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- 17/10/2022 - IPEN vai premiar a melhor tese do Programa de Tecnologia Nuclear com o nome de Shigueo WatanabePesquisador Emérito do Instituto, Shigueo orientou mais de 100 alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, e segue contribuindo para a formação de jovens pesquisadores
Pesquisador Emérito do Instituto, Shigueo orientou mais de 100 alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, e segue contribuindo para a formação de jovens pesquisadores
Um dos momentos mais emocionantes do XXI Workshop da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, na sexta-feira, 14, foi o anúncio da criação do Prêmio Shigueo Watanabe de Melhor Tese IPEN, com a presença do homenageado, que fez questão de falar, mesmo com sua limitação auditiva. Antes, a diretora substituta do Instituto, Isolda Costa, fez um breve relato sobre a "inestimável” contribuição do professor Shigueo ao ensino e à pesquisa no IPEN.
Dirigindo-se, inicialmente, ao professor Shigueo, Costa mencionou a satisfação de tê-lo presente e disse que a escolha de seu nome para o prêmio se justifica pela sua história de dedicação e pioneirismo no Instituto. Comentou que, aos 98 anos, Shigueo ainda orienta alunos de iniciação científica e de doutorado, e é "um modelo de pesquisador que merece ser sempre homenageado por uma vida de entrega ao ensino e à formação de pessoas”.
Após a leitura de minibiografia de Shigueo e seus principais feitos acadêmicos e científicos, Costa destacou aquela que, segundo o próprio homenageado, foi sua principal contribuição científica: o trabalho teórico em física nuclear denominado "Espalhamento de Dêuterons de Alta Energia por Núcleos Complexos”. "Quando o próton e o nêutron se juntam, formando o dêuteron, apresentam um potencial diferente dos potenciais individuais, e o potencial proposto para o dêuteron recebeu o nome de "Potencial de Watanabe”, reportou a diretora do IPEN.
Costa mencionou premiações e condecorações recebidas, entre elas a Comenda Zuihosho Kunsanto (3º Grau, que éamais alta concedida para estrangeiros) pelo grande esforço ecolaboração para o desenvolvimento das relações culturais e científicas entre os países, em 1998. Essa homenagem ocorreu durante a comemoração dos 90 anos da imigração japonesa no país, e Watanabe recebeu do próprio Imperador Akihito do Japão.
A relação de Shigueo com o IPEN também foi comentada por Costa. Na época, o então superintendente do Instituto de Energia Atômica (IEA), Rômulo Ribeiro Pieroni, propôs ao professor custear seus estudos em um país onde a termoluminescência – técnica que se utiliza da luz emitida pelos materiais quando aquecidos – fosse desenvolvida, para que ele aprendesse e a trouxesse para o Brasil. Desafio aceito, oprofessor Shigueo foi para a Universidade de Austin (Texas, EUA), aprendeu, voltou e estabeleceu a termoluminescência no Brasil na década de 1970.
Ao agradecer o professor, reiterando que ele é "um exemplo [de pesquisador] a ser seguido por todos”, Isolda Costa chamou a coordenadora do Centro de Ensino, Martha Marques Vieira, ex-aluna de Shigueo, para dirigir algumas palavras. "Ele foi meu professor na graduação, no Instituto de Física [Ifusp], acompanhou toda a minha trajetória, e fui mais feliz ainda porque foi ele quem me deu a oportunidade de vir para o IEA. Então, toda a minha história aqui no IPEN foi graças ao professor Shigueo, a quem sou muito grata”.
"A grande vantagem de chegar aos 98 anos é não conseguir escutar se estão falando bem ou mal da gente”, brincou Shigueo. Dizendo-se agradecido pela homenagem do IPEN, ele contou como se deu a história da bolsa no exterior para estudar a termoluminescência. Lembrou que a proteção radiológica dos funcionários era feita por meio de filme, que não era um bom detector de radiação, mas era o que havia disponível na época.
"Então, o superintendente da época, professor Pieroni, um dia me chamou e disse que que me pagaria seis de bolsa onde eu quisesse para eu aprender a técnica da termoluminescência para dosimetria de radiação, que já era feita nos países avançados”, contou, acrescentando que escolheu a Universidade de Austin e que o estágio foi fundamental para o estabelecimento dessa área específica no país. "E eu fico muito contente quando vejo alunos que depois fizeram o curso comigo e continuaram suas carreiras. Muito obrigado a todos vocês”, disse.
Em 2005, Shigueo Watanabe recebeu o título de Pesquisador Emérito do IPEN. Ele continua orientando no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear. Ao todo, já foram mais de 100 orientações, sendo três de iniciação científica (mais duas em andamento), 51 de mestrado e 32 de doutorado (cinco em andamento). "Quem quiser conhecer mais sobre o professor Shigueo basta acessar o seu currículo Lattes e poderá constatar a enorme contribuição para o avanço da ciência no Brasil”, concluiu Isolda Costa, pedindo uma salva de palmas ao homenageado.
A instituição do Prêmio Shigueo Watanabe de Melhor Tese IPEN foi aprovada por unanimidade em reunião ordinária do Conselho Técnico-Administrativo do IPEN, em 4 de fevereiro de 2022. O Instituto já estuda a possibilidade de edital futuro para dar continuidade ao projeto premiado.
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- 17/10/2022 - XXI Workshop da pós em Tecnologia Nuclear debate temas inéditos e homenageia Shigueo WatanabeEvento, que teve transmissão em tempo real, foi considerado 'um sucesso' pelos participantes, com uma programação 'enriquecedora e diversificada', segundo a diretora Isolda Costa.
Evento, que teve transmissão em tempo real, foi considerado 'um sucesso' pelos participantes, com uma programação 'enriquecedora e diversificada', segundo a diretora Isolda Costa.
O XXI Workshop da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, realizado na manhã de sexta-feira, 14, mostrou por que continua sendo a principal referência na área nuclear, no Brasil. "Os números indicam o tamanho do Programa”, afirmou o professor Reinaldo Giudici, da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), convidado para apresentar o colóquio "Área de Engenharias II: Desafios e Futuros”. De fato, alguns indicadores impressionam: só de alunos ativos são 428, e o total de 91 docentes credenciados.
De acordo com o presidente da Comissão de Pós-Graduação (CPG), Eduardo Landulfo, em termos de metas para o próximos anos, o Programa vai apoiar a participação de alunos e docentes em eventos científicos nacionais e internacionais, a publicação de artigos em periódicos e os trabalhos de campo, além de promover a manutenção de laboratórios e de seu funcionamento interno. Para isso, conta com uma equipe multidisciplinar, cujos integrantes foram citados nominalmente como forma de agradecimento.
"São eles que tocam o dia a dia de toda a área de ensino do IPEN, e eu quero aqui apresenta-los e fazer um agradecimento especial a cada um”, disse Landulfo. Além dele, fazem parte da equipe os pesquisadores Martha Marques Vieira, coordenadora do Centro de Ensino, e Almir Oliveira Neto, vice-presidente da CPG, Elsa Papp, Ilze Puglia, Andressa Santos, Bruna Roque, Érika Martins, Nathalia Kodama, Paula Oliveira, Thiago Hossaka, Paulo Balan, José Paulo Cupertino.
Landulfo também apresentou a prestação de contas dos recursos da CPG, relacionando as demandas e a utilização, o edital de credenciamento 2022, o calendário 2023 e as mudanças encaminhadas para apreciação e avaliação, tais como extensão do prazo de credenciamento para quatro anos, depósito digital de teses e dissertações, artigos como trabalho de conclusão e critérios de credenciamento e recredenciamento.
Colóquios e Prêmio
O professor Ricardo Teixeira, da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP), abriu a programação do XXI Workshop apresentando o colóquio "Saúde Mental e Aprendizado”. Ele é o coordenador da Diretoria de Saúde Mental e Bem-Estar Social, vinculada à recém-criada Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da USP. Sanitarista com larga experiência no Sistema Único de Saúde (SUS), Teixeira apresentou dados alarmantes: 25% da comunidade faz uso de medicamento psiquiátrico e 50% referiu ter tido problemas de saúde mental no último ano.
Na sequência, o professor Cláudio Schön, da Poli-USP, apresentou o colóquio "A Graduação em Engenharia Nuclear”, que conta com a expertise do IPEN e a disponibilização de seus laboratórios e instalações nucleares. Aprovado em 2020 pelo Conselho Universitário da USP, com 89 votos favoráveis, nenhum contrário e apenas duas abstenções, o curso teve início em 2021, como habilitação do Departamento de Engenharia de Materiais, Metalúrgica e Nuclear.
Falando sobre os desafios e as perspectivas futuras para a área de Engenharias II, Reinaldo Giudici (Poli-USP) começou seu colóquio falando sobre o sistema nacional de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que possui 49 áreas avaliação organizadas em três grandes campos: ciências da vida, exatas e humanidades.
Um dos momentos mais emocionantes do evento foi o anúncio da criação do Prêmio Shigueo Watanabe de Melhor Tese IPEN, com a presença do homenageado, que fez questão de falar, mesmo com sua limitação auditiva. Antes, Isolda Costa, fez um breve relato sobre sua trajetória acadêmica e científica, e destacou a "inestimável” contribuição do professor Shigueo ao ensino e à pesquisa no IPEN. "Eu fico muito contente quando vejo alunos que depois fizeram o curso comigo e continuaram suas carreiras. Muito obrigado a todos vocês”, disse Shigueo Watanabe, antes da foto com seus ex-alunos presentes.
O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, Madison Almeida, também participou do XXI Workshop, compondo a mesa ao lado da diretora substituta do IPEN, Isolda Costa, dos palestrantes convidados e da coordenadora de Ensino, Martha Vieira. O evento, que teve transmissão em tempo real, foi considerado "um sucesso” pelos participantes, com uma programação "enriquecedora e diversificada”, segundo as palavras de Costa.
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- 17/10/2022 - Comunidade da USP apresenta índices 'alarmantes' em saúde mental, diz professor, em colóquio no IPENSanitarista com experiência no SUS, Ricardo Teixeira abriu o XXI Workshop da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto trazendo números preocupantes.
Sanitarista com experiência no SUS, Ricardo Teixeira abriu o XXI Workshop da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto trazendo números preocupantes.
Levantamento feito pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da USP mostrou que 25% da comunidade faz uso de medicamento psiquiátrico e que os estudantes de graduação e de pós-graduação são os que vêm apresentando os mais altos níveis de sofrimento mental. Os dados foram apresentados pelo professor Ricardo Teixeira, da Faculdade de Medicina (FM-USP) e coordenador da Diretoria de Saúde Mental e Bem-Estar Social.
Teixeira proferiu o colóquio "Saúde Mental e Aprendizado”, abrindo a programação do XXI Workshop do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, na manhã de sexta-feira, 14, no campus do IPEN, na Cidade Universitária. O médico comentou que, desde a criação da Pró-Reitoria, em maio, ele e sua equipe têm feito uma "turnê” pela universidade a fim de elaborar um diagnóstico e posteriormente um programa efetivo de atenção à saúde mental da comunidade.
"Estamos diante de uma situação bastante crítica e muito demandante, emergencial, em relação às questões de saúde mental, num cenário de muito poucas respostas políticas da universidade. Há um passivo da USP muito grande nesse campo, e estamos procurando aprofundar esse diagnóstico e produzir respostas consistentes para esse cenário no contexto da universidade”, afirmou Teixeira, que é médico sanitarista com larga experiência de atuação em saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS).
A experiência acumulada no SUS, segundo Teixeira, é o que está "ajudando a pensar a situação específica no contexto da USP”. Focando sua apresentação no diagnóstico, ele ressaltou que saúde mental é uma questão de saúde público em nível global e que pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a incidência de pessoas com sofrimento mental. Os dados, de acordo com o médico, são "alarmantes” – em escala global e nacional, e já vinham em crescimento antes do contexto pandêmico.
"Mesmo nos primeiros momentos, em março de 2020, já se falava em uma quarta onda, imaginando que haveria duas ondas de infecção por Covid-19, uma terceira que seria o agravamento das condições crônicas que ficariam desassistidas, e uma quarta onda, que seria de transtornos mentais”. Teixeira afirmou que o descontrole do cenário epidemiológico na pandemia trouxe múltiplas ondas, inclusive a ‘onda M’, da saúde mental, que veio se agravando e persiste como uma ‘sequela’ coletiva em escala global.
"Nós temos um plus de problemas que podem ser atribuídos ao cenário pandêmico, e ressalto que não estamos na pós-pandemia, estamos em outra etapa da pandemia, melhor que uma etapa anterior, pois não temos o peso do confinamento, mas temos ainda uma série de alterações na nossa vida cotidiana, e na universidade temos sentido bastante isso”, ressaltou Teixeira. Ele se refere "a uma série de fobias sociais que se constituíram e que têm dificultado o reencontro no espaço da convivência social”.
