Clipping de Notícias
-
- 03/05/2016 - Pesquisadores desenvolvem tecido que ajuda no combate ao câncerTecido biodegradável pode ser usado na consolidação pós-cirúrgica. Objetivo seria evitar tratamentos de radioterapia.
Tecido biodegradável pode ser usado na consolidação pós-cirúrgica. Objetivo seria evitar tratamentos de radioterapia.
Fonte: G1Um novo tecido de nanofibras absorvível pelo organismo, que pode ser empregado com remédios contra tumores, permitirá fazer tratamentos locais para combater o câncer, segundo explicou em comunicado a Universidade Politécnica da Catalunha (UPC).
Pesquisadores do Hospital Sant Joan de Déu e da UPC, desenvolveram o tecido, que serve para que os cirurgiões possam cobrir, durante a intervenção para retiradada do tumor, a zona operada para eliminar os restos tumorais que possam ter ficado.
Segundo explicou a UPC na nota, este sistema de administração local do tratamento antitumor é menos tóxico e mais efetivo que o habitual tratamento de consolidação pós-cirúrgico, a radioterapia.
O tratamento consiste na colocação da membrana no leito cirúrgico depois da extração do tumor, para que atue diretamente na região afetada com altas concentrações de fármaco.
Os pesquisadores provaram a eficácia deste novo sistema de administração do tratamento antitumor em animais e iniciaram os trâmites para obter a autorização da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), e assim poder iniciar as fases pré-clínica e clínica de seu primeiro fármaco orientado ao tratamento dos Sarcomas de Tecidos Brandos (STS).
O câncer é a doença que causa mais mortes infantis em toda Europa: anualmente, morrem 3.000 menores de 14 anos na Europa.
Estima-se que no mundo todo sejam diagnosticados 250 mil novos casos por ano, 90 mil deles não aguentam o tratamento e morrem.
-
- 03/05/2016 - Método para metástases ósseas pode detetar doença cardiovascularFonte: SIC Notícias
Uma investigação desenvolvida na Universidade de Coimbra (UC) revelou que um radiofármaco utilizado na deteção de metástases ósseas pode ser eficaz também na identificação precoce da doença cardiovascular, foi hoje anunciado.
O radiofármaco fluoreto de sódio marcado com fluor-18, "usado classicamente na deteção de metástases ósseas, parece ser eficaz na identificação precoce da doença cardiovascular", de acordo com um estudo piloto realizado no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), em Coimbra, afirma a UC numa nota hoje divulgada.
O método, que recorre a imagem não invasiva, foi aplicado a "indivíduos com risco cardiovascular, seguidos na consulta externa de cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), por uma equipa multidisciplinar liderada pela docente e investigadora da Faculdade de Medicina da UC Maria João Ferreira.
Os investigadores verificaram que é possível "identificar placas ateroscleróticas em processo de microcalcificação ativa, mais vulneráveis" e, por isso, "mais sujeitas a rotura, o que parece relacionar-se com o risco de se associarem a quadros agudos, como o enfarte do miocárdio ou o acidente vascular cerebral", adianta a UC.
"O seu reconhecimento pode condicionar tratamentos que visam a sua estabilização e, consequentemente, a diminuição do risco de eventos cardiovasculares", acrescenta.
Os resultados obtidos "são muito promissores e parecem apoiar esta nova aplicação deste 'velho' marcador", sustenta Maria João Ferreira.
"Mas há ainda muito trabalho a ser desenvolvido" e é "indispensável" dar continuidade ao "esforço de uma equipa onde a investigação básica e clínica interagem de forma profícua", sublinha a investigadora.
"A importância deste conhecimento poderá, num futuro que se antevê próximo, relacionar-se com o risco cardiovascular do indivíduo e, por isso, com a sua orientação terapêutica", admite Maria João Ferreira.
Apostar em novos métodos de diagnóstico precoce das doenças do foro cardíaco é muito relevante porque, salienta a docente da Faculdade de Medicina de Coimbra, "a doença cardiovascular, nas suas várias componentes, é uma das principais causas de morte".
De acordo com estatísticas europeias, a doença cardiovascular é responsável por cerca de 42% das mortes nos homens e 51% nas mulheres, salienta a investigadora.
"Trata-se por isso de uma entidade clínica associada a enormes custos, de difícil contabilização, que urge tratar e sobretudo prevenir", salienta Maria João Ferreira.
"O diagnóstico precoce, bem como a estratificação de risco, são dois pilares importantes em qualquer estratégia que vise lidar com esta doença", conclui a especialista.
-
- 02/05/2016 - MP recomenda que governo do DF instale tomógrafo comprado em 2013Equipamento custou R$ 3 milhões; Base não tem estrutura para instalação. Crise nos tomógrafos se agravou em 2015; G1 aguarda resposta da Saúde.
Equipamento custou R$ 3 milhões; Base não tem estrutura para instalação. Crise nos tomógrafos se agravou em 2015; G1 aguarda resposta da Saúde.
Fonte: G1O Ministério Público do Distrito Federal emitiu recomendação para que o governo instale, em até 90 dias, um aparelho de tomografia no Hospital de Base. O aparelho foi comprado em 2013 por R$ 3 milhões, mas nunca foi colocado em funcionamento por falta de estrutura. O documento estabelece um prazo de 90 dias.
O G1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde para saber os motivos da demora na instalação do tomógrafo e as atitudes a serem tomadas, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
Segundo o MP, até o fim de abril as obras de adequação da infraestrutura para receber o tomógrafo ainda não tinham começado. Em janeiro, 6 das 12 máquinas de tomografia estavam quebradas e dívidas de 2014 ainda estavam pendentes.
A recomendação foi expedida nominalmente ao governador Rodrigo Rollemberg, por ser o responsável pelos gestores da saúde. "Passados mais de 1 ano e 4 meses desde o início de vosso mandato, verifica-se que o problema ainda se encontra pendente de solução, com pouca ou nenhuma evolução", diz o texto assinado pela promotora de Defesa da Saúde Marisa Isar.
O exame de tomografia serve para identificar lesões menores ou anomalias que não podem ser vistas em uma radiografia comum. Ele é mais barato e mais rápido que uma ressonância magnética e ajuda a identificar fraturas, derrames, tumores e problemas em "tecidos moles".
Sem licença
O documento do MP também aponta que o Núcleo de Medicina Nuclear do Hospital de Base não tem licença de funcionamento desde 2013. O documento precisa ser obtido junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que avalia se a estrutura física e os equipamentos radioativos são seguros.
Em 2015, segundo o Ministério Público, uma vistoria do CNEN no Base identificou uma série de pendências, além da documentação vencida, e determinou que todo o núcleo tivesse as atividades suspensas. A readequação do projeto arquitetônico foi aprovada pela Vigilância Sanitária em novembro, mas ainda não começou a sair do papel.
-
- 01/05/2016 - USP desenvolve material que evita danos a células sadias na radioterapiaFonte: Portal AZ
Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto (SP) desenvolveram um material capaz de identificar com precisão a intensidade de radiação emitida pelos equipamentos de radioterapia. O estudo, publicado esse mês em uma revista científica inglesa, deve tornar o tratamento contra alguns tipos de câncer mais seguro e eficaz.
O professor e orientador da pesquisa, Osvaldo Baffa Filho, explica que atualmente existem técnicas que ajudam os profissionais de saúde a calcular a quantidade de radiação emitida pelos equipamentos, de acordo com o tipo e a agressividade de câncer a ser combatido.
Apesar disso, muitas vezes os pacientes têm órgãos ou tecidos saudáveis afetados pelas ondas eletromagnéticas durante as sessões, causando queimaduras e destruição de células sadias, justamente porque os técnicos não conseguem "regular” os aparelhos com precisão.
"É diferente de fazer quimioterapia, em que você pega a dose de remédio, o paciente toma ou injeta, e você sabe o quanto está colocando. Na radioterapia você usa uma radiação ionizante que é invisível, e você tem que fazer com que essa radiação chegue até o tumor”, detalha.
O estudo começou há três anos e, nesse período, os pesquisadores desenvolveram um material composto por óxido de magnésio, acrescido dos elementos químicos lítio, cério e samário, capaz de acumular a radiação emitida pelos aparelhos de radioterapia.
"Essa tecnologia permite que a gente faça um filme, como se fosse uma chapa de raio-x, que vai mostrar qual a dose em cada ponto atingido pela radição. A gente vai conseguir fazer como se fosse uma fotografia em tempo bastante rápido, praticamente imediato”, diz.
Autor do estudo, o físico Luiz Carlos Oliveira afirma que o material já foi patenteado. O próximo passo é o desenvolvimento tecnológico, ou seja, buscar empresas que tenham interesse em transformar a substância em um produto comercial.
