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- 01/07/2024 - FAPESP anuncia a constituição de 21 novos Centros de Ciência para o DesenvolvimentoSerão investidos aproximadamente R$ 130 milhões nos CCDs aprovados no terceiro edital, que terão a missão de buscar soluções para desafios elencados pelas Secretarias Estaduais
Serão investidos aproximadamente R$ 130 milhões nos CCDs aprovados no terceiro edital, que terão a missão de buscar soluções para desafios elencados pelas Secretarias Estaduais
Fonte: Agência FAPESP
A FAPESP anunciou a constituição de 21 novos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs) em parceria com universidades, instituições de pesquisas, secretarias de Estado e outros órgãos de governos. O investimento da Fundação será de aproximadamente R$ 130 milhões.
Assim como os demais 25 CCDs já em operação, os novos centros terão a missão de buscar soluções para desafios previamente definidos pelas secretarias estaduais nas áreas de saúde, energia, agricultura, manufatura avançada, cidades inteligentes, segurança pública e meio ambiente.
O Centro de Inteligência de Dados em Saúde Pública (CID-SP Emergências), por exemplo, buscará agilizar o atendimento da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (Cross) que recebe, diariamente, milhares de solicitações de consultas, exames e transferências de pacientes com casos mais graves para hospitais de alta complexidade. O processo de decisão de prioridade no atendimento hoje é realizado em várias etapas, envolvendo telefonemas, envio de e-mails e de relatórios.
O CID-SP terá sede no Hospital das Clínicas de São Paulo, tendo como parceira a Secretaria Estadual de Saúde. Pesquisadores e especialistas das duas instituições utilizarão ferramentas de inteligência artificial, para otimizar esse sistema de atendimento, de modo a gerar informações relevantes, prioritárias e preditivas, para auxiliar na tomada de decisão dos gestores.
"Nosso objetivo é desenvolver instrumentos de inteligência que permitirão regulamentar esta central de forma a identificar as prioridades de transferência e a atualizar os recursos, ou seja, escolher o hospital mais próximo que tem o recurso solicitado, além de priorizar por gravidade e, ao mesmo tempo, possibilitar a capacidade de predição. Pretendemos, com inteligência artificial, moldar o sistema de regulação de urgências e emergências do Estado de São Paulo”, diz à Agência FAPESP Ludhmila Abrahão Hajjar, professora titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e pesquisadora responsável pelo projeto, que será feito em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde.
Três dos novos centros selecionados nesse edital terão como instituição pública parceira a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, e serão voltados à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas e acessibilidade.
O Centro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária, sediado na Escola Politécnica da USP, por exemplo, irá desenvolver, em parceria com pesquisadores das universidades de Campinas (Unicamp), Estadual Paulista (Unesp), Federal do ABC (UFABC) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), tecnologias avançadas, como exoesqueletos e cadeiras de rodas motorizadas. Já o Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade em Libras, em parceria com a Faculdade de Engenharia e Computação da Unicamp, utilizará inteligência artificial para a quebra de barreiras de comunicação. E o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistida (CMDTA), em parceria com a Unesp, campus de Bauru, criará tecnologias para sistema braile e novas próteses e órteses.
"Sempre busquei parceria com as universidades para rever uma situação que acontece em todo o país: o difícil acesso à tecnologia assistida por conta de seu alto custo. A grande maioria vem da Europa e dos Estados Unidos, o que encarece muito o produto e dificulta o acesso. Pessoalmente, uso uma prótese americana, já que amputei uma perna abaixo do joelho em decorrência de um acidente. Há 10 anos, o custo foi de R$ 35 mil. Temos que desenvolver tecnologia brasileira para reduzir custo”, avalia Marcos da Costa, secretário estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência de São Paulo. "O meu objetivo é transformar São Paulo num hub de tecnologia assistida na América Latina. Temos capacidade para isso”.
O Centro de Ciência para o Desenvolvimento USP Cidades - Centro para o Desenvolvimento Sustentável das Cidades Paulistas, com sede na Poli-USP, realizará estudos relacionados ao desenvolvimento sustentável das cidades. Um dos temas que serão explorados pelos pesquisadores da instituição, em parceria com pesquisadores das faculdades de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, é o espraiamento urbano. Os estudos serão desenvolvidos em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação de São Paulo.
"As cidades crescem, expandindo sua área urbanizadae, do ponto de vista da sustentabilidade isso é ruim porque, em princípio, causa uma série de consequências negativas, como o aumento das distâncias entre os centros de emprego e os lugares onde as pessoas moram. Além disso, envolve questões ambientais, como a expansão das cidades em áreas que poderiam ser preservadas, e a ineficiência urbana, porque as cidades ficam mais espalhadas e não se cria uma boa dinâmica urbana”, afirma Miguel Luiz Bucalem, professor titular da Poli-USP e pesquisador responsável pelo projeto.
Os pesquisadores pretendem caracterizar o espraiamento nas cidades paulistas, melhorar o entendimento do fenômeno e desenvolver modelos matemáticos e computacionais para simular e propor cenários alternativos.
"Vamos projetar o que aconteceria em cenários futuros de espraiamento para cidades paulistas e elaborar modelos matemáticos para simular cenários alternativos, baseados em políticas públicas. Também vamos olhar junto com a Secretaria da Habitação a efetividade dos instrumentos de política urbana que são pensados para buscar uma cidade mais densa, mais compacta”, explica Bucalem.
Modelo de cofinanciamento
Já estão implantados 25 CCDs, selecionados nas duas primeiras chamadas da FAPESP, em 2019 e 2021. Todos operam em modelo de cofinanciamento: para cada R$ 1 solicitado à FAPESP, contrapartida idêntica é aportada pelas entidades parceiras. O financiamento é de longo prazo, por até cinco anos, e os projetos apresentados devem ter governança clara, mecanismos de revisão ao longo do prazo de execução e metas intermediárias. Os resultados devem promover o avanço no conhecimento e proporcionar a melhoria das políticas públicas.
Os objetivos da FAPESP com o lançamento desse três editais é identificar, mensurar e detalhar grandes desafios públicos do Estado de São Paulo e, a partir deles, reunir e organizar diversos atores institucionais em busca de soluções adequadas para resolver ou diminuir esses gargalos.
Assim, o programa CCDs recebe propostas submetidas por consórcios formados por pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa paulistas, gestores de órgãos do governo estadual e de municípios, além de empresas e organizações governamentais (ONGs).
Na primeira chamada foram selecionados 12 Centros, orientados para a solução de problemas nas áreas de saúde, segurança pública, alimentação e agricultura e desenvolvimento econômico, entre outras.
Na segunda chamada, foram aprovados 15 CCDs, com pesquisas nas áreas de desenvolvimento de biofármacos, inovação em políticas públicas urbanas, inovação tecnológica para emergências em saúde, soluções para resíduos, segurança hídrica, doenças humanas e animais, emissões de gases de efeito estufa e aprimoramento de vacinas, entre outros.
Em 2023, a FAPESP lançou terceira chamada em que foram selecionados os 21 novos CCDs listados abaixo.
Propostas selecionadas:
Centro de Ciências para o Desenvolvimento em Energias Renováveis e Combustíveis do Futuro
Pesquisador responsável: Adriano Marim de Oliveira
Instituição-sede: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São PauloCentro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária
Pesquisador responsável: Arturo Forner Cordero
Instituição-sede: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP)
Instituições públicas parceiras: Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São PauloCentro Paulista de Estudos em Biogás e Bioprodutos - CP2B
Pesquisadora responsável: Bruna de Souza Moraes
Instituição-sede: Núcleo Interdisciplinar Planejamento Energético/Unicamp
Instituições públicas parceiras: Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de CampinasCentro de Ciência de Dados para Estatísticas Públicas – CCDEP
Pesquisador responsável: Carlos Eduardo Torres Freire
Instituição-sede: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados / SGSSP
Instituição pública parceira: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados / SGSSPCentro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistida (CMDTA)
Pesquisador responsável: Carlos Roberto Grandini
Instituição-sede: Faculdade de Ciências de Bauru / Unesp
Instituições públicas parceiras: Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo e Secretaria Municipal de Educação de Rio ClaroCentro Avançado de Pesquisa Smart B100 (CCD-SB100)
Pesquisador responsável: Dirceu de Mattos Junior
Instituição-sede: Instituto Agronômico de Campinas / SAASP
Instituição pública parceira: Instituto Agronômico de CampinasCentro de Produção e Imunobiológicos - Vacina da Raiva (CePI - Raiva)
Pesquisador responsável: Esper Georges Kallás
Instituição-sede: Instituto Butantan / SSSP
Instituição pública parceira: Fundação ButantanCentro Paulista de Inovação em Serviços de Iluminação Pública – CePISIP
Pesquisador responsável: Gilberto de Martino Jannuzzi
Instituição-sede: Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético / Unicamp
Instituições públicas parceiras: Prefeitura Municipal de Conchal, Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo e Ministério de Minas e EnergiaDesenvolvimento de Tecnologia Assistiva para a Educação Bilingue de Surdos - CCD – TAEBS
Pesquisadora responsável: Ivani Rodrigues Silva
Instituição-sede: Faculdades de Ciências Médicas / Unicamp
Instituição pública parceira: Secretaria Municipal de Educação de CampinasCentro de Ciência para o Desenvolvimento de Habilitação de Interesse Social do Estado de São Paulo - CCD HIS SP
Pesquisador responsável: José Arnaldo Frutuoso Roveda
Instituição-sede: Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba / Unesp
Instituições públicas parceiras: Agência Metropolitana de Sorocaba, Agência Metropolitana de Campinas e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação de São PauloCentro de Ciência para o Desenvolvimento - Tecnologia Assistiva e Acessibilidade em Libras
Pesquisador responsável: José Maria De Martino
Instituição-sede: Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação / Unicamp
