seu apoio para votar NÃO na segunda votação da PEC 517/2010 agendada para a próxima semana.
Confiamos no seu voto fundamentado no interesse público. Entretanto, pedimos sua atenção para argumentos importantes, mas desconhecidos pela relatoria até o momento:
O monopólio da União em vigor restringe-se somente à importação de molibdênio-99 (99Mo) para industrialização dos geradores de 99Mo/99mTc em território nacional, papel exclusivo e desempenhado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN/SP). Portanto, as instituições públicas e privadas podem produzir e comercializar os demais radiofármacos, desde que os mesmos sejam registrados na ANVISA.
Atualmente, o preço do gerador de 2 Curies de99Mo/99mTc produzido pelo IPEN é de R$ 6.835,00 e o importado pela iniciativa privada é de R$ 17.200,00. Mesmo com correções de variação cambial do99Mo, o preço do gerador do IPEN não passaria de R$ 8.885,50.
Há possibilidade de autonomia nacional na produção de radioisótopos com a construção e operação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) viabilizando a ampliação e democratização da oferta de diagnósticos e terapias pelo SUS. Atualmente, de cerca de dois milhões de procedimentos/ano, somente 25% são destinados ao sistema público.
O IPEN possui um plano de ação com a ANVISA e, com recursos públicos, vem trabalhando para modernizar as instalações da produção de geradores de99Mo/99mTc no Centro de Radiofarmácia até 2025, capacitando-se para duplicar sua produção. A iniciativa privada, ao registrar seus produtos na ANVISA, poderá provocar a interrupção do IPEN, fato já ocorrido com alguns produtos do Instituto. Isso pode acarretar desperdício de recursos públicos.
Nesse sentido, a Sociedade solicita seu voto NÃO à PEC 517/2010 para que o IPEN, uma instituição pioneira e responsável pelo desenvolvimento da Radiofarmácia no país, continue fornecendo produtos essenciais para a população brasileira, especialmente à atendida pelo SUS.
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- 23/03/2022 - Deputados aprovam em primeiro turno texto principal da proposta sobre radioisótoposDeputados divergiram sobre a atuação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)
Deputados divergiram sobre a atuação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)
Fonte: Agência Câmara de Notícias
A Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição 517/10, do Senado, que quebra o monopólio governamental para permitir a fabricação pela iniciativa privada de todos os tipos de radioisótopos de uso médico. Ainda falta analisar três destaques apresentados pelos partidos ao texto principal na tentativa de retirar trechos da redação, todos pretendem reverter a intenção da PEC de quebrar o monopólio da produção, mesmo teor do destaque apresentado pelo PT que foi rejeitado. A proposta ainda será analisada em segundo turno.
Saiba mais sobre a tramitação de propostas de emenda à constituição
A matéria foi aprovada com o parecer favorável da comissão especial, de autoria do deputado General Peternelli (União-SP).
Atualmente, a produção e a comercialização desses fármacos no Brasil são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e seus institutos, como o de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo.
A Constituição já autoriza, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.
IPEN
Durante a discussão da PEC 517/10, deputados divergiram sobre a atuação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), atual fornecedor desses medicamentos.Relator da proposta, o deputado General Peternelli afirmou que a produção dessas substâncias em quantidade suficiente à demanda depende da abertura de empresas privadas e fim do monopólio do IPEN. "A importância desse tema é muito grande, a ideia não é prejudicar nada, mas ampliar o acesso”, disse. Ele afirmou que a produção do IPEN é voltada a hospitais privados e, com a entrada de atores privados, poderá ser totalmente dedicada ao Sistema Único de Saúde. Ele defendeu ainda que o órgão governamental será o regulador do mercado para impedir o aumento dos preços.
Peternelli sugeriu que os deputados preocupados com a atuação do IPEN diante da concorrência indiquem recursos de suas emendas parlamentares ao Orçamento para fortalecer o órgão.
Presidente da comissão especial que analisou a proposta, o deputado Zacharias Calil (União-GO) avalia que a quebra do monopólio vai ampliar o acesso a tratamentos pela população. "As vantagens que teremos com esta aprovação é promover a segurança sanitária com o fornecimento adequado de radiofármacos, possibilitar maior acesso da população a diagnósticos de câncer e de doenças cardiovasculares”, disse.
O deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), favorável à proposta, disse que o IPEN não consegue suprir a demanda e que a produção só foi suficiente porque algumas especialidades médicas foram comprometidas com a pandemia. "Dizer que o IPEN, durante a pandemia, satisfez a necessidade do Brasil é uma meia verdade. Por quê? Porque durante a pandemia tudo parou. Os tratamentos eletivos pararam. As pessoas pararam de fazer tratamentos oncológicos e exames, porque elas saíram dos hospitais”, disse.
Para o deputado Neucimar Fraga (PSD-ES), a quebra do monopólio é benéfica para o setor. "Nós estamos aprovando e permitindo a ampliação da produção desse material e quebrando o monopólio existente, já que é feito por um único fabricante no Brasil. Em um país do tamanho do Brasil, um assunto de tamanho interesse não pode ficar sob a custódia de um único produtor porque, se ele tiver problema, o País todo para”, disse.
Já a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) afirmou que a quebra do monopólio permitirá eficiência e modernização do setor.
O deputado José Nelto (PODE-GO) afirmou que a medida vai incentivar o investimento em ciência. "Temos, sim, que quebrar este monopólio, dar oportunidade para que novos cientistas possam realmente trabalhar para fornecer medicamentos, tratamentos e novos aparelhos para aos pacientes em tratamento de câncer no nosso País”, disse.
Para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), no entanto, o investimento em radiofármacos deveria passar pelo fortalecimento do IPEN. "Como é que se vai reaparelhar e melhorar o IPEN, se as prerrogativas exclusivas que ele tinha serão tiradas? Não se consegue melhorar um órgão se diminuírem a sua estrutura. Então, é uma contradição a colocação desse termo”, criticou.
O deputado André Figueiredo (PDT-CE) também afirmou que o IPEN sofreu um processo de desgaste e não terá infraestrutura para lidar com a entrada do setor privado. "Entregar o setor à mercê da iniciativa privada num ambiente de competitividade sem o IPEN ser dotado da infraestrutura necessária é acabar com o órgão, é acabar com mais uma estatal extremamente imprescindível para a saúde do povo brasileiro e para a pesquisa de radioisótopos”, disse.
