Ipen na Mídia
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- 17/04/2019 - Durante a Atomexpo projeto brasileiro ganha prêmio (O Petróleo)Fonte: O Petróleo
Por Yuri Anderson
Durante o 11º Fórum Internacional AtomExpo 2019, um projeto brasileiro foi premiada no evento que acontece na Rússia. O projeto foi realizado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN)/Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o projeto competia com mais 10 países na categoria ”Nuclear Para Uma Vida Melhor”.Desenvolvido pelos IPEN/CNEN, o projeto trata-se de um irradiador gama multipropósito e uma unidade móvel com um acelerador de feixes de elétrons. O irradiador tem uma série de aplicações, como desinfestação e a contenção da proliferação de microrganismos em bens culturais e obras de arte. Já a unidade móvel com um acelerador pode ser usada, por exemplo, no tratamento de efluentes da produção de petróleo, dentre outras aplicações.
Entre os jurados, o presidente, Luís Echavarri, consultor internacional de energia com 17 anos de experiência como diretor geral da Agência de Energia Nuclear da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, foi quem deu o prêmio para o representante do IPEN/CNEN/SP no evento, o pesquisador Emerson Soares Bernardes.
O pesquisador disse esta se sentindo muito honrado com a premiação, "É uma honra, em nome do IPEN, receber este prêmio. Gostaria de agradecer aos organizadores e também à Rosatom pela oportunidade de estar aqui esta noite”.
O Atomexpo International Forum, é um evento que reúne referências do ramo da indústria nuclear mundial.
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- 09/04/2019 - Reminiscências: ser caloura na Faculdade de Filosofia da USP em 1959…(Jornal da USP)Lighia Brigitta Horodynski-Matsushigue é professora colaboradora sênior do Instituto de Física (IF-USP)
Lighia Brigitta Horodynski-Matsushigue é professora colaboradora sênior do Instituto de Física (IF-USP)
Fonte: Jornal da USP
Que alegria! Entrei no curso de Física da FFCL-USP, na primeira tentativa e sem fazer cursinho.Era o fim da década de 50 e tudo pareciam flores e alegria: nada de mal poderia acontecer, superadas duas guerras mundiais e suas consequências… Havia estudado, por minha conta, durante o longo verão de 1959: revisão de todas as matérias do Colegial. Alcancei, pois, o objetivo que foi sendo construído durante o curso Científico,passo a passo, em contato com meu professor de Física, recém-formado e já empregado junto ao Reator Nuclear de Pesquisa, instituição que se tornaria o Ipen. Naquela época não havia limitação no número de ingressantes, mas havia um rigoroso exame oral e era necessário que se alcançasse a nota mínima de 5,0, em todas as matérias! Por incrível que pareça, minha pior pontuação foi em língua estrangeira. Escolhi minha língua materna – o alemão (havia vindo ao Brasil com nove anos, recém-completos, e feito dois anos e meio do ensino básico na Áustria) – mas desconhecia que seria avaliada como se quisesse entrar no Curso de Alemão da FFCL… A minha turma na FFCL, considerada a do Sputnik – lançado pouco antes pela URSS, inaugurando assim a era espacial – era precedida e sucedida por turmas muito menores e continuou junta durante praticamente toda a graduação. Constituímos, ao longo de todo curso, um grupo muito unido, tanto que conseguimos comemorar festivamente os nossos 25 anos de formatura e, depois, e mais serenamente, os nossos 50, em 2012…No antigo Departamento de Física da faculdade permanecemos, como pós-graduandos, Kasuo Ueta e eu e, mais tarde, retornando de anos de trabalho no Ipen, veio a colega Lia Queiroz do Amaral, enquanto outros permaneceram naquela instituição. Vários colegas foram para a Unicamp – então, em formação – ou mesmo voltaram aos seus estados de origem.
A FFCL, na época ainda situada na histórica Maria Antonia,era o centro da efervescência política de toda a Universidade e boa parte do curso, a que versava exclusivamente sobre a teoria da Física ou a relacionada com conteúdos da matemática,continuava sendo oferecida lá. Contudo, a parte experimental e algumas matérias mais avançadas já eram oferecidas no campus do Butantã,então acessado apenas pelas atuais passagens pelo Instituto Butantã – quase tudo, menos o prédio da Biologia, que até hoje existe, constava apenas de projetos. Até mesmo do futuro IF havia apenas o prédio Jafet e seu anexo, mas já existiam dois Laboratórios de Pesquisa em Física: o do Betatron (que foi substituído pelo Acelerador Linear) e o do Van de Graaf (sucedido pelo Pelletron). E a efervescência, também a científica, permeava todos os ambientes. Era uma alegria fazer parte dessa aventura!
O Grêmio da FFCL era extremamente ativo em nossa época, em particular também durante a gestão do colega Fuad Saad, também do Curso de Física (um ou dois anos posterior a mim). Sob sua iniciativa, fizemos várias viagens, para ajudar aentenderum pouco mais esse imenso país. Assim, fomos de ônibus a Brasília (recém-inaugurada…) e ao extremo sul (Porto Alegre).
Tivemos aulas com professores e pesquisadores conhecidos, como Mario Schenberg e José Goldemberg, além de Ernst Hamburger, que foi meu orientador de iniciação científica.Amélia Hamburger, sua esposa e mãe de Carlos (Cao) Hamburger, além de outros quatro filhos – todos muito conhecidos em suas respectivas áreas de atuação – foram pessoas importantes na minha formação.
Ao término do curso, em 1962, já se prenunciava a virada dramática que viria a acontecer dois anos depois. Vivi algumas escaramuças com estudantes do Mackenzie, do outro lado da Rua Maria Antonia; esses nos atacavam, com o mote de "comunistas”, mas estávamos longe de imaginar o que estava sendo gestado: ogolpede 1964.Mas: sobrevivemos também a isso, embora essa tomada forçada do poder pelos militares tenha custado caro a muitos cientistas e militantes. Amélia e Ernst Hamburger tiveram que pagar um preço alto por suas convicções políticas, mas nunca deixaram de acreditar, assim como eu, que os bens materiais e, especialmente, os intelectuais, precisam ser compartilhados por toda humanidade! E, aí, a educação pública de qualidade, mais ainda no ensino superior, precisa ser mantida ou resgatada, a todo custo!
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- 04/04/2019 - CINE reúne pesquisadores para debater transição energética (Agência FAPESP)Conferência internacional na Unicamp reúne mais de 100 pesquisadores vinculados ao Centro de Inovação em Novas Energias, que tem apoio da FAPESP e da Shell
Conferência internacional na Unicamp reúne mais de 100 pesquisadores vinculados ao Centro de Inovação em Novas Energias, que tem apoio da FAPESP e da Shell
Fonte: Agência FAPESP
Crescimento contínuo da demanda por energia nas próximas décadas e urgência de sustentabilidade e de transição para uma matriz energética mais diversificada, junto com a certeza do papel central da ciência na superação dos desafios. Esse foi o pano de fundo da Conferência Internacional em Novas Energias, realizada nos dias 26 e 27 de março na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).O evento reuniu pela primeira vez os mais de 100 pesquisadores vinculados ao Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), um dos Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE) apoiados pela FAPESP. O CINE foi criado em 2018, em parceria com a Shell.
Na abertura do evento, que reuniu cerca de 200 pessoas, Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, destacou a importância da interação entre as várias instituições de pesquisa que participam do CINE e, sobretudo, a relevância da área à qual o centro se dedica.
Falando sobre o compromisso da Unicamp com o tema, Knobel destacou o projeto do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), que está sendo estruturado com o objetivo de reunir universidades, instituições de pesquisa, empresas, organismos públicos e outros em projetos colaborativos voltados à concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030.
Rubens Maciel Filho, diretor do CINE e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), inaugurou os trabalhos de apresentação dos resultados já alcançados pelo CINE, destacando como a sinergia entre os diferentes projetos aumenta o potencial de impacto da iniciativa e, assim, a relevância do evento para concretizar a percepção do CINE como centro único e integrado.
Maciel destacou que não há solução mágica para a transição energética, registrando o compromisso do centro em "trabalhar arduamente para que as soluções estejam disponíveis no tempo mais curto possível”.
Em seguida, foi feito relato dos esforços de educação e difusão do conhecimento do CINE e foram compartilhados com o público presente os avanços nas quatro divisões de pesquisa do centro: Portadores Densos de Energia; Armazenamento Avançado de Energia; Metano a Produtos; e Ciência Computacional de Materiais e Química.
As divisões são coordenadas por pesquisadores da Unicamp, da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Também participam integrantes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As pesquisas também contam com parcerias com instituições dos Estados Unidos, Alemanha, França, Portugal, Reino Unido, Dinamarca e China.
Embora muitos laboratórios estejam concluindo agora a importação e instalação de equipamentos e a sede do CINE, localizada na Unicamp, ainda esteja em obras, as apresentações surpreenderam pelas conquistas já concretizadas, como publicações já efetuadas e, principalmente, pelo número grande de artigos em processo de publicação, dentre outros indicadores.
"Temos muitos desafios pela frente. Juntos, trilharemos um caminho longo, mas muito bonito, integrando uma rede global de pesquisa”, disse Maciel.
Euclides de Mesquita Neto, membro da coordenação adjunta de Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da FAPESP e do comitê diretor do CINE, também destacou o potencial da atuação colaborativa, traçando em sua apresentação um panorama do cenário favorável à inovação existente no Estado de São Paulo.
Joep Huijsmans, líder da Divisão de Pesquisa e Tecnologia de Novas Energias da Shell, apresentou o "Cenário Sky”, estudo elaborado pela Shell considerando o período até 2070 como referência para a transição para um sistema energético de baixo carbono. Huijsmans destacou que a Shell tem clareza de que, para superar os desafios envolvidos nessa transição, são imprescindíveis parcerias como a estabelecida no CINE.
O evento também contou com a participação de integrantes do Conselho Internacional do CINE, formado por pesquisadores que são referências mundiais em suas áreas de atuação.
Michael F. Toney, do Centro de Aceleração Linear da Stanford University, mostrou-se confiante na capacidade da ciência em encontrar soluções para o enfrentamento das mudanças climáticas e, nesse contexto, destacou a importância do diálogo com o público sobre o tema e, particularmente, sobre as soluções que estão sendo projetadas pela comunidade científica.
Mais informações sobre o CINE estão em www.cine.org.br, onde, em breve, serão publicados vídeos realizados durante a conferência.
*Com informações do Laboratório Aberto de Interatividade para a Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI - UFSCar).
