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- 25/01/2016 - Brasil não consegue medir resultados de investimentos em ciência, diz ministroFonte: EBC Agência Brasil
Flávia Villela - Repórter da Agência BrasilO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, disse hoje (25) que o Brasil "não tem um sistema seguro de medição de resultados de pesquisas" na área.
"Não há medição, não sabemos qual o nível de eficiência que está sendo investido com ciência, tecnologia e inovação”, disse,durante apresentação da Proposta da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016-2019 à comunidade científica do Rio de Janeiro, no auditório da Academia Brasileira de Ciências (ABC), centro da capital fluminense.
"Já encomendamos um trabalho com diversos pesquisadores para formatar um sistema para medir a eficiência do que é investido em ciência e tecnologia no Brasil, qual o resultado, o que de fato é produzido e tem impacto na vida das pessoas. Há padrões internacionais, vamos adaptá-los a nossa realidade. Quanto mais eficiente, mais recursos", acrescentou.
Um dos membros da diretoria da ABC, o físico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Davidovich citou como exemplo da falta de acompanhamento de resultados de programas federais que requerem muito recursos, como o Ciência Sem Fronteiras.
"A decisão de continuar o programa requer uma avaliação do que foi feito. Será que o número enviado para fora foi grande demais, que os recursos para pagar custos com universidades nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, que são caras, são revertidos de forma ótima para o país? Tudo isso precisa ser avaliado".
O físico também ressaltou que falta acompanhamento de projetos da iniciativa privada financiados com dinheiro público.
"A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) movimentou R$50 bilhões em subvenção há cerca de um ou dois anos para a iniciativa privada. Recursos dessa natureza e para empresas desse porte têm que ser muito bem avaliados, pois como os juros são abaixo dos do mercado há tentação grande de usar esse recursos para o fluxo de de caixa em vez de usar para inovação diferencial. A empresa continua fazendo a inovação que sempre fez e utiliza esses recursos para outras atividades”, citou.
Mais investimentos em ciência
Os cientistas que participaram do evento cobraram mais objetividade e mais recursos para investimentos em ciência e tecnologia. Eles também destacaram a necessidade de aumentar o percentual do Produto Interno Bruto investido no setor, que hoje é de cerca de 1%, bem como o número de cientistas no país. Nos países desenvolvidos, há cerca de 2 mil cientistas por milhão de habitantes. No Brasil, o número é de aproximadamente 600 cientistas por milhão de habitantes.
Pansera anunciou que está negociando a assinatura de um empréstimo de U$2 bilhões de dólares com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) para a ampliação da infraestrutura em pesquisa no país, em projetos voltados para segurança cibernética, hídrica, alimentar e segurança energética, entre outros. As unidades de pesquisa do ministério e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia estão entre os beneficiados pelo eventual empréstimo.
"Também já praticamentefechamoscom o BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social] recursos do Fundo Amazônia, e o Funtel [Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações] nos repassou R$200 milhões e estamos negociando mais”, informou.
As contribuições ao documento podem ser feitas até sexta-feira (29) por e-mail ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
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- 23/01/2016 - 4ª Edição da Escola Internacional em Processamento Inteligente de Sinais (INFIERI)Entre os dias 23 de janeiro a 03 de fevereiro de 2017, a Cidade Universitária da USP, na capital, recebe a quarta edição da Escola Internacional em Processamento Inteligente de Sinais (Infieri), organizada internacionalmente pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN).
Entre os dias 23 de janeiro a 03 de fevereiro de 2017, a Cidade Universitária da USP, na capital, recebe a quarta edição da Escola Internacional em Processamento Inteligente de Sinais (Infieri), organizada internacionalmente pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN).
Fonte: IFUSP
O evento coloca em discussão temas relacionados às tecnologias avançadas nas áreas de semicondutores, nanotecnologia, empacotamento avançado e interconexões, telecomunicações, processamento de sinais em tempo real, filtragem e computação massivamente paralela e pretende debater sobre as motivações e desafios na construção de novos instrumentos tecnológicos.Para isso, a Escola Infieri 2016 irá realizar palestras e workshops em uma variedade de temáticasque vão desde aplicações multidisciplinares extraídas da exploração do Universo até a investigação do mundo das partículas elementares.
Esta é a primeira vez que o evento vem até a América do Sul, onde somente 60 alunos de doutorado e pós-doutorado do mundo inteiro são selecionados para participar.
Mais informações:
http://www.usp.br/ime/infieri2016/
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- 23/01/2016 - Organização cria unidade para incentivar jovens profissionais do setor nuclearFonte: Jornal do BrasilA Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) está apoiando estudantes de engenharia a criarem uma rede de incentivo aos jovens profissionais do setor nuclear, com a abertura de uma unidade local da organização internacional Young Generation Network, que atua em todo o mundo com este propósito.
A ideia partiu de duas estudantes brasileiras,Domênica Dalvie Larissa Paizante, que entraram em contato com a YGN no exterior em busca de apoio para implementar a iniciativa no Brasil. O presidente da ABDAN,Antonio Müller, também foi procurado pelas jovens e colocou a associação à disposição delas para ajudar no processo, já que a integração das novas gerações na indústria é uma preocupação antiga no segmento.
"Há muito tempo a ABDAN vem investindo no apoio aos jovens profissionais brasileiros envolvidos com o setor nuclear e já ressaltamos algumas vezes que o segmento precisa de estímulos do governo para não perder o grande conhecimento tecnológico adquirido ao longo de décadas. Muitos profissionais experientes estão se aposentando e é fundamental a troca de informações com as novas gerações, por isso vemos a iniciativa como um passo muito positivo”, afirma Müller.
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- 21/01/2016 - Ministro Aldo Rebelo diz que investimentos serão mantidosFonte: Jornal Cruzeiro do Sul
O ministro Aldo Rebelo afirmou na manhã desta quinta-feira (21) que não acredita no impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Disse que, aparentemente, nem mesmo a oposição está querendo que isso aconteça, portanto, o governo não está na expectativa de que esse processo seja engatilhado com o retorno do recesso dos deputados federais. A declaração foi feita durante entrevista coletiva à imprensa, nas dependências do Centro Experimental de Aramar (CEA), em Iperó, quando cumpriu agenda de visita técnica para conhecer as instalações daquela unidade. Esta foi a primeira vez que o ministro esteve no local. Quando ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, ele não teve a oportunidade de cumprir a visita.
Com relação aos investimentos, o ministro voltou a afirmar que, apesar dos cortes no orçamento da pasta, e, por conseguinte, de Aramar, nenhum projeto ou programa que vem sendo desenvolvido no País será afetado. Disse que a expectativa é de que o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) seja concluído o mais breve possível. Não falou em valores, mas disse que investimentos continuarão sendo feitos no Programa Nuclear da Marinha. Em novembro passado, em reportagem do jornal Cruzeiro do Sul, foi informado que estavam previstos para o programa recursos da ordem de R$ 346,7 milhões, porém, com o enxugamento das contas, o limite de pagamento em 2015 foi de R$ 256,9 milhões, ou seja, 74% a menos do previsto para o ano passado.
Esse equipamento, o RMB, está orçado em R$ 850 milhões e tem múltiplas finalidades. Entre as principais está a produção de radioisótopos para uso na medicina nuclear, como exames e tratamento do cãncer. Além disso, o reator ajudará nas pesquisas em campo nas áreas da tecnologia nuclear, energia, agricultura, indústria, ciêncida de materiais e meio ambiente.
O ministro fez a visita acompanhado do prefeito de Iperó, Vanderlei Polizeli, que deixou o PSDB em outubro passado para filiar-se ao PSB, e do comandante da Marinha, o almirante de esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira. De acordo com o oficial, todo o trabalho de pesquisa e testes realizados em Aramar não colocam em risco a segurança da população. Desde que foi instalado em Iperó, o CEA sempre provocou polêmica e medo nos moradores vizinhos. No entanto, o almirante afirma que não há risco algum à segurança da população que, daqui a uns dez ou quinze anos, estará comemorando com a Marinha a conclusão do Programa Nuclear. "Está difícil, não é simples desenvolver tecnologia com recursos próprios, mas vamos conseguir e garantiremos a independência nuclear do Brasil", afirma.
Na entrevista com os jornalistas, o ministro da Defesa também garantiu que tudo o que pode ser feito para garantir a segurança dos brasileiros, de turistas e atletas nos jogos olímpicos deste ano no Rio de Janeiro está sendo feito, portanto, não há risco algum com relação a ataques terroristas, por exemplo. Sobre a vigilância nas fronteiras brasileiras, visando o narcotráfico e o contrabando de armas, Rebelo saiu pela tangente afirmando que nem mesmo os Estados Unidos, com todos os recursos que possui, consegue evitar esse tráfego ilícito pelas fronteiras dos EUA com o México.