"Desenvolvemos a parte mais difícil, que é o elemento detector. Agora, cabe à indústria dar sequência. Com esse material faremos um controle de qualidade das máquinas. Então, verificar se o que foi planejado pelo médico realmente foi ou será entregue ao paciente”, afirma.
Para o radioterapeuta Harley Francisco de Oliveira, professor da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão, a descoberta deve promover mais segurança ao tratamento radioterápico e qualidade de vida aos pacientes com câncer.
"O grande objetivo da medicina é levar a cura, sem os trantornos, os efeitos colaterais das toxicidades dos tratamentos e, principalmente, da radioterapia, que geralmente são reações sérias. Evidentemente, estamos promovendo benefícios a esses pacientes", afirma. -
- 29/04/2016 - Presidente da Nuclep nega processo de militarização da empresaFonte: Agência Brasil
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
O presidente da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), Jaime Wallwitz Cardoso, negou hoje (29), em entrevista à Agência Brasil, que esteja em curso um processo de militarização na empresa, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e subordinada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Denúncia nesse sentido foi feita ontem (28), durante manifestação em frente à companhia, organizada pela Associação dos Empregados da Nuclep (AEP).
Cardoso assegurou que a paralisação de 24 horas, convocada pela AEP, não ocorreu de fato. "Grande número de funcionários parou durante o dia, mas ninguém parou no segundo turno, à noite”, informou, acrescentando que, no período diurno, entre 30% e 50% dos empregados trabalharam.
Segundo o presidente da Nuclep, a manifestação de ontem foi utilizada com fins eleitorais por pré-candidatos a vereador na cidade de Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde fica a fábrica da companhia. Cardoso acrescentou que uma manifestação desse tipo não tem representatividade porque, para isso, teria de ser convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, "que é quem tem prerrogativa legal para fazer uma paralisação”.
Conforme o presidente da companhia, o sindicato foi contra o ato. Esse fato, de acordo com o presidente, diminui ainda mais a importância desse movimento, que teria sido "superdimensionado". Sobre aacusação de militarização da Nuclep, Jaime Cardoso esclareceu que, desde a fundação da empresa, em 1975, a Marinha tem representação no Conselho de Administração e ,desde 2008, ela ocupa a Diretoria Industrial da companhia.
"Nasceu com a Nuclep uma representação da Marinha”. Admitiu que um almirante da reserva cuida atualmente da segurança patrimonial, mas não foi indicado pela Marinha. "Foi nomeado porque tem um currículo de segurança excepcional”. Para Jaime Cardoso, não procede a denúncia de que haveria um esforço para transferir a Nuclep do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para o Ministério da Defesa. "Não tenho esse poder todo.”
À frente da empresa desde a primeira gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jaime Cardoso assegurou que a Nuclep é uma empresa estratégica para o país, que trabalha em regime concorrencial, "como qualquer empresa privada, sem nenhum privilégio”. Defendeu que a discussão a respeito da Nuclep é no sentido de como a empresa, que tem a seu cargo obras estratégicas, poderia ter o melhor apoio possível.
Obras em curso
As obras mais importantes da Nuclep incluem a construção de quatro submarinos convencionais e o casco do submarinho nuclear, que integram o projeto do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), do qual a Nuclep vai participar até o fim. "Não dá para ninguém concorrer com a gente em matéria de importância de obra, porque o submarino nuclear só os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) fabricam. Diria que é a obra estratégica mais importante do país e do século.”
O diretor da Área Industrial da Nuclep, almirante Liberal Zanelatto, esclareceu que a companhia já entregou o primeiro dos quatro cascos dos submarinos convencionais. O segundo será entregue até o fim deste ano. Os demais serão concluídos, respectivamente, até dezembro de 2017 e de 2018. Para a planta do projeto de propulsão do submarinho nuclear, a Nuclep já tem 80% da engenharia concluídos. A fabricação dos componentes deve começar ainda em 2016, com término previsto até 2018.
O contrato para o casco do submarino nuclear é continuidade do contrato para construção dos submarinos convencionais e ainda não foi assinado. Como a Nuclep detém a tecnologia para fabricação de casco resistente, não terá dificuldade para construir o casco do submarino nuclear, devendo somente mudar algumas dimensões do convencional, afirmou o diretor.
Edição: Armando Cardoso
-
- 29/04/2016 - Carregamento de material radioativo é exportado de MG para a ChinaAreia monazítica, de baixa radioatividade, saiu da INB, em Caldas (MG). Cerca de 225 toneladas seguirão por navio a partir do Porto de Santos.
Areia monazítica, de baixa radioatividade, saiu da INB, em Caldas (MG). Cerca de 225 toneladas seguirão por navio a partir do Porto de Santos.
Fonte: Portal G1 de Notícias (Sul de Minas)
Dez contêineres com carregamento de areia monazítica saiu nesta quinta-feira (28) de Caldas (MG), da unidade desativada da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), com destino ao Porto de Santos (SP), de onde devem seguir para a China.
Segundo a assessoria de imprensa da INB, a areia monazítica é um material de baixa radioatividade e 225 toneladas foram vendidas para o continente asiático. Elas foram transportadas em 10 carretas. Por meio de nota, a assessoria informou também que o material não exige cuidados especiais de radioproteção no transporte, mas, mesmo assim, o carregamento foi acompanhado por representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
"A areia monazítica é um produto natural, que foi retirado da praia de Buena (RJ), com baixa radioatividade, mas, precisamos de uma autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) e de uma autorização de transporte durante o carregamento, justamente para ter os cuidados de proteção radiológica. Nós acompanhamos todo o processo que se deu no dia de ontem [quinta-feira]”, disse a coordenadora da Cnen, Maria Helena Taddei.
Segundo um representante da diretoria da INB, a areia monazítica foi trazida a Caldas no início dos anos 2000 para a realização de testes para a produção de terras raras, material usado no desenvolvimento de produtos eletroeletrônicos de alta tecnologia, mas o projeto foi interrompido e o material inutilizado.
Segundo o geólogo Hélio Scalvi, que fui funcionário da INB por mais de 20 anos, a areia monazítica é de fato usada em materiais de alta tecnologia. "Ela é proveniente do fosfato das terras raras e composta principalmente de urânio e tório. Quando aberta, ela produz minerais das terras raras, usados em ímãs e produtos de alta tecnologia, que não são comprados por toneladas, mas por quilos, de tão caros que são", disse.
A coordenadora da Cnen explicou ainda que a parte da areia misturada a outros materiais para os testes continuam na empresa. "Esse material foi obtido pela empresa e o rejeito está armazenado contíguo, seguramente contido”, explicou.
Ainda conforme a INB, o produto foi vendido para uma empresa chinesa, com a qual a INB firmou um contrato de exportação em 2014. A exportação começou no ano passado e o volume total previsto no contrato é de 6,5 mil toneladas.
Lixo nuclear seria exportado
Em agosto de 2013, a INB informou que cerca de 16 mil toneladas do lixo nuclear e radioativo, conhecido como Torta II, que estão no depósito desativado da empresa em Caldas, seriam enviados para a China por meio de um acordo entre a empresa e a Global Green Energy Science Technology.
Ainda para o geólogo Hélio Scalvi, é bom que a areia foi retirada. "É bom que ela foi levada, embora haja pouca radioatividade. Mas o interessante seria que os chineses levassem a torta II, que é um material muito mais radioativo, muito mais interessante para se deixar o planalto de Poços de Caldas (MG)", completou.A exportação havia sido autorizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). No entanto, segundo a INB, o contrato anunciado em 2013 foi cancelado porque o comprador não conseguiu licença do governo chinês para sua importação.
-
- 29/04/2016 - Fapesp responde criticas de Alckmin sobre pesquisas 'sem utilidade prática'Fonte: Luis Nassif (online)
Jornal GGN -Por meio de nota, o Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) responde às críticas do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que recentemente afirmou que o órgão estaria dentro de uma "bolha acadêmica" e que financiaria pesquisa sem "nenhum serventia prática".