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São PauloCentro de Ciência para o Desenvolvimento - Carbono Neutro
Pesquisadora responsável: Liedi Légi Bariani Bernucci
Instituição-sede: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) /SDE
Instituições públicas parceiras: Prefeitura Municipal de São José dos Campos,Secretaria de Meio Ambiente de Santos,Agência de Desenvolvimento e Inovação de Sorocaba - Inova Sorocaba,Ministério das Cidades,Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional,Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais eSecretaria Estadual de Ciência Tecnologia e Inovação de São PauloCentro Multidisciplinar de Estratégia, Pesquisa e Inovação da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo - CeMEPI-PGE
Pesquisadora responsável: Luciana Romano Morilas
Instituição-sede: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto – USP
Instituição pública parceira: Procuradoria Geral do Estado de São PauloProjeto CID-SP EMERGÊNCIAS: Centro de Inteligência de Dados em Saúde Pública
Pesquisadora responsável: Ludhmila Abrahão Hajjar
Instituição-sede: Hospital das Clínicas de São Paulo
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual da Saúde de São PauloCentro de Ciência para o Desenvolvimento da Educação Básica: Aprendizagem e Convivência Escolar
Pesquisadora responsável: Marilene Proença Rebello de Souza
Instituição-sede: Instituto de Psicologia – USP
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual da Educação de São PauloAcomodação Sustentável do Crescimento Urbano das Cidades Paulistas
Pesquisador responsável: Miguel Luiz Bucalem
Instituição-sede: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP)
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação de São PauloCentro de Ciência e Desenvolvimento: Procuradoria, Inovação e Tecnologia - São Paulo (PROINTE-SP)
Pesquisador responsável: Paulo Furquim de Azevedo
Instituição-sede: Insper Instituto de Pesquisas / Insper
Instituição pública parceira: Procuradoria Geral do Estado de São PauloGrupo para Desenvolvimento Avançado - Vacina de Zika (GDA-Zika)
Pesquisador responsável: Renato Mancini Astray
Instituição-sede: Instituto Butantan/SSSP
Instituição pública parceira: Fundação ButantanCentro de Estudos em Implementação de Políticas Educacionais
Pesquisador responsável: Ricardo Corrêa Gomes
Instituição-sede: Escola de Administração de Empresas de São Paulo / FGV-SP
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual da Educação de São PauloObservatório Regional de Saúde em doenças de evolução avançada e cuidados paliativos
Pesquisador responsável: Ricardo Tavares de Carvalho
Instituição-sede: Hospital das Clínicas de São Paulo
Instituição pública parceira: Secretaria Estadual da Saúde de São PauloCentro de Pesquisa de lignina grafitizada para transformação de solos agrícolas e ambientais - C-Liga
Pesquisador responsável: Stanislav Moshkalev
Instituição-sede: Centro de Componentes e Semicondutores / UNICAMP
Instituições públicas parceiras: Instituto de Pesquisas Ambientais e Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo -
- 24/06/2024 - Treinamento técnico em análise por ativação neutrônicaBolsista irá trabalhar com a avaliação da influência de diferentes procedimentos nas concentrações elementares da carne bovina
Bolsista irá trabalhar com a avaliação da influência de diferentes procedimentos nas concentrações elementares da carne bovina
Fonte: Agência FAPESP
O Projeto Temático "Transparência nas cadeias produtivas brasileiras de commodities agrícolas de exportação: estudo holístico de marcadores elementares e isotópicos” dispõe de uma vaga de treinamento técnico nível quatro (TT-4) em análise por ativação neutrônica com bolsa da FAPESP. O prazo de inscrição termina na quarta-feira (26/06).
As atividades serão exercidas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O bolsista irá trabalhar com a avaliação da influência de diferentes procedimentos de pré-tratamento nas concentrações elementares da carne bovina de acordo com os processos de armazenamento, secagem, moagem e homogeneização por diferentes técnicas de análise de ativação com nêutrons.
Os candidatos devem ter experiência na área de análise por ativação neutrônica instrumental (INAA, na sigla em inglês) e no preparo de amostras biológicas para análise por INAA, além de capacidade de utilização de ferramentas de informática para cálculos e estatística e de produção demonstradas por publicação recente de artigos em periódicos internacionais.
Mais informações sobre a vaga e as inscrições em: www.fapesp.br/oportunidades/7144/.
O bolsista selecionado de TT-4 receberá Bolsa FAPESP para treinamento técnico no valor de R$ 3.924,80, por dois anos com dedicação de 40 horas semanais às atividades de apoio ao projeto de pesquisa. Aceita-se um período de dedicação semanal em home office.
Mais informações sobre as bolsas de Treinamento Técnico da FAPESP: www.fapesp.br/bolsas/tt.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 21/06/2024 - Insper e Ipen firmam acordo para fomentar o desenvolvimento tecnológicoFonte: Site Insper
Tiago Cordeiro
De um lado, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), uma autarquia gerenciada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ocupa uma área de 500 mil metros quadrados dentro do campus da Universidade de São Paulo (USP), onde desenvolve pesquisas em biotecnologia, física nuclear, radioquímica, materiais avançados, nanotecnologia e na obtenção e preparação de cerâmicas especiais, biomateriais e crescimento de monocristais para o uso em lasers.
De outro, o Insper, uma instituição sem fins lucrativos, dedicada ao ensino e à pesquisa, que oferece cursos de graduação, pós-graduação lato e stricto sensu, além de educação executiva e programas customizados. É reconhecido pela formação de líderes inovadores, com foco em pesquisa aplicada e um olhar dedicado às demandas da sociedade e das organizações, do Brasil e do exterior.
A partir de agora, as duas instituições vão atuar em parceria. O acordo foi formalizado em um evento realizado no dia 18 de junho, ocasião em que pesquisadores de ambos os espaços reforçaram os laços — um esforço iniciado ao longo dos últimos meses e que incluiu uma visita do Insper ao Ipen, em fevereiro. Naquela ocasião, já ficou claro que uma série de pesquisas desenvolvidas ali tem grandes aplicações práticas, incluindo, por exemplo, um estudo que envolve o uso de laser na agricultura; ele pode ser acoplado a um drone e, assim, auxiliar no controle de pragas.
Desenvolvimento tecnológico aplicado
Em abril, uma nova visita consolidou a parceria e já coletou algumas das assinaturas necessárias. Agora, durante o encontro do dia 18, foi a vez de o Insper receber representantes do Ipen, que conheceram alguns dos Projetos Finais de Engenharia (PFEs) da instituição. Trata-se de um dos marcos de conclusão do processo de formação da graduação na área, na medida em que coloca os alunos para desenvolver soluções voltadas para demandas reais de empresas e instituições. Também foram realizadas as assinaturas finais, formalizando o acordo de maneira definitiva."Para nós, é uma satisfação celebrar [neste evento] o que iniciamos há alguns meses, uma parceria que será muito proveitosa para todos. Acreditamos que daqui vão surgir muitas inovações, muitos trabalhos de tecnologia que acreditamos que poderão ser transferidos à sociedade para o seu próprio benefício”, diz Isolda Costa, pesquisadora e superintendente do Ipen.
Para Guilherme Martins, presidente do Insper, o acordo de cooperação com o Ipen é um marco que vem ao encontro dos objetivos da escola em ampliar as atividades de pesquisa voltadas para inovação. "Acordos como esse são essenciais para que o Insper possa cada vez mais continuar contribuindo com o país, assim como o Ipen faz tão bem. O nosso compromisso é fazer muito investimento nos próximos anos para expandir o nosso impacto do desenvolvimento tecnológico aplicado.”
Expertises complementares
Como afirma Arnaldo Silva, que já foi subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e atua como consultor para o Ipen, a aproximação entre as instituições visa aproveitar a expertise do Insper em transformar resultados de pesquisas em produtos de inovação para a sociedade"Pela natureza das atividades que desenvolve, o Ipen protege seu patrimônio intelectual, valoriza a produção de patentes. Da porta para dentro, está muito bem estruturado. A parceria com o Insper vai ajudar a dar maior visibilidade para essas pesquisas, da porta para fora, com o apoio de pesquisadores e alunos acostumados a desenvolver trabalhos com foco em inovação e na aplicabilidade dos projetos.”
Para Cristine Pinto, professora titular do Insper, diretora de pesquisa e coordenadora do Centro de Ciência de Dados (CCD) da instituição, além de impulsionar as pesquisas já desenvolvidas pelo Ipen, a proposta da parceria é fomentar trabalhos em conjunto com os professores das graduações em Engenharia do Insper.
"As duas instituições têm expertises que se complementam. O Ipen tem dificuldade em levar ao mercado as pesquisas de ponta que desenvolve e o Insper tem esse olhar para a inovação e as demandas da sociedade”, afirma. "Além disso, para nossos docentes e alunos, o contato com os pesquisadores e os laboratórios de uma instituição de referência como o Ipen representa uma grande oportunidade.”
Para Niklaus Wetter, diretor de pesquisa, desenvolvimento e ensino do Ipen, a complementaridade entre as duas instituições traz fluidez para esse acordo. "Muita gente pode achar que há uma grande diferença entre essas duas instituições, mas não é bem assim. Há fluidez em termos de ensino e pesquisa. As instituições têm muito em comum e há muitas possibilidades a serem exploradas, o que beneficiará os dois lados.”
Foco na interdisciplinaridade
A proposta, a partir de agora, é reforçar os contatos entre os pesquisadores para, de forma orgânica, começar a desenvolver projetos em conjunto, diz Joice Miagava, professora do Insper em tempo integral desde 2015 e coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI). "Creio que a parceria pode ser bastante benéfica para ambos os lados. O Ipen é uma instituição bastante consolidada na pesquisa, com infraestrutura de ponta e equipe muito especializada. O Insper tem como um dos pilares a inovação e um corpo docente e discente que entende que a interdisciplinaridade é muito importante para o sucesso de um projeto”.Ao mesmo tempo, a Engenharia do Insper ainda está dando seus primeiros passos na pesquisa, aponta ela. "Está buscando se estruturar nessa frente. Isso ocorre depois de a maioria do corpo docente ter ficado focado no desenvolvimento e consolidação do curso de graduação. Assim, para os professores da Engenharia, pode ser uma forma de voltar a estar mais próximo da pesquisa, de se atualizar e retomar essa carreira.” Com a vantagem adicional de contar com o compartilhamento de infraestrutura de pesquisa, que tem custos elevados.