Para o deputado Ivan Valente (Psol-SP), a votação não ocorreu em momento oportuno, diante da demissão do diretor do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo no início do mês.
Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que haverá aumento de preços. "Nós queremos, sim, tratar as neoplasias, queremos tratar todas as doenças que necessitam de diagnóstico precoce, de radiofarmácia, de radioisótopo, mas essa PEC vai triplicar o preço desses insumos em saúde, porque vai quebrar o monopólio, o IPEN vai perder sua possibilidade de sustentação”, disse.
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- 23/03/2022 - Câmara aprova autorização para produção privada de material radioativo para uso médicoTexto-base de proposta de emenda à Constituição passou por 363 votos a 112. Órgão federal suspendeu produção devido a corte orçamentário. Oposição vê intenção de privatizar setor.
Texto-base de proposta de emenda à Constituição passou por 363 votos a 112. Órgão federal suspendeu produção devido a corte orçamentário. Oposição vê intenção de privatizar setor.
Fonte: G1
Por 363 votos a 112, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (23) o texto-base de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite a produção privada de radioisótopos para uso médico.
Os radioisótopos de uso médico são materiais radioativos usados, por exemplo, para a fabricação de radiofármacos terapêuticos ou de diagnóstico de doenças.
A conclusão da votação em primeiro turno está prevista para a próxima semana, após a análise dos destaques (propostas de alterações pontuais no texto principal). Em seguida, haverá votação em segundo turno. Se não sofrer alterações em relação ao texto aprovado em 2010 pelo Senado, a proposta será promulgada pelo Congresso Nacional.
A Constituição já permite a comercialização e a utilização, sob regime de permissão, de radioisótopos para uso médico. Contudo, a produção pela iniciativa privada só pode ser feita nos insumos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas).
Atualmente, a produção e comercialização de radiofármacos no Brasil são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) por meio de institutos como o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Segundo o relator da matéria, deputado General Peternelli (União-SP), a situação do Brasil "mostra alta restrição, com equipamentos defasados e em quantidade bem inferior ao recomendado, que é bem visível no comparativo com os demais países”.
"Nós já tivemos, nos últimos cinco anos, 39 notificações de interrupção de funcionamento, e isso ocorre mesmo em administrações anteriores [de produção de radioisótopos]”, disse Peternelli em discurso no plenário.
"É importante que nós votemos e que nós possamos propiciar à população o acesso a esse diagnóstico que é fundamental, que traz precisão, que traz clareza, que permite um diagnóstico do câncer com muito mais antecedência.”
Em setembro do ano passado, o Ipen, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia do governo federal, anunciou a suspensão da produção de produtos radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil.
Na ocasião, o órgão justificou a suspensão com base em um grande corte no orçamento federal em 2021.
A oposição criticou a medida, justificando que o problema da falta de insumos no ano passado está relacionado exclusivamente à falta de recursos.
"Como os brasileiros foram atendidos com todos os radioisótopos necessários durante 40 anos?", questionou o deputado Henrique Fontana (PT-RS). "O que o Ipen precisa é que o governo Bolsonaro invista no Ipen e não sucatear o Ipen para depois sugerir a privatização de mais esse setor estratégico", declarou.
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- 23/03/2022 - Doutorado direto em eletrocatálise no Centro de Inovação em Novas EnergiasProjeto desenvolvido no Ipen busca uma rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Projeto desenvolvido no Ipen busca uma rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Fonte: Agência FapespAgência FAPESP – Uma Bolsa FAPESP de Doutorado Direto é oferecida no âmbito do projeto "Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas”. O prazo de inscrição se encerra em 30 de março.
A pesquisa é desenvolvida no âmbito do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) financiado por FAPESP e Shell, com sedes na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Universidade de São Paulo (USP) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O objetivo principal da pesquisa é caracterizar eletrocatalisadores para a conversão eletroquímica de metano em outros produtos, com ênfase em experimentos de nanopartículas individuais. O estudante trabalhará com técnicas eletroquímicas e realizará vários estudos in situ.
Exige-se nível avançado de inglês, obrigatório para desenvolver parte do projeto no exterior. É desejável experiência em eletroquímica.
Os candidatos devem enviar currículo resumido e carta de interesse para o e-mail do coordenador do projeto, Fabio Coral Fonseca (fabiocf@usp.br).
Mais informações sobre a vaga em: www.fapesp.br/oportunidades/4901.
A Bolsa de Doutorado Direto fornecida pela FAPESP tem duração de 48 meses e valor mensal de R$ 2.349,60 no primeiro ano, R$ 2.494,20 no segundo ano, R$ 3.462,42 no terceiro ano e R$ 4.285,50 no quarto ano. Um auxílio financeiro equivalente a 30% do valor anual da bolsa será concedido para despesas diretamente relacionadas às atividades de pesquisa. Os requisitos e benefícios estão disponíveis em fapesp.br/bolsas/dd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 11/03/2022 - De Tonga a São PauloPluma da grande erupção vulcânica que ocorreu em janeiro na ilha do Pacífico é observada 27 quilômetros acima da capital paulista
Pluma da grande erupção vulcânica que ocorreu em janeiro na ilha do Pacífico é observada 27 quilômetros acima da capital paulista
Fonte: Revista FapespÀ 1h56 da madrugada de 26 de janeiro, o radar meteorológico instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) registrou uma concentração de aerossóis, finas partículas em suspensão, cerca de 27 quilômetros (km) acima da cidade de São Paulo. A ocorrência tinha forma similar à de uma linha contínua que riscava a parte de cima da imagem que representava a área de céu observada. Tratava-se de um evento bastante raro, já dentro dos domínios da estratosfera, a segunda camada da atmosfera terrestre, logo após a troposfera, que se inicia entre 16 e 18 km de altitude na capital paulista e vai até 50 km.
Em noites sem chuva e com pouca névoa, como era aquela do verão paulistano, o radar costuma flagrar dois tipos de manchas horizontais no céu. A mais comum, e mais grossa, situa-se entre 3 e 4 km de altitude e representa o acúmulo da poluição atmosférica produzida por carros, indústrias e demais atividades da metrópole. A outra, menos densa e nem sempre presente, forma-se por volta dos 10 km de altitude e indica a existência de nuvens do tipo cirrus, constituídas por vapor-d’água supersaturado e cristais microscópicos de gelo. A única explicação plausível para um registro tão chamativo de aerossóis acima dos 20 km de altitude naquela madrugada era de que as cinzas de uma grande erupção vulcânica recente tinham alcançado a estratosfera.
