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- 15/07/2015 - Próteses sob medida - Revista FapespInstituto Biofabris produz implantes de liga de titânio para pacientes que perderam ossos do crânio ou da face após acidente ou doenças
Instituto Biofabris produz implantes de liga de titânio para pacientes que perderam ossos do crânio ou da face após acidente ou doenças
Fonte: Revista Fapesp
DINORAH ERENO | ED. 233 | JULHO 2015
Uma prótese de titânio feita sob medida transformou a vida da estudante Jessica Alves Farias Cussioli, de 23 anos. Após um grave acidente em setembro do ano passado, em Araçatuba, interior de São Paulo, quando caiu da moto e bateu a cabeça em uma caçamba de entulho, Jessica teve afundamento profundo na lateral direita do crânio, em uma região que começa nos olhos e vai até o alto da cabeça. Oito meses depois, no dia 26 de maio, ela se tornou a primeira paciente a receber um implante craniofacial de titânio no Brasil, procedimento feito no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp). A fabricação da prótese feita sob medida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (INCT-Biofabris), sediado na Unicamp e financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), faz parte de um longo processo de pesquisa e desenvolvimento multidisciplinar iniciado em 2009.
Além da Unicamp, participam do Biofabris as universidades de São Paulo (USP), as federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Instituto de Pesquisas Nucleares (Ipen) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), entre outras instituições. "Trabalhamos no desenvolvimento de polímeros, biopolímeros, materiais metálicos e cerâmicos, destinados a diversas aplicações”, diz o engenheiro químico Rubens Maciel, professor da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp e coordenador do Biofabris. Os estudos de desenvolvimento de novos materiais envolvem ainda testes in vitro e in vivo para avaliar se não causarão nenhum problema ao paciente, no caso de uma futura implantação. "Sua atuação no organismo não pode ser nociva às células nem prejudicar o corpo no local onde está implantado.”
A operação de Jessica durou mais de oito horas e teve a participação de uma equipe médica composta por quatro cirurgiões plásticos e um neurocirurgião. O procedimento cirúrgico foi a última etapa de um trabalho colaborativo que envolveu médicos e pesquisadores durante três meses. A parceria entre o instituto e o HC começou logo após a inauguração do Biofabris. "Após uma longa conversa com Rubens Maciel e André Jardini [engenheiro mecânico e pesquisador do instituto Biofabris], percebi que poderíamos ter uma parceria científica”, relata Paulo Kharmandayan, professor e coordenador da área de Cirurgia Plástica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, integrante do Biofabris. Além da convergência de interesses nas linhas de pesquisa, também havia a proximidade física dos laboratórios. "Foi uma tarde inteira de conversas em que expus as minhas necessidades na área médica e eles se propuseram a encontrar soluções para as demandas apresentadas.” À medida que o tempo passou e o instituto cresceu, apareceram mais perguntas e propostas. "Atualmente fazemos reuniões semanais e a cada discussão surgem novas ideias.”
A tarefa de fabricação dos três implantes personalizados de titânio que compõem a prótese e formam uma superfície de 10 centímetros de comprimento demorou 20 horas. O primeiro passo para a fabricação de uma prótese é fazer, por meio de tomografia, imagens da área do corpo que necessita de reparos. Essas imagens são colocadas no programa InVesalius, um software desenvolvido pelo CTI, responsável pela reconstrução da parte afetada em 3D. A partir da comparação da parte preservada com a afetada por trauma ou acidente, os pesquisadores criam uma prótese com a dimensão e o formato mais apropriado, preservando a aparência e recuperando a função original de proteção ao cérebro. Com base nesse modelo virtual da cabeça do paciente, são feitos então um crânio-modelo e uma prótese em nylon por impressão 3D. "O planejamento virtual é uma etapa demorada, em que o programador e a equipe médica discutem todos os ajustes necessários, antes de chegar à prótese definitiva, em metal”, explica Kharmandayan.
Acabamento e esterilização
Na etapa final, de fabricação da prótese metálica, uma liga com pó de titânio é colocada dentro da máquina de manufatura aditiva, técnica de impressão em que um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material. O pó é sinterizado a laser e forma as camadas com 0,4 milímetro. Dependendo da peça, a fabricação pode demorar até um dia para o processo ser finalizado. Depois de retirada da máquina, a peça é submetida a um tratamento térmico ou químico e, no caso de ser usada em aplicações médicas para implantes, ainda passa por um processo de limpeza, acabamento superficial para retirada de resíduos e esterilização.Jessica foi a sexta paciente operada pela equipe de Kharmandayan. Ela é uma das pacientes que integram um projeto aprovado pelo comitê de ética da Unicamp, que prevê a realização de 15 cirurgias. "Foi a primeira cirurgia craniofacial que fizemos com o material. As outras eram apenas de crânio ou face”, contou o cirurgião plástico. O primeiro paciente operado, em 2012, colocou uma prótese para reconstrução do crânio aos 17 anos, três anos depois de um grave acidente de bicicleta. "Ele parou de estudar, ficava trancado em casa, não tinha vida social. Depois que fez a cirurgia, voltou a estudar, começou a tocar violão, ficou noivo, tirou carta de motorista e passou em um concurso público.”
O tratamento mais utilizado atualmente para recompor a região afetada é retirar um segmento do osso do lado sadio da cabeça e colocá-lo no local com o trauma. Mas nem sempre isso é possível. "Quando os defeitos são grandes ou quando ocorre absorção do osso por causa da infecção, é preciso recorrer a um substituto sintético, metálico ou não”, explica. Um dos mais utilizados para essa finalidade é o metilmetacrilato, um tipo de plástico descoberto na década de 1920. "Existem vários relatos de pacientes que tiveram rejeição à prótese porque o material pode liberar substâncias químicas.” Outro detalhe é que a reconstrução com o metilmetacrilato é feita artesanalmente pelo cirurgião. "O plástico em pasta, a uma temperatura de 82 graus Celsius, é modelado diretamente em cima do cérebro do paciente, no caso de uma reconstrução do crânio.” A modelagem a mão deixa muito a desejar. Dentre os pacientes operados no HC da Unicamp como parte do projeto, quatro tinham feito anteriormente próteses a partir do plástico.
A liga de titânio é usada há bastante tempo na medicina e, de uns anos para cá, na odontologia no setor de implantes, por ser um material já bastante testado, seguro e que não libera resíduos depois de pronto. "As miniplacas que utilizamos, além de seguras, permitem a integração com o osso”, diz Kharmandayan. "Sua superfície é fabricada com pequenas ranhuras, de forma que a osteointegração e o crescimento celular ocorram mais rapidamente do que em uma superfície comum”, ressalta Maciel. As placas de titânio para reconstrução craniofacial são produzidas por outros países e vendidas no mercado, mas elas são feitas em tamanho padrão, e não sob medida para o paciente e para as suas necessidades. "Uma placa como a que foi implantada na Jessica custaria no mercado em torno de R$ 130 mil”, estima Maciel. "Os gastos que tivemos com material para construir a placa personalizada e com as utilizadas pelos outros pacientes ficaram em cerca de R$ 3 mil a R$ 5 mil, dependendo do material utilizado.” Isso sem contar os honorários médicos e custos com aquisição de máquinas, projeto e esterilização, por exemplo, que foram absorvidos pelo Biofabris.
Novos materiais
Além das próteses customizadas com ligas de titânio, outras linhas de pesquisa envolvendo a busca de novos materiais são desenvolvidas com instituições parceiras. Uma delas, em colaboração com a UFRGS, tem como foco as biocerâmicas de fosfato de cálcio, como a hidroxiapatita, material semelhante à parte mineral do osso, e outras similares. "Fazemos a síntese e a caracterização de cerâmicas e moldamos as peças no equipamento de prototipagem rápida”, diz Cecília Zavaglia, professora do Departamento de Engenharia de Materiais da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e vice-coordenadora do instituto. Essas cerâmicas desenvolvidas, chamadas de beta fosfato tricálcico, podem ser utilizadas como substituto de ossos e dentes, em pequenos reparos. Já foram realizados testes in vitro e in vivo para avaliar a biocompatibilidade do material e sua toxicidade. A próxima etapa serão os testes clínicos.
Outros materiais usados na biofabricação são os biopolímeros. O melaço da cana-de-açúcar, a semente do açaí e o óleo de mamona são matérias-primas de fontes renováveis utilizadas para a fabricação desses materiais. A partir do melaço, por exemplo, os pesquisadores obtiveram o poliácido láctico, um polímero absorvido pelo organismo em taxas controláveis. "Fazemos a polimerização do ácido láctico para usar como base em uma série de aplicações, como regeneração de tecidos, pele artificial, formação de cartilagem e de ossos”, diz Jardini. "Esse material pode ser utilizado como se fosse o arcabouço para semear células que precisam ser desenvolvidas em um determinado local.” Em uma impressora 3D o polímero é processado para adquirir o formato a ser implantado no paciente. Esse biopolímero é então semeado com células do próprio paciente e, após o crescimento, a prótese pode ser implantada no local desejado.
Da semente do açaí, foi desenvolvido um poliuretano para ser usado como prótese óssea, principalmente nas regiões do crânio e da face (ver Pesquisa FAPESP nº196). E o óleo de mamona associado ao ácido cítrico resultou em um novo polímero, objeto de um depósito de patente. "O óleo de mamona obtido foi submetido a uma reação com o ácido cítrico, o que resultou em um poliéster reticulado obtido a partir de um processo de polimerização que não envolveu agentes tóxicos para conduzir a reação química”, diz Maria Ingrid Rocha Barbosa Schiavon. Ela iniciou a pesquisa durante o pós-doutorado que resultou em um depósito de patente em conjunto com outros pesquisadores do Biofabris.
A partir do poliácido láctico obtido da cana-de-açúcar, em associação com o poli 2-hidroximetilmetacrilato (pHEMA), foi formado um polímero híbrido como resultado da pesquisa de doutorado de Marcele Fonseca Passos, sob orientação de Maciel e de Carmen Gilda, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA). A pesquisa levou a um depósito de patente, o processo não necessita de agentes químicos, e o produto obtido tem uso potencial em odontologia, regeneração parcial de cartilagem, de menisco e orelha. Testes de citotoxicidade mostraram biocompatibilidade do polímero e atualmente estão sendo feitos testes com animais na Faculdade de Biologia da UFPA em colaboração com o Instituto Evandro Chagas, também no Pará.
Projetos
1. Biofabris – Instituto de Biofabricação (nº 2008/57860-3); Modalidade Projeto Temático – INCT; Pesquisador responsável Rubens Maciel Filho (Unicamp); Investimento R$ 2.691.894,52 (FAPESP) e R$ 2.239.094,33 (CNPq).
2. Síntese de biopolímeros epoxídicos a partir de fontes renováveis para construção de dispositivos biomédicos utilizando técnicas de prototipagem rápida e biofabricação (nº 2009/16480-6); Modalidade Bolsa de Pós-doutorado; Pesquisador responsável Rubens Maciel Filho (Unicamp); Bolsista Maria Ingrid Rocha Barbosa Schiavon; Investimento R$ 215.732,36 (FAPESP).
3. Redes IPNs de pHema-PLA para aplicação em engenharia tecidual (nº 2011/18525-7); Modalidade Bolsa de doutorado; Pesquisador responsável Rubens Maciel Filho (Unicamp); Bolsista Marcele Fonseca Passos; Investimento R$ 177.978, 84 (FAPESP).Artigos científicos
CALDERONI, D. R. et al. Paired evaluation of calvarial reconstruction with prototyped titanium implants with and without ceramic coating. Acta Cirúrgica Brasileira. v. 29, p. 579-87. 2014.
JARDINI, A. L. et al. Cranial reconstruction: 3D biomodel and custom-built implant created using additive manufacturing. Journal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery. v. 42, p. 1877-84. 2014.
LAROSA, M. A. et al. Microstructural and mechanical characterization of a custom-builtimplant manufactured in titanium alloy by direct metal laser sintering. Advances in Mechanical Engineering. v. 2014. p. 1-8. 2014.
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- 15/07/2015 - SBPC debate a instalação de usinas nuclearesConferência analisou o aumento da demanda energética, a necessidade de substituição dos combustíveis fósseis e a segurança da energia atômica
Conferência analisou o aumento da demanda energética, a necessidade de substituição dos combustíveis fósseis e a segurança da energia atômica
Fonte: Jornal da CiênciaDiante do aumento de demanda de energia elétrica e da importância das questões ambientais, a discussão acerca da implantação de novas matrizes energéticas no Brasil ganha cada vez mais espaço. O tema foi debatido ontem (13/7) na 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre entre os dias 12 e 18 de julho no Campus São Carlos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A conferência "Instalações Nucleares: Riscos e desenvolvimento no cenário atual do Brasil” foi ministrada pelo Capitão da Marinha do Brasil Leonardo Amorim do Amaral e contou com a presença de estudantes dos ensinos Médio e Superior, professores, pesquisadores e outros interessados.