"Não faz sentido cada equipe de pesquisa ter o seu próprio equipamento e não compartilhar com outros. Isso porque, de alguma forma, os custos podem ser ‘distribuídos’ e porque equipamentos, quando ficam muito ociosos, têm uma tendência maior a dar problemas”, diz Miagava.
Já para o Ipen, entre os benefícios imediatos, estão a capacidade de contar com alunos do Insper para acelerar o desenvolvimento de projetos. "Além disso, algumas das expertises de nossos professores podem ser complementares às deles e agregar no desenvolvimento das ideias e soluções. Alguns exemplos de nossas áreas que podem ter interface e podem gerar bons projetos em conjunto é a inteligência artificial, a manufatura avançada e a bioengenharia”, afirma ela.
Oportunidades para empreender
A capacidade de inovar do Insper vai se mostrar crucial para o sucesso deste acordo, como afirma Rodrigo Amantea, head do Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha. "Para o Hub, esta é uma oportunidade muito interessante. Existe uma competência de pesquisa instalada no Ipen que pode ser complementar à nossa capacidade de formar empreendedores. Temos diante de nós um amplo leque de oportunidades de projetos que podem ser desenhados em conjunto, construindo em cima de competências complementares do Ipen e do Insper. Podemos transformar tecnologias incríveis em negócios.”
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- 20/06/2024 - Caldo de cana é usado para produzir energia elétricaFonte: Engenharia Hoje
Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), vinculado à USP, realizaram uma descoberta inovadora: a utilização do caldo de cana para gerar energia elétrica em células a combustível.Diferente do processo tradicional que transforma o caldo em etanol, essa nova técnica evita a formação de resíduos nocivos ao meio ambiente, como a vinhaça. Após o sucesso dos experimentos em laboratório, o próximo passo dos cientistas é desenvolver essa técnica em escala industrial.
Funcionamento das células a combustível
O pesquisador Almir Oliveira Neto, que coordenou a pesquisa, explica que a célula a combustível opera de maneira semelhante a uma pilha, mas com o combustível sendo consumido para gerar eletricidade. A célula possui dois eletrodos: o ânodo, onde ocorre a oxidação do combustível, e o cátodo, onde o oxigênio é reduzido.
Entre os dois eletrodos, há uma membrana que age como eletrólito, conduzindo eletricidade e formando um sistema que gera energia elétrica. No caso do dispositivo desenvolvido, a oxidação do caldo de cana acontece no ânodo e a redução de oxigênio no cátodo.
Uma das grandes vantagens do uso do caldo de cana direto é a ausência de resíduos ambientais perigosos, como a vinhaça, que é um subproduto da produção de etanol. Isso contribui significativamente para a preservação ambiental. Além disso, a energia gerada pode ser direcionada para a fabricação de produtos de maior valor agregado, como ácidos glucônico, sacárico, lático, levulínico e furfural, que têm diversas aplicações nas indústrias alimentícia, de cosméticos, farmacêutica e de polímeros.
Segundo Oliveira Neto, a célula a combustível pode utilizar o caldo de cana obtido diretamente da moagem, similar ao vendido em feiras livres. No entanto, é necessário padronizar esse caldo devido às variações sazonais da cana. Para a pesquisa, foi produzido um caldo de cana sintético para comparação de resultados, mas também foi utilizado caldo de cana in natura em estudos anteriores.
Escalabilidade da tecnologia
O protótipo desenvolvido pelos pesquisadores demonstrou que é possível aumentar a escala em laboratório. Para se trabalhar com maiores quantidades de caldo de cana e obter mais energia, será necessário aumentar a área dos eletrodos e desenvolver a tecnologia para uma escala maior. Além disso, serão necessários mais recursos públicos e privados para concretizar o uso do dispositivo em escala industrial.
O estudo contou com a participação dos pesquisadores Bruno Villardi, Júlio Nadenha, Victória Maia, Priscila Zambiazi e Rodrigo Souza, todos vinculados ao Ipen e ao Programa de Tecnologia Nuclear e Materiais da USP. A supervisão foi de Almir Oliveira Neto, com co-orientação de Rodrigo Souza. Os resultados dessa pesquisa foram publicados em artigos na Revista Virtual de Química e na revista científica Sugar Tech, demonstrando o desempenho eletrocatalítico de diferentes composições de metais para a geração de energia a partir do caldo de cana.
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- 17/06/2024 - Rafael Grossi vem ao Brasil e diz que Agência Internacional de Energia Atômica vai apoiar projetos nucleares no paísFonte: PetroNotícias
O Petronotícias abre o noticiário desta segunda-feira (17) com uma entrevista exclusiva com o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. O dirigente da instituição, ligada à ONU, estará no Brasil ao longo desta semana para uma série de atividades, incluindo a participação em uma audiência pública no Congresso Nacional e no evento Summer Institute. Grossi afirma que sua viagem ao país tem como objetivo reforçar o compromisso da agência com o desenvolvimento do setor nuclear brasileiro. Esse apoio, segundo ele, envolve "atividades ligadas à retomada da construção de Angra 3, a conclusão do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e ao aumento do uso de tecnologia nuclear e radioisótopos em áreas como saúde, meio-ambiente e agricultura". O diretor da AIEA também declara que está empenhado emprestar suporte ao Brasil na superação de desafios ou necessidades que a nação possa enfrentar na área nuclear. "Devo acrescentar, no entanto, que o país não é apenas beneficiário do apoio da Agência, mas também desempenha um papel de destaque a nível regional e até global, apoiando a formação de profissionais de outros países em diferentes áreas", completou Grossi.
O senhor poderia compartilhar conosco quais são os principais objetivos de sua viagem ao Brasil?
O Brasil é um país nuclear muito importante, com um setor nuclear desenvolvido. A motivação da minha visita ao Brasil é reiterar o compromisso da AIEA com o desenvolvimento da energia nuclear no Brasil em benefício da sociedade brasileira. Para este fim, a AIEA continuará a apoiar o programa nuclear civil do Brasil e as atividades em aplicações nucleares. Especificamente esse apoio envolve atividades ligadas à retomada da construção de Angra 3, a conclusão do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e ao aumento do uso de tecnologia nuclear e radioisótopos em áreas como saúde, meio-ambiente e agricultura. A AIEA está pronta para apoiar o Brasil.
De que forma a AIEA pretende apoiar o desenvolvimento do setor nuclear brasileiro?
A AIEA está empenhada em apoiar o Brasil na superação de desafios ou necessidades que o país possa enfrentar na área nuclear, que vão além da geração de energia elétrica e inclui ações nas áreas de saúde, meio ambiente e agricultura. Muitas dessas aplicações ainda são pouco conhecidas do grande público. O apoio da AIEA é fornecido através do seu programa de Cooperação Técnica, no qual o país desenvolve projetos nacionais além de participar de projetos regionais e até inter-regionais.
A AIEA também oferece missões de revisão por pares e de especialistas em áreas selecionadas pelo país. Além disso, profissionais brasileiros participam frequentemente de reuniões técnicas e conferências realizadas em Viena e, com isso, ficam atualizados em relação às boas práticas adotadas nas áreas de desenvolvimento tecnológico e segurança. Em suma, um portfólio muito amplo de oportunidades está disponível para o Brasil. Devo acrescentar, no entanto, que o país não é apenas beneficiário do apoio da Agência, mas também desempenha um papel de destaque a nível regional e até global, apoiando a formação de profissionais de outros países em diferentes áreas.
Na sua opinião, quais são os principais desafios enfrentados pelo setor nuclear brasileiro e como eles podem ser superados?
O Brasil fez grandes avanços no campo nuclear de uma forma geral. Exemplo disto pode ser visto pela operação confiável de suas instalações de geração de energia nuclear e por sua pesquisa de tecnologia nuclear de ponta. A nação tem um forte programa nuclear que inclui avanços na pesquisa de reatores e na produção de combustível nuclear. No entanto, existem obstáculos ao crescimento sustentável, incluindo a necessidade de construir mais infraestruturas, obter financiamento a longo prazo, defender a segurança nuclear e ganhar a confiança do público, demonstrando que a energia nuclear é segura, viável e pode contribuir para o crescimento económico e bem-estar social da população brasileira.
Por fim, poderia falar sobre sua participação no World Nuclear University Summer Institute e a importância deste evento?
O World Nuclear University Summer Institute é uma oportunidade fantástica para construir recursos institucionais e humanos nas indústrias nucleares brasileiras e internacionais. O evento promove o compartilhamento de conhecimento e o desenvolvimento de redes colaborativas entre profissionais de todo o mundo, o que é crucial para a inovação e o avanço contínuo. Prevê-se que os participantes irão adquirir competências avançadas e uma perspectiva global que poderão utilizar para promover o desenvolvimento de novas tecnologias nucleares e melhorar a operação e a segurança das instalações nucleares nos seus países de origem.
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- 14/06/2024 - Feridos, cavalos resgatados de inundações no RS são tratados com tecnologia nuclearPesquisadores testam curativos em lesões causadas pelo longo período que animais ficaram na água
Pesquisadores testam curativos em lesões causadas pelo longo período que animais ficaram na água
Fonte: Folha de São Paulo
Felipe Prestes
Porto Alegre -
Quinze cavalos atingidos pelas recentes chuvas no Rio Grande Sul sofreram lesões graves na pele, alguns deles com quase metade de todo o órgão atingido. Três deles não resistiram e morreram. Para tratar os demais, veterinários testam um curativo em forma de gel, com nanopartículas de prata, produzidas por radiação.
O material, inicialmente projetado para aplicação em humanos, foi enviado nesta semana pelo Laboratório Nacional de Nanotecnologia Aplicada às áreas Nuclear e Correlatas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Nuclear-Nano/CNEN) para a cidade de Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre.
O lote teve como destino a Clínica Guadalupe, que recebeu os 15 cavalos retirados de uma área atingida no município de Eldorado do Sul. "A imersão durante um longo período provoca uma diminuição no fluxo do sangue. Sem sangue, o tecido necrosa e a pele cai", relata o veterinário Guilherme Alberto Machado, proprietário do local.
O coordenador do NuclearNano, Ademar Benévolo Lugão, diz que a forma de gel é um dos diferenciais do curativo em relação a modelos comuns, como a gaze, que grudam na pele e provocam novas feridas.
