Ipen na Mídia
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- 30/11/2021 - Especialistas debatem irradiação de alimentos como futuro para a agricultura no INAC 2021MAPA idealiza plano de negócio para aumentar exportações
MAPA idealiza plano de negócio para aumentar exportações
Fonte: ABEN
Na tarde desta terça-feira, 30, a aplicação da tecnologia nuclear no setor agrícola foi debatido por pesquisadores e especialista no XV Encontro de Aplicações Nucleares (XV ENAN), realizado dentro da décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico - International Nuclear Atlantic Conference (INAC 2021), promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).
O encontro promoveu um debate em torno do fomento de planos de negócios e da desmistificação do consumo e do custo para promover a irradiação de alimentos, técnica que expõe os produtos agrícolas a uma quantidade de radiação controlada e que pode colaborar com a conservar alimentos para exportação, o controle biológico e erradicação de pragas e insetos.
Conforme apresentado, a energia nuclear vem sendo utilizada em diversas partes do mundo na desinfestação de larvas em frutas.
A mesa foi coordenada por Anna Lucia Villavicencio, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e Valter Arthur do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA). Entre os debatedores, estiveram Luis Rangel, diretor de Estudos e Prospecção da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura (MAPA); Tiago Rusin, Assessor Técnico no Departamento de Coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI); e Roberto Betancourt, diretor titular de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Luiz Rangel apresentou alguns pontos do plano de negócios para irradiação na agropecuária desenvolvido pelo MAPA. Segundo ele, até 2050 a demanda por alimentos no mundo crescerá 33%, sendo necessário que o Brasil se prepare para superar as barreiras sanitárias envolvendo a exportação de alimentos e atenda à demanda necessária no futuro.
Roberto Betancourt, da Fiesp, destacou a prioridade em se pensar e criar estratégias para implementação da irradiação de alimentos, para ele "essa técnica vai contribuir com redução de perdas e do desperdício de alimentos, reduzindo os custos da operação de produção e transporte”, ressalta. Ao exemplificar a cadeia de produção do amendoim, Betancout, sugere que a adoção da irradiação pode possibilitar uma redução de 15% de perdas e aumentar o dobro das exportações no País.
"O país tem técnicas altamente qualificadas, falta desmistificar a utilização da irradiação e partir para ação. Precisamos deixar de utilizar produtos químicos que deixam resíduos e produzir produtos de valor agregado” revela Betancout.
Por fim, Tiago Rusin fez uma apresentação da estrutura organizacional e das estratégias do governo brasileiro para promover a técnica de irradiação de alimentos no País. Para Rusin, o intuito é ampliar a durabilidade de forma segura, reduzindo o desperdício e expandindo o mercado exportador. "O projeto piloto de irradiação de mangas mostrou que elas duram em médida três vezes mais depois da exposição à energia nuclear. A irradiação elimina parasitas e reduz o brotamento em muitos vegetais” explicou.
A programação completa está no site www.inac2021.com.br
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- 30/11/2021 - Aplicações Nucleares na BiomedicinaO soro terapêutico que reduz o avanço da Covid e a pele “humana” a partir do colágeno de peixe, que sai na impressora 3D
O soro terapêutico que reduz o avanço da Covid e a pele “humana” a partir do colágeno de peixe, que sai na impressora 3D
Fonte: ABEN
Desde abril do ano passado, o Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares – IPEN/CNEN, vem promovendo testes de inativação de vírus SARS-COV-2, do Coronavírus, através de radiação ionizante com fonte de cobalto 60. Segundo a farmacêutica-bioquímica Mônica Mathor, "chegaram a um soro terapêutico para ser usado em pacientes com comorbidades, contaminados pela Covid. A Anvisa já aprovou o estudo clínico no Hospital do Rim e para pacientes oncológicos do Hospital das Clínicas”.
"Esses estudos mostraram outra aplicação desse processo de radiação no SARS-CoV-2, um vírus muito sensível à radiação: a esterilização de tecidos biológicos para bancos de tecidos (muito pouco usados por causa da pandemia)”, conta Mônica.
Uma técnica tem sido explorada nessa linha de reposição de tecidos humanos usando a pele de tilápia – desenvolvida no IPEN há cerca de quatro anos e que hoje tem mais de 200 pesquisadores envolvidos no estudo de multicentros em todo o mundo.
Os pesquisadores descobriram que retirando colágeno da pele de tilápia esterilizada por radiação e injetando numa impressora 3D é possível fabricar pele.
O assunto foi um dos temas do Encontro Nacional de Aplicações Nucleares – ENAN, que aconteceu dentro da INAC 2021. Mais especificamente na mesa redonda "New Trends in Radiation Processing”, no dia 30/11/21.
A programação completa está no site www.inac2021.com.br
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- 30/11/2021 - MCTI estuda produção de radiofármacos por laboratórios especializadosO ministro do MCTI, Marcos Pontes, se reuniu nesta terça-feira (30) com representantes do Laboratório Cristália e com diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI)
O ministro do MCTI, Marcos Pontes, se reuniu nesta terça-feira (30) com representantes do Laboratório Cristália e com diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTI)
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e InovaçõesO ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, participou nesta terça-feira (30) de uma reunião com representantes do laboratório Cristália e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que faz parte da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao MCTI. O laboratório sugeriu que a produção de radiofármacos, que hoje são produzidos exclusivamente pelo IPEN, pode ser auxiliada pela iniciativa privada e colocou-se à disposição do ministério e do país para estudar uma possível parceria.
O ministro Marcos Pontes demonstrou entusiasmo pela possibilidade. "Se a gente tivesse uma empresa pública, por exemplo, uma fundação, que consiga fazer essas transações sem ter que manejar recursos na caixa do Tesouro o problema estaria resolvido”. Hoje, o recurso gerado pela produção de radiofármacos do IPEN, que são vendidos para hospitais de todo país, não retornam diretamente para o instituto. O dinheiro vai para o Tesouro Nacional e só depois o Governo Federal libera recursos dentro do orçamento para o ministério, que o divide com as diversas vinculadas – entre elas a CNEN/MCTI.
O diretor de Pesquisa de Desenvolvimento da CNEN/MCTI, Madison Almeida, destacou que o Brasil ainda é dependente da importação destes radioisótopos, mas que a produção de radiofármacos no IPEN não está comprometida, e aponta uma solução no futuro. "Nós temos hoje uma dificuldade orçamentária; a dificuldade produtiva inexiste. O fato é que o Brasil ainda é dependente da importação desses radioisótopos, dos quais com o Reator Multipropósito Brasileiro pronto daqui cinco anos, nós seremos independentes”.
Recentemente o País passou por uma descontinuidade na produção de radiofármacos, necessários para milhares de pacientes em tratamento de câncer no país. O MCTI conseguiu de forma emergencial recursos do Governo Federal para a manutenção da produção destes medicamentos. Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro Marcos Pontes, esclareceu que o gargalo na produção dos radiofármacos ainda são entraves orçamentários. "O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações tem tomado uma série de ações desde junho de 2020, há mais de um ano, e chegou nessa situação por causa de fatores contribuintes. O problema não está resolvido, é um problema sério. Nós colocamos R$ 19 milhões no limite da lei orçamentária, mas isso não vai resolver o problema”, declarou o ministro na ocasião.
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- 30/11/2021 - Novos usos da radiação - mesa-redonda da INAC 2021Na International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2021, produzida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear- ABEN com o tema: “Tecnologia Nuclear: redução da nossa pegada de carbono e aumento da qualidade de vida”, acontecerá a mesa-redonda “New Trends in Radiation Processing" no dia 30/11/21 de 14h às 15h30min.
Na International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2021, produzida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear- ABEN com o tema: “Tecnologia Nuclear: redução da nossa pegada de carbono e aumento da qualidade de vida”, acontecerá a mesa-redonda “New Trends in Radiation Processing" no dia 30/11/21 de 14h às 15h30min.
Fonte: ABEN
Processamento por radiação é uma técnica que usa radiação gama, feixes de elétrons e de raios-X para irradiar produtos e preservar ou modificar suas características. A grande vantagem dessa técnica reside na obtenção de efeitos físicos, químicos e biológicos reprodutíveis com controle adequado da dose absorvida no material irradiado.
O coordenador do debate será Wilson Calvo, superintendente do IPEN-CNEN/SP. E à mesa estarão três convidados: Bumsoo Han- da Agência Internacional de Energia Atômica; e Wilson Cody diretor de desenvolvimento de negócios da Ion Beam Accelerators/IBA - fabricante de aceleradores; e Florent Kuntz, pesquisador da Aerial.
Bumsoo Han vai abordar as novas tendências de processos relevantes na área de processamento por radiação; Wilson Code vai abordar as características do Rhodotron - um moderno e complexo acelerador de elétrons que permite também a produção de raios X; e Florent Kuntz sobre os novos sistemas dosimétricos adequados para usar nos processos em desenvolvimento.
Atualmente, a esterilização de produtos médicos, tratamento de alimentos e modificação de polímeros são as aplicações mais importantes na indústria de processamento por radiação. Mas o espectro de aplicações é muito amplo: preservação de obras de arte e patrimônio cultural, despoluição de gases e águas com grande contribuição ao meio ambiente e pesquisas na área de biomédica, como irradiação de osso, peles e tecidos.
Acompanhe a INAC 2021 no site www.inac2021.com.br
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- 29/11/2021 - Reator nuclear pode tornar Brasil autossuficiente em radiofármacosEmpreendimento reduzirá riscos de desabastecimento e custos dos medicamentos, além de ampliar o acesso dos brasileiros à medicina nuclear
Empreendimento reduzirá riscos de desabastecimento e custos dos medicamentos, além de ampliar o acesso dos brasileiros à medicina nuclear
Fonte: AmazulSão Paulo, 29 de novembro de 2021 - O Brasil deverá tornar-se autossuficiente na produção de radiofármacos para o diagnóstico por imagens e tratamento de câncer e outras doenças com o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujo projeto detalhado acaba de ser concluído pela Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) e pela empresa argentina Invap, dentro do convênio de parceria técnica com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
O RMB é um reator nuclear de pesquisa que tem como uma de suas finalidades a produção de radioisótopos, que são o insumo para radiofármacos utilizados na medicina nuclear.
"Como a maioria dos radioisótopos é importada, o RMB reduzirá os riscos de desabastecimento e os custos de produção dos radiofármacos e da realização de exames. Com isso, criará condições para investimentos privados na área de medicina nuclear e a ampliação do número de pessoas aos benefícios da medicina nuclear”, afirma o engenheiro Francisco Roberto Portella Deiana, diretor-presidente interino da Amazul.