Segundo Amaral, é importante o Brasil planejar novas estratégicas energéticas para atender a demanda e possibilitar preços mais acessíveis. Atualmente, cerca de 73,5% da energia elétrica é proveniente das usinas hidroelétricas. "Até 2060 teremos mais de 250 milhões de habitantes e o esgotamento do potencial hídrico. Com o aumento da demanda e a necessidade de crescimento do País, é necessário aumentar significativamente a oferta de energia elétrica”, defendeu. Além disso, também é importante diversificar as fontes energéticas e pensar em opções que diminuem a utilização dos combustíveis fósseis e a emissão de gás carbônico.
Amaral acredita que o investimento em energia nuclear pode ampliar a participação do Brasil no cenário internacional, pois o País está comprometido com o uso pacifico da energia nuclear e conta com a terceira maior reserva mundial de urânio. Na opinião de Amaral, o aumento da utilização de energia nuclear pode também incentivar o desenvolvimento de outras áreas que utilizam materiais radioativos, como as ciências médicas e a indústria.
Durante a palestra, também foi abordada a execução do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que envolve a construção de um submarino movido a energia nuclear, além de outros quatro convencionais, movidos a diesel e eletricidade. "Uma das maiores dificuldades é aplicar alta tecnologia em um espaço restrito”, salientou Amaral.
Apesar das vantagens, Amaral explicou que ainda existe um conjunto de percepções por parte da população que prejudicam o desenvolvimento de políticas de instalação de novas usinas nucleares, como a relação direta aos riscos de acidentes e vazamentos de radiação, que se intensificaram após o acidente na usina japonesa de Fukushima, ocorrido em 2011.
Durante a apresentação, Amaral explicou que a instalação de uma usina nuclear segue um conjunto de protocolos, estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica, para garantir que o risco de acidente não ultrapasse a proporção de um por um bilhão. Para isso, são necessárias garantias contra o vazamento de radiação do urânio enriquecido, um sistema selado de refrigeração, estruturas resistentes de suporte ao reator e contenção. Além disso, a usina nuclear deve ser instalada em local estratégico, pouco populoso e que permita a rápida evacuação.
Para finalizar, Amaral defendeu que, diante dos protocolos de minimização de acidentes e da preparação de profissionais qualificados para aplicar os protocolos de segurança, a energia nuclear pode complementar a oferta energética e atender a demanda diante das perspectivas de aumento no consumo e da importância da energia elétrica em projetos de desenvolvimento do País.
A programação completa da 67ª Reunião Anual da SBPC pode ser conferida em www.sbpc.ufscar.br.
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- 15/07/2015 - Luiz Antônio Araujo: até Brasil e Argentina têm mais autonomiaFonte: Zero Horas
Para se ter uma ideia da extensão do acordo entre o Irã e as seis potências, é útil uma comparação com o regime de controle e inspeção nuclear ao qual Brasil e Argentina se submeteram, de comum acordo, em 1991. Em nenhum dos dois países sul-americanos — que mantêm há mais de 30 anos programas nucleares sobre cuja natureza pacífica nem sempre houve 100% de certeza — vigora um sistema de controle tão minucioso e intrusivo como o que foi aceito pelo Irã.
– No caso do Brasil e da Argentina, a fiscalização está baseada na declaração das partes. Se o Brasil declara que está desenvolvendo um submarino nuclear, essa é a base da relação. No caso do Irã, o fundamental é a possibilidade de verificação — afirma o secretário da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc), Odilon Marcuzzo do Canto.
No caso brasileiro e argentino, não há limites ao estoque de urânio enriquecido, nem cota de centrífugas em funcionamento, nem sistema de inspeção 24/7 (24 horas por dias, sete dias por semana). Diferentemente do Irã, os dois países não assinaram o Protocolo Adicional do Tratado de Não-Proliferação (TNP), que dá à Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) poderes excepcionais de fiscalização e acesso a instalações. Mais do que isso: são críticos desse protocolo, que consideram discriminatório.
É verdade que os organismos internacionais reconhecem o caráter pacífico dos programas nucleares brasileiro e argentino. Mas nem sempre foi assim. É conhecida a colaboração brasileira no programa nuclear iraquiano, e documentos indicam venda de yellow cake (urânio usado em bombas atômicas) pelos argentinos a Israel nos anos 1960.
Se os dois países sul-americanos tentaram obter armas nucleares no passado, "é algo que talvez jamais saibamos”, nas palavras do ex-secretário da Abacc Carlos Feu Alvim.
No Acordo de Viena, a transparência foi o tributo que a desconfiança pagou à confiança. Além do Irã, nenhum país do Oriente Médio e poucos no mundo aceitaram essa obrigação de forma tão completa.
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- 14/07/2015 - Pesquisa aponta que brasileiro se interessa por ciência e tecnologiaMinistro quer aumentar interação da ciência com a sociedade. Presidente da SBPC diz ser necessário romper barreiras para aumentar o conhecimento.
Ministro quer aumentar interação da ciência com a sociedade. Presidente da SBPC diz ser necessário romper barreiras para aumentar o conhecimento.
Fonte: Jornal da Ciência
A maioria dos brasileiros (61%) tem interesse em temas da área de ciência e tecnologia, embora o acesso à informação seja restrito principalmente na população de baixa escolaridade. A constatação é da edição de 2015 da pesquisa sobre percepção pública da C&T, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).O estudo foi divulgado nesta segunda-feira, 13/7, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, em coletiva à imprensa na 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), principal evento científico da America Latina que neste ano se realiza na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), interior paulista.
Foram consultadas quase duas mil pessoas com 16 anos ou mais, de todas as regiões brasileiras, no período de 22 de dezembro de 2004 a 16 de março deste ano.
Embora seja elevado o interesse dos brasileiros (61%) pela ciência e tecnologia, o interesse diminuiu se comparado aos 65% registrados na última pesquisa, de 2006. Mesmo assim, o percentual supera o da União Europeia, onde os interessados pela ciência e tecnologia representam 53% da amostragem. Países desenvolvidos como Estados Unidos e alguns da Europa são pioneiros nesse tipo de pesquisa, conforme o CGEE.
O objetivo da pesquisa, segundo o ministro Aldo Rebelo, é orientar as ações, as iniciativas e as políticas públicas na área de ciência e tecnologia. A intenção é também aperfeiçoar formas de popularizar e ensinar ciências, além entender os motivos que levam os jovens a escolher ou não carreiras científicas.
O ministro chamou a atenção para a importância da divulgação científica e citou o fato de a pesquisa sinalizar uma interação modesta da ciência com a sociedade. A pesquisa apontou que apenas seis pessoas em cada grupo de 100 lembram o nome de algum cientista brasileiro, enquanto que somente 12% lembram-se de alguma instituição que faça pesquisa no País.
Para o ministro, é necessário que o governo, as universidades e instituições como a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências reforcem as ações de divulgação da ciência no País.
Desinteresse da mídia
A presidente da SBPC, Helena Nader, que também participou da entrevista coletiva, vê necessidade de se aumentar o espaço da ciência no que ela chama de grande mídia. A intenção é atingir um público maior e aumentar o conhecimento da população sobre os benefícios da ciência, além de despertar mais o interesse de jovens pela área científica.
Nesse caso, a presidente da SBPC fez uma alusão ao futebol que, segundo avalia, é divulgado com intensidade pela mídia, despertando o interesse de crianças em se tornar jogador profissional de futebol quando adulto. "Precisamos romper com essa barreira”, recomendou.
Também presente ao evento, o presidente do CGEE, Mariano Laplane, concorda que o curto espaço que a ciência tem na mídia interfere no desconhecimento da população sobre os benefícios da área científica."É preciso que haja esforço do governo, de instituições de pesquisa e ensino e da mídia para que a sociedade realmente reconheça e se aproprie da ciência e tecnologia como um recurso estratégico para o desenvolvimento sustentável do País”, conclamou.
Já o presidente da ABC, Jacob Pallis, também presente ao evento, vê necessidade de o Brasil investir em mais "heróis da ciência”. Citou o exemplo do jovem matemático Artur Ávila Cordeiro de Melo, nascido no Rio de Janeiro, que é o primeiro latino-americano e lusófono a receber a Medalha Fields. Trata-se de uma premiação oferecida a matemáticos equivalente ao Prêmio Nobel. Para Palis, Artur Ávila é um modelo a ser seguido por outros jovens brasileiros.
De olho nos benefícios da ciência
O presidente do CGEE disse que a percepção do brasileiro é positiva sobre os benefícios que a ciência e tecnologia produzem para a sociedade. A pesquisa apontou que 73% dos entrevistados acreditam que a ciência e a tecnologia trazem mais benefícios do que malefícios para a humanidade.
O estudo constatou, ainda, que a população é capaz de entender o conhecimento científico e deve ser ouvida nas grandes decisões sobre ciência e tecnologia. Revela, também, que a maioria dos entrevistados (78,1%) considera importante os investimentos em ciência e tecnologia, sobretudo nas áreas de medicina e saúde, energias alternativas, mudanças climáticas, agricultura e em recursos da Amazônia.
O vice-presidente da SBPC, o físico Ildeu de Castro Moreira, especialista em divulgação científica, disse ser necessário aumentar também a difusão da ciência em sala de aula e as visitas a museus de ciência. Para ele, o interesse da população pela ciência está relacionado também às condições econômicas. Nesse caso, acredita que a redução do interesse dos brasileiros pela ciência e tecnologia entre 2006 e 2015 – de 65% para 61%, conforme apontou a pesquisa – deve ser reflexo da piora da conjuntura econômica.Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência
Veja mais:
(Agência Brasil) –Brasileiro se interessa por ciência e tecnologia e apoia financiamento no setor
(Portal Brasil) –Brasileiro se interessa por ciência e tecnologia e apoia financiamento no setor
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- 14/07/2015 - SBPC celebra 30 anos do Ministério da Ciência, Tecnologia e InovaçãoPara presidente da SBPC, criação do MCTI é uma decisão acertada para a ciência brasileira, mesmo que seja entre altos e baixos
Para presidente da SBPC, criação do MCTI é uma decisão acertada para a ciência brasileira, mesmo que seja entre altos e baixos
Fonte: Jornal da Ciência
A comunidade científica celebrou na noite de ontem, 13, os 30 anos de existência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ,que este ano se realiza nos campus da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), no município de São Carlos, interior paulista. A palavra inovação no órgão foi adicionada a partir de 2011.A presidente da SBPC, Helena Nader, que coordenou a cerimônia, fez uma apresentação sobre a passagem de todos os 18 ministros na pasta de CT&I no decorrer de três décadas. Discorreu ainda sobre o impacto positivo das medidas de C&T adotadas desde 1985, quando foi criado o Ministério. Na ocasião, Helena recordou que a SBPC teve papel de destaque para criação da pasta dedicada à CT&I, quando a entidade era presidida pelo professor Crodowaldo Pavan. Segundo avaliou, essa foi uma decisão acertada para o avanço da ciência no Brasil.
Todos os ex-ministros foram convidados à cerimônia, e todos eles receberam uma placa alusiva aos 30 anos do Ministério concedida pela SBPC. O responsável pela fundação do MCTI, José Sarney, que era presidente do Brasil em 1985, também foi homenageado e convidado. Sarney não compareceu à cerimônia por motivos pessoais. Ele encaminhou uma carta de agradecimento à SBPC, pelo esforço da instituição na criação do Ministério.
Na carta, lida por Helena na cerimônia, Sarney parafraseou um provérbio chinês. "Toda vez que for beber água num poço, lembre-se de quem abriu o poço.”
Sarney destacou, ainda, que a 67ª Reunião Anual da SBPC mostra que o evento precedeu o Estado brasileiro na consciência de que o trabalho científico exige, além do trabalho de laboratório, uma interlocução constante entre pares e entre a comunidade científica e a sociedade. "O que a Nova República fez foi incorporar o Estado a este diálogo”, complementou.
Também foram convidados Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva que, não puderam comparecer ao evento. Eles ligaram parabenizando a todos aqueles que passaram pelo comando do Ministério.
Ministros presentes
Além do atual ministro da pasta, Aldo Rebelo, estiveram presentes Roberto Amaral, que comandou o órgão de janeiro de 2003 a dezembro de 2004; Ronaldo Sardenberg, titular da pasta de julho de 1999 a dezembro de 2003; e Marco Antonio Raupp, de janeiro de 2012 a março de 2014 – que também presidiu a SBPC. Aqueles que não conseguiram participar do evento, seja por motivos profissionais, pessoais e de saúde, encaminharam cartas que também foram lidas na cerimônia pela diretoria da SBPC.
No evento, a presidente da SBPC mencionou a melhoria do impacto médio da produção científica no Brasil nas últimas três décadas. Acrescentou que a criação do Ministério veio acompanhada com a pós-graduação de qualidade, o que surtiu impacto positivo sobre o número de citações no mundo.
