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- 28/07/2015 - Preso na 16ª fase da Lava-Jato, presidente de estatal liderou Programa Nuclear ParaleloOthon Luiz Pinheiro da Silva pediu licença do comando da Eletronuclear em abril por Juliana Castro
Othon Luiz Pinheiro da Silva pediu licença do comando da Eletronuclear em abril por Juliana Castro
Fonte: O Globo
Preso nesta terça-feira durante a 16ª fase da Operação Lava-Jato, o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, recebeu em 1978 a incumbência de iniciar os primeiros estudos para um submarino nuclear brasileiro e liderou o Programa Nuclear Paralelo entre 1979 e 1994. Executado sigilosamente pela Marinha, o projeto resultou no desenvolvimento da tecnologia 100% nacional de enriquecimento do urânio pelo método de ultracentrifugação. Engenheiro e vice-almirante reformado, Othon disse em entrevista ao GLOBO, em março do ano passado, que o objetivo inicial do projeto foi desenvolver a tecnologia de propulsão nuclear e admitiu que o governo militar da época tinham interesse bélico no programa.
O nome de Othon Luiz Pinheiro da Silva já havia aparecido na Lava-Jato. O ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini afirmou que coube à UTC, com participação do empreiteiro Ricardo Pessoa, convocar uma reunião para acertar propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear, entre eles Othon Luiz Pinheiro da Silva. O depoimento de Pessoa, da UTC, reforçou o teor da delação de Avancini. A construção de Angra 3, alvo das investigações da Lava-Jato porque teria havido ajuste prévio de licitações nas obras, e a operação de Angra 1 e 2 ficam a cargo da Eletronuclear.
Othon pediu licença do cargo de presidente da Eletronuclear em abril, após notícias veiculadas na imprensa de que teriam sido feitas negociações para pagamento de supostas propinas a Silva nas obras da usina nuclear de Angra 3. Enquanto isso, a presidência interina é exercida por Pedro José Diniz de Figueiredo, que estava na Diretoria de Operações da estatal. Othon estava à frente da Eletronuclear desde outubro de 2005.
Nascido em 25 de fevereiro de 1939 em Sumidouro, no interior do Rio, Othon é engenheiro naval formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, com mestrado na área nuclear no Massachusetts Institute of Technology (MIT). De 1982 a 1984, acumulou com suas funções na Marinha do Brasil o cargo de diretor de Pesquisas de Reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ocasião em que foi construído o Reator IPEN-MB-01 (único reator de pesquisas projetado e construído com equipamentos nacionais).
Em 1994, foi para reserva na Marinha do Brasil no posto de Vice-Almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros. Foi gerente do Programa de Desenvolvimento das Ultracentrífugas Brasileiras para Enriquecimento de Urânio e do Programa de Desenvolvimento da Propulsão Nuclear da Marinha do Brasil. Por seu trabalho, Othon recebeu em 2011 da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) o título de cidadão benemérito do Estado do Rio.
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- 28/07/2015 - PF deflagra a 16ª fase da Operação Lava Jato e cumpre 30 mandadosOperação ocorre em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, SP e Barueri. Dois mandados são de prisão temporária; presos serão levados para o PR.
Operação ocorre em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, SP e Barueri. Dois mandados são de prisão temporária; presos serão levados para o PR.
Fonte: G1 Portal de NotíciasAdriana Justi
Do G1 PR
A 16ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) na madrugada desta terça-feira (28) em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói (RJ), São Paulo e Barueri (SP). São cumpridos dois mandados de prisão temporária, além de 23 mandados de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. A operação foi batizada de "Radioatividade".Um dos presos é o diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que foi detido no Rio de Janeiro. Ele foi afastado do cargo em abril deste ano, quando surgiram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa, que é uma subsidiária da Eletrobras.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.
O foco das investigações desta fase, segundo a PF, são contratos firmados por empresas já mencionadas na Operação Lava Jato com a Eletronuclear, cujo controle acionário é da União. A empresa foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no país.
Ainda de acordo com a PF, a formação de cartel, o prévio ajustamento de licitações nas obras de Angra 3 e o pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da estatal são os objetos de apuração da atual fase.Angra 3 será a terceira usina nuclear do país e está em construção na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Ela terá potência de 1.405 megawatts (MW) e gerará energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um ano.
Delações
Em abril deste ano, o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, afirmou em depoimento de delação premiada que houve "promessa" de pagamento de propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear nas obras da usina nuclear Angra 3. As informações foram obtidas pelo Jornal Nacional.
Avancini deixou a prisão em 30 de março para cumprir prisão domiciliar, após firmar acordo de delação premiada com a Justiça, homologado pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato na primeira instância.
Segundo Avancini, a Camargo Corrêa foi informada em agosto de 2014 de que havia "compromissos" de pagamento de propina equivalente a 1% dos contratos das obras da usina ao PMDB e aos diretores da Eletronuclear. Somados, os contratos de Angra 3 chegam a R$ 3 bilhões, de acordo com o executivo. À época, o PMDB negou as acusações de recebimento de propina.
A Eletronuclear e o então presidente da empresa, Othon Luiz Pinheiro, disseram em abril que as acusações eram infundadas, que a empresa age sempre em total transparência e que o Tribunal de Contas da União aprovou a preparação das propostas de preços em Angra 3.
15ª fase
A 15ª etapa da operação foi batizada de Conexão Mônaco e prendeu ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada. Ele está detido na carceragem da Superintendência da PF, em Curitiba. Quatro mandados de busca e apreensão também foram cumpridos.
A fase teve como foco o recebimento de vantagens ilícitas na diretoria da Petrobras. De acordo com a PF e o Ministério Público Federal (MPF), Zelada fez transferências bancárias para a China e para Mônaco. Foram € 11 milhões para Mônaco e outro US$ 1 milhão para a China. O dinheiro em Mônaco já estava bloqueado desde março deste ano.
O ex-diretor é suspeito de envolvimento no esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras. Segundo o MPF, ele atuou no esquema desde quando atuava na gerência da empresa, quando na diretoria da área internacional.
Zelada foi sucessor de Nestor Cerveró – já condenado a cinco anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro – no cargo e atuou entre 2008 e 2012 na estatal.
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- 27/07/2015 - Margaridas mutantes de Fukushima são uma farsaEntenda por que a radiação da usina nuclear não pode ter causado a mutação
Entenda por que a radiação da usina nuclear não pode ter causado a mutação
Fonte: Revista Galileu
Você deve ter visto pela internet, durante a semana passada, uma história (com fotos) de margaridas deformadas pela radiação de Fukushima. A foto que iniciou o bafafá, tirada pelo usuário do twitter @san_kaido, mostra várias margaridas que possuem o miolo alongado, como se duas margaridas fossem juntadas em uma só flor. A culpada seria a radiação de Fukushima, já que a foto foi feita na cidade de Nasushiobara, a 128 km da usina nuclear.
Mas, muito provavelmente, a deformidade não foi causada pela radiação. Isso porque já vimos outras margaridas terem a mesma aparência - e botânicos 'culpam' danos causados por insetos ou vírus.
As plantas crescem pois novas células são adicionadas às pontas de seus caules em uma região chamada meristema. O meristema possui um reservatório de células não diferenciadas que podem produzir mais caule, folhas ou flores. Mas se algumas dessas células morre, o pico pode ficar curvado ou achatado - e isso tem um efeito gigante na maneira com que as plantas crescem. Quando isso acontece na formação de flores, a simetria delas se perde. Será que isso lembra nossas margaridas mutantes?
Esse fenômeno é chamado deFasciação - aliás, no verbete da Wikipedia sobre fasciação temos fotos de margaridas mutantes (embora não da região de Fukushima). Elas são bastante comuns.
A radiação não poderia causar a fasciação?
De acordo com o tweet que iniciou toda a história, os níveis de radiaçaõ da região são de0.5 μSieverts/hora, acima de outras regiões do Japão. Mas aí entra um pouco de matemática. Os Sieverts são unidades usadas para medir o dano causado pela radiação absorvida por tecidos vivos. 1 Sv representa o efeito em 1 kg de tecido humano depois que ele absorve 1 joule de energia. 1 Sv faria você passar mal, caso você fosse exposto a ele de uma vez. Mas somos expostos a pequenas quantidades de radiação todos os dias. Raios cósmicos, monitores, radônio, etc. E essas pequenas quantidades são medidas em microSieverts:1μSievert, que é igual a 0,000001 Sv.
Bacana. Se as plantas recebem 0,5μSv a cada hora, elas acumulam 12μSv por dia. Durante um ano todo, 4380μSv. Aí converta - isso é o equivalente a 4,38 mSv por ano.
Um americano comum, de acordo com a Comissão Regulatória Nuclear do país, recebe uma dose anual de radiação de 6,2 mSv. Ou seja, a radiação supostamente acumulada pelas margaridas de Fukushima seria menor do que alguém vivendo em uma região urbana, próximo a eletrônicos, acumula. E está bem abaixo do máximo permitido pela segurança dos Estados Unidos.
E se as plantas forem mais sensíveis à radiação?Voltamos à fasciação. Sabe-se que é possível que a radiação tenha esse efeito sobre as plantas. Mas um estudo feito em 2004 quantificou quanta radiação é necessária para isso: 100μSv/hora - bem mais do que as medições no lugar denunciam atualmente.
É possível que as plantas estivessem por lá desde o acidente nuclear em 2011, causado pelo terremoto e tsunami que atingiu Fukushima. Mas medições da radiação de Nasushiobara estão disponíveis para consulta e indicam0,74 μSv/ hora. Maior do que a medição de hoje, mas mesmo assim menor do que a quantidade necessária para causar a mutação em plantas.
Então o veredicto é que a mutação das margaridas não foi causada pela radiação de Fukushima. Mas isso não significa que não precisamos nos preocupar com a situação atual da usina, sua administração e outros efeitos. Estudos mostram, por exemplo, efeitos na população de insetos. Continuaremos de olho.