A Fapesp afirma que determinados estudos são realizados não para chegar a resultados práticos, "mas sim para tornar as pessoas e sociedades mais sábias", explicando que, pela própria natureza da ciência, os resultados podem ser obtidos em diferentes prazos, de maior ou menro extensão. A fundação também afirma que as pesquisas com aplicabilidade prática tem recebido mais da metade dos recursos destinados à atividades-fim do órgão. Leia mais abaixo:
Da Fapesp
O Conselho Superior da FAPESP divulgou, em 28 de abril de 2016, a seguinte nota:A FAPESP considera importante o debate na sociedade sobre o papel da pesquisa no Estado de São Paulo. Por determinação constitucional, esta Fundação deve apoiar o "desenvolvimento científico e tecnológico” no Estado de São Paulo (artigo 271, caput da Constituição Estadual) em todas as áreas do conhecimento (artigo 16, parágrafo primeiro da Lei 5918 de 1960).Pela natureza intrínseca da ciência, resultados práticos de diferentes pesquisas podem se verificar em diferentes prazos, de maior ou menor extensão. Algumas pesquisas não se realizam para chegar a resultados práticos, mas sim para tornar as pessoas e as sociedades mais sábias e, assim, entenderem melhor o mundo em que vivemos, o que é uma das missões da ciência.O Conselho Superior da FAPESP destaca que o apoio à pesquisa com vistas a aplicações tem recebido mais da metade (52% nos últimos três anos) dos recursos totais destinados às atividades-fim da Fundação. Por determinação legal, 95% do orçamento anual da FAPESP são destinados ao financiamento de pesquisas e é vedado à Fundação assumir encargos externos permanentes de qualquer natureza, inclusive salários.Desde a sua criação, e por determinação legal, a FAPESP constituiu um patrimônio rentável que lhe permite, em situações de crise, não deixar de cumprir seus compromissos assumidos. Tal patrimônio tem sido administrado com rigor e eficácia ao longo de sua história e impedido que pesquisas importantes sejam interrompidas abruptamente por falta de recursos em tempos de arrecadação em baixa, como o atual.O Conselho Superior afirma que a FAPESP, com a autonomia de que desfruta constitucionalmente, continuará obedecendo aos preceitos legais, atendendo às demandas de financiamento da pesquisa em todas as áreas do conhecimento científico e tecnológico.A FAPESP está sempre atenta às demandas da sociedade, em busca do contínuo aperfeiçoamento do seu funcionamento, e continuará contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do Estado de São Paulo e do Brasil, como vem fazendo diligentemente em seus mais de 53 anos de existência. -
- 28/04/2016 - Fundação Getúlio Vargas lança caderno de energia nuclearFonte: ABENA FGV Energia acaba de lançar o Caderno de Energia Nuclear, que analisa oportunidades para a implementação e expansão desta fonte de geração na matriz elétrica brasileira. A publicação contou com a colaboração de profissionais da Eletronuclear e de outras instituições do setor. O prólogo é assinado pelo diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente, Leonam dos Santos Guimarães.
O caderno foi lançado ontem (27) na sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. Além de Leonam, o evento contou com a presença do presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, e do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata.
A publicação tem capítulos sobre tecnologia nuclear, segurança e confiabilidade, energia nuclear no mundo, perspectivas para o Brasil e um modelo de negócio para a geração de energia nuclear no Brasil. O documento integra os Cadernos FGV Energia, que versam sobre diversos temas do setor energético com o objetivo de disseminar conhecimento, informações e análises de mercado atualizadas.
-
- 28/04/2016 - Empregados da Nuclep denunciam militarização da empresa pela MarinhaFonte: Agência Brasil
Alana GandraEmpregados da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) denunciaram hoje (28) que estão passando por um processo de "militarização”. A denúncia foi feita em ato efetuado fora das instalações da empresa de economia mista, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e subordinada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
"Nós temos as comprovações que a parte territorial marinha, a Marinha está tomando e, agora, a Nuclep está passando algumas diretorias para a Marinha”, disse à Agência Brasil o diretor da Associação dos Empregados da Nuclep (AEP), David Neves. Segundo ele, o atual presidente da Nuclep, Jaime Cardoso, não conseguiu ainda mudar a empresa para o Ministério da Defesa.
David Neves afirmou que a companhia, que durante as décadas de 1970 e 1980 desenvolveu equipamentos de grande importância para a nação, continua desenvolvendo até hoje obras estratégicas para o país, não só na área nuclear. Acrescentou, porém, que o presidente não dá o devido valor aos funcionários da casa: "Ele está fazendo acordo com o Ministério da Defesa para poder se manter no cargo, e está passando tudo para o militarismo”.
O diretor da AEP informou que Jaime Cardoso demitiu há pouco todo o quadro comissionado do diretor administrativo, Saulo Farias, e colocou para assumir a segurança patrimonial da Nuclep um almirante da reserva. "Toda a parte de controle que liga a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), empresa da Marinha, com a Nuclep está de porteira aberta. É tudo da Marinha”. A Ufem integra o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha. O funcionário lembrou ainda que a diretoria industrial da Nuclep já é exercida também pelo almirante Liberal Zanelatto, desde 2011, que sempre assume a presidência da companhia, na ausência do titular.
A AEP solicita apoio da sociedade para impedir que a Nuclep passe efetivamente para a Marinha e saia do âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. As irregularidades apontadas foram encaminhadas à direção da CNEN. Os empregados denunciaram também que, pela primeira vez, foram impedidos pelos dois almirantes de se manifestar no pátio da empresa. "Às 5h, os guardas já estavam em fileira. Eles expulsaram os funcionários”. Daí, a mobilização foi feita na rua e resultou em 100% de apoio para a proposta de não militarização da empresa. Do total de 1.068 funcionários, mais de 970 são associados à AEP.
A intenção dos servidores é que a Nuclep continue como empresa para fins estratégicos, "não para fins da Marinha”, indicou David Neves. Os funcionários receiam que possa ocorrer demissões na companhia, devido à falta de obras no pátio, como foi registrado na Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), estatal da Marinha do Brasil, de onde 400 empregados foram dispensados, em fevereiro deste ano. "Será que eles vão ter pena da gente?”, indagou o diretor da associação.
Posicionamento
Controladora da Nuclep, a CNEN informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem ingerência real sobre a empresa, ou seja, não exerce um controle efetivo. Acrescentou que questões internas têm que ser respondidas pelo próprio presidente da Nuclep.
Procurada pela Agência Brasil, a direção da Nuclep não respondeu às ligações, nem apresentou nenhum posicionamento. Segundo a assessoria de imprensa, a manifestação foi um fato isolado, efetuado fora das instalações da empresa, devido à discordância com a demissão de um diretor e funcionários.
Edição: Jorge Wamburg
-
- 27/04/2016 - FGV Lança caderno de Energia Nuclear e defende novos modelos de negócio para o setorFonte: Petro NotíciasParalisada hoje em meio à dificuldade de concretizar projetos no mercado brasileiro, a indústria nuclear segue viva como promessa para as próximas décadas no país. A estabilidade de seu ciclo produtivo, a produção em larga escala e as operações pouco nocivas ao meio ambiente impulsionam o interesse de investimentos em usinas, mas o momento ainda é de superar obstáculos e firmar as bases do setor para uma expansão na matriz energética. Com esse foco, a FGV lança nesta quarta-feira (27) seu novo Caderno de Energia Nuclear, que congrega estudos do segmento e análises de mercado para traçar o caminho a ser seguido pela indústria nacional, abordando questões como regulamentação e a participação de investidores privados em projetos do setor.
De acordo com o coordenador de P&D do Centro de Estudos de Energia da FGV, Felipe Gonçalves, existe hoje a necessidade de serem desenvolvidos novos modelos de negócio que abarquem o financiamento de empresas privadas, sem que o governo abra mão, no entanto, da operação das usinas. Com a alteração do monopólio previsto na Constituição para projetos nucleares, uma nova regulação pode vir a destravar investimentos que concretizem os planos de expandir a carteira nacional de plantas até 2030. A chegada de novas companhias, no entanto, não deve abranger as obras de Angra 3, segundo Gonçalves, apesar de especulações recentes quanto à participação de investidores internacionais em um novo modelo de licitação. "Isso só poderia ser alterado por meio de uma nova interrupção para fazer a revisão do projeto, o que traria um prejuízo econômico muito grande pelo atraso de obras e de fluxo financeiro. Seriam mais perdas do que benefícios.”
Qual é o foco do novo caderno de energia nuclear?Neste trabalho, a FGV busca investigar todas as oportunidades de expansão energética da matriz, e nós entendemos que a energia nuclear é uma fonte que deve ser avaliada de uma forma mais técnica. É preciso investigar tanto pelo viés da sustentabilidade ambiental quanto da econômica. No caderno, buscamos avaliar as oportunidades e os desafios para a inserção da energia nuclear na matriz energética brasileira.
Como são avaliadas as oportunidades do setor hoje?A energia nuclear tem uma série de características técnicas que permitem trazer segurança à matriz, e é uma energia que pode ser trabalhada de forma contínua, sem depender de ciclos mundiais, como é o caso do gás natural. Com ela, podemos trazer uma complementaridade à matriz, que hoje é dependente de hidrelétricas e tem planejamento focado em renováveis. Ela seria uma das opções para avaliarmos isso, porque dominamos o ciclo e temos uma reserva muito grande de urânio. Além disso, a questão das emissões também é importante, e a energia nuclear é considerada uma fonte limpa, desde que tratada de forma adequada. Por todos esses aspectos, incluindo o fato da energia nuclear ficar mais próxima do centro de carga, demandando menos logística, ela deve ser avaliada como uma opção para o país.