Ao final da visita, o ministro plantou no jardim de Aramar uma paineira. Após isso, retornou para Brasília. Pela agenda do dia, o ministro visitaria também as instalações do Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo, onde estão os laboratórios de desenvolvimento de elementos com gás (enriquecimento de urânio), de fibra de carbono e o de hidrodinâmica, mas por uma mudança de última hora precisou retornar à capital paulista. A assessoria não informou as razões. -
- 21/01/2016 - Comissão aprova incentivo ao uso de biomassa como fonte de energiaA proposta obriga as distribuidoras de energia elétrica a contratar anualmente, por meio de leilão, pelo menos 700 megawatts de energia elétrica produzida a partir de biomassa
A proposta obriga as distribuidoras de energia elétrica a contratar anualmente, por meio de leilão, pelo menos 700 megawatts de energia elétrica produzida a partir de biomassa
Fonte: Jornal da Ciência
A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados aprovou proposta que obriga as distribuidoras de energia elétrica a contratar anualmente, por meio de leilão, pelo menos 700 megawatts de energia elétrica produzida a partir de biomassa. A medida está prevista no Projeto de Lei 3529/12, de autoria do deputado Irajá Abreu (PSD-TO).
A aquisição será feita durante 10 anos. Para entrar nos leilões, as empresas de energia precisarão comprovar um índice de nacionalização de equipamentos e serviços de, no mínimo, 60%.
Relator da matéria, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) defendeu a medida. Segundo ele, a expectativa é de que a geração de energia elétrica por meio da biomassa seja complementar à matriz hidrelétrica.
A comissão aprovou um substitutivo elaborado por Magalhães para o projeto. Pelo texto aprovado, os contratos para compra de energia elétrica terão duração de 20 anos, contados do início da disponibilização da energia no Sistema Interligado Nacional (SIN). No texto original, os contratos tinham validade de 15 anos.
O texto original previa a contratação de 250 megawatts de energia, mas o relator aumentou para 700 megawatts. Já o percentual de nacionalização, que inicialmente seria de 70%, foi reduzido para 60% pelo relator.
Benefício fiscal
A proposta aprovada na comissão isenta de PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) a receita da venda de energia elétrica entre produtores e consumidores localizados no mesmo sítio, desde que sua produção utilize biomassa como combustível.
O texto também isenta a agroindústria do imposto sobre a receita da comercialização de energia elétrica gerada a partir de biomassa, bem como sobre a biomassa utilizada como combustível e sobre o vapor obtido pela sua queima.
Já o projeto original abria a possibilidade de empresas abaterem do Imposto de Renda (IR) os gastos da aquisição de bens e serviços usados na construção ou montagem de instalações destinadas ao aproveitamento da biomassa.
O relator suprimiu do texto original o desconto de 5% na alíquota do IR sobre rendimentos de fundos de investimentos em títulos e valores mobiliários emitidos por empresas geradoras de energia a partir da biomassa e por indústrias produtoras de equipamentos, partes, peças e acessórios usados neste tipo de geração elétrica.
O texto aprovado transfere o custo de escoamento da energia produzida via contratos de biomassa para as distribuidoras de energia elétrica, mas não menciona possível reajuste de tarifas.
Tramitação
O projeto será analisado de forma conclusiva pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
ÍNTEGRA DA PROPOSTA:PL-3529/2012
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- 20/01/2016 - Concurso de Título de Especialista em Medicina Nuclear 2016A partir de 19 de janeiro a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear abre as inscrições para a prova. Acesse o site e o regulamento do exame
A partir de 19 de janeiro a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear abre as inscrições para a prova. Acesse o site e o regulamento do exame
Fonte: Jornal Dia a DiaA Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, com anuência da Associação Médica Brasileira (AMB), entidade a qual é filiada, torna pública a abertura das inscrições para o Exame de Suficiência para Concessão do Título de Especialista em Medicina Nuclear 2016 (TEMN 2016). As inscrições começam dia 19 de janeiro e seguem até o dia 19 de fevereiro por meio do site da Sociedade – www.sbmn.org.br.
De acordo com o presidente da SBMN, Cláudio Tinoco Mesquita, a obtenção do Título de Especialista representa a conquista do reconhecimento oficial da formação e habilitação especializada do médico. Além disso, ser "titulado” possibilita o médico nuclear a assumir a responsabilidade técnica de um Serviço de Medicina Nuclear, conforme a Norma CNEN 3.05 vigente, na qual seu Art. 5° estabelece que "o responsável técnico do Serviço de Medicina Nuclear deve ser médico com título de especialista em Medicina Nuclear”.
Dividida em três etapas eliminatórias realizadas nos dias 15, 16 e 17 de abril, em São Paulo, a avaliação tem como base os resultados alcançados em provas teóricas e teórico-práticas. Como nos anos anteriores, os aspectos referentes à proteção radiológica ficarão a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Acesse o edital e normativa geral do Concurso TEMN 2016 em sbmn.org.br/titulo-de-especialista/. A bibliografia sugerida do exame também já está publicada no site.
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- 20/01/2016 - Engenheiro João Carlos Tupinambá assume a presidência das Indústrias Nucleares do BrasilNovo diretor de Recursos Minerais também foi empossado em cerimônia realizada nesta terça-feira. Nomeações foram publicadas no Diário Oficial da União
Novo diretor de Recursos Minerais também foi empossado em cerimônia realizada nesta terça-feira. Nomeações foram publicadas no Diário Oficial da União
Fonte: Jornal da CiênciaO novo presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB/MCTI), João Carlos Derzi Tupinambá, tomou posse nesta terça-feira (19). Ele substitui Aquilino Senra Martinez. Na mesma cerimônia, também foi empossado o novo diretor de Recursos Minerais da INB, Laércio Aguiar da Rocha. Os dois foram nomeados pela presidenta Dilma Rousseff em decretos publicados no Diário Oficial da União no dia 15 de janeiro.
João Carlos Tupinambá é funcionário da INB, com formação em engenharia mecânica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e especialização em Administração Pública Empresarial e em Gestão Empresarial.
"Assumo hoje com um sentimento misto de alegria e expectativa. Alegria em chegar à presidência da empresa, da qual sou funcionário de carreira desde 2002, e expectativa de conseguir resgatar a posição da INB no cenário nacional e internacional”, disse Tupinambá no discurso de posse.
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- 20/01/2016 - Projeto prevê dedução de doações para pesquisa científica básica no IRA intenção é permitir a compra de insumos - como reagentes e materiais descartáveis — para essas atividades de pesquisa. As deduções previstas são de 80% do valor doado, no caso de pessoas físicas, e de 40% no caso para pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real
A intenção é permitir a compra de insumos - como reagentes e materiais descartáveis — para essas atividades de pesquisa. As deduções previstas são de 80% do valor doado, no caso de pessoas físicas, e de 40% no caso para pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real
Fonte: Jornal da CiênciaO projeto de lei (PLS 758/2015) apresentado pelo senador Romário (PSB-RJ) pretende autorizar a dedução no Imposto de Renda de valores doados para apoio a projetos de pesquisa científica básica. As deduções previstas são de 80% do valor doado, no caso de pessoas físicas, e de 40% no caso para pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real.
A intenção é permitir a compra de insumos - como reagentes e materiais descartáveis - para essas atividades de pesquisa. Segundo o senador, muitas instituições acabam priorizando apenas a compra de equipamentos de alta tecnologia e não sobra dinheiro para financiar os insumos que permitiriam o seu funcionamento.
As doações permitidas são para a pesquisa científica básica, aquela que gera conhecimentos que não têm necessariamente aplicação imediata. "O conhecimento básico de hoje será o conhecimento aplicado de amanhã”, justificou o senador, que usou como exemplo a matemática.
O texto traz várias condições para que as doações possam ser deduzidas. Entre elas está a exigência de que a doação seja feita para instituição pública de ensino ou pesquisa e de que a pessoa física responsável pelo projeto de pesquisa esteja cadastrada na base de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Renúncia Fiscal
O projeto também estabelece como limite para as deduções os índices já aplicados em outros casos semelhantes: 4% do imposto devido pelas pessoas jurídicas e 6% do imposto devido pelas pessoas físicas. O objetivo é suavizar os efeitos da renúncia de receitas.
"Consideramos que, em virtude do pequeno universo de pesquisadores no Brasil, o impacto dessa renúncia fiscal não será, na prática, relevante na receita da União e será compensado pelo retorno materializado no desenvolvimento da educação, da ciência e, em consequência, da tecnologia e da inovação”, disse o senador na justificativa do texto.
O projeto está na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), onde tem como relator o senador Elmano Férrer (PTB-PI). Depois, passará pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), responsável pela decisão final, a menos que haja recurso para que seja votado pelo Plenário.
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- 20/01/2016 - Estudos apontam risco do uso de nanopartículas ao meio ambienteHá sinais de que esses elementos também prejudicam a saúde humana
Há sinais de que esses elementos também prejudicam a saúde humana
Fonte: Correio BrazilienseAs nanopartículas estão entre os novos materiais favoritos da indústria, devido às diversas propriedades que elas conferem a todo tipo de produto. Quando são reduzidos à escala nanométrica, elementos como prata e óxido de zinco se transformam em potentes antibactericidas, protetores de matérias-primas delicadas e películas capazes de estender a validade de alimentos, entre diversas outras utilidades. Essas vantagens levaram os fabricantes a incorporar os nanomateriais a uma variedade de produtos, como fármacos, tecidos, eletrônicos, pesticidas e embalagens. O problema é que pouco se sabe sobre um outro lado, nada benéfico, dos superpoderes desses pequenos agentes.