A tecnologia nuclear é usada na cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia, principalmente. Os radiofármacos permitem realizar diagnósticos precisos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais e demências, entre outros. A medicina nuclear é a maneira mais eficiente de detectar o câncer, pois define o tipo e a extensão de tumor no organismo, o que ajuda a decisão sobre qual o tratamento mais indicado para cada caso.
Atualmente, o Brasil compra os insumos da Rússia, África do Sul e Países Baixos. Para atender à demanda anual de cerca de 2 milhões de procedimentos em medicina nuclear, o país gasta cerca de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,6 milhões) em radioisótopos que são processados e enviados a 430 hospitais e clínicas brasileiras.
Orçado em cerca de US$ 500 milhões, o RMB é um empreendimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, gerido pela Cnen, em parceria técnica da Amazul. Para a construção do complexo do RMB já existe área de 2 milhões de metros quadrados adjacente ao Centro Industrial e Nuclear Aramar, no município de Iperó, no interior de São Paulo. Do total, 1,2 milhão de metros quadrados foram cedidos pela Marinha do Brasil e o restante por meio de desapropriação realizada pelo governo do Estado de São Paulo.
O empreendimento já obteve a aprovação das licenças ambientais para o início das obras e atualmente estão sendo executados planos socioambientais preliminares.
Importância do empreendimento
O projeto de engenharia de detalhamento do RMB inclui, além do reator propriamente dito, as estruturas, sistemas e componentes do complexo que abrange prédios e outras instalações. Devido à complexidade do empreendimento, o trabalho envolveu a elaboração de 3.842 documentos pela Amazul e a verificação de outros 5.348 elaborados pela argentina Invap, responsável pelo projeto relativo ao prédio do reator.
Para a realização do projeto, foi fundamental a expertise da Amazul em 13 áreas de conhecimento de engenharia em geral e sete de tecnologia nuclear, além da alta qualificação de seus profissionais.
Nessa etapa, foram liberados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, recursos da ordem de R$ 150 milhões. Os responsáveis pelo empreendimento estão realizando gestões para a obtenção de recursos para o início das obras de construção.
Com o RMB, o País sairá da condição de importador de radioisótopos para uma maior autonomia e eventual posição de exportador, além de se tornar um polo de desenvolvimento de novos radiofármacos de interesse nacional.
O Brasil tem quatro reatores nucleares de pesquisa dedicados a atividades diversas como pesquisa básica e tecnológica, produção de radioisótopos, testes de combustível nuclear e desenvolvimento de novos materiais, dentre outras aplicações.
Os radioisótopos são produzidos em maior escala apenas pelo reator IEA-R1, com potência máxima de 5 megawatts (MW), instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Segundo José Augusto Perrotta, coordenador-técnico do projeto do RMB, esse reator não tem capacidade para produzir em escala o molibdênio-99, radioisótopo que dá origem ao radiofármaco tecnécio-99m, empregado em 80% dos procedimentos de medicina nuclear realizados no país.
O RMB, de 30 MW, é um reator nuclear mais potente e com maior espectro de aplicações que o do Ipen. Além de radioisótopos, produzirá traçadores que são usados em pesquisas em agricultura, indústria, proteção do meio ambiente e biologia. Permitirá, por exemplo, a realização de testes de materiais e combustíveis nucleares para reatores de potência, utilização de feixes de nêutrons para pesquisa científica e tecnológica e em diversos campos da ciência, análise por ativação neutrônica, além de treinamento de pessoal para manutenção e operação de reatores de potência. Essas tecnologias permitem, por exemplo, testar materiais, localizar fissuras em superfícies como asas de avião ou verificar a quantidade de agrotóxicos contida em alimentos.
"É o grande projeto estruturante da ciência e tecnologia nuclear no país", diz Madison Coelho de Almeida, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen.
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- 23/11/2021 - CTMSP e IPEN assinam acordo de parceria para operação do reator IEA-R1Reator é fundamental na produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear
Reator é fundamental na produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear
Fonte: Defesa Aérea e Naval
Por Luiz Padilha
No dia 18 de novembro, o editor do Defesa Aérea & Naval teve o privilégio de presenciar a assinatura do Acordo de Parceria entre o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), que objetiva capacitar recursos humanos da Marinha para a operação prolongada do reator IEA-R1 do IPEN.
O IEA-R1 é um reator de pesquisa tipo piscina, moderado e refrigerado a água leve e que utiliza elementos de berílio e de grafite como refletores. Foi projetado para operar a uma potência máxima de 5 MW. Sua primeira criticalidade ocorreu em 16 de setembro de 1957 e pode ser utilizado para várias finalidades,com destaque para a produção de radioisótopos para uso em medicina nuclear, tais como: o Samário-153, utilizado como paliativo da dor em metástases óssea e no tratamento de artrite reumatóide; o Iodo-131, utilizado na terapia de câncer de tireóide e hipertireoidismo, na terapia de hepatomas, na localização e terapia de feocromocitomas, neuroblastomas e outros tumores, no estudo da função renal, na determinação do volume plasmático e volume sanguíneo total; e o Irídio-192, produzido na forma de fios metálicos, utilizados na técnica de braquiterapia para o tratamento de câncer. Pesquisas estão sendo realizadas para a produção de geradores de Tecnécio-99m, Lutécio-177 e Rênio-188.
No Brasil é crescente a utilização de radiofármacos em diagnósticos, terapias, avaliação e tratamento de neoplasias, cardiopatias, neuropatias e outras enfermidades. Atualmente, o País conta com mais de 400 serviços de medicina nuclear distribuídos por todo o território, sendo que os radiofármacos fornecidos pela CNEN propiciam a realização de cerca de dois milhões de procedimentos por ano, com aproximadamente 70% deles cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dos quais apenas o Samário 153 é produzido no País, correspondendo a menos que 1% dos exames realizados. Essa realidade irá mudar em breve, pois essa parceria propiciará a retomada e aumento da produção dos radioisótopos Iodo 131 e Lutécio 177, hoje importados a um custo de dezenas de milhões de reais anuais, além da realização de pesquisas de novos radioisótopos.
Segundo o IPEN, além dos pesquisadores do Centro do Reator de Pesquisas (CRPq), onde o reator está localizado, também utilizam os serviços de irradiação do IEA-R1:
– Centro de Engenharia Nuclear (CEN),
– Centro de Tecnologia das Radiações (CTR),
– Diretoria de Radiofármacos (DIRF),
– Centro de Metrologia das Radiações (CMR),
– Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP,
– Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP),
– Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF),
– Instituto de Engenharia Nuclear (IEN),
– Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN),
– Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
– Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB),
– Instituto de Geociências da USP,
– Instituto de Física da USP,
– Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD),
– Universidade Federal Fluminense (UFF) e
– TRACERCO do Brasil (empresa privada que executa inspeções e testes em refinarias de petróleo).Para o CTMSP, além de contribuir para o atendimento dessa demanda específica de saúde da sociedade brasileira, em parceria com o IPEN, esse Acordo irá propiciar o aumento da capacitação da Marinha no setor nuclear, conforme estabelecido na Política e na Estratégia nacionais de Defesa, documentos de alto nível do Estado brasileiro. Os militares do Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), organização militar subordinada ao CTMSP, não estarão somente se qualificando para operar o IEA-R1. Este processo trará a experiência necessária para a operação do LABGENE, que é o protótipo em escala 1:1 da planta de propulsão do futuro submarino nuclear brasileiro (SN-BR), bem como para a operação e utilização do futuro Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), outro projeto de cunho estratégico para as pesquisas e aplicações práticas da energia nuclear no Brasil, nas áreas da física, da medicina, da agricultura, da indústria e do meio ambiente.
Pelo Acordo assinado, militares alunos do Centro de Instrução e Adestramento Nuclear de ARAMAR (CIANA), uma superintendência do CINA, serão capacitados pelo IPEN e, após licença obtida junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), contribuirão para a retomada da pesquisa e produção de radioisótopos que exigem longas jornadas de operação do reator, marcadores para os chamados radiofármacos.
Diretor do CTMSP, Vice Almirante Paulo César Colmenero Lopes e o Superintendente do IPEN, Dr. Wilson Aparecido Parejo Calvo, assinam o documento do convênio CTMSP e IPEN.
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- 09/11/2021 - Falta de medicamento dificulta tratamentos de câncer no paísPor causa de cortes no orçamento, o Ipen teve que suspender a compra dos insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos. Mesmo com um novo aporte de dinheiro, as importações ainda não se normalizaram.
Por causa de cortes no orçamento, o Ipen teve que suspender a compra dos insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos. Mesmo com um novo aporte de dinheiro, as importações ainda não se normalizaram.
Fonte: Jornal Nacional
Depois de enfrentar cortes no orçamento, o laboratório público que fabrica remédios contra o câncer finalmente recebeu uma verba extra para retomar a produção. Mas agora enfrenta outro problema, que tem deixado pacientes bastante apreensivos.Um quarto reservado para o tratamento do câncer de tireoide em um hospital de São Paulo tem ficado vazio nos últimos meses, mas não por falta de pacientes. É que o iodo-131 praticamente desapareceu das prateleiras dos hospitais. Esse é um dos medicamentos mais usados no combate ao câncer e também em exames de imagem, como cintilografia.
O empresário Paulo José Pinheiro operou um câncer de tireoide e desde setembro espera pela sessão de iodoterapia. Na semana passada, o procedimento foi cancelado pela segunda vez.
"Frustrado. Psicologicamente não é uma boa, porque a gente quer tirar logo isso da frente, uma situação de câncer que a gente sabe que pode ser expandido. Então, a gente fica muito chateado, triste, e uma expectativa grande girou em torno disso e agora eu voltei à estaca zero”, afirma.
O iodo-131 faz parte de uma categoria de medicamentos que emitem radiação. São os chamados radiofármacos. 85% de tudo o que o Brasil usa dessas substâncias saem do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. Em setembro, por causa de cortes no orçamento, o Ipen teve que suspender a compra de insumos, o que prejudicou toda a cadeia de produção e distribuição de radiofármacos.
Neste ano, o orçamento do Ipen, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, caiu de R$ 95 milhões para quase metade disso. O governo acabou liberando uma verba extra de R$ 19 milhões, depois que exames e tratamentos foram adiados em todo o país. E, em outubro, liberou um novo crédito suplementar de R$ 63 milhões.
Ainda assim, os problemas continuam. O Ipen recebeu só 15% dos pedidos de insumos feitos a fornecedores internacionais.
"O argumento do Ipen é que, lá fora, os fornecedores estão com dificuldades, mas, na verdade eles estão com dificuldades porque o Ipen, por falta de dinheiro, interrompeu as importações e, agora, é óbvio que, para retomar as importações, demora algum tempo”, disse Antonio Britto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Hospitais Privados.