Via Gizmodo
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- 26/07/2015 - Manutenção de Angra 3 já custou R$ 1 biRecursos foram usados apenas para preservar equipamentos comprados na década de 80; usina nuclear só deve gerar energia em 2019
Recursos foram usados apenas para preservar equipamentos comprados na década de 80; usina nuclear só deve gerar energia em 2019
Fonte: O Estado de S. Paulo
ANDRÉ BORGES
BRASÍLIA -Longe do dia em que começará a produzir energia, a usina nuclear de Angra 3, em construção no Rio de Janeiro, já consumiu dos cofres públicos nada menos que R$ 1 bilhão – ou US$ 300 milhões – para bancar a manutenção e a preservação de parafernálias nucleares adquiridas ainda na década de 1980, quando a obra foi iniciada. Esse rombo financeiro, que há 30 anos é alimentado pela máquina pública, só tende a aumentar, conforme informações obtidas pelo ‘Estado’ com a Eletronuclear, por meio da Lei de Acesso à Informação.
Depois de ser paralisada em 1986, apenas dois anos depois de sua construção ter começado, Angra 3 viu seus canteiros de obra serem retomados em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O plano era concluir a usina, que já possuía grande parte de seus equipamentos e vinha dragando US$ 10 milhões por ano para manter as traquitanas nucleares em condições de uso. Lula prometeu colocar Angra 3 para funcionar até maio de 2014. Esse prazo, no entanto, logo voltaria a cair na vala comum dos adiamentos.
Apesar de todas as dificuldades do projeto, a Eletronuclear decidiu que era hora de vender às distribuidoras de energia os megawatts que seriam gerados a partir da fissão nuclear do urânio de Angra 3. Em um leilão realizado na semana do Natal de 2010, a estatal do grupo Eletrobrás fechou contrato com as empresas e se comprometeu a entregar energia a partir de janeiro de 2016, daqui a cinco meses.
Hoje, o cenário mais otimista prevê que a usina nuclear só vai começar a distribuir energia em janeiro de 2019, três anos depois do prazo que foi assumido com o setor elétrico. A data já está nas previsões do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por administrar o abastecimento energético do País. Por mais três anos, portanto, os equipamentos seguirão em manutenção constante.
A bomba financeira montada em Angra 3 não para por aí: a Eletronuclear está praticamente sem caixa para tocar as obras. Até o ano passado, a estatal conseguiu garantir um ritmo crescente de investimento, saltando de R$ 254 milhões aplicados em 2010 para R$ 1,447 bilhão em 2014. Neste ano, porém, os recursos escassearam. Para honrar o novo cronograma, está prevista a injeção de R$ 2,717 bilhões nas obras em 2015. Entre janeiro e maio, porém, segundo a Eletronuclear, o desembolso chegou a apenas R$ 322,7 milhões, 12% do esperado para o ano. Trata-se de uma bagatela, se comparado a todo dinheiro que ainda terá de ser despejado em Angra 3 para que a usina fique pronta.
Até maio deste ano, o empreendimento já tinha sugado R$ 4,782 bilhões em investimentos. Até dezembro de 2018, porém, a Eletronuclear prevê que essa cifra alcance cerca de R$ 16,1 bilhões, ou aproximadamente US$ 5,1 bilhões.
Receita. Como se já não bastasse esse atoleiro financeiro agravado pelo atraso crônico nas obras, há ainda a frustração de receita que esse mesmo atraso vai produzir. Caso Angra 3 entrasse em operação a partir de janeiro de 2016, como tinha se comprometido, a Eletronuclear passaria a receber uma receita mensal de aproximadamente R$ 156 milhões por mês com a venda de sua energia, uma carga suficiente para abastecer as cidades de Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG). O atraso de três anos nessa geração, portanto, vai custar à estatal uma frustração de receita de pelo menos R$ 5,6 bilhões.
No fim do mês passado, a empresa francesa de energia nuclear Areva, uma das principais fornecedoras de Angra 3, publicou um comunicado internacional para dizer que "reduziu temporariamente as atividades” na usina brasileira, por conta de atrasos da Eletronuclear em obter novos financiamentos para a obra. Quando a estatal garantir que encontrou "uma solução financeira sustentável”, declarou a Areva, a fornecedora retomará todas as atividades do projeto.
Pela lei de acesso, a Eletronuclear declarou que "está trabalhando na busca da recuperação dos atrasos e na antecipação do início da geração de energia elétrica para agosto de 2018, mantendo o início de operação comercial em dezembro de 2018.”
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- 26/07/2015 - Começa greve dos servidores federais em todo o paísColuna do Servidor
Coluna do Servidor
Fonte: O Dia
Os servidores federais da base da Condsef, que representam 80% do Executivo Federal, iniciam uma greve geral a partir de hoje. Muitas categorias já começaram a paralisação, como a do INSS, a da Fiocruz, do Judiciário, além dos professores e técnico-administrativos das universidades. Amanhã, sindicatos e o Ministério do Planejamento se reúnem em Brasília e tentam o acordo mais uma vez.O encontro vai dar continuidade às negociações com o governo envolvendo demandas de cerca de 500 mil servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas. A mobilização se deu com a estagnação na negociação, considerada insuficiente para a aceitação de um índice de reposição inflacionária de 21,3% dividido em 4 anos. Mas os servidores querem reajuste salarial de 27,3% já para o ano que vem.
Secretário-geral da Condsef, Sérgio Ronaldo da Silva espera que o governo seja mais preciso nas propostas. "Queremos negociar perdas reais, mas o governo quer impor um discurso de uma economia retraída”, disse. Para o dirigente sindical, o governo precisa rever a proposta dos 21,3%, já rejeitada. "Os servidores não vão aceitar esse percentual em quatro anos”, enfatizou.
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, propôs reajustar os três principais benefícios dos servidores com base na inflação dos últimos anos. São eles auxílios alimentação, pré-escolar e creche, além do plano de saúde. Os valores entrariam em vigor em janeiro de 2016.
O Planejamento informou que procura acelerar as negociações para evitar greves, e que Sérgio Mendonça vê com preocupação as paralisações que atingem a população usuária dos serviços públicos. "Vamos tentar acelerar para enfrentar este cenário de greve”, informou.Enquanto não há decisão, os trabalhadores da Fiocruz decidiram pela continuidade da greve. Uma assembleia para decidir o rumo do movimento será convocada 24 horas após a reunião com o Planejamento. A categoria também reivindica o direito de negociação coletiva e paridade salarial entre servidores ativos e aposentados.
Contudo, a ampliação do contingenciamento de despesas do governo federal pode emperrar a negociação. "Essa medida do governo vai tornar o nosso processo de negociação ainda mais difícil. Já está tudo contaminado e o discurso de que não há dinheiro vai aumentar ainda mais”, disse Sérgio Ronaldo. "A conta dessa crise só chega para o servidor”.NOVAS NEGOCIAÇÕES
Foram retomadas as negociações entre STF, Planejamento e Orçamento Federal para construir uma solução que permita recompor a remuneração dos servidores do Poder Judiciário da União. Até o dia 31 de agosto, o governo federal deve encaminhar ao Congresso Nacional o Projeto da Lei do Orçamento Anual (Ploa) com a previsão de despesas de pessoal.12 ANOS DE PERDAS
Presidente da Federação dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Leal afirma que a oferta do governo não contempla o pleito da categoria. "Nós integramos a classe dos servidores federais que teve o menor reajuste salarial nos últimos 12 anos. Estou seguro de que dificilmente nossos companheiros irão concordar em aceitar algo nesses termos”, disse. -
- 24/07/2015 - Modelo que avalia a segurança de reatores nucleares é premiado nos Estados UnidosFonte: Agência FAPESPO vaso de pressão, que aloja o núcleo do reator, é o componente estrutural mais crítico do sistema PWR (pressurized water reactor ou reator de água pressurizada), utilizado nas usinas nucleares de Angra dos Reis e no futuro submarino de propulsão nuclear da Marinha do Brasil.
Nesse sistema, a água empregada para moderar a reação de fissão nuclear do urânio, contida no circuito primário, aquece a água presente no circuito secundário, para gerar o vapor que aciona a turbina elétrica. E o vaso de pressão constitui a principal barreira de contenção metálica da água que flui sob alta pressão no circuito primário.
Um novo modelo, que aprimora o sistema de avaliação da integridade estrutural do vaso de pressão, foi premiado como o melhor trabalho apresentado no congresso da American Society of Mechanical Engineers realizado na Califórnia em 2014.
De autoria de Claudio Ruggieri, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), e Robert H. Dodds, da University of Illinois, o trabalho - "A Weibull Stress Approach Incorporating the Coupling Effect of Constraint and Plastic Strain in Cleavage Fracture Toughness Predictions” - é resultado de projeto de pesquisa "Desenvolvimentos Adicionais de um Modelo Micromecânico de Fratura Frágil e Aplicações à Integridade Estrutural de Reatores Nucleares”, apoiado pela FAPESP e concluído recentemente.
"O principal fator de degradação do vaso de pressão é sua exposição à irradiação de nêutrons emitidos pela reação nuclear. A incidência desses nêutrons afeta significativamente as características do material em escala nanométrica, com a formação de defeitos e a consequente fragilização”, disse Ruggieri à Agência FAPESP.
Vale lembrar que a liberação da energia nuclear que é convertida em energia elétrica inicia-se mediante a colisão de um nêutron com um núcleo atômico de urânio físsil 235.
Instabilizado pelo nêutron adicional, o núcleo de U235 se divide em dois núcleos menores estáveis, emitindo, no processo, novos nêutrons rápidos, que, por sua vez, colidem com outros núcleos de U235. Deflagra-se, assim, uma reação em cadeia, com formidável liberação de energia.
Para avaliar o efeito dos nêutrons livres sobre os componentes estruturais do reator, diversos corpos de prova, de tamanho reduzido, são encapsulados e alojados em seu interior. Recebem altas doses de irradiação para serem posteriormente submetidos a ensaios de fratura.
Ocorre, porém, que há uma grande diferença de escala entre os corpos de prova encapsulados, de 10 milímetros de espessura, e a parede do reator, que tem cerca de 200 milímetros de espessura.