Pesquisas começam a mostrar o potencial poluente das nanopartículas e como esses compostos podem afetar o meio ambiente numa escala bastante perigosa. A principal ameaça está nos efluentes de indústrias que empregam esse tipo de material, mas eles também podem chegar ao ambiente por meio de pesticidas ou da rede de esgoto doméstica, na forma de água misturada com produtos comuns, como xampu ou pasta de dentes. Uma análise recente do Laboratório Suíço de Tecnologia e Ciência dos Materiais (EMPA) mostra, por exemplo, que até mesmo roupas tratadas com prata liberam partículas do composto na água usada para a lavagem das peças.
Um trabalho publicado por pesquisadores norte-americanos há um ano também sugere que esses materiais acabam liberados pelo esgoto a partir de alimentos. Os cientistas testaram oito bebidas de suplementos nutricionais que têm entre os ingredientes nanopartículas de ouro, prata, cobre, zinco, platina e paládio. Eles notaram que os novo materiais tendem a subir para a superfície, onde podem causar problemas para a vida aquática depois que os efluentes alcançam os oceanos. Os cientistas ressaltam, contudo, que ainda não há como quantificar o volume de nanomateriais vindos de alimentos industrializados lançados ao ambiente dessa maneira.
E não são só os animais aquáticos que podem estar em perigo. Testes feitos com células intestinais humanas sugerem que as partículas podem fazer mal ao organismo antes de serem eliminadas. Nos experimentos feitos em laboratório, as bebidas mudaram a organização celular do tecido e prejudicaram estruturas que trabalham na digestão. "Eu acredito que nanomateriais deveriam ter a segurança testada antes de serem usados em produtos como comida”, ressalta Robert Reed, pesquisador da School of Sustainable Engineering and the Built Environment da Universidade Estadual do Arizona.
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- 20/01/2016 - Detector de neutrinos será instalado em Angra 2Ferramenta vai monitorar em tempo real o nível de atividade do reator e funcionará como salvaguarda adicional de proteção do lixo nuclear
Ferramenta vai monitorar em tempo real o nível de atividade do reator e funcionará como salvaguarda adicional de proteção do lixo nuclear
Fonte: Agência Fapesp
Peter Moon
Se não houver novos imprevistos, em maio de 2016 será finalmente instalado um detector de neutrinos junto à parede externa do reator nuclear de Angra 2, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
O detector foi projetado para monitorar em tempo real o nível de atividade do reator. Funcionará como uma ferramenta adicional de salvaguarda de proteção para certificar que o combustível nuclear (urânio enriquecido) ou seu refugo (plutônio) não estão sendo retirados de forma não declarada de usinas – o que poderia ser um indício de descaminho para uso em armas nucleares.
"A Eletronuclar, operadora de Angra 2, quer checar a sua viabilidade técnica”, diz Ernesto Kemp, do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O detector de neutrinos foi totalmente projetado e construído no Brasil e tem o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O projeto final do dispositivo está detalhado no trabalho "Using Neutrinos to Monitor Nuclear Reactors: the Angra Neutrino Experiment, Simulation and Detector Status", que acaba de ser publicado no periódicoNuclear and Particle Physics Proceedings. A pesquisa conta com recursos de diversas agências de fomento brasileiras, incluindo oapoio da FAPESP.
A fissão do urânio enriquecido no interior de um reator nuclear gera energia e lixo radioativo, como o plutônio. Também gera as menores e as mais numerosas partículas subatômicas que se conhece, os neutrinos. Eles não possuem carga elétrica (como seu nome indica) e até os anos 1990 não se sabia se tinham massa. Hoje se sabe que têm, mas é muito menor que a de um elétron. Se por um lado a massa dos neutrinos é quase desprezível, por outro lado eles são produzidos em quantidades assombrosas a partir das reações termonucleares no núcleo das estrelas.
O Sol banha a Terra com um tsunami incessante de neutrinos que atravessa a atmosfera, vara o planeta inteiro e segue em frente como se tivesse cruzado o vazio. Os neutrinos são tão diminutos que 60 milhões deles atravessam cada centímetro cúbico do seu corpo a cada segundo, como se todos os átomos e células que o compõem não existissem.
É exatamente essa propriedade fantasmagórica dos neutrinos que servirá para monitorar a atividade do reator de Angra 2. Apesar de o reator estar blindado por metros e mais metros de chumbo, aço e concreto, os neutrinos gerados na fissão atravessam todas aquelas barreiras como se não existissem. O detector de neutrinos ficará encostado na parede externa da usina, a 30 metros do reator. Assim, poderá monitorar o fluxo de neutrinos e aferir o nível de atividade da usina.
"Para roubar plutônio, é preciso desligar o reator”, explica João dos Anjos, colíder do projeto, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e diretor do Observatório Nacional. "Se baixar a potência do reator, serão gerados menos neutrinos. Existe uma relação linear entre a potência do reator e a quantidade de neutrinos gerados. Esperamos detectar cerca de 5 mil interações por dia.”
Nova técnica
Para detectar 5 mil neutrinos por dia, o dispositivo precisa de uma sensibilidade extrema. O detector de neutrinos é formado por um tanque com uma tonelada de água ultrafiltrada, cercado por 32 fotomultiplicadores. Grosso modo, toda vez que um furtivo neutrino se chocar com os átomos da água no detector (uma probabilidade baixíssima, mas que eventualmente ocorre), irá emitir luz na forma de fótons com intensidade suficiente para serem "enxergados” pelos fotomultiplicadores.
A cada segundo, o reator de Angra 2, com potência térmica de 4 gigawatts, produz 100 bilhões de trilhões de neutrinos (1022neutrinos). Distante 30 metros, o detector será banhado a cada segundo por 1 trilhão de neutrinos (1012neutrinos). A princípio espera-se que apenas e tão somente 5 mil sejam reportados por dia. Na prática, espera-se detectar uns 2.500. "Por dois motivos: o detector não é 100% eficiente e a filtragem do ruído causado por fontes naturais de radiação jogará fora uma fração considerável de eventos genuínos”, diz Ernesto Kemp.
Segundo João dos Anjos, "detectores de neutrinos em reatores nucleares são uma técnica já experimentada no Japão e na França. São detectores bem maiores, de 20 a 80 toneladas, enterrados em minas ou túneis. O nosso tem 1 tonelada. O grande desafio é criar um detector pequeno e móvel, que fique na superfície. É uma técnica nova que precisa ser testada.”
Para tanto, ohardwaree osoftwarede análise precisarão distinguir as interações geradas pelos neutrinos do reator daquelas geradas pelo ruído de fundo, causado pelos raios cósmicos, pela torrente de neutrinos solares e pela radiação natural do meio ambiente. Num detector enterrado e blindado, todo esse ruído é minimizado. "Como vamos operar na superfície, nossa blindagem é zero. Os sinais de raios cósmicos podem mimetizar e falsear um sinal de neutrino do reator. Não podemos incorrer em erros”, afirma Ernesto Kemp.
Uma vez que o detector de neutrinos entre em operação, os dados de todas as interações serão enviados por uma linha dedicada ao CBPF, no Rio de Janeiro, para filtragem e análise em tempo real. Esta é uma grande vantagem do detector brasileiro com relação aos atuais dispositivos de controle que a AIEA impõe às usinas nucleares. Para certificar que não se está retirando plutônio, os reatores são vigiados por câmeras e sensores de temperatura. Suas portas são lacradas com selos especiais. "São métodos invasivos que os operadores das usinas não gostam, pois atrapalham a operação”, diz João dos Anjos. "Nosso detector é externo à usina e não interfere na sua operação.”
O detector de neutrinos está neste momento em testes no CBPF. Em maio, será remontado dentro de um contêiner de 12 metros que já está em Angra 2. "Teremos que remontar no período mais curto possível. A gente não pode ficar circulando livremente na usina. Tem que ter escolta”, diz João. "As normas de segurança de uma usina nuclear são muito rígidas – como tem que ser –, o que torna difícil o trabalho. Temos de cumprir todas as regras e controles.”
Uma longa novela científica
As primeiros reuniões do projeto começaram em 2005. Onze anos se passaram. A ideia inicial era construir um detector pequeno e outro muito maior, de 50 toneladas, enterrado embaixo do Morro do Frade, que fica a 1,5 quilômetro de Angra 2.
O grande detector foi orçado em US$ 50 milhões. Essedesignpreliminar era voltado para o estudo de oscilações de neutrinos. Na época existiam vários grupos com propostas similares espalhadas pelo mundo. Por questões de custos, vários grupos se uniram e o grupo brasileiro se juntou ao experimento de oscilação de neutrinos Double Chooz, que foi construído na França.
"Com essa mudança, o grupo brasileiro que já estava articulado em torno da construção de um detector de neutrinos de reatores no país resolveu levar adiante a ideia, mas com objetivo diferente, nesse caso o monitoramento da atividade do reator”, diz Kemp. Esse dispositivo menor, que é móvel, custou R$ 1 milhão, bancado principalmente pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). "Todo o processo de projeto e construção do detector foi longo, cheio de imprevistos e complicações.”