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, Dalton Alexandre dos Anjos, diz que essa situação tem colocado os médicos diante de um dilema ético: "É uma situação muito angustiante ter que escolher qual paciente vai ser ou não tratado. Nós temos buscado escolher aqueles pacientes que são mais graves ou aqueles pacientes que estão esperando há mais tempo, mas isso nunca é justo com todos os pacientes. Nosso desejo era poder tratar esses pacientes imediatamente. Todos eles sem exceção”.
"Não sou só eu, mas milhares de pessoas estão sendo impactadas por isso. Mais um motivo para eu ficar bastante preocupado", diz o paciente Paulo José, que aguarda para iniciar seu tratamento.
O JN procurou o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas não teve retorno.
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- 04/11/2021 - Radiofármacos sob ameaça - Revista Pesquisa FapespEspecialistas propõem medidas para evitar que a paralisação da produção de fármacos com elementos radioativos, como a ocorrida neste ano, torne-se recorrente no país
Especialistas propõem medidas para evitar que a paralisação da produção de fármacos com elementos radioativos, como a ocorrida neste ano, torne-se recorrente no país
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP - Edição 309 - novembro de 2019
Domingos Zaparolli
O Brasil sofreu no fim de setembro um apagão na produção de radiofármacos, produtos químicos dotados de elementos radioativos empregados no diagnóstico e tratamento de diversas doenças nas áreas de oncologia, cardiologia, hematologia e neurologia. A produção dessas substâncias pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, foi interrompida entre 20 de setembro e 1° de outubro, pondo em risco 9 mil procedimentos médicos diários, na estimativa da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). A situação, decorrente da falta de recursos do Ipen para importar insumos e produzir os materiais, empregados principalmente na saúde humana, demonstrou como pode ser frágil o atendimento a 2 milhões de brasileiros que dependem desses fármacos. A escassez de recursos também compromete a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos de medicina nuclear no país.
A produção de radiofármacos de meia-vida superior a duas horas no Brasil é monopólio da União, ou seja, é exclusiva de órgãos públicos do governo federal (ver box). Autarquia gerida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), o Ipen atende 85% da demanda nacional de medicina nuclear. Grande parte da produção depende da importação de radioisótopos, substâncias radioativas fabricadas em reatores nucleares que são a matéria-prima dos radiofármacos. O país importa esses insumos principalmente da África do Sul, Rússia e dos Países Baixos, algumas das poucas nações com excedente exportável. De acordo com o Ipen, a despesa anual com importações de radioisótopos é da ordem de US$ 15 milhões – algo como R$ 82,6 milhões na cotação do dólar em meados de outubro.Em 2021, a destinação orçamentária para a importação de insumos e para cobrir todas as demais despesas produtivas do Ipen foi de R$ 91 milhões, montante 46% inferior ao do ano anterior. Em depoimento na Câmara dos Deputados em 27 de setembro, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Pontes, admitiu que, desde a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021, já era evidente que os recursos seriam insuficientes para o abastecimento de radiofármacos. Alertas nesse sentido foram feitos ao Ministério da Economia, mas não surtiram efeito, resultando no apagão produtivo de setembro. Em caráter emergencial, o Ipen foi socorrido com a transferência de R$ 19 milhões de outros projetos da Cnen. A crise só foi contornada, temporariamente, após a liberação orçamentária de R$ 82,6 milhões em outubro.Profissionais da Cnen e do Ipen propõem duas soluções complementares para garantir maior autonomia produtiva ao instituto e evitar riscos de desabastecimento dos fármacos. A primeira medida ataca o problema orçamentário e precisa do aval do Congresso Nacional. Consiste de uma autorização para que os recursos gerados com a venda dos radiofármacos – algo em torno de US$ 30 milhões anuais – fiquem no Ipen e sejam aplicados na produção. Hoje essa verba é encaminhada à conta única do Tesouro Nacional e redistribuída de acordo com a LOA."Criaríamos um ciclo fechado para os recursos e não haveria mais os recorrentes problemas orçamentários”, detalhou Pontes, que em sua ida ao Parlamento indicou apoiar a proposta. A medida também daria fôlego financeiro para o Ipen investir em pesquisa e inovação, uma vez que hoje a instituição recebe apenas verbas para o seu custeio.Léo Ramos Chaves Detalhe do processamento do iodo-131Léo Ramos ChavesReator brasileiroA outra solução proposta pelos especialistas é a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), o que faria o país sair da condição de importador de radioisótopos para uma maior autonomia e eventual posição de exportador. O RMB também seria uma peça importante para o Brasil se tornar um polo de desenvolvimento de novos radiofármacos de interesse nacional. O projeto do reator foi concebido em 2008 no âmbito da Cnen e desde 2012 está incluído entre as prioridades do país listadas no Plano Plurianual do governo federal. Suas obras físicas, contudo, ainda não começaram.Segundo José Augusto Perrotta, coordenador-técnico do projeto do RMB, o Brasil possui quatro reatores nucleares de pesquisa em funcionamento dedicados a atividades diversas como testes de combustível, desenvolvimento de novos materiais e insumos industriais e agrícolas. A produção nacional de radioisótopos ocorre principalmente no reator IEA-R1, com potência máxima de 5 megawatts (MW), instalado no Ipen, localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Entre outras limitações, esse reator não tem capacidade para produzir em escala o molibdênio-99, radioisótopo que dá origem ao radiofármaco tecnécio-99m, empregado em 80% dos procedimentos de medicina nuclear realizados no país.O projeto do RMB prevê um reator nuclear seis vezes mais potente, de 30 MW, que, além de produzir radioisótopos para uso na medicina, indústria e agricultura, também seria utilizado em testes de materiais e combustíveis nucleares e na geração de feixe de nêutrons para a pesquisa em vários campos da ciência. A ideia é que o reator conte com laboratórios associados para cada atividade (ver Pesquisa FAPESP nº 221). "É o grande projeto estruturante da ciência e tecnologia nuclear no país”, diz Madison Coelho de Almeida, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen.Para Almeida, a construção do RMB complementa uma cadeia produtiva já estruturada no país. "Temos grandes jazidas de urânio, que é o insumo básico, e dominamos toda a tecnologia do ciclo produtivo. Com o RMB, poderíamos ser grandes fornecedores globais de radioisótopos”, afirma. Para instalação da unidade, a Cnen tem uma área de 1,2 milhão de metros quadrados (m2) em Iperó (SP), cedida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), e 800 mil m2 destinados pelo governo do estado de São Paulo. A Cnen já dispõe das licenças de instalação ambientais e de segurança nuclear.O projeto está orçado em US$ 500 milhões, que seriam investidos em um prazo de cinco anos. "Os estudos econômicos indicam que, com os recursos provenientes de sua produção, o RMB poderá se manter operacional e com capacidade de autoinvestimento em pesquisa”, argumenta Perrotta. A proposta do Ministério da Economia para a LOA 2022 novamente não contempla recursos para o RMB. O ministro Pontes mencionou em seu depoimento no Congresso que existe uma possibilidade de o projeto receber recursos via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que deve contar com um montante de R$ 8,46 bilhões em 2022. O problema é que os recursos do fundo são constantemente contingenciados pelo governo federal.Pontes também se posicionou favoravelmente à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 517/2010, de autoria do senador Álvaro Dias (Podemos-PR), que quebra o monopólio estatal dos radiofármacos. A PEC já foi aprovada no Senado e tramita na Câmara dos Deputados. "Não se trata de substituir a produção estatal por privada, mas de complementar”, defendeu o ministro. De acordo com Almeida, dados da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) demonstram que a produção privada de radiofármacos é predominante no mundo.Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), diz que há empresas dispostas a investir tanto na produção de radiofármacos no Brasil quanto no RMB. "A iniciativa privada pode complementar a produção do Ipen e resolver a crise de abastecimento de radiofármacos no país”, afirma. "Mas isso só ocorrerá se puderem competir em igualdade de condições.” Segundo Cunha, os preços do instituto não refletem o impacto de variação cambial nos custos de importação de insumos, configurando assim um subsídio ao consumidor. Além disso, a produção do Ipen é isenta de impostos. "Não há como uma empresa privada concorrer contra subsídios”, afirma.Léo Ramos Chaves Etiquetagem dos frascos que receberão o radiofármacoLéo Ramos ChavesOs subsídios atualmente existentes são vantajosos para os usuários do sistema de saúde público e privado que necessitam de tratamento com radiofármacos, mas geram um custo para os cofres da União que é pago por todos os contribuintes. Caso o monopólio estatal seja quebrado, uma das possíveis consequências é o aumento de preço do produto e o encarecimento dos tratamentos.Para o superintendente do Ipen, Wilson Aparecido Calvo, a presença do Estado na fabricação de radioisótopos e radiofármacos é essencial para a expansão do atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a democratização da medicina nuclear no país. Um modelo inspirador, segundo ele, é o da Argentina, em que houve uma quebra parcial do monopólio. "A Comissão Nacional de Energia Atômica [Cnea] da Argentina produz radioisótopos com reatores próprios e se encarrega do processamento de radiofármacos. Já a venda dos produtos é feita há algum tempo pela Dioxitek, empresa criada por ex-servidores da Cnea. Antes a própria Cnea fazia a comercialização”, conta Calvo."