"Nosso novo modelo permite corrigir as imprecisões inerentes às medições experimentais e obter avaliações mais acuradas e adequadas da degradação neutrônica do material”, disse Ruggieri.
Os pesquisadores constataram que o mecanismo de fratura é um processo de degradação que acontece em diversas escalas, desde a escala atômica até a escala do próprio vaso de pressão. Com base nisso, construíram seu modelo, correlacionando a distribuição estatística de microfissuras com a deformação plástica local do componente estrutural macroscópico.
"O objetivo central foi compreender o papel da deformação plástica no processo de fratura por clivagem mediante um parâmetro probabilístico de fratura e como ele contribui para a avaliação de uma potencial falha catastrófica do vaso de pressão”, explicou o pesquisador.
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- 23/07/2015 - França reduz participação nuclear de sua matriz energéticaFonte: O Estado de Minas
A cinco meses de uma grande conferência internacional sobre o clima em Paris, o parlamento francês adotou definitivamente nesta quarta-feira uma lei de "transição energética" visando reduzir o uso da matriz nuclear na produção de eletricidade.
O projeto de lei traduz a promessa feita pelo presidente François Hollande, durante a campanha eleitoral de 2012, de reduzir até 2025 de 75% a 50% a participação da matriz nuclear na produção de eletricidade na França.
"A era da energia nuclear terminou", comemorou o deputado ecologista Denis Baupin.
"É uma evolução histórica, já que em nenhum momento, nenhum dos grupos, inclusive na oposição, negou a necessidade de não sermos mais totalmente dependentes da energia nuclear", acrescentou o deputado socialista François Brottes (PS).
Com 19 centrais, a França detém o segundo maior setor nuclear do mundo. Sua economia depende a energia nuclear como nenhuma outra para seu consumo de eletricidade, suprindo quase 75% das necessidades.
Outros pontos importantes do novo texto: a redução do consumo energético final de 50% em 2050 (com relação a 2012) e uma diminuição do consumo das energias fósseis de 30% em 2030 (com relação a 2012), o que permitiria reduzir as emissões de gás de efeito estufa em até 40%.
Para conseguir chegar lá, o projeto de lei prevê o reforço nas energias renováveis para atingir 32% do consumo de energia em 2030 contra 13,7% em 2012.
Entre as outras medidas previstas, um vale-energia para as famílias de baixa renda, a substituição das sacolas plásticas não-ecológicas, o desenvolvimento de veículos menos poluentes ou a instalação de contadores elétricos inteligentes.
A lei também compreende medidas contra o desperdício alimentar, destinadas a impedir que se jogue comida fora. O texto pretende então favorecer o "crescimento verde" e, através disso, gerar 100 mil novos postos de emprego.
-'Irrealizável'-
Nesta quarta-feira, durante os últimos debates, os deputados fixaram um último objetivo: quadruplicar, entre 2016 e 2030, a contribuição clima-energia - uma taxa de carbono revisada, integrada nos impostos pagos sobre o combustível ou o óleo combustível.
Esta contribuição passará de 22 euros por tonelada de CO2 em 2016 para 100 euros em 2030, passando por um objetivo intermediário de 56 euros em 2022.
Estes números correspondem, segundo especialistas, ao "valor do carbono necessário para mudar os comportamentos", defenderam os autores da emenda. Contudo, tratam-se apenas de objetivos, já que o montante anual da contribuição deve ser fixado anualmente pelo orçamento estatal.
Tirando a extrema-esquerda, que se absteve, todos os grupos de esquerda da Assembleia Nacional votaram a favor do texto apresentado como "um dos mais importantes do mandato" de Hollande.
O partido de direita Republicanos (LR) foi quase unanimemente contra as disposições. "Nós estávamos de acordo com uma redução da energia nuclear, mas não em dez anos. É irrealizável", avaliou o deputado Julien Aubert.
A oposição se preocupa com as consequências para o setor nuclear francês, já em dificuldades. Seu carro-chefe industrial, o grupo Areva, que relatou uma perda de quase 5 milhões de euros em 2014, deve fechar entre 5 a 6 mil postos de trabalho e será desmantelado.
A ministra do Meio Ambiente, Ségolène Royal, que apresentou o texto, comemorou "uma lei ambiciosa e mobilizadora, que será a mais avançada da Europa" e "visa fazer da França o país ambientalista por excelência" e exemplo ao sediar a Conferência Mundial sobre o Clima.
E para tornar todas estas medidas operacionais rapidamente, os primeiros decretos de aplicação serão publicados a partir de setembro de 2015, prometeu a ministra.
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- 22/07/2015 - Acordo iraniano pode ter consequências para o Brasil e Argentina?Fonte: Planeta Osascopor Leonam Guimarães
Dia 14 de julho de 2015, o grupo de potências mundiais "E3/UE+3” (China, EUA e Rússia, juntamente com três membros da União Europeia, Reino Unido, França e Alemanha) e o Irã concluíram em Viena, após meses de intensas negociações, um Acordo final sobre o Programa Nuclear Iraniano, destinado a garantir a natureza estritamente pacífica desse programa, em troca da suspensão das sanções internacionais contra o Irã, estabelecidas por diversas Resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
O próximo passo será o Conselho de Segurança da ONU aprovar o Acordo na forma de Resolução, que também suspenderá as sanções estabelecidas pelas Resoluçõesanteriores. Isto está previsto para ocorrer hoje, dia 21 de julho de 2015. Algumas medidas serão, no entanto, mantidas como exceção.
As sanções americanas e europeias relacionadas com o Programa Nuclear Iraniano visando os setores das finanças, energia e transporte, serão levantadas "assim que o Irã implemente” os compromissos assumidos pelo Acordo. Essa implementação deverá ser atestada por um relatório da AIEA, o que não deve acontecer antes de 2016. As sanções sobre aquisição de armas convencionais no exterior vão ser mantidas por cinco anos, mas exceções poderão ser concedidas pelo Conselho de Segurança. Toda aquisição pelo Irã de componentes para mísseis balísticos com capacidade de transportar ogivas nucleares permanece banida por um período indeterminado.
Não deixa de ser irônico o fato de dois dias depois da finalização do acordo, em 16 de julho de 2015, estar se completando 70 anos da primeira explosão de uma bomba nuclear, o teste "Trinity” de um dispositivo de plutônio, modelo básico da arma lançada sobreNagasaki em 10 de agosto de 1945. Note-se que mesmo naqueles primórdios, havia tal confiança dos projetistas americanos nas armas nucleares desenvolvidas pelo chamado "Manhattan Project”, que não foi julgado necessário testar o dispositivo de urânio, lançado sobre Hiroxima quatro dias antes, em 6 de agosto.
O texto integral do Acordo é altamente técnico, mas, surpreendentemente, é bastante legível para um documento internacional de controle de armas tão polêmico. A Casa Branca publicou uma página na internet que explica o Acordo em termos bastante didáticos.
Ele visa bloquear o acesso do Irã ao material necessário à construção de um explosivo nuclear, ou seja, urânio altamente enriquecido (alto teor do isótopo 235) ou plutônio "grau de arma” (alto teor do isótopo 239 e baixo conteúdo de isótopos mais pesados). Esse acesso poderia ser viabilizado por quatro caminhos distintos, os quais o Acordo busca bloquear: produzir urânio altamente enriquecido na instalação de Natanz; ou na instalação subterrânea de Fordow (protegida contra ataques aéreos); produzir plutônio "grau de arma” no reator de pesquisa de Arak e, por último, produzir esses materiais em locais secretos. Vejamos então os principais parâmetros do Acordo.
O parâmetro crucial para acesso aos materiais físseis é o chamado "Breakout time”, avaliação técnica do tempo necessário para o Irã produzir urânio altamente enriquecido suficiente para a fabricação de uma arma. Quanto mais longo esse tempo, mais viável se torna para a comunidade internacional detectar essa tentativa em tempo para atuar no sentido de bloqueá-la. Este tempo é atualmente de 2 a 3 meses, considerando o inventário de urânio de baixo enriquecimento existente e a capacidade separativa, ou seja, de enriquecimento, instalada em Natanz e Fordow, da ordem de 19.000 centrífugas. Natanz é a principal instalação de enriquecimento iraniano, com cerca de 17.000 centrífugas IR–1 de primeira geração, 1.000 de IR–2M, mais eficientes, e tem capacidade de acomodar um total de 50.000 máquinas.
Note-se que enriquecimento de urânio por centrifugação abre caminho para diferentes utilizações, segundo o grau de enriquecimento (taxa de concentração de isótopoU–235): 3,5 a 5% para combustível de usinas nucleoelétricas, 20% para combustível de reatores de pesquisa e produção de radioisótopos para usos médicos e industriais, e 80-90% para uma arma. Esta última etapa, que vai dos 20% aos 90% é, tecnicamente, a de produção mais rápida. O Irã terá, portanto, que reduzir seu estoque de urânio de baixo enriquecimento, que hoje é de 10.000 kg, para 300 kg, por um período de 15 anos.
O Acordo, portanto, prevê o aumento desse "Breakout time”, com a redução do número de máquinas para 6.104 num prazo de dez anos. Todas as centrífugas autorizadas pelo Acordo ficarão em Natanz e serão aquelas cujos modelos são mais antigos e menos eficientes. Essa instalação, porém, não poderá produzir urânio com enriquecimento superior a 3,67%, o que é compatível com o grau exigido para fabricação do combustível da usina nucleoelétrica de Bushehr, durante 15 anos. Essa instalação passará a ser a única usina de enriquecimento iraniana, mantendo apenas 5.060 centrífugas, todas IR–1. As centrífugas IR–2M serão retiradas e colocadas sob controle da AIEA.
A instalação de Fordow, construída sob um maciço montanhoso e, portanto, praticamente impossível de ser destruída por ataque aéreo, permanecerá aberta, mas não será permitida nenhuma atividade de enriquecimento nela nos próximos 15 anos. Todo o urânio enriquecido existente em Fordow será de lá retirado. Cerca de dois terços de suas máquinas serão também removidas do local.