Para Helena, é necessário ter orgulho do que a ciência brasileira já produziu. "Temos que reverberar melhor tudo que já conseguimos. São trinta anos de acerto, mesmo que entre altos e baixos e crises. Mas às vezes nas crises encontramos novas soluções”, analisou.
O ministro Aldo Rebelo aproveitou o momento para elogiar medidas criadas no passado como os fundos setoriais que ajudaram a institucionalizar políticas públicas para ciência e tecnologia; a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); as plataformas do conhecimento; e a valorização dos parques tecnológicos.
"Isso pesa sobre os meus ombros como uma imensa responsabilidade. Porque embora esteja apoiado sobre os ombros de gigantes há sempre o risco de não se equilibrar”, parafraseou arrancando risos da plateia. "Espero ter sempre o equilíbrio para avistar longe e prosseguir a marcha e o rumo do que eles fizeram”, disse o ministro, reconhecendo a atuação de cada um que passou pelo comando do MCTI.
Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência
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- 14/07/2015 - Aldo Rebelo se reúne com representantes de entidades vinculadas ao MCTIEncontro acontece durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Encontro acontece durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Fonte: MCTI
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) promove, nesta terça (14) e quinta-feira (15), uma reunião de trabalho com a entidades vinculadas à Pasta. O ministro Aldo Rebelo participou da abertura do encontro, que acontece na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Aldo Rebelo declarou que pretende, institucionalmente, ter uma vivência muito próxima com cada uma das entidades que compõe as ações do Ministério. "Transformar os convênios e acordos de cooperação feitos pelo MCTI em pesquisas, produtos e serviços é responsabilidade das instituições, são elas que constituem o núcleo do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia", disse o ministro. "É natural que, no âmbito da minha responsabilidade, eu deseje acompanhar de perto os desafios enfrentados para poder ajudar e apoiar os institutos a se desvencilhar das adversidades e problemas de qualquer ordem", disse, citando com exemplo a recomposição do quadro de profissionais e o plano de carreira dos pesquisadores.
A reunião contou com a presença de diretores, presidentes e representantes de 17 entidades vinculadas ao MCTI e das secretarias de Política de Informática (Sepin), de Programas e Políticas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, (Setec) e de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis).
A secretária executiva da Pasta, Emília Ribeiro, agradeceu a presença dos representantes das entidades de pesquisa e desenvolvimento e reforçou que o encontro é um espaço de diálogo e estreitamento de relações. "Temos a oportunidade de discutir as missões dos institutos e planejar as demandas necessárias para as ações futuras", ressaltou. O subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa, Adalberto Fazzio, que também participa do encontro, ressaltou que o objetivo é criar mecanismos para que institutos, organizações sociais e empresas públicas ligadas ao MCTI "sejam excelência e referência de pesquisa e desenvolvimento do País".
Estavam representados na reunião o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer, Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Instituto Mamirauá, Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Observatório Nacional (ON) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), autarquia vinculada ao Governo do Estado de São Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCTI).
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- 14/07/2015 - Estudante brasileira chega à final de Olimpíada Mundial de Engenharia NuclearFonte: Site InfoCom o vídeo mais votado entre seus concorrentes, a estudante de engenharia nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alice Cunha da Silva está na fase final da Olimpíada de Engenharia Nuclear promovida pela WNU (World Nuclear University). Ela é a única brasileira classificada de toda a América na competição.
Para conquistar uma posição entre os cinco finalistas mundiais, a aluna de 25 anos teve de publicar um vídeo em seu perfil no YouTube falando sobre uma forma diferente de usar a tecnologia nuclear – além de geração de energia ou combustível.
Com o tema "Nuclear Saves Lives”, o vídeo de Alice teve quase 16 mil curtidas e foi escolhido com outros quatro candidatos para última etapa. Tudo isso graças ao apoio de internautas de todo o país que visitaram sua página e clicaram no botão "Gostar” em seu vídeo no YouTube. "O meu vídeo teve o maior número de curtidas. Além de me deixar feliz, isso me fez ganhar mais pontos na última fase”, diz a estudante a INFO.
O grande número de acessos e ‘likes’ no vídeo de Alice rendeu a ela 5 pontos na competição. Para vencer a olimpíada, ela precisará produzir uma dissertação sobre produção de radioisótopos e apresentá-la a uma banca de jurados para alcançar a maior pontuação entre seus concorrentes. O texto e a apresentação oral também valem 5 pontos. A final da competição e apresentação das dissertações será realizada em 17 de setembro na cidade de Viena, na Áustria.
O vencedor da olimpíada terá seu vídeo promovido internacionalmente na WNU Radiation Technologies School – feira destinada a futuros líderes no segmento de radiação e radioisótopos que será realizada em 2016.
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- 14/07/2015 - Irã e potências mundiais chegam a acordo nuclear'Hoje é um dia histórico', disse a chefe da diplomacia europeia Acordo prevê o fim das sanções internacionais contra o Irã
'Hoje é um dia histórico', disse a chefe da diplomacia europeia Acordo prevê o fim das sanções internacionais contra o Irã
O Irã e as grandes potências conseguiram concluir nesta terça-feira (14) um acordo histórico em Viena, na Áustria, para limitar o programa nuclear iraniano. O objetivo é evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear e garantir que o programa nuclear seja usado apenas para fins pacíficos. Em troca, serão retiradas as sanções internacionais contra o país.
"Hoje é um dia histórico. É com grande honra que anunciamos ter alcançado um acordo nuclear com o Irã", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, durante o anúncio oficial. "As decisões que tomamos hoje não tratam apenas do programa nuclear iraniano, mas também podem abrir um novo capítulo nas relações internacionais".
Os chefes da diplomacia do Irã, do grupo 5+1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha) e da União Europeia negociavam há 17 dias no palácio de Coburg da capital austríaca.
As discussões deveriam ter acabado em 30 de junho, mas a data limite foi prorrogada em várias ocasiões em função das divergências em "questões difíceis", que terminaram solucionadas.
O acordo foi celebrado principalmente pelo presidente americano, Barack Obama, e iraniano, Hassan Rohani. Mas apesar dos avanços, ele não encerra a controvérsia sobre uma das questões diplomáticas mais críticas no momento: a União Europeia o definiu como um "sinal de esperança para o mundo inteiro", enquanto o governo de Israel o chamou de "rendição histórica".
De acordo com a diplomata italiana, o texto é complexo, detalhado e técnico, mas respeita os interesses dos envolvidos. O acordo completo deve ser tornado público ainda nesta terça.
"É um bom acordo, para todos os lados. Estamos comprometidos que ele seja plenamente implementado. Pedimos que a comunidade internacional apoie a implementação desse acordo", afirmou Federica Mogherini. "É o fim destas negociações, mas não é o fim de nosso trabalho conjunto."
Esperança
"Hoje poderia ter sido o final da esperança, mas estamos perante um novo capítulo", disse o chanceler iraniano, Mohammed Javad Zarif, sobre o fim das negociações na capital austríaca para se fechar o histórico acordo. "Acho que esse é um momento histórico. Estamos fechando um acordo que não é perfeito, mas sim o que pudemos conseguir. É uma conquista importante", destacou.
Ao mesmo tempo, o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinaram um "mapa do caminho" que autoriza uma investigação sobre o passado do programa nuclear de Teerã, em função da suspeita de uma possível dimensão militar, anunciou o diretor geral do órgão da ONU.
"Acabo de assinar o mapa do caminho entre a República Islâmica do Irã e AIEA para o esclarecimento das questões em suspenso do passado e do presente relativas ao programa nuclear iraniano", declarou Yukiya Amano à imprensa, antes de celebrar o "avanço significativo" que o acordo representa.
"Confio em nossa capacidade de cumprir com este importante trabalho", afirma o diretor geral da AIEA em um comunicado publicado na sede do organismo da ONU, em Viena.
Acordo
O objetivo do acordo é assegurar que o programa nuclear iraniano tenha um caráter não militar, em troca da retirada das sanções internacionais que asfixiam a economia do país. O texto, que autoriza Teerã a prosseguir com o programa nuclear civil, abre o caminho para uma normalização da presença do Irã no cenário internacional.
O documento final entre Teerã e as grandes potências, de cerca de 100 páginas, prevê a eliminação de todas as sanções internacionais contra o Irã, que também sairá da lista de países sancionados pela ONU.
O pacto final tem como base os grandes princípios estabelecidos em Lausanne em abril: Teerã se compromete a reduzir a capacidade nuclear (redução de dois terços do número de centrífugas de urânio em 10 anos, de 19.000 a 6.104, diminuição das reservas de urânio enriquecido) durante vários anos e a permitir que os inspetores da AIEA realizem inspeções profundas em suas instalações.
O Irã aceitou conceder um acesso limitado a locais militares, com base no protocolo adicional que permite um controle reforçado do programa nuclear de Teerã, afirmou uma fonte iraniana.
"Nossos locais militares não estão abertos aos visitantes porque cada país tem o direito de proteger seus segredos. O Irã não é uma exceção. No entanto, o Irã vai aplicar e protocolo adicional (ao Tratado de Não Proliferação Nuclear) e com esta base dará um acesso programado a certas instalações militares definidas no texto", declarou a fonte.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores russo, o Irã será autorizado a conduzir pesquisa e desenvolvimento com urânio para centrífugas avançadas durante os primeiros 10 anos do acordo, de uma maneira que não acumule urânio enriquecido.
Sanções
As agências de notícias informam que o país vai continuar submetido a um embargo no comércio de armas por pelo menos cinco anos, e sanções contra mísseis por oito anos.
As sanções voltam a entrar em vigor caso alguma parte do acordo não seja cumprida pelos iranianos. A aplicação das medidas do pacto será dividida em três etapas: uma preliminar, uma operacional e outra executiva.
Segundo a agência estatal iraniana IRNA, "bilhões de dólares em ativos iranianos congelados serão liberados, as proibições referentes à aviação do país serão canceladas após três décadas", assim como as restrições contra o Banco Central iraniano, o Exército do país e outras empresas estatais.
As sanções poderão ser levantadas progressivamente a partir do início de 2016, mas o acordo também prevê seu restabelecimento em caso de violação dos compromissos por parte da República Islâmica, informou um diplomata francês, segundo a France Presse. Elas voltariam em 65 dias caso o acordo seja violado, disse à Reuters.
O levantamento das sanções deverá esperar uma reunião da AIEA prevista para o meio de dezembro, na qual será confirmado que o Irã respeita seus compromissos, disse a fonte.
Comemoração
Como um sinal de que o fim das discussões estaria próximo, o ministro iraniano do Interior pediu que as autoridades locais preparem um cenário de comemoração nas ruas. A população, que elegeu o presidente Hassan Rohani em 2013 com a promessa de conseguir a suspensão das sanções, espera uma melhora de suas condições de vida.
Em discurso televisionado, o presidente disse "uma nova era começou". "Após 23 meses de negociações com potências mundiais, alcançamos um acordo. As potências mundiais demonstraram respeito em relação ao Irã durante as negociações. Nós não pedimos caridade. Pedimos negociações justas, em que todos ganhassem", disse Rohani em discurso após o anúncio oficial do acordo. Segundo ele, o povo corajoso do Irã permitiu que o acordo fosse alcançado.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o acordo pode "contribuir de maneira essencial à manutenção da paz e à estabilidade na região e fora dela".
Em um comunicado da ONU, Ban felicita os negociadores por sua determinação e "admira a coragem dos líderes que aprovaram este acordo". "Espero e de fato acredito que este acordo conduza a uma maior compreensão e cooperação mútua sobre muitos e graves desafios que a segurança no Oriente Médio enfrenta", afirma o chefe das Nações Unidas.
A ONU "está disposta a cooperar plenamente com as partes envolvidas para aplicar este acordo importante e histórico", conclui o texto.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que as seis potências fizeram uma escolha firme em favor da estabilidade e cooperação.
"O mundo agora pode respirar um pouco de alívio", disse Putin em nota no site do Kremlin. "Apesar de tentativas de justificar cenários com base na força, os negociadores fizeram uma escolha firme em favor da estabilidade e cooperação", afirmou.
Putin acrescentou que o acordo ajudará a cooperação civil nuclear entre a Rússia e o Irã e contribuirá para combater o terrorismo no Oriente Médio.
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que o acordo é um grande marco na história do Irã, da região e do mundo, segundo a agência estatal síria.
Assad qualificou o pacto de "grande vitória e conquista histórico" do Irã, e opinou que representa "um reconhecimento inequívoco dos países do mundo ao pacifismo do programa nuclear do Irã, que garante a conservação de seus direitos nacionais".
Segundo sua opinião, o acordo é "a culminação da constância do povo iraniano na hora de enfrentar as sanções injustas impostas contra a República Islâmica".