É esse modelo que estamos propondo para o Brasil. O importante é que os recursos oriundos da venda de radiofármacos e radioisótopos retornem para as instituições que fazem sua produção”, diz Calvo. De acordo com ele, África do Sul e Austrália também têm sistemas híbridos, em que a fabricação dos produtos é de responsabilidade do Estado e sua comercialização fica por conta da iniciativa privada. Já o Chile, segundo o superintendente do Ipen, adotou um modelo que não deu certo. "Lá, houve uma quebra total do monopólio. A política adotada pela Comissão Chilena de Energia Nuclear foi de privatização de radiofármacos, o que deixou a população muito vulnerável.”O fim do monopólio, apontado por alguns especialistas como solução para o problema, gera apreensão no Ipen. "Pode ser a desculpa perfeita para o governo reduzir ainda mais os recursos para a produção de radiofármacos e abandonar de vez o projeto do RMB”, diz o engenheiro químico Marcelo Linardi, ex-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do instituto e autor do livro O Ipen e a saúde.Para Linardi, também podem ser definitivamente comprometidas pesquisas de novos produtos inéditos no Brasil e no mundo, como o desenvolvimento com o apoio da FAPESP de um novo radiofármaco específico para o diagnóstico de câncer de mama do tipo HER-2 positivo, um dos mais agressivos. "Hoje o método disponível para o diagnóstico desse tipo de câncer é a biópsia seguida de imuno-histoquímica, que não são 100% conclusivas. Isso leva muitas vezes a tratamentos inadequados. Nosso projeto se baseia no desenvolvimento de um radiofármaco capaz de identificar o marcador HER-2 na doença metastática para acompanhar a evolução da enfermidade e auxiliar na escolha da melhor terapia para cada caso”, diz Emerson Bernardes, gerente do Centro de Radiofarmácia do Ipen.O principal esforço inovativo no Ipen hoje é resultado de uma parceria com a FAPESP por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP), iniciativa da Fundação voltada à modernização dos institutos estaduais de pesquisa. A infraestrutura laboratorial está sendo adequada para o desenvolvimento de novos radiofármacos, utilizando inclusive técnicas de nanotecnologia. O Ipen será o terceiro no mundo a contar com um microscópio com resolução subnanométrica a laser, conhecido como NSOM, sigla de Near-field Scanning Optical Microscopy. Não invasivo, o instrumento permite mapear o interior de uma molécula, observar mudanças ultraestruturais e estudar amostras biológicas."A nanotecnologia é o futuro da inovação em radiofármacos”, diz Linardi, que foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto. A previsão é de que o NSOM seja instalado em dezembro e entre em operação em meados de 2022. Entre as pesquisas em desenvolvimento no Ipen estão a de radioisótopos inéditos no mundo que utilizam nanopartículas de ouro e paládio para braquiterapia, um procedimento que utiliza alta concentração de radiação diretamen-te no tumor, sem impactar células saudáveis, reduzindo os efeitos colaterais no tratamento do câncer.Diferentes tipos de substânciaOs radiofármacos são agrupados de acordo com o tempo de seu decaimento radioativoOs radiofármacos são divididos em dois grupos distintos de acordo com o tempo em que os átomos reduzem suas emissões radioativas. Um grupo é formado por radiofármacos com meia-vida igual ou inferior a duas horas. O produto não perde a validade nesse prazo, mas há um decaimento radioativo de metade de sua carga a cada duas horas, o que exige que a produção e o uso sejam calibrados de forma a tirar o melhor proveito das suas características.Nesse grupo estão os radiofármacos usados na tomografia por emissão de pósitrons, conhecido pela sigla PET, que é utilizada em diagnóstico para avaliar a estrutura de órgãos como pulmão, fígado e cérebro, além de ossos. Essas substâncias respondem por 15% da demanda da medicina nuclear. Desde 2006 é liberada a produção privada no país, para permitir uma maior proximidade física entre os laboratórios e os centros médicos usuários. A recente crise não afetou o abastecimento desses produtos.Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), cerca de 450 clínicas e hospitais realizam serviços de medicina nuclear no país, concentrados nos grandes centros urbanos, principalmente no Sudeste. Os insumos para os PET são providos por três ou quatro fornecedores principais, muitos deles com filiais regionais, mas há outras empresas pequenas no mercado – nem a SBMN nem a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan) sabem ao certo quantas companhias atuam nesse segmento, em que o domínio tecnológico das substâncias já é consolidado, sem inovações relevantes.O outro grupo de radiofármacos é formado pelos produtos com meia-vida superior a duas horas. Monopólio da União e produzidos exclusivamente pelo Ipen, esses produtos foram afetados pelas dificuldades orçamentárias do órgão. São 37 radiofármacos, cada um com características próprias de meia-vida. O tecnécio-99m, por exemplo, tem decaimento radioativo a cada seis horas.Segundo o médico radiologista George Coura Filho, presidente da SBMN, o desabastecimento de radiofármacos impacta diretamente o diagnóstico e o tratamento dos pacientes com potencial de gerar efeitos irreversíveis a eles. Sem contar os gastos ainda maiores para o sistema de saúde.Um exame de cintilografia de perfusão miocárdica, exemplifica Coura Filho, é capaz de estratificar com precisão riscos de insuficiência coronariana e ajudar a indicar o melhor tratamento a ser seguido, seja medicação, cateterismo ou cirurgia cardíaca. "Um diagnóstico impreciso por falta de recursos para a realização do procedimento adequado pode levar a uma conduta equivocada, provocando um prejuízo maior do que o custo do exame que deixou de ser realizado”, avalia.Projetos1. Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura em radio fármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da saúde, PDIP (nº 17/50332-0); Modalidade Programa Modernização de Institutos Estaduais de Pesquisa; Pesquisador responsável Marcelo Linardi (Ipen); Investimento R$ 13.223.638,80.2. Validação do uso de um aptâmero de DNA específico para HER2 como radiofármaco para imagem de tumores (nº 18/18112-3); Modalidade Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe); Pesquisadora responsável Sofia Nascimento dos Santos; Investimento R$ 928.409,54.
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- 04/11/2021 - Pele de tilápia é testada para reconstituir dedos de criançaBiomaterial deverá ser usado em procedimento que repara má-formação nas mãos de portadores de síndrome rara
Biomaterial deverá ser usado em procedimento que repara má-formação nas mãos de portadores de síndrome rara
Fonte: Revista Fapesp
Uma técnica cirúrgica inovadora está sendo testada no país para corrigir a fusão de dedos de crianças portadoras da chamada síndrome de Apert, que acomete um a cada 70 mil nascidos no mundo – não há números de incidência no Brasil porque a notificação da doença não é compulsória. Graças a uma parceria entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Hospital Sobrapar – Crânio e Face, de Campinas, no interior paulista, pedaços de pele de tilápia foram utilizados nos procedimentos a fim de melhorar o processo de reconstituição dos dedos e otimizar a recuperação dos pacientes. As primeiras cirurgias ocorreram em setembro deste ano.
De acordo com o cirurgião plástico Edmar Maciel, presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), de Fortaleza, e coordenador-geral da pesquisa com pele de tilápia, realizada em conjunto com a UFC (ver Pesquisa FAPESP no 280), houve redução no tempo da cirurgia, menor morbidade do tecido enxertado e melhor pega (ou aderência) do enxerto de pele humana na região em que os dedos são separados. O uso do biomaterial também diminuiu em 50% o número de curativos, causou alívio nas dores do pós-operatório e baixou os custos do tratamento. Maciel é coautor de quatro pedidos de patente relacionados ao preparo de peles de tilápia para uso médico, entre eles o tratamento de queimaduras e ferimentos e procedimentos cirúrgicos ginecológicos.
O também cirurgião plástico Cássio Eduardo Raposo do Amaral, vice-presidente do Sobrapar, que liderou a equipe cirúrgica em Campinas, informa que os cinco procedimentos realizados até quarta-feira (27/10) fazem parte de um total de 10 programados para 2021. "O objetivo é comparar os desfechos com os de outro grupo de 10 pacientes operados sem a técnica. Já observamos, por exemplo, que as crianças sentem menos dor e a troca de curativos é feita a cada cinco dias em vez de ser diária”, detalha. "Os resultados serão compilados e publicados em artigos.”
Raposo do Amaral conta que em 2018 desenvolveu, com sua equipe, um protocolo para a separação de dedos de portadores de Apert para maximizar o movimento e a função das mãos. O trabalho, que já rendeu dezenas de publicações, ganhou o reforço do biomaterial desenvolvido por Maciel e o grupo cearense de pesquisadores.
A separação cirúrgica dos dedos deixa uma região sem pele, chamada de área cruenta. Antes do uso da pele de tilápia, a pele retirada do abdômen da própria criança era enxertada ali para reconstituir o tecido. "A perda desses enxertos era grande. Por isso, estávamos procurando algo como um curativo biológico que maximizasse essa pega da pele enxertada”, descreve Raposo do Amaral. "No fim do ano passado, a cirurgiã plástica do nosso grupo, Thaís Miguel do Couto, e a mãe de um paciente sugeriram usar a pele de tilápia para preparar o ferimento antes do enxerto. Conversei, então, com o Maciel, que é um amigo de minha família há muito tempo, para estabelecermos uma parceria. A Thaís submeteu um projeto de pesquisa e o Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas [Unicamp] aprovou o uso da técnica em pacientes”, comenta Amaral.
Tecnologia à flor da peleO material utilizado nas cirurgias é produzido e fornecido pelo banco de peles da UFC. A pele do peixe passa por um processo de preparação em que é liofilizada (desidratada) e esterilizada. Depois, o tecido é embalado a vácuo e irradiado com raios gama, para eliminação de microrganismos. Essa última parte do processo ocorre no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, que é parceiro da UFC e do IAQ na produção do biomaterial (ver infográfico abaixo).
Segundo Maciel, a liofilização é vantajosa em vários sentidos. Por meio desse processo, o material pode ser armazenado à temperatura ambiente, sem necessidade de refrigeração, o que facilita e barateia o transporte. Por ser desidratada, não está sujeita à proliferação de bactérias. "Outra vantagem é que toda essa preparação deixa a pele liofilizada livre de glicerol, componente que causa dor quando em contato com a pele ferida ou exposta”, aponta o cirurgião cearense. "E a hidratação, necessária para uso final nas cirurgias, é simples de ser feita: basta mergulhar o material por 10 minutos em soro fisiológico.”
O médico do IAQ conta que a pele de tilápia evoluiu de um curativo para tratar queimaduras e ferimentos para um biomaterial que prepara a pele para receber enxertos, seja na ginecologia – em cirurgias para reconstrução vaginal –, seja no tratamento de Apert. "Em feridas profundas, o colágeno da pele da tilápia é absorvido e integrado no leito da ferida. Esse colágeno cria uma matriz dérmica para receber o enxerto com a pele do próprio paciente, algo que acontece 10 dias após a aplicação do tecido do peixe”, explica.
Com a retirada da pele de tilápia, o ferimento está preparado para receber pedaços de pele mais finos do que o tecido abdominal, normalmente usado nos procedimentos convencionais. "A nova técnica facilita a integração de tecidos estruturalmente mais simples – como a pele retirada do couro cabeludo ou do antebraço do paciente – com o leito da ferida. Isso aumenta o sucesso da pega da pele e evita uma grande cicatriz na barriga”, destaca.
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- 28/10/2021 - Novo debate sobre quebra de patente para produzir radioisótopos fica para a próxima semanaFonte: Agência Câmara de NotíciasA comissão especial que analisa a possibilidade de produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada adiou para a próxima quinta-feira (4) a audiência pública que faria nesta tarde.
A quebra do monopólio governamental para a produção desses fármacos está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10. Hoje, a iniciativa privada só pode comercializar e utilizar apenas aqueles com meia-vida igual ou inferior a duas horas.
O debate foi solicitado pelos deputados Alexandre Padilha (PT-SP) e Jorge Solla (PT-BA), que lembram que, em 20 de setembro de 2021, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) suspendeu, por falta de recursos do governo federal, a produção de medicamentos para câncer.
"Essa grave situação colocou novamente em pauta a PEC que visa a quebra do monopólio da produção e comercialização de radiofármacos, medida sempre reivindicada por setores empresariais, ávidos por lucrarem, também com esta área da medicina", destacam os autores do pedido de debate.