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- 01/04/2019 - Pós-doutorado e mestrado em sistemas eletroquímicos com bolsa da FAPESP - Agência FAPESPVagas são para projeto do Centro de Inovação em Novas Energias voltado a buscar uma rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Vagas são para projeto do Centro de Inovação em Novas Energias voltado a buscar uma rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Fonte: Agência Fapesp
O Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído em parceria pela FAPESP e a Shell, dispõe de uma vaga de mestrado e uma de pós-doutorado, ambas com bolsa da FAPESP. As oportunidades são oferecidas no âmbito do projeto "Rota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas". As inscrições vão até dia 10 de abril de 2019.O bolsista de mestrado terá como foco de pesquisa a síntese de nanocatalisadores baseados em estruturas tridimensionais de carbono e a elucidação dos sítios ativos destes nanomateriais, bem como dos mecanismos das reações eletroquímicas de conversão de metano a produtos sobre os eletrocatalisadores sintetizados.
Os candidatos devem ter diploma de ensino superior em química, ciência dos materiais, engenharia química ou em áreas afins. Experiências anteriores na síntese e caracterização de nanopolímeros, nanoestruturas de carbono e eletroquímica são altamente valorizadas, embora não sejam requeridas.
A posição de pós-doutorado tem como objetivo desenvolver, testar e caracterizar sistemas de eletrodo/catalisador para a conversão seletiva de metano a produtos. O bolsista participará do desenvolvimento de técnicas de cromatografia gasosa com espectrometria de massa acoplada para determinar e quantificar os produtos formados na conversão eletroquímica de metano nos conjuntos eletrodo/catalisador desenvolvidos.
Os candidatos devem ter completado doutorado em química, ciências dos materiais, engenharia química ou área equivalente. Exige-se experiência no desenvolvimento de novas técnicas para cromatografia gasosa – espectrometria de massas e na síntese de catalisadores nanoestruturados; produção de eletrodos e sistemas eletroquímicos de eletrólito polimérico; técnicas experimentais eletroquímicas e afins; análise cinética; mecanismos catalíticos; e pesquisa multidisciplinar e experiência prática de trabalho como parte de uma equipe de pesquisa.
Para se inscrever em qualquer uma das oportunidades oferecidas, é preciso enviar curriculum vitae atualizado, o índice H, média aritmética do fator de impacto de todos os artigos publicados, uma cópia do histórico acadêmico e uma carta de motivação para o e-mail de Thiago Lopes (tlopeschem@gmail.com), para os candidatos ao mestrado, e de Almir Oliveira Neto (aolivei@ipen.br), para os candidatos ao doutorado.
Mais informações sobre as vagas: www.fapesp.br/oportunidades/2721ewww.fapesp.br/oportunidades/2719.
Saiba mais sobre as Bolsas de Mestrado da FAPESP em: www.fapesp.br/bolsas/ms.
A oportunidade de pós-doutorado está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 15% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista de PD resida em domicílio fora da cidade na qual se localiza a instituição-sede da pesquisa e precise se mudar, poderá ter direito a um auxílio-instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.
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- 11/03/2019 - Escola de Ciência Avançada discute importância dos aerossóis atmosféricosJovens pesquisadores e pós-graduandos de qualquer país têm até 24 de março para se candidatar ao evento que será realizado na USP com apoio da FAPESP
Jovens pesquisadores e pós-graduandos de qualquer país têm até 24 de março para se candidatar ao evento que será realizado na USP com apoio da FAPESP
Fonte: Agência Fapesp
Maria Fernanda Ziegler
Estão abertas, até 24 de março de 2019, as inscrições para a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Aerossóis Atmosféricos, que será realizada de 22 de julho a 2 de agosto na Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.O evento, apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), oferece 100 vagas para alunos de pós-graduação e jovens pesquisadores, sendo 50 para brasileiros e 50 para estrangeiros. Para manutenção dos estudantes selecionados que venham de outras cidades, estados e países, os benefícios oferecidos são passagens aéreas e diárias.
Organizada no Instituto de Física (IF) da USP, a Escola tem o objetivo de mostrar o conhecimento mais avançado sobre as propriedades dos aerossóis, efeitos no clima, modelagem climática e os efeitos na saúde das pessoas e nos ecossistemas. Além de fazer um balanço entre os efeitos positivos e negativos dos aerossóis – partículas líquidas ou sólidas em suspensão no ar – na atmosfera.
"Buscamos tratar a questão dos aerossóis na atmosfera de maneira multidisciplinar, interligando aspectos químicos, físicos e observacionais com os impactos nas mudanças climáticas, na vida e na saúde das pessoas”, disse Henrique Barbosa, professor do IF-USP e pesquisador responsável pela Escola.
A poluição atmosférica é um dos maiores problemas ambientais e de saúde no mundo. Em São Paulo, cerca de 11 mil pessoas morrem por ano por causa da poluição do ar, de acordo com dados do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). Na China, esse número é de mais de um milhão de vidas perdidas a cada ano, de acordo com dados do State of the Global Air Report, do Health Effects Institute (HEI).
"O principal poluente responsável por essa mortalidade é o PM [material particulado, na sigla em inglês] 2.5, que são os aerossóis com tamanhos menores que 2.5 micra. Eles têm forte impacto no clima. Globalmente, a concentração dessas partículas está diminuindo e, portanto, o mascaramento que fazem do aquecimento global também diminui. Isso acelera o aumento da temperatura global causado pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa”, disse Paulo Artaxo, professor do IF-USP e integrante da coordenação da Escola.
Gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono e o metano, absorvem a radiação terrestre. Já as partículas de poluição têm o poder de refletir para fora da atmosfera a radiação solar. Portanto, enquanto os primeiros esquentam a atmosfera, as segundas a esfriam.
Com a redução do material particulado na atmosfera e o constante aumento dos gases do efeito estufa ocorre uma intensificação do aquecimento global – mesmo que a poluição do ar regional esteja paradoxalmente sendo reduzida.
"Essa Escola é importante, pois precisamos entender todos os papéis atribuídos aos aerossóis atmosféricos. Estudos recentes mostram que eles estão mascarando o aquecimento global mais do que se imaginava originalmente. Portanto, compreender o papel dos aerossóis nas nuvens, na poluição do ar, nas mudanças climáticas globais e no aquecimento climático global está se tornando uma área estratégica, com reflexos no Acordo de Paris, pois está aumentando a sua responsabilidade na mitigação das mudanças climáticas”, disse Artaxo.
A Escola vai tratar também de técnicas de observação, da físico-química e da modelagem numérica dos aerossóis. "Os modelos climáticos têm dificuldade de tratar os aerossóis por causa de sua complexidade. Os gases de efeito estufa têm comportamento muito bem compreendido. O mesmo não ocorre com os aerossóis, que têm vida muito curta na atmosfera – de um dia a uma semana –, composição variável e efeitos diferentes no clima. Os aerossóis têm comportamento que muda muito de região para região, seja na Amazônia, em uma cidade ou nas queimadas na África”, disse Artaxo.
Experimentos em campo
Os alunos selecionados para a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Aerossóis Atmosféricos visitarão laboratórios de pesquisa na USP, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
"A Escola também contará com uma mesa-redonda para discutir políticas públicas voltadas para o controle de poluição nas cidades, fazendo um contraste entre o que ocorre na América Latina e na Europa”, disse Barbosa.
Serão abordados ainda os métodos principais de observação de aerossóis: por satélite e laser.
"Os dois métodos são importantes para termos uma observação completa do comportamento dos aerossóis. Em uma das atividades da Escola, vamos a um parque com celulares e equipamentos mais complexos para medir a poluição na cidade de São Paulo e pôr em prática os conhecimentos obtidos para análise e modelagem”, disse Barbosa.
Inscrições e mais informações: https://sites.google.com/view/spsas-aerosols/spsas.
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- 04/03/2019 - Marginal da SP-310 é interditada após acidente com carro que transportava material radioativo (G1)Bombeiros e Polícia Rodoviária isolaram área de 100 metros ao redor do veículo.
Bombeiros e Polícia Rodoviária isolaram área de 100 metros ao redor do veículo.
Fonte: Site G1 - EPTV 02 - Região de São Carlos e Araraquara
O Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária interditaram uma estrada às margens da Rodovia Washington Luís (SP-310), após um carro que transportava material radioativo capotar, próximo ao posto Bambina, em Araraquara. O material é utilizado no diagnóstico de câncer.O veículo, que transportava produto radiofármaco, capotou por volta das 4h30, desta segunda-feira (4). O carro foi encontrado por policiais, durante patrulhamento, por volta das 6h30. No local, havia dois homens que tentavam passar a carga do veículo capotado para outro que tinha placas de produtos radioativos.
Sem boletim de ocorrência
Segundo informações da Polícia Militar, após o acidente, o motorista do veículo teria entrado em contato com a empresa Eckert & Ziegler, solicitando outro veículo para o local, mas sem realizar o boletim de ocorrência.
No veículo acidentado havia um tambor vazio, mas os homens alegaram que ela já estava vazio. A polícia investiga se o líquido que estava na embalagem possa ter vazado.
A PM informou que o motorista do veículo não sofreu ferimentos no acidente, mas precisou ser encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Araraquara, após se sentir indisposto.
O local permanecerá interditado até ser identificado se houve vazamento. Uma equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) de São Paulo foi acionada para avaliar o material.
O produto
Segundo o supervisor de proteção radiológica da empresa, Durval Mescua Vargas Neto, o veículo transportava o radiofármaco chamado FDG18F, usado para o diagnóstico de câncer.
O produto líquido perde a radiação rápido, segundo Vargas Neto: "A cada 110 minutos ele perde metade da sua radiação original e por ser líquido não oferece perigo às pessoas que estão ao redor".
O supervisor ainda enfatizou que o medicamento tem validade de 12 horas.
Sem vazamento
De acordo com Vargas Neto, não houve vazamento radioativo no capotamento porque as embalagens que eram transportadas são blindadas para evitar situações de emergências.
"A gente veio aqui justamente checar a integridade e se houve esse derramamento. No nosso caso de hoje, os frascos estão íntegros, nenhum foi quebrado, nem danificado. Aqui, hoje, a gente não teve esse vazamento", disse.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear foi acionada e deve enviar representante para liberação do material e nova documentação para que outro carro leve o produto para São José do Rio Preto (SP).
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- 26/02/2019 - IPEN doa insumo para tratar bombeiros contaminados no trabalho de resgate em Brumadinho (Defesa TV)Fonte: Defesa TV
O IPEN vai doar 2.500 gramas de ácido meso-2,3-dimercaptosuccínico 99% ao Grupo de Resgate e Atendimento às Urgências (GRAU), do Gabinete do Secretário de Estado da Saúde de São Paulo, para atender os bombeiros que trabalharam no resgate das vítimas de Brumadinho (MG). Parte foi entregue nesta segunda-feira, 25, à médica Cecília Damasceno, coordenadora do GRAU. Ela foi recebida pelo superintendente Wilson Calvo, pelo gerente do Centro de Radiofarmácia (CR), Efrain Perini, e pelo Diretor de Produtos e Serviços, Jair Mengatti.