O Vaticano, por meio de seu porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, avaliou "positivamente" o acordo e afirmou que a decisão "exige continuar com os esforços e o compromisso de todos para que possa dar seus frutos".
"A Santa Sé considera positivo o acordo sobre o programa nuclear iraniano", indicou em comunicado o porta-voz vaticano. "Trata-se de um resultado importante das negociações realizadas até o momento, mas que requer a continuação do esforço e do compromisso de todos para que dê frutos", estimou Lombardi.
Frutos que o Vaticano espera que "não se limitem só ao âmbito do programa nuclear, mas se estendam a outros setores".
Críticas
Mesmo sem anúncio oficial sobre o acordo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o acordo nuclear do Irã é um "erro de proporções históricas".
"O Irã terá um caminho livre para desenvolver armas nucleares e muitas das restrições que o impediam serão suspensas. Esse é o resultado quando se deseja um acordo a todo custo", disse Netanyahu através de comunicado divulgado antes do início de uma reunião com o ministro de Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders.
"Fizeram grandes concessões em todos os temas que deviam impedir que o Irã consiga armas nucleares. Adicionalmente, o Irã receberá bilhões de dólares para alimentar sua máquina terrorista e sua agressividade e expansão pelo Oriente Médio", completou.
O primeiro-ministro reiterou que um acordo não pode ser evitado quando os negociadores estão "dispostos a fazer concessões a quem, inclusive durante as conversas, gritava 'morte aos EUA'", disse Netanyahu, em referência a uma manifestação realizada em Teerã no último fim de semana e na qual foram queimadas bandeiras americanas e israelenses.
Sobre os próximos passos de seu governo, Netanyahu disse que seu "compromisso" de impedir que o Irã tenha capacidade de fabricar armas nucleares "segue em vigor".
O ex-ministro das Relações Exteriores de Israel Avigdor Lieberman classificou a jornada de hoje como "um dia negro para todo mundo livre". Já o ministro de Ciência e Tecnologia, Dani Danon, afirmou que o pacto entre o Grupo 5+1 e o Irã é como "dar um fósforo a um piromaníaco".
A vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, afirmou que o acordo significa "uma capitulação de proporções históricas perante o eixo do mal dirigido pelo Irã".
"As consequências deste acordo no futuro próximo são muito graves. Irã recebeu um respaldo para continuar expandindo (a influência) de seus aliados terroristas pela região", acrescentou Tzipi em comunicado.
Acordo Nuclear
Objetivos- impedir que o Irã tenha bomba nuclear- garantir que o programa nuclear tenha fins pacíficos
Compromissos assumidos pelo Irã- reduzir a capacidade nuclear- permitir que a Agência Internacional de Energia Atômica inspecione suas instalações- fazer pesquisa e desenvolvimento com urânio para centrífugas avançadas, de forma a não acumular urânio enriquecido
Compromissos assumidos pelas potências- liberar ativos iranianos congelados- reduzir sanções econômicas a partir de 2016- cancelar, após 3 décadas, restrições contra a aviação do país, o Banco Central iraniano, o Exército e estatais- tirar o Irã da lista de países sancionados pela ONU
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- 14/07/2015 - Brasileiro tem interesse, mas baixo nível de informação sobre ciênciaFonte: Agência FAPESP
Os brasileiros apresentam atitudes positivas em relação à ciência e tecnologia (C&T) e manifestam ter grande interesse por esses temas.
O acesso à informação científica e tecnológica, contudo, especialmente nas camadas sociais de menor escolaridade e renda no Brasil, ainda é bastante limitado.
As constatações são da quarta edição da pesquisa "Percepção pública da ciência, tecnologia e inovação no Brasil, 2015”, realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Os principais resultados da pesquisa foram apresentados nesta segunda-feira (13/07) durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Aberta no dia 12, a reunião ocorre até o próximo sábado (18/07) no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
"A pesquisa apresenta um panorama estatisticamente robusto da percepção que a sociedade brasileira tem sobre ciência e tecnologia”, disse Mariano Laplane, presidente do CGEE.
"Os brasileiros manifestam ter curiosidade, respeito e uma enorme expectativa de que a ciência e a tecnologia possam melhorar suas condições de vida. É importante, entretanto, que, além dessa curiosidade, a sociedade brasileira também tome mais conhecimento do avanço e dos êxitos da ciência brasileira”, apontou.
A pesquisa ouviu 1.962 brasileiros de todas as regiões do país, com 16 anos ou mais, estratificados por gênero, faixa etária, escolaridade e renda.
De acordo com o estudo, 61% dos entrevistados demonstraram interesse ou muito interesse por C&T. O índice é comparável ao de países que realizaram pesquisas de percepção pública semelhantes, comparam os autores do estudo.
Na União Europeia, por exemplo, 53% dos participantes de uma pesquisa realizada em 2013 afirmaram ter interesse por assuntos relacionados à C&T.
No Brasil, o tema é o quinto que mais atrai a atenção da população, atrás de Medicina e Saúde (78%), Meio Ambiente (78%), Religião (75%) e Economia (68%), e maior do que em Arte e Cultura (57%), Esportes (56%), Moda (34%) e Política (27%).
Embora a atitude dos brasileiros seja positiva e o interesse por C&T seja alto, o acesso à informação é baixo, indica a pesquisa.
A TV é o principal meio de comunicação usado por 21% dos entrevistados para adquirir informações sobre C&T. Por outro lado, a maioria declarou informar-se nunca ou quase nunca sobre esse tema em outros meios de comunicação, como jornais, revistas, livros, rádio e conversas com amigos.
No entanto, mais que dobrou o uso da internet e das redes sociais como fonte de informação sobre C&T especialmente por jovens, saltando de 23% em 2006 para 48%, e se aproximando da TV, apontou a pesquisa.
Os entrevistados declararam utilizar sites de instituições de pesquisa, seguidos de sites de jornais e revistas, além do Facebook, Wikipedia e blogs, como fonte de informação sobre C&T.
"O baixo nível de informação sobre C&T da sociedade brasileira representa um desafio para a comunidade científica, para o governo e também para a mídia”, avaliou Laplane.
"Estamos constatando com preocupação que, nos últimos anos, o espaço dos cadernos de ciência e tecnologia dos principais jornais do país estão encolhendo e, em alguns casos, desaparecendo. Além disso, o pouco conteúdo que está sendo transmitido para a sociedade sobre grandes conquistas da ciência, na grande maioria das vezes, faz referência a avanços em outros lugares do mundo e, raramente, de exemplos brasileiros”, afirmou.
A pesquisa apontou que uma parcela muito pequena da população consegue lembrar o nome de algum cientista brasileiro importante ou de alguma instituição de pesquisa nacional.
O desconhecimento entre os jovens é particularmente significativo, mas mesmo entre pessoas com título superior a porcentagem de entrevistados que souberam mencionar um cientista brasileiro foi muito baixa.
Apesar da visão otimista, a postura dos brasileiros é crítica, aponta a pesquisa. A maioria dos participantes expressou preocupação em relação a aspectos éticos, políticos e ao controle social da C&T.
"Temos que valorizar os prêmios e as conquistas dos cientistas brasileiros sem pudor e ter mais ‘celebridades’ da ciência, a exemplo do Artur Ávila [o primeiro matemático formado no Hemisfério Sul que recebeu a medalha Fields, considerada a distinção máxima na área]”, disse Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC).A grande maioria dos entrevistados (78%) também apoia a ideia de que devem ser feitos maiores investimentos públicos em C&T no país e só 3% defendem que deveriam diminuir.
"Isso é importante para a difusão da ciência brasileira e para atrair a atenção de crianças e jovens para a ciência”, avaliou.
Atitudes positivas
A pesquisa também indicou que os brasileiros veem a ciência como geradora de resultados aplicáveis às suas vidas e capaz de solucionar problemas relacionados à saúde e às mudanças climáticas, por exemplo.
A grande maioria dos entrevistados (73%) declarou acreditar que a C&T traz mais benefícios que malefícios para a população, sendo essencial para a indústria e ajudando a diminuir as desigualdades sociais.
Comparados os resultados com outras enquetes internacionais, o Brasil se destaca como um dos países mais otimistas quanto aos benefícios das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), afirmam os autores da pesquisa.
A China possui um índice igual ao brasileiro (73%). Já nos Estados Unidos esse índice atinge 67%, na Espanha 64%, seguida pela Itália com 46% e a França com 43%.
A maioria dos entrevistados considera que é necessário estabelecer padrões éticos sobre o trabalho dos cientistas, que esses profissionais devem expor publicamente os riscos decorrentes de suas pesquisas e que deveria haver maior participação da população nas grandes decisões sobre os rumos da C&T no país.
"A pesquisa mostra que o brasileiro não é ignorante em relação à ciência e tecnologia. Ele não tem informação, mas tem um posicionamento crítico e percebe que a ciência, por si só, não resolve todos os problemas”, disse Ildeu Moreira, consultor do estudo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à Agência FAPESP.
Na Argentina, a porcentagem dos que defendem mais recursos para a C&T alcança 63%. Já na Suécia, Espanha e França esse índice atinge 40%, e 25% na Alemanha e no Reino Unido, comparam os autores do estudo.
"A pesquisa revela as virtudes e deficiências das ações de divulgação científica no Brasil”, avaliou José Aldo Rebelo, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. "Precisamos ter uma política de popularização da ciência no país que ajude a formar uma mentalidade científica da população como condição para o exercício da vida democrática”, avaliou.
Segundo os autores, a pesquisa foi realizada em conformidade com os padrões adotados em estudos semelhantes feitos não só em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e nações da União Europeia, como também na América Latina.
No Brasil, além do MCTI, a FAPESP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) financiaram estudos semelhantes recentemente.
"Essas pesquisas possibilitam obtermos um universo de informações extremamente ricas para avaliarmos o posicionamento do Brasil em comparação com outros países em relação à ciência e tecnologia e também verificarmos as transformações de atitudes da população em relação a esses temas ao longo do tempo”, disse Laplane. -
- 13/07/2015 - Aldo Rebelo diz que crise não afeta investimentos em pesquisa no BrasilO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, afirmou nesta segunda-feira (13) que, apesar da crise econômica que o Brasil enfrenta, os investimentos feitos na área da pesquisa não serão afetados.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, afirmou nesta segunda-feira (13) que, apesar da crise econômica que o Brasil enfrenta, os investimentos feitos na área da pesquisa não serão afetados.
Fonte: Portal G1 de notícias
O minitro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, afirmou nesta segunda-feira (13) que, apesar da crise econômica que o Brasil enfrenta, os investimentos feitos na área da pesquisa não serão afetados.
Rebelo está em São Carlos (SP), onde participa da 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que começou no domingo (12) e segue até sábado (18) no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Para o ministro, em tempos de crise é fundamental investir em inovação. "Como passamos por um momento de austeridade de ajuste, é preciso escolher onde fazer o ajuste. E a área de ciência e pesquisa é poupada porque é uma aposta para o futuro, ou seja, tudo o se que investe em pesquisa e inovação lhe dá resultado no futuro. O Brasil tem feito esses investimentos e não vai sacrificar nem a pesquisa, nem a inovação, mesmo em um momento de dificuldade”, afirmou ele em entrevista à EPTV.
O responsável pelo MCTI ressaltou que, embora o Brasil ocupe o 13º lugar no ranking mundial de produção científica, o que não chega a 2% da produção mundial, o volume geral de pesquisas feitas no país a partir das publicações do mundo aumentou. "Nos últimos anos, o Brasil dobrou praticamente o seu próprio índice, indicando que tem conhecido uma evolução bastante importante na classificação mundial como um país produtor de pesquisa”.
Energia elétrica
Com o tema ‘Luz, Ciência e Ação’, a reunião da SPBC em São Carlos é um dos maiores encontros de ciência e tecnologia do Brasil e traz uma grande programação de palestras, conferências, mesas redondas e workshops. Ao todo, serão realizadas 212 atrações com a participação de pesquisadores. A programação completa está no site da universidade.
Questionado de que forma a reunião pode ajudar a encontrar soluções para tentar resolver problemas na área de energia do país, Aldo Rebelo destacou que a ciência brasileira já tem apontado há muito tempo resultados importantes não só na geração, como na conservação e distribuição de energia elétrica.
"Nós somos um país que tem um elevado nível de aproveitamento de uma energia muito sustentável, que é a energia hidrelétrica. Temos também o biocombustível como a matriz importante da produção energia no Brasil. O mundo todo observa, acompanha e partilha esse esforço do Brasil e nós temos acordos com muitos países, como Estados Unidos e China, em pesquisa para uma matriz energética renovável e sustentável”, disse.
Por fim, Rebelo disse que um dos objetivos da SPBC é tentar aproximar famílias da produção científica brasileira. "Na minha última visita aos EUA, procuramos apoio em programas para a popularização da ciência. É importante para o país e para as pessoas compreenderem os seus direitos e suas obrigações coletivas. É um momento importante para aproximar crianças e jovens de uma atitude científica”, declarou.