O design inicial previa um detector cheio de cintilador líquido, mais preciso do que o de água ultrapura. "Nós informamos os operadores de Angra 2 que pretendíamos usar cintilador líquido. A princípio eles não se opuseram”, diz Kemp. "Só quando o design ficou pronto foi que eles o barraram. Alegaram que o uso de cintilares era inseguro, por existir um risco baixíssimo, porém real, de combustão. Daí optarmos pelo detector de água, que é menos preciso, porém mais seguro. Todo o trabalho desenvolvido entre 2006 e 2008 foi quase integralmente descartado.”
Antes da construção, o projeto passou por simulações em computador, a cargo do físico Pietro Chimenti, então na Universidade Federal do ABC. Segundo ele, "a ideia da simulação é que ela seja a melhor representação do experimento. Na medida em que vão se obtendo resultados, a simulação vai sendo refinada, até chegar ao resultado definitivo.” Com a troca do cintilador líquido por água, as simulações tiveram que ser feitas e refeitas.
Será o primeiro detector de neutrinos construído e operado integralmente no Brasil. "Nós, físicos brasileiros, já participamos de forma relevante em experimentos de partículas nos grandes laboratórios mundiais. Construir este detector nos deu grandes lições sobre como fazer ciência por aqui. Em caso de resultados positivos, estaremos contribuindo para a missão da AIEA de monitoramento do destino seguro de rejeitos nucleares”, afirma Kemp.
O artigoUsing Neutrinos to Monitor Nuclear Reactors: the Angra Neutrino Experiment, Simulation and Detector Status(doi:10.1016/j.nuclphysbps.2015.10.090), de João dos Anjos, Kemp, Chimenti e outros, publicado naNuclear and Particle Physics Proceedings267–269: 108–115, pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2405601415010494.
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- 19/01/2016 - Governo elabora programa para popularizar ciência, diz ministroFonte: Jornal do BrasilO ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, disse hoje (19) que o ministério está elaborando um programa para popularizar a ciência no país. Segundo ele, a intenção é criar espaços onde os estudantes possam ter contato com o universo e os fenômenos científicos.
"[Queremos] colocar centros de popularização de criação de ciência para estudantes do ensino básico, nas cidades médias do país, ao longo dos próximos anos para que as pessoas tenham a dimensão da importância da ciência, da tecnologia e da inovação no cotidiano do brasileiro”, explicou Pansera ao participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços.
Pansera citou como referência o Museu do Amanhã, inaugurado em dezembro no ano passado, no Rio de Janeiro, que abriga mostras e exposições de temas relacionadas às ciências e tem atividades que permitem a interatividade do público. O ministro informou que se reuniu com a equipe do museu para tratar da possibilidade de compartilhar o conteúdo. O projeto deve envolver também outros ministérios. "Estamos desenvolvendo um programa de popularização da ciência no Brasil. Queremos levá-lo à presidenta Dilma [Rousseff] em fevereiro e apresentá-lo em março ao país", acrescentou.
"É um bom momento para lançar um programa de popularização da ciência, aproximando biologia, química, matemática e física da juventude, criando prazer nos jovens e nas crianças com o conhecimento”, afirmou Pansera. Ele ressaltou que despertar o interesse dos estudantes para as ciências vai contribuir para a formação de professores e para a melhoria da educação no país.
Marco legal
Ao participar do Bom Dia, Ministro, Celso Pansera falou sobre o novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, sancionado na semana passada pela presidenta Dilma, e citou, entre os pontos positivos, a facilitação da importação de produtos e equipamentos vinculados à pesquisa e o estímulo à aproximação entre os setores de pesquisa público e privado. O marco cria regras para estimular o avanço da produção científica no Brasil. "O marco analisa diversas leis que envolvem pesquisa, inovação, tecnologia e as torna mais agéis e um pouco mais próximas da realidade do mercado e da realidade dos pesquisadores”, disse o ministro.
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- 19/01/2016 - INPI lança projeto para agilizar exame de pedido de patentes inovadorasFonte: Jornal do BrasilO Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, lançou nesta terça-feira (19) o projeto "Prioritário BR”. O objetivo principal é garantir que um pedido de patente inovadora depositado originalmente no instituto, mas com depósito equivalente em outro país, receba tratamento prioritário em sua análise.
"A ideia é que consigamos decidir rapidamente, a fim de viabilizar que a empresa que depositou o pedido de patente tenha maior capacidade e poder nas negociações. Estamos falando em transferência de tecnologia ou mesmo para conseguir o licenciamento de sua tecnologia, com a patente concedida pelo INPI”, informou o diretor de Patentes do órgão, Júlio César Moreira.
O diretor acrescentou que, dependendo da área tecnológica e contando a partir da data do depósito, um pedido de patente leva até 11 anos para ser analisado. "É muito demorado para quem tem necessidade de colocar seu produto no mercado e de um contrato celebrado entre a empresa com outra parte.”
De acordo com Moreira, com o "Prioritário BR” o INPI pretende analisar a patente em prazo mais ágil. Segundo ele, a meta é de nove meses a um ano. O diretor afirmou que a proposta é o INPI agilizar o processo, de modo que a empresa coloque seu produto no mercado ou comece a exportar produtos de alto valor agregado protegida pela patente.
Júlio César Moreira disse que o INPI não demora para examinar e decidir um pedido de patente. "Nossa demora está em começar o exame da solicitação de patente, devido ao número de pedidos que aguardam na fila. Uma vez iniciado o exame, decidimos bem rápido.” Atualmente, cerca de 200 mil pedidos de patente estão pendentes. Os mais antigos são da área de tecnologia da informação (TI), que datam de 2000.
"Se levarmos em consideração que nessa área de TI z tecnologia fica obsoleta em três ou quatro anos, precisamos ter mecanismos mais rápido de resposta e tratar de alguma maneira esse estoque pendente de exames.” Para Moreira, isso pode ser resolvido com a priorização dos exames, como o INPI está fazendo agora, ou com a contratação de pessoal.
Os proprietários de pedidos de patentes mais antigos com primeiro depósito originário no Brasil e em outro país podem se habilitar a participar do projeto Prioritário BR. "Eles terão direito de solicitar o exame. Nesse caso, é só preencher o formulário. O INPI examina a viabilidade ou não, confirma que o depósito do pedido não é só brasileiro e dá um tratamento prioritário." Para se candidatar ao tratamento prioritário, o dono de pedido de patente não pode ter iniciado o exame no INPI.
Moreira destacou mecanismos de aceleração da Lei da Propriedade Intelectual para casos prioritários. Quando o pesquisador ou empresa deposita o pedido de patente no instituto, eles podem pedir a publicação antecipada e pagar pelo exame antecipado.
"Ao fazer isso e uma vez tendo o pedido depositado no país e no exterior, o solicitante pode pedir um exame prioritário. "Ele sai da fila normal de processamento e vai para uma fila especial, onde é processado rapidamente. Em seguida, damos a resposta que ele precisa sobre proteção ou não do seu pedido de patente.”
De acordo com a assessoria de imprensa do INPI, após a concessão da patente pelo projeto "Prioritário BR", o solicitante brasileiro poderá pedir a priorização também nos Estados Unidos por meio do projeto 'Patent Prosecution Highway' (PPH), iniciado no dia 11 de janeiro. O Brasil estuda ampliar para outros países o PPH.
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- 19/01/2016 - Vetos em artigos do novo Marco Legal da CT&I desapontam entidadesNa avaliação da Anpei, Confap e CNI, impedimentos em dispositivos do PLC 77/2015 desestimulam empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento no país
Na avaliação da Anpei, Confap e CNI, impedimentos em dispositivos do PLC 77/2015 desestimulam empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento no país
Fonte: Agência Fapesp
Entidades representativas do setor empresarial e da comunidade científica ficaram desapontadas com os vetos presidenciais no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 77/2015, sancionado pela presidenta Dilma Rousseff no dia 11 de janeiro.
Na avaliação da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os vetos presidenciais em artigos da lei, que deu origem ao novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei 13.243/2016), desestimulam as empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país.
Isso porque alguns dos oito vetos, sendo cinco deles na proposta de aperfeiçoamento e ampliação dos benefícios da Lei de Inovação (10.973/2004) – a primeira legislação brasileira criada para regular as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país –, impedem a eliminação de alguns entraves para realização de pesquisa pela iniciativa privada.
A fim de reparar o erro, as entidades, que integram a denominada Aliança em Defesa do Marco Legal da Ciência, Tecnologia & Inovação (CT&I), estão estudando a possibilidade de tentar reverter os principais vetos no Congresso Nacional após o término do recesso parlamentar, no início de fevereiro.
"A iniciativa privada está desapontada com a natureza dos vetos porque demonstra uma falta de compreensão de quem administra o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação da importância da pesquisa nas empresas para transformar tecnologias em produtos”, disse Naldo Dantas, assessor de relações institucionais da Anpei.
Um dos vetos mais sensíveis às empresas, segundo Dantas, foi no dispositivo que previa a dispensa de licitação pela administração pública para contratar micros, pequenas e médias empresas, com faturamento anual de R$ 90 milhões, para prestar serviços ou fornecer bens elaborados com aplicação de conhecimento científico e tecnológico.