E quais são hoje os principais desafios para o desenvolvimento dessa indústria?O primeiro deles é que os projetos nucleares dependem de um grande nível de investimento, na casa dos R$ 7 bilhões aos R$ 10 bilhões, e dependem de um cronograma muito bem controlado. A cada atraso que se tem, você onera o projeto com custo de financiamento. Sem uma regulação bem definida, você fica sujeito a intervenções no âmbito regulatório, traz um risco muito elevado aos projetos e tem dificuldade de financiar. Isso fez com que o setor tenha sido desenvolvido com investimento estatal. Hoje, porém, o governo está sobrecarregado, e a tendência é que isso abra para a iniciativa privada auxiliar. No caso do setor nuclear, a Constituição bloqueia a participação de empresas privadas em usinas, então um dos desafios que trazemos são modelos de negócios capazes de fazer com que projetos possam ser financiados pela iniciativa privada. Mas sem abrir mão da operação, que deve ser mantida como monopólio da União.
Que outras mudanças podem ser feitas?Nós precisamos de uma agência de regulação mais específica. Hoje, todo fomento à pesquisa é feito pela CNEN, mas internacionalmente essas atividades estão separadas das funções de operação e regulação. Os principais desafios hoje são fazer uma revisão regulatória para criar estabilidade e um modelo institucional que permita a participação da iniciativa privada. Também é preciso que tenhamos um normativo brasileiro para trazermos as tecnologias mais recentes com normas específicas de construção, porque é preciso revisar alguns pontos de segurança nas usinas de Angra 1, 2 e 3. São todas questões que precisam ser encaradas antes de darmos início a uma retomada do setor.
O senhor avalia que existe hoje um posicionamento favorável do governo nesse sentido?O que observamos em relação ao governo é que há uma nova visão sobre a expansão da energia nuclear, com a previsão do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) de trazer novas usinas nos próximos 30 anos. Existe essa sinalização pela retomada, mas não adianta nos atermos a ideia de que será financiado pelo Estado. Precisamos de um ambiente que favoreça a entrada da iniciativa privada, estabelecendo o papel dela como fomentadora e permitindo que se mantenha a segurança na operação. Temos uma das usinas mais bem operadas do mundo, que é Angra 2, então acho que não podemos abrir mão dessa nossa capacidade.
Acha que essas mudanças podem ser aplicadas à usina de Angra 3?A usina de Angra 3 é um projeto em andamento que está sendo gerido pela Eletronuclear, e uma mudança ainda envolveria o desafio regulatório do monopólio na Constituição. Isso só poderia ser alterado por meio de uma nova interrupção para fazer a revisão do projeto, o que traria um prejuízo econômico muito grande pelo atraso de obras e de fluxo financeiro. Seriam mais perdas do que benefícios.
Recentemente houve especulações sobre uma possível entrada de investidores estrangeiros no projeto. Como avalia que isso seria feito?É possível, mas seria necessário definir o papel desses investidores e como seria garantida a remuneração deles, sem que estivessem envolvidos na operação das usinas. A não ser que se promova uma mudança na Constituição, mas esses prazos não podem nos trazer mais prejuízos. É preciso ver quais são os impactos financeiros para fazer esses arranjos, isso tem que estar na conta. Se fizer a ponderação, acho que vai ser uma solução sem visão abrangente.
Então avalia que não é viável a entrada da iniciativa privada em Angra 3?Não posso dizer se é viável ou não, mas é necessário levar em consideração qual modelo institucional será adotado para garantir essa participação, e em qual prazo isso pode ser feito. Dependendo do prazo, posso estar onerando sobremaneira o projeto, e isso vai entrar na conta. Temos que entender quem arcaria com esse possível prejuízo.
Que mudanças podem ser emplacadas no médio prazo para o setor nuclear?Eu acho que, no médio prazo, temos que discutir a questão do monopólio, considerando um papel que viabilize o financiamento da energia nuclear pela iniciativa privada, sem que isso traga prejuízo para a segurança operacional. Isso é o principal. Também é necessário debater emendas constitucionais para o setor, que estão paradas no Senado, com o objetivo de avaliar isso. Outro ponto importante é termos uma agência reguladora focada em regulação.
-
- 27/04/2016 - Fusão nuclear é promissora para produção de energia no futuro, afirma presidente da CnenBrasil e a Comunidade Europeia de Energia Atômica assinaram acordo de cooperação em energia de fusão.
Brasil e a Comunidade Europeia de Energia Atômica assinaram acordo de cooperação em energia de fusão.
Fonte: MCTIBrasil e Comunidade Europeia de Energia Atômica (Euratom) assinaram acordo de cooperação para o desenvolvimento da energia de fusão. O acordo, publicado no Diário Oficial da União (DOU), tem o objetivo de transformar a energia de fusão em fonte aceitável do ponto de vista ambiental, economicamente competitiva e virtualmente ilimitada. Por meio do acordo, Brasil e a Euratom pretendem intensificar a parceria em seus programas de fusão nuclear, desenvolvendo os conhecimentos científicos e a capacidade tecnológica no setor.
"No Brasil, as ações deste acordo vêm sendo desenvolvidas tanto no plano das pesquisas quanto nos aspectos administrativos e burocráticos por diferentes entidades nacionais. Entendo que o processo de fusão nuclear seja um dos mais promissores para a produção de grandes quantidades de energia no futuro", avalia o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Renato Cotta. "Em consonância com essa visão, dentro do empreendimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que está sendo desenvolvido pela Cnen, está previsto um laboratório de fusão", acrescentou.
Parceria
A cooperação inclui o intercâmbio e fornecimento de informações sobre atividades científicas e tecnológicas, eventos, práticas e resultados, além de políticas e planos de programas, com troca de informações reservadas. Também é previsto o intercâmbio de cientistas, engenheiros e outros especialistas, por períodos a definir, para participarem em experiências, análises, concepção e outras atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
A parceria prevê ainda a organização de seminários e outras reuniões para discussão e troca de informações sobre os temas que envolvem a energia de fusão, além do fornecimento de amostras, materiais, equipamentos (instrumentos e componentes) para experiências, testes e avaliações.
Brasil e Euratom instituirão um comitê encarregado de coordenar e supervisionar a realização das atividades previstas no acordo para avaliar o progresso dos planos. O comitê será integrado por Cnen, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério das Relações Exteriores. Cada parte designará um número igual de especialistas para o comitê e nomeará como chefe de sua delegação um de seus membros designados. O colegiado se reunirá anualmente, no Brasil e na União Europeia, alternadamente, em datas a definir.
-
- 27/04/2016 - Plano de energia até 2050 incluirá novas usinas nucleares, diz MMEFonte: Valor Econômico
O governo está em fase de conclusão do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, estudo com diretrizes de longo prazo para cada fonte de energia no país, informou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Luiz Eduardo Barata. Segundo ele, o documento vai prever a construção de novas usinas nucleares no Brasil. "Estamos agora na fase de conclusão do PNE 2050, que seguramente vai contemplar construção de usinas nucleares”, disse Barata, durante cerimônia de lançamento do Caderno de Energia Nuclear da FGV, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, falta apenas definir a localização e o número de usinas nucleares com que o governo pretende contar até 2050. Barata lembrou que o estudo atual, com horizonte até 2030, prevê a construção de quatro usinas nucleares no período. O PNE 2030, porém, é considerado defasado pelo mercado.
"Entendemos, e os números mostram, que a energia nuclear hoje é de fato competitiva. Não há razão alguma para que não continuemos investindo na tecnologia. [A tecnologia] é competitiva e de baixo [emissão] carbono”, completou Barata.
O Brasil possui atualmente duas usinas nucleares em operação, totalizando cerca de 2 mil megawatts (MW) de capacidade instalada. Além disso, está em construção a usina nuclear de Angra 3, de 1.405 MW.
Angra
O presidente da Eletronuclear, braço do grupo Eletrobras responsável pela geração de energia nuclear, Pedro Figueiredo, disse que ainda é possível iniciar a operação comercial da usina nuclear de Angra 3 até o fim de 2020. As obras do empreendimento estão paralisadas desde setembro de 2015, por falta de pagamento a fornecedores.
"A obra está parada por uma série de coisas: ‘Lava Jato’ [investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema de corrupção envolvendo contratos de Angra 3], falta de financiamento, que não se resolve etc.”, disse. "Ainda miramos 2020 como perspectiva real. O final de 2020 ainda é uma data razoável [para iniciar a operação da usina]”, completou.
Segundo ele, para retomar a construção da terceira usina nuclear brasileira, é preciso solucionar três pontos. O primeiro é terminar a investigação interna feita pela companhia sobre suposto esquema de corrupção envolvendo contratos de Angra 3. Segundo Figueiredo, a investigação deve ser concluída "brevemente”.
O segundo ponto é definir um novo orçamento para a montagem eletromecânica da usina. Figueiredo contou que a empresa contratou a Deloitte para auxiliar na elaboração do orçamento.