O Irã se compromete também a não construir nenhuma nova instalação de enriquecimento de urânio nesse período de 15 anos. Contudo, poderá prosseguir com suas atividades de pesquisa com centrífugas mais modernas e começar a fabricação, após oito anos, dos IR–6, dez vezes mais eficazes que as máquinas atuais, e a IR–8, com desempenho 20 vezes superior.
O Acordo visa também impedir que o Irã produza plutônio "grau de arma”, outro material físsil que pode compor o explosivo de uma nuclear. Esse material é produzido pela irradiação do combustível de reatores de pesquisa e produção de radioisótopos. O reator de água pesada em construção pelo Irã em Arak será modificado de modo a torná-lo incapaz de produzir esse tipo de plutônio. Todo combustível nele irradiado será enviado ao exterior durante toda a vida do reator. O Irã também não poderá construir um novo reator desse tipo durante 15 anos.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), já presente no Irã, será responsável por controlar regularmente todas as instalações nucleares iranianas, e terá suas prerrogativas consideravelmente reforçadas. Suas ações de salvaguardas se estenderão a todo Programa Nuclear Iraniano, desde a mineração e beneficiamento de urânio à Pesquisa & Desenvolvimento, passando pela conversão e o enriquecimento. Os inspetores da AIEA poderão ter acesso às minas de urânio e aos locais onde o Irã produz o "yellow cake” (concentrado de urânio) durante 25 anos.
O Irã também concedeu um acesso limitado dos inspetores da AIEA a suas instalações não nucleares, principalmente as militares, em caso de suspeita de atividade nuclear ilegal. Esse acesso é previsto pelo Protocolo Adicional (PA) ao Acordo de Salvaguardas decorrente das obrigações assumidas pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que o Irã se comprometeu a ratificar e efetivamente implementar. Note-se que Irã assinou o PA com a AIEA em 2003, mas nunca o ratificou. Apesar disso, aplicou-o de 2003 a 2006, quando então anunciou que deixaria de implementá-lo.
É justamente nesses pontos finais, ou seja, na implementação do Protocolo Adicional, que residem possibilidades de consequências do acordo nuclear do Irã para Brasil e Argentina. Conforme discutido em outro artigo, Brasil e Argentina constituem um caso especial na aplicação de salvaguardas da AIEA de acordo com o TNP.
Inicialmente, os dois países não aderiram ao TNP (1968). Bilateralmente, ambos instituíram um sistema de salvaguardas regional (1991) baseado na Agência Brasil Argentina de Contabilidade e Controle (ABACC). Em seguida, firmaram um Acordo de Salvaguardas Abrangentes com a AIEA (1994). Somente depois de estabelecido este sistema regional, reconhecido pela AIEA e do qual ela é parte ativa, os países aderiram ao TNP (Argentina em 1998, Brasil em 1999).
Uma demonstração clara da importância do regime de salvaguardas regional adotado pelo Brasil e Argentina vem das negociações ocorridas para revisão das diretrizes doNuclear Suppliers Group (NSG). Cabe ressaltar que o NSG não é um órgão da AIEA. Logo, suas diretrizes não têm o respaldo direto nos tratados internacionais de salvaguardas em vigor. O NSG é constituído em base voluntária e suas Diretrizes não são legalmente obrigatórias. Cabe a cada Estado membro, em sua exclusiva soberania nacional, decidir se autoriza ou não exportações de itens controlados.
Nas negociações no NSG para a revisão das Diretrizes relativas ao controle de transferências de tecnologias de enriquecimento de urânio e reprocessamento de combustível irradiado, o Brasil empenhou-se em evitar que a adoção de PA viesse a ser considerado critério imprescindível para a transferência dessas tecnologias.
Após consistente esforço diplomático, o Brasil conseguiu que fossem estabelecidos dois critérios objetivos alternativos para que um país se qualifique a receber tais tecnologias: (a) ter um PA em vigor ou (b) fazer parte de um Acordo Regional para aplicação de salvaguardas aprovado pela Junta de Governadores da AIEA, antes da adoção do modelo de Protocolo Adicional (1997), condição que é atendida apenas pelo Brasil e pela Argentina (por meio do Acordo Quadripartite) e pelos Estados–Parte da Agência Nuclear Europeia (EURATOM). Isto configurou um importante êxito da diplomacia brasileira.
É fato que a adoção de um PA como "critério imprescindível” para a transferência dessas tecnologias não afeta diretamente de forma significativa os interesses do Brasil no âmbito restrito do NSG. Entretanto, entende-se que a adoção de um PA elevada a um "critério imprescindível”, ainda que em âmbito restrito ao NSG, seria um precedente que viola a firme posição do Brasil no sentido do caráter voluntário da adoção do PA em quaisquer âmbitos.
A Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada pelo Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008, estabelece que o Brasil "não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear”. A condicionante para acréscimos ao TNP, que seria avanços reais no desarmamento das potências nucleares, certamente não foi atendida nem o será no curto prazo.
A adoção de um Acordo Regional para aplicação de salvaguardas aprovado pela Junta de Governadores da AIEA antes da adoção do modelo de PA como alternativa é uma postura coerente com a END e com o princípio da voluntariedade na adoção de PA por Brasil e Argentina, que vem sendo defendida com êxito pela diplomacia de ambos os países há mais de uma década, sendo um tema razoavelmente "pacificado”, mas nunca esquecido.
A efetiva aplicação do Acordo Nuclear do Irã, entretanto, poderá mudar essa situação "pacífica”. Ainda que pareça pouco provável, dadas as condições políticas internacionais, o E3/UE+3 pode, "animado” pelo sucesso da aplicação do PA no Irã, se voltar para os países que ainda não adotaram um PA, exercendo pressões políticas e até mesmo econômicas para universalizar sua implementação. Se verificarmos na lista dos países que ainda não o adotaram, Brasil e Argentina surgem como dos únicos que tem uma indústria nuclear desenvolvida e, portanto, seriam alvos preferenciais, caso tal "investida” realmente venha a ocorrer.
Cabe à diplomacia dos dois países ficarem muito atentas aos desdobramentos do Acordo Nuclear do Irã e identificarem indícios de que tal possibilidade possa vir a se concretizar para poder reagir em tempo de forma coordenada e eficaz na defesa do regime de salvaguardas regional implantado pelos dois países que é hoje um modelo de sucesso reconhecido internacionalmente e que tem sido citado como procedimento que poderia ser aplicado em outras regiões do mundo, até mesmo no Oriente Médio.
Leonam dos Santos Guimarães é Doutor em Engenharia, Diretor de Planejamento,Gestão e Meio Ambiente da Eletrobrás Eletronuclear e membro do Grupo Permanente de Assessoria do Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
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- 22/07/2015 - Próteses sob medidaAlém da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições
Além da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições
Fonte: Agência FAPESP
Dinorah Ereno | Revista Pesquisa FAPESP
Uma prótese de titânio feita sob medida transformou a vida da estudante Jessica Alves Farias Cussioli, de 23 anos. Após um grave acidente em setembro do ano passado, em Araçatuba, interior de São Paulo, quando caiu da moto e bateu a cabeça em uma caçamba de entulho, Jessica teve afundamento profundo na lateral direita do crânio, em uma região que começa nos olhos e vai até o alto da cabeça.
Oito meses depois, no dia 26 de maio, ela se tornou a primeira paciente a receber um implante craniofacial de titânio no Brasil, procedimento feito no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp).
A fabricação da prótese feita sob medida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (INCT-Biofabris), sediado na Unicamp e financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), faz parte de um longo processo de pesquisa e desenvolvimento multidisciplinar iniciado em 2009.
Além da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições. "Trabalhamos no desenvolvimento de polímeros, biopolímeros, materiais metálicos e cerâmicos, destinados a diversas aplicações”, diz o engenheiro químico Rubens Maciel, professor da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp e coordenador do Biofabris.
Os estudos de desenvolvimento de novos materiais envolvem ainda testes in vitro e in vivo para avaliar se não causarão nenhum problema ao paciente, no caso de uma futura implantação. "Sua atuação no organismo não pode ser nociva às células nem prejudicar o corpo no local onde está implantado.”
A operação de Jessica durou mais de oito horas e teve a participação de uma equipe médica composta por quatro cirurgiões plásticos e um neurocirurgião. O procedimento cirúrgico foi a última etapa de um trabalho colaborativo que envolveu médicos e pesquisadores durante três meses. A parceria entre o instituto e o HC começou logo após a inauguração do Biofabris.
"Após uma longa conversa com Rubens Maciel e André Jardini [engenheiro mecânico e pesquisador do instituto Biofabris], percebi que poderíamos ter uma parceria científica”, relata Paulo Kharmandayan, professor e coordenador da área de Cirurgia Plástica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, integrante do Biofabris.
Além da convergência de interesses nas linhas de pesquisa, também havia a proximidade física dos laboratórios. "Foi uma tarde inteira de conversas em que expus as minhas necessidades na área médica e eles se propuseram a encontrar soluções para as demandas apresentadas.” À medida que o tempo passou e o instituto cresceu, apareceram mais perguntas e propostas. "Atualmente fazemos reuniões semanais e a cada discussão surgem novas ideias.”
A tarefa de fabricação dos três implantes personalizados de titânio que compõem a prótese e formam uma superfície de 10 centímetros de comprimento demorou 20 horas. O primeiro passo para a fabricação de uma prótese é fazer, por meio de tomografia, imagens da área do corpo que necessita de reparos. Essas imagens são colocadas no programa InVesalius, um software desenvolvido pelo CTI, responsável pela reconstrução da parte afetada em 3D.
A partir da comparação da parte preservada com a afetada por trauma ou acidente, os pesquisadores criam uma prótese com a dimensão e o formato mais apropriado, preservando a aparência e recuperando a função original de proteção ao cérebro.
Com base nesse modelo virtual da cabeça do paciente, são feitos então um crânio-modelo e uma prótese em nylon por impressão 3D. "O planejamento virtual é uma etapa demorada, em que o programador e a equipe médica discutem todos os ajustes necessários, antes de chegar à prótese definitiva, em metal”, explica Kharmandayan.
Acabamento e esterilização
Na etapa final, de fabricação da prótese metálica, uma liga com pó de titânio é colocada dentro da máquina de manufatura aditiva, técnica de impressão em que um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material. O pó é sinterizado a laser e forma as camadas com 0,4 milímetro.