Teixeira comentou que não poderia falar desse tema na USP sem trazer a referência do problema como sendo universal. Durante sua atuação no enfrentamento das questões de saúde na política pública brasileira, o médico viu a saúde mental sair da condição de "subcapítulo” para o "primeiro grande tema da saúde, mundialmente falando”. "Ou seja, a saúde mental, de um problema, se tornou o problema de saúde pública”, disse, citando relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o tema.
No Brasil, não é diferente, de acordo com Teixeira. O número de suicídio entre os jovens no país, por exemplo, dobrou na última década. Afora isso, os transtornos de ansiedade e depressão atingem um percentual de 15% a 30% da população mundial, números que "colocam em xeque as respostas habituais ao problema da saúde mental. "Quando uma condição chega a prevalências de 15%, 30% ou mais da população, nem podemos mais pensar em respostas especialistas para isso”.
Teixeira ressalta que não existem profissionais de saúde especializados, em número, capazes de fazer frente à demanda. Esse cenário é o que tem instigado pesquisadores da área a procurarem alternativas inclusive não especialistas. "Fala-se muito em brigadas de saúde mental, a partir da ideia de que precisamos ter parcelas da população leiga treinadas como socorristas em saúde mental”, disse o médico, dando uma ideia de para onde o cenário está caminhando, segundo suas palavras.
"Números alarmantes”
Voltando ao contexto da USP, Teixeira comentou que uma das primeiras ações da Pró-Reitoria foi distribuir um questionário para toda a comunidade, trazendo questões ligadas à ambiência, ao clima institucional e de saúde mental para entender, preliminarmente, um pouco qual seria o panorama no último ano na universidade. Uma das perguntas era se a pessoa havia tido algum problema de saúde mental no último ano.
"Vou dar números redondos, apenas para vocês ficarem com as ordens de grandeza na cabeça”, alertou o médico. Segundo o levantamento, 50% da comunidade da USP referiu ter tido problemas de saúde mental no último ano. "Vejam, metade da universidade”. Também foi perguntado se a pessoa havia procurado ajuda profissional especializada no período. "Seria um indicador de que não se tratada de mal-estar subjetivo, mas que o respondente achou que precisava de ajuda. Praticamente o mesmo número, com variações de 51% para 49%”, pontuou Teixeira.
O médico salientou que os dados ainda estão em análise, e que estão sendo tabulados de forma estratificada. Pelo anuário estatístico da USP, a comunidade hoje corresponde a 119 mil pessoas, mais ou menos 85% são alunos de graduação e de pós-graduação, e o questionário foi respondido por 14 mil respondentes, mais de 10% do total. Na análise, os índices foram separados subgrupos de acordo com o vínculo (estudantes, servidor técnico-administrativo, professor etc.).
De acordo com Teixeira, nesse número de 50%, quando se olha para os estudantes de graduação, o percentual é de 60% que procuraram ajuda especializada para problemas de saúde mental no último ano. Outro dado: ¼ da comunidade da USP faz uso de medicação psiquiátrica continuamente. "Qual a leitura que fazemos sobre a determinação desse estado de coisas?”, indaga o professor, ressaltando a sua área de atuação no Departamento de Medicina Preventiva.
"Temos o foco na prevenção e, portanto, o nosso campo teórico é o da chamada determinação social do processo saúde-doença, ou seja, estudamos para saber os determinantes para intervir sobre eles, pois estamos falando de prevalências, e não temos como responder somente com assistência, só com atendimento psiquiátrico ou psicológico. Evidentemente, nós temos uma questão relacionada à assistência também, na USP”, explicou.
Teixeira se refere a outra pergunta do questionário, se o respondente teria/teve como acessar ajuda especializada, nos casos em que mencionou ter tido problema. De acordo com o médico, um terço da comunidade acadêmica, incluindo todos os segmentos, referiu não ter acesso a nenhum tipo de recurso em saúde mental. "Ou seja, uma parte significativa da comunidade”. Analisando somente os alunos de graduação, o número é alarmante: 40% não têm condição de tratar de seu sofrimento psíquico.
Teixeira diz que, para esse segmento, que está em intenso sofrimento e desassistido, a USP precisa garantir o cuidado. "Então, é importante, sim, a gente fortalecer a retaguarda assistencial. Entendemos que a universidade precisa olhar para essas pessoas, garantindo o acesso a psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfim, uma equipe com grande potencial de intervenção nesse tipo de condição de sofrimento”.
"Permanência estudantil”
Enfatizando, contudo, que é fundamental intervir mais na determinação social do sofrimento, Teixeira destaca que a Diretoria de Saúde Mental e Bem-Estar Social vinculada a uma Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento não é casual. A própria criação da PRIP é um dos fatos institucionais mais marcantes na história da USP. "Quero chamar a atenção para a transcendência desse fato, que foi motivado por questões de força maior”.
Teixeira se refere ao que considera "mudança da base demográfica” da USP, afirmando que a composição demográfica da população da Universidade de São Paulo se transformou, nos últimos anos, com a política de cotas. "Temos hoje 50% dos graduandos oriundos de escola pública, isso já fala bastante sobre a mudança da composição da origem socioeconômica dos nossos alunos. Temos uma maior presença da população negra na universidade e de outras minorias”, ressalta.
Essa nova "reengenharia social”, promovida pela política de cotas, lança novos desafios, que Teixeira sintetiza em poucas palavras: o desafio da permanência estudantil. Isso porque há vários fatores que "expulsam esses alunos do espaço”, desde a própria condição socioeconômica, que não é pequeno o papel em garantir a permanência do aluno. A USP oferece auxílio-moradia, auxílio-livro e outras formas de ajuda, mas esta é uma linha que deverá ser incrementada pela nova política de inclusão e pertencimento.
Qualificar a moradia estudantil no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp) – atualmente em situação "calamitosa”, com alguns blocos de cimento abandonados em absoluto sucateamento – é uma prioridade política da atual gestão da USP. "Fazer do Crusp algo que mereça ser chamado de moradia estudantil é fundamental, porque a moradia é um importante indicador do nosso cuidado e atenção a justamente ao tipo de política de permanência que a queremos fazer”.
Teixeira alerta que o acesso a psicólogo e psiquiatra não resolve o problema da saúde mental, ao contrário, deve ser motivo de preocupação, pois "muitas vezes é um sintoma do estado de coisas na comunidade universitária”. Sintoma – explica – de como podem entrar para não alterar a determinação do sofrimento mental. Um determinante importante no ambiente acadêmico é a competitividade e a produtividade exacerbadas, aponta o médico.
"No entanto, a demanda pela medicação é, muitas vezes, um recurso para se adaptar a esse ambiente. Em outras palavras, eu preciso acessar a esse recurso para sobreviver nesse ambiente que é adoecedor e que permanecerá intocado”, alertou. E citou também outros fatores determinantes sociais de adoecimento psíquico como racismo, misoginia, homofobia, transfobismo, "LGBTQ+fobia”, assédio e outras formas de violências pessoais nas relações de trabalho entre alunos, entre professor-alunos etc..
"Nosso diagnóstico é de que a universidade ainda se colocar como um ambiente hostil para uma parcela significativa do alunado é um determinando do sofrimento psíquico que os dados da pesquisa têm revelado para nós. Porque se a gente estratifica por cor, nível socioeconômico, orientação sexual, é evidente a expressão de sofrimento mental. Ou seja, os números alarmantes que trago para vocês envolvem fundamentalmente estudantes de baixa renda, negros e a comunidade LGBT, que possui os piores indicadores de saúde mental dentro da USP”.
Teixeira finalizou sua palestra dizendo que transformar todos os aspectos relacionados a uma dada cultura enraizada na universidade é o objetivo da política de saúde mental e isso se fará com toda a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, nas suas cinco áreas de atuação. "Obviamente, a nossa Pró-Reitoria não fará isso sozinha porque ela mesmo transversaliza as outras pró-reitorias e vamos trabalhar junto com graduação, pós-graduação, pesquisa e inovação, uma parte importante da nossa vocação na USP. Inovar na atenção à saúde mental diante do sofrimento psíquico na universidade”.
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- 14/10/2022 - Nota de falecimento - Odette GuedesO IPEN-CNEN informa com extremo pesar o falecimento, em 13 de outubro, da Analista em C&T aposentada Odette Guedes.
A matemática Odette ingressou no IPEN em 3 de março de 1971 e aposentou-se em 20 de agosto de 1992. Atuando na área de Desenvolvimento de Sistemas, em 1979, juntamente com as bibliotecárias Terezine Arantes Ferraz e Irene Josefa de Souza, publicou o relatório "O Sistema de Processamento de Dados Utilizados pela Divisão de Informação e Documentação Científicas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares".
Velório e sepultamento
O velório acontece hoje, 14 de outubro, das 12h às 16h no Cemitério São Paulo, Rua Cardeal Arcoverde, 1.250, bairro de Pinheiros. O sepultamento, no mesmo local, se dará às 16h.
O IPEN se solidariza com a família, amigos e colegas e externa profundo agradecimento pelo legado deixado por Odette ao Instituto.
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- 14/10/2022 - Associação latino-americana na área de tecnologias de irradiação celebra oito anos com encontro virtualO evento acontece em 14 de outubro, sexta-feira, às 15h e apresentará os avanços da tecnologia do uso da irradiação na América Latina
O evento acontece em 14 de outubro, sexta-feira, às 15h e apresentará os avanços da tecnologia do uso da irradiação na América Latina
A Asociación Latinoamericana de Tecnologías de la Irradiación (ALATI) comemora seu 8º ano de fundação com um seminário virtual em que apresentará os desenvolvimentos alcançados no período e os objetivos para o próximo ano.
O presidente da ALATI, engenheiro Daniel Perticaro, abrirá o evento com um histórico sobre a entidade e seus objetivos. A evolução da tecnologia da irradiação na região da América Latina e Caribe será o tema de apresentação de J. Walter Rangel Urrea, diretor de Serviços Tecnológicos do Instituto Nacional de Investugaciones Nucleares (ININ), do México.
Estudos de casos sobre as aplicações das tecnologias de irradiação em países da América Latina serão apresentados no seminário por representantes locais. O IPEN será representado pelo gerente-adjunto do Centro de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN, Samir Luiz Somessari.
É necessário realizar registro prévio para receber o link de acesso: www.alati.ar/registro
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- 10/10/2022 - CNEN participa de edição virtual do Mês da Ciência, Tecnologia e InovaçõesVídeo sobre a Comissão Nacional de Energia Nuclear e seus institutos será divulgado no canal do MCTI no YouTube a partir das 19h
Vídeo sobre a Comissão Nacional de Energia Nuclear e seus institutos será divulgado no canal do MCTI no YouTube a partir das 19h
Na data em que completa seus 66 anos de fundação, a CNEN terá participação no Mês da Ciência, Tecnologia e Inovações com um vídeo em que serão apresentadas suas atividades e a de seus institutos de pesquisa.
O vídeo será exibido no canal do MCTI, organizador do evento virtual, em seu canal no YouTube a partir das 19h.
O IPEN contará com depoimento de sua diretora substituta, Isolda Costa.
Canal do MCTI Eleições:
O início da apresentação da CNEN começa aos 5min18s de exibição. A participação do IPEN, com a Dra. Isolda Costa inicia aos 45min33s
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- 10/10/2022 - CPG convida estudantes e docentes para o XXI Workshop do Programa de Tecnologia NuclearEvento acontecerá nesta sexta-feira, 14, de forma presencial, com a opção de participação remota. Todos os interessados devem se inscrever no formulário disponível
Evento acontecerá nesta sexta-feira, 14, de forma presencial, com a opção de participação remota. Todos os interessados devem se inscrever no formulário disponível
Com uma programação variada, que inclui a apresentação de indicadores do programa, três colóquios e o anúncio de um prêmio a ser instituído para a melhor tese, a Comissão de Pós-Graduação (CPG) convida alunos e orientadores para do XXI Workshop da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, a ser realizado nesta sexta-feira, 14, a partir das 9hs, no Prédio do Ensino.
Os colóquios abordarão a relação entre saúde mental e aprendizado, a recente graduação em engenharia nuclear na Poli/USP e os desafios e perspectivas para a área de engenharias II, à qual o programa está vinculado. Os professores Ricardo Teixeira (FM-USP), Claudio Sohön e Reinaldo Giudici (Poli-USP) serão, respectivamente, os palestrantes.