"Você tipicamente lava as feridas e coloca uma gaze seca por cima", explica ele. "Só que isso é uma técnica muito antiga. Se a ferida, por exemplo, tem sangue, fluidos, essa gaze gruda na ferida e você cria uma nova ferida cada vez que for trocar o curativo. Então, há algumas décadas se descobriu que uma superfície úmida, que não adere à ferida, propicia uma cura mais rápida."
Além de oferecer os benefícios da umidade, o curativo desenvolvido pelo NuclearNano tem nanopartículas de prata, que atuam como antisséptico e anti-inflamatório. A radiação serve ainda para esterilizar os curativos. Todos os três processos (transformação de líquido em gel, produção de nanopartículas de prata e esterilização) são feitos com a mesma irradiação. "Um processo que teria várias etapas, fazemos tudo isso em uma operação só. Então, o custo é muito baixo", afirma Lugão.
O curativo será utilizado pela primeira vez em cavalos e está em fase de testes clínicos para aplicação em humanos. O coordenador do NuclearNano afirma acreditar que, quando for produzido em escala industrial, poderá ter baixíssimo custo. "A gente pensou em um curativo que o SUS possa se interessar e possa ser amplamente distribuído."
Os hidrogéis são irradiados nas instalações do irradiador multipropósito de cobalto-60 no Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), unidade da CNEN na Cidade Universitária, na zona oeste paulistana. O processo é como se fosse o de fazer uma gelatina, afirma Lugão. "A gelatina é líquida e quando esfria gelatiniza. No nosso caso, temos um líquido (formado por 90% de água, cerca de 9% de PVP (polivinilpirrolidona) e o restante por ágar-ágar, uma substância gelatinosa) que gelatiniza após irradiação, pois a radiação promove a reticulação molecular, ou seja gelatinização."
Um médico veterinário gaúcho que atua na USP foi quem entrou em contato com os colegas da Clínica Guadalupe, sugerindo a utilização. Veterinários de Nova Santa Rita e os vo se torne o mais adequado possível para os equinos.
"Neste momento enviamos cem placas, de 100 cm² cada, para saber o resultado, se vão, de fato, ajudar. A gente tem condições de modificar a placa de hidrogel para configurações mais adequadas, os veterinários darão o retorno, se precisam que seja mais forte, mais grossa, que tenha mais prata, o PH mais neutro ou mais ácido", exemplifica Lugão. "Os testes clínicos são feitos dentro de protocolos de ética, que envolvem o consentimento esclarecido dos pacientes. Nesse caso, dos tutores."
"Estou com uma esperança muito grande nesse curativo, por ser úmido, à base de água, e permitir que eu coloque outras medicações junto com ele. E não vai colar na pele, diminuindo a dor nos animais", afirma Machado.
Lugão diz que poder ajudar os animais atingidos pela tragédia climática motiva todos os pesquisadores do laboratório. "É realmente um prazer enorme quando a gente vê que contribui para o bem-estar da sociedade. Isso mostra a importância do trabalho, motiva os estudantes, motiva que trabalhem com mais afinco, é estimulante. O grupo já está propondo novos curativos, é um círculo virtuoso."
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- 12/06/2024 - Medicina Nuclear salva cavalos com ´Síndrome de Imersão` vítimas da tragédia no Rio Grande SulFonte: Blog Tania Malheiros
Na segunda-feira, 10/06, lotes de curativos produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons, parte da medicina nuclear, desenvolvidos no Laboratório do SisNANO do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) – NuclearNano, foram enviados ao Rio Grande do Sul para auxiliar no tratamento de cavalos resgatados de uma hotelaria em Eldorado do Sul (RS).Um grupo de veterinários voluntários do Rio Grande do Sul contatou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em busca de colaboração da Medicina Nuclear para recuperar a saúde dos cavalos, alguns com quase 50% da pele lesionada, correndo sérios riscos de morte.Nos últimos anos, com o desenvolvimento de hidrogéis com nanopartículas de prata irradiados, produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons, a medicina nuclear vem dando passos significativos, informou o IPEN-CNEN. Vítimas de "síndrome de imersão" – o popular "choque térmico", os cavalos apresentam lesões graves na pele, o maior órgão do corpo desses equinos. Em alguns casos, até 50% da pele apresentam lesões, comprometendo a parte sistêmica e exigindo cuidados especiais para prevenir infecções e promover a cicatrização com segurança.Reconhecendo a gravidade da situação, um grupo de veterinários da Clinvet Guadalupe, responsáveis pelo tratamento dos animais, procurou os pesquisadores do NuclearNano em busca de colaboração para tentar salvar os cavalos. Ademar Benévolo Lugão, coordenador do NuclearNano, explica que os curativos à base de hidrogéis com nanopartículas de prata passam pelo processo de irradiação, ocorrendo a gelificação de forma simultânea à esterilização do curativo.
O pesquisador ressalta que a irradiação também colabora para a formação e a estabilidade das nanopartículas de prata. "Como o o processo utiliza apenas uma etapa de esterilização por radiação, permite que os curativos sejam produzidos com custos baixíssimos, em torno de R$ 1 por curativo de 100cm2”, acrescenta Lugão. Os hidrogeis são irradiados no Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade da CNEN em São Paulo, localizada na Cidade Universitária. Compostos por 90% de água, propiciam um ambiente úmido que, de acordo com Lugão, estimula a recuperação das lesões.
"Além disso, é totalmente transparente, permeável ao oxigênio, não aderente à ferida, resistente à manipulação por enfermeiros, porém, extremamente macio, de forma a se constituir numa segunda pele, diminuindo ou mesmo eliminando a dor das feridas”, afirma o pesquisador. Totalmente estéreis, os curativos já foram usados em testes clínicos com queimados, testes clínicos com feridas crônicas de hanseníase e leishmaniose, e testes clínicos em feridas de bebes recém-nascidos em tratamento em UTIs. Lugão vem trabalhando há mais de uma década no desenvolvimento de hidrogeis e tem a expectativa de uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Laboratório SisNano NuclearNano/CNEN fica sediado no Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do IPEN. De acordo com Lugão, os curativos serão aplicados nos equinos com o auxílio de pastas veterinárias específicas para essas feridas, que demandam um pH bem ácido. O pesquisador adianta estudos para desenvolver, a curto prazo, soluções mais adequadas das lesões por síndrome de imersão em equinos.
"A intenção do IPEN/CNEN é desenvolver rapidamente um novo curativo processado por radiação com o pH e dimensões ajustadas às necessidades específicas desse caso”.
O grupo de veterinários voluntários é coordenado por Guilherme Machado e Paula Bernardo, proprietários da Clínica Guadalupe, local onde estão internados os equinos. Também integram esta equipe Juliana Osório, proprietária da Clínica de Fisioterapia Equina, que leva o seu nome, e Maria Inês Allgayer, CEO da Therapy4horses, empresa de fisioterapia e reabilitação equina, com ênfase em animais de alta performance, situada em Purcell, Oklahoma (EUA), cidade conhecida como a "Capital do Cavalo Quarto de Milha no Mundo”.
A equipe também inclui voluntários que trabalham na Clínica Guadalupe. O grupo conta, ainda, com a colaboração do pesquisador Julio David Spagnolo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, e colaboradores da CNEN, dedicados à produção dos curativos. Para saber como ajudar, basta acessar a conta @clinvet_guadalupe na rede social Instagram.
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- 12/06/2024 - Tecnologia nuclear pode salvar cavalos com 'síndrome de imersão', vítimas das enchentes no RSFonte: CNEN
A tecnologia nuclear tem se mostrado uma aliada poderosa no campo da saúde, especialmente através da medicina nuclear e, nos últimos anos, com o desenvolvimento de hidrogéis com nanopartículas de prata irradiados, produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons. Na segunda-feira, 10, lotes desses curativos inovadores, desenvolvidos no Laboratório do SisNANO da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – NuclearNano, foram enviados ao Rio Grande do Sul para auxiliar no tratamento de cavalos resgatados de uma hotelaria em Eldorado do Sul (RS).Vítimas de "síndrome de imersão" – o popular "choque térmico", os cavalos apresentam lesões graves na pele, o maior órgão do corpo desses equinos. Em alguns casos, até 50% da pele está lesionada, comprometendo a parte sistêmica e exigindo cuidados especiais para prevenir infecções e promover a cicatrização com segurança. Reconhecendo a gravidade da situação, um grupo de veterinários da Clinvet Guadalupe, responsáveis pelo tratamento dos animais, procurou os pesquisadores do NuclearNano em busca de colaboração para tentar salvar os cavalos.
Ademar Benévolo Lugão, coordenador do NuclearNano, explica que os curativos à base de hidrogéis com nanopartículas de prata passam pelo processo de irradiação, ocorrendo a gelificação de forma simultânea à esterilização do curativo. O pesquisador ressalta que a irradiação também colabora para a formação e a estabilidade das nanopartículas de prata. "Como o o processo utiliza apenas uma etapa de esterilização por radiação, permite que os curativos sejam produzidos com custos baixíssimos, em torno de R$ 1 poe curativo de 100cm2”, acrescenta Lugão.
Os hidrogeis são irradiados no Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade da CNEN em São Paulo, localizada na Cidade Universitária. Compostos por 90% de água, propiciam um ambiente úmido que, de acordo com Lugão, estimula a recuperação das lesões. "Além disso, é totalmente transparente, permeável ao oxigênio, não aderente à ferida, resistente à manipulação por enfermeiros, porém, extremamente macio, de forma a se constituir numa segunda pele, diminuindo ou mesmo eliminando a dor das feridas”, afirma o pesquisador.
Totalmente estéreis, os curativos já foram usados em testes clínicos com queimados, testes clínicos com feridas crônicas de hanseníase e leishmaniose, e testes clínicos em feridas de bebes recém-nascidos em tratamento em UTIs. Lugão vem trabalhando há mais de uma década no desenvolvimento de hidrogeis e tem a expectativa de uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS). O Laboratório SisNano NuclearNano/CNEN fica sediado no Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do IPEN.