Também conhecido por DMSA ou succcimer, o ácido é usado para tratamento de intoxicação por metais pesados, como chumbo, arsênico, mercúrio e cádmio. Quando ingerido, "sequestra” os íons metálicos, formando quelatos que possibilitam sua eliminação pelo organismo (daí o termo "agente quelante”). O IPEN vai doar o insumo em forma de sal, que será encapsulado pela Farmácia do Hospital das Clínicas, para então ser administrado em forma de comprimido pelos bombeiros que tiveram a presença desses metais confirmada em exames de sangue após os trabalhos.
Damasceno esteve no IPEN para receber inicialmente 50g de DMSA, do estoque da Radiofarmácia e também para as primeiras tratativas de um convênio entre o Instituto e o GRAU/Secretaria da Saúde, visando futuros fornecimentos em situações emergenciais como a de Brumadinho. Wilson Calvo explicou que, se não há um convênio firmado ou um projeto de pesquisa em vigor, qualquer órgão público que demande esse tipo de apoio institucional precisa fazer uma exposição de motivos da importância e da urgência da doação.
"O órgão precisa nos enviar a documentação com evidências do acidente, da comoção que causou na sociedade, dos danos à população local etc.. então, nós montamos um processo administrativo, juntamos todos os documentos, inclusive uma carta da Secretaria [de Saúde, no caso], avaliamos os custos e deixamos tudo registrado, para que, em uma eventual auditoria do TCU ou da CGU, tenhamos respaldo legal do recurso que saiu do Instituto como doação para um bem social”, disse o superintendente, referindo-se ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria-Geral da União, respectivamente.
Somente o Estado de São Paulo enviou a Brumadinho 160 bombeiros, distribuídos em quatro turmas de 40. "Nós fizemos dessa maneira para que não ficassem expostos por mais tempo. Inclusive, essa última turma que foi nem levou o cachorro, porque os quatro cachorros já haviam trabalhado por cinco dias, dez horas de trabalho por dia, cada um. E nós colhemos sangue das duas primeiras turmas de bombeiros e cachorros, antes de irem e na volta, para dosar tudo. Felizmente, os nossos bombeiros não apresentaram contaminação”, disse Damasceno.
Segundo ela, o DSMA será destinado aos bombeiros de Minas Gerais, que apresentaram presença de metais pesados no sangue. Damasceno acredita que o fato de eles terem sido os primeiros a atuar pode ter contribuído para a contaminação. "Talvez eles também não tivessem efetivo para fazer o trabalho em rotatividade, como nós fizemos, e ficaram muito expostos, por muito tempo. Então, estamos providenciando o medicamento para eles”, destacou a coordenadora do GRAU, que não soube precisar o número de profissionais atingidos.
Damasceno salienta que a colaboração com o IPEN é "um passo importantíssimo” e vai garantir mais agilidade e eficácia no tratamento. "Antídoto para intoxicação tem que estar disponível para uso imediato. E o insumo que está sendo fornecido pelo IPEN é de suma importância para várias intoxicações, então, se fizermos um convênio de forma que a obtenção do insumo para virar comprimido possa ser mais ágil e com isso chegar às pessoas o mais rapidamente, o resultado será melhor e mais seguro para a população”.
Tanto o GRAU quanto o IPEN vão trabalhar para que o convênio seja efetivado o mais breve possível. "Nós temos firmado convênios com várias instituições de saúde, sempre buscando soluções que possam contribuir para o bem-estar social, que é a nossa missão. Vamos trabalhar para que esse convênio com a Secretaria também seja viabilizado o quanto antes”, afirmou o superintendente Wilson Calvo. "Que seja firmado em um futuro bem próximo, para a gente deixar segurança para o Estado de São Paulo e também para o Brasil, como esse suporte que demos a Minas Gerais”, acrescentou Damasceno.
Efrain Perini, gerente do Centro de Radiofarmácia do IPEN, destaca o compromisso institucional com a saúde da população brasileira, seja pelo fornecimento de geradores de Tecnécio (radioisótopo que serve como base para mais de 30 diferentes radiofármacos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos adotados na medicina nuclear), seja pela pesquisa e desenvolvimento de novos radiofármacos, e agora, com a doação do DSMA para uso dos bombeiros.
"O sal que a Radiofarmácia usa para outra finalidade [para marcação com Tecnécio] pode ajudar o Brasil em situações emergenciais como essa de Brumadinho, que não é o primeiro caso de rompimento de barragem, infelizmente. Eu penso que o convênio permitirá ao IPEN e o Centro [de Radiofarmácia] cumprirem sua missão de atendimento ao público oferecendo soluções para a melhoria e o bem-estar do cidadão brasileiro”, conclui Perini.
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Ana Paula Freire, jornalista MTb 172/AM
Assessoria de Comunicação Institucional do IPEN
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- 20/02/2019 - Universidades nos Estados Unidos destacam apoio à pesquisa em parceria com a FAPESPUniversity of North Carolina – Charlotte e University of Nebraska – Lincoln divulgam projetos realizados por seus pesquisadores em colaboração com cientistas de São Paulo
University of North Carolina – Charlotte e University of Nebraska – Lincoln divulgam projetos realizados por seus pesquisadores em colaboração com cientistas de São Paulo
Fonte: Agência FAPESP
Universidades norte-americanas têm destacado os bons resultados da parceria com a FAPESP no apoio a projetos de pesquisas colaborativas.Em seu website, a University of North Carolina – Charlotte (UNC Charlotte) informou sobre um projeto coordenado por Juan Vivero-Escoto, professor da Faculdade de Artes Liberais e Ciências, cujo objetivo é desenvolver nanopartículas para serem usadas no tratamento do câncer. O projeto recebeu recentemente um financiamento de US$ 100 mil da National Science Foundation (NSF), a agência federal de fomento à pesquisa.
Segundo o texto, o trabalho é uma continuação da pesquisa realizada por Escoto em parceria com Vanderlei Bagnato, professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), selecionada em chamada de propostas do SPRINT – São Paulo Researchers in International Collaboration de 2015.
"O programa SPRINT tem sido fundamental para o progresso de nossa pesquisa. Nossa colaboração com colegas no Brasil tem sido bastante produtiva”, disse Escoto.
Também no site da UNC Charlotte mereceu destaque a pesquisa realizada por Daniel Janies, professor de Bioinformática e Genômica, em parceria com os brasileiros Denis Jacob Machado e Taran Grant– ambos do Instituto de Biociências da USP.
O objetivo do grupo é desvendar os genes que permitem aos anfíbios gerar e resistir aos venenos que usam para se defender de patógenos, parasitas e predadores. Machado desenvolve doutorado sob a orientação de Grant e com apoio de uma Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) da FAPESP.
De acordo com Janies, a colaboração faz parte de uma relação mais ampla estabelecida entre a UNC Charlotte e a FAPESP por meios dos programas SPRINT e BEPE.
Já o site da University of Nebraska – Lincoln (UNL)divulgoua parceria entre os pesquisadores Sudeep Banerjee, do Laboratório de Luz Extrema de Nebraska, e Nilson Dias Vieira Junior, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que tiveram um projeto aprovado http://www.fapesp.br/10964 na terceira chamada SPRINT lançada em 2018.
O objetivo da dupla é explorar fontes alternativas de raios X para terapia médica usando aceleração de partículas a laser.
"Como cientista, vejo a pesquisa como um empreendimento global no qual todo ser humano pode contribuir com grandes ideias que beneficiam a todos nós”, disse Banerjee no texto. "Estou animado para trabalhar com as pessoas no Ipen. Eles são qualificados, bem informados e dedicados.”
O SPRINT foi lançado pela FAPESP em 2014 com o objetivo de promover o avanço da pesquisa científica por meio de colaborações entre pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo e cientistas parceiros no exterior em projetos conjuntos de médio e longo prazo. Oferece financiamento para a fase inicial de colaborações internacionais em pesquisa – chamado de seed funding (financiamento semente).
Desde então, a FAPESP lança quatro chamadas por ano com instituições parceiras, com data-limite para apresentação de propostas sempre na última segunda-feira de janeiro, abril, julho e outubro. A primeira chamada de propostas de 2019 foi lançada com recorde de instituições participantes. São 16 instituições, de 11 países (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/29690/).
Mais informações sobre o SPRINT: www.fapesp.br/sprint.
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- 14/02/2019 - Nebraska-Brazil team selected by São Paulo Research Foundation for collaborative project funding (Global Nebraska)Most people are familiar with x-rays, whether used for producing image scans, treating cancer, or telescopes. But producing bright x-ray sources can be difficult and extremely expensive, especially for medical treatments. Through his recent São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT) award, Nebraska’s Dr. Sudeep Banerjee is exploring an alternative source for x-rays using laser-particle acceleration with an international team in Brazil.
Most people are familiar with x-rays, whether used for producing image scans, treating cancer, or telescopes. But producing bright x-ray sources can be difficult and extremely expensive, especially for medical treatments. Through his recent São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT) award, Nebraska’s Dr. Sudeep Banerjee is exploring an alternative source for x-rays using laser-particle acceleration with an international team in Brazil.
Fonte: Global Nebraska
Banerjee, a research associate professor in the Department of Physics and Astronomy and Nebraska’s Extreme Light Laboratory, will lead the research project with Dr. Nilson Vieira of Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) in São Paulo, Brazil. The SPRINT award is a mobility program funded by the São Paulo Research Foundation (FAPESP) in collaboration with institutions around the globe and promotes the engagement of international researchers with scientists in the state of São Paulo, Brazil.
"As a scientist, I see research as a global endeavor in which every human being can contribute with great ideas that benefit all of us,” Banerjee said. "I am excited to work with the people at IPEN. They are skilled, knowledgeable, and dedicated.”
According to Banerjee, the goal of the joint proposal is to find a method to overcome the limits of IPEN’s lower-power laser systems, conduct a series of electron-acceleration experiments, and use the results to guide laser-driven proton acceleration that is useful for medical therapy.
"Our work begins with electron acceleration since this is in some ways easier to do and the results will yield more important information on the physical mechanisms that can be subsequently applied to proton acceleration,” explained Banerjee. "It will build up a level of expertise that will be needed for follow-up work on proton acceleration.”
Electron acceleration occurs using a series of short, high-intensity laser pulses to accelerate electrons in the resulting plasma wave (cloud of charged particles) produced in the wake of the laser. As Banerjee said, the team at Nebraska's Extreme Light Laboratory is "one of the leaders worldwide in the area of electron acceleration," although the bulk of past research has focused on optical imaging and national security applications of laser-particle acceleration. The new project's medical applications for protontherapy is one reason Banerjee is looking forward to collaborating with IPEN.