O último ponto, disse o executivo, é cancelar os contratos que geraram suspeita de fraude e realizar novos processos licitatórios. "Estamos cancelando esses contratos”, afirmou. "A partir daí, voltaremos aos bancos [para discutir o financiamento do projeto]”, completou.
Angra 3 tem capacidade instalada prevista de 1.405 megawatts (MW). Os dois principais contratos da usina – o de obras civis, que estava a cargo da Andrade Gutierrez, e o de montagem eletromecânica, firmado com um pool de construtoras – estão sendo investigados pela própria companhia e pela Polícia Federal, por indícios de fraude e corrupção.
-
- 27/04/2016 - Investigações sobre irregularidades em Angra 3 devem ser concluídas até julhoFonte: Agência Brasil
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
As investigações sobre irregularidades em empreendimentos na construção da Usina Nuclear Angra 3 deverão estar concluídas até o final do primeiro semestre deste ano, disse hoje (27), no Rio de Janeiro, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata. Ele participou, na Fundação Getulio Vargas, do lançamento da edição sobre energia nuclear da publicação Cadernos FGV Energia.
A auditoria investiga as condições de todos os contratos das obras de Angra 3, que foram suspensos, bem como as fontes de financiamento, para apurar esquema de corrupção entre funcionários da Eletronuclear e fornecedores. De acordo com a Polícia Federal, o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, é suspeito de ter recebido R$ 4,5 milhões de propina em contratos da Andrade Gutierrez e da Engevix.
Decisões corretas
A expectativa é que todo o processo envolvendo a usina, com estabelecimento de novo preço para a energia gerada e novo cronograma da obra, esteja encerrado até o segundo semestre. "Nós vamos estabelecer um novo preço para a energia e a obra vai ser retomada. Serão necessários três anos para a conclusão da obra. Eu acredito que é possível [concluir em] 2020”.
O presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, esclareceu que se a montagem da usina, englobando tubulações, geradores de vapor, válvulas, não for feita em 48 meses, a usina não entrará em funcionamento em 2020. "Se nós tomarmos decisões corretas aqui, no mês de agosto, dá tempo para entrar com essa linha”. Por outro lado, Figueiredo disse que a primeira coisa necessária é o resultado da auditoria externa, patrocinada pela Eletrobras, que vem sendo feita por advogados americanos, para apurar irregularidades sobre Angra 3. A segunda condição é a análise do orçamento da montagem, "que gerou essa confusão toda”, feita por uma empresa independente, a Deloitte.
O orçamento de R$ 2,9 bilhões referentes à montagem eletromecânica de Angra 3 foi considerado razoável por Figueiredo. "Não teve superfaturamento”, disse, indicando que as próprias delações feitas na Operação Lava Jato confirmam esse fato. Porém, ele disse que se chegar agosto deste ano e essas condições não estiverem resolvidas, Angra 3 dificilmente entrará em operação em 2020.
Novas usinas
O presidente da Eletronuclear diz que a decisão sobre a construção de novas usinas nucleares no Brasil compete ao Ministério de Minas e Energia. "É ele que tem o poder, a caneta e a autonomia para dizer o que a gente vai fazer”. Locais em Pernambuco, Sergipe e Espírito foram estudados para a construção de novas usinas.
"Por enquanto, é tudo superficial”, disse Figueiredo. Segundo o presidente, esses lugares atendem aos critérios básicos, como linhas de transmissão e logística, mas é preciso que apresentem também infraestrutura industrial, para que não seja preciso repetir o que foi feito na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, onde estão situadas as usinas Angra 1 e 2, onde não havia sequer telefone e a Eletronuclear teve que construir tudo. "Hoje em dia, não dá para fazer isso, porque o preço vai lá para a estratosfera”.
Consenso
Autoridades, acadêmicos e entidades do setor nuclear presentes ao lançamento do caderno da FGV Energia foram unânimes em analisar que para a retomada do Programa Nuclear Brasileiro, o Brasil tem que vencer alguns desafios. O principal é a regulação, ou seja, o estabelecimento de um ambiente jurídico e institucional seguro e estável. "A legislação sobre o setor nuclear precisa ser revista com urgência”, disse o presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), João Carlos Tupinambá.
Outros desafios indicados pelos especialistas são a manutenção do conhecimento adquirido e o acompanhamento de desenvolvimentos tecnológicos que ocorrem na área, além do financiamento e definição do modelo de negócios, que admite a participação do capital privado. O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Antonio Muller, diz que para que novas usinas nucleares possam entrar em funcionamento em 2025, "a decisão tem de ser tomada agora”, porque as obras demoram, em média, cinco anos para serem construidas.
O presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, analisou que a geração nuclear não é a solução para todos os problemas do setor elétrico brasileiro, entretanto, ele diz que a combinação entre as fontes eólica (dos ventos), solar, biomassa e nuclear "é imbatível e o Brasil tem todos esses componentes”.
-
- 26/04/2016 - Eletronuclear inicia transporte de combustível para recarga de Angra 1Fonte: ABENHoje (26), teve início o transporte de 40 elementos combustíveis que compõem a 22ª recarga da usina nuclear Angra 1, prevista para começar no dia 18 de junho. Foram fabricadas 16,5 toneladas de pastilhas de dióxido de urânio (UO2) na Fábrica de Combustível Nuclear das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ). Parte do urânio utilizado foi enriquecido no Brasil.
O deslocamento para Angra dos Reis é realizado em cinco etapas, sendo transportados oito elementos combustíveis em cada uma. Cabe aos técnicos da INB a embalagem do material, sob supervisão da Gerência de Combustível Nuclear da Eletronuclear, responsável pela inspeção, aceitação e logística do transporte.
Em cada viagem, comboios de caminhões carregam os elementos combustíveis, escoltados pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Rodoviária Federal. A operação também é acompanhada por uma equipe da Eletronuclear que inclui profissionais das divisões de segurança empresarial e proteção radiológica (DIPRO) e da área de infraestrutura de serviços.
Eventualmente, também fazem parte dos comboios representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e das defesas civis do estado do Rio e dos municípios por onde passa o carregamento. Além disso, a operação é informada ao Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), à Polícia Federal, à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ao Comando Militar do Leste, que fica de sobreaviso.
Garantia de segurança
Todo o planejamento é feito para assegurar que a atividade não implique em risco à população ou ao pessoal envolvido e que o combustível chegue em segurança à central nuclear de Angra. Por esse motivo, as datas e os horários do transporte são sigilosos. O mesmo vale para as rotas utilizadas, sendo que, no total, existem três opções de trajeto. Além disso, os caminhões que carregam os elementos combustíveis trafegam com velocidade controlada para evitar danos ao material.
Ao chegar ao seu destino, o carregamento é verificado por técnicos da INB e por uma equipe especializada de Angra 1. O material é armazenado, primeiramente, num depósito seco e, depois, na piscina de combustíveis, onde fica até a hora do reabastecimento. Este procedimento todo leva cerca de doze horas. "É um longo processo, que exige empenho máximo de todos os atores envolvidos para garantir a qualidade e a segurança do combustível usado pela Eletronuclear”, explica Renata Wolter dos Reis Nery, gerente de Combustível Nuclear da empresa.
-
- 26/04/2016 - Novo material amplia controle de máquina em radioterapiaMaterial é resultado de pesquisa inédita e funciona como um dispositivo de memória
Material é resultado de pesquisa inédita e funciona como um dispositivo de memória
Fonte: Planeta OsascoEm busca de maior eficiência para os detectores de radiação usados em máquinas de radioterapia, pesquisadores do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP desenvolveram novo material, a base de óxido de magnésio, com adição de Lítio, Cério e Samário e que adquire propriedades luminescentes e dosimétricas, capaz de registrar com precisão, e quantas vezes for necessário, a quantidade de radiação recebida. A ideia dos pesquisadores é que, no futuro, esse possa ser um importante instrumento no controle de qualidade das máquinas de radioterapia.
A radioterapia de intensidade modulada e a próton terapia são técnicas modernas utilizadas no tratamento de tumores. Essas técnicas permitem alcançar alvos específicos com altas doses de radiação, poupando o máximo possível os tecidos saudáveis. Esses tratamentos são sofisticados e exigem planejamento e programa de controle de qualidade complexos. Segundo especialistas, faltam detectores eficientes para isso, que consigam medir as doses de radiação emitidas pelas máquinas de radioterapia, capazes de reproduzir sozinhos a distribuição de dose planejada de radiação e que identifiquem e meçam alvos.
Segundo o físico Luiz Carlos Oliveira, esse é o resultado de pesquisa inédita e o material funciona como se fosse um dispositivo de memória. Quando submetido à radiação ionizante (radiação com altas concentrações de energia), o material sofre um processo de "gravação”, ou seja, informações são armazenadas no seu interior. Se desejamos saber a quanto de radiação o material foi exposto basta ‘ler’ a informação registrada. A leitura da informação armazenada no material é feita por meio da sua iluminação. "Quanto maior for a luz emitida de volta pelo material, maior terá sido a dose a que ele foi exposto”.