Evento
Durante a SBPC, serão realizadas 64 conferências, 62 mesas redondas, 52 minicursos, 13 sessões especiais, 11 simpósios, cinco assembleias e quatro encontros. O programa foi preparado com o objetivo de divulgar aos participantes o atual desenvolvimento científico brasileiro. Além disso, o evento visa popularizar e valorizar a produção científica nacional e inseri-la no cotidiano dos cidadãos.
O evento também conta com o SBPC Cultural, que oferece aos participantes do evento mais de 40 atrações artísticas como espetáculos musicais, dança, teatro, cinema, literatura e outros.
As atividades serão realizadas ao longo de todos os dias da reunião, na Praça da Cultura, montada no próprio campus da UFSCar durante o evento. Além disso, outros espaços da cidade de São Carlos serão utilizados pelo SBPC Cultural. -
- 12/07/2015 - MEC: 90% da verba da Capes para pós-graduação estão garantidosComunicado ocorre após universidades federais criticarem cortes de recursos
Comunicado ocorre após universidades federais criticarem cortes de recursos
Fonte: O GloboO Ministério da Educação (MEC) afirmou, em comunicado divulgado na noite de sábado, que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) garantirá 90% da verba prevista para os programas de pós-graduação em 2015, o equivalente a R$ 1,65 bilhão. E acrescentou que nenhuma bolsa de estudo será afetada pela medida.
O anúncio ocorre um dia após a Capes orientar as universidade federais a realizarem uma "readequação”, na ordem de 75%, dos valores de custeio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap). A notícia foi rapidamente bastante criticada por instituições públicas, que alertavam sobre o possível comprometimento no desenvolvimento da pesquisa no país. As universidades federais da Bahia (UFBA) e do Rio de Janeiro (UFRJ) estão entre as que rebateram o anúncio da Capes ainda na sexta-feira.
A UFBA afirmou, em seu site, que a medida levaria à paralisação da atividade de pós-graduação da instituição, algo inédito na história da universidade, já que ela fora informada de que o valor de repasse seria reduzido de R$ 4,2 milhões para R$ 1 milhão, quantia insuficiente para pagar as dívidas já assumidas pela instituição (na casa dos R$ 2 milhões).
Já a UFRJ considerou os cortes "inaceitáveis” e aprovou uma moção em defesa dos programas de pós-graduação, por meio de seu conselho universitário. Assim como outras universidades públicas, a UFRJ já vinha enfrentando uma crise devido à falta de verbas. Há cerca de dois meses, sua reitoria chegou a ser ocupada por estudantes, que permaneceram um mês no local. Além disso, o atraso no pagamento de empresas de segurança e limpeza acabou forçando algumas unidades a fecharem as portas por um período. Mais de 30 universidades enfrentaram greves de seus professores este ano, nas quais eles pediam melhores condições de trabalho.
Ministro rebate críticas
Diante da repercussão negativa do anúncio, além do comunicado oficial do MEC divulgado sábado, o próprio ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, publicou um texto em seu Facebook no qual garante que a Capes "continua, sim, financiando a pós-graduação”. Ele reafirmou que todas as bolsas seriam mantidas e lembrou que elas representam "de longe” o custo mais alto na formação de mestres e doutores.
"Ninguém perderá sua bolsa e, mais importante, o número de bolsas será mantido! Ou seja, os programas continuarão a poder atender novos alunos e a dar-lhes bolsas. Onde está ocorrendo uma redução é no custeio”, explicou o ministro.
Janine frisou ainda que as universidades têm outras fontes de recursos para além da Capes. Ele também não descartou "possíveis acréscimos” de verbas à medida que a economia melhore. E ponderou: "Se a situação não é ideal, nem por isso se justifica pânico ou alarme”. -
- 10/07/2015 - Eletronuclear deve dar assistência à comunidade quilombolaFonte: A Voz da Cidade
ANGRA DOS REIS/RIO CLARO
O Ministério Público Federal (MPF) em Volta Redonda expediu recomendação à empresa Eletrobrás Eletronuclear para que cumpra, no prazo de 90 dias, a inserção de programas ou ações direcionadas aos contingentes indígenas e quilombolas das áreas de influência do empreendimento (item 2.57 da Licença Prévia 270/08). Além disso, a empresa deve construir um centro comunitário em favor da comunidade quilombola Alto da Serra, como forma de compensação socioambiental decorrente da implantação da unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Angra III), em Angra dos Reis.
A recomendação também foi expedida ao município de Rio Claro para que deixe de oferecer qualquer resistência à construção do centro comunitário para a comunidade quilombola Alto da Serra, devendo incluí-lo novamente no programa de medidas compensatórias pela construção do empreendimento Angra III.
À Fundação Palmares e ao Ibama, o MPF recomenda que acompanhem o cumprimento por parte da Eletrobrás das obras do centro comunitário, bem como determinem, no prazo de 90 dias, outras medidas compensatórias em favor da comunidade.Segundo o documento, para a construção da unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto - Angra 3, a empresa Eletrobrás Eletronuclear foi obrigada a atender às condicionantes da Licença Prévia nº 279/08 expedida pelo Ibama, tendo assinado convênios com as Prefeituras de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro com a finalidade de atuar com responsabilidade socioambiental junto à população circunvizinha ao empreendimento.
No compromisso firmado com o município de Rio Claro, foi prevista a construção de um centro comunitário na comunidade quilombola do Alto da Serra, com o oferecer atendimento médico, odontológico, bem como espaço para exposição de seus produtos agrícolas, artesanatos e divulgação de sua cultura àquele grupo. Após a elaboração de projeto básico de arquitetura, a prefeitura cancelou o projeto sem qualquer justificativa.
Para o MPF, a falta de atendimento a essa medida compensatória, que já estava prevista e foi cancelada sem fundamentação pelo município, torna incompleto o programa de compensações programados em razão dos impactos do empreendimento acima citado. "Por essa razão, deve ser restabelecida a medida, podendo ser analisadas outras a serem adotadas, em conjunto com a Fundação Palmares e o Ibama”, destaca o procurador Julio José Araujo Junior, autor da recomendação.
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- 10/07/2015 - Câmara aprova projeto que cria Código Nacional de Ciência, Tecnologia e InovaçãoFonte: Informe ABPTI
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (9) o Projeto de Lei 2177/11, do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que institui o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para estimular a participação de pesquisadores de instituições públicas em projetos de pesquisa realizados em parceria com o setor privado. A matéria precisa ser votada ainda pelo Senado.
De acordo com osubstitutivo do relator pela comissão especial, deputado Sibá Machado (PT-AC), o poder público apoiará a criação de ambientes promotores da inovação, como incubadoras de empresas e parques e polos tecnológicos, que terão suas próprias regras para selecionar as empresas ingressantes.
Tanto os governos (federal, estaduais e municipais) quanto as instituições científicas e tecnológicas (ICTs) públicas e as agências de fomento poderão ceder o uso de imóveis para a instalação desses ambientes. Embora o relator tenha retirado o prazo de 20 anos da concessão, constante do texto aprovado na comissão especial, foi incluída a contrapartida obrigatória, financeira ou não, na forma de um regulamento.
Além dos imóveis, a incubação será facilitada por meio do compartilhamento de laboratórios e equipamentos com ICTs privadas e empresas voltadas à inovação tecnológica. Atualmente, isso é permitido às pequenas e micro empresas.
Atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação poderão ocorrer nos laboratórios das ICTs públicas por meio de parcerias com ICT privada, pessoas físicas ou quaisquer empresas.
O projeto faz mudanças na Lei 10.973/04, que regulamenta o funcionamento das instituições de pesquisa.
Participação ampla
Sibá Machado ressaltou que o texto foi formulado com a participação de várias comunidades científicas. "O Brasil terá um marco regulatório mais objetivo para melhorar o ambiente de trabalho e de cooperação da pesquisa científica e tecnológica das universidades brasileiras com as empresas”, afirmou.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) comemorou a aprovação do texto. Ela é autora da proposta que resultou na Emenda Constitucional 85, de 2015, que prevê incentivos à ciência e tecnologia e abriu caminho para a tramitação do código. "A aprovação desse projeto era uma grande aspiração dos pesquisadores e cientistas brasileiros”, disse.
Horas de pesquisa
Uma reivindicação antiga das entidades envolvidas com pesquisa no Brasil foi atendida pelo projeto, que aumentou de 240 horas/ano para 416 horas/ano a quantidade de tempo remunerado dedicado a pesquisas pelo professor das instituições federais de ensino superior.
O novo limite se aplica inclusive aos professores vinculados aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Os professores federais poderão receber ainda bolsa de fundações de apoio credenciadas.
Grande parte da pesquisa realizada no Brasil tem origem em ICTs públicas vinculadas a universidades, contando com a participação de professores que exercem atividades de ensino e pesquisa.
Se o órgão de origem concordar, o pesquisador público sob regime de dedicação exclusiva poderá exercer atividades remuneradas de pesquisa, desenvolvimento e inovação em ICT ou empresa aos quais sua ICT de origem esteja associada ou vinculada.
No âmbito de parcerias entre ICTs públicas e empresas ou outras instituições de pesquisa, o projeto estende a possibilidade de bolsa a alunos de curso técnico, graduação ou pós-graduação. (Fonte: Agência Câmara)Projetopermite uso do RDC para licitações de órgãos de ciência e tecnologia
O projeto que cria o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (PL 2177/11) prevê um novo caso de dispensa de licitação para a administração pública, que beneficia as micro, pequenas e médias empresas na prestação de serviços ou fornecimento de bens elaborados com a aplicação sistemática de conhecimentos científicos e tecnológicos.
Para isso, sua receita operacional bruta deve ter sido inferior a R$ 90 milhões no ano anterior. Os bens devem ter sido oriundos de cooperação celebrada com a contratante para atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico ou para desenvolver uma alternativa do produto feita no Brasil.
De acordo com o texto aprovado, as licitações para ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação poderão ocorrer por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC). Esse regime estipula procedimentos mais céleres para as licitações.
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- 05/07/2015 - Falta de planejamento provoca prejuízos que afetam conta de luzRepórter Sônia Bridi percorreu usinas de energia em todo o Brasil para mostrar por que a conta de luz anda tão alta.
Repórter Sônia Bridi percorreu usinas de energia em todo o Brasil para mostrar por que a conta de luz anda tão alta.
Fonte: Fantástico
A conta de luz está pesando no bolso do brasileiro. Em comparação com o que a gente pagava em 2013, o preço subiu mais de 58% e, infelizmente, é bom ir se acostumando. A conta vai ficar alta ainda por muito tempo.
Sabe por quê? A repórter Sônia Bridi mostra agora que a culpa não é de São Pedro. Problemas de planejamento e gestão do sistema elétrico provocaram um prejuízo de bilhões de reais. E essa conta quem paga é você.
Nos pampas gaúchos, bem na fronteira com a Argentina, a usina da discórdia. Inaugurada em 2001 pelo então presidente Fernando Henrique e a secretária de Energia do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff. Era para funcionar com gás fornecido pelos vizinhos. Um arranjo para durar 20 anos.
Mas desde 2008 a torneira do gás foi fechada. A Argentina diz que não tem gás para fornecer ao Brasil. Para ligar a usina este ano, veja a operação necessária.
Em fevereiro deste ano a AES, a empresa dona da usina, comprou gás liquefeito na África, descarregou no porto de baía Blanca, onde o gás foi processado e carregado nos dutos argentinos. Tudo isso para produzir por três meses e meio. Contando esse tempo, em sete anos, a usina funcionou apenas sete meses e custou muito caro. A Argentina diz que não tem espaço no gasoduto para atender o Brasil. E o brasileiro mais próximo está a 600 quilômetros.
E qual é a solução proposta pelo governo? Desmontar toda a usina e levar para outro lugar.
"A melhor alternativa pra Uruguaiana é que se desmonte a usina e que ela vá pra um centro metropolitano, como Rio, São Paulo, Minas Gerais, não importa, aonde tenha gás e, é claro, tenha uma carga pra consumir aquela energia”, diz Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética.
Fantástico: Essa é a única solução?
Ítalo Freitas, vice-presidente de Operações da Geração da AES: Não. A solução de Uruguaiana ela também passa em ficar aqui. Há a possibilidade de transporte? Há. Tem que levar em conta vários fatores além de ser uma movimentação bastante cara para a usina.
O custo exato não foi calculado, mas será de centenas de milhões de reais. E a operação só será viável se ele for transferido para as contas de luz. O Tribunal de Contas da União investigou o sistema elétrico brasileiro e apontou as causas do preço alto da energia. Uma delas, o descompasso das obras.