Na avaliação da entidade, o veto ao dispositivo, com o argumento dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão de que a ampliação de hipóteses de dispensa de licitação para a contratação com órgãos e entidades da administração pública apenas se justifica em caráter bastante excepcional, diminui o poder de compra das estatais.
O texto anterior permite essa possibilidade somente para grandes encomendas vinculadas a produtos de interesse público, como a vacina da dengue, por exemplo.
O desenvolvimento de um produto nacional específico para uma cadeia produtiva, como um termostato, usado em sondas para perfuração de poços de petróleo, não é classificado como de interesse público e não se enquadraria na regra vigente, ponderou a entidade.
"Pelo dispositivo proposto, a empresa que desenvolvesse em parceria com uma estatal uma tecnologia brasileira que competisse e tivesse o mesmo desempenho de um produto importado, por exemplo, teria preferência de compra e seria dispensada de licitação”, explicou Dantas.
Aliado ao veto do artigo que previa a isenção e a redução de impostos na importação de máquinas e insumos destinados à pesquisa científica e tecnológica por empresas, o impedimento de dispensa de licitação inviabiliza a formação de uma cadeia de pequenas e médias empresas de base tecnológica, avaliou.
"O veto a esse artigo revela desconhecimento de como se forma uma cadeia de pequenas e médias empresas de base tecnológica em um país, como foi feito na Coreia e no Japão, por exemplo”, afirmou Dantas.
"Todos os grandes países formaram suas cadeias de startups – empresas nascentes –, pequenas e médias empresas de base tecnológica por meio de estatais”, disse.
A CNI, por sua vez, avaliou que os vetos tiram a isonomia que havia sido estabelecida entre instituições públicas e privadas que se dedicam ao desenvolvimento de projetos de investigação científica.
Um exemplo dado pela entidade é que, após os vetos, as bolsas concedidas por universidades ligadas ao governo continuam isentas da contribuição previdenciária, mas as que forem dadas por empresas terão de pagar o benefício.
Já na avaliação do Confap, os vetos desestimulam ainda mais as empresas a realizar P&D no país.
"Hoje, já um desestímulo para as empresas fazerem pesquisa no país. A ideia era que o projeto, mantido na íntegra, ajudasse a reparar esses problemas, porque não interessa se a pesquisa é feita na academia ou em empresas privadas. O importante é que resulte em novos produtos, projetos e mais empregos”, avaliou Sérgio Gargioni, presidente do Confap.
Expectativa frustrada
A expectativa das entidades era de que não houvesse vetos ao PLC 77/2015.
No final de dezembro, a Aliança em Defesa do Marco Legal da Ciência, Tecnologia & Inovação (CT&I) enviou uma carta à presidenta Dilma Rousseff ressaltando a necessidade da sanção do projeto sem vetos, na forma como foi aprovado na Câmara e no Senado.
"Tínhamos a expectativa de que o apelo das entidades seria atendido, até porque o projeto foi resultado de muita discussão e negociação ao longos dos últimos cinco anos”, disse Gargioni.
Na avaliação das entidades e de pessoas que participaram da elaboração do projeto, contudo, independentemente dos vetos, a nova lei traz muitos ganhos para o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação.
"O processo iniciado em 2010 por entidades como o Confap e o Consecti [ Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Informação], que culminou nesse novo Marco Legal, também trouxe outro resultado importante, que foi a Emenda Constitucional 85 [promulgada em fevereiro de 2015, e que altera vários dispositivos constitucionais para melhorar a articulação entre o Estado e as instituições de pesquisa públicas e privadas no país], avaliou Ary Plonski, professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
"Os vetos são uma parte de um todo, que é muito maior e mais importante, que é o novo Marco Legal, e cujo trabalho para implementá-lo começa agora”, avaliou Plonski, que é membro da coordenação adjunta da FAPESP para elaboração do Plano Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Estado de São Paulo.
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- 18/01/2016 - Robô retirará barras de combustível do reator 3 de FukushimaFonte: Portal TerraUm robô operado por controle remoto retirará as barras de combustível do reator número 3 da usina nuclear de Fukushima, onde os níveis de radiação atuais impedem que um humano realize essa tarefa.
A companhia tecnológica japonesa Toshiba, fabricante do robô e construtor da usina, realizou nesta segunda-feira uma demonstração do aparelho na cidade de Yokohama, ao sul de Tóquio.
A máquina, em forma de guindaste, possui dois braços robóticos capazes de pegar e cortar resíduos, e outro braço especialmente desenhado para agarrar as barras, revelou a companhia.
A máquina está equipada com uma série de câmeras que permitirão aos trabalhadores observar os trabalhos de retirada de múltiplos ângulos e controlar melhor as distâncias para evitar acidentes.
A previsão é que os trabalhos para retirar 566 barras de combustível do reator comecem em algum momento do ano fiscal de 2017, que no Japão começa em 1 de abril.
Em dezembro de 2014 a proprietária da central, Tokyo Electric Power (TEPCO), terminou de retirar as 1.535 barras de combustível da piscina do reator número 4 da central com a supervisão direta dos trabalhadores.
Ao contrário deste reator, que estava apagado durante o terremoto e tsunami de 11 de março de 2011, e onde não foram registrados altos níveis de radiação, o reator número 3 foi danificado por uma explosão de hidrogênio que levou a uma fusão parcial nos dias posteriores, espalhando substâncias radioativas.
Por isso este processo agora "será mais complicado, já que terá que ser completamente feito de forma remota", indico um porta-voz da TEPCO ao jornal "Japan Times".
A companhia disse que espera reduzir eventualmente os níveis de radiação até 1 milisievert por hora, taxa ainda muito elevada para realizar trabalhos de longo prazo e muito acima do limite recomendado de 0,11 msv/h.
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- 18/01/2016 - Quatro brasileiros estão entre os 3.126 “mais influentes” cientistas do mundoEstudo publicado pela Thomson Reuters identifica os pesquisadores mais citados entre 2003 e 2013 em 21 áreas do conhecimento
Estudo publicado pela Thomson Reuters identifica os pesquisadores mais citados entre 2003 e 2013 em 21 áreas do conhecimento
Fonte: Agência Fapesp
Quatro brasileiros estão entre os 3.126 "mais brilhantes” cientistas em todo o mundo, de acordo com o relatório The World's Most Influential Scientific Minds 2015, publicado pela Thomson Reuters.
Os "mais brilhantes”, e mais influentes, entre os cerca de 9 milhões de pesquisadores contabilizados pela Thomson Reuters correspondem aos cientistas cujos artigos foram os mais citados ao longo de um período de 11 anos, entre 2003 e 2013.
Paulo Artaxo, do Departamento de Física da Universidade de São Paulo, na área de Geociências; Álvaro Avezum, do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese (Medicina Clínica); Ado Jorio, da Universidade Federal de Minas Gerais (Física); e Adriano Nunes-Nesi, da Universidade Federal de Viçosa (Ciências das Plantas e dos Animais), integram esse pelotão de elite.
De acordo com a metodologia adotada pela Thomson Reuters, estes 3.126 cientistas são responsáveis por 1% dos artigos mais citados em 21 áreas de pesquisa. Artaxo, por exemplo, está entre os 148 mais citados em Geociências; Jorio, por sua vez, está entre os 119 da Física.
Dentre esse grupo de elite, o estudo identificou os mais populares – responsáveis por 0,1% dos papers mais citados. Com 19 nomes, a lista é encabeçada, pelo segundo ano consecutivo, por Stacey B. Gabriel, do Broad Institute of MIT e Harvard, com 25 artigos muito populares e que incluem suas contribuições ao projeto Atlas do Genoma do Câncer. A área de genômica, com 198 cientistas no pelotão de elite, tem sete representantes nessa seleta lista, sendo seis do Broad Institute of MIT e Harvard.
Quase a metade dos 3.126 pesquisadores está vinculada a instituições sediadas nos Estados Unidos. Os demais se distribuem entre instituições do Reino Unido, Alemanha, China, Austrália, Canadá, Holanda, Japão, França, Suíça, Arábia Saudita e Espanha.
Entre as 21 áreas de pesquisa classificadas, as maiores – por mais prolíficas – são as das Ciências da Vida: Medicina Clínica, Biologia e Bioquímica e Biologia Molecular e Genética. Ciências da Computação, Matemática e Economia e Negócios reúnem um número menor de pesquisadores que produzem, proporcionalmente, menos artigos.
O relatório se baseia em dados e análises realizadas pelos especialistas em bibliometria da Negócios de Intellectual Property and Science, uma unidade de negócio da Thomson Reuters. Foram avaliados mais de 120 mil papers, indexados entre 2003 e 2013, em cada área de estudo.
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- 18/01/2016 - Dilma troca comando da estatal INB, envolvida em caso de contaminação por urânioFonte: O Estado de Minas
A presidente Dilma Rousseff exonerou, a pedido, Aquilino Senra Martinez do cargo de presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal federal vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Para o lugar de Martinez, foi nomeado João Carlos Derzi Tupinambá.
Os respectivos decretos de exoneração e nomeação estão publicados no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 18. Também foi nomeado Laércio Aguiar da Rocha para exercer o cargo de diretor de Recursos Minerais do órgão.