Também será apresentado o resultado da Avaliação Capes no quadriênio 2018-2022, que manteve a nota 6, de excelência do programa, além do edital de credenciamento, das mudanças de regimento e do calendário 2023. Ao final, será anunciada a criação do Prêmio Shigueo Watanabe de Melhor Tese IPEN, mais uma inciativa de homenagear em vida o professor Shigueo pela sua "inestimável contribuição ao ensino e à pesquisa no IPEN”.
O prêmio para a melhor tese, aprovado por unanimidade em reunião ordinária do Conselho Técnico-Administrativo do IPEN, em 4 de fevereiro de 2022, é também um reconhecimento à dedicação dos estudantes, e o IPEN já estuda a possibilidade de edital futuro para dar continuidade ao projeto premiado.
As inscrições para o evento, que será presencial, serão realizadas através deste formulário, até dia 11 (quinta-feira), às 12hs. Os que optarem pela participação de forma remota deverão preencher o formulário também. O link será enviado por e-mail, um dia antes do evento, com as orientações.
Programação
9h: Apresentação do Programa
- Indicadores
- Apresentação do operacional
- Verbas Proex - Demandas x Utilização
- Edital de credenciamento 2022- Resultados e avaliação
- Calendário 2023
- Mudanças de regimento9h20: Colóquio "Saúde mental e aprendizado"
Prof. Ricardo Teixeira (FM-USP)
10h10: Colóquio "A Graduação em Engenharia Nuclear"
Prof. Cláudio Schön (Poli-USO)
10h45: Colóquio "ÁRea de Eng. II - Desafios e Futuro"
Prof. Reinaldo Giudici (Poli-USP)
11h25: Resultado da Avaliação Capes 2018-2022
11h30: Anúncio da criação do Prêmio "Shigueo Watanabe” de Melhor Tese IPEN
11h35: Encerramento e Confraternização -
- 10/10/2022 - CNEN celebra seu 66º aniversário com mesa redonda sobre reatores modulares de pequeno porte e homenagensA celebração dos 66 anos de fundação da CNEN contará com a mesa redonda "Reatores Modulares de Pequeno Porte: Desafios e Oportunidades” no dia 10 de outubro, segunda-feira, às 10h. Participam do encontro o diretor de Pesquisas e Desenvolvimento do órgão, Madison Coelho de Almeida, o pesquisador do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), Paulo Berquó, o coordenador geral de Ciência e Tecnologia Nucleares da CNEN, Leslie de Molnary, e o analista da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Marcelo Wendel.
A sessão solene do 66º aniversário de fundação da CNEN acontecerá às 15h, com pronunciamentos e homenagens. Dentre os homenageados, os dois servidores com mais anos de serviços prestados: Pedro Mariano e João Pereira de Almeida, ambos atuando na Divisão de Infraestrutura (DINFR) do IPEN.
Mariano ingressou no IPEN em 1969 e trabalha na manutenção hidráulica. Almeida completa 50 anos no IPEN na área de projetos e manutenção elétrica.
Ambos os eventos acontecem no Auditório Carneiro Felippe, na Rua General Severiano, 90, Botafogo, RJ.
Os eventos não terão transmissão on-line.
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- 04/10/2022 - Prorrogadas as inscrições para o Brasil HackAtom, competição científica para soluções na área nuclearData limite, agora, é 14 de outubro. Não há requisitos rígidos para os participantes, mas é preferível ter conhecimentos básicos em matemática, física, análise de dados e ciência da computação.
Data limite, agora, é 14 de outubro. Não há requisitos rígidos para os participantes, mas é preferível ter conhecimentos básicos em matemática, física, análise de dados e ciência da computação.
As inscrições para o Brasil HackAtom, competição científica por equipes para desenvolver ideias sobre um tema relacionado à energia nuclear, foram prorrogadas até o dia 16. O evento é promovido pelo IPEN/CNEN, em parceria com o Instituto de Engenharia Física (MEPhI) de Moscou, com apoio da Rosatom – Companhia Estatal de Energia da Rússia, e será realizado na modalidade virtual. Interessados devem preencher este formulário.
O evento Brasil HackAtom é inspirado em um hackathon (maratona de hackers) — um evento tipo sprint de design, no qual diferentes especialistas em TI colaboram intensamente em projetos de software. Nessas competições, o objetivo é criar software ou hardware em funcionamento ao final do evento. No Brasil HackAtom, a ideia é promover o contato dos alunos com questões práticas da área nuclear de maneira lúdica. Eles terão que demonstrar capacidade de trabalhar em equipe para buscar soluções criativas e inovadoras.
A inciativa de promover um "hackathon” para a área nuclear é mais ação com o objetivo de integrar alunos de graduação e pós-graduação de IPEN e MEPhI, no âmbito do acordo acadêmico bilateral firmado em abril de 2019. Serão formadas equipes de dois a cinco estudantes, a depender do número de inscritos. Alunos de diferentes especialidades podem compor as equipes, desde que sejam da mesma universidade.
Os pesquisadores Niklaus Wetter, do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP), e Julian Shorto, do Centro de Engenharia Nuclear (CEENG), são os coordenadores do Brasil HackAtom no IPEN/CNEN.
Apesar de o HackAtom ser desenhado para a modalidade on-line, as equipes podem optar pelo trabalho off-line, sendo responsáveis pela escolha do local e pelo cumprimento das exigências epidemiológicas. Elas deverão ser formadas antecipadamente e, depois de registradas, indicadas pelas instituições participantes. Não há restrições sobre quais tecnologias serão usadas.
Para cada equipe, haverá um responsável dos organizadores, que auxiliará em eventuais problemas, bem como indicará quanto tempo possuem. Pelo IPEN/CNEN, estarão à frente os pesquisadores Delvonei Andrade e Luís Terremoto, além de Shorto.
Pelo MEPhI, os trabalhos serão acompanhados pelos professores Dmitry Samokhin e Alexander Nakhabov, respectivamente chefe e vice-chefe do Departamento de Física e Engenharia Nuclear.
Não há requisitos rígidos para os participantes, mas é preferível ter conhecimentos básicos em matemática, física, análise de dados e ciência da computação. As equipes definem o número de participantes na apresentação do projeto, cada uma dispõe de 10 minutos. A língua oficial é o inglês.
Dinâmica do evento
Dia 1: as atividades começarão a partir das 9h, horário de Brasília (15h em Moskow), com a explicação das regras por parte dos moderadores. Em seguida, serão apresentadas várias palestras curtas, em diferentes áreas nucleares, pelos professores líderes de universidades russas. As tarefas são anunciadas para as equipes com sessão de perguntas e respostas, e então começarão os trabalhos em equipe.
Dia 2: Nessas 24h, as equipes trabalham com o objetivo de encontrar as melhores soluções para as tarefas propostas. Podem ser utilizados quaisquer softwares, abordagens ou ideias na resolução dos problemas. Finalmente, os competidores apresentarão seus resultados em curto prazo ao Júri, composto por professores de universidades russas e locais. Os vencedores (1º, 2º e 3º prémios) serão anunciados pelos jurados. Haverá prêmios e brindes de parceiros.
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- 30/09/2022 - Com apoio da Agência Internacional de Energia Atômica, IPEN promove curso sobre Segurança CibernéticaParticipantes abordaram a eficácia dos sistemas de segurança computacional e de medidas que fornecem proteção às instalações, essencial para a área nuclear no Brasil.
Participantes abordaram a eficácia dos sistemas de segurança computacional e de medidas que fornecem proteção às instalações, essencial para a área nuclear no Brasil.
A resposta a incidentes de segurança computacional é um aspecto importante da Segurança Nuclear, especialmente se considerarmos que os sistemas computacionais estão cada vez mais suscetíveis a ataques cibernéticos. Foi com a proposta de aprimorar os processos de gestão de incidentes cibernéticos nas organizações da área nuclear que o IPEN/CNEN solicitou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o CyberSecurity Incident Response Team (CSIRT), encerrado nesta sexta-feira, 30.
Durante toda a semana, 23 participantes representando sete instituições participaram do treinamento técnico, que teve como focos os guias da AIEA e as boas práticas internacionais de resposta a incidentes de segurança computacional, voltados às instalações nucleares e radiativas, vitais para desenvolver e aprimorar as práticas de gestão. O curso foi baseado no documento intitulado Computer Security Incident Response Planning at Nuclear Facilities e incluiu conceitos da Nuclear Security Series (NSS), ambos da AIEA.
De acordo com Paulo Henrique Bianchi, chefe Serviço de Gestão de Redes e Suporte Técnico e coordenador pelo IPEN/CNEN, a iniciativa de promover o treinamento partiu do superintendente do Instituto, Wilson Calvo, por meio de tratativas iniciadas ainda em 2021 com Rodney Busquim e Silva, da Divisão de Segurança Nuclear da AIEA. "É um tema de extrema relevância para a área nuclear no Brasil, visto que os ataques cibernéticos estão aumentando cada vez mais, inclusive tendo como alvo órgãos governamentais”, disse.
Bianchi ressaltou o interesse do IPEN/CNEN, ao buscar essa parceria com a AIEA, de proporcionar a formação de recursos humanos especializados em Segurança Computacional "para termos condições de nos defender destas ameaças”. As expectativas se confirmaram: os participantes abordaram, no treinamento, a eficácia dos sistemas de segurança computacional e de medidas que fornecem proteção às instalações. Além disso, aprenderam como avaliar a capacidade de responder a incidentes de segurança computacional.
"Esperamos, com o término do curso, que os participantes estejam capacitados a aprimorar os processos de gestão de incidentes cibernéticos dos seus órgãos, com base nas melhores práticas sugeridas pela AIEA. Além disso, a realização do curso promoveu a cultura de segurança cibernética, reforçando aos participantes a grande importância da segurança computacional, que podem se tornar multiplicadores desta cultura em seus órgãos de origem”. Afirmou Bianchi.
Para Rodney Busquim e Silva, um dos instrutores, chamou a atenção o engajamento dos alunos, segundo ele "foi muito acima do esperado”. "Eles tiveram a oportunidade de assistir a aulas de instrutores internacionais e também de realizarem exercícios práticos em dois ambientes distintos: o ambiente hospitalar e uma planta nuclear. O ponto alto do treinamento foi no penúltimo dia [quinta-feira, 29], quando fizemos um exercício realista e imersivo durante todo o dia, onde puderam aplicar o conhecimento obtido no período do curso”, salientou.
Silva também mencionou o "fantástico apoio” do IPEN na execução do exercício, "inclusive permitindo que os alunos tivesses oportunidade de visitar o reator [IEA-R1] do Instituto e conversar a respeito de como uma instalação nuclear opera”. Além dele, também foram instrutores Ricardo Paulino Marques, da Escola Politécnica da Universidade de SãoPaulo (Poli/USP), Francesca Soro, do Austrian Institute of Technology (Áustria), Christophe Martin, da Électricité de France (França), e Gustavo Berman, da Comisión Nacional de Energía Atómica (Argentina).
Outro aspecto interessante do curso foi o fato de os participantes terem formações diversas. Não houve restrições quanto ao tipo de vinculação com o órgão de origem, isto é, puderam participar servidores, terceirizados e alunos da pós-graduação, que atuam ou possuem interesse no tema.
"Consideramos que a cultura de segurança cibernética, para ser efetiva, deve ser promovida para todos os colaboradores da empresa, sem distinção”, argumentou Bianchi. Para ele, durante o curso, ficou evidente a necessidade de envolver mais profissionais das áreas de Instrumentação e Controle e de Tecnologia Operacional (TO) nas atividades e treinamentos relacionados à Segurança Computacional, tendo em vista que cada vez mais dispositivos considerados críticos para a operação de instalações nucleares e radiativas estão se tornando digitais e conectados a dispositivos de Tecnologia da Informação (TI).
"Sempre vigilantes”
O analista em ciência e tecnologia do IPEN/CNEN e profissional de TI, Anderson Andrade, foi um dos participantes e destacou a importância do CSIRT devido ao aumento da presença das empresas no meio digital, que por consequência, acabam sendo alvos e podem sofrer incidentes de segurança Digital. "Além, é claro, do ganho de consciência e maturidade por parte das organizações quanto às necessidades de práticas de gerenciamento de riscos nessa área”, afirmou.
Andrade mencionou novas leis que têm surgido, como a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD 13709/2018, a fim de nortear a maneira como as organizações passam a tratar e proteger suas informações e de seus clientes. "Um CSIRT pode exercer tanto funções reativas, quanto proativas, auxiliando na proteção e segurança das organizações. Para os serviços reativos, podemos citar alertas de segurança, tratamento de vulnerabilidades, de incidentes de segurança e de artefatos, como worms, vírus, trojans, ransonwares, entre outros”.