"A última vez que tínhamos visto algo parecido foi em 2015, quando o vulcão chileno Calbuco entrou em atividade. Mas sua pluma de aerossóis atingiu no máximo 17 km de altitude”, conta o físico Eduardo Landulfo, coordenador do Laboratório de Aplicações Ambientais de Laser do Ipen, que gerencia o uso do radar. "Não esperávamos que o radar tivesse capacidade técnica para registrar aerossóis até quase 30 km de altitude.” Landulfo é um dos principais pesquisadores de um projeto financiado pela FAPESP que estuda a qualidade do ar na Região Metropolitana de São Paulo.
A inusual concentração de partículas suspensas observada pelo radar era resultado da grande erupção de 15 de janeiro do vulcão submerso encravado na ilhota de Hunga Tonga-Hunga Haʻapai, situada 65 quilômetros ao norte da principal ilha do arquipélago de Tonga, no sul do Pacífico. A atividade da caldeira foi tão intensa que o território de Hunga Tonga-Hunga Haʻapai se partiu em dois. Logo após o cataclismo, pesquisadores de países do hemisfério Sul, como Austrália e Nova Zelândia, começaram a acompanhar a pluma por meio de radares, satélites e outros instrumentos.
A forte explosão vulcânica em Tonga provocou um tsunami com ondas de até 15 metros de altura que atingiu as ilhas do arquipélago, onde vivem 100 mil habitantes. Pelo menos seis pessoas morreram e milhares foram desabrigadas. O barulho da erupção foi ouvido a quase 2 mil quilômetros de distância, na Nova Zelândia. Uma gigantesca pluma de cinzas decorrentes da atividade vulcânica, que se prolongou por 11 horas, cobriu Tonga. Ela é formada basicamente por gases à base de enxofre, vapor-d’água e dióxido de carbono.
Em meados de fevereiro, pesquisadores da Nasa, agência espacial norte-americana, fizeram uma análise preliminar de dados de dois satélites meteorológicos geoestacionários, o Goes-17 e o Himawari-8, e concluíram que a pluma vulcânica do Hunga Tonga-Hunga Haʻapai (o vulcão é chamado com o nome da ilhota) atingiu a maior altitude já registrada por esse tipo de fenômeno. Trinta minutos após a explosão da caldeira, essa mistura de gás, vapor e cinzas expelida pelo monte submerso no Pacífico Sul chegou a 58 km de altitude. A pluma penetrou na mesosfera, a terceira camada da atmosfera, que se estende aproximadamente entre 50 e 100 km de altitude. "A intensidade desse evento excede em muito a de qualquer nuvem de tempestade que já estudei”, comentou o cientista do clima Kristopher Bedka, do Centro de Pesquisa Langley da Nasa, em comunicado à imprensa. O recorde anterior pertencia à pluma da erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, que tinha alcançado 35 km de altitude.
Erupções vulcânicas tão potentes a ponto de conseguir impulsionar seu rastro de fumaça até a estratosfera podem alterar temporariamente o clima global, mais especificamente reduzir a temperatura média do planeta por meses. Os aerossóis bloqueiam a chegada à Terra de parte da luz solar e esfriam o ambiente (ver Pesquisa FAPESP nº 308). Daí o interesse que esses eventos extremos provocam em pesquisadores das ciências atmosféricas, além, claro, dos próprios geólogos e vulcanólogos. "Os aerossóis do Pinatubo resfriaram a temperatura do planeta em cerca de 0,6 °C por quase dois anos”, diz a física Márcia Akemi Yamasoe, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). "Mas ainda é cedo para prevermos se a erupção de Tonga vai ter algum impacto semelhante no clima global.”
Diferentemente do que ocorre na troposfera, a primeira camada da atmosfera, não há nuvens de chuva na estratosfera ou na mesosfera. Essa característica dificulta e torna mais lenta a dispersão dos poluentes nas altas camadas da atmosfera, como ocorreu até agora com a pluma do vulcão de Tonga. "Os aerossóis podem ficar circulando por meses e até anos em torno do globo terrestre”, diz Landulfo.
O radar meteorológico do Ipen emprega a tecnologia de LiDAR, um método de sensoriamento remoto que usa o laser para medir a localização de objetos em relação à superfície terrestre. Como a velocidade da luz é conhecida (cerca de 300 mil km por segundo), o tempo necessário para que um feixe de laser seja emitido, refletido por uma camada de aerossóis e volte para sua fonte fornece a distância exata dessa nuvem de partículas em suspensão.
O equipamento do Ipen é programado para registrar especificamente a presença de aerossóis que variam de poucos nanômetros a alguns micrômetros, como poluição urbana, fumaça de queimadas, vapor-d´água e grãos de poeira. Ele é prioritariamente usado para estudar a qualidade do ar e o clima na região metropolitana da capital paulista e faz parte da Latin American LiDAR Network (Lalinet).
"Desde que identificamos a pluma da erupção do vulcão de Tonga pela primeira vez, temos seguido sua movimentação com o radar sempre que as condições de observação noturna são boas”, diz o físico Fábio Juliano da Silva Lopes, que faz estágio de pós-doutorado no grupo de Landulfo no Ipen. Em certos dias, os pesquisadores do instituto viram que a pluma, na verdade, divide-se em três segmentos situados em altitudes diferentes, por volta dos 22, 25 e 27 km.
Dados preliminares de registros internacionais indicam que a erupção do monte submarino de Tonga atingiu provavelmente o nível 5 do Índice de Explosividade Vulcânica (VEI), uma escala logarítmica que vai de 0 a 8, do nível mais fraco ao mais forte. O número reflete uma classificação relativa da potência desse tipo de evento, similar à fornecida pela mais conhecida escala Richter, que dimensiona a magnitude de terremotos. Desde a erupção de 1991 do Pinatubo, que chegou ao nível 6 no VEI, não havia registro de uma explosão vulcânica tão potente, como a ocorrida no início do ano nos arredores do arquipélago do Pacífico Sul.