"This research will be synergistic with our other efforts which all focus on the generation of high-energy electron beams and x-rays. The new area we propose to study is proton acceleration, which will further augment our capabilities and open up new areas of study," Banerjee said.
Although using proton acceleration and protontherapy aren’t new, Banerjee and Vieira's research could have important implications for the field. Instead of x-ray waves, protontherapy applies accelerated protons at high-energy levels to cancerous areas for treatment. This radiation treatment allows for a much deeper penetration in a tighter-controlled area that results in less radiation hitting the surrounding healthy cells. Initially, this treatment was used mostly for brain tumors and tumors close to vital organs, but is now being used to treat a much broader range of tumors, including breast cancer, prostate cancer, and lung cancer among others. Most facilities that employ this treatment operate cyclotron accelerators, which apply a series of alternating electromagnetic fields to generate a proton beam. However, these highly specialized facilities typically cost upwards of $200 million dollars, and none currently exist below the equator line. Utilizing lasers to create the proton beams will hopefully enable protontherapy devices to be produced more cheaply and in a portable device that can be housed in a hospital.
"Making bright x-ray sources is extremely difficult and expensive, and we think lasers offer a unique way to make controllable x-ray sources that can be used for research and medical applications like therapy," Banerjee said. "We hope with a new approach based on different targets and physical mechanisms, we will be successful in this endeavor."
Banerjee’s award marks the third straight year Nebraska has partnered with FAPESP by co-funding SPRINT projects. Under the SPRINT award, FAPESP and UNL each fund up to $10,000 per proposal per year, for a total of $20,000. Banerjee’s award is co-funded by Nebraska’s Office of Research and Economic Development and the Department of Physics and Astronomy.
Previous SPRINT awards include six faculty members from various departments in the university’s Institute of Agriculture and Natural Resources (IANR). In 2016, UNL signed an agreement with FAPESP to advance faculty research collaborations with the support of IANR’s Global Engagement team and the Agricultural Research Division. In addition to the SPRINT awards, this relationship has also led to UNL hosting the Brazil-USA Research Symposium "FAPESP Week” in September 2017.
The call for proposals invited research in many fields of knowledge, emphasizing science, agriculture, technology and engineering. Nebraska joins the following institutions in being funded for proposals: Texas A&M University and University of Missouri (United States); Cardiff University, Imperial College London, University of Bath, Queen’s University of Belfast and University of Surrey (United Kingdom); Carleton University and University of Toronto (Canada); Swinburne University of Technology (Australia); Cognitive Science and Technology Council of Iran-CSTC (Iran); Fonds de la Recherche Scientifique-FNRS (Belgium); and University of Münster (Germany).
For more information about the SPRINT awards or upcoming proposals, please contact Liana Calegare, IANR Global Engagement Senior Global Programs Manager, atlcalegare2@unl.edu.
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- 14/02/2019 - Baterias de lítio-ar poderão armazenar energia para carros, casas e indústriaCom o crescimento das fontes renováveis, aumenta a demanda por dispositivos capazes de estocar energia de forma mais eficiente; tema foi destaque na FAPESP Week London
Com o crescimento das fontes renováveis, aumenta a demanda por dispositivos capazes de estocar energia de forma mais eficiente; tema foi destaque na FAPESP Week London
Fonte: Agência FAPESP
André Julião, de Londres | Agência FAPESP
A tecnologia atual das baterias de íons de lítio provavelmente não dará conta da grande demanda por energia das próximas décadas. Estima-se que em 2050 a eletricidade represente 50% da matriz mundial. Hoje esse índice é de 18%. Já a capacidade instalada para a produção de energias renováveis deve se tornar quatro vezes maior. Isso demandará baterias mais eficientes, baratas e amigáveis ao meio ambiente.Uma das alternativas estudadas em várias partes do mundo hoje é a bateria de lítio-ar. Alguns dos esforços brasileiros na busca deste dispositivo foram apresentados durante o segundo dia da FAPESP Week London, realizada nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2019.
"Fala-se muito hoje nos carros elétricos. Alguns países europeus cogitam inclusive banir motores a combustão. Além disso, fontes renováveis como a energia solar precisam de baterias para armazenar o que é gerado durante o dia pela irradiação solar”, disse Rubens Maciel Filho, professor da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A bateria de lítio-ar, atualmente funcionando apenas em escala laboratorial, tem como um dos reagentes o oxigênio do ar. Ela armazena mais energia por meio de uma reação eletroquímica, com a formação de óxido de lítio.
"É uma forma sustentável de armazenar energia elétrica. Com os avanços, pode suportar muitos ciclos de carga e descarga. Portanto, é durável. Ela apresenta ainda grande potencial para uso em transporte, tanto em veículos leves como os veículos pesados. Pode atuar ainda nas redes de distribuição de energia elétrica”, disse o pesquisador.
No entanto, transformar os experimentos em um produto comercialmente viável implica entender os fundamentos das reações eletroquímicas que ocorrem no processo.
"Além disso, requer o desenvolvimento de novos materiais que permitam potencializar as reações desejadas e minimizar ou evitar as indesejadas”, disse Maciel, que é diretor do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) .
Com unidades na Unicamp, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), o centro tem apoio da FAPESP e da Shell, no âmbito do programa Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE).
Ele explicou que alguns dos fenômenos precisam ser observadosin operando, ou seja, em tempo real. "A ideia é acompanhar em experimentos dinâmicos as reações que ocorrem e as diferentes espécies químicas que são formadas, mesmo que temporariamente. Do contrário, perdem-se algumas das etapas do que acontece durante o processo e a bateria se torna ineficiente em termos de tempo para ser carregada e duração da carga”, disse.
Para fazer essas medições, os pesquisadores usam o acelerador de luz síncrotrondo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado em Campinas.
Um outro projeto apresentado foi o de novas baterias de enxofre-ar. Apesar de não serem tão eficientes, são baratas e armazenam energia para muitas horas. "Elas podem estocar energia para até 24 horas a um custo muito baixo. Enxofre e soda cáustica são os principais ingredientes e são extremamente baratos. Por isso, estamos investindo nelas”, disse Nigel Brandon, professor do Imperial College.
Por conta dessas características, as baterias de enxofre-ar poderiam ser usadas em casas ou empresas. Brandon acredita, no entanto, que o maior potencial seria para estações de recarregamento de carros elétricos, que serão cada vez mais comuns em razão da meta europeia de corte de emissões de carbono de 80% até 2050.
"É importante frisar que os diferentes projetos de bateria não são concorrentes, mas complementares”, disse Geoff Rodgers, da Brunel University London, mediador da sessão.
Sol, hidrogênio e biocombustíveis
As baterias mais eficientes têm especial importância num cenário em que o uso de energia solar deve aumentar. Com o pico de radiação solar durante o dia, será preciso armazenar essa energia de forma adequada para usá-la durante a noite.
Maciel falou ainda sobre o projeto de células fotovoltaicas mais eficientes desenvolvido no CINE, sob coordenação de Ana Flavia Nogueira, do Instituto de Química da Unicamp. A tecnologia poderá futuramente ser usada tanto para a conversão da energia solar em elétrica como para a obtenção de produtos químicos, ou mesmo hidrogênio a partir da hidrólise da água.
O hidrogênio líquido é um combustível bastante eficiente, mas que tem alto custo energético para ser produzido. No Reino Unido, é uma das opções no horizonte, já que os biocombustíveis não são tão viáveis quanto no Brasil. Ainda assim, os britânicos desenvolvem estudos relacionados ao tema.
"Estamos procurando novas enzimas bacterianas para a oxidação da lignina, polímero aromático que compõe mais de 25% da parede celular das plantas, parte do bagaço da produção de biocombustível. O objetivo é criar novos produtos como biocombustíveis, novos plásticos e produtos químicos para a indústria”, disse Timothy Bugg, da University de Warwick.
CINE
O CINE, que iniciou suas atividades em 2018, possui um programa de pesquisa voltado para a conversão de metano em produtos químicos, que envolve o desenvolvimento de catalisadores. A coordenação é de Fabio Coral Fonseca, do Ipen.
O centro tem ainda um programa de Ciência Computacional de Materiais e Química que, por meio de modelos matemáticos em nível molecular, possibilita avaliar o impacto de novos materiais e suas interações com moléculas de interesse. Essas pesquisas são lideradas por Juarez Lopes Ferreira da Silva, professor do Instituto de Química da USP em São Carlos.
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- 11/02/2019 - FAPESP e Reino Unido apoiam 400 projetos de pesquisa colaborativa em 10 anos (Agência FAPESP)Acordos de cooperação envolvem agências de fomento, empresas britânicas e 26 universidades. FAPESP Week London começa nesta segunda com destaques de pesquisas colaborativas entre brasileiros e britânicos
Acordos de cooperação envolvem agências de fomento, empresas britânicas e 26 universidades. FAPESP Week London começa nesta segunda com destaques de pesquisas colaborativas entre brasileiros e britânicos
Fonte: Agência FAPESP
Claudia Izique | Agência FAPESP
Há 10 anos, pesquisadores paulistas e britânicos investigam juntos temas tão diversos como a resposta imunológica contra a zika, a cronologia da ocupação dos povos indígenas do tronco linguístico Jê; o impacto da produção do biogás, ou ainda a utilização de cavernas na camada do pré-sal para armazenar o CO2 encontrado nos poços de petróleo.
Essa colaboração é resultado de acordos de cooperação firmados pela FAPESP com o UK Research & Innovation (UKRI) – agência britânica de fomento à pesquisa com a qual a Fundação mantém acordo de cooperação desde 2009 –, com o Conselho Britânico, o Fundo Newton e empresas britânicas no Brasil – como a GlaxoSmithKline (GSK), a Shell e a AstraZeneca/MedImmune –, além de 26 universidades do Reino Unido. A FAPESP financia pesquisadores paulistas e os parceiros, os pesquisadores britânicos, engajados no mesmo propósito de pesquisa.
"O Reino Unido tornou-se o principal parceiro em pesquisa para os projetos da FAPESP. Em boa parte, isso aconteceu porque quando a FAPESP iniciou sua estratégia para colaboração internacional, em 2007, o Reino Unido mobilizou suas principais organizações, como os Conselhos de Pesquisa (agora UKRI), o Conselho Britânico e as universidades, inclusive por meio do Fundo Newton. Isso favoreceu as interações”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
De 2009 ao início de 2019, à FAPESP coube conceder 400 Auxílios à Pesquisa, a maioria deles (229) nas modalidades Auxílios Regulares e apoios à Vinda de Pesquisadores Visitantes (69) e à Organização de Reuniões Científicas (56), aos quais estiveram vinculadas 80 bolsas no período. No âmbito desses Auxílios destacam-se 22 Projetos Temáticos, modalidade que se traduz em pesquisa colaborativa com propósitos ousados, com financiamento de até cinco anos.