Para deixar mais claro o funcionamento do material, Oliveira faz uma analogia com uma fotografia. "Seria como produzir a imagem medindo a intensidade de luz de cada um dos seus milhões de pontos (pixels). ”
Dosimetria da radiação
Com características únicas, diz o pesquisador, esse novo material é adequado para a dosimetria da radiação ionizante, como o RX, por exemplo, em duas dimensões, a chamada dosimetria bidimensional, que faz a leitura de uma extensa área a ser medida. Outro importante resultado apresentado pelo material desenvolvido no laboratório é a rapidez com que é possível fazer a leitura da quantidade dessa radiação. "Esse material é altamente sensível a radiação, pode medir desde doses muito pequenas até muito grandes, além de manter a estabilidade do sinal e também ser capaz de distinguir e medir alvos”.
Oliveira lembra que, atualmente, a determinação da distribuição de dose é uma dificuldade tecnológica. Outros laboratórios também trabalham para solucionar o problema e diversos tipos de materiais têm sido usados ou testados na dosimetria bidimensional em radioterapia. "É difícil medidas de precisão melhor que 5%, devido à combinação de fatores como, por exemplo, dependência com a energia de fóton, alcance dinâmico limitado, que é o trecho entre o valor mais escuro e o mais claro de uma imagem, instabilidade do sinal, condições de processamento”.
E o pesquisador comemora o feito do laboratório onde atua "o material que descobrimos supera esses fatores limitantes devido as suas propriedades intrínsecas. Trata-se de um material que reúne várias das características que os outros materiais apresentam separadamente, num único pacote”. Oliveira lembra, ainda, que o óxido de magnésio acrescido de Lítio, Cério e Samário não se encontra disponível para comercialização, pois ainda é fabricado em escala laboratorial. "No momento somente nosso laboratório é capaz de reproduzi-lo”, diz Oliveira.
A pesquisa deu origem ao trabalho MgO: Li, Ce, Sma as a high sensitive material for Optically Stimulated Luminescense dosimetry que foi publicado no dia 14 de abril, na revista Scientific Reports do Grupo Nature. O trabalho é resultado do pós-doutorado de Oliveira e foi supervisionado pelo professor Oswaldo Baffa Filho, da FFCLRP e contou com a colaboração do professor Eduardo Yukihara, da Universidade do Estado de Oklahoma, Estados Unidos.
-
- 26/04/2016 - Chernobyl: desastre nuclear na Ucrânia completa 30 anosNúmero de vítimas continua incerto até hoje; relembre como foi o acidente. Nova estrutura de proteção para usina deve estar pronta até 2017.
Número de vítimas continua incerto até hoje; relembre como foi o acidente. Nova estrutura de proteção para usina deve estar pronta até 2017.
Fonte: G1O mundo rememora nesta terça-feira (26) os 30 anos da catástrofe de Chernobyl, na Ucrânia, o pior acidente com usina nuclear da história, cujo número de vítimas continua sendo um mistério.
A tragédia estava ficando esquecida mais recentemente, até que o terremoto que atingiu o Japão em 2011 provocou um grave acidente nuclear em Fukushima, reavivando os receios sobre os riscos deste tipo de fonte de energia.
À 1h23 da madrugada de 26 de abril de 1986, o reator nuclear número 4 da usina explodiu durante um teste de segurança. Durante 10 dias, o combustível nuclear ardeu, liberando na atmosfera nuvens tóxicas que contaminaram com radiação até três quartos do território europeu.
O acidente
As nuvens tóxicas atingiram especialmente a Ucrânia e os vizinhos Bielorrússia e Rússia.
Moscou tentou esconder o acidente ocorrido na ex-república soviética e as autoridades esperaram o dia seguinte para evacuar os 48 mil habitantes da localidade de Pripyat, situada a apenas três quilômetros da usina.
O primeiro sinal de alerta foi lançado pela Suécia no dia 28 de abril, quando as autoridades detectaram quantidades anormais de radiação, mas o líder soviético Mikhail Gorbachev não falou publicamente do incidente até 14 de maio.
Depois que as autoridades reconheceram o acidente, 116 mil pessoas precisaram deixar seus lares situados na zona de exclusão, para a qual até hoje em dia seguem sem poder voltar. Nos anos seguintes, outras 230 mil pessoas tiveram o mesmo destino.
No entanto, cerca de 5 milhões de ucranianos, russos e bielorrussos vivem em zonas onde a quantidade de radiação segue alta.
Em quatro anos, 600 mil pessoas, principalmente militares, policiais, bombeiros e funcionários, trabalharam como "liquidadores" para conter o incêndio nuclear e criar uma barreira de concreto para isolar o reator.
Os agentes mobilizados chegaram ao local quase sem proteção ou com um equipamento inadequado para enfrentar a nuvem tóxica. Além de conter o incêndio, precisaram limpar as zonas adjacentes e construir o sarcófago para conter a radiação.
Três décadas depois do acidente, o balanço de vítimas continua sendo alvo de polêmica. Um controverso relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005 estimou em cerca de 4 mil as vítimas nos três países mais afetados. Um ano depois, a organização ambientalista Greenpeace situou o número em cerca de 100 mil.
Segundo o Comitê Científico sobre os Efeitos da Radiação Atômica da ONU, ocorreram 30 mortes entre os agentes enviados para conter os efeitos do acidente nos dias posteriores ao desastre.
A estrutura criada imediatamente depois do acidente, de maneira apressada, ameaçava começar a vazar para o ar 200 toneladas de magma radioativo, razão pela qual a comunidade internacional se comprometeu a construir uma nova camada de concreto mais segura.
A construção de uma urna com altura de 110 metros de 25 toneladas começou finalmente em 2010. Esta estrutura, um pouco mais alta que o Big Ben em Londres, permitiria cobrir a catedral de Notre Dame de Paris.
Este novo sarcófago deve estar plenamente operacional no fim de 2017 e terá um custo total de US$ 2,4 bilhões.
Com uma vida útil estimada em um mínimo de cem anos, esta estrutura deve dar tempo para os cientistas encontrarem novos métodos para desmantelar e enterrar o resto do reator, para que algum dia o local possa se tornar seguro novamente.
Como informa a agência AFP, até o momento ainda não está claro de onde será obtido o financiamento para manter a estrutura. A questão pode ser abordada em 25 de abril em uma assembleia de doadores em Kiev.
Segundo a agência Reuters, testes de radioatividade em áreas contaminadas pelo desastre foram cancelados ou reduzidos em razão da crise econômica na Ucrânia, na Rússia e na Bielorrússia, mas um levantamento do Greenpeace diz que as pessoas da região continuam a consumir alimentos e bebidas com níveis de radiação perigosamente altos.
De acordo com testes realizados por encomenda da organização, a contaminação geral por isótopos perigosos como o césio-137 e o estrôncio-90 diminuiu um pouco, mas ainda está presente, especialmente em locais como as florestas. "Está no que eles comem e bebem. Está na madeira que usam na construção e queimam para se aquecer", afirma o relatório do Greenpeace divulgado em março.
Rússia corta subvenção
Das 4.413 localidades russas afetadas pelo acidente de Chernobyl, 383 verão suas subvenções diminuírem por cortes orçamentários, como o povoado de Starye Bobovitchi. Outras 558 cidades serão simplesmente retiradas da lista.
"Com este decreto, o Estado se nega a reconhecer que são necessários 2.000 anos, e não 30, para descontaminar uma zona", denuncia Anton Korsakov, biólogo e especialista nas consequências de Chernobyl para a região de Briansk.
"Mesmo que consigamos descontaminá-la, terão que se passar várias gerações até que as crianças voltem a nascer saudáveis", afirma, lembrando que o índice de mortalidade infantil na região é cinco vezes maior que a média nacional.
Quando as crianças sobrevivem, 80% delas desenvolvem uma ou várias doenças crônicas, de acordo com estatísticas oficiais, citadas pelo especialista.
Em Novozybkov, cidade a 180 km de Chernobyl cujos 30 mil habitantes nunca chegaram a ser retirados como era previsto, os corredores do hospital estão cheios de crianças e idosos que esperam durante várias horas.
O cirurgião Viktor Janaiev estima que um terço dos seus pacientes vêm ao hospital por doenças causadas ou pioradas pelas radiações.
"Muitos não podem se cuidar, visto que os medicamentos subvencionados não são os mais eficazes", e seriam necessários outros remédios, mais caros, explica. O salário mínimo russo é de 6.204 rublos (cerca de R$ 320).
A partir de julho, Novozybkov passará de "zona a ser evacuada" para "zona habitável", e as ajudas econômicas serão reduzidas.