Vulcões em águas profundas raramente provocam grandes erupções que conseguem vencer a resistência do mar que os cobre. Normalmente, a presença do oceano represa substancialmente sua força explosiva. "Mas a erupção de Tonga foi tão intensa que compensou o fato de ter ocorrido debaixo d’água. É a primeira vez que um evento tão específico como esse do Pacífico Sul é observado por satélites, radares de LiDAR e outros instrumentos de sensoriamento remoto, todos desenvolvidos na segunda metade do século XX”, diz o físico cubano Juan Carlos Antuña-Marrero, da Universidade de Valladolid, na Espanha, especialista no estudo de aerossóis, em entrevista a Pesquisa FAPESP.
A base da ilhota de Hunga Tonga-Hunga Haʻapai se situa a 2 mil metros de profundidade, no assoalho do oceano, e faz parte do arco de Tonga-Kermadec, sujeito a terremotos e formado por uma cadeia de vulcões submarinos. Mas a boca do vulcão que entrou em atividade intensa em 15 de janeiro se encontrava apenas entre algumas dezenas e 250 metros debaixo d’água. Ou seja, raso o suficiente para que o oceano não suprimisse toda a força da erupção, mas profundo o bastante para que o magma expelido deparasse com um ingrediente explosivo. A lava aquece rapidamente a água que se transforma em vapor, gás que se expande de forma acelerada. Essa peculiaridade talvez explique a altura elevada que a pluma da erupção atingiu.
Apesar de não ter sido tão potente quanto a erupção do Pinatubo, a explosão do vulcão de Tonga tem produzido dados surpreendentes em menos de um mês de estudos. Nas horas seguintes ao evento no Pacífico, o satélite Aqua, da Nasa, observou a produção de ondas de choque, círculos concêntricos, que percorreram várias vezes a atmosfera de todo o globo terrestre. As ondas se iniciavam na superfície do oceano e atingiam até a ionosfera, a mais de 100 km de altitude.
Nas próximas semanas, Landulfo, Antuña-Marrero e outros pesquisadores do Brasil e do exterior devem realizar estudos conjuntos para tentar entender as características da pluma do vulcão de Tonga e seus possíveis impactos climáticos. O pesquisador do Ipen está em negociações com colegas da Nasa para soltar balões meteorológicos que podem chegar até a altura da pluma para realizar medições in loco. Isso já foi feito nas ilhas Reunião, no oceano Índico, de onde também se avista o rastro de fumaça da erupção de Tonga na troposfera. Até o fechamento desta reportagem, o radar do Ipen ainda registrava a pluma vulcânica cerca de 30 km acima da cidade de São Paulo.
Projeto
Área metropolitana de São Paulo: Abordagem integrada mudanças climáticas e qualidade do ar, Metroclima Masp (nº 16/18438-0); Modalidade Projeto Temático; Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); Pesquisadora responsável Maria de Fátima Andrade (USP); Investimento R$ 5.763.389,75.
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- 04/03/2022 - Especialista explica diferenças entre Zaporizhzhia e ChernobylPesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Luís Antônio Albiac, falou à CNN após o ataque das forças russas contra a usina nuclear de Zaporizhzhia
Pesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Luís Antônio Albiac, falou à CNN após o ataque das forças russas contra a usina nuclear de Zaporizhzhia
Fonte: CNN BrasilAnna Gabriela Costa e Ludmila Candalda CNN
em São PauloPesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP), Luís Antônio Albiac, falou à CNN, na noite desta quinta-feira (3), após o ataque das forças russas contra o complexo onde fica localizada usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. O especialista falou sobre as diferenças entre o complexo atingido nesta noite e a usina de Chernobyl, que sofreu um acidente nuclear em 1986.
Após pesquisa realizada na base de dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o especialista esclareceu que a usina de Zaporizhzhia é uma integrada por seis reatores nucleares – cada um deles produz 3.000 megawatts térmicos, a partir dos quais são obtidos 950 megawatts elétricos – e tem características diferentes de Chernobyl, também na Ucrânia.
Para ver o vídeo, clicar aqui
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- 01/03/2022 - De Tonga a São PauloPluma da grande erupção vulcânica que ocorreu em janeiro na ilha do Pacífico é observada a 27 quilômetros acima da capital paulista
Pluma da grande erupção vulcânica que ocorreu em janeiro na ilha do Pacífico é observada a 27 quilômetros acima da capital paulista
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- 27/02/2022 - Presença militar na usina de Chernobyl é preocupante, diz especialistaEm entrevista à CNN, pesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP), Luís Antônio Albiac Terremoto, falou sobre riscos de ação militar na região da usina de Chernobyl, palco do maior acidente nuclear da história.
Para assistir à matéria, acesse o link: CNN Brasil
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- 11/02/2022 - Alzheimer: PL defendido pelo CNS visa criar política de enfrentamento à doençaUma proposta para a criação de política para enfrentamento ao Alzheimer foi colocada em análise pela Câmara dos Deputados.
Uma proposta para a criação de política para enfrentamento ao Alzheimer foi colocada em análise pela Câmara dos Deputados.
Fonte: Conselho Nacional de Saúde
A Câmara dos Deputados colocou em análise uma proposta que determina a criação da política de enfrentamento ao Alzheimer. O projeto, de origem do Senado, prevê que os órgãos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão incluir, em um banco de dados, as notificações sobre ocorrências da doença.
O objetivo da proposta é facilitar a disseminação de informação clínica e apoiar a pesquisa médica. O SUS também deverá apoiar o desenvolvimento de tratamentos e medicamentos. A defesa de políticas públicas que atendam as demandas da doença é uma das bandeiras do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
No ano passado, por meio da recomendação de nº 36, o CNS solicitou, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que fosse efetuada a regularização da produção e fornecimento de radiofármacos e a retomada do Complexo Econômico e Industrial da Saúde para a produção de medicamento. Em razão de cortes no orçamento, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) teve que suspender a compra dos insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos e radioisótopos usados para o tratamento de câncer no Brasil. Os radiofármacos produzidos pelo Ipen são usados também em exames para a detecção do Alzheimer.
De acordo com a proposta, a política nacional deverá seguir o Plano de Ação Global de Saúde Pública da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Resposta à Demência e estimular hábitos de vida visando a promoção da saúde e a prevenção de comorbidades. O projeto também altera a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), a fim de prever programas de atenção integral à saúde física, mental e emocional destinados a idosos carentes residentes em entidades de longa permanência. Essa também é uma das bandeiras do CNS.
Para a conselheira nacional de Saúde Walquiria Alves, a implementação da política prevista pelo projeto é "imprescindível”.Walquiria é também integrante da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz).