Fonte: BV/FAPESP
Fonte: BV/FAPESPO avanço dessa colaboração pode ser medido também pelo número de artigos publicados em coautoria por pesquisadores paulistas e do Reino Unido, que cresceu 173% de 2010 a 2016, de acordo com o Incites Thomson Reuters 2016. Entre 2016 e 2018, a mesma fonte registra um total de 5.611 artigos publicados em coautoria, atrás apenas das publicações em parceria com pesquisadores norte-americanos.
"O número de projetos em colaboração com pesquisadores cresceu substancialmente e as publicações científicas em coautoria, além de crescerem em quantidade, resultam em impacto científico três vezes superior àquele obtido pelas publicações das duas regiões isoladamente”, sublinha Brito Cruz.
Fonte: Fonte: Incites Thomson Reuters
Vários pesquisadores paulistas e britânicos, parceiros de pesquisa e de publicações, se reunirão nos dias 11 e 12 de fevereiro, na FAPESP Week London, realizada no âmbito do UK-Brazil Year of Science and Innovation (YoSI) 2018-2019 (saiba mais sobre o evento em: www.fapesp.br/week2019/london).
Parcerias estratégicas
A parceria com o UKRI resultou em 25 editais conjuntos por meio dos quais foram selecionados 75 projetos financiados pela FAPESP e por instituições vinculadas à agência britânica: Biotechnological and Biological Sciences Research Council (BBSRC), Economic and Social Research Council (ESRC), Natural Environment Research Council (NERC), Medical Research Council (MRC).
Apoiados pela FAPESP e pelo MRC, por exemplo, João Santana da Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), e Daniel Altman, do Imperial College London, no Reino Unido, com a colaboração de William Kwok, do Benaroya Research Institute, dos Estados Unidos, mapeiam a resposta imunológica humana contra o vírus zika.
Um dos primeiros desafios foi identificar quais peptídeos virais são reconhecidos pelas células de defesa e induzem uma resposta imunológica. "Já chegamos a alguns peptídeos importantes, capazes de induzir a resposta imune ao zika”, disse João Santana da Silva, pesquisador principal do projeto. O estudo demonstrou também que a "reatividade cruzada” do vírus zika com outras viroses é "imensa”. "Isso dificulta o diagnóstico sorológico”, disse (saiba mais sobre o projeto em https://bv.fapesp.br/pt/auxilios/99303).
Além de chamadas conjuntas de proposta, o acordo com o UKRI prevê a possibilidade de os pesquisadores dos dois países submeterem projetos em fluxo contínuo à FAPESP e ao Arts and Humanities Research Council (AHRC), ESRC, BBSRC, MRC, NERC, Science and Technology Facilities Council (STFC), além de BBSRC Pump Priming Award (FAPPA).
Paulo Dantas de Blasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e José Iriarte, da University of Exeter, por exemplo, obtiveram apoio da FAPESP e do AHRC, respectivamente, para produzir uma consistente cronologia dos povos Jê, que habitam a região entre o sul de São Paulo e o norte do Rio Grande do Sul desde tempos pré-históricos brasileiros (1.200 anos) até os tempos atuais – deles descendem os índios da etnia Kaingang e Laklãno/Xokleng.
O estudo documentou o modo de vida sedentário daquela população milenar, a domesticação de plantas, o uso de objetos cerâmicos e até a ocupação dual – cerimonial e residencial – de algumas áreas (saiba mais em https://bv.fapesp.br/pt/auxilios/82868/ehttp://revistapesquisa.fapesp.br/2017/02/13/agricultores-e-sedentarios/).
Colaboração consolidada
Nesses 10 anos de parceria, a interação entre pesquisadores do Estado de São Paulo e do Reino Unido estreitou-se com o estabelecimento de novos acordos de cooperação entre a FAPESP e o Conselho Britânico – o primeiro foi firmado em 2005 – para o apoio à organização de encontros de grupos de pesquisas dos dois países com vistas à cooperação futura. A partir de 2009, com o ingresso de recursos do Fundo Newton no suporte à pesquisa, a colaboração entre os dois países se consolidou.
O Fundo Newton é uma iniciativa britânica para a promoção do desenvolvimento econômico e social de países parceiros por meio do apoio à pesquisa, ciência e tecnologia. O aporte de recursos é intermediado por organizações no Reino Unido – UKRI, Conselho Britânico, UK Academies, Innovate UK, Royal Society – e por instituições de países parceiros. No Brasil, o primeiro parceiro do Fundo Newton nessa área foi a FAPESP, seguida pelo Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap).
Reinaldo Giudici, da Escola Politécnica da USP, e Adam Hawkes, do Imperial College London, por exemplo, têm apoio da FAPESP e do NERC/UKRI, com recursos do Fundo Newton, para produzir um amplo estudo técnico-econômico e ambiental dos processos de produção de biogás integrada ao contexto da indústria sucroalcooleira.
"No âmbito do microcosmo, ou seja, de uma biorrefinaria, as pesquisas envolvem a modelagem matemática e o estudo da dinâmica do processo de produção de bioetanol e sua integração com o desempenho bioquímico dos processos de biodigestão anaeróbia dos resíduos deste processo [vinhaça, palha etc.] para produção de biogás”, explica Giudici.
Esta integração, ele acrescenta, permitirá ampliar o leque de produtos da biorrefinaria (bioetanol, energia elétrica oriunda da caldeira com queima do bagaço e sistema de cogeração e biogás), os quais devidamente acoplados à infraestrutura de distribuição (etanoldutos, rede elétrica, gasodutos) poderão atender as demandas do mercado consumidor de maneira mais eficiente.
"Nesse sentido, no nível do macrocosmo, ou seja, olhando o quadro mais amplo do sistema energético paulista e brasileiro, estão sendo estudadas projeções de demanda de energia para diferentes setores; identificação de gargalos de infraestrutura para atender às demandas futuras de energia; modelos de previsão para características de eletricidade e gás que considerem variações sazonais, uso da terra, sequestro de carbono, qualidade da água e água potável e impactos ecológicos da produção de biogás.”
A colaboração entre os dois países tem se mostrado profícua. No ano passado, o projeto, desenvolvido por Juliano Coelho da Silveira, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga, em parceria com Niamh Forde, da University of Leeds, esteve entre os finalistas do Prêmio Newton 2018, em sua primeira edição para a América Latina.
O prêmio é concedido aos melhores projetos de ciência e inovação que consigam demonstrar uma contribuição ao desenvolvimento social e econômico dos países parceiros do Fundo Newton.
O projeto, que teve como objetivo investigar vesículas extracelulares e gerar amostras biológicas para a análise do desenvolvimento de embriões, foi selecionado em chamada da FAPESP com o Confap, no Brasil, e com a Academy of Medical Sciences, a British Academy, a Royal Academy of Engineering e a Royal Society, no Reino Unido.
Acordos multilaterais
Os acordos da FAPESP com o UKRI, reforçados pelo Conselho Britânico e Fundo Newton, ampliaram as possibilidades de parceira em pesquisa e acabaram por atrair também a atenção das universidades britânicas. Entre 2009 e 2019, o número de universidades com as quais a FAPESP mantém acordos de cooperação saltou de um para 26.
Pedro Henrique Cury Camargo, do Instituto de Química da USP, e Edman Tsang, da Universidade de Oxford, por exemplo, investigam nanopartículas metálicas plasmônicas (NPs) suportadas em semicondutores e suas aplicações em fotocatálise, especialmente na geração de hidrogênio por quebra de moléculas de água. A colaboração combina a expertise de Camargo em sintetizar nanopartículas metálicas com forma e tamanho controlados com a de Tsang, de catálise e caracterização. A colaboração iniciou em outubro de 2017 e estará concluída no final de 2019.
Além da cooperação bilateral, pesquisadores britânicos e brasileiros também participam de projetos colaborativos, que articulam esforços multilaterais de pesquisa, no âmbito do programa São Paulo Researchers in International Collaboration (Sprint), uma espécie deseed fundpara apoiar o intercâmbio de pesquisadores.
Gabriel Teixeira Landi, do Instituto de Física da USP, e Mauro Paternostro, da Queen´s University Belfast, na Irlanda, por exemplo, tiveram sua proposta de pesquisa selecionada na 2ª chamada Sprint de 2017. Eles vão estudar a termodinâmica quântica de não equilíbrio, abordando o conceito de irreversibilidade.
O objetivo é construir teoricamente novas medidas de produção de entropia e aplicá-las a problemas paradigmáticos. Além de universidades britânicas, o mesmo edital selecionou projetos colaborativos de pesquisadores brasileiros com cientistas de instituições da Austrália, Espanha, Estados Unidos e França.
Centros de Pesquisa em Engenharia
Entre os acordos firmados pela FAPESP com empresas britânicas, destacam-se os firmados com a BG E&P Brasil Ltda., que posteriormente se tornou subsidiária do Grupo Shell, e com a GlaxoSmithKlein (GSK).
A parceria com a então BG, firmada em 2013, resultou na criação de dois Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs) da FAPESP: o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI) – para o desenvolvimento de investigações estratégicas, com financiamento de longo prazo e, posteriormente, em parceria com a Shell, foi criado o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE).
O RCGI, com sede na Escola Politécnica da USP – instituição selecionada em edital conjunto da FAPESP e a empresa –, tem como missão investigar o uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogênio e a gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2.
Um dos destaques de pesquisa aponta uma solução para um dos obstáculos da exploração de petróleo na área do pré-sal: a utilização de um sistema que separa por gravitação o dióxido de carbono (CO2) do gás metano que se encontram misturados nos poços de petróleo em cavernas construídas na camada de sal, com capacidade de armazenamento de até 8 milhões de toneladas de CO2 (leia mais em http://agencia.fapesp.br/29037/).
O CINE, constituído em 2018, tem como parceiros a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a USP e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O Centro tem como missão desenvolver novos dispositivos de armazenamento de energia com emissão zero de gases de efeito estufa e que utilizem como combustível fontes renováveis, além de novas rotas tecnológicas para converter metano em produtos químicos.
A parceria com a GSK também se desdobrou na constituição de dois CPEs: o Centro de Excelência para Pesquisa em Química Sustentável (CERSusChem) e o Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD).
O CERSusChem, com sede na UFSCar, está voltado para a pesquisa de produtos e processos químicos sustentáveis que possam ser utilizados na descoberta e no desenvolvimento de novos medicamentos, e o CENTD, com sede no Instituto Butantan, investiga alvos moleculares e vias de sinalização envolvidas em doenças de base inflamatória.