Para que a nova energia entre no sistema é preciso ter uma usina gerando, as linhas de transmissão e a distribuição. Só que, segundo o TCU, no Brasil, com frequência, uma parte fica pronta e a outra, não. Aí não adianta porque a energia não chega ao consumidor. Esse descompasso nas obras, segundo o TCU, em apenas dois anos provocou um prejuízo de R$ 8,3 bilhões ao Brasil.
Há dois anos o Fantástico mostrou os parques eólicos do Nordeste. Prontos para gerar, mas parados por falta de linha de transmissão. Só que o contrato dizia: se a obra está pronta, a empresa deve receber pela energia. Quanto?
Elbia Melo, presidente da Abeeólica: Da ordem de R$ 2 bilhões no período de 2012 a 2014.
Fantástico: Dois bilhões?
Elbia Melo: R$ 2 bilhões.
Fantástico: Quem é que paga?
Elbia Melo: O consumidor. Vai para a conta do consumidor.
Agora a regra mudou: a usina só pode ser construída com a transmissão já pronta. Segundo o TCU o atraso nas obras de energia é constante e atinge quase 80% dos projetos.
Angra dos Reis. O engenheiro Costa Mattos foi trabalhar ali em 1976. O jovem engenheiro sonhava construir as três usinas da central nuclear. Angra 1 ficou pronta em 85, a 2 entrou em operação já no século 21, a 3, planejada na Ditadura, atravessou 4 décadas de história. E a aposentadoria está chegando.
Fantástico: Era um sonho ver isso pronto?
José Eduardo da Costa Mattos, superintendente de construção de Angra 3: Era um sonho que deveria ocorrer, mas que eu espero que venha acontecer muito rapidamente.
Planejada para ficar pronta em 83, a obra só começou em 2010. Deveria estar terminando este ano, mas atrasou de novo. Uma das razões é que, para garantir que a usina nuclear está sendo construída com segurança, cada etapa da obra tem que ser licenciada pelo CNEN, a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Só que, durante anos, a CNEN tinha apenas um engenheiro para cuidar de uma obra desse tamanho.
"Nós tínhamos um especialista que provavelmente está entre os dez maiores especialistas do país dentro da área. Pessoa reconhecida internacionalmente”, diz Ivan Salati, diretor da CNEN.
Fantástico: Mas era sozinho para trabalhar nessa avaliação?
Ivan Salati, diretor da CNEN: Ela sozinha, mas era bastante rápida e muito dedicada.
A CNEN diz que a proibição de novas contratações no governo federal, em 2011, impediu que engenheiros já concursados assumissem. Para o TCU, essa economia de salários parou a obra.
"Nunca parou. Dentro da nossa avaliação nunca parou esperando uma licença da CNEN”, diz Ivan Salati.
Mas a Eletronuclear contabiliza um prejuízo milionário.
Othon Luiz Pereira da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear: São R$ 156 milhões por mês.
Fantástico: De atraso?
Othon Luiz: É o que deixou de faturar.
No ano passado, foi a construtora Camargo Corrêa que parou tudo, pedindo aumento no contrato. O então presidente da Eletronuclear reagiu assim, na época: "Não é do perfil da gente concordar com faca no pescoço”, afirmou Othon Luiz Pereira da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear.
A construtora voltou ao trabalho e continua negociando um aditivo. E o presidente da Eletronuclear se licenciou enquanto é investigada a denúncia, feita em delação premiada pelo ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, de que havia pagado propinas para conseguir a obra.
O novo prazo para terminar Angra 3 agora é agosto de 2018. Só falta um detalhe: dinheiro. É que o custo que começou em R$10 bilhões já chega a R$ 15 bilhões por causa dos atrasos e correções.
O ministro das Minas e Energia garante que vai resolver o impasse.
"Eu gostaria de te convidar para agosto de 2018 a gente poder assistir o início da geração de teste de Angra 3”, afirmou Eduardo Braga.
Isso só será possível, aumentando o preço da energia de Angra quando ela ficar pronta.
Há dois anos, uma medida provisória da presidente Dilma, a MP 579, forçou as usinas a renovar seus contratos de longo prazo com o governo, por valores mais baixos e o preço da energia caiu, em média, 20%. Aí, o consumo aumentou. Já estávamos num período de seca. Mas foi ela que disparou a crise? Ou falta de planejamento?
"É absolutamente equivocado atribuir à natureza ou à São Pedro a culpa pela situação em que se encontra o sistema, como também foi em 2001 e 2002 no governo Fernando Henrique Cardoso. Ambos tentam atribuir à natureza, o que na verdade é pura responsabilidade do governo, que precisa planejar a demanda e planejar a oferta”, afirma o especialista em setor elétrico Ildo Sauer.
Fantástico: Então a culpa não é de São Pedro?
Ildo Sauer, especialista em setor elétrico: A culpa é do governo agora como foi em 2001.
Sem outras fontes de energia, a água dos reservatórios foi usada além da conta. De lá pra cá a seca só piorou. Os reservatórios foram baixando e as hidrelétricas foram obrigadas a produzir menos energia. Aí, todas as termelétricas que produzem energia com gás, óleo ou carvão foram ligadas ao mesmo tempo. Só que essas usinas foram feitas para casos de emergência, porque a energia delas é muito mais cara. Enquanto um megawatt/hora de uma hidrelétrica é em média de R$ 120, a das térmicas pode passar dos R$ 800. As distribuidoras, que entregam a energia nas nossas casas, a indústria, o comércio foram acumulando bilhões de reais em prejuízo. E como é que essa conta está sendo paga?
Durante dois anos, o rombo foi sendo coberto pelo Tesouro Nacional, aquele dinheiro dos impostos para investir nas escolas, saúde, habitação. O que era para ser economia, custou o dobro.
Fantástico: Durante esse tempo que a tarifa de energia ficou mais barata, o consumidor deixou de pagar trinta e poucos bilhões...
Vital do Rêgo Filho, ministro do Tribunal de Contas da União: R$ 32 bilhões.
Fantástico: R$ 32 bilhões. E quanto o governo aportou para segurar esse...
Vital do Rêgo: R$ 64 bilhões. Para segurar esta economia de fonte do tesouro.
"Chegou ao limite. Ao limite da responsabilidade prudencial do país. Que que aconteceu? O governo teve a coragem e ao mesmo tempo a humildade de dizer ‘nós temos que voltar a um realismo tarifário porque nós não vamos ter como suportar isso’”, diz Eduardo Braga.
Cobrando o preço real da energia, o aumento em média foi de 58% em um ano. Outra conta envolve uma disputa entre a Aneel e as três maiores usinas em construção no país.
Santo Antônio, em Rondônia. No fim do ano, deve gerar energia para 45 milhões de pessoas. Hoje, em um lado da barragem, já está produzindo. Do outro, ainda estão sendo instaladas as turbinas. O volumoso Rio Madeira, não tem esse nome à toa. Todos os dias, são retiradas da barragem toneladas de troncos trazidos pelo rio.
Mas foram greves, depredação e destruição do canteiro que, segundo a Santo Antônio Energia, atrasaram a obra. Uma conta complicada, já que de fato, ela começou a gerar antes do prazo inicial.
Essa possibilidade de ir gerando energia na parte da barragem que já está pronta, enquanto continua as obras em outro trecho, fez com que a Santo Antônio Energia propusesse uma mudança no contrato para começar a gerar um ano antes do previsto. Só que de fato essa antecipação foi de nove meses.
A conta da diferença é de R$ 800 milhões.
"Adotou uma estratégia comercial muito agressiva e tomou para si um risco que eu diria talvez não devesse tomar. Agora, o que não é justo é esse risco ser alocado para quem não teve a escolha de tomar o risco, é do consumidor”, diz Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel.
"A empresa não está se eximindo desse risco. Ela assumiu o risco. Porém ela não pode abrir mão de um direito”, afirmou Eduardo de Melo Pinto, presidente da Santo Antônio Energia.
O direito seria o chamado excludente de responsabilidade, ou seja, descontar o atraso provocado por greves e vandalismo.
"E nós não estamos com isso tentando repassar pra Aneel. Todo o atraso e toda a consequência pelo atraso. Não. É a parcela do impacto das greves possível de enquadrar como excludente”, disse o presidente da Santo Antônio Energia.
Cem quilômetros acima, no Rio Madeira, outra usina, a de Jirau, também está em disputa com a Aneel com relação aos prazos para geração de energia e sobre quem deve pagar a conta pelo atraso. Em Jirau o estrago das greves foi ainda maior. E o atraso gerou uma conta de R$ 3 bilhões.
"O consumidor contratou energia, e ele deve entregar. Se não conseguiu produzir na usina, ele tem a obrigação contratual de comprar no mercado e entregar essa energia”, ressalta Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel.
A usina entrou na Justiça contestando a decisão da Aneel.
"Hoje, Jirau é a terceira maior usina em produção no Brasil, ficando atrás de Itaipu e Tucuruí. E aí é o que o próprio diretor-relator disse: ‘Jirau é muito grande para quebrar’. E nós vamos quebrar se a Aneel continuar insistindo de nos cobrar R$ 3 bilhões”, disse Victor Paranhos, presidente energia sustentável de Jirau.
Belo Monte. A quarta maior hidrelétrica do planeta vai barrar o Rio Xingu, no Pará, e desviar parte da água para um impressionante sistema de diques e canais com até 300 metros de largura. Tudo vai para um reservatório, onde está a barragem principal, que vai produzir mais energia que Santo Antônio e Jirau juntas. Na outra barragem, aquela que desvia as águas, uma outra usina, bem menor, já deveria estar gerando desde fevereiro, mas só deve começar no fim do ano.
"Nós não concordamos com a postergação do cronograma e nem com a exclusão da sua responsabilidade por não ter entrado na data contratada”, disse Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel.
A Norte Energia entrou na Justiça para não pagar essa conta. Diz que ocupações do canteiro de obras por indígenas, manifestações de desapropriados e greves provocaram um atraso que a usina não pôde evitar.
"Entendemos que nem nós nem a sociedade podem ser penalizados por ações que são excludentes de responsabilidade do empreendedor”, afirmou Duílio Diniz de Figueiredo, presidente da Norte Energia.
Por causa da obra a população de Altamira cresceu 50% e as medidas socioambientais que eram compromisso da empresa, não estão prontas. O hospital da cidade, sempre lotado, enquanto o novo, feito pela usina, ainda não foi aberto. Estações de tratamento de água e esgoto modernas. A rede pronta. Mas as ligações com as casas não foram feitas.
Encontramos Seu Otávio e a família de mudança. Ele morava numa ilha que vai ser inundada. Recebeu R$ 12 mil de indenização. O dinheiro se foi rápido. Por dois anos morou de aluguel, com a mulher, os filhos e netos, todos analfabetos. Na cidade, o ribeirinho que vivia de pesca não encontrou trabalho.
"Emprego aqui é só pra quem é sabido. Se não for sabido, não tem emprego”, lamenta Otávio.
Com ajuda da Defensoria Pública da União, a família foi reassentada pela usina num conjunto habitacional. Outras mil famílias cadastradas pela Defensoria não são reconhecidas pela empresa como desalojadas. Os índios que terão suas terras atingidas reclamam que as obras que deveriam ser feitas mal começaram, a empresa diz que investiu R$ 3,5 bilhões nessas obras. Mas sem resolver essas pendências, a licença de operação pode atrasar.
Assim, chegamos a esse ponto. Pelo menos o risco de apagão é pequeno.
"O risco de apagão diminuiu não porque aumentou a produção de energia, mas porque a demanda reduziu de uma maneira brutal devido aos problemas da economia”, explica Mario Veiga, consultor em setor elétrico.
É que o consumo, em vez de crescer 3% em um ano, por causa da crise econômica, caiu 3%. Está 6% menor do que o previsto.
"Então, na prática, nós reduzimos a demanda, mas pela pior razão possível que é a queda da atividade econômica”, informa Mario Veiga.
Mas a conta de luz ainda não parou de subir. Para poupar água das hidrelétricas, todas as térmicas continuam funcionando. Vão ser desligadas aos poucos, até 2018, conforme a energia das novas usinas for entrando no sistema.
Fantástico: Ou seja, daqui até lá vai continuar subindo menos, mas vai continuar subindo?
Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia: Não tem como. Nós não temos como dizer que nós vamos fazer a mágica de invertermos a lógica da gravidade.
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- 03/07/2015 - Jovem brasileira é única semifinalista da América em olimpíada de engenharia nuclearFonte: Info AbrilAs áreas de engenharia e tecnologia ainda contam com pouca presença feminina, mas isso não impede que estas mulheres façam a diferença e e se destaquem em suas carreiras.
É o caso de Alice Cunha da Silva, a jovem estudante de 25 anos que se tornou a única semifinalista do Brasil e das Américas na Nuclear Olympiad, competição internacional de engenharia nuclear promovida pela World Nuclear University (WNU) para premiar alunos de graduação e pós-graduação que apresentem formas de aplicação nuclear que vão além da geração de energia ou combustível.