De acordo com Lugão, os curativos serão aplicados nos equinos com o auxílio de pastas veterinárias específicas para essas feridas, que demandam um pH bem ácido. O pesquisador adianta estudos para desenvolver, a curto prazo, soluções mais adequadas ãs lesões por síndrome de imersão em equinos. "A intenção do IPEN/CNEN é desenvolver rapidamente um novo curativo processado por radiação com o pH e dimensões ajustadas às necessidades específicas desse caso”.
O grupo de veterinários voluntários é coordenado por Guilherme Machado e Paula Bernardo, proprietários da Clínica Guadalupe, local onde estão internados os equinos. Também integram esta equipe Juliana Osório, proprietária da Clínica de Fisioterapia Equina, que leva o seu nome, e Maria Inês Allgayer, CEO da Therapy4horses, empresa de fisioterapia e reabilitação equina, com ênfase em animais de alta performance, situada em Purcell, Oklahoma (EUA), cidade conhecida como a "Capital do Cavalo Quarto de Milha no Mundo”.
A equipe também inclui voluntários que trabalham na Clínica Guadalupe. O grupo conta, ainda, com a colaboração do pesquisador Julio David Spagnolo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, e colaboradores da CNEN, dedicados à produção dos curativos. Para saber como ajudar, basta acessar a conta @clinvet_guadalupe na rede social Instagram.
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- 07/06/2024 - Envio de propostas à primeira chamada SPRINT de 2024 vai até 24 de junhoModalidade apoia a mobilidade de pesquisadores com auxílios FAPESP para colaborações com parceiros em instituições no exterior
Modalidade apoia a mobilidade de pesquisadores com auxílios FAPESP para colaborações com parceiros em instituições no exterior
Fonte: Agência FAPESP
Termina em 24 de junho o prazo de submissão de propostas à primeira chamada da modalidade SPRINT – São Paulo Researchers in International Collaboration.
A iniciativa tem como objetivo promover o engajamento de pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo com pesquisadores parceiros no exterior para que possam avançar qualitativamente em projetos de pesquisa em andamento e trabalhar cooperativamente visando à elaboração de projetos de pesquisa conjuntos de médio e longo prazo.
A chamada está aberta a propostas em parceria:
• com pesquisadores de qualquer instituição estrangeira que comprovem o financiamento das missões por parte de sua própria universidade ou de agência de fomento pela qual tenham projeto contemplado.
• com pesquisadores de instituições estrangeiras interessadas que tenham definido condições para recebimento de propostas em colaboração e financiamento das suas equipes em missões científicas nas instituições de pesquisa no Estado de São Paulo.
Podem submeter propostas pesquisadores responsáveis por Auxílios à Pesquisa FAPESP vigentes nas modalidades: Regular (exceto projetos de mobilidade), Projeto Temático, Jovem Pesquisador, Projeto Inicial (Pi), Projeto Geração, Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), Centros de Pesquisa em Engenharia/Centros de Pesquisa Aplicada (CPEs/CPAs), Programa Ensino Público, Programa de Pesquisa em Políticas Públicas e Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE). Pesquisadores principais de Projetos Temáticos, CEPIDs, CPEs, CPAs e PITEs vigentes também são elegíveis para a submissão de propostas.
Caso a proposta submetida à FAPESP tenha mérito, somente poderá ser aprovada se os pesquisadores parceiros apresentarem evidência de que também obtiveram aprovação do adequado financiamento para a sua parte das despesas de colaboração.
O financiamento máximo de contrapartida da FAPESP será equivalente a até US$ 10 mil por ano para projetos de até no máximo dois anos de duração.
Os recursos deverão ser utilizados em atividades como intercâmbio de pesquisadores, visitas para planejamento de pesquisa, participação em workshops internacionais e atividades iniciais de coleta de dados.
O envio de projetos à FAPESP deverá ser feito exclusivamente por meio do Sistema de Apoio à Gestão (SAGe).
A chamada de propostas está publicada em: fapesp.br/sprint/chamada12024.
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- 06/06/2024 - Escola de Nêutrons está com inscrições abertas para pós-graduandos e jovens pesquisadores.Fonte: Portal IFI-UNICAMP
A Escola de Nêutrons ISIS/Brasil será realizada de 02 a 11 de setembro de 2024 no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN, em São Paulo, com organização conjunta de cientistas do Brasil (entre eles, o docente do IFGW Eduardo Granado) e do Reino Unido. A escola é orientada para estudantes de pós-graduação e jovens pesquisadores de instituições brasileiras que atuam em uma das muitas áreas do conhecimento que podem se beneficiar de experimentos com nêutrons.
A Fonte de Nêutrons e Múons ISIS, Reino Unido, fornece 35 instrumentos, 30 dos quais são dedicados a técnicas de nêutrons. O Fundo de Parcerias Científicas Internacionais do Reino Unido (ISPF) está fornecendo recursos para incentivar o uso do ISIS por cientistas brasileiros e para promover colaborações destes com pesquisadores do ISIS. Nesse contexto, será realizada a Escola de Nêutrons ISIS/Brasil.
A data-limite para recebimento de inscrições é 30 de junho. Há recursos (limitados) para fornecer auxílio à participação de estudantes e jovens doutores.
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- 05/06/2024 - FAPESP atualiza normas de Auxílio à Pesquisa Regular e Bolsas de IC, MS, DD, DR e PDFonte: Agência FAPESP
A FAPESP, como parte de suas ações para simplificação dos processos e aumento da excelência das propostas selecionadas, implementou em 1º de junho mudanças significativas nas normas de seis linhas de fomento.
Dentre as modalidades que receberam modificações destacam-se:
O teto orçamentário passou de R$ 300 mil para R$ 600 mil, sem considerar os valores de Reserva Técnica (Benefícios Complementares e Parcela para Custos de Infraestrutura Direta do Projeto) e Reserva Técnica Institucional.
A duração também foi aumentada de 24 para 36 meses. Outra novidade é a possibilidade de solicitação de Bolsas como Item Orçamentário (BCO) nas modalidades Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado Direto, Doutorado, Pós-Doutorado, Jornalismo Científico e Ensino Público, além de Treinamento Técnico e Participação em Curso já permitidas.
A duração da Bolsa passa de 24 para 36 meses, com possibilidade de prorrogação até 48 meses se vinculada a Auxílio Projeto Temático, CEPID, CPE/CPA, SPEC ou Jovem Pesquisador.
Os valores da Bolsa foram aumentados, equiparando-se aos valores da Bolsa de Doutorado.
Os Relatórios Científicos passam de semestrais para anuais.
As novas regras são válidas para propostas submetidas a partir de 1º de junho.
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- 04/06/2024 - CNN divulga pesquisa sobre nova tecnologia para baterias de chumbo desenvolvida no IPENO trabalho dos pesquisadores Rodrigo Souza, Edson Soares, Almir Oliveira Neto e demais membros do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CECCO) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em São Paulo, foi pauta do programa Mais Verde da TV CNN.
A pesquisa, divulgada recentemente, destaca a criação de uma bateria a partir de nanopartículas de chumbo com características superiores às existentes no mercado. Com tamanho 90% menor e 20 vezes mais leve, ela apresenta melhor desempenho e pode ser aplicada a várias utilizações como dispositivos móveis, estações meteorológicas e automóveis elétricos.
A reportagem da CNN está disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=JdJTNE91ZHw
Você também pode ler a reportagem completa no site do IPEN: -
- 03/06/2024 - Cooperação técnica é tema de reunião com instituição internacional no CDTNFonte: Site Comissão Nacional de Energia Nuclear
Na última segunda-feira, 27, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) abriu a programação de três dias de encontros entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Joint Institute for Nuclear Research (JINR) no Brasil. O JINR é reconhecido como um centro científico internacional de grande porte e multidisciplinar. Localizado na Rússia, o instituto possui 16 países-membros. O objetivo da ação é prospectar acordos de cooperação entre as instituições da CNEN e o JINR.
Os diretores do JINR, Norbert Kučerka e Sergey Kulikov, foram recebidos pela diretora do CDTN, Amenônia Ferreira, e pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo. No período da manhã, as três instituições apresentaram o escopo de suas atividades e áreas de atuação. "Atuamos em várias áreas da ciência e tecnologia nuclear no CDTN, todas elas preocupadas com a sustentabilidade do setor. Aqui as pesquisas contam com o apoio dos Laboratórios de Química e Radioquímica, com competências para detectar limites abaixo dos níveis ambientais”, comentou Amenônia.
Durante a tarde, as discussões se voltaram para a área de ensino. O coordenador do Programa de Pós-Graduação do CDTN (PPG-CDTN), Andre Campagnole, apresentou o cenário do ensino no Brasil, as possibilidades de fomento à pesquisa e os cursos de formação especializada ofertados pelo PPG-CDTN. "Nosso Programa de Pós-Graduação alcançou a nota 5 de 7 na avaliação da Capes, o que significa excelência nacional. Parcerias e cooperações com instituições de outros países são bastante interessantes para os nossos campos de conhecimento”, declarou Campagnole, durante a reunião.
Sergey Kulikov expôs as iniciativas na área da educação oferecidas pelo JINR, os programas de bolsa de curta duração para pesquisadores visitantes do mundo inteiro, bem como programas de incentivo aos jovens cientistas.
O encontro contou ainda com a participação da Coordenadora-Geral de Assuntos Internacionais da CNEN, Viviane Simões e do Coordenador-Geral de Ciência e Tecnologia Nucleares da CNEN, Fábio Staude.
Conhecendo as áreas técnicas
Parte da programação compreendeu a visita aos laboratórios e instalações do CDTN. A comitiva visitou a Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos, os laboratórios de beneficiamento do Serviço de Minerais Estratégicos e Materiais Avançados, as instalações do Reator TRIGA IPR-R1 e puderam conhecer as áreas de pesquisa do Laboratório de Física Aplicada.
O CDTN é uma unidade de pesquisa da CNEN, autarquia federal do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Além do Centro, Kučerka e Kulikov participaram de reuniões em mais duas unidades vinculadas à CNEN na região Sudeste: no Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro, no dia 28, e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, no dia 29 de maio.
A instituição
O Joint Institute for Nuclear Researché uma organização internacional e intergovernamental de pesquisa científica estabelecida através de uma convenção assinada em 1956 por onze Estados fundadores e registrada na Organização das Nações Unidas. A organização está localizada em Dubna, na região de Moscou, na Rússia, e conta com mais de 5 mil funcionários.