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- 10/02/2019 - Pesquisadoras brasileiras rifam iPhone para pagar viagem a congresso acadêmico nos EUASegundo a doutoranda Cecilia de Menezes, que concorre ao prêmio de melhor trabalho em evento internacional no Arizona, a combinação entre dólar alto e falta de financiamento à pesquisa fez com que ela e outras três pesquisadoras pedissem dinheiro pela internet.
Segundo a doutoranda Cecilia de Menezes, que concorre ao prêmio de melhor trabalho em evento internacional no Arizona, a combinação entre dólar alto e falta de financiamento à pesquisa fez com que ela e outras três pesquisadoras pedissem dinheiro pela internet.
Fonte: Portal G1 de Notícias
Por Ana Carolina Moreno, G1
A pesquisadora fluminense Cecilia de Menezes, de 32 anos, foi selecionada para apresentar sua pesquisa inédita sobre o armazenamento seguro de rejeitos radioativos em um congresso nos Estados Unidos no início de março. Seu trabalho concorre ao prêmio de melhor projeto inscrito no WM Symposia, que começa no mês que vem em Phoenix, no Arizona. Mas, sem dinheiro suficiente para pagar pelas passagens aéreas nem ajuda de custo das agências de fomento, ela e três colegas também selecionadas decidiram rifar um iPhone 7 novo para pagar pela viagem.
O sorteio do telefone será realizado no próximo sábado (16) e cada número da rifa custa R$ 25. AoG1, a pesquisadora de Niterói (RJ) explicou que já vendeu cerca de 300 números, mas a ideia original, de vender 700 cotas para custear a viagem dela e de outras três pesquisadoras brasileiras, já foi parcialmente abandonada.
"Somos quatro brasileiras tentando ir. Duas delas já desistiram por conta do alto preço das passagens. Eu ainda não desisti", afirmou Cecilia de Menezes, que tem apenas 20 dias para conseguir os recursos e garantir a passagem."
As duas que acabaram desistindo são Ana Paula Tessaro e Natalie Rolindo. Elas já participaram do evento acadêmico em 2018 e, por isso, cederam sua parte da rifa para aumentar as chances de Cecilia e Naomi Watanabe, a quarta pesquisadora do grupo, conseguirem os cerca de R$ 6 mil de que cada uma precisa para a viagem, e poderem expor seu trabalho no evento internacional.
Para divulgar a rifa, elas criaram um folheto virtual com os números de WhatsApp nos quais organizam o pagamento em dinheiro, depósito ou pelo aplicativo picpay, no nome de ceciliamadeira. "Com R$ 25 você compra uma rifa, concorre a um iPhone 7 e ajuda no reconhecimento da ciência brasileira", escreveram elas (veja abaixo).
Pesquisa para salvar vidas
Além de garantir uma vaga entre os melhores trabalhos inscritos no WM Symposia, a relevância do projeto de pesquisa de mestrado desenvolvido por Cecilia lhe abriu a oportunidade, ainda em estudo, de saltar direto para o doutorado do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Com duas graduações – em relações internacionais pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e gestão ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, a pesquisadora decidiu unir as duas áreas para investigar e propor maneiras de, a longo prazo, garantir o armazenamento seguro de rejeitos radioativos não só no Brasil, mas em toda a América Latina.
Sem poder entrar em detalhes sobre sua pesquisa, que até o mês que vem se mantém inédita, ela explica que os rejeitos radioativos não são muito diferentes dos das barragens de rejeitos minerais em Mariana e Brumadinho. Mas, se o rompimento dessas duas barragens já foi capaz de provocar estragos ambientais e sociais até certo ponto irreversíveis, um acidente envolvendo material radioativo pode provocar uma devastação em escala ainda maior.
"Imagina se aquele rejeito mineral fosse todo rejeito radioativo? Iria ser catastrófico pra todo o país", explica ela, afirmando que, hoje, o continente latino-americano não tem um espaço seguro para depositar esse material."
Rejeitos radioativos no Brasil
Em 1987, o Brasil foi vítima de um desastre desse tipo em Goiânia após dois catadores de recicláveis acharem um aparelho de radioterapia descartado de forma inadequada por uma clínica de radiologia, desmontarem o equipamento e vendê-lo a um ferro velho.O contato da população local com o Césio 137 que estava nele deixou quatro mortos e 249 contaminados.
Até hoje, mais de 31 anos depois, o governo local paga pensões especiais às vítimas do acidente que, no âmbito radioativo, foi o segundo pior da história mundial, perdendo apenas para o de Chernobyl, na Ucrânia.
Atualmente, Cecilia diz que o material radioativo recolhido após essa tragédia está armazenado em Abadia de Goiás.
Além disso, outros tipos de rejeitos radioativos são produzidos diariamente por diversos setores da sociedade, como nos hospitais, durante tratamento de câncer e aplicação de exames, e na indústria alimentícia, no processo de envasar bebidas em latas de alumínio. No passado, a pesquisadora diz que os para-raios instalados no topo de edifícios no Brasil também continham o material. Cecilia explica que os hospitais e clínicas são responsáveis pelo armazenamento de seus rejeitos, mas que a maior parte do resto do material produzido é encaminhado ao Ipen, onde ela faz sua pesquisa.
A cada dia o Ipen vê aumentar o acúmulo desse material contaminante, mas até hoje não existe um local seguro onde ele possa permanecer sem que se torne um perigo nas próximas décadas ou séculos.
Ela afirma que o controle da segurança desse repositório deve ser feito em nível institucional. "Eu estudo a estabilidade institucional a longo prazo, pois não temos a garantia de que nenhuma instituição brasileira consiga se manter estável por séculos, vide nossas turbulências políticas e econômicas. E qualquer instabilidade da instituição responsável por essa segurança poria em risco a sociedade."
Financiamento pela internet
Quando descobriram que seus trabalhos haviam sido selecionados para o evento nos Estados Unidos, Cecilia e as três colegas do Ipen foram atrás da viabilização da viagem. Com o dólar alto e as datas do evento coincidindo com o Carnaval no Brasil, a pesquisadora afirmou que, somando as passagens aéreas até Phoenix e o valor que elas devem carregar em dólares para que possam ter a entrada liberada nos Estados Unidos, cada uma precisa desembolsar cerca de R$ 6 mil. "Um aluno de mestrado no Ipen recebe bolsa de R$ 1.500. Porém, nem bolsa de pesquisa eu estou recebendo", afirmou a candidata ao doutorado direto.
Após uma tentativa frustrada de pedir ajuda de custo junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e de pedidos negados pelas companhias aéreas de desconto na passagem, Naomi, que havia comprado um iPhone novo e sem uso, teve a ideia de rifá-lo para arrecadar o dinheiro, e as demais toparam a empreitada de divulgar a campanha.
Até este sábado (9), a 20 dias da viagem, Cecilia diz que as vendas da rifa já foram suficientes para cobrir o custo do telefone e cerca de R$ 5 mil dos R$ 24 mil necessários para a participação das quatro brasileiras. Ana Paula e Natalie, então, desistiram da ideia de ir até o Arizona para que as outras tivessem maior chance de conseguir o custeio.
"É um congresso importante, como se fosse uma vitrine pro mundo, pra que possamos mostrar o que o Brasil tem visto e estudado a respeito da tecnologia nuclear. Está todo mundo de olho nisso, a gente não pode ficar pra trás", defendeu Cecilia. "Meu objetivo é apresentar meu trabalho e conseguir financiamento, apoiadores, cientistas do mundo irão demonstrar interesse. Mas, pra isso, eu preciso estar lá."
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- 04/02/2019 - Ipen realiza workshop para debater resultados de pesquisa em corrosãoFonte: Agência FAPESP
Com o objetivo de compartilhar os resultados obtidos no desenvolvimento do Projeto Temático "Estudo da corrosão localizada e caracterização da resistência a corrosão associada à fadiga na região de solda em ligas de alumínio de elevada resistência soldadas por fricção (FSW)”, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizará, na próxima segunda-feira (04/02), das 9h às 15h40, o 4º Workshop do Projeto FAPESP 2013/13235-6.
Coordenado pela pesquisadora Isolda Costa, do Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais (CCTM) do Ipen, o projeto encerra-se no mês de maio e registra, até o momento, dez trabalhos aceitos para publicação em jornais de circulação internacional e com política de revisão pelos pares. "Além desses, 10 outros trabalhos foram submetidos a publicação e se encontram em fase de avaliação”, disse Costa em comunicado do instituto.
O projeto se propôs a estudar o comportamento da região de solda de ligas de alumínio de elevada resistência mecânica, soldadas por fricção (FSW, acrônimo de Friction Stir Welding), com ênfase na identificação de efeitos galvânicos que pudessem contribuir para a aceleração da corrosão. Segundo Costa, esse objetivo foi atingido e pode-se dizer que o grupo que desenvolveu as pesquisas hoje é detentor de um saber que é de grande interesse do setor aeronáutico, especificamente da indústria de aviação.
"Os benefícios para a indústria aeronáutica estão relacionados ao uso da soldagem FSW na montagem das peças de forma a evitar os rebites, os quais representam grande proporção no peso das aeronaves e, consequentemente, aumento do consumo de combustíveis e geração de poluentes. Esse processo de soldagem (FSW) é relativamente recente, da década de 1990, e seu efeito no comportamento frente à corrosão das ligas de alumínio de alta resistência precisa ser mais bem conhecido”, disse.
Os resultados obtidos foram além das expectativas de produtividade do projeto, avalia Isolda. "É muito importante a divulgação dos resultados do último período de trabalho, o que ocorrerá neste 4º Workshop, para que os participantes possam pensar conjuntamente as possibilidades de dar continuidade ao trabalho e as possíveis formas de divulgação dos resultados do período final”, disse Costa.
O projeto foi realizado em colaboração com a Universidade de São Paulo (Escola Politécnica e Escola de Engenharia de São Carlos), Universidade Estadual Paulista (Unesp - Araraquara), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp - Diadema) e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).
Integram o projeto os pesquisadores Hercilio Gomes de Melo (Escola Politécnica - USP), Waldek Wladimir Bose Filho (USP - São Carlos), Cecilio Sadao Fugivara e Marina Magnani (Unesp - Araraquara), Cristiane Reis Martins (Unifesp - Diadema), Fernanda Martins Queiroz (Senai SP) e Maysa Terada (LNNano). Do Ipen, participam Uyime Donatus (pós-doutorando) e Fernando Moreira (do Escritório de Gestão de Projetos).
O workshop terá início às 9 horas, com a saudação do diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do Ipen, Marcelo Linardi e da gerente do CCTM, Eliana Muccillo. Em seguida, Isolda Costa dará as boas-vindas aos participantes e apresentará os resultados gerais do projeto. Na sequência, Fernando Moreira, gerente do Escritório de Gestão de Projetos (EGP/IPEN), fará suas considerações.