Dependendo da peça, a fabricação pode demorar até um dia para o processo ser finalizado. Depois de retirada da máquina, a peça é submetida a um tratamento térmico ou químico e, no caso de ser usada em aplicações médicas para implantes, ainda passa por um processo de limpeza, acabamento superficial para retirada de resíduos e esterilização.
Leia a reportagem completa revistapesquisa.fapesp.br/2015/07/15/proteses-sob-medida/.
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- 21/07/2015 - Interagindo com Dinossauros num Brasil Pré-históricoFonte: Folha de S. Paulo
ANA PAULA FREITAS
DA "VICE"A poucos minutos da Marginal Pinheiros, em São Paulo, existe um oásis urbano: um complexo de bosques, predinhos de arquitetura industrial, ciclovias e pistas de corrida chamado Cidade Universitária. O lugar é repleto de gente com livros embaixo do braço, atletas e jovens, mas também há espaço para espécies mais exóticas. Na última semana vi, mesmo, dinossauros –e sim, eu estava sóbria e posso explicar.
Em um dos prédios do local, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ao lado de dezenas de salinhas de aspecto burocrático em corredores de concreto brilhante, trabalham os engenheiros de software Pedro Kayatt e Keila Matsumura, sócios-fundadores da VR Monkey, uma empresa de tecnologias em realidade virtual. Dentro de um cubículo sem janelas, a dupla se dedica a criar ao lado de outros desenvolvedores uma versão paleontóloga de Deus: um módulo para Oculus Rift que se passa em um Brasil pré-histórico habitado por dinossauros.
Para quem não sabe, o Oculus Rift é um gadget de realidade virtual cuja criação e lançamento foram financiados pelo Kickstarter em US$2,4 milhões, mas a iniciativa gerou interesse de outros investidores e o projeto chegou a receber cerca de US$75 milhões em aportes. Há pouco mais de um ano, o Facebook anunciou a aquisição da Oculus VR, a empresa por trás do projeto, por US$2 bilhões.
É fácil usar os óculos: é só ligar e colocar na cabeça junto dos fones de ouvido para explorar mundos em 3D de modo imersivo. Muitos comentaristas dizem que a versão final do brinquedo (que já é vendida para desenvolvedores) deve revolucionar o entretenimento. Estima-se que, dentro de três anos, 30% das residências americanas tenham algum dispositivo de realidade virtual, como o Oculus. "Estamos trabalhando com algo que ainda não existe e realizando o sonho de muitos paleontólogos, que é interagir com um dinossauro", me disse Pedro, empolgado, em uma sala de reunião perto do pequeno escritório da VR Monkey.
Dinos do Brasil, o módulo que a empresa desenvolve para dispositivos de realidade virtual, não é jogável: trata-se de uma criação educativa, uma viagem virtual por um mundo em que é possível ver e interagir com dinossauros brasileiros sobre os quais a maioria de nós sequer ouve falar na escola. A intenção de Pedro e Keila é exibir o projeto em museus e, assim, criar referências diferentes para esse universo. "Quero que, quando falarmos em dinossauros, as crianças se lembrem de alguma espécie brasileira, e não do T-Rex", diz Keila.
O primeiros fósseis em território nacional foram encontrados em 1897, na Paraíba. Até 1999, só havia três espécies de dinos brasileiros. De 2000 pra cá, foram descobertas outras 18 em mais de oito estados brasileiros, de norte a sul.
No total, temos 21 bichos que não devem nada para os famosos répteis pré-históricos que conhecemos por causa de Hollywood. Dois deles, o Uberabatitan, o maior dino brasileiro, com até 6 metros de altura e 15 de comprimento, e o Abelissauro (que é o primo brasileiro do T-Rex), aparecem na demo do módulo que a empresa está desenvolvendo: um tour de cinco minutos que apresenta o potencial do projeto.
O visitante (eu, no caso) começa dentro de uma caverna. Um narrador de voz bem grave então explica as dificuldades de reconstruir um mundo pré-histórico em realidade virtual: pesquisadores, cientistas, modeladores, designers, roteiristas, engenheiros de som, especialistas em realidade virtual e programadores precisam trabalhar em conjunto.
Quando a demo terminou, desejei que fosse mais longa. É pouco tempo com os bichos –aliás, a sensação que a experiência passa é essa: são bichos. Aos vê-los de perto e em primeira pessoa, a impressão que tive sobre os dinossauros de programação da Keila e do Pedro é mais ou menos a mesma de quando você reconhece bichos carismáticos em animais do zoológico que, em filmes e na TV, pareciam meio monstruosos.
A VR Monkey pretende começar a exibir a exposição interativa Dinos do Brasil no Museu Catavento Cultural em São Paulo. O projeto está em fase de captação de recursos pela Lei Rouanet– eles precisam de quase 3 milhões de reais, que prevêem gastos de produção do projeto, equipamento e hardware e marketing, por exemplo. Na exposição final, 25 pessoas usando Oculus Rift ocuparão uma sala enquanto assistem ao módulo.
Pedro e Keila não duvidam por um segundo de que serão capazes de captar a quantidade de dinheiro necessária pra transformar o Dinos do Brasil em um dos primeiros tours educativos com Oculus Rift do mundo. Depois de testar a demo, confesso que espero que eles estejam certos: o mundo merece ver dinossauros como eu vi.
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- 21/07/2015 - Espuma de metal bloqueia radiação gama, nêutrons e raios XEspuma metálica antirradiação
Espuma metálica antirradiação
Fonte: Inovação TecnológicaAlém de serem leves e capazes de absorver impactos, o que as torna muito interessantes para aplicações estruturais, as espumas metálicas mostraram agora uma nova capacidade.
Adequadamente projetados, esses materiais porosos podem bloquear raios X, raios gama e radiação de nêutrons.
Isto torna as espumas metálicas adequadas para melhorar a segurança nas usinas nucleares e no transporte de rejeitos radioativos, melhores escudos para profissionais de saúde, em exames de tomografia computadorizada, por exemplo, e até para a proteção de astronautas em missões no espaço profundo.
O material mais eficiente disponível hoje para bloquear todos esses tipos de radiação é o chamado "aço-aço de alto Z", uma liga de aço inoxidável e tungstênio.
A "espuma metálica de alto Z" superou todos os concorrentes na proteção contra os raios gama e a radiação de nêutrons, perdendo apenas para o chumbo na proteção contra os raios X.
"Contudo, nós estamos trabalhando para modificar a composição da espuma metálica para que ela seja mais eficaz que o chumbo no bloqueio de raios X - e nossos resultados preliminares são promissores," disse a professora Afsaneh Rabiei, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
"E as nossas espumas têm a vantagem de não serem tóxicas, o que significa que elas são muito mais simples de fabricar e reciclar. Além disso, as extraordinárias propriedades mecânica e térmica dos compósitos de espumas metálicas e a sua capacidade de absorção de energia tornam o material um bom candidato para várias aplicações estruturais nucleares," complementou.
Bibliografia:
Attenuation efficiency of X-ray and comparison to gamma ray and neutrons in composite metal foams
Shuo Chen, Mohamed Bourham, Afsaneh Rabiei
Radiation Physics and Chemistry
Vol.: Accepted Manuscript
DOI: 10.1016/j.radphyschem.2015.07.003
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- 20/07/2015 - SBPC em São Carlos supera expectativasEncontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência teve mais de seis mil inscritos, oriundos de todos os estados do País
Encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência teve mais de seis mil inscritos, oriundos de todos os estados do País
Fonte: Jornal da CiênciaDiante de uma previsão de até quatro mil inscrições, a 67ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada de 12 a 18 deste mês, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), surpreendeu seus organizadores.
No total, foram 6.378 inscritos, público constituído por cientistas, professores e estudantes, além de gestores de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de empresas e profissionais de órgãos governamentais de apoio à pesquisa científica e tecnológica.
Os números do encontro – o maior evento científico da América Latina – foram anunciados na noite desta sexta-feira pela secretária geral da SBPC, Claudia Levy, na sessão de encerramento da Reunião, realizada no Auditório Florestan Fernandes, da UFSCar.
Mais uma vez, reafirmando o caráter nacional do evento, houve participantes de todos os estados do País, incluindo o Distrito Federal. Os 6.378 inscritos se deslocaram de 649 cidades, o que representa 12% dos municípios brasileiros. São Carlos teve o maior número de inscrições (1.432); em seguida vieram São Paulo (286), Rio de Janeiro (153), São Luís (129), Manaus (120) e Belém (114). De Rio Branco, no Acre, onde foi realizada a 66ª. Reunião Anual, em julho de 2014, veio uma caravana de 98 pessoas.
A presidente da SBPC observou, porém, que o número de pessoas que frequentaram as atividades da Reunião foi bem superior ao de inscrições. "Inscreveram-se somente as pessoas que quiseram fazer os minicursos ou receber o material impresso de apoio ao evento”, informou Helena Nader. Na sua previsão, o público que passou pelo campus da UFSCar durante a semana foi de dez mil pessoas por dia.
Para a presidente Helena a semana de encontros foi rica de eventos, debates e atrações, com vários aspectos que merecem ser destacados. "Mas, para mim, o maior destaque foram as salas cheias e a qualidade da participação do público nos debates”, pontuou.
Qualidade dos dois lados
A programação científica sênior da 67ª Reunião da SBPC contou com 186 atividades, distribuídas em 60 conferências, 74 mesas-redondas e 52 minicursos, que contemplaram diversas áreas da ciência. Muitas atividades tiveram como foco o tema central da Reunião: "Luz, Ciência, Ação!”, em comemoração ao Ano Internacional da Luz, estabelecido pela Unesco.
A presidente SBPC colocou em relevo a qualidade das discussões. "Para nossos encontros, sempre convidamos como palestrantes os melhores especialistas do País. Aqui em São Carlos o público participante esteve no mesmo nível dos palestrantes, o que proporcionou debates profundos e da melhor qualidade”, disse Helena Nader.