- Alice Queiróz
- Assessoria de Comunicação
- comunicacao@cdtn.br
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- 03/06/2024 - Estudo detalha os efeitos da irradiação de compostos baseados em prata por feixe de laser e elétronsArtigo foi destaque de capa na revista Nano Letters; resultados poderão contribuir para projetar a próxima geração de materiais eletrônicos, no âmbito da indústria de semicondutores e da nanotecnologia
Artigo foi destaque de capa na revista Nano Letters; resultados poderão contribuir para projetar a próxima geração de materiais eletrônicos, no âmbito da indústria de semicondutores e da nanotecnologia
Fonte: Agência FAPESP
Os efeitos da irradiação por laser (LI) e por elétrons (EI) nas propriedades estruturais e eletrônicas de diferentes semicondutores foram investigados em estudo computacional desenvolvido por meio de uma colaboração entre Brasil e Espanha. Artigo a respeito foi publicadocomo destaque de capa na revista Nano Letters.
O trabalho foi conduzido pelo pós-doutorando Luís Antônio Cabral, com a supervisão do professor Edison Zacarias da Silva. Ambos são do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (IFGW-Unicamp).
"Investigamos diferentes haletos de prata [AgX] – cloreto de prata [AgCl], brometo de prata [AgBr] e iodeto de prata [AgI] –, utilizando um modelo de duas temperaturas para modelar o efeito da irradiação por um feixe laser e a dinâmica molecular ab initio com a adição de elétrons para simular o efeito da irradiação por um feixe de elétrons. As simulações de dinâmica molecular ab initio forneceram uma visualização clara de como a temperatura e o número de elétrons afetam a estrutura cristalina e as propriedades eletrônicas dos materiais”, conta Cabral.
Segundo o pesquisador, os resultados mostraram os processos de difusão dos íons Ag+ e X- e a amorfização das redes de AgX. Vale lembrar que a palavra "amorfização” se refere à transformação de materiais cristalinos (compostos por átomos, moléculas ou íons ordenados tridimensionalmente de uma forma periódica) em materiais amorfos (que já não apresentam uma ordenação de longo alcance). Ambas as formas de irradiação resultam em uma perda gradual da estrutura cristalina ordenada de AgX, levando à amorfização. Outro dado importante foi a formação de nanoclusters de prata e de haletos em condições de alta temperatura e alta irradiação eletrônica, o que sugere uma mudança fundamental nas propriedades químicas do material.
O horizonte de aplicação tecnológica inclui a possibilidade de projetar a próxima geração de materiais eletrônicos, no âmbito da indústria de semicondutores e da nanotecnologia.
"Nos últimos anos, as irradiações por laser e elétrons tornaram-se ferramentas poderosas e inovadoras para modificar materiais semicondutores em escalas nanométricas e atômicas. Isso é particularmente promissor para a síntese de novos materiais semicondutores e para aplicações tecnológicas avançadas. Mas requer uma compreensão detalhada da evolução estrutural de processos fora do equilíbrio iniciados por essas irradiações”, explica Silva.
Com o objetivo de beneficiar outros grupos de pesquisadores interessados nos resultados obtidos em simulações computacionais, o professor disponibiliza o seu e-mail para contato: zacarias@ifi.unicamp.br
Os resultados em pauta foram obtidos durante estágio de pós-doutoramento de Cabral no exterior, realizado na Universitat Jaume I, Espanha, onde integrou o grupo de pesquisa do professor Juan Manoel Andres Bort. O estágio foi contemplado com bolsa da FAPESP.
Adicionalmente, o estudo contou com a participação dos professores Edson Roberto Leite, do Laboratório Nacional de Nanotecnologia do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNNano-CNPEM); Elson Longo, do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); e Miguel Angel San Miguel Barrera https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/683518/miguel-angel-san-miguel-barrera/, do Instituto de Química da Unicamp. E foi favorecido também por outros apoios da FAPESP (projetos: 18/20729-9,13/07296-2, 16/23891-6, 17/26105-4).
O artigo Disentangling the Effects of Laser and Electron Irradiation on AgX (X = Cl, Br, and I): Insights from Quantum Chemical Calculations pode ser acessado em: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.nanolett.3c04130.
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- 28/05/2024 - Terapia à base de luz reduz resistência de bactéria a antibióticosEstudo desenvolvido no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica da USP de São Carlos mostra mudança no grau de sensibilidade bacteriana após cinco aplicações do tratamento conhecido como inativação fotodinâmica; trabalho focou em microrganismos que afetam o sistema respiratório
Estudo desenvolvido no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica da USP de São Carlos mostra mudança no grau de sensibilidade bacteriana após cinco aplicações do tratamento conhecido como inativação fotodinâmica; trabalho focou em microrganismos que afetam o sistema respiratório
Fonte: Agência FAPESP
Como tem sido cada vez mais difícil desenvolver antibióticos capazes de debelar bactérias resistentes, especialmente as que atingem o aparelho respiratório, o caminho trilhado por um grupo de cientistas foi o de tentar enfraquecê-las para que as substâncias disponíveis para o tratamento tenham mais eficácia. E ele se mostrou promissor.
Pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) aponta que a inativação fotodinâmica (PDI, na sigla em inglês para photodynamic inactivation) apresentou característica inovadora ao modificar o grau de sensibilidade bacteriana aos antibióticos de acordo com as dosagens, reduzindo a resistência e a persistência dos microrganismos.
O grupo, liderado pelo físico e engenheiro de materiais Vanderlei Salvador Bagnato, trabalhou com Staphylococcus aureus – bactérias que podem causar desde infecções cutâneas até pneumonia – encontradas em material coletado de pacientes. Ficou demonstrado que o efeito da ação fotodinâmica "quebrou” a resistência dessas bactérias após a aplicação de cinco ciclos de PDI.
A fotodinâmica utiliza luz e um fotossensibilizador que, em contato com a luminosidade, ganha energia e inicia uma série de reações com o oxigênio no local, causando oxidação e destruindo o microrganismo ou diminuindo sua resistência aos antibióticos.
Os pesquisadores usaram a curcumina (com dosagem de 10 microgramas/ml) como fotossensibilizador e trabalharam com os antibióticos amoxicilina, eritromicina e gentamicina. Depois das cinco aplicações da inativação fotodinâmica, detectaram que a Staphylococcus aureus ficou mais suscetível aos efeitos da gentamicina, apesar de outros dois antibióticos também terem se mostrado eficazes no "ataque” ao microrganismo após as sessões.
"Descobrimos que fazendo o processo fotodinâmico às vezes não é possível matar a bactéria, mas conseguimos destruir parte dos mecanismos que ela utiliza para se tornar resistente. Daí veio a ideia de tentar um choque oxidativo para torná-las novamente suscetíveis aos antibióticos”, diz à Agência FAPESP o professor Bagnato, que coordena o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF).
Ligado ao Instituto de Física de São Carlos (IFSC) – uma das unidades da Universidade de São Paulo (USP) –, o CePOF é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP, que também financiou o estudo por meio de outros dois projetos (14/50857-8e19/12694-3). O trabalho tem como primeira autora a pesquisadora Jennifer Soares, que foi aluna de doutorado da professora Kate Cristina Blanco, que também assina o artigo, e de Bagnato.
Cenário
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a resistência antimicrobiana como uma das dez principais ameaças à saúde pública no mundo. Ela ocorre quando microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) sofrem alterações ao serem expostos a antimicrobianos, como antibióticos e antivirais, por exemplo.
Recentemente, a lista de bactérias que mais ameaçam a saúde humana foi atualizada – a primeira versão havia sido lançada em 2017 pela OMS. O novo documento, divulgado em 17 de maio, contém 15 famílias de bactérias resistentes a antibióticos agrupadas em categorias de priorização crítica, alta e média. A lista serve de referência para o desenvolvimento de novos tratamentos.
Estima-se que cerca de 1,2 milhão de mortes são causadas por bactérias resistentes a cada ano e quase 5 milhões de óbitos estariam indiretamente associados a elas. O custo global do problema, de acordo com a OMS, pode chegar a US$ 100 trilhões até 2050.
Segundo relatório da própria organização, de cada cem pacientes internados em hospitais para cuidados intensivos, sete – em países de alta renda – e 15 – nos de baixa e média renda – contraem ao menos uma infecção associada a microrganismos resistentes. Em média, um a cada dez pacientes infectados morrerá por esse motivo.
Já a chance de novos antibióticos serem autorizados pela Food and Drug Administration (FDA) – agência norte-americana que faz o controle de alimentos, suplementos alimentares, medicamentos e outros materiais biológicos – para estudos clínicos em humanos é de seis em dez. Além disso, a probabilidade de os tratamentos aprovados serem uma nova classe de antibióticos é de apenas 25%, reduzindo assim a possibilidade de atacar a resistência bacteriana pelo fato de a maioria dos novos antimicrobianos derivar de classes já existentes.
Bagnato explica que vem trabalhando há alguns anos particularmente com foco em pneumonia resistente, um dos tipos que mais levam à morte em unidades de tratamento intensivo quando se trata de casos de infecção resistente a antibióticos. "Estamos perto de publicar outro artigo demonstrando uma técnica aplicada diretamente no pulmão. O paciente inala uma molécula indutora, fazemos a iluminação extracorpórea com infravermelho e reduzimos a resistência do microrganismo, combatendo a pneumonia, por exemplo”, antecipa o pesquisador.
Desde 2023, Bagnato está na Universidade Texas A&M (Estados Unidos), onde foi convidado a montar um laboratório de biofotônica no campus principal, localizado na cidade College Station, nos moldes do CePOF. Atualmente, ele está licenciado do IFSC, mas continua sua atuação nas pesquisas do Brasil (saiba mais em: revistapesquisa.fapesp.br/vanderlei-bagnato-nao-sou-fuga-de-cerebro/).
O artigo Recovering the susceptibility of antibiotic-resistant bacteria using photooxidative damage pode ser lido em: www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2311667120#sec-2.