"É imprescindível que tenhamos a Política Nacional de Cuidado Integral em Doença de Alzheimer e outras demências, pois irá aperfeiçoar o tratamento nacional da demência, possibilitando que o sistema de saúde seja mais bem estruturado e busque financiamento deforma adequada para garantir atendimento de qualidade disponibilizados às pessoas que convivem com a demência”, afirmou.
Antes de ser encaminhado para votação em plenário, a proposta precisa ser aprovada pelas Comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça da Câmara. Se o texto sofrer qualquer tipo de mudança, precisa novamente ser apreciado pelo Senado. O projeto original é de autoria do senador Paulo Paim.
Ascom/CNS
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- 08/02/2022 - Trajetória da mestranda da Pós-Graduação IPEN-USP foi tema do programa Boletim CiênciaDando início a uma série de depoimentos de jovens cientistas, o Boletim Ciência entrevistou a mestranda do Programa de Tecnologia Nuclear IPEN-USP Ana Gabryele Moreira. O programa pode ser visto no canal Saúde no YouTube
Dando início a uma série de depoimentos de jovens cientistas, o Boletim Ciência entrevistou a mestranda do Programa de Tecnologia Nuclear IPEN-USP Ana Gabryele Moreira. O programa pode ser visto no canal Saúde no YouTube
O programa Boletim Ciência, produzido pelo Canal Saúde, divulgará durante o mês de fevereiro uma série de entrevistas relacionadas à trajetória de jovens pesquisadoras por conta da celebração, no dia 11 de fevereiro, do Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências.
Abrindo a série, a física médica e mestranda do Programa de Tecnologia Nuclear do IPEN-USP, Ana Gabryele Moreira, foi entrevistada por Neide Diniz. No programa, Moreira comenta sobre sua trajetória desde Salvador, BA, onde nasceu, suas perspectivas na carreira e sobre a necessidade de políticas públicas e representatividade de mulheres pretas na ciência.
Moreira está na fase final de seu mestrado no Centro do Reator de Pesquisa (CERPQ) do IPEN, com orientação do físico Frederico Antonio Genezini. Ela é coautora, junto Priscila Rodrigues, Karoline Suzart e Nelida Lúcia Del Mastro, de uma pesquisa sobre o perfil sociocultural das mulheres que atuam no IPEN-CNEN. É também membro da Women in Nuclear Brasil (WiN), capítulo nacional da Women in Nuclear Global, entidade que estimula a participação feminina nas atividades da área nuclear. Moreira foi uma das 100 alunas de mestrado, representantes dos cinco continentes, a receber bolsa de estudo pelo Programa Marie Sklodowska-Curie, patrocinado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
O Canal Saúde é um veículo de comunicação do Sistema Único de Saúde (SUS), criado e gerido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O programa foi ao ar, ao vivo, em 7 de fevereiro de 2022 mas pode ser assistido no link:
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- 01/02/2022 - Centro de Inovação em Novas Energias oferece quatro vagas de pós-doutoradoFonte: Agência FapespAgência FAPESP– Quatro oportunidades de pós-doutorado com bolsa da FAPESP estão disponíveis pelo projeto "Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas”. As inscrições devem ser feitas até 10 de fevereiro. As atividades dos bolsistas serão desenvolvidas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O projeto é vinculado ao Centro de Inovação em Novas Energias(CINE), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) financiado por FAPESP e Shell.
Os bolsistas participarão de pesquisas relacionadas à eletroquímica, dispositivos de óxido sólido (materiais e processamento), catálise heterogênea e caracterização avançada de materiais. Os candidatos devem ter formação em física, química, ciência dos materiais e engenharia e áreas relacionadas.
As vagas exigem conhecimentos em uma das três áreas: caracterização síncrotron avançada de materiais inorgânicos, que requer experiência anterior com Synchrotron e técnicas como absorção de raios Xe difração de raios X; dispositivos de óxido sólido de alta temperatura, células a combustível e reatores, com experiência anterior em materiais e processamento de dispositivos em alta temperatura, testes eletroquímicos; e uso de espectroscopia óptica Raman para reação de catálise e monitoramento de dispositivos, em que o candidato deve ter experiência anterior com óxidos e catálise.
As inscrições podem ser feitas pelo e-mail cine.m2p@gmail.com.
Mais informações sobre as vagas em: www.fapesp.br/oportunidades/4708.
As oportunidades de pós-doutorado estão abertas a brasileiros e estrangeiros. Os selecionados receberão Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso os bolsistas de PD residam em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precisem se mudar, poderão ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 30/01/2022 - Aplicações da energia nuclear é tema do programa 'Caminhos da Reportagem' com participação de pesquisadores do IPENO programa comenta sobre aplicações da energia nuclear na agricultura, indústria, saúde e propulsão do projeto de submarino nuclear da Marinha
O programa comenta sobre aplicações da energia nuclear na agricultura, indústria, saúde e propulsão do projeto de submarino nuclear da Marinha
O programa "Caminhos da Reportagem", da TV Brasil, divulgou em sua edição de 30 de janeiro, as aplicações da energia nuclear no cotidiano da vida dos brasileiros. O programa destacou o uso da radiação ionizante na agricultura, indústria, saúde e no projeto da Marinha Brasileira para a construção de um submarino nuclear.
Pesquisadores do IPEN participaram da edição comentando sobre pesquisas e serviços realizados nos Centros de Pesquisa do Instituto. As pesquisadoras Anna Lucia Villavicêncio e Mônica Mathor, do Centro de Tecnologia das Radiações (CETER) comentaram sobre irradiação de alimentos e inativação de vírus, respectivamente. O pesquisador Samir Somessari, do CETER, demonstrou algumas aplicações da radiação ionizante utilizadas na indústria. As atividades de produção de radiofármacos para medicina nuclear foram abordadas por Luis Alberto Pereira Dias, do Centro de Radiofarmácia (CECRF).
O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da CNEN, Ricardo Fraga Gutterres, entre outros representantes de instituições e empresas contribuem com a pauta em depoimentos.
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- 28/01/2022 - Energia Nuclear: para que serve?Ainda incipiente no Brasil, a irradiação de alimentos é um tipo de uso da energia nuclear para prolongar a vida útil de produtos. As indústrias que a utilizam são discretas quanto à divulgação por receio de polêmicas contra a tecnologia - mesmo que a informação de "alimento irradiado" já apareça nas embalagens de produtos industrializados.