Inovação – novo paradigma
A reunião em São Carlos incluirá um novo paradigma nos encontros anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência: a "SBPC Inovação”. Isso se deve ao sucesso obtido pelas palestras e mesas-redondas que integraram a programação da SBPC Inovação, realizada neste ano pela primeira vez.
"Em nossos encontros anteriores, o tema inovação sempre esteve presente, mas de maneira diluída na programação geral. Em São Carlos, ele ganhou formato próprio, foi tratado de maneira particular, organizada e com atividades todos os dias”, descreveu a presidente. Helena Nader adiantou que "daqui pra frente a SBPC Inovação estará presente em nossas reuniões anuais, com base no formato que aconteceu aqui na UFSCar”.
Com isso, a SBPC Inovação ganha o mesmo status obtido pela SBPC Indígena, inaugurada na Reunião Anual de 2014, que foi realizada em Rio Branco, na Universidade Federal do Acre. Neste ano, a SBPC Indígena se repetiu em São Carlos e também deverá ganhar perenidade.
Popularização da ciência
Outra atividade destacada pela presidente da SBPC foi o "Dia da Família na Ciência”, que também foi realizado pela primeira fez em Rio Branco e ganhou uma segunda edição em São Carlos – com o mesmo sucesso.
No sábado, 18 de julho, centenas de famílias são-carlenses visitaram as instalações da Expotec e da SBPC Jovem, voltadas para a divulgação científica para estudantes e a população em geral.
A Expotec abrigou, em uma tenda de seis mil metros quadrados, estandes de instituições de pesquisa de todo o Brasil. Elas mostraram produtos e processos inovadores, resultado de seus projetos de pesquisa. O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação ocupou boa parte da área da Expotec com uma exposição interativa sobre a luz.
Já a SBPC Jovem, instalada em 2.800 metros quadrados, reuniu experimentos científicos, jogos e oficinas, apresentados por universidades e institutos de pesquisa de vários locais do país.
"A SBPC não é somente para cientistas, mas sim para toda a população. É emocionante ver as famílias interagirem com a ciência de uma forma lúdica, que atinge desde os adultos com idade mais avançada até as crianças em idade pré-escolar”, comentou Helena Nader.
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- 20/07/2015 - Diretor da Eletronuclear assume a vice-presidência da Seção Latino-Americana da Sociedade Nuclear AmericanaFonte: ABENDurante a 40ª edição do simpósio anual realizado pela Seção Latino-Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS-ANS), de 13 a 16 de julho, no Chile, o diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, assumiu a vice-presidência da entidade, para a qual foi eleito esse ano. No encontro de 2016, automaticamente ele assumirá a presidência do Comitê Executivo da LAS-ANS, que, neste momento, fica sob o comando de Julio Vergara, professor da Universidade Católica do Chile, substituindo Alfredo Tranjan Filho, ex-presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
No evento, Leonam apresentou um panorama sobre a transição hidrotérmica pelo qual o Brasil vem passando, mostrando as perspectivas para o aproveitamento ainda maior da fonte nuclear no sistema energético nacional. "As novas usinas hidrelétricas que estão sendo construídas não armazenarão grande quantidade de água e a perspectiva é que essa fonte perca sua capacidade de autorregulação a partir de 2025. Assim, o papel da energia nuclear torna-se imprescindível neste cenário”, ponderou Leonam.
Foram destacadas, durante o simpósio, algumas atividades empreendedoras da LAS no último ano e alguns personagens e veículos de comunicação que contribuíram para o fortalecimento da discussão em torno da energia nuclear na América Latina. Neste contexto, foi ressaltada a criação da Divisão Estudantil da LAS, que tem o objetivo de reunir os jovens estudantes da área nuclear do continente. Os prêmios de "Personalidade do Ano” e "Imprensa Latino-Americana” foram concedidos, respectivamente, ao ministro de Minas e Energia do Brasil, Eduardo Braga, pelo seu posicionamento favorável à implantação de novas centrais nucleares no país; e ao Jornal O Globo, pela informação de destaque à área nuclear em sua página editorial.
Anualmente, a LAS reúne especialistas do setor nuclear de diferentes países, apresentando estudos e aplicações da energia nuclear ao redor do mundo e promovendo, também, um debate sobre os mais recentes avanços na utilização dessa fonte energética.
Sobre a Eletronuclear
Subsidiária da Eletrobras, a Eletronuclear é a responsável por operar e construir as usinas termonucleares do país. Conta com duas unidades em operação na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), com potência total de 1.990 MW. Hoje, a geração nuclear corresponde a aproximadamente 3% da eletricidade produzida no país e o equivalente a um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro. Angra 3, que está em construção, será a terceira usina da central. Quando entrar em operação comercial, em 2018, a unidade (1.405 MW) será capaz de gerar mais de 10 milhões de MWh por ano - energia limpa, segura e suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período.
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- 19/07/2015 - Enfermeira que atendeu vítimas do césio deve ser indenizada, em GoiásMulher afirma que teve câncer após socorrer pacientes na tragédia de 1987. Estado terá de pagar R$ 57,5 mil por danos morais e materiais; cabe recurso.
Mulher afirma que teve câncer após socorrer pacientes na tragédia de 1987. Estado terá de pagar R$ 57,5 mil por danos morais e materiais; cabe recurso.
Fonte: G1Paula Resende Do G1 GOO Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a decisão de que o governo estadual deve indenizar a enfermeira aposentada Celmiriam Corrêa, 52 anos, antiga servidora da Secretaria de Estado da Saúde, que teve câncer após atender pacientes contaminados pelo césio-137, em Goiânia. Ela deve receber quase R$ 57,5 mil por danos morais e materiais. A decisão ainda cabe recurso.
O acidente radiológico aconteceu em setembro 1987, após catadores de papel abrirem um aparelho de radiologia, que continha o material radioativo. A enfermeira revela que não usou equipamentos de proteção durante o atendimento aos pacientes contaminados. "A gente não teve opção. Era uma emergência e tinha que ser feito o atendimento. A gente não usou nada de proteção, quem usava eram os técnicos que tinham contato direto”, disse em entrevista ao G1.
Celmiriam descobriu o câncer de mama dez anos após a tragédia. Ela retirou 40% da mama, passou por quimioterapia e radioterapia. Após esses tratamentos, ela continuou com o uso de medicação, mas a doença retornou cinco anos depois. Foi quando ela teve que se aposentar.
De acordo com a enfermeira, ela entrou com pedido de pensão na Secretaria de Saúde. No entanto, o recurso foi negado. Por isso, ela decidiu entrar com ação indenizatória na Justiça.
Durante o processo, a Junta Médica do TJ-GO concluiu que é impossível "estabelecer o nexo causal” entre o atendimento a pacientes e o surgimento do câncer. No entanto, análise da Superintendência Leide das Neves Ferreira (Suleide), órgão público instituído para monitorar e prestar assistência médica integral aos radioacidentados, concluiu que a enfermeira possui enfermidade crônica e grave devido à radiação.
Para Celmiriam, "não há dúvida” de que o atendimento com vítimas da tragédia provocou o câncer. "Eu nunca tive caso de câncer da família, não tinha idade que justificava, tive três filhos e os amamentei, ou seja, eu não pertencia a nenhum grupo de risco se não fosse o contato com os pacientes”, defende.
Processo
Em primeiro grau, decisão da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Goiânia ordenou o pagamento de R$ 50 mil por danos morais. A sentença ainda determinou indenização por danos materiais de R$ 7.445,37, referente ao que a enfermeira gastou no tratamento do câncer. O governo recorreu da decisão.
Ao analisar a apelação, o desembargador Kisleu Dias Maciel Filho não acatou o pedido do estado. O magistrado considerou o laudo da Suleide e o depoimento de testemunhas. O relatou reformou parcialmente a decisão de primeiro grau ao aumentar o valor dos honorários de R$ 1 mil para R$ 4 mil. O estado ainda pode recorrer da sentença.
Acidente radiológico
A tragédia com o césio-137 começou quando os dois catadores de recicláveis abriram o aparelho de radioterapia em um prédio público abandonado, no dia 13 de setembro de 1987, no Centro de Goiânia. Eles pensavam em retirar o chumbo e o metal para vender e ignoraram que dentro do equipamento havia uma cápsula contendo o metal radioativo.
Apesar de o aparelho pesar cerca de 100 kg, a dupla o levou para casa de um deles, no Centro. Já no primeiro dia de contato com o material, ambos começaram a apresentar sintomas de contaminação radioativa, como tonteiras, náuseas e vômitos. Inicialmente, não associaram o mal-estar ao césio-137, e sim à alimentação.
Depois de cinco dias, o equipamento foi vendido para Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho localizado no Setor Aeroporto, também na região central da cidade. Neste local, a cápsula foi aberta e, à noite, Devair constatou que o material tinha um brilho azul intenso e levou o material para dentro de casa.
Devair, sua esposa Maria Gabriela Ferreira e outros membros de sua família também começaram a apresentar sintomas de contaminação radioativa, sem fazer ideia do que tinham em casa. Ele continuava fascinado pelo brilho do material. Entre os dias 19 e 26 de setembro, a cápsula com o césio foi mostrada para várias pessoas que passaram pelo ferro-velho e também pela casa da família.
A primeira vítima fatal do acidente radiológico foi a garota Leide das Neves Ferreira, de 6 anos. Ela se tornou o símbolo dessa tragédia e morreu depois de se encantar com o pó radioativo que brilhava durante a noite. A menina ainda fez um lanche depois de brincar com a novidade, acabou ingerindo, acidentalmente, partículas do pó misturadas ao alimento.
O acidente fez centenas de vítimas, no entanto, o Governo de Goiás e as autoridades envolvidas só assimiram quatro mortes, ocorridas pouco depois do acidente, incluindo o caso da menina.
No âmbito radioativo, o acidente com césio-137 só não foi maior que o registrado na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, segundo a Cnen. Cerca de 6 mil toneladas de lixo radioativo foram recolhidas na capital goiana e levada para Abadia de Goiás, onde permanece até os dias atuais.
Passadas mais de duas décadas, os resíduos já perderam metade da radiação. No entanto, o risco completo de radiação só deve desaparecer em pelo menos 275 anos.