No caso do Risco de Incidente de CyberSegurança Nuclear, Andrade avalia que há um risco maior relacionado aos ambientes de OT Operational Tecnology, "que podem ser afetados indiretamente por ações maliciosas e criminosas como hacker-ativismo, sabotagem, espionagem industrial e por aí vai. Também podem gerar falhas em sistemas críticos dos reatores de pesquisa e potência, além de causar diversos problemas similares em hospitais e clínicas que utilizam terapias nucleares. Por isso, temos que estar sempre vigilantes, atentos”.
Ele cita que o treinamento ofereceu a possibilidade de se trabalhar com um caso que pode se enquadrar em uma situação real. "Nos deparamos com uma circunstância em que um simples pen-drive causou um impacto de alguns milhões de dólares, além de criar riscos nucleares e contra a vida de diversos funcionário da Usina Nuclear estudada”, ressaltou. Para Andrade, ao oferecer o curso, "o IPEN demonstra seu protagonismo e antecipação de ocorrências, se preocupando sempre com o bem-estar de seus colaboradores e com a população em geral”.
Paulo Bianchi mencionou o "apoio essencial” da Fundação de Apoio e Fomento à Inovação Tecnlógica Pesquisa e Ensino – FAFITPE, "sem a qual o evento não teria sido possível”. Ao final, em nome da organização do evento, por parte do IPEN e da AIEA, agradeceu também à equipe da Comunicação Social, à Diretoria do Instituto e à Superintendência, bem como às suas secretarias, à COPLG e aos colaboradores do SEGRS que tanto nos ajudaram na organização do evento.
Ao final, o gurpo teve a oportunidade de conhecer o Reator Nuclerar de Pesquisas IEA-R1, do IPEN, em operação desde 1957, quando atingiu sua primeira criticalidade.
"Memorável oportunidade"
Nas boas-vindas aos instrutores e participantes, a diretora substituta do IPEN, Isolda Costa, e o superintendente Wilson Calvo comentaram brevemente sobre o Instituto, seu pioneirismo e liderança em pesquisas nucleares no Brasil. Costa disse que era "um prazer recebê-los" e "uma honra" para o Instituto proporcionar um curso tão importante com apoio da AIEA.
Calvo mencionou alguns indicadores, destacando os mais de 3 mil titulados no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP e a consolidação de pesquisas e de tecnologias nucleares aplicadas à saúde, indústria, agricultura e meio ambiente. "É uma oportunidade memorável de troca de experiências e conhecimento na área de segurança computacional para instituições nucleares".
Instituições participantes
Além do IPEN, o treinamento contou com a presença de representantes da própria Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN), das Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), da Eletronuclear e do Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo (CTMSP).
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- 30/09/2022 - Webinário internacional 'Tecnologia das Radiações' está com inscrições abertas; IPEN representa o BrasilPesquisador Pablo Vasquez, do Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto, participa de dois trabalhos com estudantes de doutorado
Pesquisador Pablo Vasquez, do Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto, participa de dois trabalhos com estudantes de doutorado
"Tecnologia das Radiações” será tema do webinário que o Organismo Internacional de Energía Atómica (OIEA) e o Arcal promovem no próximo dia 4 (quarta-feira), das 15h às 17h45, com a participação de Brasil, Peru, México e Argentina. Representando a ciência nuclear brasileira, a equipe do pesquisador Pablo Vasquez, responsável pelas atividades de pesquisa e aplicação para preservação de objetos de patrimônio cultural com radiação ionizante no Instituto. Os interessados devem se inscrever nesse link.
Arcal é o acrônimo para Acuerdo Regional para la Promoción de la Ciencia y Tecnologías Nucleares en América Latina y el Caribe (Acordo Regional para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nucleares na América Latina e no Caribe, em tradução livre). Trata-se de um pacto de cooperação técnica e econômica para promover o uso de técnicas nucleares para fins pacíficos e de desenvolvimento. Criado em 1984, o Arcal abrange as prioridades de desenvolvimento da região e se concentra em necessidades relacionadas à segurança alimentar, saúde, meio ambiente, energia e indústria, e segurança radiológica.
A participação do IPEN está relacionada a duas apresentações abordando as principais aplicações desta tecnologia na preservação de acervos, com os temas "Por una conservación más sostenible: la preservación de materiales arqueológicos y etnográficos por médio de la radiación gamma” e "Colecciones en papel y fotográficas: contribución del procesamiento con radiación ionizante”.
Ambas as palestras estão vinculadas às pesquisas desenvolvidas, respectivamente, por Ana Carolina Delgado Vieira, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE/USP), e Malu Nagai, do Centro de Apoio à Pesquisa em História - CAPH (FFLCH/USP), durante o desenvolvimento do seu doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN-USP, orientadas por Vasquez.
"A AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica], nos últimos anos, tenta "inovar” o uso da tecnologia nuclear, isto significa ‘aplicar’ os resultados das pesquisas realizadas atingindo o usuário final. Nesse sentido, mais do que alunas e colaboradoras, elas são "end-users”, pois trabalham diretamente na conservação e preservação de materiais de valor cultural tangível. São trabalhos pioneiros, de extrema importância e que ajudam a difundir ainda mais o uso da energia nuclear para fins pacíficos e o papel de liderança do IPEN nessa área”, afirmou o pesquisador.
A principal instalação do Instituto para esse fim – o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 – é um empreendimento 100% nacional e bastante utilizado por museus e acervos particulares para a desinfestação de obras e objetos de arte.
Além de Vasquez, participam Susana Gonzáles (Instituto Peruano de Energía Nuclear/IPEN, Peru), Eduardo Robles Piedras e María Dolores Tenorio (Instituto Nacional de Investigaciones Nucleares/ININ, México), Alberto Muciño Vélez (Universidad Nacional Autónoma de México), Alfonso Ramón García Cueto (Instituto Mexicano de Ensayos No Destructivos, México) e Yesica Magali Dalto (Comisión Nacional de Energía Atómica/CNEA, Argentina).
Projetos
Visando fornecer estrutura para colaboração entre os Estados Membros, com apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Arcal conta com inúmeros projetos que contribuem para ampliar o uso das técnicas nucleares nos países beneficiários, nas áreas de segurança alimentar (agricultura, alimentação, veterinária), saúde humana (medicina nuclear, radioterapia, física médica, radiofarmácia), meio ambiente (atmosfera, recursos hídricos, ambientes terrestre e marinho), energia e indústria, e segurança radiológica (aspectos normativos de proteção ao público e ao meio ambiente).
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- 30/09/2022 - Homenagem pelo Dia do Profissional de SecretariadoReconhecimento pelo IPEN-CNEN do apoio essencial realizado pelos servidores e colaboradores que atuam em atividades de secretariado para a constância do Instituto em manter sua missão de contribuir para a qualidade de vida da população brasileira
Reconhecimento pelo IPEN-CNEN do apoio essencial realizado pelos servidores e colaboradores que atuam em atividades de secretariado para a constância do Instituto em manter sua missão de contribuir para a qualidade de vida da população brasileira
O tempo está cada vez mais corrido, os desafios não cessam de surgir, as tarefas se multiplicam. Entretanto, entre tantos afazeres essenciais para a vida do IPEN-CNEN, os servidores e colaboradores que exercem atividades de secretariado sempre conseguem um espaço na agenda para o exemplo de profissionalismo, gentileza, eficiência e um sorriso.
A Diretoria do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (DIPEN) agradece aos profissionais que atuam nas secretarias das unidades administrativas e técnicas pela ação incessante, eficiente e eficaz que fortalece a missão da Instituição. Afinal, diante da diversidade de nossas ações, todos estamos unidos pelo mesmo objetivo de atender a sociedade brasileira.
Isolda Costa
Diretora Substituta
DIPEN -
- 27/09/2022 - Inovação, tendências e rigor no cuidado com animais: Biotério do IPEN participa da Expo Biotérios HybridCongresso abordará novas tecnologias e os avanços do uso prático do Princípio dos 3 Rs. Biotérios são instalações para produção e manutenção de espécies animais para pesquisa científica.
Congresso abordará novas tecnologias e os avanços do uso prático do Princípio dos 3 Rs. Biotérios são instalações para produção e manutenção de espécies animais para pesquisa científica.
Após cinco anos, o IPEN-CNEN voltará a participar de congressos sobre pesquisas relacionadas a biotérios e atualização técnica e ética. O médico veterinário, responsável técnico pelo Biotério Nanci do Nascimento e mestrando em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde do IPEN, Alex Alves Rodrigues, participará como ouvinte e autor de um trabalho que será apresentado na Expo Biotérios Hybrid, a maior reunião científica e comercial da América Latina, nesse campo.
A edição de 2022 acontecerá entre os dias 29 e 30 de setembro, em Medellín, na Colômbia, e trará um roteiro sobre a inovação em biotérios, com temas sobre modelos animais e de terapia, instalações, novas tecnologias de criação e de cuidado com os animais e também com foco no princípio dos 3 Rs (do inglês Reduction, Refinement and Replacement) que, ao longo dos anos, vêm moldando o jeito de pensar e de utilizar os animais na ciência.
Após dez anos como funcionário do Biotério Central do Instituto Butantan, onde adquiriu conhecimento e experiência na área de Ciências de Animais de Laboratório, Rodrigues foi contratado pelo Biotério Nanci do Nascimento em janeiro de 2021. Esta nova oportunidade despertou a vontade de "revolucionar” e inovar as atividades nesse biotério e o motivou a ingressar no Programa de Mestrado Profissional do IPEN, sob orientação do professor Daniel Perez Vieira, do Centro de Biotecnologia (CEBIO) da Instituição.
Com a participação de alunos da pós-graduação, Rodrigues e a equipe de colaboradores do Biotério do IPEN levantaram e analisaram os dados históricos sobre a utilização de animais de experimentação nos diversos centros de pesquisa do IPEN, durante os últimos 18 anos. Os resultados iniciais deste estudo serão apresentados na Expo Biotérios Hybrid.
Além de trazer um panorama geral e uma reflexão sobre o uso dos animais em pesquisa científica, contribuirão para implementar inovações e aplicar o princípio dos 3 Rs nas atividades realizadas pelo biotério do IPEN/CNEN contribuindo, assim, para o avanço tecnológico, ético e para a redução do uso de animais nas pesquisas institucionais e interinstitucionais.
Os dados levantados – coletados desde 2005, ano da criação da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do IPEN-CNEN – levam em conta os centros que mais utilizaram animais e também os modelos experimentais utilizados. Esta Comissão, além de avaliar e aprovar (ou não) todos os projetos de pesquisa e atividades com animais de experimentação, também documenta e fiscaliza todos os procedimentos realizados para certificar de que as normas e o bem-estar animal estão sendo seguidos.
O Biotério Nanci do Nascimento e os 3 Rs
Vinculado ao Centro de Biotecnologia (CEBIO) do IPEN-CNEN com gerência do Dr Carlos Roberto Jorge Soares, o Biotério Nanci do Nascimento visa fornecer animais com qualidade genética e sanitária adequadas para os testes e experimentos realizados no biotério e atendendo vários centros de pesquisa. O foco das atividades é contribuir com as pesquisas desenvolvidas no Instituto, sobretudo as relacionadas ao desenvolvimento de fármacos e radiofármacos.
"E por meio da pesquisa que realizamos recentemente, também identificamos outras áreas importantes nas quais são utilizados os animais. Como por exemplo: diagnóstico, meio ambiente, hormônios, entre outras", explica Rodrigues.
Já é sabido que ratos e camundongos são as espécies mais utilizadas no Brasil para pesquisa científica, seguido pelo uso de peixes, que fica em terceiro lugar. Rodrigues conta que as linhagens utilizadas dependem da pesquisa desenvolvida. A produção anual, no biotério do IPEN, nos últimos anos, gira em torno de 5 mil animais, dividida principalmente em camundongos das linhagens C57BL/6, Swiss, Balb/C, Balb/C Nude e ratos Wistar.
Essas espécies são utilizadas por alunos dos dois programas de pós-graduação do IPEN (mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos) no desenvolvimento de seus estudos, por uma startup da área de biotecnologia e saúde hospedada no Cietec/IPEN (parceria de Inovação) e por pesquisadores da USP (participação no CEPID do Genoma). Rodrigues, juntamente com os gestores, planeja atrair outras startups de inovação em biotecnologia e saúde para realizar ensaios pré-clínicos no biotério.
Ainda, por meio desta pesquisa, Rodrigues identificou que além de camundongos e ratos, também são usadas amostras biológicas de espécies não convencionais como bovinos, serpentes e peixes.