E o desafio foi grande para a estudante do último ano de engenharia nuclear na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Alice conta a INFO que ficou sabendo do concurso pelo Facebook e pelo site da WNU, e apesar de focar seus estudos justamente na área de geração de energia e usinas, ela teve a ideia de participar da olimpíada falando sobre medicina nuclear - utilizada em tratamentos contra o câncer, mesma doença de sua avó. "É uma área grande e interessante que tem salvado vidas e muita gente não sabe disso", diz.
Para participar da competição, a estudante teve que criar um vídeo de no máximo 60 segundos sobre o tema escolhido. Segundo Alice, os chamados radiofármacos são remédios que podem ser ingeridos ou inalados pelo paciente e têm a característica de se concentrar em regiões isoladas do corpo. "Então, com uma câmera especial que detecta radiação, os médicos podem ter uma imagem melhor de alguns órgãos permitindo fornecer um diagnóstico mais preciso da doença”, diz.
Para chegar até a penúltima fase do concurso, o vídeo de Alice passou por uma triagem com os juízes da World Nuclear University – que analisavam conteúdo, criatividade e relevância do tema – e, depois, foi avaliado pelo número de curtidas no YouTube, plataforma utilizada como base para o concurso.
Agora, a estudante está entre 10 semifinalistas do mundo inteiro e, caso tenha o maior número de curtidas em seu vídeo, passará junto a mais quatro finalistas para a etapa final, que será realizada em 17 de setembro na Agência Internacional de Energia Atômica em Viena, na Áustria.
Esta não é a primeira vez que a jovem se destaca na engenharia. Em entrevista para INFO, Alice conta que já teve a oportunidade de apresentar seu trabalho em um congresso organizado pelo MIT, já estudou por um ano nos Estados Unidos pelo Programa Ciência sem Fronteiras e chegou a co-fundar e presidir a Seção Estudantil de Engenharia Nuclear da UFRJ. Em 2012, ela teve o seu trabalho eleito como o melhor projeto do Centro de Tecnologia durante a Jornada de Iniciação Científica em sua universidade.
Mesmo morando longe da faculdade, na região de Santíssimo, a estudante também ajudou a organizar durante três anos a Semana de Engenharia Nuclear da UFRJ e hoje concilia sua rotina de estudos com um estágio. "Apesar das dificuldades para estudar, a universidade me possibilitou oportunidades que nem meus pais imaginavam pra mim”, afirma.
Para ajudar Alice a chegar em Viena e vencer a olimpíada, basta clicar no botão "Gostar" em seu vídeo no YouTube até quinta-feira, 9 de julho, data em que os juízes farão a contagem no número de curtidas.
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- 02/07/2015 - Finep aposta na retomada do programa nuclear com o físico Rex Nazaré na equipeFonte: Agência BrasilCom a posse hoje (2) do físico Rex Nazaré na diretoria de Projetos Estratégicos Nacionais da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o presidente da entidade, Luís Fernandes, acredita que ocorrerá a retomada do programa nuclear brasileiro. Ele ressaltou que o programa nuclear foi definido pela Constituição e pela vontade soberana dos governantes do Brasil para ser usado com "fins pacíficos”.
Embora tenha papel importante na geração de energia, o programa nuclear tem vários desdobramentos, como aplicações na área da saúde, "com retorno social bastante amplo”, diz o presidente da Finep, entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. É com esse perfil de programa nuclear que ele esperar retomar essa agenda de forma mais intensa, com a vinda de Nazaré, que foi o formulador e executor de um programa de autonomia tecnológica nuclear que levou o Brasil a dominar o setor como um todo.
"Mas esse domínio tecnológico não foi materializado por completo no ciclo de desenvolvimento de energia nuclear no Brasil. É isso que nós pretendemos fazer: materializar essa autonomia de tecnologia nuclear, agora na efetiva produção do ciclo completo. Essa é uma das prioridades da nossa gestão”, explica Fernandes.
Durante a solenidade de posse, no Rio de Janeiro, foi apresentado também o novo diretor da área de Inovação, Elias Ramos. As diretorias foram recompostas com base em três eixos estratégicos de atuação da Finep e do ministério. Um deles consiste em expandir e consolidar o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação – responsabilidade do diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Fernando Ribeiro, da própria Finep.
O segundo eixo é voltado para a promoção da inovação nas empresas, enquanto o de projetos estratégicos nacionais vai cuidar de projetos que envolvam, de alguma forma, a defesa e a preservação da soberania do Brasil e a projeção de sua liderança no mundo. A diretoria de Rex Nazaré tratará dos programas nuclear e espacial, segurança cibernética e da própria área de defesa, informa Fernandes. "A mensagem que nós tentamos passar e a concepção que nos anima e orienta é que a Finep tem que colaborar em toda a cadeia de geração do conhecimento e da aplicação do conhecimento da inovação, porque ela é uma instituição singular.”
A Finep opera instrumentos variados, que englobam convênios para apoiar projetos de infraestrutura em universidades e projetos de cooperação entre institutos científicos e tecnológicos e empresas, subvenção econômica para atividades de inovação nas empresas, investimento para constituição de startups (empresas recém-criadas, em fase de desenvolvimento e pesquisa de mercados) ou novas empresas de base tecnológica, além de crédito. "São poucas as instituições no mundo que operam esse leque tão abrangente de investimentos”. A ideia do presidente da Finep é integrar todos esses instrumentos para a promoção do desenvolvimento do país, por meio da inovação.
Devido ao ajuste fiscal, o orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, cuja secretaria-executiva é exercida pela Finep, sofreu um corte este ano de 30%. O orçamento previsto para o fundo em 2015 alcançava cerca de R$ 3,7 bilhões e, com o corte, deverá ficar em torno de R$ 2,8 bilhões. Luís Fernandes considera, entretanto, que essa medida é transitória.
"Este é um ano marcado pelo esforço de ajuste das contas públicas e nós somos solidários com esse ajuste. Achamos que ele é necessário para reequilibrar as contas públicas no país e criar as condições para a retomada do crescimento econômico e do investimento público, como promotor desse desenvolvimento”, diz o presidente da Finep.
Ele acrescenta que a Finep pode superar as restrições impostas pelo ajuste, tendo mais foco estratégico nas ações. Em vez de dispersar iniciativas, a ideia é ter foco em ações estruturantes na cadeia de inovação e na cadeia da geração do conhecimento. "Essa é a alternativa da agência, enquanto não é viabilizada a recomposição do fundo. Estamos otimistas com a perspectiva de poder recompor a capacidade de financiamento do fundo.”
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- 02/07/2015 - Brasil terá primeira fábrica de equipamentos para radioterapia da América LatinaFábrica é resultado de acordo do Ministério da Saúde para maior independência do mercado externo e expansão do tratamento de câncer no País. Indústria será construída em Jundiaí (SP)
Fábrica é resultado de acordo do Ministério da Saúde para maior independência do mercado externo e expansão do tratamento de câncer no País. Indústria será construída em Jundiaí (SP)
Fonte: Portal Brasil
Um acordo assinado nesta quinta-feira (2) entre Ministério da Saúde e a empresa Varian Medical Systems garantirá ao Brasil a primeira fábrica para soluções de radioterapia da América Latina. A indústria, que será construída em Jundiaí (SP), será a terceira unidade da empresa no mundo a produzir aceleradores lineares, utilizados para a realização de radioterapia no tratamento do câncer. O acordo assinado na 9ª edição da reunião do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (GECIS) faz parte da compensação tecnológica prevista no Plano de Expansão da Radioterapia no SUS, lançado em 2012. A previsão é que a unidade inicie suas atividades em dezembro de 2018.
A compensação será realizada por meio da prática do offset, que alia a aquisição do produto à geração de benefícios industriais, tecnológicos ou comerciais. A iniciativa pioneira na área civil e liderada pelo Ministério da Saúde foi adotada por ser capaz de criar alternativas comerciais que possibilitem maior inserção internacional e também como forma de buscar o fortalecimento tecnológico e o desenvolvimento industrial. Além da fábrica para produção de aceleradores lineares, estão previstas outras ações de desenvolvimento e qualificação de fornecedores locais, desenvolvimento de softwares e a criação de um centro de treinamento e capacitação no Brasil.
"A expansão da radioterapia é um processo fundamental e estruturante, tanto para as pessoas que tem câncer quanto para o complexo industrial da saúde. Trata-se de um conjunto de iniciativas que vão transformar o Brasil em uma plataforma de negócios para toda a América Latina. Se antes o tempo entre a decisão de se comprar equipamentos e o início de seu funcionamento demorava cerca de dez anos, agora a expansão levará cinco anos”, garantiu o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Autonomia frente ao mercado externoAtualmente, tanto os aparelhos, aceleradores lineares, como suas peças e softwares utilizados na programação das sessões de radioterapia e organização da assistência são importados, de forma que seus custos e preços sofrem constantemente com flutuações cambiais e tornam o Brasil totalmente dependente do mercado externo. O acordo dará ao Brasil maior autonomia nesta área estratégica para a saúde em relação ao mercado internacional.
"Este é um projeto absolutamente inovador. Na área civil, é a primeira vez que o modelo offset é usado e o que queremos é que esta seja a porta de entrada para projetos deste tipo no governo brasileiro”, disse o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), Jarbas Barbosa.
Capacitação de fornecedores e profissionais"Com a fábrica e o centro de educação instalados no Brasil, vamos capacitar todos os profissionais da América Latina. Serão mais de 50 treinamentos por ano e mais de 1.000 profissionais capacitados”, informou o presidente da Varian no Brasil, Humberto Izidoro.
O processo de produção nacional pela empresa Varian e qualificação de fornecedores brasileiros deverá ocorrer em um prazo de cinco anos a contar da assinatura do contrato comercial de aquisição das soluções de radioterapia, assinado em dezembro de 2013. No acordo está previsto que a Varian capacite fornecedores para a linha de produção e profissionais brasileiros para garantir que o produto final tenha ao menos 40% de partes, peças, acessórios e softwares produzidos no Brasil.
A fábrica ocupará uma área 17.500 m² e garantirá a criação de empregos. A escolha por uma cidade do interior de São Paulo, Jundiaí, deve-se à infraestrutura local, com acesso a aeroportos internacionais e de carga, rodovias e porto, bem como a proximidade de centros de ensino e de centros de tratamento de câncer.
Este acordo de compensação tecnológica é um dos desdobramentos do Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) em que o Ministério da Saúde realizou a maior compra pública mundial de aceleradores lineares. Foram adquiridos um total de 80 equipamentos para ampliação da rede pública de atendimento radioterápico. A iniciativa conta com um investimento previsto de cerca de R$ 500 milhões para a compra dos aceleradores, as obras de ampliação e a criação de serviços em estados e regiões que não disponibilizam desses equipamentos. O valor da compra dos equipamentos, elaboração de projetos e acompanhamento de obras, licitados em R$ 119,9 milhões, foram 60% menor que o inicialmente estimado, gerando uma economia de R$ 176 milhões aos cofres públicos até o momento. -
- 02/07/2015 - Energia Nuclear nos BRICSFonte: Ambiente EnergiaÉ inequívoca a importância estratégica do Brasil se manter ativo na exploração dos usos pacíficos da energia nuclear, expandindo seu domínio tecnológico e capacidade industrial instalada nos diversos setores associados, como produção de radioisótopos para medicina e indústria, produção de combustível nuclear, propulsão nuclear naval e geração elétrica nuclear. Para isso, a cooperação dentro dos BRICS desponta como uma excelente oportunidade.
Um aspecto pouco discutido sobre os BRICS é o fato de todos os cinco países terem uma indústria nuclear desenvolvida. Esse aspecto comum é pouco explorado nas discussões sobre as relações internas do grupo e externas, do grupo com o resto do mundo.
A geração elétrica nuclear faz parte da matriz energética de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com diferentes graus de contribuição. Somado, o parque de geração nuclear do BRICS monta a 86 usinas em operação (2 no Brasil, 34 na Rússia, 27 na China, 21 na Índia e 2 na África do Sul), o que representa 20% do parque mundial. O grupo também tem 40 usinas em construção (1 no Brasil, 24 na China, 6 na Índia e 9 na Rússia), o que representa 60% das futuras usinas a entrarem em operação ao longo dessa década. Em termos de geração líquida em 2014, o Brasil produziu 15.385 GW.h de eletricidade nuclear (2,86% do total de geração nacional), a Rússia 169.049 GW.h (18,57%), a Índia 33.232 GW.h (3,53%), a China 130.580 GW.h (2,39%) e a África do Sul 14.749 GW.h (6,20%)[1].
O projeto e construção das usinas russas são totalmente autóctones. O parque nuclear chinês se iniciou também de forma autóctone, porém a China passou a adotar na década de 1990 a política de adquirir usinas de outros países, incluindo a Rússia, mas também dos EUA e França, e promover transferência de tecnologia que lhe permitisse desenvolvê-las localmente. A política teve sucesso e hoje seu parque já inclui usinas de projeto e construção local. A grande maioria das usinas indianas também é de projeto e construção nacional, mas se derivam de uma transferência de tecnologia inicial do Canadá. Só recentemente a Índia adquiriu usinas no exterior, no caso da Rússia, e tem negociado a compra de outras com outros países fora do grupo.