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- 27/05/2024 - Parceria da Marinha forma operadores de reator de pesquisaReator IEA-R1 pode ser utilizado para várias finalidades, como a produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear
Reator IEA-R1 pode ser utilizado para várias finalidades, como a produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear
Fonte: R7
Para apoiar atividades de pesquisa e produção de radioisótopos no reator IEA-R1, militares estão recebendo curso de capacitação. A iniciativa faz parte de parceria entre a Marinha do Brasil e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), unidade técnico-científica da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
O acordo prevê o funcionamento do reator em turnos de operação contínua para produção de radioisótopos, planejando a formação de até 40 operadores de reator e quatro profissionais de radioproteção.
O IEA-R1 é um reator de pesquisa tipo "piscina”, moderado e refrigerado a água leve, que utiliza elementos de berílio e de grafite como refletores. Foi projetado para operar a uma potência máxima de 5 MW.
Ele pode ser utilizado para várias finalidades, como a produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear, como o Samário-153, utilizado como paliativo da dor em metástases óssea e no tratamento de artrite reumatoide, entre outras.
Desde setembro de 2023, já foram licenciados 10 operadores da Marinha, sendo quatro operadores seniores de reator e seis operadores de reator; nove operadores da Força Naval e cinco operadores do Ipens.
Os operadores da Marinha, com os operadores do Ipen, serão responsáveis pela condução da operação e pelo treinamento de novas equipes.
O gerente-adjunto de operações do reator de pesquisa IEA-R1, Alberto Fernando, explica que o curso prepara os militares da Força para o exame de qualificação da Cnen, garantindo a segurança e eficiência na operação de plantas nucleares.
"Os alunos são capacitados por profissionais que já atuam no Centro do Reator de Pesquisas e no Centro de Engenharia Nuclear do Ipen, em São Paulo. Eles ministraram aulas teóricas e práticas de todos os sistemas da instalação que se encontram detalhados no Relatório de Análise de Segurança (RAS). O aproveitamento tem sido ótimo, pois todos os candidatos, treinados sob coordenação dos pesquisadores dr. José Roberto Berretta e dr. Renato Semmler, do Centro do Reator de Pesquisas, foram aprovados, como a turma que concluiu treinamento no final de abril de 2024″, afirma Alberto Fernando.
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- 27/05/2024 - Saiba com funciona a parceria entre a Marinha e o Ipen para formar operadores de reator de pesquisaQualificação é rigorosa e inclui exames teóricos, práticos e entrevistas técnica
Qualificação é rigorosa e inclui exames teóricos, práticos e entrevistas técnica
Fonte: Jovem Pan
A Marinha do Brasil e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) firmaram uma parceria para capacitar militares na operação e produção de radioisótopos no Reator IEA-R1. O objetivo é manter o reator em operação contínua, formando até 40 operadores de reator e quatro profissionais de radioproteção. Em setembro de 2023, dez operadores da Marinha foram licenciados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), seguidos por mais nove operadores da Marinha e cinco do Ipen em abril de 2024. Eles serão responsáveis pela operação do reator e treinamento de novas equipes. Segundo o professor doutor Alberto Fernando, do Ipen, o curso prepara os militares para o rigoroso Exame de Qualificação da CNEN, com aulas teóricas e práticas detalhadas. O treinamento inclui simulações de emergência e avaliações contínuas para garantir a segurança e eficiência na operação do reator.O capitão de corveta Ramon Soares de Faria explicou que a qualificação é rigorosa e inclui exames teóricos, práticos e entrevistas técnicas. O conhecimento abrangente adquirido durante o curso é essencial para a segurança na operação, segundo o professor doutor José Roberto Berreta. A parceria, iniciada em 2019, visa atender à demanda por radioisótopos como Iodo-131 e Lutécio-177, essenciais para pesquisa e desenvolvimento de novos radiofármacos. A diretora-superintendente do Ipen, Dra. Isolda Costa, destacou que essa produção não suprirá toda a demanda nacional, mas será crucial em momentos de escassez.
O almirante de esquadra Alexandre Rabello de Faria, da Marinha, ressaltou que a experiência adquirida pelos militares no Ipen é válida para a operação do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), cumprindo parte dos requisitos da CNEN. O primeiro-sargento Bruno de Oliveira Machado destacou o desafio e a importância de desmistificar a energia nuclear, mostrando seus benefícios para a sociedade. "O maior desafio foi entender como funciona o setor nuclear e crescer profissionalmente. Tivemos que sair da ‘zona de conforto’ e mergulhar na vasta área nuclear para nos especializar”, falou. O reator de pesquisa IEA-R1, do tipo "piscina”, é utilizado para produzir radioisótopos como Samário-153, Iodo-131 e Irídio-192, essenciais para a medicina nuclear.
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- 27/05/2024 - Parceria entre Marinha e IPEN forma operadores de reator de pesquisaO treinamento de operadores faz parte do acordo de cooperação entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear e a Força Naval
O treinamento de operadores faz parte do acordo de cooperação entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear e a Força Naval
Fonte: Agência Marinha de Notícias
A parceria entre a Marinha do Brasil (MB) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), está capacitando militares para apoiar atividades de pesquisa e produção de radioisótopos no Reator IEA-R1. O acordo prevê o funcionamento do reator em turnos de operação contínua para produção de radioisótopos, planejando a formação de até 40 operadores de reator e quatro profissionais de radioproteção.
Em setembro de 2023, após o exame de qualificação da CNEN, foram licenciados 10 operadores da MB, sendo quatro operadores seniores de reator e seis operadores de reator. Em abril de 2024, mais nove operadores da Força Naval e cinco operadores do IPEN foram licenciados.
Os operadores da Marinha, com os operadores do IPEN, serão responsáveis pela condução da operação e pelo treinamento de novas equipes.
O Gerente-Adjunto de Operações do Reator de Pesquisa IEA-R1, professor doutor Alberto Fernando, explica que o curso prepara os militares da Força para o Exame de Qualificação da CNEN, garantindo a segurança e eficiência na operação de plantas nucleares.
"Os alunos são capacitados por profissionais que já atuam no Centro do Reator de Pesquisas e no Centro de Engenharia Nuclear do IPEN, em São Paulo (SP). Eles ministraram aulas teóricas e práticas de todos os sistemas da instalação que se encontram detalhados no Relatório de Análise de Segurança (RAS). O aproveitamento tem sido ótimo, pois todos os candidatos, treinados sob coordenação dos pesquisadores Dr. José Roberto Berretta e Dr. Renato Semmler, do Centro do Reator de Pesquisas, foram aprovados, como a turma que concluiu treinamento no final de abril de 2024” conta Alberto Fernando.
Fases do curso
O Curso de formação do IEA-R1 é dividido em várias fases, começando com uma parte teórica seguida de um treinamento prático intensivo. Os discentes adquirem conhecimentos específicos sobre a planta nuclear, os procedimentos operacionais, normas e regulamentações, além de desenvolverem habilidades e atitudes necessárias para um operador licenciado.O treinamento prático ocorre nas instalações do IEA-R1, permitindo que os alunos lidem com cenários variados, incluindo situações de emergência. Além disso, o curso inclui avaliações contínuas e estágios supervisionados na planta, nos quais os alunos aplicam o conhecimento adquirido sob a supervisão de operadores licenciados.
O Capitão de Corveta (Engenheiro Naval) Ramon Soares de Faria explica que o processo de qualificação é rigoroso e inclui várias etapas, com destaque para o exame de qualificação da CNEN.
"O exame da CNEN é um dos momentos mais críticos deste processo e inclui uma parte escrita, que avalia conhecimentos teóricos, e uma parte prática, com situações operacionais e de emergência. Além disso, a CNEN também realiza entrevistas técnicas, nas quais os candidatos são questionados por uma banca de especialistas sobre diversos aspectos técnicos e operacionais”, detalha.
O coordenador e professor Dr. José Roberto Berreta enfatiza que a formação no IPEN é crucial para o desenvolvimento de operadores de reatores, destacando a importância do conhecimento. "Desde o início, busquei transmitir o máximo de informações sobre a instalação, pois isso enriquece o aprendizado dos alunos", afirma. Ainda segundo Berreta, um dos aspectos mais importantes para um operador de reator é não se limitar ao conhecimento de uma única instalação, mas expandir sua compreensão para outros reatores. "Esse conhecimento abrangente melhora significativamente a segurança na operação", conclui.
Parceria necessária
Em 2019, o IPEN procurou a MB para verificar a possibilidade de alocar pessoal para viabilizar a retomada da operação por períodos contínuos e prolongados do reator nuclear de pesquisa IEA-R1.
Segundo a Diretora-Superintendente do IPEN, Dra. Isolda Costa, "essa parceria propiciará a produção de alguns radioisótopos importantes como o Iodo-131 e o Lutécio-177, possibilitando a disponibilidade, não para atendimento total da demanda nacional, mas em quantidades que permitam pesquisa e desenvolvimento de novos radiofármacos, bem como o atendimento emergencial em momentos de escassez desses radioisótopos no País”, esclarece.
O Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, destacou que a parceria com o IPEN também atende à necessidade de capacitação dos futuros operadores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).
"Esse processo de cooperação é essencial, pois o LABGENE está sujeito às normas da CNEN, e um dos requisitos para os candidatos a operadores é possuir experiência técnica em operações nucleares. E a experiência na operação de um reator nuclear de pesquisa é válida para cumprir parte desses requisitos” afirmou o Diretor-Geral.
A parceria tem possibilitado a formação de operadores seniores de reator, de operadores de reator e supervisores de proteção radiológica para o Reator IEA-R1, garantindo também o funcionamento do reator de forma continuada, o que propicia o desenvolvimento do potencial de pesquisa e de produção do Reator IEA-R1.
O Primeiro-Sargento Bruno de Oliveira Machado relatou os desafios de ingressar no curso. "O maior desafio foi entender como funciona o setor nuclear e crescer profissionalmente. Tivemos que sair da ‘zona de conforto’ e mergulhar na vasta área nuclear para nos especializar", afirmou. Ele também destacou a motivação do desafio profissional e a importância de buscar novos conhecimentos. "O futuro está caminhando para essa tecnologia, precisamos desmistificar o uso da energia nuclear e mostrar os benefícios para a sociedade, seja nos setores energéticos, saúde, agroindustrial ou segurança alimentar", concluiu.