Ainda incipiente no Brasil, a irradiação de alimentos é um tipo de uso da energia nuclear para prolongar a vida útil de produtos. As indústrias que a utilizam são discretas quanto à divulgação por receio de polêmicas contra a tecnologia - mesmo que a informação de "alimento irradiado" já apareça nas embalagens de produtos industrializados.
Site: TV Brasil
A irradiação consiste em expor um produto a uma dose controlada de radiação ionizante. A técnica elimina, nos alimentos, microrganismos e retarda o amadurecimento, prolongando o prazo de validade. Em alguns casos, substitui até o uso de agrotóxicos. "Para inibir o aparecimento de caruncho no feijão, os lepidópteros, que são aquelas borboletinhas que dão no chá, você irradia, porque antes o pessoal utilizava agrotóxico e é uma carga mutagênica e cancerígena alta”, explica a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) Anna Lucia Villavicencio.
No Brasil, esse tipo de técnica já é utilizada em algumas indústrias, como a de equipamentos médicos e de cabos de motores de veículos. "Existe um leque de aplicações da tecnologia nuclear, mas não há uma planta industrial dedicada à irradiação de alimentos no país”, avalia o diretor de Radioproteção e Segurança, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O uso ainda causa dúvidas nos produtores e consumidores. O presidente da Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (ARCAG), Shoji Saiki, diz que já ouviu falar, mas ainda tem receio da técnica. "Eu acho que a maior dúvida nossa é sobre a parte de segurança alimentar, a gente ainda não tem uma ideia de como poderia ser, se são seguros estes alimentos.” Tiago Rusin, que é pesquisador do assunto e assessor do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, afirma que a técnica não torna o produto radioativo ou contaminado, é um processo físico da radiação ionizante.
Irradiação e Covid-19
Se no campo alimentício a irradiação ainda gera dúvidas, na área da saúde ela já é muito conhecida. Um dos casos mais recentes de sucesso de pesquisas foi com o coronavírus. O IPEN, que já havia usado a irradiação para inativar o vírus da dengue, conseguiu, junto com o Instituto Butantan, usar a técnica contra o vírus da Covid-19. "A irradiação conseguiu inativar o vírus, que ficou morto, porém toda estrutura terciária dele foi mantida”, explica a pesquisadora do IPEN, Mônica Mathor. Segundo a cientista, o organismo reconhece o vírus morto como estranho, mas produz anticorpos eficazes contra ele.
Com isso, o IPEN e o Butantan desenvolveram o soro a partir do plasma do sangue de cavalos onde o vírus inativado foi injetado, que pode ser usado no tratamento de pacientes diagnosticados. O soro ainda está em fase de testes, mas apresenta boas perspectivas. "Ele pode ser utilizado principalmente em pacientes imunodeprimidos ou que têm problema em produzir anticorpos, já que o soro contém anticorpos funcionando, sem precisar do tempo de desenvolvimento do sistema imune do paciente”, explica Mônica Mathor.
Submarino nuclear
Em Iperó, interior de São Paulo, está sendo desenvolvido o reator para o primeiro submarino nacional com propulsão nuclear. A tecnologia vai possibilitar que a embarcação fique submersa por meses, só vindo à superfície devido a tripulação ou abastecimento de alimentos. No caso dos submarinos brasileiros hoje em atividade, há que se realizar entre três e quatro operações de esnorquel por dia. Nesse tipo de operação, o submarino permanece mergulhado, na profundidade de periscópio, admitindo o ar atmosférico para poder partir os conjuntos motor diesel-geradores, que carregam a bateria.
O reator possibilitará uma maior mobilidade, com velocidade média de até 35 nós (quase 65 km/h), ao contrário dos submarinos convencionais tem deslocamento de 6 nós (mais ou menos 11 km/h). Hoje, há 230 portos na costa brasileira e 95% do comércio internacional é por via marítima.
O episódio do programa Caminhos da Reportagem desta semana fala desses usos de tecnologia nuclear nestas e outras áreas, e ainda discute porque ela gera tanto debate.
Ficha técnica
Reportagem - Tiago Bittencourt
Produção -Aline Bastos,Cintia Vargas, Claiton Freitas e Tiago Bittencourt
Apoio produção - Natalia Neves (RJ)
Reportagem cinematográfica - João Marcos Barbosa (SP) e Sigmar Alves (DF)
Apoio reportagem cinematográfica - André Pacheco (DF), Eduardo Guimarães (RJ), Manoel Lenaldo (DF) e Rogério Verçosa (DF)
Auxílio técnico - Caio Manlio (SP), Dailton Matos (DF)
Apoio auxílio técnico - Adaroan Barros (RJ), Alexandre Sousa (DF), Jairom Ferreira (DF),José Carlos (DF), Thyago Pignata (DF)
Edição de imagens e finalização - André Eustáquio e Jerson Portela
Edição de texto - Carina Dourado
Arte - Eudes LinsClique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.