A primeira apresentação, às 9h30, será do professor Bose Filho, que abordará o tema "Efeito da microestrutura na corrosão e corrosão fadiga de ligas de Al”. Às 9h50, Gomes de Melo falará sobre "The FSW process in high strength aluminium alloys used in the aerospace industry”.
A programação segue com Fugivara e Magnani, com o tema "Comportamento eletroquímico nas minirregiões da liga AA2024 e AA7475 soldadas por FSW em diferentes eletrólitos”. Em seguida, Donatus falará sobre "Corrosion resistance of age-hardened aluminium alloys”.
Mais informações e a programação completa estão em: www.ipen.br.
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- 01/02/2019 - Amazul busca convênio para atuar na extensão de vida de Angra 1 e prevê projeto detalhado do RMB até o fim do anoFonte: Petronotícias
O setor nuclear tem recebido boas e importantes notícias desde o final do ano passado. Há otimismo no segmento por conta da proximidade da retomada das obras de Angra 3. Além disso, outros empreendimentos desta indústria, igualmente relevantes, estão caminhando. É o caso do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que em 2019 dará alguns passos adiante, conforme revela o diretor-presidente da Amazul, Ney Zanella dos Santos. A empresa, como se sabe, é coexecutora do empreendimento e, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a argentina Invap, está neste momento trabalhando no projeto detalhado do reator, que deve estar concluído até o final do ano. Além disso, Zanella conta que o licenciamento ambiental já está sendo feito. "Para o próximo ano, com o término do projeto detalhado, poderemos partir para o desenvolvimento do reator e as obras civis”, afirmou. O executivo ainda explica que há conversas em andamento para que a Amazul realize um convênio com a Eletronuclear, no sentido de auxiliar no processo de extensão de vida útil de Angra 1. "A Eletronuclear precisará de uma empresa independente para fazer o acompanhamento e avaliação do projeto. Estamos trabalhando neste aspecto”, disse.
O senhor poderia começar fazendo um balanço das operações da empresa no ano de 2018?
No ano de 2018, a Amazul participou ativamente do Programa Nuclear da Marinha. A Amazul também participa do ProSub [Programa de Desenvolvimento de Submarinos]. A empresa trabalha ativamente no programa, que já é exitoso. Tivemos em 2018 o lançamento do primeiro submarino, construído em Itaguaí (RJ). É um projeto francês, mas existe toda uma estrutura de gestão, administração e acompanhamento de projeto, onde a Amazul participa junto com a diretoria geral da Marinha.
Outro balanço muito positivo veio do Programa Nuclear Brasileiro, onde assinamos um convênio com o Ministério da Saúde, que se comprometeu a contribuir com 50% do RMB, o que significa aproximadamente R$ 750 milhões. A Amazul está fazendo o projeto detalhado do RMB. Estamos com um grupo muito forte fazendo o projeto, em parceria com a argentina Invap e com a coordenação da Comissão Nacional de Energia Nuclear, por intermédio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Qual a importância do projeto do RMB?
O RMB é um projeto capitaneado pela CNEN. A Invap tem o projeto do núcleo do reator, propriamente dito. A Amazul está fazendo as interfaces desse núcleo com os periféricos de todo o empreendimento. A principal razão do RMB é fazer radiofármacos para o Brasil. Hoje, o país ainda importa 100% desses produtos. Isso porque não temos um reator ativo para fazer a principal substância para produzir o radiofármaco, o molibdênio-99 (Mo-99), que é 100% importado. O propósito do reator é fazer testes de materiais, com bombardeamento de nêutrons, que hoje são feitos no exterior.
Outro propósito está voltado para a área de pesquisa, por isso que o RMB está no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A pesquisa não é só da área nuclear, mas também nas áreas de medicina, materiais e radiação. É um desdobramento impressionante. Por exemplo, as tulipas holandesas saem de seu país de origem e depois de um mês ainda estão bonitas. Os seus fungos são aniquilados com o uso da radiação. Outro exemplo é nosso café, que atualmente é irradiado na Europa e não no Brasil. Então, veja o desdobramento que o RMB pode trazer de benefícios.
Como está o andamento deste projeto?
Esse projeto está com alguns anos. Com essa alavancagem que fizemos com o Ministério da Saúde, que vai bancar 50% do reator, aproximadamente, estamos aplicando diretamente os recursos no projeto e na construção do RMB, sem considerar os periféricos, para que ele possa vir a produzir o principal insumo, que é o radiofármaco.
O projeto detalhado será terminado ao final deste ano e já estamos fazendo o processo de licenciamento. O terreno já existe, foi doado pela Marinha. O governo de São Paulo também desapropriou uma área adjacente. A parte governamental já foi feita. O terreno já está conosco e estamos fazendo o licenciamento ambiental. A Amazul está ajudando nisso.
Para o próximo ano, com o término do projeto detalhado, poderemos partir para a confecção do reator, que será feita em alguma indústria metalúrgica ainda não definida. A previsão de construção do reator seria na faixa de três a quatro anos. No final de 2022 para 2023, estaremos na área final. Mas essa data depende do licenciamento nuclear, que garante a operação segura.
Em quais outros projetos a Amazul está envolvida?
Nosso outro grande projeto chama-se Gestão do Conhecimento. A gestão de conhecimento é o maior projeto que temos para garantir a continuidade e evolução de tudo que fizemos até hoje. Essa gestão segue um modelo bastante consolidado no Brasil, utilizado pela própria Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. Mas nós temos um viés um pouco mais profundo, seguindo as regras da Agência Internacional de Energia Atômica, da qual o Brasil faz parte.
O conhecimento está na mente dos brasileiros e, por isso, temos que fazer a gestão para que tenhamos um programa de sucessão. Muitos profissionais estão envelhecendo e os novos estão chegando. Assim, dentro deste nosso projeto, conseguimos contratar todos os formandos de engenharia nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Queremos garantir que estes jovens, que estão entrando na carreira, aprendam com os mais experientes.
A gestão de conhecimento não é um processo simples, mas é muito interessante e estamos alcançando êxito. No ano passado, ganhamos um prêmio de referência nacional na Unidade Produtora de Hexafluoreto de Urânio (USEXA), que fica em Iperó (SP). E agora estamos fazendo em outras áreas, como a ambiental e a do ciclo do combustível.
A Amazul tem buscado a nacionalização de componentes para o Prosub. Poderia detalhar mais sobre esta iniciativa?
O Programa de Submarinos da Marinha envolve uma grande gama de empresas, que estão se capacitando para participar desta empreitada. A ideia é trazer as empresas nacionais com a tecnologia necessária para o programa. Se não for feito desta maneira, será necessário comprar do exterior. Um projeto muito exitoso nessa faixa de nacionalização se refere às baterias, que estão já sendo produzidas no Brasil. A parte de cabos elétricos também, bem como válvulas de casco de submarino.
Agora, o maior projeto de nacionalização será o de motor de polos permanentes, que hoje o Brasil importa 100%. Os carros elétricos utilizam esse motor, que tem uma aplicação muito grande no mercado.
Gostaria que o senhor falasse também de outros projetos da área nuclear que despertam o interesse da Amazul.
Estamos conversando bastante com a Eletronuclear. A Amazul está fazendo um convênio para um projeto muito interessante, que é o de extensão da vida útil da usina Angra 1, que está perto de atingir seus 30 anos. É um projeto americano, que será feito pela empresa americana [Westinghouse]. Mas a Eletronuclear precisará de uma empresa independente para fazer o acompanhamento e avaliação do projeto. Estamos trabalhando neste aspecto.
Estamos também engajados em um projeto com o Ministério da Educação para ajudar a formar as pessoas na área de pós-graduação. Iremos usar os laboratórios existentes. A Marinha, por exemplo, tem 25 deles. Vamos ajudar as instituições, com parcerias com universidades que quiserem capacitar seus mestrandos e doutorandos na área nuclear. Nós faremos esse elo. O modelo ainda está para ser escolhido ao longo desse ano.
E quanto ao Labgene? Quais são as novidades?
Estamos trabalhando ativamente com a Marinha. As obras de engenharia civil devem terminar no fim deste ano. Já está sendo feita a montagem eletromecânica que se refere à parte de propulsão dos testes das turbinas, do motor elétrico e do freio dinamométrico. Quando tudo isto estiver devidamente montado, a ideia é partir para a montagem final do reator. A Marinha acredita que isso deve ocorrer em 2023, a depender de recursos que poderão ser provisionados.
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- 14/01/2019 - São Paulo School of Advanced Science on Modern Topics in BiophotonicsFonte: Agência Fapesp
O Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP sediará a São Paulo School of Advanced Science on Modern Topics in Biophotonics entre os dias 20 e 29 de março de 2019, em São Carlos. O evento é uma das Escolas São Paulo de Ciência Avançada apoiadas pela FAPESP.
A Escola tem como objetivo dar aos participantes uma compreensão da área de estudo desde a ciência fundamental até a aplicada e translacional. Ela se destina a estudantes de pós-graduação e pesquisadores em início de carreira (pós-doutorado).
O evento cobrirá alguns dos temas mais recentes em Biofotônica, como "Óptica tecidual”, "Microscopia e imagem”, "Nanomedicina”, "Neurofotônica”, "Técnicas não lineares”, "Técnicas de espectroscopia”, "Terapia fotodinâmica”, "Diagnóstico e tratamento do câncer” e "Biossensores”.
Valery Tuchin (Saratov State University, Rússia), David Boas (Boston University, Estados Unidos), Gang Zheng (University of Toronto, Canada), Mariette Pereira (Universidade de Coimbra, Portugal), Anderson Zanardi de Freitas (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), Cleber Renato Mendonça (IFSC-USP) e Mauricio da Silva Baptista (Instituto de Química da USP) são alguns dos pesquisadores confirmados no evento.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até dia 1º de fevereiro de 2019, porformulário na internet. Para se candidatar a auxílios para participação na Escola, os interessados devem se inscrever até 9 de dezembro de 2018.
O endereço do IFSC é av. Trabalhador Sancarlense, 400, Centro, 369, São Carlos, SP.
Mais informações: www.biophotonics2019br.com.
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- 31/12/2018 - É possível fazer tecnologia no Brasil - Registro HistóricoNo início da década de 1970, quando fazia pós-doutorado nos EUA, conheci outros dois brasileiros que seriam, mais tarde, protagonistas do início de um projeto ímpar: o já renomado professor Sérgio Porto, na ocasião docente da Universidade do Sul da Califórnia, e o oficial da Aeronáutica, José Albano Amarante. Nas conversas, o professor Porto, especialista na área de utilização de lasers, falava dos seus trabalhos sobre seu uso para separação isotópica, da possibilidade de desenvolver essa tecnologia no Brasil. O que acabou efetivamente acontecendo com o nosso retorno para o Brasil em circunstâncias exatamente similares.