A INB está no centro de uma série de reportagens do jornal O Estado de S. Paulo que denunciam o excesso de urânio em águas de poços na região sudoeste da Bahia, o que tem causado graves problemas de saúde à população local. A estatal é responsável pela exploração do produto.
Além de revelar a presença de urânio na região em um volume que estaria quatro vezes superior ao limite estabelecido pelos órgãos de saúde para consumo humano, as notícias falam da falta de transparência da estatal no fornecimento de informações sobre o caso para os órgãos ambientais do Estado e do âmbito federal.
As reportagens, que começaram a ser publicadas em agosto do ano passado, levaram à abertura de processos de investigação ou de esclarecimentos contra a INB por órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério da Saúde e comissões do Congresso Nacional.
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- 17/01/2016 - Países de língua portuguesa poderão ter vocabulário científico comumFonte: Jornal do BrasilOs países de língua portuguesa poderão ter um vocabulário comum para as áreas da ciência e tecnologia. O projeto é do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e busca estimular o intercâmbio dos trabalhos desenvolvidos entre os países e facilitar a tradução e a interpretação de outros idiomas para o português.
Com sede em Cabo Verde, o IILP é uma instituição da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). A entidade tem personalidade jurídica e autonomia científica, administrativa e patrimonial. Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Segundo a diretora executiva do IILP, Marisa Mendonça, o instituto buscará, ainda em janeiro, financiamento com os países da CPLP para tirar o projeto do papel. Para a primeira fase de execução, são necessários 130 mil euros.
Atualmente, cada país usa palavras científicas próprias. O projeto pretende padronizar a linguagem. "Cada país está usando uma terminologia própria, de acordo com a sua experiência. O objetivo é criar uma terminologia consensual nos diferentes trabalhos para que realmente possa ser usada na tradução e na interpretação, com termos mais homogêneos”, explica Marisa.
Segundo a diretora executiva do IILP, a questão não é novidade. O projeto chegou a ser aprovado pelos países, mas falta financiamento. "A primeira etapa já está desenhada e é muito chave. A partir dela, vamos ver como podemos caminhar e quais as capacidades que temos”, diz.
Na primeira etapa, a entidade pretende definir termos comuns para áreas prioritárias dos países, como a agricultura. De acordo com Marisa, todos os países devem estar envolvidos.
"Uma das primeiras ações é a formação de equipes nacionais. Há uma diferença muito grande em recursos especializados em cada um dos países. Em alguns há muitos especialistas em terminologias. Em outros, não. Temos de começar por ai, formando equipes”. O vocabulário definido será oferecido gratuitamente pela internet.
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- 16/01/2016 - AIEA aprova entrada em vigor do acordo nuclear com IrãFonte: O Estado de Minas
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deu sinal verde, neste sábado, para a entrada em vigor do acordo nuclear histórico firmado entre o Irã e as grandes potências ocidentais, destacando que Teerã manteve seus compromissos em troca da suspensão de sanções internacionais.
"O Irã completou as etapas reparadoras necessárias para a instalação do acordo" concluído em 14 de julho de 2015, declarou o secretário-geral dessa agência da ONU, Yukiya Amano, em uma nota divulgada em Viena.
Os ministros das Relações Exteriores de Irã, União Europeia e Estados Unidos se encontram em Viena, neste fim de semana, para os últimos acertos sobre o tema.
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- 14/01/2016 - Será realizada em Paris a 2ª Exposição Mundial de Energia NuclearFonte: CRI Online
Será realizada entre os dias de 28 e 30 de junho deste ano, em Paris, a 2ª Exposição Mundial de Energia Nuclear. O evento terá como tema "Indústria Nuclear Civil da Estrutura Energética Global".Segundo se informou, a exposição, caracterizada com maior infraestrutura e globalização em comparação com a primeira edição, vai receber mais de 10 mil representantes de todo o mundo. O evento irá focar na inovação e na tecnologia e quer promover a cooperação e o intercâmbio tecnológico através de uma série de atividades. Além disso, estará em destaque o treinamento de profissionais e as oportunidades de emprego, no sentido de oferecer uma plataforma profissionalizante para impulsionar o desenvolvimento da indústria nuclear.
A Exposição Mundial de Energia Nuclear, é bienal e cobre toda a indústria nuclear civil com base nos princípios de alta globalização e comercialização, convidando todos os participantes a expor novas tecnologias, fazer intercâmbios e estabelecer parcerias cooperativas.
Tradução: Virgília Han
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- 14/01/2016 - Paulo Artaxo: Física a serviço do planetaPesquisador comenta o acordo na COP-21 e destaca a importância da Amazônia para o clima global
Pesquisador comenta o acordo na COP-21 e destaca a importância da Amazônia para o clima global
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp
O gosto por questões práticas e problemas de importância social levou o paulistano Paulo Artaxo a seguir uma trilha pouco usual entre seus colegas professores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP). Depois de um rápido flerte com a física nuclear durante o mestrado no fim dos anos 1970, ele direcionou seus esforços para uma área então relativamente nova, que apenas começava a ser reconhecida: o estudo dos problemas ambientais causados pelos aerossóis, finas partículas em suspensão na atmosfera, em cidades como São Paulo e sobretudo na Amazônia. Com o passar do tempo, as pesquisas do físico se tornaram referência internacional sobre o papel dessas partículas na formação da chuva e no controle dos níveis de radiação solar sobre a grande floresta tropical. "Os aerossóis são a chave dos efeitos climáticos do homem ao lado dos gases de efeito estufa”, afirma Artaxo, um dos coordenadores do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).
A ascensão do tema das mudanças climáticas à condição de uma das questões científicas mais importantes do século XXI colocou o trabalho de Artaxo na ordem do dia. Entre os cerca de 2 mil cientistas que deram contribuições relevantes para o quarto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que recebeu o Nobel da Paz em 2007 ao lado do ex-vice-presidente americano Al Gore, foram destacados 12 brasileiros – Artaxo foi um deles. Mais recentemente, o professor titular do IF-USP passou a figurar com frequência na lista dos pesquisadores mais influentes do globo, o 1% da elite científica cujos papers são os mais citados e de maior impacto de acordo com levantamento da empresa Thomson Reuters. Nesta entrevista, Artaxo comenta os resultados do acordo fechado na conferência do clima COP–21 em Paris, em dezembro (ver também reportagem sobre o acordo), e fala de sua carreira e de suas pesquisas.
Qual é a sua avaliação geral sobre o acordo da COP-21?
Foi, sem dúvida, um excelente início de uma nova era em nossa sociedade global. Pela primeira vez na história, após 21 anos de COP, a maioria dos 195 países que respondem por 90% das emissões de gases de efeito estufa assumiu metas claras de redução de emissões. Uma das diretrizes é substituir combustíveis fósseis por energias renováveis. Entretanto, o desafio que temos pela frente é enorme. As mudanças climáticas já estão em curso e será necessário um esforço de adaptação ao novo clima, sobretudo nos países em desenvolvimento. Precisaremos também de um forte esforço científico para entender os processos de mudança nos vários ecossistemas e desenvolver estratégias de minimização dos impactos ambientais. Nossos sistemas de produção e de uso de energia, e os níveis de consumo, terão que ser revisados para patamares sustentáveis.Mesmo se forem totalmente cumpridas, as metas de redução de emissões espontaneamente assumidas pelos países na COP-21, as chamadas INDCs, são insuficientes para garantir que a temperatura global suba entre 1,5 e 2 graus Celsius (ºC) até 2100, objetivo a ser buscado pelos signatários do acordo. O que fazer diante desse quadro?
A temperatura do planeta já aumentou 1ºC em relação à época pré-industrial. Se os compromissos de redução nas emissões assumidos em Paris forem respeitados, o planeta, ainda assim, deve aquecer cerca de 3ºC ao longo deste século. Isso provocará uma profunda e rápida alteração no funcionamento dos ecossistemas e terá impactos socioeconômicos significativos. O conjunto dos compromissos das INDCs prevê um corte de 40% nas emissões globais. Mas precisaremos de uma redução global de 70% a 90% nas emissões, se quisermos realmente limitar o aumento da temperatura a 2ºC até o fim deste século. Ou seja, teremos de cortar as emissões de modo mais intenso e mais rápido. Entretanto, precisamos de um sistema de governança em nível global para acompanhar a implementação das INDCs em cada país. Também temos de realizar revisões periódicas – hoje as revisões estão previstas para ocorrer a cada cinco anos – até que nosso planeta consiga estabilizar as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2) e reduzi-las a níveis aceitáveis. Não será uma tarefa fácil. A necessária redução das emissões levará várias décadas para ser implementada. Afinal, existem questões econômicas, sociais e políticas ainda a serem resolvidas.As metas brasileiras propostas são tímidas ou ambiciosas?