Segundo os deputados, no entanto, a Associação dos Servidores do Ipen alerta que a quebra desse monopólio pode ser danosa à saúde da população brasileira e aponta que pode ser mais uma oportunidade de lucro envolvendo a Saúde da população.
A nova reunião será realizada às 14 horas, no plenário 5.
Da Redação – ND
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- 21/10/2021 - Nova audiência discute quebra de monopólio estatal na produção de radioisótoposA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada reliza nova audiência pública sobre o assunto na próxima terça-feira (26).
A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada reliza nova audiência pública sobre o assunto na próxima terça-feira (26).
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Desta vez os deputados vão ouvir o superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Wilson Calvo, entre outros convidados. A instituição é responsável, junto com o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), pela produção de radioisótopos com meia-vida superior a duas horas.
A iniciativa privada só pode comercializar e utilizar apenas aqueles com meia-vida igual ou inferior a duas horas.A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, em análise na comissão especial, quebra esse monopólio e autoriza a iniciativa privada a produzir todos os radioisótopos de uso médico.
Produção suspensa
No mês passado, o Ipen, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, suspendeu essa produção por falta de verba. Para permitir a retomada da produção, o Ministério da Economia liberou um crédito suplementar de R$ 19 milhões e o Congresso aprovou crédito extra de R$ 63 milhões.O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, no entanto, disse que esses recursos precisam ser liberados rapidamente para evitar nova interrupção.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o Ipen produz 85% dos radiofármacos usados no Brasil.
"Essa dependência de um único produtor/fornecedor, somada à necessidade de disponibilidade de logística de distribuição aérea altamente estruturada põe em risco o atendimento realizado em todo o País, considerando que esses insumos não podem compor estoques, devido ao seu tempo de vida útil ['meiavida']", alerta o deputado Zacharias Calil (DEM-GO), que propôs o debate.
Debatedores
Além do superintendente do Ipen, foram convidados para discutir o assunto:
- um representante do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro;
- a chefe de gabinete da Secretária Especial de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Maria Inez Gadelha;
- o presidente da SBMN, George Coura Filho;
- o ex-presidente da SBMN Cláudio Tinoco;
- o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento Atividades Nucleares, Celso Cunha; e
- o diretor do Serviço de Medicina Nuclear da FMUSP, Carlos Alberto Buchpiguel.A reunião será realizada às 10 horas, no plenário 7.
Da Redação – ND
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- 20/10/2021 - Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes homenageia pesquisadora do IPEN-CNENFonte: IRD
O Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes (CBMRI) está em sua oitava edição, realizado de forma conjunta a outros cinco eventos sobre a ciência das medições, integrando o Metrologia 2021. A ideia desde a primeira edição foi reunir pesquisas atuais na área e mostrar a importância da metrologia das radiações ionizantes para a sociedade, além de homenagear pessoas que contribuíram com seu trabalho dedicado, pioneiro e inovador. Este ano, o Congresso distinguiu a gerente do Centro de Metrologia das Radiações Ionizantes do Ipen/CNEN, Maria da Penha Potiens, que trabalha no desenvolvimento e atualização de métodos de calibração e controle de qualidade da instrumentação em radiodiagnóstico, radioproteção, radioterapia e medicina nuclear. É também orientadora de mestrado e doutorado do Programa de Tecnologia Nuclear do Ipen, em parceria com a USP.
A entrega de uma placa foi feita pelo presidente do Congresso, José Guilherme Peixoto, do IRD, que lembra que este ano o tema das discussões do Metrologia 2021 foi a importância da ciência das medições para a saúde. As sessões plenárias do CBMRI foram coordenadas por mulheres, chamando a atenção sobre a temática da igualdade de gênero. Em anos anteriores, a distinção foi entregue a Rex Nazaré Alves (2014); Carlos Eduardo Veloso de Almeida (2015); Helen Khoury (2016); Linda Caldas (2017); Léa Contier de Freitas (2018); Teógenes Augusto da Silva (2019); José Ubiratan Delgado (2020).Sobre a homenagem, a pesquisadora destacou que representa um reconhecimento à metrologia das radiações que o Ipen vem oferecendo nos últimos anos. "É uma honra para mim representar esse trabalho. Como disse um colega em sessão plenária, a metrologia é a representação do uso seguro da radiação em todas as suas aplicações, o que pode significar que ajudamos a salvar vidas, já que o uso na medicina é cada vez maior. Depois que eu consegui estabelecer minha vida profissional, o mínimo que eu poderia fazer era devolver para a sociedade em serviços e conhecimento", afirmou a pesquisadora, que lembra emocionada que muita gente a ajudou na construção do seu conhecimento em metrologia. "Nunca estive só, muita gente, inclusive do IRD, me ajudou demais. Estamos sempre aprendendo”.
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- 18/10/2021 - Ipen paralisa produção de insumos para tratamento de câncer pela segunda vez em menos de 30 diasO instituto deveria distribuir às segundas o radiofármaco 'gerador de molibdênio-tecnécio', mas isso não aconteceu nesta semana por falta de insumos. A chegada está prevista para o fim do mês, com retomada da produção em 28 de outubro. Governo federal cortou 46% da verba do órgão em 2021.
O instituto deveria distribuir às segundas o radiofármaco 'gerador de molibdênio-tecnécio', mas isso não aconteceu nesta semana por falta de insumos. A chegada está prevista para o fim do mês, com retomada da produção em 28 de outubro. Governo federal cortou 46% da verba do órgão em 2021.
Fonte: G1Por Fabio Turci, TV Globo— São Paulo
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) voltou a interromper nesta segunda-feira (18) a produção de radiofármacos usados para o diagnóstico de câncer no Brasil. Como de costume, o instituto deveria distribuir às segundas-feiras o radiofármaco conhecido como "gerador de molibdênio-tecnécio", mas não isso não ocorreu nesta semana por falta de insumos importados para a produção.
O radiofármaco em questão, representado pela sigla 99-Mo/99mTc, é o mais utilizado no país. A última produção do item foi em 15 de outubro. Cerca de 80% dos procedimentos que demandam radiofármacos no país utilizam esse produto.
Os novos insumos deveriam ter chegado à entidade em São Paulo na semana passada. Porém, isso não ocorreu. Segundo fontes do Ipen, a previsão é a de que os insumos cheguem apenas no fim deste mês, e a produção seja retomada em 28 de outubro.
O instituto vem passando por uma grave crise de produção por falta de verba neste segundo semestre. No início de setembro, o órgão, que pertence ao Ministério da Ciência e Tecnologia, afirmou que sofreu um grande corte de verba em 2021 e precisava de R$ 89,7 milhões para continuar a produção até dezembro, por causa da alta do preço do dólar na importação de material, paralisando pela primeira vez a produção dos produtos para o tratamento do câncer no país em 20 de setembro.
A verba adicional, entretanto, ainda não havia sido aprovada no Congresso Nacional, segundo um comunicado da diretoria do instituto. Por isso, uma portaria publicada em edição extra do Diário Oficial da União na quarta-feira ( 22) liberou R$ 19 milhões para órgão, segundo divulgou o Ministério da Ciência e Tecnologia.
O montante representava apenas 21% dos R$ 89,7 milhões necessários para que o instituto continuasse a produção até o fim do ano.
Na ocasião da liberação, o ministério afirmou que "a portaria permitirá a compra imediata de insumos importados para regularizar a produção dos radiofármacos".
Porém, menos de um mês depois da liberação da verba, o Ipen voltou a ter problemas na produção por causa da falta de insumos, que são importados do exterior.
O g1 procurou o Ipen para falar sobre o assunto e o instituto informou que, após a sanção presidencial à Lei 14.220/21, de 15 de outubro, foi autorizado o crédito de R$ 63 milhões à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para a produção de radiofármacos.
"Aguardamos os recursos para essa semana e, assim, normalizar a produção a partir de novembro de 2021. Entretanto, a produção de geradores de tecnécio-99m ainda estará reduzida até o fim do mês de outubro por conta dos prazos com os produtores internacionais para envio de insumos e dos recursos orçamentários que ainda não haviam sido liberados", afirmou o instituto.
Cortes no orçamento
Enquanto o dinheiro do CNEN não chega, o Ipen está sem recursos para continuar a produção dos insumos usados para a detecção e o tratamento de câncer, após um corte de 46% da verba do instituto pelo governo federal em 2021.
No ano passado, a verba repassada ao Ipen pelo governo federal foi de R$ 165 milhões. Neste ano, até agosto, o instituto recebeu pouco mais de R$ 91 milhões.
A falta de verba foi anunciada pelo próprio órgão em setembro, através de comunicado distribuído a hospitais e clínicas que compram o material produzido pelo instituto em São Paulo.
"O Governo Federal vem atuando desde junho de 2021 em conjunto com Congresso Nacional para a recomposição total do orçamento do Instituto. O PLN 16/2021, previsto para ser votado na próxima semana, disponibilizará recursos ao Ipen no valor de R$ 34 milhões. A aprovação de um novo projeto de lei, da ordem de R$ 55 milhões, será necessária posteriormente para recompor o orçamento do Instituto até o fim do ano", informou.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo chegou a enviar um ofício ao Ministério da Saúde pedindo providências para evitar o risco de interrupção no tratamento de pacientes com câncer , que dependem de remédios produzidos pelo Ipen.
Segundo o governo de São Paulo, mensalmente, cerca de 14 mil procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com dependência de radioisótopos e radiofármacos que estão em risco de desabastecimento no estado.
"Estes procedimentos incluem mais de 70 sessões mensais de iodoterapia realizadas para tratamento de câncer em São Paulo", diz o estado.
Também são feitos, em média, 750 exames de PET-CT, um tipo de tomografia computadorizada para diagnóstico da doença, além de 13,5 mil cintilografias ósseas e cardiovasculares, entre outras, utilizadas para detectar doenças como isquemia, infarto e embolia pulmonar, além de patologias relacionadas a tireoide e próstata todos os meses e que dependem da produção do Ipen.
Radiofármacos no Brasil
O Ipen é responsável pelo fornecimento de 25 tipos de radiofármacos aos laboratórios e hospitais de todo o Brasil. Cerca de 85% de toda a produção nacional desse tipo de medicamento, com material radioativo, sai da unidade.
Pacientes com câncer e médicos ouvidos pelo Jornal Hoje narraram que já enfrentavam a falta de medicamentos por causa da escassez de produtos no fim de setembro (veja mais abaixo).
Em carta enviada aos hospitais e laboratórios que consomem os produtos do instituto, o Ipen afirmou que ter feito um pedido ao governo para a aprovação de recursos extras no valor de R$ 89 milhões. A verba, no entanto, precisa passar por aprovação do Congresso Nacional e, depois, por sanção presidencial.