Sobre o Reator
O IEA-R1 é um reator de pesquisa tipo "piscina”, moderado e refrigerado a água leve, que utiliza elementos de berílio e de grafite como refletores. Foi projetado para operar a uma potência máxima de 5 MW. Ele pode ser utilizado para várias finalidades, com destaque para a produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear, como o Samário-153, utilizado como paliativo da dor em metástases óssea e no tratamento de artrite reumatoide; o Iodo-131, utilizado na terapia de câncer de tireoide e hipertireoidismo, na terapia de hepatomas, na localização e terapia de feocromocitomas, neuroblastomas e outros tumores, no estudo da função renal, na determinação do volume plasmático e volume sanguíneo total; e o Irídio-192, produzido na forma de fios metálicos, utilizados na técnica de braquiterapia para o tratamento de câncer. Pesquisas estão sendo realizadas para a produção de geradores de Tecnécio-99m, Lutécio-177 e Rênio-188.
Ainda conforme a Diretora do IPEN, além dos pesquisadores do Centro do Reator de Pesquisas, onde o reator está localizado, também utilizam os serviços de irradiação do IEA-R1: o Centro de Engenharia Nuclear, o Centro de Tecnologia das Radiações, a Diretoria de Radiofármacos, o Centro de Metrologia das Radiações, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o Instituto de Engenharia Nuclear, o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, o Instituto de Geociências da USP, o Instituto de Física da USP, o Instituto de Radioproteção e Dosimetria, a Universidade Federal Fluminense e o TRACERCO do Brasil (empresa privada que executa inspeções e testes em refinarias de petróleo).
Com um compromisso contínuo com a excelência e a inovação, a Marinha do Brasil, em parceria com o IPEN, permanece investindo na educação e no treinamento em energia nuclear, formando profissionais capacitados e prontos para liderar o futuro energético do Brasil. A capacitação desses operadores é essencial para assegurar um futuro próspero e seguro para o Brasil, destacando-se como uma Nação líder no uso pacífico e sustentável da energia nuclear.
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- 27/05/2024 - Seis em cada dez brasileiros têm interesse em temas de ciência e tecnologia, aponta levantamentoPesquisa Percepção pública da C&T indica avanço das mídias sociais como fontes de informação e da incidência de notícias falsas
Pesquisa Percepção pública da C&T indica avanço das mídias sociais como fontes de informação e da incidência de notícias falsas
Fonte: Pesquisa FAPESP
Mais da metade (60,3%) dos brasileiros se diz interessada ou muito interessada por temas de ciência e tecnologia (C&T), segundo dados da pesquisa Percepção pública da C&T no Brasil 2023. Os resultados foram divulgados no dia 15 de maio pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O índice está no mesmo patamar de 2019, que era de 61%. "A população ainda vê mais benefícios do que malefícios na ciência, tem uma visão mais crítica e acredita que a área precisa receber mais investimentos”, resume a historiadora Adriana Badaró, coordenadora do estudo.
Em sua sexta edição, a pesquisa trouxe novidades como a visão dos participantes sobre mudanças climáticas e o consumo de desinformação. Os dados revelaram que metade dos 1.931 entrevistados (50,8%) se depara com notícias falsas com muita frequência – e, enquanto outros 29,2% dizem ver esse tipo de conteúdo de maneira ocasional, apenas 5,1% relatam nunca encontrar fake news. Os participantes foram ouvidos entre novembro e dezembro de 2023, tinham mais de 16 anos e eram de todas as regiões do país.
A pesquisa também detectou um avanço das mídias sociais como fontes de conhecimento: em 2023, quase 40% dos entrevistados buscaram e consumiram com frequência informações sobre ciência, tecnologia, saúde e meio ambiente principalmente nas redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas digitais (ver infográfico abaixo) – até 2015, a televisão ocupava esse posto. Instagram, Facebook, YouTube e WhatsApp foram as principais redes usadas.
"De um lado há o crescimento no uso das mídias sociais e, de outro, um índice elevado de contato com notícias falsas. É importante analisar esses dados em conjunto para encontrar pistas sobre como criar estratégias para combater a desinformação científica”, avalia o sociólogo Marcelo Paiva, assessor técnico do CGEE. O centro estuda fazer rodadas de pesquisas com foco em mídias sociais e desinformação em períodos mais curtos, de dois anos – a pesquisa de percepção tem sido conduzida com intervalos longos, de quatro anos ou mais (1987, 2006, 2010, 2015 e 2019).
Sobre as mudanças climáticas, 95,4% dos entrevistados afirmaram ter consciência de que elas estão ocorrendo. Entre eles, 78,2% acreditam que elas são causadas principalmente pela ação humana, como apontam as evidências científicas, enquanto 19,6% afirmam que elas ocorrem de maneira natural
À frente de ciência e tecnologia, os temas que mais despertam o interesse dos entrevistados são medicina e saúde (77,9%), meio ambiente (76,2%) e religião (70,5%). Para 66,2% dos entrevistados, a ciência e a tecnologia trazem apenas benefícios ou mais benefícios que malefícios para a humanidade, proporção menor que a de 2019 (72,1%). Esse índice já esteve em 81,2% em 2010. Aqueles que veem a ciência e a tecnologia como neutras – trazem tanto benefícios como malefícios – cresceram de 18,9%, em 2019, para 24,6%, em 2023. Na avaliação de Badaró, esse movimento não indica o crescimento de uma visão negativa. "Historicamente, o Brasil se destaca como um país muito otimista em relação à ciência. Pode ser que nos últimos anos a população venha desenvolvendo um olhar mais crítico sobre o fazer científico, mas ter uma visão crítica não é algo ruim”, pondera.
A historiadora destaca que essa hipótese é reforçada por um outro dado: quando questionados se o governo deveria aumentar, manter ou diminuir os investimentos em C&T, 82% dos brasileiros apoiaram o aumento e 12% disseram que os recursos deveriam ser mantidos. Em 2019, esses índices eram de 66% para o aumento e 24% para a manutenção.
Também aumentou de 24% para 32,7%, entre 2019 e 2023, o contingente de pessoas que disse ter visitado zoológicos, parques e jardins botânicos nos 12 meses anteriores. O índice, contudo, não supera o de 2015, que foi de 41,5%. Visitas aos museus de ciência e tecnologia foram mencionadas por 11,5% dos entrevistados, ante 6,3% em 2019 e 12,3% em 2015.
Já o conhecimento sobre a ciência brasileira ainda tem um campo amplo para ser trabalhado, segundo o estudo. Apenas 17,9% dos brasileiros souberam indicar o nome de alguma instituição de pesquisa científica em 2023: Instituto Butantan, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de São Paulo (USP) foram as mais lembradas. Já 9,6% se lembraram do nome de um cientista, como Carlos Chagas (1878-1934) e Oswaldo Cruz (1872-1917).
Mesmo assim, houve um aumento de quase 9% no contingente dos que se lembram de alguma instituição de pesquisa e 3% de algum pesquisador em relação a 2019. Badaró avalia que esse crescimento pode estar relacionado com a pandemia de Covid-19, quando instituições e cientistas estiveram em evidência no noticiário.
Para Simone Pallone, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que não participou do estudo, seria de esperar que esse crescimento fosse maior. "Com a pandemia e a alta exposição dos institutos, dos cientistas e do próprio processo científico, a expectativa era de que houvesse um aumento significativo do interesse geral por C&T e o conhecimento sobre esses atores”, observa. Ela destaca ainda que a série histórica mostra uma tendência de queda em indicadores como o interesse em C&T e meio ambiente, que estão hoje abaixo do que eram em 2010, 64,2% e 83%, respectivamente.
Pallone enfatiza que os dados da pesquisa são ferramentas importantes para orientação de políticas públicas e que, na sua avaliação, podem embasar estudos aprofundados. "O ideal seria analisar o interesse e a confiança em C&T também com metodologias qualitativas, como etnografia e entrevistas em profundidade, para entender melhor o que as pessoas pensam sobre o setor”, propõe. Paiva, do CGEE, interpreta que o crescimento de alguns índices que caíram na pesquisa anterior pode apontar uma nova tendência. "O Brasil passou por uma crise de confiança pública em suas instituições, inclusive nas científicas, e agora pode estar se recuperando”, sugere.
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- 24/05/2024 - Material radioativo em mala de mão é apreendido no Aeroporto de Guarulhos e técnicos são chamados para inspeçãoFonte: Site Aeroin
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) enviou técnicos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), sua unidade técnico-científica mais próxima da ocorrência, para inspecionar material radioativo apreendido pela Receita Federal, durante operação conjunta com a Anvisa, realizada entre os dias 17 e 20 de maio no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
A operação foi desencadeada após a Anvisa desconfiar que participantes da Feira Hospitalar 2024, ocorrendo na capital paulista entre 21 e 24 de maio, poderiam estar trazendo material hospitalar e/ou medicamentos sem a devida autorização para exposição no evento. Entre os itens apreendidos, foram encontrados equipamentos médicos avaliados em US$ 166 mil, incluindo produtos radioativos.
À medida que os passageiros desembarcavam, a equipe de fiscalização retinha a bagagem de mão e a passava pelo raio-x. Durante a inspeção, os fiscais encontraram cápsulas que, à primeira vista, pareciam ser apenas medicamentos comuns. No entanto, ao abrirem a embalagem, identificaram o símbolo de risco de radiação, o que levou ao acionamento imediato da CNEN. Dentro das caixas havia cápsulas de carbono-14.
As cápsulas estavam na bagagem de mão de um passageiro que chegou na segunda-feira, 20. Os fiscais da Anvisa informaram à equipe do IPEN/CNEN que a empresa envolvida alegou desconhecer a necessidade de autorização prévia para o transporte dos medicamentos.
"Sempre que surge a necessidade de inspeção de material radioativo, ao ser acionada, a CNEN envia prontamente equipe de atendimento a situações de emergências nucleares, a fim de realizar o acompanhamento e as verificações necessárias, o que foi feito hoje, em Guarulhos,” afirmou Francisco Rondinelli, presidente da CNEN.