Apesar de o Biotério Nanci do Nascimento produzir e manter animais de laboratório desde sua fundação, foi em 2012, com a aprovação da lei federal que regulamenta as atividades de biotério, que obteve o credenciamento definitivo do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que regulamenta todas as atividades de biotério do Brasil.
Rodrigues explica que, a partir da criação desta Lei, os pedidos para a utilização dos animais são avaliados com critérios mais rigorosos. "Os biotérios contam com um grupo multidisciplinar conhecido por Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA). "Todos os projetos e pesquisas que envolvem uso de animais passam por ela, que aprova ou não a pesquisa. Os principais critérios avaliados no estudo incluem a importância dele para os seres humanos ou mesmo para os animais e o bem-estar do animal, que deve sempre estar acima de qualquer questão”, afirmou.
Esta "humanização” e cuidados com os animais de experimentação, segundo Rodrigues, garantem um tratamento ético, responsável e de empatia pelos animais. "Porque, hoje em dia, uma das principais preocupações dos institutos de pesquisa, no mundo, é não criar o animal em vão, e sim torná-lo protagonista da ciência além de serem tratados com todo o respeito e dignidade. Para isso existem os CEUAs”, acrescenta.
O cuidado com os animais é tão importante que, uma das funções de Rodrigues, como responsável técnico, é acompanhar o desenvolvimento das pesquisas dos alunos. Ele avalia se as metodologias dos projetos estão sendo seguidas e se estão ocorrendo da forma adequada. Além disso, existem diversas instituições que norteiam a Ciência de Animais de Laboratório. No Brasil, além das CEUAs, há o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA).
A Federation of European Laboratory Animal Science Associations (FELASA) e o National Centre for the Replacement, Refinement and Reduction of Animals in Research (NC3Rs). Todas elas preconizam que os projetos de pesquisa sejam desenvolvidos com base nos chamados 3 R’s – Refinement (refinar), Reduction (Reduzir) e Replacement (substituir). Este, inclusive, será um dos temas da Expo Biotérios Hybrid.
"A ideia é você não utilizar o animal em vão. E cabe ao aluno pesquisar novas metodologias para concluir se será necessário o uso daquele animal. Se já há um resultado igual ao que ele vai fazer, não faz sentido utilizar outro animal para o mesmo teste. Nós tentamos, ao máximo possível, mostrar para o aluno que, às vezes, não é necessário utilizar esse animal”, explica Rodrigues.
A expectativa futura é o desenvolvimento de metodologias que possam extinguir de vez o uso dos animais para experimentos. Apesar da aplicabilidade dos 3R’s, Rodrigues aponta, no entanto, que ainda existem protocolos em que é necessário utilizar espécies animais.
"Nas indústrias farmacêuticas, os medicamentos necessitam de testes, não tem como fugir. Até é possível testar com um modelo que não seja vivo, mas é uma técnica muito cara e não são 100% conclusivas. Arualmente, existem linhas de pesquisas que têm o objetivo de criar microchips que simulam a função de órgão. Por exemplo, existe um microchip que simula as reações que acontecem no fígado frente a um estímulo e dá as mesmas respostas do órgão quando você coloca o composto nesse microchip, mas não é possível saber o efeito deste composto em outros sistemas, por isso existe a necessidade do teste em animais”, conta.
"Bem-estar como regra”
Rodrigues explica que o biotério é um ponto fundamental na pesquisa, sendo fundamental ao seu progresso e desenvolvimento. Para garantir os resultados esperados aos experimentos e o bem-estar às espécies, antes e durante os testes, é necessário o cumprimento de uma série de requisitos, além do bem-estar animal.
"Independentemente da espécie ou da linhagem utilizada, é importante que o manejo e a manutenção dos animais de laboratório sejam realizados de acordo com os princípios éticos da experimentação animal. Tudo é realizado visando à saúde e o bem-estar do animal, para que ele mantenha seu comportamento e as condições e bem-estar”, diz.
Rodrigues enfatiza que a primeira premissa estabelecida é que o bem-estar do animal é regra. Ele conta que, durante a experimentação, nenhum cuidado pode ser negligenciado ao animal, referindo-se às atenções com macro e o microambiente e com as condições sanitárias do biotério, "indispensáveis para não haver interferência nos resultados das pesquisas”.
O micro e o macro ambiente representam variáveis ambientais importantes na experimentação. A sala onde os animais ficam compõe o macro ambiente, enquanto as gaiolas formam o micro ambiente. Ambos estão relacionados entre si e devem ser rigorosamente controlados.
Condições como luminosidade, temperatura e umidade também devem ser ajustadas a fim de manter os ambientes ideais para os animais. A sala alterna entre 12 horas no claro, quando os animais normalmente dormem, e 12 horas no escuro, quando costumam se reproduzir e realizar suas atividades naturais. A temperatura deve ficar entre 20 e 26oC, e a umidade deve estar entre 40 e 60 %. Estes parâmetros não podem variar de forma drástica ou para além destes limites, para não afetar negativamente a saúde dos animais incluindo alterações nos índices metabólicos, circulatório e comportamentais.
Outra técnica empregada é a do enriquecimento ambiental, que visa garantir uma boa qualidade de vida às espécies utilizadas. Consiste em criar um ambiente que os deixe à vontade, para que manifestem seu comportamento normal "O animal precisa ter um lugar para fuga, para brincar, descansar e manifestar seu comportamento. Eles ficam o dia inteiro dentro de uma gaiola, sem fazer nenhuma atividade. Sem enriquecimento, o animal não expressa seu comportamento e esse fato pode gerar distúrbios comportamentais e de saúde”, diz Rodrigues.
No biotério do IPEN-CNEN, a equipe utiliza rolinhos de papel quando possível e caixinhas de acrílico autoclavadas (iglus) – onde o animal pode se esconder – e até máscaras de proteção facial enroladas na grade das gaiolas, para os animais se divertirem. Além disso, também são separados em grupos de até cinco animais para cada gaiola, sendo eles da mesma linhagem, tamanho e sexo.
"O fato de o animal ficar isolado na gaiola vai contra as normativas do conselho de ética já que os roedores são animais sociáveis, além deo animal produzir comportamentos de medo e solidão, ele pode evoluir para quadros mais graves”, afirma Rodrigues.
Seguindo a lista de cuidados, o ambiente externo também é preocupação por poder alterar as condições dos animais. Pensando nisso, há uma diferença de pressão entre as salas e corredores, para que o ar vindo de fora, caso não seja adequado para os animais, não adentre o interior. A esterilização também é um dos cuidados: para a alimentação dos animais, a ração é irradiada e a água, autoclavada – esterilizada por meio de calor úmido, sob pressão, em uma autoclave. Todo o material deve ser estéril.
Inovações
Em busca de inovações para seguir avançando com as pesquisas, Rodrigues conta sobre os novos projetos que estão sendo desenvolvidos pela equipe do Biotério Nanci do Nascimento. Um deles, que está prestes a iniciar, é o Banco de Embriões, um laboratório para realizar a criopreservação de células como oócitos, espermatozóides e embriões de camundongo.
"Um dos objetivos do projeto é trabalhar em conjunto com outras instituições ofertando o serviço de criopreservação, aumentando o padrão de qualidade das espécies gerando assim, animais sadios e conferindo experimentos mais fidedignos e éticos e a redução do número de animais em utilização”, exemplifica Rodrigues.
Segundo Rodrigues, o IPEN-CNEN tem localizada internamente, em parceria com a USP, uma incubadora de empresas de base tecnológica (startups), administrada pelo Cietec, que hospeda empresas dos mais diversos segmentos como: bioimpressão, TI, biotecnologia, entre outras, a maioria voltada para a área da saúde. E a tendência é esse setor da saúde crescer ainda mais, sendo potenciais candidatos a utilizar no futuro os serviços do biotério.
O Zebrafish (Danio rerio) é um modelo que está cada vez mais se popularizando no meio científico e já é usado em algumas pesquisas desenvolvidas no Instituto. Trata-se de um modelo experimental utilizado para pesquisa e que substitui e/ou reduz o uso dos ratos e camundongos por ser um modelo versátil e translacional. "Apesar de ainda necessitar do uso animal, é uma alternativa com resultados mais rápidos e com menores custos para manutenção”, diz Rodrigues.
Dependendo do projeto, uma linhagem tumoral pode ser inoculada em um camundongo e levar semanas para desenvolver um tumor, já no zebrafish este protocolo pode ter uma série de vantagens como a diminuição do tempo do estudo, redução dos custos, facilidade em observar o fenômeno (muitas vezes, é possível observar sem precisar causar estresse ao animal).
"Para manter a espécie, também não se utiliza tantos insumos, os animais são mantidos em salas controladas, aquários específicos para essa espécie e se alimentam de zooplâncton ou rações comerciais”, explica Rodrigues. A expectativa do IPEN é de ampliar os trabalhos com esse modelo trazendo inovação e o desenvolvimento de novos estudos.
Projetos e expectativas
Com uma nova identidade visual, parcerias e inovações, a expectativa futura para o Biotério Nanci do Nascimento é que possa cada vez mais "aparecer para o mundo”. Por meio da divulgação dos conhecimentos gerados, o responsável técnico do biotério conta que a busca atual é por "colocar o biotério no mapa, para mostrar que existem parcerias que podem ser feitas com as instituições de fora e do próprio IPEN”.
Outro projeto em estudo envolve o enriquecimento ambiental e alimentar da linhagem de camundongos Balbc/c Nude. "O projeto de intervenção utiliza, dentre vários protocolos de enriquecimento, o uso de sementes de girassol devidamente preparada para os animais, que são utilizadas em outras áreas da medicina veterinária com foco na melhoria da reprodução”.
Segundo Rodrigues, a metodologia do projeto, em princípio, se baseia em enriquecer a alimentação dos animais com as sementes na quantidade certa para que elas não substituam a ração, que é uma fonte completa. "Em seguida, avaliar parâmetros como ciclo reprodutivo e a taxa de produção de filhotes”, diz. A pesquisa está na fase escrita e ainda será submetida para aprovação na CEUA para dar início aos testes posteriormente.
Como parte de seu projeto no programa de Mestrado Profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde do IPEN, Rodrigues também está criando recursos inovadores para a gestão de biotérios. "Conseguirei fazer o acompanhamento de diversos parâmetros importantes para a gestão de maneira rápida e fácil, nessa fase não é possível revelar muitos detalhes do projeto”, explica.
Rodrigues destaca a importância das parcerias com o Biotério da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o Instituto de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Irmandade da Santa Casa de São Paulo (IPITEC), o Biotério da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), e com o Centro de Desenvolvimento de Modelos Experimentais para Medicina e Biologia (CEDEME) da Universidade Federal de São Paulo.
"Estas parcerias visam gerar conhecimentos científicos, formar pessoas qualificadas em ciência de animais de laboratório, em pesquisa científica e a inovação na própria área de bioterismo, que é escassa”, conclui.
Equipe
Participam do estudo a ser apresentado na Expo Biotérios Hybrid Maria Neide Ferreira Mascarenhas, Ismária de Sousa Reis, Eliana Loures Godoi, André Silva Ferreira, Manoel Calixto Lopes da Silva, Cecilia da Silva Ferreira, Mayelle Paz e Marlos Cortez, este último coorientador de Rodrigues, com larga experiência na área de Animais de Laboratório tendo atuado no Instituto Butantan por 11 anos.
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Leonardo Novaes, estagiário
(Com supervisão) -
- 20/09/2022 - Nota de Falecimento e Missa de 7o. dia – Maria Cristina Rosa YamasakiO IPEN-CNEN informa com extremo pesar a passagem da pesquisadora Maria Cristina Rosa Yamasaki na manhã de 20 de setembro, aos 70 anos, por complicações advindas de um AVC.
Maria Cristina era natural de São João da Boa Vista, interior de São Paulo, e ingressou no IPEN em 1º de outubro de 1975 atuando no atual Centro de Tecnologia das Radiações (CETER).
Química formada pela UNESP de Piracicaba, Maria Cristina tinha o título de Mestre pelo curso de Pós-Graduação do IPEN-USP. Desenvolveu pesquisas na área das aplicações das radiações ionizantes na indústria. Foi uma das pioneiras na divulgação de técnicas de cura de tintas e vernizes por UV e EB junto às indústrias nacionais organizando cursos e encontros técnicos promovendo intercâmbio entre academia e o setor produtivo. Também divulgava as aplicações da tecnologia nuclear para a preservação de bens culturais.
Incentivadora da divulgação científica, Maria Cristina apoiou as atividades da Assessoria de Comunicação Institucional ministrando diversas palestras e seminários para alunos e docentes até sua aposentadoria em 03/04/1998.