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- 27/01/2022 - FAPESP e Braskem criam centro de pesquisa em plasticultura para o agronegócioProjeto será conduzido por cientistas ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, em parceria com diversas universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo
Projeto será conduzido por cientistas ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, em parceria com diversas universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo
Fonte: Agência FAPESP
Elton Alisson
A FAPESP e a Braskem, uma das maiores produtoras de resinas termoplásticas das Américas, selecionaram um projeto para a constituição de um Centro de Pesquisa de Plasticultura – termo que se refere ao cultivo agrícola auxiliado por plásticos, por exemplo, em telas de sombreamento ou anti-insetos, estufas e filmes para cobertura do solo, entre outros.O projeto será conduzido por pesquisadores ligados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (Nipe-Unicamp), em parceria com diversas universidades e instituições de pesquisa situadas no Estado de São Paulo.O novo centro integrará o programa Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs), que viabiliza sinergias entre a iniciativa privada e o setor acadêmico visando produzir e disseminar pesquisa de nível mundial, com a geração de alto impacto econômico e social por meio da inovação."Recursos cada vez mais escassos, como água, fertilizantes e solos férteis, podem ter seu uso potencializado com soluções a partir da plasticultura. O novo CPE terá como missão ampliar aprendizados complexos, apontando caminhos sustentáveis para uma plasticultura contemporânea e gerando soluções práticas nessa área”, conta Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.A expectativa é impulsionar avanços científicos que revelem o potencial da plasticultura – o uso do plástico na produção rural – para aumentar a disponibilidade de alimentos que chegam ao mercado, tornando-os acessíveis a um maior número de pessoas."Um dos objetivos dos estudos que serão realizados no novo centro será otimizar os insumos e os recursos naturais que são empregados para a produção de alimentos, como a água, além de reduzir os impactos ambientais e aumentar a produtividade para atender à demanda de consumo”, diz à Agência FAPESP, Telma Teixeira Franco, professora da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp e pesquisadora do Nipe, que coordena o projeto.Os focos de pesquisa do CPE serão em segmentos estratégicos do agronegócio brasileiro, como os de silvicultura, cana-de-açúcar, grãos (soja e milho), citros, banana, aquicultura, café, cultivo protegido (hortaliças e frutas) e alimentos orgânicos.As pesquisas serão realizadas em colaboração estreita com os produtores agrícolas e associações do setor."Fizemos um levantamento inicial das principais necessidades dos agricultores. A ideia é ouvirmos constantemente os problemas apresentados por eles para buscarmos as soluções”, afirma Franco.Três temas transversais permearão as pesquisas: economia circular e logística reversa, análise técnico-econômica e de impactos e modificações disruptivas no setor de plásticos para agricultura.Os projetos terão a participação de pesquisadores da Unicamp, das universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal de São Carlos (UFSCar), dos institutos Agronômico (IAC), de Pesca, Florestal, de Citros, de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen), da Faculdade de Agronegócios de Holambra (Faagroh), do Instituto Eldorado, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Centro de Tecnologia e Treinamento (EACEA) de Cunha.Exemplos de estudosAs pesquisas no CPE de Plasticultura irão reunir as necessidades dos produtores agrícolas e direcionar as escolhas entre privilegiar tecnologias já dominadas, de fronteira ou disruptivas, ou uma combinação delas, para criar um mercado de cultura plástica sustentável no Brasil.Parte dos estudos será voltada a adaptar soluções plásticas em polietileno, polipropileno e PVC para cobertura de lavouras, preparo protegido de mudas e armazenamento de sementes em silos plásticos e embalagens para proteger os alimentos no transporte para a cidade."Há muitas soluções que já foram desenvolvidas para alguns setores, como a construção civil, que poderiam ser adaptadas para uso em tanques para criação de peixes e crustáceos”, exemplifica Franco."Faremos muitos experimentos em campo para adaptar esses materiais já existentes para novas culturas”, afirma.Outra vertente de estudo será o desenvolvimento de novos materiais para o armazenamento e transporte de grãos, como a soja.Principal produto agrícola exportado pelo Brasil, a oleaginosa é armazenada e transportada a granel, em contêineres, o que acarreta perdas de grandes quantidades do grão. A fim de encontrar uma solução para esse problema, os pesquisadores do novo centro pretendem desenvolver um silo bag – compartimento de armazenamento em formato de bolsa flexível – com propriedades especiais para o armazenamento do grão."Hoje praticamente não se usa silo bag para armazenamento de transporte de soja porque apresenta problemas, como retenção de umidade. Um dos nossos objetivos é desenvolver um silo bag mais apropriado para a soja”, diz Franco. -
- 24/01/2022 - Tecnologia brasileira quer transformar resíduo da produção de etanol em hidrogênio verdeA pesquisa de reaproveitamento da vinhaça é uma das iniciativas do novo laboratório que vai desenvolver reatores eletroquímicos voltados à realidade nacional
A pesquisa de reaproveitamento da vinhaça é uma das iniciativas do novo laboratório que vai desenvolver reatores eletroquímicos voltados à realidade nacional
Fonte: Jornal da USP
A vinhaça é um resíduo poluente gerado pela produção de etanol. Ao ser processada, ela costuma ser utilizada como adubo na fertirrigação de lavouras, sobretudo da cana-de-açúcar, por ser rica em potássio. "Transportar este resíduo até as plantações é um processo caro e trabalhoso para as usinas. Sem contar que, se mal aplicada, a vinhaça pode danificar a plantação e o solo, além de atingir os lençóis freáticos. É possível aprimorar esse processo”, diz Thiago Lopes, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP.
À frente do novo Laboratório de Células a Combustível, situado na Poli e que integra o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), financiado pela Shell do Brasil e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Lopes pretende desenvolver ali um reator eletrolítico voltado para a realidade da indústria sucroalcooleira nacional. "A vinhaça tem 95% de água em sua composição. A ideia é que por meio desse reator possamos quebrar as moléculas de água para gerar oxigênio e hidrogênio verde”, diz o pesquisador.
Com ampla aplicação, o hidrogênio verde pode ser utilizado, por exemplo, na produção da amônia que entra na composição de fertilizantes. "Hoje a amônia é sintetizada com hidrogênio proveniente de gás natural, o que gera uma pegada de CO2”, conta o pesquisador. Já o oxigênio puro pode ser utilizado para a combustão do bagaço da cana-de-açúcar. "Ao condensar a água, pode-se obter de forma fácil e econômica um CO2 puro para estocagem ou então para ser convertido em produtos.”
Um deles é o ácido oxálico, elemento que, junto a um biomonômero (molécula produzida a partir de fontes naturais), vai entrar na composição do hidrogel que está sendo desenvolvido no âmbito do Programa de Hidrogel, financiado pela Shell Brasil, com recursos da Cláusula de Investimento em P&D dos Contratos de Concessão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e que envolve várias instituições de pesquisa da USP sob a liderança do RCGI, bem como da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No caso, o ácido oxálico será produzido pelo Laboratório de Células a Combustível, em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O hidrogel gerado ao final de todo o processo de pesquisa será aplicado no processo de plantio em formato de grânulos, que vão se degradar e liberar o carbono para ser armazenado no solo. "A ideia é criar um ciclo virtuoso e habilitar novos mercados no setor sucroalcooleiro nacional.”
Outra vantagem do reator é fazer com que a vinhaça fique mais concentrada – a cada um litro de etanol são produzidos cerca de 10 litros de vinhaça. "É um volume gigantesco para armazenar e transportar. Se estiver mais concentrada, livre de uma fração de água, a vinhaça vai ocupar menos espaço e demandar menos transporte. Vale dizer que esse transporte, em geral, é feito por caminhões movidos a óleo diesel, e isso adiciona pegadas de CO2 ao etanol brasileiro”, aponta Lopes.