"Estão faltando mais de R$ 70 milhões para a gente terminar o ano. Sem contar a valorização do dólar, porque tem uma boa parte de insumos que são importados. Então, já era uma situação prevista e que vinham tentando brigar para reverter”, afirmou o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos do Ipen no estado de São Paulo, Luiz Antonio Genova.
Falta de medicamentos
Os radiofármacos produzidos pelo Ipen têm duas funções. Uma é o tratamento em si que, no caso de alguns tipos de câncer, são a única opção. Outra é o diagnóstico por imagem - exames que ajudam a detectar a presença do câncer e de outras doenças, como Alzheimer.
Faz um ano que a gerente financeira Tatiana Mendonça descobriu um tumor neuroendócrino, um tipo raro de câncer que atinge o pâncreas ou o intestino. O primeiro tratamento não deu certo e a alternativa, agora, é uma medicação da categoria dos radiofármacos que são fornecidos pelo Ipen.
Tatiana começaria o novo tratamento em setembro, mas o remédio que ela precisa está em falta.
"[O tratamento] é longo porque o intervalo leva oito semanas para cada aplicação. Assim, vai me atrasar bastante, e tudo que a gente pudesse fazer antes, seria melhor. A gente trabalha contra o tempo. Mas a gente não tem nenhuma previsão de quando vamos poder iniciar [o tratamento]. A gente não sabe se vai ter, se eu vou precisar fazer de alguma outra forma ou se vai dar tempo... Então a gente fica bastante preocupada”, afirmou.
O desabastecimento causado pela paralisação no Ipen pode afetar cerca de 2 milhões de pessoas em todo o país, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
"Nós temos pacientes com problemas de câncer no pâncreas e no intestino que podem ser tratados com uma medicação que chama lutécio. O lutécio também esta em falta. Tenho três pacientes no hospital que trabalho que eu trataria nesta semana, mais especificamente amanhã. Mas tive que cancelar porque essa medicação esta em falta", afirmou o médico Dalton Alexandre dos Anjos, diretor da SBMN.
"Não sei o que falar pra esses pacientes. É tão ruim falar para eles que o tratamento não pode ser realizado porque a medicação está em falta”, completou.
Pedido de investigação do TCU
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) pediu na sexta-feira (17) ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue a paralisação da produção de insumos pelo Ipen.
"É uma combinação macabra de desprezo à vida: ao cortar recursos para a produção de medicamentos e insumos para diagnósticos, com a ganância do lucro, ao ensaiar abrir este setor para interesses privados", afirmou o parlamentar.
No pedido feito ao TCU, o deputado federal Alexandre Padilha, que é membro da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que discute ações contra o avanço do novo coronavírus, afirma que "a medida é imprescindível para a saúde pública no país”.
"A compra de insumos usados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem no tratamento do câncer não pode ser paralisada com a justificativa da pandemia do Sars-Cov-2. Tal possibilidade revelaria uma completa incompetência e má gestão do órgão público que afetaria diretamente entre 1,5 e 2 milhões de pessoas em todo o Brasil”, afirmou o documento do parlamentar.
O parlamentar também protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento para que o ministro Marcos Pontes, do MCTI, seja ouvido pela casa e preste esclarecimentos sobre os cortes de verba do Ipen.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) afirmou na quinta (16), por meio de nota, que "desde junho de 2021 vem trabalhando com o Ministério da Economia para a maior disponibilização de recursos para a produção de radiofármacos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)”.
"Para a recomposição do orçamento do Instituto, o Governo Federal por meio do MCTI está sensibilizando o Congresso Nacional pela votação e aprovação do PLN 16/2021 prevista para a próxima semana”, disse a nota da pasta.
Para ler a matéria na íntegra clicar aqui
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- 16/10/2021 - PODCAST - Fabio Coral FonsecaFonte: Revista FapespO físico Fabio Coral Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, o Ipen, fala sobre a busca de uma tecnologia que permita usar etanol para movimentar carros elétricos.
Apresentação: Fabricio Marques
Produção, roteiro e edição: Sarah CaravieriLink para o podcast
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- 15/10/2021 - Elétricos movidos a etanolGrupos de pesquisa procuram desenvolver uma tecnologia que permita usar o combustível feito a partir da cana-de-açúcar na mobilidade elétrica
Grupos de pesquisa procuram desenvolver uma tecnologia que permita usar o combustível feito a partir da cana-de-açúcar na mobilidade elétrica
Fonte: Revista FapespCombustível renovável e amplamente disponível no país, o etanol está sendo avaliado como uma opção para movimentar veículos elétricos, substituindo a eletricidade da rede pública e dispensando o sistema de recarga do tipo plug-in, por meio de tomadas, das baterias de lítio. A corrida para que essa alternativa chegue ao mercado é disputada por grupos de pesquisa em universidades, empresas do setor automotivo e centros de estudos no Brasil e em outros países. A solução passa pelo desenvolvimento de um modelo de célula a combustível movida a etanol que seja técnica e economicamente viável. Espécie de bateria que converte a energia química em elétrica, as células a combustível tradicionalmente utilizam hidrogênio como insumo.
Algumas montadoras de automóveis e fabricantes de autopeças instalados no país firmaram acordos para o desenvolvimento dessa tecnologia. Parte desses entendimentos tem a participação do Centro de Inovação em Novas Energias (Cine), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) apoiado pela FAPESP e a Shell que reúne pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
A parceria mais antiga e avançada envolve a montadora japonesa Nissan e o Ipen. Firmada em 2019, foi renovada em junho deste ano após obter avanços. "A tecnologia da célula a combustível a etanol permite abastecer o veículo com esse combustível em qualquer posto do país, como já ocorre hoje. A partir daí, o etanol é convertido [em moléculas de hidrogênio e gás carbônico] e o hidrogênio resultante do processo é injetado na célula, gerando a energia necessária para a propulsão do motor elétrico”, explica o físico Fabio Coral Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ipen.
Hoje, os veículos automotores movidos a hidrogênio produzidos e comercializados no mundo por fabricantes como Toyota, Honda, BMW e Hyundai são dotados de tanques cheios desse gás. O combustível é bombeado para dentro da célula a combustível, onde sofre reações químicas e gera energia elétrica, que faz a propulsão do motor. O único resíduo devolvido à atmosfera pelo cano de escapamento é vapor d’água – ser ambientalmente sustentável é a grande vantagem dessa tecnologia.
A célula a combustível a etanol projetada pela Nissan e pelo Ipen aproveita o hidrogênio contido no etanol (C2H6O) para gerar energia. O processo, explica Fonseca, inicia-se quando um catalisador, composto por óxido de cério (CeO2) e metais preciosos, por exemplo, quebra as moléculas do etanol, separando o hidrogênio. Na sequência, esse gás é injetado em um dispositivo que opera entre 600 graus Celsius (oC) e 800oC. São as células a combustível de óxido sólido (SOFC), que levam esse nome porque seu eletrólito é composto por material sólido, geralmente um óxido. Reações eletroquímicas nas SOFC transformam o hidrogênio em eletricidade, que é armazenada numa bateria recarregável e utilizada para mover o veículo (ver infográfico).
A vantagem do novo sistema é que ele não demanda hidrogênio puro, como ocorre no modelo tradicional, e está apto a trabalhar com moléculas presentes no etanol, como o carbono, que é liberado durante o processo. "O veículo, portanto, não é isento de emissões de gases de efeito estufa, mas a emissão é neutralizada pelo plantio da cana-de-açúcar”, diz Fonseca. "É um combustível com cadeia produtiva sustentável.”
As pesquisas do Ipen têm como meta reduzir a temperatura de trabalho das SOFC para mais próximo de 600oC. Objetivam também substituir o uso de metais preciosos, como platina e irídio, que hoje fazem parte de sua composição, por outros economicamente mais acessíveis, como níquel, zircônio e nióbio. "Já estamos obtendo bons resultados trabalhando a 700oC”, informa Fonseca. Artigo detalhando esse avanço foi publicado em janeiro no International Journal of Hydrogen Energy.
Outra vantagem das SOFC reside em sua eficiência teórica, entre 10% e 20% superior às células a combustível tradicionais na conversão de energia química em elétrica. Em um primeiro protótipo de veículo dotado de célula a combustível a etanol, produzido pela Nissan em 2016, o automóvel abastecido com 30 litros de etanol rodou mais de 600 quilômetros.
Ricardo Abe, gerente sênior de engenharia da Nissan do Brasil, defende que as SOFC são uma solução para a eletrificação veicular, muito em razão da versatilidade de combustíveis que podem ser utilizados. "Elas podem ser alimentadas com etanol, biogás ou gás natural e utilizam infraestruturas de abastecimento já existentes”, informa. A Karma Automotive, companhia norte-americana especializada em veículos elétricos, anunciou que ainda este ano pretende realizar testes com carros movidos a célula a combustível a metanol, também conhecido como álcool metílico.
No Brasil, a montadora alemã Volkswagen anunciou em julho que irá constituir no país um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para biocombustíveis, e a célula a combustível a etanol é um dos objetivos. Procurada por Pesquisa FAPESP, a companhia informou que o centro de P&D ainda está em fase de estruturação e avaliou ser prematuro expor os trabalhos que serão desenvolvidos.
Plantação de cana de açúcar em Ipeúna, interior de São Paulo - Foto Leo Ramos ChavesUm consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore, especializada em processos limpos de produção, e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de tecnologias para o uso de hidrogênio em veículos. Os projetos ainda estão em fase preliminar. Um deles envolve o uso de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100oC, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos. O outro projeto tem como meta um sistema que combine etanol e hidrogênio para abastecer os tradicionais motores a combustão.
Outro consórcio, formado por Volkswagen, Stellantis, Toyota, Ford, Shell, Bosch, AVL e a brasileira Caoa, também fechou um contrato de parceria com a Unicamp para desenvolver células a combustível a etanol. O projeto, coordenado pelo físico Hudson Zanin, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp, é apoiado pela FAPESP e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Zanin explica que a proposta é utilizar células tipo SOFC de terceira geração que operam em temperaturas de 500oC a 600oC. As células serão produzidas na Unicamp por meio de manufatura aditiva (impressão tridimensional) e utilizará ligas metálicas, como aço inox, para formar camadas ultrafinas, robustas e termicamente seguras. Um modelo dessas células já está sendo produzido em escala experimental pela empresa inglesa Ceres Power Holdings. Na Europa, a nova célula está sendo projetada para trabalhar com metanol e gás natural. O trabalho da Unicamp prevê a construção de células SOFC de terceira geração no Brasil e o desenvolvimento de um catalisador próprio para operar com etanol. "Nossa expectativa é ter um modelo comercial dentro de cinco a sete anos”, diz Zanin.