O problema que temos de resolver é global e depende de cortes nas emissões de todos os países, especialmente os desenvolvidos. A soma das emissões da China e dos Estados Unidos é responsável por mais de 50% das emissões globais. O que esses dois países fizerem será estratégico para todo o planeta. Em relação aos números de 2005, os Estados Unidos estão se comprometendo a reduzir 27% de suas emissões. O Brasil, por exemplo, apenas para fazer uma comparação, está se comprometendo a reduzir em 42% as suas emissões até 2030. A proposta americana é muito tímida. Tem de haver equidade entre os países, tanto nas emissões quanto no padrão de consumo dos recursos naturais globais. Todos terão de fazer um esforço maior do que o prometido até o momento, inclusive o Brasil, que deverá reduzir ainda mais o desmatamento da Amazônia e investir fortemente no aproveitamento de energia solar e eólica, abundantes particularmente no Nordeste.E o caso da China, que hoje é a maior emissora de gases de efeito estufa?
A China tem uma industrialização relativamente recente, e a maior parte dos seus produtos é exportada para outros países. Então, uma parcela de sua emissão não é propriamente da China porque os bens de consumo produzidos lá são vendidos nos Estados Unidos, Europa e resto do mundo. As fábricas americanas e europeias montaram unidades na China para fazer produtos para seus mercados. Na prática, são os países desenvolvidos que consomem esses produtos, mas a emissão é contabilizada como da China, algo não propriamente correto. Temos que desenvolver mecanismos para contabilizar de modo justo e correto as emissões.Mas esse raciocínio vale para qualquer economia exportadora, certo?
Sim. Hoje temos uma economia global, mas não um sistema de governança e de contabilidade global das emissões de gases de efeito estufa. Só globalizamos a economia e nenhum outro aspecto sociopolítico. A China em sua INDC, por exemplo, não se comprometeu a reduzir suas emissões. O compromisso é de aumentar a sua eficiência de emissões de CO2por unidade de crescimento do PIB. Ou seja, suas emissões vão continuar a crescer, porém mais lentamente do que o ritmo da economia. Na prática, países em desenvolvimento, como Índia e China, vão continuar aumentando suas emissões para atender à demanda legítima de sua população por mais bens de consumo – as populações dos países desenvolvidos já usufruem desses bens. A Índia ainda está muito mais atrasada nesse processo de desenvolvimento do que a China. A hora em que cada um dos mais de 2 bilhões de chineses e indianos quiser ter um carro na sua garagem, uma casa com forno de micro-ondas, televisão e outros bens simplesmente não haverá recursos naturais para sustentar esse nível de consumo. Mas, apesar de crucial, a questão da equidade sequer esteve em cima das mesas de discussão da COP–21. Temos de entender que a COP-21 é apenas o início de um processo necessário.Zerar o desmatamento ilegal no Brasil é factível?
O Brasil teve a maior história de sucesso entre todos os países na redução de emissão de gases de efeito estufa. Reduziu, por meio de políticas públicas, o desmatamento de 27 mil quilômetros quadrados [km2], em 2005, para cerca de 5 mil km2em 2014. Ou seja, diminuiu drasticamente suas emissões. Todavia, zerar o desmatamento será muito difícil, pois requer novos instrumentos, uma nova legislação e incentivos econômicos. Essa é uma tarefa absolutamente essencial para o Brasil realizar, pois é interesse nosso manter o bioma Amazônia para as gerações futuras. A floresta amazônica em pé, como um ecossistema, tem um valor incalculável. A pior coisa que podemos fazer é transformá-la em dióxido de carbono por meio de queimadas.Vamos mudar de assunto. Por que você decidiu ser cientista?
Desde os 12 ou 13 anos, percebi que tinha muita habilidade para ciências exatas, matemática, física e química. Além disso, lia muito e tinha uma tremenda curiosidade de entender como funcionava nosso planeta. Também tive a sorte de ter bons professores de física no ensino médio – o que hoje é uma raridade. Esses fatores, juntos, me motivaram a seguir a carreira de cientista.Por que física?
Queria entender os processos da natureza, desde questões de mecânica até coisas mais amplas, como o funcionamento do Universo como um todo. Lia muito sobre física desde criança. Daí até virar cientista foi um passo simples. Fiz graduação na USP e mestrado em física nuclear, sob orientação do professor Iuda Goldman. Em seguida, decidi fazer algo mais aplicável e de interesse social mais direto. Passei a fazer pesquisa na área ambiental. Primeiro, trabalhei com processos associados à poluição urbana do ar. Na década de 1980, São Paulo tinha problemas sérios de poluição do ar que ainda não eram reconhecidos pela sociedade. Depois, comecei a trabalhar com a compreensão de processos que regulam o funcionamento do ecossistema amazônico de modo interdisciplinar.Naquela época, não era uma escolha óbvia estudar física do clima. Por que optou pela área?
Estava em um instituto de física muito tradicional em áreas como física nuclear, física de partículas e do estado sólido. Todo mundo olhava meio torto para pesquisas aplicadas e para meu trabalho. Perguntavam o que eu queria fazer misturando física com questões ambientais. Felizmente, fiz a escolha certa. Mais tarde mostramos que a física tem muito a contribuir para o entendimento dos processos associados à poluição do ar e às mudanças climáticas globais. De patinho feio do instituto, meu grupo de pesquisas acabou se tornando uma referência na USP e também no exterior.Você é um especialista no estudo dos aerossóis. O que são essas partículas?
Aerossóis atmosféricos são partículas muito pequenas, sólidas ou líquidas, em suspensão na atmosfera, o que as torna invisíveis a olho nu. Em uma cidade como São Paulo, as pessoas respiram cerca de 30 mil dessas partículas por centímetro cúbico de ar. Os aerossóis, que fazem parte da poluição atmosférica, se depositam no pulmão e podem causar doenças cardiorrespiratórias e outros problemas de saúde. Na Amazônia, as partículas de aerossóis são muito importantes para o funcionamento básico do ecossistema. Uma nuvem não se forma só com vapor-d’água. Ela precisa do vapor e de uma partícula que seja higroscópica, isto é, que tenha afinidade com a água – o aerossol. O vapor se deposita sobre essa partícula e forma uma gotícula da nuvem. Essa nuvem evolui e eventualmente chove. Entender esses processos físico-químicos é um desafio importante da ciência do clima.Esse processo de formação e desenvolvimento de nuvens também vale para as cidades?
Sim, é um mecanismo universal. Em São Paulo, os aerossóis vêm da chaminé de uma indústria, do cano de descarga dos automóveis, entre outras fontes. Nos motores a diesel de ônibus e caminhões, aquela fumaça preta é composta de partículas em concentrações muito altas. Os aerossóis têm duas propriedades importantes no clima. Primeiro, interceptam e refletem a radiação solar, afetando o balanço de radiação, alterando a quantidade de luz do Sol que chega ao solo. Segundo, são absolutamente fundamentais para a formação das nuvens. Sem nuvens, não há chuva. Sem chuva, não há agricultura. Na verdade, os aerossóis são a chave dos efeitos climáticos do homem ao lado dos gases de efeito estufa. O curioso é que, na Amazônia, a vida biológica da floresta controla a concentração dessas partículas na atmosfera e determina o clima da região. Essa foi uma das descobertas de nosso trabalho.Como assim?
Na Amazônia, percebemos que as plantas eram as principais responsáveis pelo fornecimento dos aerossóis que controlam a formação das nuvens e o balanço de radiação sobre a floresta. Elas emitem compostos orgânicos voláteis, como os gases terpenos e isopreno, que se convertem em partículas de aerossóis. Também fragmentos de folhas, grãos de pólen, bactérias, fungos, além das cinzas das queimadas, estão na constituição dessas partículas. Ou seja, a própria vegetação controla o clima sobre a floresta. Regula as chuvas e o balanço de radiação por meio da emissão de aerossóis. A floresta também processa o vapor-d’água, que é o segundo ingrediente importante das nuvens. Entender esses processos biológicos, físicos e químicos é fascinante.Você trabalha com aerossóis desde o doutorado?
Sim, com o efeito dos aerossóis no clima, e em particular na Amazônia. Na década de 1980, isso era uma novidade total. Tive a sorte de ter como colaborador no meu doutorado o professor Paul Crutzen, prêmio Nobel de Química [em 1995]. Participei do primeiro grande experimento que houve na Amazônia em 1979 chamado Brushfire, coordenado pelo professor Crutzen, que investigava o efeito das queimadas no clima da região. Ele tinha uma ideia, ainda não bem estabelecida naquela época, de que as emissões na Amazônia poderiam afetar o clima global. A questão realmente me fascinou e me estimulou a tentar entender como funciona a integração de processos biológicos, físicos e químicos que controlam o funcionamento da Amazônia como um todo. Conforme resultados inovadores foram sendo produzidos, novas questões importantes apareciam.Por que se interessou em estudar especificamente os aerossóis?
Na década de 1970, pesquisas em poluição eram quase exclusivamente na componente gasosa, como a fotoquímica do ozônio e seus efeitos nas plantas e na saúde das pessoas. Na comunidade científica, ninguém falava de aerossóis atmosféricos. Mas percebi que havia uma ciência muito importante por trás dessas partículas e me dediquei a desvendar esse papel.O que o levou a fazer quatro pós-doutorados no exterior?