As usinas brasileiras e sul-africanas foram adquiridas de países fora do grupo: EUA e Alemanha, no caso do Brasil, França, no caso da África do Sul. Esses países tentaram uma política de transferência de tecnologia com, respectivamente, Alemanha e França, similar àquela adotada pela China, porém sem sucesso, dependendo hoje da importação de tecnologia para expansão de seus parques.
A Rússia é hoje o maior exportador de usinas nucleares no mundo, com 11 projetos em andamento no exterior[2]. A China deverá em breve tornar-se também importante ator nesse mercado, no passado dominado pelos EUA e Europa, já tendo concluído uma venda de um projeto autóctone para o Paquistão.
Em termos recursos razoavelmente assegurados (Reasonably Assured Ressources – RAR) e inferidos de urânio, os BRICS somam 22,72% dos recursos globais (Brasil 3,62%, Rússia 9,03%, Índia 1,57%, China 2,61% e África do Sul 5,9%)[3]. Entretanto, o Brasil teve apenas 1/3 de seu território prospectado até o momento. As características geológicas do País, cujas áreas de formação pré-cambriana, propícias à ocorrência de urânio, terem extensão quase idêntica às mesmas áreas na Austrália, país que detêm a maior reserva (24% dos recursos RAR e inferidos globais), fazem crer que um esforço de pesquisa nacional poderia alterar em muito o quadro atual[4]. A China também tem significativa parte de seu território ainda sem prospecção adequada e está fazendo esforços nesse sentido.
A Rússia também atua no mercado internacional como fornecedor de serviços de conversão, enriquecimento e fabricação de elementos combustíveis. A China depende de importações de urânio para produzir o combustível para seus reatores, mas a conversão, enriquecimento e fabricação de elementos combustíveis são feitas localmente. A Índia também depende de importações de urânio e enriquecimento, mas faz a conversão e fabrica os elementos combustíveis localmente. Note-se que a maior parte do parque indiano de usinas usa urânio natural, não requerendo enriquecimento. A África do Sul produz o urânio, faz a conversão e fabrica elementos combustíveis para suas usinas localmente, mas o enriquecimento é feito no exterior. O Brasil também produz o urânio e fabrica os elementos combustíveis localmente, mas importa os serviços de conversão e enriquecimento, este último parcialmente, na medida em que tem uma capacidade de produção nacional insuficiente.
Todos os cinco países operam reatores de pesquisa e de produção de radioisótopos para usos médicos e industriais, também produzindo o combustível para esses reatores, e fazem amplo uso das diversas aplicações nucleares não energéticas. Rússia e África do Sul são também exportadores de radioisótopos.
As Marinhas de Rússia, China e Índia projetam, constroem e operam submarinos de propulsão nuclear. A Índia se iniciou alugando unidades de origem russa, mas recentemente lançou ao mar sua primeira unidade de projeto e construção nacional. O Brasil desenvolve de forma autóctone um programa para obtenção desses navios, que se encontra em estágio avançado.
Rússia e China são estados nuclearmente armados "de juris”, isto é, de acordo com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). A Índia também possui armas nucleares, mas não é membro do TNP, sendo um estado nuclearmente armado "de facto”. A África do Sul já foi também um estado nuclearmente armado "de facto”, porém abandonou-as com a mudança de regime e assunção de Nelson Mandela à presidência do país. O Brasil renunciou às armas nucleares pela Constituição de 1988 e posteriormente, em 1999, aderiu ao TNP como estado não nuclearmente armado.
Os BRICS, portanto, são um grupo de países nuclearmente desenvolvidos. Inclui a Rússia, que comparte com os EUA a liderança mundial no setor e a China, que muito em breve se ombreará e esses dois países. A Índia tem um alto grau de avanço no setor, pouco inferior à Rússia e China. Brasil e África do Sul, por sua vez, fazem parte também da vanguarda do setor no mundo, ainda que num patamar inferior aos outros três parceiros.
O fato de todos os BRICS terem uma indústria nuclear desenvolvida, ainda que em diferentes graus, abre todo um amplo leque de possibilidades de cooperação e sinergias que explorem as complementaridades entre os países e que possam reforçar a competitividade do grupo com um todo.
Note-se aqui que o Brasil é o único país do grupo que não possui nem nunca possuiu armas nucleares. Interessa muito a nosso País manter sua opção constitucional pelo uso exclusivamente pacífico da energia nuclear. Isso lhe dá um caráter único junto aos parceiros do BRICS, que se reflete numa autoridade moral e ética que pode ser explorada politicamente em diversas situações como, por exemplo, na necessária reforma do Conselho de Segurança da ONU e na arbitragem de crises nucleares internacionais. Essa "vantagem competitiva” é muito mais valiosa do que a posse de armas nucleares que, ao final das contas, são feitas para nunca serem usadas.
Entretanto, uma análise equilibrada[5] mostra de forma inequívoca a importância estratégica do Brasil se manter ativo na exploração dos usos pacíficos da energia nuclear, expandindo seu domínio tecnológico e capacidade industrial instalada nos diversos setores associados, como produção de radioisótopos para medicina e indústria, produção de combustível nuclear, propulsão nuclear naval e geração elétrica nuclear. Para isso, a cooperação dentro dos BRICS desponta como uma excelente oportunidade.
[1] IAEA Power Reactor Information System, http://www.iaea.org/pris/, consultado em 08/05/2015
[2] Atomstroyexport, http://www.atomstroyexport.ru/wps/wcm/connect/ase/eng/ , consultado em 08/05/2015
[3] URANIUM 2014: RESOURCES, PRODUCTION AND DEMAND, NEA No. 7209, © OECD 2014, disponível em http://www.oecd-nea.org/ndd/pubs/2014/7209-uranium-2014.pdf, consultado em 08/05/2015
[4] Pires, Fernando Roberto Mendes, Urânio no Brasil : geologia, jazidas e ocorrências – Rio de Janeiro : Vitrina, 2012, disponível em https://www.academia.edu/7828249/Ur%C3%A2nio_no_Brasil_Geologia_Jazidas_e_Ocorr%C3%AAncias, consultado em 08/05/2015
[5] Silva, Carlos Augusto Feu Alvim da e Guimarães, Leonam dos Santos, As dez maiores economias e a energia nuclear: reflexões para o futuro do Brasil, Revista Brasileira de Planejamento e Orçamento RBPO, Brasília, Vol 1, no 2, 2011, págs 85-94, disponível em http://www.assecor.org.br/index.php/rbpo/vol-1-numero-2-2011/, consultado em 08/05/2015 .
(*) Diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Eletrobrás/Eletronuclear
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- 02/07/2015 - MCTI assina sete acordos de cooperação com EUA durante visita da presidenta Dilma ao paísFonte: Jornal da Ciência
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e suas instituições assinaram sete acordos de cooperação bilateral por ocasião da visita oficial da presidente Dilma Rousseff ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Um deles, assinado pelo ministro Aldo Rebelo e pelo diretor do Escritório de Política de Ciência e Tecnologia dos EUA (OSTP, na sigla em inglês), John Holdren, é o Plano de Ação 2015-2017, definido pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos de Cooperação Científica e Tecnológica (Comista).
A assinatura ocorreu no Departamento de Estado norte-americano, nesta terça-feira (30), durante almoço oferecido pelo vice-presidente Joe Biden em homenagem à presidenta Dilma. O Plano de Ação assinado por Aldo e Holdren é a parte integral da 4ª Reunião da Comista, que abrangeu as áreas de desastres naturais, ecossistemas, energias limpas e renováveis, saúde, física de altas energias, luz síncrotron, segurança cibernética, popularização da ciência e inovação. Ligado à Casa Branca, o OSTP é o órgão do governo dos EUA correspondente ao MCTI.
Em maio, Aldo e delegação estiveram em Washington para as discussões da Comista e outros compromissos preparatórios à visita presidencial. Os trabalhos da Comissão permitiram o encaminhamento dos consensos oficializados hoje.
Área aeroespacial
A instalação, no Brasil, de uma estação terrestre ligada ao Programa da Constelação do Sistema de Observação para Meteorologia, Ionosfera e Clima (Cosmic-2) é o objetivo de anexo assinado pelo titular do MCTI e pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês). Trata-se de um complemento a um memorando já em vigor.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) se compromete a adquirir, construir, instalar, operar e manter a estação em local a ser definido com a instituição parceira. A ideia é que a infraestrutura entre em operação pelo menos seis meses antes do primeiro lançamento do programa, previsto para setembro de 2016. Parceria entre EUA e Taiwan, o Cosmic-2 visa desenvolver, lançar e operar uma missão de satélites que suceda a primeira edição do Cosmic, no intuito de coletar dados troposféricos e ionosféricos como insumos para previsões de tempo diárias, estudos climáticos e pesquisa espacial.
A Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI) e a National Aeronautics and Space Administration (Nasa, a agência espacial norte-americana) assinaram acordos para ampliar os estudos sobre o clima espacial e global e os da área de heliofísica, ciência que estuda o Sol.
Com o primeiro acordo, o Brasil passa a integrar o Programa de Aprendizagem e Observações Globais em Benefício do Meio Ambiente (Globe, na sigla em inglês), ação de ciência e educação ambiental que reúne estudantes, professores e cientistas. A parceria tem duração mínima de cinco anos.
Na área de heliofísica, as agências espaciais acertaram que o Brasil participará de missões que estudam o Sol e os arredores da Terra, tais como a Magnetospheric Multiscale Satellites (MMS) e a Van Allen Probes. O compartilhamento de dados deve melhorar os resultados e aumentar a produtividade científica dentro dessa especialidade.
As agências anunciaram, ainda, parceria firmada no dia 18 para aumentar as oportunidades para estudantes brasileiros de graduação e pós-graduação participarem do Programa de Estágio Internacional Nasa. O projeto permitirá a troca de experiência entre alunos dos dois países.
Luz síncrotron e competitividade
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) firmaram memorando de entendimento com o Laboratório Nacional Argonne e o Advanced Photon Source (APS), para desenvolver mecanismos e processos para aprofundar a colaboração relacionada a pesquisa e desenvolvimento (P&D) com fontes de luz síncrotron.
O texto menciona, como formas de cooperação, o intercâmbio de dados científicos e técnicos, a organização de encontros para discutir tópicos específicos voltados às atividades, o planejamento de projetos e a mobilidade acadêmica de cientistas, engenheiros e outros especialistas.
Outro memorando envolve a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) e o Council on Competitiveness (CoC), no campo de inovação e competitividade. O objetivo é estabelecer um quadro de cooperação que contribua para a melhoria das políticas públicas brasileiras e norte-americanas na área.
O entendimento inclui a mobilização de empresas, capacitando-as e contribuindo para a melhoria das políticas. Além disso, tem a finalidade de promover a inovação empresarial, influenciando a criação de um ambiente favorável aos negócios e incentivando o desenvolvimento humano e tecnológico, por meio da organização e disseminação do conhecimento.
Neutrinos
Por fim, uma declaração de intenções prevê a promoção de esforços de pesquisa e desenvolvimento colaborativos em física de neutrinos. Ela envolve o MCTI e o Departamento de Energia dos Estados Unidos (equivalente à pasta da área).
As duas partes manifestam o objetivo de celebrar acordos para realizar P&D em qualquer tópico mutuamente acertado. Há possibilidade, ainda, de adicionar áreas de interesse comum, à medida que surgirem prioridades. O documento destaca a compreensão relativamente baixa da humanidade acerca de aspectos da física de neutrinos, especialmente aqueles associados à massa da partícula subatômica – desprovida de carga elétrica e conhecida por sua leveza e abundância no universo.
Visita
Nesta quarta-feira (1º), a presidenta Dilma e sua delegação visitam centros de alta tecnologia, instituições de ensino e empresas na Califórnia. A agenda inclui a Universidade da Califórnia, a sede do Google, a Universidade de Stanford, o SRI International e o Centro de Pesquisas Ames, da Nasa.
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- 30/06/2015 - Governo autoriza financiamento da Caixa para Angra 3Fonte: Exame.comDa Reuters
O Ministério da Fazenda autorizou a contratação de garantias entre a União e a Termonuclear, empresa da Eletrobras, para financiamento da Caixa Econômica Federal de 3,8 bilhões de reais para aquisição de equipamentos importados e pagamento de serviços internacionais para a usina nuclear de Angra 3.
A autorização consta no Diário Oficial da União desta terça-feira.
No fim da semana passada, a empresa francesa de energia nuclear Areva disse que reduziu o ritmo dos trabalhos na usina devido a atrasos nos financiamentos.