Abe prefere não se comprometer com previsões sobre quando o sistema estará disponível para ser colocado no mercado. "Ainda estamos em fase de pesquisa e desenvolvimento. O fato é que identificamos o potencial e estamos acelerando os estudos voltados a desenvolver componentes para o projeto em escala comercial”, afirma. Para a química Ana Flávia Nogueira, diretora-executiva do Cine, a viabilidade da célula a combustível a etanol dependerá de sua internacionalização. "Para ter escala comercial, não pode ser uma tecnologia só do Brasil”, destaca. Zanin, porém, aposta que a tecnologia despertará o interesse de outros países produtores de cana-de-açúcar na África, América Latina e Ásia, principalmente na Índia, segundo maior produtor mundial, atrás apenas do Brasil.
O uso de um combustível renovável, como o etanol, no sistema de propulsão elétrica de veículos tem potencial de remover gargalos importantes relacionados à sustentabilidade ambiental. O hidrogênio é uma substância com alto poder calorífico, quase três vezes superior ao diesel, à gasolina e ao gás natural. Renovável, não emite poluentes na atmosfera, apenas vapor d’água.
Protótipo da Nissan equipado com célula a combustível movida a etanol - Foto NissanO problema é que produzir hidrogênio demanda muita energia. Ele é tradicionalmente obtido em um processo de eletrólise – a separação da molécula do hidrogênio (H2) do oxigênio (O) da água. Para ser ambientalmente sustentável, esse gás precisa ser classificado como verde, ou seja, não pode utilizar reservas de água potável e deve ser produzido com fontes renováveis de energia, como eólica, solar ou biocombustíveis, entre eles o etanol.
Outro desafio é que o hidrogênio é um elemento inflamável e precisa ser armazenado em tanques específicos, aptos a absorver choques e evitar explosões e qualquer vazamento. É preciso, ainda, construir uma rede de distribuição capaz de abastecer os veículos. "O uso do etanol permite aproveitar a rede de distribuição já existente e os tanques comuns utilizados nos veículos atuais”, diz Fonseca.
Os veículos elétricos tradicionais, do tipo plug-in, consomem eletricidade da rede de distribuição. No mundo, predomina uma matriz elétrica que utiliza combustíveis fósseis, o que reduz a sustentabilidade ambiental dessa solução. Outro problema são as baterias dos veículos, produzidas com lítio, um mineral que demanda muita água e energia em seu processo de extração. Além disso, gera impacto ambiental caso seu descarte, depois do uso da bateria, não seja feito de forma adequada, uma vez que se trata de um elemento inflamável. "Para ser verdadeiramente sustentável, o veículo elétrico precisa ter um combustível sustentável. É isso que a célula a combustível a etanol proporciona”, diz Zanin.
Para o Brasil, a tecnologia tem ainda uma outra utilidade. Permite sobrevida ao grande parque de produção de etanol, que corre o risco de cair em obsolescência quando os motores elétricos substituírem os atuais a combustão, o que deve ocorrer nas próximas décadas. O estudo "Electric vehicle outlook 2020”, da Bloomberg New Energy Finance, estima que 58% dos novos veículos comercializados no mundo em 2040 serão elétricos.
No Brasil, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta que em 2031 o veículo elétrico já será vantajoso em termos de custos e, no mínimo, um terço dos carros novos no país em 2035 terá algum grau de eletrificação, seja plug-in ou híbridos, este último uma versão que une motor a combustão e propulsão elétrica.
Projetos
1.Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas (nº 17/11937-4);ModalidadeCentros de Pesquisas em Engenharia (CPE);ConvênioBG E&P Brasil (Grupo Shell);Pesquisador responsávelFabio Coral Fonseca (Ipen);InvestimentoR$ 6.138.615,40.
2.Divisão para armazenamento de energia avançado (nº 17/11958-1);ModalidadeCentros de Pesquisas em Engenharia (CPE);ConvênioBG E&P Brasil (Grupo Shell);Pesquisador responsávelRubens Maciel Filho (Unicamp);InvestimentoR$ 7.407.307,17.
3.Divisão de pesquisa 1: portadores densos de energia (nº 17/11986-5);ModalidadeCentros de Pesquisas em Engenharia (CPE);ConvênioBG E&P Brasil (Grupo Shell);Pesquisadora responsávelAna Flávia Nogueira (Unicamp);InvestimentoR$ 7.997.384,81.
4.Estudos sobre o uso de bioetanol em células a combustível (nº 14/09087-4);ModalidadeAuxíio a pesquisa – Projeto temático;Pesquisador responsávelMarcelo Linardi (Ipen);InvestimentoR$ 2.997.714,00.Artigo científico
SILVA A. A. A.et al.The role of the ceria dopant on Ni / doped-ceria anodic layer cermets for direct ethanol solid oxide fuel cell.International Journal of Hydrogen Energy. 09 nov. 2020.
STEIL, M. C.et al.Durable direct ethanol anode-supported solid oxide fuel cell.Applied Energy. 1 ago. 2017 -
- 11/10/2021 - FAPESP e Shell investirão R$ 63 milhões em pesquisas sobre mitigação de gases de efeito estufaFonte: Agência FapespAgência FAPESP – A FAPESP e a Shell anunciaram na sexta-feira (08/10) investimentos de R$ 63 milhões no Research Centre for Gas Innovation (RCGI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) com sede na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Dessetotal, R$ 51 milhões serão aportados pela Shell, e R$ 12 milhões, pela Fundação. Esses recursos permitirão ao RCGI ampliar seu escopo de pesquisa para investigar também estratégias de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
O anúncio, realizado em solenidade na USP, contou com a presença do governador João Doria, da secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, do vice-presidente da FAPESP, Ronaldo Aloise Pilli, representando o presidente da Fundação, Marco Antonio Zago, do CEO da Shell do Brasil, André Lopes de Araújo, do reitor Vahan Agopyan, do vice-diretor da Poli, Reinado Giudici, e do diretor-geral do RCGI, Julio Meneghini.
"O bom papel é este. Quando o setor privado e o setor público, a academia, juntos, estabelecem metas e princípios para a execução de tarefas. É a continuidade disso que nos traz a satisfação de que estamos no caminho certo”, disse o governador. "O exemplo dessa parceria entre Shell, FAPESP e USP é muito simbólico. Estamos indo além no trabalho de redução de gases de efeito estufa e inovação do uso sustentável de gás natural pensando em biogás e hidrogênio, mas também avançando para captura e armazenamento de carbono”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico.
Constituído pela FAPESP e Shell em 2015, o RGCI conta com cerca de 400 pesquisadores atuando em 46 projetos de pesquisa focados em estudos avançados no uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogênio, gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2. Na avaliação do presidente da FAPESP, a ampliação do escopo de pesquisa direciona o RCGI para investigações relacionadas não apenas ao uso sustentável de energia, mas também às mudanças climáticas. "O combate às causas das mudanças climáticas globais é um importante desafio da humanidade, assumindo a posição de principal meta de todos os países, à medida que a ameaça da pandemia de COVID-19 se reduz”, sublinha.
Com a mudança de foco, o nome do RCGI passa a ser Research Centre for Greenhouse Gas Innovation, mantendo a mesma sigla, e incorporando cinco novos programas: Nature Based Solutions (NBS); Carbon Capture and Utilization (CCU); Bioenergy with Carbon Capture and Storage (BECCS); Greenhouse Gases (GHG) e Advocacy. Os cinco programas articulam 19 projetos de pesquisa, vários deles com potencial para serem disruptivos.
"O foco na mitigação do impacto das mudanças climáticas se alinha às estratégias da Shell do Brasil que mira a descarbonização”, disse o CEO da Shell do Brasil. O RCGI foi o primeiro CPE constituído pela empresa em parceria com a FAPESP; o segundo é o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), com sede nas universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (USP) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Araújo informou que um novo CPE está sendo planejado, o Offshore Innovations Science. "Ciência e tecnologia são fundamentais para a transformação da sociedade.”
O vice-presidente da FAPESP sublinhou, durante o evento, que, com o novo investimento da Fundação no RCGI, o total de recursos direcionados aos 22 CPEs constituídos pela FAPESP em parceria com empresas e universidades atinge a marca de R$ 1 bilhão. "Trata-se de um investimento de longo prazo, voltado para a solução de problemas. A pesquisa orientada para a missão tem orientado a FAPESP nos últimos anos”, ressaltou.
Os novos objetivos do RCGI foram apresentados pelo seu diretor-geral. "Sabemos que não bastam soluções que reduzam as emissões de gases de efeito estufa. É preciso ir além: capturar e armazenar carbono; transformar CO2 em matéria-prima para a indústria química; e superar gargalos de mercado, de regulação e de percepção pública”, destacou Meneghini. "É neste cenário que iremos atuar com nossos projetos”, resumiu.
O programa Nature Based Solutions, por exemplo, buscará soluções para promover o sequestro de carbono na vegetação e no solo com projetos de reflorestamento de espécies nativas, de restauração de pastagens degradadas, de sistemas integrados lavoura-floresta-pecuária. Também apoiará a prestação de serviços ecossistêmicos, além de dar suporte para a elaboração de políticas públicas e incentivar o bem-estar social.
Trilhar novas rotas químicas, biológicas ou eletroquímicas, transformando CO2 em matéria-prima para a indústria química, está no escopo do programa Carbon Capture and Utilization. Outra proposta inovadora é a aplicação da tecnologia de captura e armazenamento de carbono para a indústria de bioenergia, o que está previsto no programa Bioenergy with Carbon Capture and Storage. Nesse caso, o desafio será obter uma pegada negativa de carbono na cadeia de bioenergia, o que colocaria o Brasil na liderança mundial desse combustível.
Já o programa Greenhouse Gases trabalhará para encontrar meios de trazer maior confiabilidade no inventário de emissão de gases de efeito estufa do Brasil, além de desenvolver novas tecnologias para contê-las. "De nada adianta termos produtos e processos economicamente viáveis, com pegada zero de emissão, se não tivermos créditos de carbono de qualidade para comercializá-los”, ressaltou Meneghini. "Além disso, será necessário avaliar a viabilidade de cada um dos projetos em termos econômicos, jurídicos e sociais, a fim de desenvolver estratégias e apresentá-los aos grupos de interesse, o que caberá ao programa Advocacy.”
O vice-diretor-geral do RCGI, Alexandre Breda, executivo da Shell, também destaca que parte dos novos desafios do RCGI vai ao encontro das estratégias globais da empresa, que pretende ser neutra em carbono até 2050. "Além de um time excelente de cerca de 400 pesquisadores, hoje o centro tem um grau de maturidade e de organização que o habilita a enfrentar desafios complexos”, afirma.