Os servidores do IPEN se solidarizam com família e expressam seus sentimentos de respeito por uma colega que atuava com profundo conhecimento técnico, empatia e ética em suas atividades.
Velório e sepultamento
As exéquias de Maria Cristina acontece m hoje, 20 de setembro, às 15h30, com sepultamento às 17h, no Cemitério Morumby, Rua Dep. Laércio Corte, 468, Morumbi.
Missa de 7o. Dia
Os familiares convidam para a Missa de 7o. Dia que será celebrada no dia 27 de setembro, terça-feira, às 19h, na Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, Av. Vital Brasil, 1.185, Butantã, próxima ao Instituto Butantan.
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- 19/09/2022 - IPEN-CNEN divulga resultado de seleção de bolsas de Pós-DoutoradoO início das atividades do candidatos selecionados está previsto para 01/10/2022. São oito projetos do IPEN em que os bolsistas de Pós-Doutorado desempenharão suas atividades de pesquisa
O início das atividades do candidatos selecionados está previsto para 01/10/2022. São oito projetos do IPEN em que os bolsistas de Pós-Doutorado desempenharão suas atividades de pesquisa
A Coordenadoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino (COPDE) do IPEN, por meio de seu Escritório de Gestão de Projetos (SEEGP) divulga o resultado dos processos seletivos para bolsistas de Pós-Doutorado que desenvolverão atividades em oito projetos de fomento interno.
Os selecionados deverão entrar em contato com o SEEGP que dará as instruções necessárias para a implementação da bolsa.
O início das atividades no IPEN será em 01/10/2022, salvo algum impedimento do candidato selecionado que deverá informar ao SEEGP para análise possíveis ajustes.
Em alguns projetos há lista de espera e, nesses casos, a chamada dos candidatos será pela ordem de classificação. Questões sobre os resultados deverão ser tratadas diretamente com os coordenadores dos projetos em que o candidato concorreu.
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- 19/09/2022 - Participação do IPEN na Campanha do Agasalho 2022O último lote de agasalhos doados pela comunidade do Instituto foi entregue em 02 de setembro na Cruz Vermelha
O último lote de agasalhos doados pela comunidade do Instituto foi entregue em 02 de setembro na Cruz Vermelha
O IPEN-CNEN, em parceria com a Cruz Vermelha São Paulo, participou ativamente da Campanha do Agasalho 2022.
Foram enviados ao todo 4 lotes de roupas e cobertores no âmbito do Instituto que a Cruz Vermelha distribuiu pessoas em situação de vulnerabilidade.
A organização da campanha, no âmbito institucional, ficou por conta de Fabio Menani, da Coordenação de Planejamento e Gestão (COPLG) que disponibilizou 10 pontos de coletas distribuídos pelo Instituto.
A ação teve como objetivo a arrecadação de roupas como calças, camisetas e, principalmente, agasalhos, além de cobertores em bom estado que foram doados às famílias necessitadas. A organização da campanha no IPEN-CNEN agradece atodos que colaboraram.
Segundo Menani, "O frio desse ano foi muito intenso e a contribuição da comunidade IPEN em conjunto com a colaboração das equipes do Protocolo e de Transportes foram essenciais para o êxito da ação. Gostaria de agradecer à
todos pelo espírito solidário, juntos fomos capazes de ajudar a amenizar o frio de pessoas e famílias mais necessitadas”.Segundo a Cruz Vermelha, foram arrecadadas mais de 90 toneladas em doações que beneficiaram uma população de aproximadamente 46 mil pessoas.
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- 15/09/2022 - Acidentes em usinas nucleares será tema de live com participação de pesquisador do IPEN-CNENO evento virtual, organizado pela Comissão Técnica de Energia do CRQ-IV, acontece no próximo dia 15/09/2022, às 19h30, no canal do Conselho no YouTube.
O evento virtual, organizado pela Comissão Técnica de Energia do CRQ-IV, acontece no próximo dia 15/09/2022, às 19h30, no canal do Conselho no YouTube.
O engenheiro químico Carlos Alberto Zeituni, gerente do Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN, participará de live sobre Acidentes em Usinas Nucleares promovida pela Comissão Técnica de Energia do Conselho Regional de Química – CRQ-IV.
A live será realizada a partir das 19h30 de 15/09/2022, quinta-feira, no canal do CRQ-IV no YouTube .
Zeituni destacará o funcionamento de usinas nucleares, os principais riscos que levam a um acidente nuclear, os diferentes projetos de usinas nucleares.
O evento é gratuito e não é necessária inscrição prévia.
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- 01/09/2022 - 'Pertencimento, parceria e propósito são os pilares que melhor representam o IPEN', diz ministro Paulo AlvimSessão solene comemorativa, com a presença de autoridades, ocorreu nesta última quarta-feira (31), no Auditório Prof. Dr. Rômulo Ribeiro Pieroni
Sessão solene comemorativa, com a presença de autoridades, ocorreu nesta última quarta-feira (31), no Auditório Prof. Dr. Rômulo Ribeiro Pieroni
Pertencimento, parceria e propósito. Foram esses os três pilares que mais representam o IPEN-CNEN, na visão do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim. Na cerimônia pelo 66º aniversário do Instituto, após assistir à apresentação da linha do tempo do Instituto – sua fundação, conquistas e as perspectivas para o futuro –, Alvim destacou a contribuição "inestimável” do IPEN para ciência brasileira na área nuclear e reafirmou o compromisso com a continuidade do empreendimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
"Esses momentos de celebração e reconhecimento nos dão muito orgulho. Os nossos heróis da ciência precisam ser reconhecidos. O que se faz, num espaço como o IPEN, são trabalhos que não têm hora nem dia e cuja contribuição fica para a posteridade. São 66 anos de muita contribuição”, declarou o ministro, pontuando os três pilares que fazem do IPEN a instituição de referência que é para o Brasil. "Todas as pessoas que passam por aqui têm o conceito de pertencimento, por isso se dedicam, contribuem e continuam trabalhando como voluntários”.
O segundo "p” elencado por Alvim é de parceria: "Essa é uma instituição que pratica parcerias. Aqui, parceria é a palavra-chave”, acrescentou o ministro, em alusão aos projetos de arraste que o IPEN desenvolve em colaborações nacionais e internacionais. O ministro foi enfático ao mencionar o terceiro pilar: "propósito”. "Essa é uma instituição que tem um propósito. Não apenas de avanço, é mais do que isso. Quando vemos os cinco pontos de pesquisa do IPEN, vemos como a sociedade evoluiu”, completou.
Alvim se referia aos cinco focos de atuação do IPEN mencionados pela diretora substituta, Isolda Costa, em sua apresentação "Passado, Presente e Futuro”. Por fim, o ministro se dirigiu a José Augusto Perrotta – pesquisador emérito do IPEN e engenheiro que concebeu o projeto do RMB, garantindo os esforços para assegurar o fluxo estável e permanente de recursos, visando a implementação do empreendimento, que, segundo ele, é fundamental para o País.
"É uma estrutura de conhecimento do Estado, e precisa ser tratado como tal. E estamos nessa missão. O RMB não é relevante apenas para o IPEN, é para a pesquisa do País. É uma infraestrutura que vai transbordar conhecimento”, disse o ministro, lembrando que, atualmente, há uma posição favorável da comunidade científica brasileira em favor dos investimentos para o projeto – a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) aprovou, em sua última Assembleia Geral (no mês de julho), a Moção "Independência tecnológica e soberania nacional na área de radiofármacos e a finalização do RMB”.
Linha do Tempo – Passado
Para iniciar a cerimônia, Isolda Costa fez apresentação sobre a história do IPEN-CNEN, destacando as pesquisas e tecnologias desenvolvidas durante os 66 anos do Instituto. Também mencionou os 60 anos da então Divisão de Metalurgia Nuclear, hoje Centros de Tecnologia dos Materiais (CECTM), e Divisão de Engenharia Química, atual Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA).A tônica foram as conquistas nas seis décadas, até o momento atual, começando pela criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em 1956, do Instituto de Energia Atômica (IEA), em 1957, até sua mudança para IPEN, em 1970. Entre as conquistas da década de 60, destaque para o início dos estudos de purificação do urânio (1960), da produção de radiofármacos de forma rotineira (1962) e da fabricação de elementos combustíveis para todos os reatores nacionais (1964).
Na década de 70, Costa mencionou o estabelecimento de novas linhas de pesquisa
sob a liderança do professor Shigueo Watanabe (1972), o início do programa das aplicações das radiações na indústria e engenharia (1972), a criação do Centro de Processamento de dados do Instituto (1974) e da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear em associação com a USP (1976).Nos anos 80, começou o projeto de conversão de urânio (1980), início da produção dos geradores de Tecnécio-99 (1982), atuação no acidente radiológico com o Césio-137 em Goiânia (1987) – o IPEN foi o primeiro ator presente no local e a inauguração do Reator de potência zero, IPEN/MB-01 (1988).
Na década seguinte, houve uma "mudança de paradigma”, com destaque para a Integração das atividades de pesquisas ambientais, marco do atual Programa de Meio Ambiente do Instituto (1996), a irradiação na agricultura (1996), a conclusão do projeto de modernização do IEA-R1, que chegava a 40 anos de atividade (1997) e a instalação do Cíclotron de alta energia (1999), dentre outros.
Os anos 2000 foram marcados pelo início do programa de células a combustível (2000), a inauguração do Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, uma tecnologia 100% nacional (2004), e do Laboratório de Laser de Altíssima Potência (2005), a marca de 1 mil teses e dissertações defendidas (2009) na pós-graduação e a inauguração do Espaço Marcello Damy (2010).
De 2011 a 2018, o IPEN foi muito longe: chegou à marca do 100º elemento combustível produzido para o Reator IEA-R1 (2011), criou o Prêmio de Inovação Tecnológica (2014) e a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São
Paulo IPEN/USP consolida-se com 109 empresas incubadas e 264 patentes e
marcas protocoladas (2014).Em 2016, os 37 radiofármacos do IPEN são protocolados na Anvisa. Em 2018, o Instituto desenvolveu a arquitetura do Projeto da Unidade Móvel de Radiação, foi contemplado em Edital da FAPESP para a modernização institucional e aquisição do SNOM e teve seu Mestrado Profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde aprovado na CAPES.
De 2019 a 2022
Em 2019, o IPEN produz 19 elementos combustíveis para o Reator IPEN/MB-01, um feito inédito. O ano de 2020, quando foi decretada a pandemia da Covid-19, o Instituto protagonizou uma série de ações de enfrentamento, entre eles, a esterilização de equipamentos de proteção individual (EPIs), em colaboração com outros órgãos e entidades, e a inativação do SARS-CoV-2 por radiação ionizante para a fabricação de soro anti-Covid-19, em parceria com o Instituto Butantã.Neste ano, chegou ao Centro de Lasers e Aplicações o equipamento SNOM, o que há de mais avançado em microscopia sub-nano a laser. Em colaboração com a Poli-USP, foi aprovada a Graduação em Engenharia Nuclear. Além desses feitos, foi firmado acordo com a Nissan para desenvolvimento de um veículo movido por Célula a Combustível de Óxido Sólido (SOFC). Em 2021, a incrível marca de 3 mil teses e dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear.
O futuro
Ao projetar o futuro do Instituto, Costa seguiu com a temática do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), tema do colóquio e razão da homenagem a José Augusto Perrotta, com sua indicação como Pesquisador Emérito, no primeiro dia de comemoração ao 66º aniversário do IPEN-CNEN, terça-feira, 30."Acreditamos que o RMB é o futuro e queremos dar continuidade a esse projeto, que possibilitará a produção de radioisótopos para mais de 30 tipos diferentes de radiofármacos, vai dobrar, imediatamente, o número de procedimentos anuais em medicina nuclear e garantir a estabilidade do fornecimento de radioisótopos no País, além de contribuir para a ampliação do número de clínicas e hospitais que oferecem serviços em medicina nuclear e promover economia de mais de 15 milhões de dólares por ano com custos de importação”, pontuou a diretora substituta.
Costa acrescentou que tanto o projeto RMB quanto os trabalhos anteriores do Instituto têm sido realizados "tendo em vista a missão do IPEN”. "É o compromisso com a melhoria da qualidade de vida da população brasileira: produzindo conhecimentos científicos, desenvolvendo tecnologias, gerando produtos de maneira segura e formando recursos humanos para a área nuclear”, destacou.