No início da minha carreira, percebi que em áreas associadas ao meio ambiente e às mudanças climáticas globais não faz sentido trabalhar isolado. Parceiros internacionais fortes são absolutamente necessários e estratégicos. Então, três meses depois de terminar o doutorado, já como professor contratado pela USP, fui para a Universidade da Antuérpia, onde fiquei dois anos trabalhando. Aprendi muito lá. Depois, fiquei mais dois anos nas universidades de Lund e de Estocolmo, na Suécia. Em seguida, percebi que tinha de aprender técnicas de sensoriamento remoto e a usar medidas ambientais de satélites. Fui então trabalhar na Nasa, entre 1993 e 1994. Mais recentemente, em 2008, trabalhei na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e colaborei com bons pesquisadores que estudam o balanço de carbono e aerossóis. Mantenho fortes parcerias internacionais há mais de 25 anos.Qual é a influência do clima da Amazônia no clima do resto do país e do globo?
A floresta é um gigantesco processador de vapor-d’água. A floresta transforma a água por meio de mecanismos biológicos de uma maneira muito intensa e importante para a manutenção do clima regional e global. Do ponto de vista regional, de 60% a 70% do vapor-d’água que atinge a parte central da América do Sul se origina no oceano Atlântico tropical e é transportado e processado pela Amazônia. Esse transporte de vapor influencia a chuva na região sul da América do Sul. Do ponto de vista global, a Amazônia, por estar em uma região tropical, participa de fortes processos de convecção. Ou seja, massas de ar ascendentes retiram o vapor-d’água da superfície e o levam para altas altitudes, onde ele é eficientemente transportado para as regiões temperadas do nosso planeta. Então, a Amazônia e o oceano Pacífico são as duas principais fontes de umidade do clima global. Além de ser um importante gás de efeito estufa, o vapor-d’água é essencial para a formação de nuvens, controlando o balanço de radiação e a ocorrência de precipitações.É possível associar a seca recente em São Paulo ao desmatamento da Amazônia?
Não como fator exclusivo. E as razões são simples. Em média, cerca de 30% do vapor-d’água que chega à cidade de São Paulo vem das frentes frias do sul do país. Outros 30% vêm do oceano Atlântico Sul, através da brisa marítima. Afinal, São Paulo está próximo do litoral. Aproximadamente 40% da umidade da cidade vem da região Norte. Até agora, o Brasil desmatou cerca de 19% da área original da Amazônia. Ou seja, se só 40% do vapor-d’água aqui na região Sudeste vem da Amazônia, e se foi afetado, no máximo, 20% do vapor d’água processado pela floresta, poderia ser atribuída ao desmatamento da Amazônia uma redução de 7% ou 8% da umidade em São Paulo, na pior das hipóteses. Os processos não são lineares, mas essa conta muito simples mostra que é impossível, do ponto de vista climatológico, atribuir a seca em São Paulo diretamente ao desmatamento da Amazônia. De acordo com as últimas análises, a situação em São Paulo se deveu à manutenção de massas de ar muito secas sobre a região Sudeste de uma maneira anômala, um fenômeno ainda não completamente entendido pelos meteorologistas. Evidentemente, o despreparo para enfrentar situações de clima anômalo e a falta de planejamento de médio e longo prazo também contribuíram para a crise de falta de água na região.Há certeza de que eventos extremos, como grandes secas ou chuvas, estão ligados às mudanças climáticas?
Estatisticamente o aumento na frequência de eventos climáticos extremos está ligado às mudanças climáticas. A razão é simples. Quando se injeta mais energia no sistema climático, o que está ocorrendo agora com o aumento da concentração de gases de efeito estufa, essa energia tem de ser dissipada de alguma maneira. A atmosfera acumula muito mais calor hoje do que há 200 anos. Isso faz com que aumente a frequência de eventos extremos, em nível regional ou global. Também observamos mudanças de pequena escala, como na questão da chuva na cidade de São Paulo. Na década de 1950, São Paulo era a cidade da garoa. Hoje é das grandes tempestades. Agora, quando chove, chove forte e causa prejuízos socioeconômicos. Mas a questão permanece: isso é devido às mudanças climáticas ou não? Ainda não temos uma resposta direta e conclusiva. Provavelmente, no entanto, a resposta virá quando tivermos acumulado informações mais sólidas e de longo prazo. No caso da Amazônia, as secas de 2005 e 2010 não podem ser univocamente associadas às mudanças climáticas globais. Podemos falar com confiança que essas secas foram as maiores dos últimos 100 anos e ocorreram em um intervalo de tempo muito curto – provavelmente causadas pelas mudanças climáticas que estamos promovendo.Como é fazer pesquisa com colegas de diferentes formações?
Fazer pesquisa interdisciplinar é mais difícil do que em uma única disciplina. Estamos aprendendo algo o tempo todo. Se, por exemplo, tenho de entender o efeito da radiação no ecossistema amazônico, tenho de estudar a fotossíntese, como o estômato de uma folha se abre para receber o CO2atmosférico e como o fluxo de radiação afeta esse processo. O importante é entender que, na natureza, os processos ocorrem simultaneamente e as coisas não são divididas em física, química e biologia, como a universidade faz. Entendi cedo na minha carreira a questão interdisciplinar, tanto que meu primeiro pós-doutorado foi no Departamento de Química da Universidade da Antuérpia. Nas minhas pesquisas, tenho de olhar o planeta de modo interdisciplinar em todas as suas escalas.Por que você se tornou um dos pesquisadores brasileiros mais citados no mundo?
Jamais pensei que minha carreira científica teria essa repercussão. Coordeno muitos projetos, publico muito, oriento muitos alunos. A comunidade científica dialoga por meio das publicações e conferências. Segui esse modelo de ter fortes parcerias internacionais e não tenho um único trabalho científico sem a colaboração de pesquisadores estrangeiros. Isso dá visibilidade internacional, mas a importância dos trabalhos, em especial os na Amazônia, também estimula as citações. A Amazônia é um ecossistema onde as pesquisas são recentes e cheias de novidades importantes. Outra questão é que praticamente todos os artigos que publiquei são interdisciplinares. Sou citado por públicos diferentes, de mais de uma área temática. Tenho 11 papers na Science e na Nature, número que poucos cientistas mesmo do exterior atingiram. Até desse ponto de vista dei muita sorte. Isso mostra o dinamismo da ciência brasileira. O Brasil é um dos parceiros mais importantes da ciência hoje em nível mundial, não só na área ambiental. Com a crise econômica atual, não está muito claro como vamos manter essa liderança nos próximos anos, mas temos de achar uma saída. As pesquisas que fizemos na Amazônia foram extremamente importantes para os resultados do IPCC. Alguns processos das nuvens só ocorrem em ambientes muito limpos como a Amazônia e foram descobertos em medidas feitas por grandes experimentos naquela região. Não há como estudar processos naturais em atmosferas limpas nos Estados Unidos, Europa ou Ásia, onde a poluição do ar tomou conta. É preciso aproveitar as vantagens estratégicas que o país tem no campo científico.O que você está pesquisando hoje?
Estou tocando vários projetos, o principal deles é o programa Green Ocean Amazon (GOAmazon). Estudamos o impacto que um centro urbano como Manaus, com 2 milhões de habitantes, tem nas propriedades atmosféricas de seu entorno. Queremos saber como a poluição gerada por Manaus interage com as emissões naturais da floresta. Manaus é um caso único no mundo, uma situação que só existe na Amazônia. Não há outra cidade grande e isolada por 1.500 quilômetros de floresta em todas as direções. Daí vem a questão: como os gases e aerossóis produzidos pelos automóveis de Manaus interagem com os aerossóis da floresta e quais são os efeitos causados por esse tipo de poluição no ecossistema? Esse é o tema central do experimento GOAmazon, que mobiliza mais de 250 cientistas do Brasil, Estados Unidos e Europa.O GOAmazon já produziu novos dados?
O impacto da poluição de Manaus no funcionamento do ecossistema amazônico é muito grande. As emissões de óxidos de nitrogênio, provenientes de processos de combustão na cidade, como o funcionamento das termelétricas que alimentam Manaus e os automóveis, interagem com os compostos orgânicos voláteis que as plantas emitem e produzem ozônio. Encontramos concentrações de ozônio saindo de Manaus semelhantes às da cidade de São Paulo, acima de 40 partes por bilhão, limite em que o ozônio começa a ser tóxico para as plantas. As concentrações naturais de ozônio na Amazônia são de 8 a 10 partes por bilhão no meio do dia. Quando se deparam com altas concentrações, os estômatos não se abrem e, assim, evitam danos a seus tecidos. Ao fazer isso, a planta faz menos fotossíntese, fixa menos carbono e tem forte decréscimo na taxa de crescimento. Esse é um efeito direto da poluição urbana no ciclo do carbono da floresta amazônica. Esse efeito aparece centenas de quilômetros vento abaixo de Manaus. Esses dados são importantes para o país. A Amazônia absorve aproximadamente meia tonelada de carbono por hectare por ano. Como a área da floresta é enorme, isso tem um impacto muito grande no ciclo global de carbono. Se a Amazônia perde uma porcentagem dessa capacidade de armazenar carbono, o efeito estufa se agrava. Precisamos entender os fatores que influenciam o ciclo do carbono na Amazônia. No GOAmazon também observamos fortes alterações nas propriedades das nuvens influenciadas pela pluma de poluição de Manaus, quando comparadas com nuvens "limpas”. Isso afeta o ciclo hidrológico de modo intenso.