"É uma má notícia", lamenta Janaiev. "As pessoas terão que pagar pelos seus medicamentos, que até agora eram gratuitos. E as crianças não poderão ir ao sanatório no verão", afirma, lembrando que sair da cidade na estação mais quente do ano, quando as radiações são mais fortes, é uma necessidade.
Aleksander, seu paciente, confirma a observação: "Tenho a saúde boa? Depende. Quando estou em outra região, estou ótimo. Aqui, noto as radiações todos os dias", conta. Esse homem de 30 anos, pai de uma menina, gostaria de "ir embora da região". "Mas com que dinheiro? Ninguém nos ajuda", diz com tristeza.
Viver em uma zona contaminada pelas radiações de Chernobyl tem consequências na saúde; porém, é possível limitá-las sempre e quando "se esteja informado", afirma Liudmila Komorgotseva, da ONG russa União pela Segurança Radioativa.
"Mas o governo não faz nada e as pessoas colhem frutas e cogumelos no bosque contaminado", conta.
Veja a reportagem especial do Fantástico em Chernobyl: -
- 25/04/2016 - Alckmin critica Fapesp por priorizar pesquisa sem “utilidade prática”Fonte: VejaNa última reunião de secretariado de Geraldo Alckmin na semana passada, presentes todos os secretários, o governador demonstrou insatisfação com os critérios de pesquisa adotados pela Fapesp.
"Gastam dinheiro com pesquisas acadêmicas sem nenhuma utilidade prática para a sociedade. Apoiar a pesquisa para a elaboração da vacina contra a dengue, eles não apoiam. O Butantã sem dinheiro para nada. E a Fapesp quer apoiar projetos de sociologia ou projetos acadêmicos sem nenhuma relevância”, afirmou Alckmin.
Segundo relatos de secretários presentes, o governador chegou a se referir a uma "máfia das universidades sugando dinheiro público”.
Ele defendeu que se acabe com a vinculação orçamentária para financiar esse tipo de pesquisa. "A Fapesp tem 1% do orçamento. Tem mais de 800 milhões em conta. E o Butantã sem dinheiro para fazer vacina”, insistiu o tucano.
Muito incomodada com o ataque frontal à pesquisa, a secretária Linamara Rizzo Batistela pediu a palavra para discordar do governador, gerando um pequeno bate-boca.
Atualização do dia 26/4, às 15h40 - A secretária Linamara Batistela enviou mensagem à coluna nesta terça-feira às 11h24 negando que o governador tenha feito críticas à Fapesp ou mencionado a palavra "máfia” na reunião do secretariado. Também negou que tenha havido bate-boca. A coluna reitera as informações publicadas, que foram relatadas por três secretários presentes à reunião.
-
- 25/04/2016 - O que ficou da maior catástrofe nuclear da história?A explosão do reator da central atômica de Chernobil, na Ucrânia, liberou uma nuvem radioativa que contaminou boa parte da Europa. A tragédia ocorreu em 26 de abril de 1986. E três décadas depois, na Suíça e, principalmente no sul dos Alpes, no Ticino, registra-se ainda a presença de elementos radioativos. Quais são as consequências para a saúde pública?
A explosão do reator da central atômica de Chernobil, na Ucrânia, liberou uma nuvem radioativa que contaminou boa parte da Europa. A tragédia ocorreu em 26 de abril de 1986. E três décadas depois, na Suíça e, principalmente no sul dos Alpes, no Ticino, registra-se ainda a presença de elementos radioativos. Quais são as consequências para a saúde pública?
Fonte: Swissinfo - com vídeos
Luigi Jorio
"As lembranças desaparecem muito mais rapidamente do que o césio-137”, que perde apenas a metade do seu efeito ao longo desses 30 anos, diz Christophe Murith, chefe da seção Riscos Radiológicos da Secretaria Federal de Saúde Pública (UFSP). Entretanto, os eventos que marcaram a primavera de 1986 estão ainda bem vivos em sua memória. Ele estava na linha de frente quando a nuvem contaminada lançada em Chernobil alcançou o norte da Europa e a Suíça.
"Fomos avisados pelos suíços que tinham percebido um aumento de radioatividade fora do comum. Eu tinha acabado de fazer a minha tese e estava experimentando uma técnica de espectroscopia (levantamento de dados físicos e químicos emitidos por radiação, ndr). De repente, acabei realizando testes reais de medição entre os habitantes, que me olhavam com uma certa desconfiança, e os responsáveis federais que pediam o maior número possível de informações relevadas no campo”, lembra Christophe Murith, na época um colaborador do Laboratório da Comissão de Proteção Radioativa.O exército lhe emprestou um furgão e o jovem pesquisador percorreu todos os vales do Ticino, a região da Suíça mais atingida pela radioatividade. A chuva sobre a nuvem tóxica de passagem depositou o material contaminado. "No Ticino, o nível de césio137 no terreno chegava até 100 vezes acima dos dados medidos em altitude.
A prioridade era a proteção das pessoas mais vulneráveis à radiação, como as crianças e as mulheres grávidas. "As análises se concentraram nos produtos alimentícios; queriam impedir uma contaminação através da comida”, conta Christophe Murith.
Foi essa a razão por tantas recomendações como, por exemplo, evitar o consumo de leite fresco e lavar as verduras e os legumes muito bem.
Em geral e logo depois da catástrofe de Chernobil, a dose média de radioatividade acumulada na população suíça foi limitada. Segundo estimativas da UFSP, trata-se de 0,5 mil sieverts (mSv), por ano. Somente a título de comparação, a dose de uma radiografia convencional é de 1 mSv. "As pessoas que não seguiram as orientações podem ter recebido uma dosagem dez vezes superior”, observa o especialista.
Chernobyl nos javalis e nos lagos
Os rastros da catástrofe ainda são visíveis, mesmo depois de trinta anos. No Ticino e em alguns vales dos Grisões (leste), o césio 137, "marca registrada” de Chernobil, continua a emitir radiação. "O césio persiste, principalmente nas camadas superiores do ecossistema florestal. Ele se acumula nos cogumelos e nas carnes dos animais silvestres. Até hoje, a concentração de césio nos javalis pode superar o valor limite. Neste caso, a carne não pode ser comercializada”.
Os lagos também sofrem com os efeitos colaterais do incidente de Chernobil. A informação faz parte de um recente artigo do Inspetoria Federal da Segurança Nuclear. Ele cita um estudo suíço publicado em 2013. No lago de Bienne (oeste), um oitavo do césio 137 depositado entre 1950 e 2013 é atribuído a Chernobil. O resto tem origem nos testes nucleares realizados nos anos 1970, na central atômica de Mühleberg, segundo a publicação.
Nenhum aumento significativo de tumores
A presença de elementos radioativos relevada por instrumentos científicos de alta precisão é muito interessante para os especialistas dessa área, afirma Bernard Michaud, ex-vice diretor da UFSP. "Entretanto, em termos de saúde pública não houve nenhuma repercussão. A Suíça não registrou aumentos de tumor de tireoide [provocado pela ingestão de iodo-131, ndr], nem de malformações e nem de outras formas de tumores”, diz.
Porém, é provável que muitas pessoas tenham adoecido por causa de Chernobil, segundo Christoph Murith. "Estabelecer uma relação de causa e efeito é difícil porque o tumor de tireoide já estava em aumento, principalmente entre as mulheres”. O incremento é principalmente resultado da evolução dos sistemas de diagnóstico.
As estimativas da UFSP, baseadas nos dados estatísticos apurados depois das bombas de Hiroshima e Nagasaki, falam de 200 mortes a mais, na Suíça. "A situação é bem diferente nos países mais atingidos, entre eles a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia onde existiram, pelo menos, de 4 a 5 mil casos de tumores de tireoide ligados, sem dúvida alguma, a Chernobil”, observa Christophe Murith.
Contatado por swissinfo.ch, o Instituto de Medicina Social e Preventiva (IMSP) da Universidade de Berna indica que não existem efeitos visíveis de Chernobil, nem mesmo sobre a evolução dos tumores nas crianças. Ben Spycher, especialista em saúde infantil junto ao IMSP, afirma que de qualquer forma até mesmo doses de radioatividade consideradas baixas podem favorecer o surgimento de leucemias e tumores no cérebro das crianças.
"Uma mínima parte dessa radioatividade natural vem de Chernobil. Mas mesmo se fosse um efeito ligado ao incidente de 1986, isso seria realmente muito pouco”.
Não baixar a guarda
Se por um lado todos os estudos destacam a ausência de repercussões significativas sobre a saúde na Suíça, por outro declara-se que os dados estão incompletos. Na Suíça, não existe um registro nacional de tumores e aquele do cantão Ticino foi criado apenas em 1996, ou seja, dez anos depois do incidente, afirma o seu diretor Andrea Bordoni.