Antes da sessão solene, Costa e o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, Madison Almeida, representando o presidente Paulo Pertusi, receberam o ministro Alvim, sua comitiva e demais convidados no espaço cultural Marcelo Dammy. Na sequência, para conhecer as instalações do Reator IEA-R1, no Centro do Reator de Pesquisas (CRPq), onde foram recebidos pelo gerente da área, Frederico Genezini.
Após a visita ao Reator, foi dado início à sessão solene, com execução do hino nacional brasileiro e a formação da mesa de honra, com a presença de Costa, Alvim, Almeida, e da professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, vice-reitora da USP, Zeina Latif, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, vice-Almirante (EN) Guilherme Dionízio Alves, diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), vice-almirante Newton de Almeida Costa Neto, diretor-Presidente da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S. A. (AMAZUL), e Sergio Freitas de Almeida, secretário Executivo do MCTI.
Missão e parcerias
Representando o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, Arminda ressaltou a missão do Instituto e o notável "respeito em relação ao IPEN, por cumprir uma importantíssima missão que engrandece esse país”. "É a aplicação generosa dos resultados da pesquisa, na área da saúde, do meio ambiente e, ao mesmo tempo, sem se descurar da importância da ciência para a mudança e o desenvolvimento do país”, acrescentou.A secretária Zeina Latif ressaltou dois fatores do Instituto que chamaram a atenção. O primeiro foi "a clareza da missão do IPEN. Segundo ela, "isso não é tão presente nesse chamado ecossistema de inovação”, mas é um fator fundamental.O segundo fator é as parcerias: "tenho convicção que essas parcerias são essenciais.Quanto mais aprofundarmos essas parcerias, mais eficiente vai ser todo o investimento feito”
Latif também disse que o objetivo é aumentar essas parcerias e que espera que a visita seja o início de uma jornada de estreitamento das relações com o IPEN-CNEN. Por último, ressaltou o caráter inovador das pesquisas do instituto e disse pretender "usar da melhor forma o serviço público” e "trazer o setor privado” para atuar em conjunto.
Também falando sobre as parcerias, Almeida Costa destaca o vínculo com o IPEN-CNEN, como uma das formas de "superar uma série de dificuldades da cultura do país, para que a população entenda a importância das pesquisas realizadas no instituto”. "A história do IPEN sempre foi focada no limite da ciência e da tecnologia, daquilo que é o avanço, que não tem de onde tirar”, acrescentou.
Dionízio Alves ressaltou a importância da parceria existente entre a Marinha e o IPEN, que vem de "mais de quatro décadas”. Também destacou as qualidades e importância das competências do Instituto, como o domínio dos ciclos do combustível e do urânio. "Poucos têm, no mundo”, enalteceu
Madison Almeida mencionou que o IPEN é o maior instituto da América Latina edestacou todas as atividades do Instituto, que atribuiu ao legado do professor Marcelo Dammy."Hoje todos estão em prol da missão e, mais do que isso, da visão do IPEN. A CNEN é muito grata ao IPEN. Sempre lembramos e passamos para a sociedade e demais autoridades que o IPEN tem o seu famoso núcleo, seus 11 centros de pesquisa. Se o IPEN tem hoje os reatores nucleares, os aceleradores de partículas de elétrons e seus irradiadores gama, também tem as tecnologias correlatas intermediando a área nuclear. São inúmeras possibilidades”, disse.
Homenagens
Dando sequência ao evento, foi realizada uma "homenagem in memoriam” aos 19 servidores falecidos entreagosto de 2021 e agosto de 2022. Em seguida, o ministro Alvin entregou certificado de menção honrosa ao pesquisador Lalgudi Ramanathan, em nome dos aposentados, e a Mitiko Saiki e Rajendra Narain Saxena, representando os colaboradores voluntários após a aposentadoria. Após o pronunciamento do ministro, a solenidade foi encerrada.-------
Leonardo Novaes, estagiário
(Com supervisão) -
- 31/08/2022 - Colóquio, nova marca do IPEN e homenagens na pós-graduação encerram primeiro dia de comemoraçõesRepresentantes de áreas do IPEN envolvidas no RMB expuseram detalhes do projeto, desde a sua concepção, e CPG homenageia docentes que não orientam mais no programa. Nova 'cara' do Instituto também foi apresentada.
Representantes de áreas do IPEN envolvidas no RMB expuseram detalhes do projeto, desde a sua concepção, e CPG homenageia docentes que não orientam mais no programa. Nova 'cara' do Instituto também foi apresentada.
Como parte da programação do primeiro dia de aniversário do IPEN, nesta terça-feira, 30, o Colóquio "A contribuição do IPEN-CNEN para o RMB”, reuniu representantes de áreas do Instituto envolvidas no projeto. A mesa foi formada pelos gerentes Elita Urano, do Centro do Combustível Nuclear (CECON), e Frederico Genezini, do Centro do Reator de Pesquisa (CRPq), José Claúdio Dellamano, do Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR), Nilson Dias Vieira Junior, ex-superintendente do IPEN e pesquisador do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP), Patrícia Silvia Pagetti de Oliveira, atual coordenadora técnica do RMB, e Ulysses D’Utra Biteli, gerente adjunto do Centro de Engenharia Nuclear (CEENG).
O tema do Colóquio foi o mote para a homenagem ao ex-coordenador técnico do RMB, José Augusto Perrotta, que recebeu o título de "Pesquisador Emérito", abrindo a programação do dia. Ele também participou do diálogo com os pesquisadores. A mediadora foi a diretora de Produtos e Serviços (COPRS), Tereza Cristina Salvetti. Ela conta que buscou direcionar a conversa para trazer um pouco da história do RMB, partindo, desde o início, da ideia do projeto com Perrotta. "E fomos conduzindo até chegar na conclusão dos licenciamentos e a expectativa, quem sabe no futuro, de que realmente seja implementado”.
Salvetti ressaltou que, apesar de o RMB ser um projeto da DPD (Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento) e contar com a participação de outras instituições, dos próprios institutos da CNEN, o IPEN teve uma participação muito importante, "porque os líderes do sistema todo eram pessoas do IPEN”, destacando a interação e a importância do Instituto para a realização do empreendimento. Ela começou pedindo a Perrorra que detalhasse mais o começo de tudo.
Na época, o superintendente do IPEN/CNEN era Vieira Junior, que falou sobre a concepção do RMB e a interface em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, a CNEN e o MCTI. O desenvolvimento do elemento combustível para o RMB foi tema comentado principalmente por Elita e Ulysses, devido suas contribuições específicas. As aplicações também foi um dos aspectos comentados, e, por último, houve maior espaço para a atual coordenadora técnica e do licenciamento nuclear do projeto, Patrícia Pagetti.
"Transmitir os grandes feitos”
O colóquio abordou todos os tópicos do RMB, "desde as licenças legais, o planejamento para a montagem do reator, os laboratórios de apoio e as aplicações que o reator terá”. Para Genezini, o principal destaque ficou por conta de o evento ter proporcionado "transmitir os grandes feitos” e resultados obtidos até o momento. Segundo o gerente do CRPq, a riqueza de detalhes transmitidos proporcionou que os próprios servidores do IPEN/CNEN tivessem maior conhecimento do empreendimento."Grande parte da comunidade do IPEN não conhecia muito, foi interessante o retorno que tivemos”, disse, lamentando não ter sido possível, dentro do tempo previsto, falar sobre "todos os esforços já dedicados ao RMB, projeto que ressalta já vir de "muito tempo” e que considera "muito maduro”. "Foi possível ter uma ideia dos resultados que já atingimos, mas não do ‘trabalho de formiguinha’ de todos os líderes presentes no colóquio. Em especial o Perrotta, de ir em universidades, eventos e fazer palestras”, concluiu.
Patrícia Pagetti participou do colóquio representando a contribuição do CEENG para o projeto do RMB e também as atividades que conduz "na parte de licenciamento ambiental e licenciamento nuclear do RMB junto aos órgãos e às autoridades competentes”. "São vários servidores do CEENG – engenheiros e físicos –, que participaram desde o começo do projeto de concepção, das discussões sobre avaliação e da análise crítica do projeto básico dos sistemas do reator”, disse.
Segundo Pagetti, cerca de 50% dos servidos do CEENG participam da implantação do RMB. "Em fase mais recentes, foram realizadas muitas reuniões técnicas com as empresas contratadas, que estavam desenvolvendo o projeto. E o pessoal do CEENG participando da avaliação crítica do projeto, colaborando para melhorar, evoluir. Além disso, temos uma participação bem forte na parte do licenciamento ambiental e do licenciamento nuclear pelo órgão regulador nuclear, para poder "começar a produzir o RMB”.
De "cara nova”
Ainda como parte da programação, o chefe da Assessoria de Comunicação do IPEN, Edvaldo Paiva, apresentou o Manual de Aplicação da Marca IPEN, elaborado pelo Design Lab, Núcleo Experimental do curso de Design da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em parceria com o Instituto. Foram apresentados o símbolo – elipses estilizadas em tons de azul, o logotipo, que são a composição da logo nova, agora mais moderna e dinamizada.Paiva explicou que houve a preocupação de passar aos designers a importância de a logo do IPEN "conversar” com as de outras unidades técnico-científicas da CNEN, com a elipse "em movimento”, simulando a energia de órbitas de um átomo. Também mostrou as diferentes formas de aplicação e as submarcas. Para as diretorias, foi mantido um tom de azul. Já os centros de pesquisa são grafados na cor laranja, a mesma da marca CNEN. Por fim, os núcleos, que serão representados pela cor lilás.
O Manual completo estará disponível em breve no site do IPEN, para download e orientações aos usuários. Aos poucos, a logo antiga será substituída em todos os documentos, produtos, serviços e material de divulgação. "A importância de ter o manual de fácil acesso vai possibilitar a uniformização e a organização do conjunto de manifestações visuais do Instituto”, disse Paiva.
Homenagens
Dando sequência à programação, a Comissão de Pós-graduação (CPG) de Tecnologia Nuclear homenageou os docentes que orientavam de forma voluntária no programa e que decidiram não continuar por motivos diversos. "Eles optaram por tomar novos rumos, mas não podem ser esquecidos em sua contribuição para a formação de recursos humanos – inclusive muitos de nós somos egressos, e então quisemos fazer essa homenagem”, explicou Eduardo Landulfo, presidente da CPG.A diretora do Centro de Ensino, Martha Marques Vieira, acrescentou que os homenageados deram uma contribuição "muito relevante” nos últimos 15 anos. Foram chamados os pesquisadores Nilson Dias Vieira Junior e Marina Koskinas, que representaram todos os docentes que não estão mais credenciados. Na sequência, a CPG e a direção do IPEN fizeram uma surpresa à Martha Vieira, ofertando-lhe um buquê de flores, por sua dedicação ao ensino, em todos os níveis, no Instituto.
A cerimônia foi aberta pela diretora substituta do IPEN, Isolda Costa, e pelo superintendente do Instituto, Wilson Calvo, que fizeram uma saudação de boas-vindas aos convidados.
A celebração do 66o aniversário do IPEN continua na quarta-feira, 31, com as presenças confirmadas do ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, da secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo (SDE/SP), Zeina Latif, do diretor-Presidente da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S. A. (AMAZUL), vice-almirante (EN) Newton de Almeida Costa Neto, do secretário Executivo do MCTI, Sergio Freitas de Almeida, do titular da DPD/NEN, Madison Coelho de Almeida, do diretor do CTMSP, vice-almirante (EN) Guilherme Dionízio Alves e da vice-reitora da USP, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda.
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- 31/08/2022 - 'Não desisti da minha missão na área nuclear e não abandonei o RMB', diz Perrotta, em celebração no IPENAposentado recentemente, ex-coordenador técnico do empreendimento é homenageado com o título de Pesquisador Emérito do IPEN no primeiro dia de ecelebração dos 66 anos de fundação do Instituto
Aposentado recentemente, ex-coordenador técnico do empreendimento é homenageado com o título de Pesquisador Emérito do IPEN no primeiro dia de ecelebração dos 66 anos de fundação do Instituto
"Não desisti da minha missão na área nuclear, não renunciei ao meu conhecimento adquirido e não abandonei a implantação do Empreendimento RMB. É uma forma de mudança de atitude para uma busca de soluções. Penso que devo me posicionar em defesa dos nossos ideais, das nossas instituições, da preservação da ética, da competência e da meritocracia nessa nossa área estratégica e importante da tecnologia nuclear.”
A afirmação é do engenheiro José Augusto Perrotta, a propósito de sua aposentadoria "não programada” e a consequente saída da coordenação técnica do Projeto Reator Multipropósito Brsileiro (RMB). Homenageado pelo IPEN/CNEN como "Pesquisador Emérito” no primeiro dia de celebrações do 66º aniversário do Instituto, terça-feira, 30, Perrotta fez um discurso emocionado e contundente sobre sua carreira e a importância do empreendimento para o Brasil.