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- 18/07/2015 - Israelenses esterilizam moscas com radiação nuclear para salvar plantaçõesFonte: UOLUm pequeno kibutz no norte de Israel se tornou exportador de um curioso produto para o mundo todo: milhões de moscas da fruta esterilizadas com radiação nuclear para combater pragas agrícolas.
Sde Eliyahu, ao norte da Cisjordânia e perto da fronteira com a Jordânia, seria mais uma entre as muitas comunidades de organização comunal dessa região dedicadas aos cultivos agrícolas, se não fosse pelo pequeno reator nuclear de apenas dois metros que fica na BioBee, a empresa sediada no kibutz, que é proprietário de uma parte dela.
O equipamento é utilizado para uma produção peculiar: moscas esterilizadas após segundos de exposição nuclear para salvar plantações de maneira natural e evitar o uso de agrotóxicos.
"Nossa empresa se dedica à produção de insetos benéficos para o controle biológico" como ácaros, pequenas vespas e besouros polinizadores, além da mosca da fruta, explicou à Agência Efe Yesurun Pleser, diretor comercial da BioBee para a América Latina, uma região para a qual a empresa pretende se expandir.
O projeto começou três décadas atrás como resultado das divagações de dois entusiastas dos insetos, moradores dessa pequena comunidade israelense, que buscaram e encontraram uma maneira de obter benefício, tanto econômico como social, de sua paixão.
O que fazer com esses insetos? Como explorar os benefícios quando um "animal bom se alimenta de outro ruim"? Que substâncias químicas usar? Estas perguntas, assim como o fenômeno do controle biológico, foram as bases sobre as quais se articulou o que, pouco a pouco, se perfilou como uma empresa pioneira no setor, que, de um pequeno kibutz, opera hoje em mais de 30 países.
A ideia-chave do controle biológico de pragas como insetos, ácaros e ervas daninhas, entre outros, se sustenta na utilização de organismos vivos que interferem ou atuam sobre a praga como um parasita.
Como o número de "controladores" que existem de maneira natural não são suficientes para limitar a expansão e reduzir a presença da praga, empresas como a BioBee vêm tentando reproduzir o curso da natureza para diminuir o uso dos pesticidas.
Em algumas ocasiões, a BioBee consegue isso através da introdução de algumas remodelações no ciclo vital, como ocorre com seu produto principal, a mosca da fruta esterilizada.
"Ao invés de produzir ou criar o antagonista da praga, criamos a própria praga. A mosca é a praga e nós a criamos. Eliminamos as fêmeas, selecionamos os machos e os esterilizamos com radiação nuclear", contou Pleser, que acrescentou que sua empresa é capaz de produzir entre 50 milhões e 100 milhões de pupas do inseto por semana em suas instalações.
Depois, os machos são transportados para o local em que o cultivo é arrasado por seus congêneres. Eles são libertados maciçamente e, por serem muitos, têm muitas possibilidades de fecundar as fêmeas. Então, o ovo fecundado pela mosca estéril é posto e fica sobre a fruta.
"Assim, a população na plantação diminui e a fruta não sofre danos. E, mais uma vez, conseguimos diminuir o uso de agrotóxicos", sintetizou o diretor da BioBee.
Além de reduzir o uso de pesticidas, os danos ao cultivo, o risco de contaminação no consumidor final e o combate contra a resistência da praga aos pesticidas, o controle biológico também ajuda a poupar o uso de água nas plantações - uma economia estimada em até 75% - o que o transforma em uma alternativa atraente para os agricultores.
A Croácia foi um dos últimos clientes a optar pelos serviços desta empresa, que começou empregando os moradores do kibutz e tem agora mais de 200 trabalhadores apenas em Israel, além de filiais em Rússia, Chile, Colômbia e Índia.
Cerca de 400 milhões de moscas israelenses inférteis foram transferidas até a fronteira entre Sérvia e Croácia após ganhar um concurso promovido pela própria Agência Internacional da Energia Atômica, que financia parte do projeto por seu interesse em "promover o uso da energia nuclear para fins pacíficos", afirmou Pleser.
Seu segredo em relação a outras empresas similares: "controlar com perfeição os fatores climáticos na produção de insetos. Sua vida e seu metabolismo estão muito ligados à temperatura e à umidade", disse Pleser.
"Estamos crescendo, buscamos como oferecer melhores soluções para o manejo de cultivos para o benefício de todos", comentou o diretor, que também revelou, com certo orgulho, que encontrou um concorrente, uma nova companhia israelense que se lançou ao mercado após se inspirar na trajetória da BioBee.
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- 17/07/2015 - Partícula sem massa buscada há 85 anos é criada em laboratórioFérmion de Weyl poderá levar ao desenvolvimento de uma nova geração de eletrônicos mais rápidos e eficientes
Férmion de Weyl poderá levar ao desenvolvimento de uma nova geração de eletrônicos mais rápidos e eficientes
Fonte: O Estado de S. Paulo
Fábio de Castro
Uma fantasmagórica partícula sem massa, cuja existência havia sido prevista teoricamente há mais de 85 anos, foi finalmente produzida em laboratório por um grupo internacional de cientistas. A descoberta não é importante apenas para aprimorar o conhecimento sobre a natureza da matéria: a partícula, chamada férmion de Weyl, poderá ser usada no futuro para o desenvolvimento de uma nova geração de eletrônicos mais rápidos e eficientes, segundo os autores do estudo, publicado nesta quinta-feira, 16, na revista Science.
Os elétrons, os prótons e os nêutrons pertencem à classe de partículas conhecida como férmions - que são os "blocos de construção” da matéria - e todos eles têm massa. Mas, em 1929, o matemático alemão Hermann Weyl teorizou que poderia existir também um férmion sem massa capaz de levar carga elétrica. "Os férmions de Weyl são ‘blocos de construção’ ainda mais básicos. Você pode combinar dois deles para produzir um elétron”, disse o cientista que liderou o estudo, Zahid Hasan, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
O fato de o férmion de Weyl não ter massa, segundo os cientistas, sugere que ele poderia transmitir cargas elétricas no interior de equipamentos eletrônicos com muito mais velocidade que os elétrons. Além disso, enquanto os elétrons se espalham para trás ao colidir com obstáculos, diminuindo a eficiência do fluxo e eletricidade e gerando calor, os férmions de Weyl simplesmente os contornam e passam através deles.
"Os férmions de Weyl poderiam ser usados para resolver os congestionamentos que existem na transmissão de elétrons em circuitos eletrônicos. Eles podem se mover de forma muito mais eficiente e ordenada que os elétrons e poderão levar a um novo tipo de eletrônica”, disse Hasan.
Constatação
Enquanto a descobertas de outras partículas (como o bóson de Higgs) são possíveis só a partir da colisão de partículas em grandes aceleradores, o férmion de Weyl foi detectado no interior de um cristal metálico especial fabricado pelos cientistas.
Há 85 anos, pesquisadores buscavam um material cujas propriedades permitissem a criação do férmion de Weyl, sem sucesso. A equipe coordenada por Hasan vasculhou uma base de dados que tinha a descrição de um milhão de tipos de cristais e descobriu que um deles, o arsenieto de tântalo, parecia promissor. Quando esse cristal especial foi bombardeado com raios de fótons de alta energia, o formato, direção e tamanho dos raios indicaram modificação no posicionamento dos elétrons que correspondia ao comportamento esperado pelo férmion de Weyl.
Segundo Hasan, a equipe observou que o férmion de Weyl é eficiente para transmitir carga elétrica porque tem a incomum capacidade de se comportar como matéria e antimatéria. Os cientistas também confirmaram que a partícula pode ser usada para criar elétrons sem massa, que se movem muito rapidamente, "driblando" os obstáculos. "É como se eles tivessem seu próprio GPS e desviassem dos obstáculos. Esses elétrons são muito velozes e se comportam como um raio de luz unidirecional - o que pode ser usado para desenvolver a computação quântica", afirmou.
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- 17/07/2015 - Brasil avança em processos de regulação para uso de nanomateriais em medicina diagnóstica e terapêuticaPesquisador da Universidade de São Paulo, em São Carlos, já registrou 15 patentes na área de nanotecnologia aplicada à melhoria de diagnósticos, terapias e processos regenerativos
Pesquisador da Universidade de São Paulo, em São Carlos, já registrou 15 patentes na área de nanotecnologia aplicada à melhoria de diagnósticos, terapias e processos regenerativos
Fonte: Jornal da Ciência
O Brasil deu um grande passo em direção à regulação do uso de nanomateriais para diagnóstico, terapia e medicina regenerativa. Desde o ano passado, a partir de uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o país passou a fazer parte da NANoREG, uma plataforma de nanorregulação organizada pela comunidade europeia há três anos, com 16 países participantes, a partir de incentivos da academia e da indústria.
Ao fazer parte da NaNoREG, o Brasil incluiu oito grupos de pesquisa que passam a fazer testes com nanomateriais em laboratórios. "Com a entrada do Brasil, a Anvisa poderá usar as recomendações da NaNoREG”, diz Valtencir Zucolotto, membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor associado (livre docente) no Instituto de Física de São Carlos – IFSC da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia GNano/IFSC/USP.
No primeiro dia da 67ª Reunião Anual da SBPC, que acontece na UFSCar, em São Carlos (SP), até 18 de julho, Zucolotto prendeu a atenção de uma plateia formada por pesquisadores e estudantes de diversas áreas ao explicar como o uso de nanomateriais está contribuindo para o avanço da medicina diagnóstica e terapêutica.
De acordo com Zucolotto, o avanço das pesquisas na utilização da nanotecnologia para facilitar diagnósticos, terapias e ampliar os resultados da medicina regenerativa já é uma realidade no Brasil. No âmbito dos diagnósticos, Zucolotto destacou a parceria que o Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia GNano/IFSC/USP vem desenvolvendo com o Hemocentro de Ribeirão Preto. Ele explicou que começou a produzir nanomateriais para melhorar a qualidade do sistema para detectar células leucêmicas.
"Recobrimos as nanopartículas com uma proteína natural, extraída da jaca, a jacalina”, destacou.