De qualquer modo, essa lacuna não seria relevante. "É verdade, nos falta o dado inicial e, em teoria, é possível que nos tenha escapado uma alta na evolução dos tumores de tireoide. Mas se Chernobil tivesse, realmente, provocado consequências sanitárias importantes, teríamos observado. Não foi assim”.
Jacques Bernier, responsável pelo setor de rádio-oncologia da clínica de Genolier, no cantão Vaud, observa que o câncer papilar (um tipo de tumor da tireoide) em pacientes submetidos a radiação apresenta mutações cromossômicas que variam com o tempo. "Então é prudente não baixar a guarda, até porque essas mutações poderiam comportar potenciais riscos a longo prazo”.
O Centro internacional de pesquisa sobre o câncer de Lion, agência especializada da Organização Mundial de Saúde OMS), adverte que os efeitos das radiações podem se manifestar até mesmo depois de décadas da exposição. Para uma avaliação completa das consequências na saúde, como efeitos colaterais de Chernobil, sugere a criação de um programa coordenado de pesquisa de longo prazo.
Christophe Murith tem certeza de um fato: "Depressão, ansiedade, suicídio, estresse póstraumático e, em geral, a falta de prospectiva para as populações evacuadas continuam sendo os maiores problemas. As repercussões psicológicas da catástrofe superam, em muito, as radiológicas”.
Chernobil, a ameaça dos incêndios
Uma quantidade notável de substâncias radioativas e muito perigosas depositou-se nas florestas e nos terrenos ao redor da central nuclear, logo depois do incidente. Estas substâncias podem ser liberadas na atmosfera pela ação dos frequentes incêndios na região, adverte Greenpeace.
Um incêndio incontrolável equivaleria a um incidente de nível 6 na escala dos acidentes nucleares, levando em conta que Chernobil foi de 7, afirma a organização ambiental. Em 2010, a radioatividade contida na fumaça de um incêndio chegou até a Turquia.
A questão é "levada a sério”, indicou a Secretaria Federal de Saúde Pública (UFSP) ao jornal Le Matin Dimanche. Se surgissem focos de incêndio de uma certa determinada usina, a Suíça seria advertida rapidamente, já que faz parte de uma rede internacional, explicou o UFSP
Segundo as autoridades de saúde, na pior das hipóteses a dose de césio-137 que poderia chegar à Suíça seria de 100 a 1000 vezes inferior àquela relevada no país, em 1986.
Quantas são as vítimas de Chernobil?
O Chernobyl Fórum, um encontro no qual fazem parte diversas agências da ONU, chegou à conclusão que os mortos confirmados, com segurança, são 65. As outras mortes, causadas pelo tumor e pela leucemia, poderiam chegar a 4 mil, no prazo de 80 anos.
Para o Instituto suíço Paul Scherrer, o número de mortes oscila entre 9 e 33 mil. Os dados se baseiam nos estudos realizados, entre outros, pela União Europeia, Agência Internacional para a Energia Atômica e Organização Mundial de Saúde.
Para o Greenpeace, ao contrário, o balanço seria muito mais grave: 200 mil mortes entre 1990 e 2004 na Bielorrússia, Ucrânia e Rússia e até 6 milhões em todo o mundo (num prazo de 70 anos)
Adaptação: Guilherme Aquino, swissinfo.ch
-
- 24/04/2016 - STJ mantém condenação para indenizar vítimas do Césio-137Fonte: Revista Exame
São Paulo - Em votação unânime, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão que condenou o estado de Goiás a indenizar, por danos morais e materiais, moradores de Goiânia que foram desalojados de suas casas por causa do acidente radioativo com o Césio-137, ocorrido em 1987.Depois do acidente foi isolada uma área de 2.000 metros quadrados, compreendendo 25 casas, cujos moradores tiveram de deixar suas casas para remoção do material radioativo. A residência dos autores da ação foi a única construção a ser demolida e o local concretado para isolar o lixo radioativo por um período de 150 anos.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (22) no site do Superior Tribunal de Justiça.
A sentença fixou a indenização em um terço do valor da causa, pelos danos materiais, quantia acrescida de 25% pelos danos morais, montantes atualizados e aos quais seriam adicionados de juros de mora a partir do trânsito em julgado da sentença.
Acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), entretanto, ao considerar o direito à indenização por desapropriação indireta, adotou o valor do terreno e respectivas construções, acrescidos de juros compensatórios de 12% ao ano, desde a data do desapossamento, e juros moratórios de 6% ao ano, contados na forma prevista no artigo 15-B do Decreto-Lei 3.365/41.
Apenas nesse aspecto, o relator, ministro Sérgio Kukina, decidiu, de ofício, restaurar o valor indenizatório fixado em sentença, e adequar o termo inicial dos juros moratórios à Súmula 54 do STJ.
O ministro explicou que a solução encontrada pelo TRF1 ainda dependeria de dispendiosa e demorada perícia de engenharia, em processo que já tramita desde 1997'. Ele destacou também que a decisão impôs a limitação de que o valor apurado na fase liquidatória, acrescido dos juros compensatórios e moratórios, não poderia exceder o montante arbitrado na sentença.
"Para se evitar a imposição de novas e desnecessárias despesas para o estado recorrente, que haveria de também suportar honorários periciais de engenharia, faz-se de rigor a restauração da fórmula indenizatória estabelecida na sentença, mais favorável para ambas as partes e para a própria efetividade da prestação jurisdicional", disse o relator.
Em relação ao termo inicial dos juros moratórios, fixado pela sentença a partir do trânsito em julgado da ação, o ministro aplicou a Súmula 54 do tribunal, que estabelece que os juros moratórios fluem a partir do evento danoso.
A reportagem tentou contato com o procurador-geral do Estado de Goiás Alexandre Tocantins, mas ele não atendeu às chamadas telefônicas.
Histórico
Em 1987, mais de cem pessoas morreram contaminadas e outras 1,5 mil foram afetadas pelo material radioativo Césio 137 em Goiânia, Goiás. Um aparelho radiológico com cápsula do metal foi roubado em 13 de setembro por catadores em um terreno abandonado do Instituto de Radioterapia de Goiânia. Nesse contato, eles tiveram náuseas e vômitos, que foram primeiro relacionados à alimentação.
Alguns dias depois, o aparelho foi vendido para um dono de ferro-velho, que abriu a cápsula. Encantado pela luz azul emitida no escuro pela substância tóxica, ele a mostrou a parentes e amigos, contaminando-os. Em 23 de outubro, morreram as primeiras pessoas vítimas da radiação. O governo de Goiás foi duramente criticado pela demora em tomar ações e pela maneira com que a limpeza das áreas afetadas foi realizada.
-
- 22/04/2016 - Governo confirma demissão de Pansera. Emília Ribeiro assume MCTIA ministra interina é secretária executiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, se especializou em legislação e tem 30 anos de serviço público
A ministra interina é secretária executiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, se especializou em legislação e tem 30 anos de serviço público
Fonte: Jornal da CiênciaConfirmando as expectativas, Celso Pansera, deputado do PMDB do Rio de Janeiro, não voltará ao comando do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), após votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, no domingo, 17. Na noite de quarta-feira, 20, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República divulgou notaconfirmando a saída de Pansera e de outros dois ministros do governo.
Dessa forma, Celso Pansera reassumirá seu mandato na Câmara dos Deputados. A pasta de CT&I é comandada, por enquanto, pela secretária executiva, Emília Ribeiro, que já respondia interinamente pelo órgão, desde que Pansera foi exonerado para votação no processo de impeachment.
O ex-ministro atendeu à direção nacional do PMDB. Ele avisou a assessores e amigos mais próximos que, caso retornasse à pasta, estaria contrariando orientação do PMDB. Ao votar contra o impeachment, o deputado honrou seu compromisso com o governo, mas não pretende deixar o partido.
Na mesma nota divulgada na quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou ainda a saída dos ministros Eduardo Braga, da pasta de Minas e Energia; e Helder Barbalho, da Secretaria de Portos da Presidência da República.
Assumirá o lugar de Eduardo Braga, como ministro interino, Marco Antônio Martins Almeida, atualmente secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis. Já na Secretaria de Portos, quem assume é Maurício Muniz, atual secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conforme a nota do Palácio do Planalto.
Perfil de Emília Ribeiro
Bacharel em direito, Ribeiro é servidora de carreira do órgão. Possui 30 anos de experiência no serviço público federal, além de amplo conhecimento em legislação do setor público e gestão pública.
Antes de trabalhar no MCTI, dedicou-se à regulação de serviços e mercados de telecomunicações e radiodifusão por um período de oito anos. Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), foi vice-presidente do Conselho Consultivo, 2005 a 2008. No período de 2008 a 2012, foi diretora conselheira da agência reguladora.
De acordo com informações do MCTI, Emília participou diretamente da organização e regulamentação da legislação educacional brasileira e da gestão orçamentária de recursos destinados aos programas estratégicos nacionais.