Assista ao vídeo: https://youtu.be/78VRhZNl9M4
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- 08/10/2021 - Comissão que analisa produção de radioisótopos faz novo debate na próxima quintaFonte: Agência Câmara de NotíciasA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada realiza nova audiência pública na próxima quinta-feira (14).
O colegiado analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, do Senado, que autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico, quebrando o monopólio estatal no setor.
Hoje a iniciativa privada pode comercializar e utilizar apenas radioisótopos com meia-vida igual ou inferior a duas horas. Os outros radioisótopos só podem ser produzidos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, e pelo Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro.
No mês passado, no entanto, o Ipen, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, suspendeu essa produção por falta de recursos. Alguns dias depois o Ministério da Economia liberou um crédito suplementar de R$ 19 milhões. Mas o Ipen afirma que precisa de R$ 89 milhões para o fornecimento de radioisótopos até o final deste ano.
Nesta quinta-feira (7), o Congresso Nacional aprovou um projeto que abre crédito suplementar de R$ 63 milhões para produção de radiofármacos. O texto ainda precisa ser sancionado pelo presidente da República.
A falta desses produtos pode prejudicar cerca de 2 milhões de pessoas.
Debatedores
Foram convidados para discutir o assunto com os deputados o representante do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) contra-almirante Carlos André Coronha Macedo, e um representante da Amazul, entidade vinculada à Marinha do Brasil.
Desde 1979, a Marinha desenvolve um programa nuclear próprio em uma unidade localizada no município de Iperó (SP), cujo objetivo é construir um submarino de propulsão nuclear.
A audiência foi sugerida pelo relator da comissão especial, deputado General Peternelli (PSL-SP), e pelo deputado Zacharias Calil (DEM-GO)
A reunião será realizada às 9 horas, no plenário 13.
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- 08/10/2021 - Congresso aprova R$ 63 milhões para produção de radiofármacosNo total, projeto destina R$ 690 milhões para vários ministérios
No total, projeto destina R$ 690 milhões para vários ministérios
Fonte: Agência Câmara de NotíciasO Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira (7) o projeto que abre crédito suplementar de R$ 690 milhões para vários ministérios (PLN 16/21). Os recursos para produção de radiofármacos, que são utilizados em tratamentos contra o câncer, foram aumentados de R$ 26 milhões no texto original para R$ 63 milhões. O projeto foi aprovado por deputados e senadores e seguirá para sanção.
O presidente da Comissão Especial de Combate ao Câncer, deputado Weliton Prado (Pros-MG), comemorou a aprovação, lembrando da campanha Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama. "É a doença que mais mata mulheres", observou.
"Os radiofármacos são fundamentais para salvar vidas. O câncer tem cura, mas se o tratamento demora, a doença avança e aumentam os custos de tratamento", disse o parlamentar.
A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) lembrou que a falta de recursos para os radiofármacos levou à interrupção do tratamento de pacientes ou de diagnósticos. "O País sofreu praticamente um colapso nesta área com dez dias sem a produção", afirmou.
Chantagem
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) acusou o governo de usar os radiofármacos para fazer uma chantagem pela aprovação do PLN 16/21. "Falta dinheiro para o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares porque o governo cortou", criticou.Chinaglia reclamou que os vetos que trancam a pauta deveriam ser votados antes dos PLNs que abrem créditos para o Orçamento deste ano. "A desculpa é a pandemia e as sessões remotas", lamentou.
O deputado ainda protestou contra o cancelamento de quase R$ 655 milhões que seriam destinados originalmente para projetos de pesquisa pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) assumiu, no entanto, o compromisso de que o governo vai restabelecer os recursos não reembolsáveis para investimento em pesquisa. "Existem editais em andamento e projetos que podem ser executados neste ano", prometeu.
Já o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) lamentou que 90% dos recursos do FNDCT estejam contingenciados. "Inovação tem que ser prioridade no País. Os poucos recursos do fundo são liberados no fim do ano para não dar tempo de lançar os editais. E então o dinheiro tem de ser devolvido para o Tesouro", relatou. "A expectativa era que, com o PLN 16/21, o edital para pesquisa saísse na semana que vem."
Contra o monopólio
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) defendeu a quebra do monopólio estatal da produção de radiofármacos. Ele é autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, que autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico.Alvaro Dias elogiou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por ter instalado a comissão especial para analisar a proposta. "Certamente vamos salvar vidas. Mesmo com todos os recursos, as estatais conseguem atender apenas metade da demanda de radiofármacos", ressaltou.
Outros ministérios
Aprovado pelo Congresso, o PLN 16/21 foi modificado pelo Poder Executivo e reduziu o valor originalmente alocado para pesquisa para atender outros ministérios. A suplementação ficou distribuída da seguinte forma:- Agricultura - R$ 58 milhões para modernização e fortalecimento da defesa agropecuária e sanidade agropecuária.
- Ciência e Tecnologia - R$ 7 milhões para gestão da política de ciência e tecnologia e fomento a projetos e programas.
- Comissão Nacional de Energia Nuclear - além dos R$ 63 milhões para produção de radiofármacos, outros R$ 19 milhões vão para o funcionamento das instalações laboratoriais que dão suporte operacional às atividades de produção, prestação de serviços, desenvolvimento e pesquisa.
- Educação - R$ 107 milhões vão para concessão de bolsas de estudo no ensino superior e R$ 5 milhões para o apoio ao desenvolvimento da educação básica.
- Saúde - R$ 50 milhões vão para o saneamento básico.
- Comunicação - R$ 100 milhões vão para apoio a iniciativas e projetos de inclusão digital.
- Desenvolvimento Regional - R$ 150 milhões vão para ações de proteção e defesa civil na gestão de riscos e desastres, R$ 100 milhões se destinam a integralização de cotas de moradia do Fundo de Arrendamento Residencial e R$ 2,2 milhões para obras de infraestrutura hídrica.
- Cidadania - R$ 28 milhões vão para projetos e eventos de esporte.
Reportagem – Francisco Brandão
Edição – Pierre Triboli
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- 07/10/2021 - Congresso aprova crédito extra para produção de remédios contra o câncerParlamentares aumentam o volume de recursos para assegurar a produção de radiofármacos, após instituto interromper o fornecimento por falta de verba para adquirir matéria-prima. Deputado de oposição critica "chantagem" do governo
Parlamentares aumentam o volume de recursos para assegurar a produção de radiofármacos, após instituto interromper o fornecimento por falta de verba para adquirir matéria-prima. Deputado de oposição critica "chantagem" do governo
Fonte: Correio Braziliense
Em sessão conjunta nesta quinta-feira, o Congresso Nacional aprovou o PLN 16/21, que destina um crédito suplementar para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A ideia é garantir o funcionamento de instalações de pesquisa e laboratórios e também viabilizar a continuidade da produção de radiofármacos— utilizados principalmente em exames e tratamentos de câncer.
O projeto foi apreciado poucas semanas depois de o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável pela produção de radiofármacos, interromper o fornecimento dos medicamentos por falta de verba para adquirir matéria-prima. O Instituto chegou a ficar dois dias sem produzir radiofármacos em setembro até que o Ministério da Economia liberou R$ 19 milhões em crédito suplementar— que foi considerada insuficiente para manter os trabalhos até o fim do ano.
No PLN aprovado ontem, os recursos para a produção foram aumentados de R$ 26 milhões (como constava no texto original) para R$ 63 milhões. Vários parlamentares comemoraram a aprovação do projeto e ressaltaram que ele deve evitar novos apagões na produção de radiofármacos. Já o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) creditou a falta de recursos do Ipen ao governo federal.
"Chantagem"
Segundo ele, o PLN 16 foi, portanto, uma espécie de "chantagem”. "Fazem, digamos, uma verdadeira chantagem, porque é o mesmo governo que retirou dinheiro do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que fabrica radioisótopos para radioterapia em quem tem câncer — portanto, é um motivo mais do que nobre apoiar recursos para o Ipen. Porém, é preciso registrar que está faltando dinheiro para o Ipen porque o governo cortou no orçamento”, afirmou.
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR), por sua vez, defendeu a análise de outra proposta, de sua autoria, que quebra o monopólio da produção de radioisótopos e radiofármacos. O projeto praticamente não andou ao longo dos últimos 11 anos e voltou a tramitar esta semana, quando um requerimento para realização de audiência pública com o Ipen e o Instituto de Energia Nuclear (Ien) foi aprovado na Comissão Especial.
Infraestrutura
O Congresso também aprovou um PLN para reforçar o caixa de ministérios e projetos de infraestrutura. Serão mais de R$ 2 bilhões para esta finalidade. Os parlamentares também aprovaram um projeto do Executivo que destina R$ 944,4 mil para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) custear a observação internacional das eleições e para a divulgar a urna eletrônica fora do país.
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- 07/10/2021 - Comissão que analisa produção de radioisótopos ouve autor da proposta nesta quintaProdução desses insumos já foi paralisada por dez dias neste ano e falta de recursos pode acarretar nova interrupção
Produção desses insumos já foi paralisada por dez dias neste ano e falta de recursos pode acarretar nova interrupção
Fonte: Agência Câmara de NotíciasA comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a produção de radioisótopos de uso médico pela iniciativa privada reúne-se nesta quinta-feira (7) com o autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, senador Alvaro Dias (Podemos-PR).
Essa PEC autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico, quebrando o monopólio estatal no setor. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) continuará no controle da atividade.
Hoje a iniciativa privada pode comercializar e utilizar apenas radioisótopos com meia-vida igual ou inferior a duas horas. Os outros radioisótopos só podem ser produzidos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, e pelo Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro.
Sem dinheiro
No mês passado, no entanto, o Ipen, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, suspendeu essa produção por falta de recursos. Alguns dias depois o Ministério da Economia liberou um crédito suplementar de R$ 19 milhões. Mas o Ipen afirma que precisa de R$ 89 milhões para o fornecimento de radioisótopos até o final deste ano.
A falta desses produtos pode prejudicar cerca de 2 milhões de pessoas.
Na terça-feira o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, voltou a afirmar, na Câmara dos Deputados, que o País corre o risco de enfrentar novas paralisações na produção de radiofármacos, caso o Congresso Nacional não aprove R$ 89,7 milhões em créditos suplementares para reforçar o caixa do ministério.Pontes já havia feito o alerta na semana passada à Comissão de Seguridade Social e Família.
A audiência com o senador Álvaro Dias foi sugerida pelo relator da comissão especial, deputado General Peternelli (PSL-SP), e será a primeira de uma série de debates previstos no plano de trabalho. A reunião desta quinta está marcada para as 9 horas, no plenário 6.
Tramitação
A admissibilidade da PEC foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania em 2013, mas a comissão especial só foi instalada no dia 28 de setembro.