Dizendo-se preocupado com "o futuro da instituição, do projeto RMB e da área de tecnologia nuclear do País", Perrotta mostrou os "números superlativos” do empreendimento: o investimento necessário de US$ 500 milhões, o terreno de 2 milhões de m2 com uma área de proteção ambiental de 730 mil m2, um reator de pesquisa de 30 MW e laboratórios de processamento e manuseio de radioisótopos, de feixe de nêutrons, de análise por ativação neutrônica e de análise pós-irradiação de combustíveis e materiais.
"São mais de 20 instalações suporte, mais de 60 mil m2 de construções e 10 Km de vias internas”, ressaltou Perrotta. E os números superlativos não param por aí. De acordo com Perrotta, já foram produzidos mais de 16 mil documentos de engenharia, com mais de 2 milhões de homens-hora de engenharia, mais de 2.500 reuniões técnicas realizadas e quatro projetos de encomenda do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e um total investido de R$ 280 milhões.
O pesquisador também mencionou as 10 mil mudas de árvores nativas plantadas para recomposição de mata ciliar do Ribeirão do Ferro, que corta o sítio do RMB, ratificando a preocupação para que o empreendimento seja "ambientalmente correto”, um dos pilares de sustentabilidade do projeto. Perrotta destacou a "grande missão” do RMB, de ser nuclear em dois sentidos, o de embrionário de um grande centro de pesquisas e tecnologia, na área nuclear.
"O RMB não é apenas o projeto de construção de um reator de pesquisa, mas sim, a exemplo do que ocorreu com a implantação do reator IEA-R1 para o IPEN, é o estabelecimento de um grande centro de tecnologia nuclear que nasce com a construção do reator de pesquisa e instalações associadas. Ele é efetivamente um projeto de arraste e estruturante para o Programa Nuclear Brasileiro. Ao redor do reator se expandirão laboratórios, conhecimento, desenvolvimento tecnológico, formação de recursos humanos, inovação e suprimento da sociedade com os produtos e serviços que trazem consigo os benefícios da utilização pacífica da energia nuclear”.
Em seu discurso, Perrotta fez um retrospecto da carreira e comentou que o interesse pela área nuclear surgiu quando ainda era criança, aos 10 anos. "Me lembro, ainda criança, talvez uns 10 anos, moleque de rua – eu vivia na rua jogando bola, soltando pipa –, no bairro do Engenho Novo, no Rio de Janeiro, que, numa dessas resenhas da molecada, veio a pergunta "o que eu seria quando crescesse”. Lembro, perfeitamente, até hoje, essa cena, e eu disse sem hesitar ENGENHEIRO NUCLEAR!!”, exclamou.
Vocação predestinada
Prestes a completar 69 anos (28 de outubro), Perrotta nasceu no "Dia do Funcionário Público” e dia de São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis, no mesmo ano do lançamento do Programa Átomos para a PAZ (8 de dezembro de 1953). Três anos depois, em 1956, veio a criação da CNEN, e, em 1957, a fundação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e do Instituto de Energia Atômica (IEA), atual IPEN. "Portanto, nasci na era da aplicação da energia nuclear para fins pacíficos em benefício da sociedade”, brincou.O pesquisador acredita ter nascido com a missão de atuar na área nuclear e de contribuir para esse fim. "A vida sempre me encaminhou nesse caminho. Vários foram os sinais de estímulos a perseverar, não desanimar, e os apoios e cuidados recebidos para que isso ocorresse foram muitos”, afirmou. Perrotta fez questão de mencionar que sempre estudou em escolas públicas, do então primário à faculdade, tendo se formado em dezembro de 1977 como engenheiro civil, no Instituto Militar de Engenharia (IME – Rio de Janeiro).
Em janeiro de 1978, casou-se com Rosângela, presente na cerimônia, e brincou que nem teve tempo de curtir o momento. "Nem tivemos lua de mel, pois já estava fazendo o mobralzinho do PRONUCLEAR para mestrado em Engenharia Nuclear no próprio IME. Ganhei a bolsa e fiz o mestrado especial que dava o direito de ir fazer doutorado nos Estados Unidos, mas preferi concluir no País”. Perrotta dedicou um agradecimento especial à esposa, a quem "deve grande parte do sucesso da carreira”.
Carreira de sucesso
O pesquisador mencionou sua passagem pelo Departamento do Combustível Nuclear de Furnas, onde acredita ter feito um trabalho "marcante” e "fantástico”, que se tornou metodologia padrão de Furnas para as curvas operacionais de valores de reatividade de barras de controle do reator. Gostava do trabalho, mas, após a morte do pai, a quem ajudava na função de jornaleiro, aceitou mudar para São Paulo e trabalhar no Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear (PATN) e no IPEN.Com os dois filhos ainda pequenos – Gabriela tinha 3 anos e o André ainda não havia completado um ano – e sabendo que seria uma dificuldade maior para a esposa Rosangela, tinha consciência do grande desafio que lhe esperava, no auge de seus 29 anos. "Era para trabalhar no desenvolvimento autônomo da tecnologia nuclear nacional. Hoje tenho certeza de que esse era meu destino e foi uma decisão acertada”, disse, referindo-se à tarefa de projetar o combustível e o núcleo do reator de propulsão naval.
Foi na metade dos anos 90, em decorrência da famosa "pá de cal” no PATN, que passou a se dedicar à Divisão de Engenharia do Núcleo do Departamento de Reatores do IPEN (RT) e concluiu seu doutorado, sob a orientação de José Rubens Maiorino. "E convidamos, não por acaso, o Dr. Rex Nazareth, principal responsável do PATN, a fazer parte da banca da minha defesa”, afirmou. No final da década, ajudou na criação do Centro de Engenharia Nuclear, tendo sido o primeiro gerente eleito pelos pares no IPEN.
Em 2002, foi convidado a trabalhar na Seção de Segurança de Reatores de Pesquisa da AIEA, em Viena, onde atuou no esforço inicial do trabalho conjunto dos Departamentos de Segurança, de Energia e de Aplicações para organização de guias, documentos técnicos e serviços sobre os reatores de pesquisa para suporte aos países membros da Agência. "Hoje existem mais de cem documentos emitidos e vários serviços disponíveis aos países membros. O RMB também utiliza alguns desses documentos da IAEA”.
Em 2003, voltou ao Brasil para contribuir na estruturação do Programa de Células a Combustível, aglutinando os vários grupos técnicos que estavam se desenvolvendo na área. "Ganhamos projeção nacional e, através do MCTI, fomos indicados coordenadores do Programa Nacional de Células a Combustível (PROCAC) em projeto de encomenda através da FINEP”, contou.
Perrotta também falou de sua passagem pela Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Material Nuclear (ABACC), onde coordenou o desenvolvimento e a qualificação do método inovador de amostragem de UF6 em plantas de enriquecimento para determinação de teor isotópico. "Denominamos esse método de ABACC-Cristallini em homenagem ao Dr. Osvaldo Cristallini que trabalhava conosco. Esse é um fato relevante para a ABACC”.
No seu retorno ao IPEN, passou a dirigir projetos especiais. Segundo Perrotta, a cronologia dos fatos de certa forma o empurrou para o que considera o grande projeto de sua carreira profissional e talvez a grande missão que teria a realizar e para a qual foi preparado ao longo dos vários anos de trabalho: o Projeto RMB. No Programa de Ação Em Ciência Tecnologia e Inovação (PACTI 2007-2010) do então MCT, havia destaque para a área nuclear com a recomendação de construir um reator para autonomia nacional na produção dos radioisótopos para a medicina nuclear.
Liderado pela Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da CNEN, o projeto seria tocado por líderes e executores oriundos dos institutos da CNEN e a parceria do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). Perrotta foi designado como coordenador de gestão e coordenava os trabalhos dos vários especialistas. Chegou a ser titular da DPD de julho de 2011 a outubro de 2012, concomitantemente, e, pela função de direção, tornou-se membro do Conselho Superior do IPEN.
"Como diretor da DPD fui designado Membro do Conselho Superior do IPEN e contribuí para a renovação do convênio CNEN-IPEN-SDE-SP-USP que é de grande importância à CNEN, ao IPEN e ao RMB”, disse Perrotta. Para ele, "muito foi realizado no projeto RMB, mas, ainda, aquém do que foi inicialmente planejado”. Essa realização – COMPLEMENTA – existiu por vontade dos muitos que apoiaram o projeto desde seu início,” como é o caso do IPEN, instituição líder do projeto”.
Antes de encerrar seu discurso com os agradecimentos, Perrotta mencionou a expansão do acordo de parceria com a empresa de engenharia Amazônia Azul (AMAZUL), também da Marinha, em 2017, para apoio na implantação de engenharia do empreendimento. Citando algumas das realizações do empreendimento, afirmou que, nos últimos sete anos, a falta de recursos financeiros e a falta de apoio efetivo e político contribuíram para que a construção do RMB não fosse iniciada.
Por fim, agradeceu os pares, afirmando que "todos os trabalhos e realizações se devem ao grupo de pessoas, técnicos, e especialistas que comigo trabalharam”. Perrotta lembrou de apoiadores do projeto "que nos deixaram ao longo do caminho”, entre eles, Afonso Aquino, que foi colaborador na área de comunicação do RMB, fez uma saudação especial ao atual superintendente do IPEN, Wilson Calvo, e agradeceu à diretora substituta, Isolda Costa, e aos ex-superintendentes Claudio Rodrigues e Spero Morato, "entre outros de igual importância”.
Emocionado, dirigiu-se à espoca Rosângela, com quem está casado há 44 anos, dizendo que tudo que fez ou pode fazer profissionalmente foi porque teve o seu incentivo e suporte. "Toda vez que decidi mudar de serviço e cidade, viajar por longos períodos e me dedicar à minha profissão tive seu apoio e compreensão. Eu ficava tranquilo sabendo que ela realizava todo o necessário para cuidar de nossa família. Grande parte do sucesso da minha carreira se deve a você Rosangela. Muito Obrigado! Beijo”.
Também foram citados os filhos Maria Gabriela e André e as netas Isabella e Valentina, presentes na cerimônia, "por nos dar brilho nos olhos”. Fez um agradecimento à mãe, dona Maria, ainda viva, 99 anos) e à irmã Carmen, que sempre o ajudaram e o acolheram nas idas de trabalho ao Rio de Janeiro. "Casa da mamãe é hotel 10 estrelas”, brincou.
Encerrou com uma dedicatória especial: "Gostaria também de dedicar essa homenagem de pesquisador emérito ao meu pai. Imigrante italiano, na década de 30, ainda jovem, foi de verdade um grande brasiliano que criou raízes, constituiu família e contribuiu para o crescimento do país através do seu trabalho honesto e dedicado, e na criação e educação da geração que o sucedeu. Meu orgulho e admiração por ele, a quem dedico essa homenagem”.
"Perrotta é Multipropósito”
Antes de Perrotta receber o diploma de Pesquisador Emérito, coube ao amigo e testemunha de sua dedicação ao RMB e à área nuclear brasileira, Francisco Rondinelli Júnior apresentar o homenageado aos presentes. Atual coordenador geral de Aplicações das Radiações Ionizantes da CNEN, Rondinelli mencionou aspectos da carreira de Perrotta e ressaltou o fato de ele ser oriundo da rede pública de ensino, um exemplo "do mérito do ensino público brasileiro”.Enquanto elencava os trabalhos realizados por Perrotta, Rondinelli brincou dizendo que "Perrotta é multipropósito”, levando a plateia ao riso. Destacou que o homenageado foi o engenheiro que concebeu o RMB e que "o desenho do seu pensamento” está preservado em um quadro e deve ser guardado para a posteridade. Mencionou ainda outros prêmios e honrarias concedidos a Perrotta e encerrou dizendo que ainda "faltam 30 páginas a serem preenchidas com coisas a fazer”, elogiando a "forma humana com a qual Perrotta dedicou ao País”.
A celebração do 66o aniversário do IPEN continua na quarta-feira, 31, com a presença do ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, da secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo (SDE/SP), Zeina Latif, do diretor-Presidente da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S. A. (AMAZUL), vice-almirante (EN) Newton de Almeida Costa Neto, do secretário Executivo do MCTI, Sergio Freitas de Almeida, do titular da DPD/NEN, Madison Coelho de Almeida, do diretor do CTMSP, vice-almirante (EN) Guilherme Dionízio Alves e da vice-reitora da USP, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda.
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Texto: Ana Paula Freire
Colaborou Leonardo Novaes, estagiário