Segundo Lopes, a vinhaça concentrada também minimizaria a adição de adubo sintético à lavoura. "A mistura de vinhaça e adubo sintético provoca maior emissão de CO2. Sem contar que, ao reduzir o volume de água, evitamos que o excesso de líquido chegue ao lençol freático e polua os rios.”
O hidrogênio verde também pode alimentar veículos com motor de célula a combustível, uma das modalidades de veículos totalmente elétricos que hoje circulam pelo mundo, sobretudo no Japão. A outra modalidade são os veículos elétricos movidos a bateria recarregável em tomadas especiais. "No motor de um veículo com célula a combustível o hidrogênio reage com o oxigênio que vem do ambiente. A energia elétrica liberada alimenta o veículo e o processo gera como resíduos apenas calor e água pura. Atualmente, esse hidrogênio é obtido em nível mundial por meio de gás natural, o que gera pegadas de CO2. Daí a importância de se descobrir formas de produzir hidrogênio verde. É o que pretendemos fazer no laboratório por meio do concentrador eletrolítico de vinhaça. Tudo está interligado”, aponta Lopes.
De acordo com o pesquisador, estima-se que por volta de 2040 a produção desse tipo de veículo deslanche no Brasil. "Isso deve acontecer, sobretudo, em relação às frotas de ônibus e caminhões, porque um motor de célula a combustível é mais leve do que o motor de um veículo elétrico a bateria, em particular para veículos que rodam mais de aproximadamente 450 quilômetros diários”, informa Lopes. Entretanto, para que isso ocorra, a tecnologia precisa ser aperfeiçoada em termos de desempenho e custo. Segundo o pesquisador, outro objetivo do laboratório é justamente desenvolver peças mais eficientes e baratas para veículos com motor de célula a combustível. "As camadas da célula a combustível podem ser otimizadas através de modelos numéricos avançados e otimização topológica, por exemplo. Somado, o catalisador, da camada catalítica, é feito de platina, metal raro, que vale mais do que o ouro e não existe no Brasil, e o desafio é encontrar opções mais acessíveis”, explica Lopes.
Para buscar essas soluções, o laboratório vai utilizar uma técnica desenvolvida por Lopes durante temporada como pesquisador associado do Imperial College London, no Reino Unido, entre 2012 e 2014. "O motor de um veículo de célula a combustível é alimentado de um lado por oxigênio e de outro, por hidrogênio. No lado que passa o ar colocamos uma mistura com cerca de 1000 (partes por milhão – ppm) de ozônio. Já na camada catalítica, onde acontece a reação da célula a combustível, colocamos um pigmento que, ao interagir com o ozônio, emite luz. Isso nos ajuda a visualizar, por meio de uma câmera, e comparar como o comburente é distribuído em motores de célula a combustível feitos com vários tipos de materiais, com diferentes propriedades, e sob diferentes condições, promovendo assim o desenvolvimento de modelos numéricos avançados de célula a combustível e otimização topológica das mesmas”, prossegue Lopes.
A equipe transdisciplinar do laboratório, que conta com pesquisadores da Poli, do Instituto de Física (IF), do Instituto de Química (IQ) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, vai trabalhar em conjunto com o Imperial College London no desenvolvimento das diversas camadas que compõem as células a combustível como descrito acima e pretende avançar. Por exemplo, "na camada catalítica a ideia é descobrir se materiais mais acessíveis, como uma mistura a base de ferro, carbono e nitrogênio, podem substituir a platina e serem utilizados pela indústria automotiva”, diz Lopes. "Trata-se de uma demanda mundial. Hoje há, nos Estados Unidos, um consórcio de pesquisa, nos moldes do RCGI, voltado ao desenvolvimento desses materiais. Mesmo porque não existe platina suficiente para trocarmos toda a frota mundial de veículos para célula a combustível. Nós, cientistas, temos muito trabalho pela frente”, conclui Lopes.
Da Assessoria de Comunicação do RCGI
Sobre o RCGI –O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) é um Centro de Pesquisa em Engenharia, criado em 2015, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Shell. As pesquisas do RCGI são focadas em inovações que possibilitem ao Brasil atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris, no âmbito das NDCs – Nationally Determined Contributions. Os projetos de pesquisa – 19, no total – estão ancorados em cinco programas: NBS (Nature Based Solutions); CCU (Carbon Capture and Utilization); BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage); GHG (Greenhouse Gases) e Advocacy. Atualmente, o centro conta com cerca de 400 pesquisadores. Saiba maisaqui.
Texto atualizado em 26/01/2022
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- 22/01/2022 - Explosão de casos de Covid reforça importância do uso correto de máscaras; veja as mais eficientesO avanço da variante Ômicron do coronavírus causa explosão no número de casos de Covid-19 ao redor do mundo e quebra recordes de toda a pandemia. Neste cenário, as medidas de proteção contra o contágio ganham força e, entre elas, o uso das máscaras tem importância destacada, como afirma o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino Melo Freire.
O avanço da variante Ômicron do coronavírus causa explosão no número de casos de Covid-19 ao redor do mundo e quebra recordes de toda a pandemia. Neste cenário, as medidas de proteção contra o contágio ganham força e, entre elas, o uso das máscaras tem importância destacada, como afirma o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino Melo Freire.
Fonte: Hoje em Dia
Bernardo Estillac
"A máscara continua sendo a ferramenta essencial contra doenças respiratórias. Ela serve como barreira tanto para quem está usando como para o ambiente, porque evita que uma pessoa infectada espalhe o vírus pela respiração”, diz o infectologista.
Freire explica que, embora seja importante usar máscaras de qualquer natureza, existem modelos mais eficientes para se proteger do coronavírus, em especial da variante Ômicron.
"Com uma variante tão transmissível assim, se faz necessário que a gente tente utilizar das ferramentas que a gente dispõe, a gente já sabe que as máscaras de maior capacidade de filtrar são a N95 e a PFF2 se destacam nesse processo”, comenta.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), os tipos de máscara citados por Freire retém 95% das partículas, o melhor percentual dentre os equipamentos avaliados.
O estudo, publicado na revista Aerosol Science and Technology em abril de 2021, também avalia a respirabilidade em uma escala que vai de 0 a 10 e um fator de qualidade, calculado através da relação entre a filtragem (capacidade de retenção de partículas) e a respirabilidade, em uma escala que vai de 0 a 25.