Ainda na área de diagnósticos, ele citou os trabalhos que seu grupo vem desenvolvendo com nanosensores para detectar baixos índices de adiponectina, um hormônio proteico que modula vários processos metabólicos, incluindo a regulação da glicemia e o catabolismo de ácidos graxos. Quando um paciente começa a apresentar quedas nas taxas desse hormônio, ele pode estar prestes a desenvolver um tipo de diabetes.
"Os testes convencionais para detecção desse hormônio são muito caros. A nanotecnologia reduziu esse custo. Quem apresenta uma redução desse hormônio precisa ficar alerta”, ressaltou Zucolotto, que já tem 15 patentes registradas.Outro trabalho do grupo coordenado por Zucolotto usa sensores com nanoeletrodos para detectar a proteína não-estrutural 1 (NS1), liberada pelo vírus da dengue após a infecção. No âmbito das terapias, o uso de nanomateriais vem contribuindo para o sucesso de smart drug delivery, ou entrega controlada de medicação no corpo do paciente. Zucolotto diz que a técnica vem sendo bem-sucedida, sobretudo, em casos em que é necessário ministrar drogas muito tóxicas, como na quimioterapia.
Suzana Liskauskas/ Jornal da Ciência
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- 17/07/2015 - Brasileiro confia na ciência, mas não conhece cientistasEm pesquisa realizada por órgão do governo, entrevistados dizem se interessar mais por ciência que por esporte, política ou arte
Em pesquisa realizada por órgão do governo, entrevistados dizem se interessar mais por ciência que por esporte, política ou arte
Fonte: Folha de S. Paulo
REINALDO JOSÉ LOPESCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAOs brasileiros dizem se interessar mais por ciência do que por esporte, política ou arte, e os cientistas são os profissionais nos quais eles mais confiam como fonte de informações –mas só 6% das pessoas recordam o nome de um pesquisador do país.
Esse paradoxo –juras de amor à ciência e um contato mínimo com o tema– é uma das principais conclusões de uma pesquisa divulgada nesta semana, durante a reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que acontece na Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista.
"O fato é que, infelizmente, não temos celebridades da ciência", resumiu Aldo Rebelo, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, ao apresentar os dados do levantamento. Só 13% dos que responderam à pesquisa conseguiram apontar o nome de um órgão de pesquisa nacional.
Foram ouvidas quase 2.000 pessoas com 16 anos ou mais, espalhadas por todas as regiões do país.
Quase três quartos dos entrevistados disseram que a ciência traz apenas benefícios ou mais benefícios do que malefícios, um nível de otimismo em relação ao tema comparável ao que existe na China e superior ao que existe nos EUA (67%), na Espanha (64%) e na França (43%).
É um otimismo pragmático: a maioria espera que as descobertas melhorem a vida das pessoas e façam com que a indústria se torne mais produtiva, por exemplo.
Faz sentido, por isso mesmo, que 51,9% vejam medicina como prioridade para investimentos, seguida das energias alternativas e das mudanças climáticas.
Quase 80% das pessoas defendem mais verbas para pesquisa. Além disso, o grau de confiança em relação aos cientistas que trabalham em instituições públicas (no Brasil, eles são a maioria absoluta da classe) supera o de jornalistas, médicos e religiosos.
A visitação a espaços como museus de ciência é baixa, mas quase todos os entrevistados citam a dificuldade de acesso como motivo, e não o desinteresse (só 14% disseram não ter interesse em visitar esses lugares).
Para os coordenadores da pesquisa, a falta de acesso ajuda a explicar o abismo entre interesse e familiaridade com o tema. "Alguma distorção na hora da entrevista pode acontecer, mas temos a resposta comparativa com os outros temas, então não é o fator preponderante", diz Mariano Laplane, presidente do CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), órgão que coordenou a pesquisa.
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- 16/07/2015 - Legislação brasileira para resíduos radiativos ainda tem lacunasFonte: O Globopor O GloboRIO — Passados 27 anos do acidente do césio 137, a legislação brasileira para o tratamento de resíduos radiativos ainda tem falhas e lacunas, avaliam especialistas ouvidos pelo GLOBO. Entre os problemas, está o destino final do lixo produzido pelas usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 — que segue indefinido — e o acúmulo de atribuições na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
O Ibama deu um prazo até 2018 para construção de depósitos definitivos para os resíduos das usinas de Angra dos Reis. Especialistas dizem que a capacidade das piscinas usadas hoje para guardar o lixo radioativo deve se esgotar até 2020. Segundo a Cnen, no entanto, a Eletronuclear, estatal responsável pela operação das usinas, já solicitou o licenciamento de uma obra para ampliar a capacidade de armazenamento das piscinas, dando-lhes mais alguns anos de uso e tempo para que seja encontrada outra solução. A análise de um local para armazenamento definitivo é feita por um grupo de trabalho da Cnen.
Em 2001, foi sancionada pela Presidência uma lei que dispõe sobre o que fazer com os resíduos. Ela estipula que é responsabilidade da Cnen estabelecer critérios, normas e procedimentos para tratar da seleção e construção dos depósitos destinados a receber resíduos radioativos. A Cnen, que já tinha uma norma em 1990, editou outras três entre 2002 e 2014.
A professora da Universidade de Brasília (UnB), Valéria Gentil Almeida, especialista em desenvolvimento sustentável e resíduos sólidos, defende que outros órgãos participem do debate tema e cita o caso do próprio Ibama, que participa do licenciamento ambiental das usinas, mas não monitora o que é feito com o lixo delas. A lei atribui essa tarefa apenas à Cnen. Thiago Almeira, porta-voz do Greenpeace, aponta um excesso de atribuições da Cnen.
— Falta um maior diálogo entre os diferentes órgãos (Ibama, Conama, Anvisa, etc) que tratam da problemática. Por que no final das contas todas as leis, normas, resoluções remetem a responsabilidade final à CNEN", disse Valéria ao GLOBO por e-mail, referindo-se também Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).De acordo com a Cnen, o Brasil produz anualmente 165 metros cúbicos - o equivalente a 165 caixas d'água - de resíduos radioativos. A maioria - 130 metros cúbicos - são rejeitos das usinas de Angra 1 e Angra 2. Outros 30 são produzidos por atividades industriais e de pesquisa, sendo armazenados em quatro depósitos distribuídos por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. O restante são rejeitos da Fábrica de Combustível Nuclear localizada em Resende (RJ).
Além disso, há resíduos oriundos de clínicas e unidades hospitalares, que costumam ser armazenadas nos próprios locais de uso. Segundo a Cnen, em geral esses produtos têm um rápido decaimento da atividade radioativa, o que permite descartá-los, após algum tempo, junto com os resíduos hospitalares convencionais. A exceção, diz a Cnen, é uma quantidade pequena de fontes radioativas usadas em tratamentos de radioterapia, que precisa ser armazenada em depósitos da Cnen.
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- 16/07/2015 - Acidente com césio 137: Quando viam carro de Goiânia, diziam para jogar pedraEm 1987, no antigo estádio olímpico, pessoas aguardaram horas de pé para medir a radiação
Em 1987, no antigo estádio olímpico, pessoas aguardaram horas de pé para medir a radiação
Fonte: O Globo
Por André de Souza
No dia 13 de setembro de 1987, um grupo de catadores de ferro-velho entrou numa clínica abandonada no Centro de Goiânia, encontrou um velho aparelho de radioterapia e decidiu desmontá-lo para revender suas peças. Começava ali "o maior acidente de contaminação por césio já ocorrido em todo o mundo, maior do que em Chernobyl”, informou, dias depois, o então presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Rex Nazareth.
Numa escala de zero a sete, o acidente com césio 137 foi classificado como de nível 5. Segundo o Greenpeace, matou quatro imediatamente — entre eles uma menina de 6 anos que passou no corpo a substância que brilhava no escuro — e deixou um rastro de contaminação que afetou para sempre a saúde de centenas de pessoas. O GLOBO acompanhou o pânico da cidade, o sofrimento das vítimas e a desinformação das autoridades. O trabalho jornalístico durou quatro meses. Hoje editor do caderno de cultura do jornal "O Popular”, de Goiânia, Luiz Spada era o correspondente na capital goiana. Aos 27 anos, também não sabia o risco que corria.
Como era o trabalho?
Começava cedo, ia pela tarde e pela noite. Tudo era novidade, a começar por nós mesmos. Não passava pela cabeça de nenhum jornalista brasileiro fazer a cobertura de um acidente daquela dimensão.
Temia por sua própria saúde?
Quando veio à tona o acidente, ninguém sabia o tamanho da coisa e não dimensionava o real perigo em termos de exposição. Nos primeiros dias de cobertura, a gente não tinha muitos cuidados, mas nem pensava na hipótese de ser vítima de radiação. O negócio era fazer o trabalho.
Que dificuldades encontrou?
Ter informação de qualidade. As autoridades não sabiam o que informar nem como informar.
Quanto tempo durou a cobertura?
Foram uns quatro meses. Mas o trabalho continuou depois: quando isolaram as pessoas, quando elas morreram e quando as vítimas diretas já estavam sem risco de contaminar quem delas se aproximasse. Depois, quando a área contaminada foi isolada, e o lixo, retirado em tambores. Era entulho de construção, casas demolidas, asfalto recolhido. Até deixar todo o terreno sem risco de contaminação, foram toneladas e toneladas de lixo. Construíram um depósito em um município vizinho (Abadia de Goiás) para isso. E tudo virava notícia.
Como era lidar com as vítimas?
A gente não tinha muito acesso, porque elas foram transferidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio. Não dava para pegar a história da figura e contar.
Como foi a reação na cidade?
Quando veio a notícia, houve pânico. No antigo estádio olímpico de Goiânia, formaram-se filas quilométricos de pessoas que queriam passar pelo aparelhinho para saber se estavam contaminadas ou não. Teve desinformação demais. Na época, quando alguém via carro com placa de Goiânia, dizia: "Joga pedra!”.
E o acidente mudou o comportamento da população?
Hoje as pessoas nem comentam mais sobre ele. Os mais novos nem sabem.