No início da década de 1970, quando fazia pós-doutorado nos EUA, conheci outros dois brasileiros que seriam, mais tarde, protagonistas do início de um projeto ímpar: o já renomado professor Sérgio Porto, na ocasião docente da Universidade do Sul da Califórnia, e o oficial da Aeronáutica, José Albano Amarante. Nas conversas, o professor Porto, especialista na área de utilização de lasers, falava dos seus trabalhos sobre seu uso para separação isotópica, da possibilidade de desenvolver essa tecnologia no Brasil. O que acabou efetivamente acontecendo com o nosso retorno para o Brasil em circunstâncias exatamente similares.
Fonte: Brasil Nuclear nº 49
Claudio Rodrigues
Em 1976, fui designado coordenador da Área de Processos Especiais, uma unidade criada pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) para iniciar, no Instituto, um programa de separação isotópica usando laser em parceria com o projeto que já estava sendo conduzido por Sérgio Porto, então diretor do Instituto de Física da Unicamp e Amarante, que estava no Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA). Nesse projeto, à época, denominado Projeto Sepisla (Separação Isotópica por Laser) participavam cerca de 20 pessoas das três instituições.Em 1978, a Marinha, que tinha decidido formalmente implantar o programa de propulsão nuclear, passou a integrar esse grupo. Seu representante era o oficial da Marinha Othon Luiz Pinheiro da Silva. Com essa participação, o grupo começou a trabalhar também em um projeto de utilização de ultracentrífugas para separação isotópica de urânio, que era do interesse da Marinha. Sem abandonar o caminho do laser, que era uma tecnologia ainda em desenvolvimento, iniciamos um projeto voltado para a construção de centrífugas, cuja tecnologia já estava comprovada. Com os recursos aportados pelo governo brasileiro, o projeto cresceu rapidamente e mobilizou muita gente.
No fim dos anos 70, as atividades do projeto das ultracentrífugas brasileiras foram levadas para o Ipen, onde passou a ser desenvolvido na área de Processos Especiais, sob a coordenação da Marinha. Na verdade, eram dois projetos em desenvolvimento: o Ciclone, voltado para o desenvolvimento do ciclo do combustível e o enriquecimento de urânio por ultracentrífugas; e o Remo, cujo objetivo era desenvolver um reator nuclear de propulsão nuclear. Em 1982, o projeto foi incluído no Programa Autônomo de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear, também chamado Programa Paralelo.
Em 1983, com a participação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), tivemos a primeira experiência de sucesso de separação isotópica de urânio, com a primeira centrífuga totalmente construída no País.
Um dos responsáveis por esse e outros êxitos do Programa Autônomo foi o professor Rex Nazaré, que assumiu a presidência da Cnen em 1982. Mas, mesmo antes, ele já era um dos parceiros do programa. Em 1976, como diretor da Cnen, ele autorizou a transferência para o Ipen das centrífugas compradas em 1954, na Alemanha, pelo almirante Álvaro Alberto e que estavam no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) – hoje, uma delas está em exposição no Ipen.
Designado pelo diretor do Ipen para realizar a transferência das máquinas, contei, nessa ocasião, com o grande apoio do professor de Química da USP Ivo Jordan. Ele tinha sido, no IPT, o responsável pela instalação e funcionamento das máquinas. Instaladas na área de Processos Especiais do Ipen, as centrífugas, embora fossem muito antigas, feitas em aço comum e com motores da década de 1950, elas permitiram que tomássemos contato com o tipo de equipamento que queríamos desenvolver.
Há uma enorme diferença entre aquelas máquinas e as centrífugas atuais, construídas pelo Centro de Tecnologia da Marinha com base em mais de uma dezena de anos de desenvolvimento, que estão na Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A concepção da centrífuga que desenvolvemos é muito diferente daquelas compradas na Alemanha, são outros os materiais, outras tecnologias de controle de motores e de sustentação.
A grande lição aprendida com esse projeto é que é possível fazer tecnologia no Brasil. Conseguimos desenvolver um programa com autonomia. Todos os envolvidos trabalharam fortemente para o seu sucesso. É uma história longa, de vários anos de trabalho ininterrupto, com vários protagonistas, que tornaram possível o desenvolvimento de uma tecnologia que nos permitiu chegar onde chegamos na área do ciclo do combustível nuclear.
Cláudio Rodrigues é diretor-presidente do Centro de Inovação Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec)
OS DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO EM TERRA
Leonam Guimarães
Minha ligação com o Programa Nuclear da Marinha data do final de 1986, quando, recém-formado em Engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), fui trabalhar na Coordenadoria de Projetos Especiais (Copesp), como engenheiro da seção de Sistemas Navais. O tema da dissertação do meu mestrado em Engenharia Naval, concluído em 1991, foi sobre tendências tecnológicas para projeto de submarinos no futuro.
O PNM era formado por dois grandes empreendimentos: o Projeto Ciclone, voltado para as instalações do ciclo do combustível, e o Projeto Remo, protótipo em terra da instalação propulsora nuclear do submarino. Com a evolução do projeto, começamos a perceber que faltava um elemento integrador no projeto do Remo, para coordenação técnica do desenvolvimento do Protótipo em Terra, instalação com interfaces complexas. Foi criada, então, a figura do gerente de empreendimento.
Fui primeiro gerente do empreendimento que, na época, chamava-se Renap 1 (Reator Nacional de Água Pressurizada). Posteriormente, o nome mudou para Inap (Instalação Nacional de Água Pressurizada) e, alguns anos depois, recebeu seu nome atual, Labgene. Trabalhei alguns anos como integrador, uma função complicada e difícil para um jovem tenente de apenas 30 anos, uma vez que tinha responsabilidade de coordenar as atividades de gerentes mais velhos, mais experientes e com muito mais conhecimento técnico. Não foram poucos os conflitos que tive que administrar.
Em agosto de 1992, fui cursar Engenharia Nuclear na França, onde fiquei dois anos e meio. Retornei em março de 1995 e assumi a gerência do Subprojeto do Circuito Primário do Protótipo, que era responsável pelo projeto e desenvolvimento do sistema de resfriamento do reator e seus equipamentos. Depois de alguns anos, passei a gerente de Projeto do Reator e Circuito Primário e passei a ter responsabilidade também sobre o reator e combustível nuclear. Posteriormente, tornei-me coordenador do Programa de Propulsão Nuclear. Saí do CTMSP em 2005.
Desafios
Foram vários os desafios enfrentados. Mas o principal desafio foi a desaceleração do ritmo do projeto, a partir de 1995. Cheguei da França no momento em que isso estava acontecendo: a fabricação dos principais equipamentos, como o vaso do reator, as bombas de vapor, pressurizador e válvulas do circuito primário estava paralisada. Tinha, portanto, o desafio de retomar a fabricação desses equipamentos e de recebê-los, prontos. Isso é algo que me causa muita satisfação. Em 2005, quando saí, tínhamos conseguido receber todos os equipamentos principais dos circuitos primário e secundário, à exceção dos geradores de vapor, cuja fabricação estava adiantada.
Um novo problema que surgiu foi a necessidade de preservar e armazenar os equipamentos. A Eletronuclear nos ajudou bastante, na época, transmitindo seu conhecimento em técnicas de preservação.
Além das dificuldades técnicas do projeto, muitos equipamentos nunca tinham sido fabricados no Brasil. Um problema específico ocorreu com o gerador de vapor, fabricado pela empresa Sulzer. No momento de fazer o revestimento do equipamento, na câmara de água, identificou-se que, em determinada etapa, havia sido utilizado um eletrodo errado para seu revestimento. Era um problema grave, o que exigiu um grande retrabalho para recompor as especificações técnicas originais.
Outro problema foi causado pelo Plano Collor. A Treu, empresa fabricante das bombas de resfriamento do reator, tinha sofrido o confisco de seus recursos e estava às vésperas da falência. O dono, Kurt Treu, temia que os equipamentos entrassem na massa falida e nos alertou para que os tirássemos de lá. Foi feita uma "operação especial" para entrar na empresa, retirar as bombas e levá-las para Aramar.
Outro grande desafio foi reavaliar a configuração do protótipo para reduzir seus custos. Fizemos várias mudanças na configuração, nolayoute nas características do protótipo. Foi um esforço muito grande, que durou cerca de três anos, até se consolidar uma configuração que, efetivamente, é a que está sendo construída.
O protótipo era baseado no conceito de dupla contenção. Reconceituamos o projeto, que passou a ter contenção e confinamento, cada uma em um prédio independente: a parte do primário (reator) em um prédio, e a do secundário (turbina) em outro prédio adjacente, como ocorre em uma usina nuclear. Foi uma forma de baixar os custos: o prédio da turbina é menos sofisticado, uma vez que abriga somente a parte convencional da instalação.
Leonam Guimarães é presidente da Eletronuclear
COM RECURSOS ADEQUADOS, BRASILEIROS SÃO CAPAZES DE CONQUISTAR VITÓRIAS TECNOLÓGICAS
José Rubens Maiorino
Em 1973, me formei em Física pela Unicamp e, na procura por oportunidades de trabalho, tive conhecimento que no Ipen, então Instituto de Energia Atômica, um Ph.D. formado no MIT, Roberto Hukay, estava recrutando recém-formados das melhores universidades para integrar uma equipe para trabalhar num projeto em cooperação com a General Atomic, para o desenvolvimento dos HTGR (High Temperature Gas Cooled Reactors). Selecionado para o mestrado em Engenharia Nuclear na Escola Politécnica da USP, já em agosto de 1974 era contratado como estagiário. Entretanto, em 1975, com a assinatura do Acordo Brasil-Alemanha, e a opção pelos reatores PWR, o então IEA fica à margem do Programa Nuclear. Roberto Hukay adota como política enviar dezenas de profissionais para o exterior, para tirar o doutoramento e, no final de 1976, após a conclusão de meu mestrado, fui para a North Carolina State University, nos EUA, com uma bolsa do CNPq e mantendo o vínculo empregatício.
No início da década de 1980, vários colegas enviados ao exterior começam a regressar ao país com o título de doutor. Nessa época já havia sido criado o Programa Autônomo de Desenvolvimento Nuclear - por muitos chamado de "Programa Paralelo" -, pela Cnen e os ministérios da Marinha, Aeronáutica e Exército. E a Marinha também se associara ao Ipen no desenvolvimento do enriquecimento isotópico e do reator para a propulsão naval do Submarino Nuclear. Desta forma, fomos convidados para integrar a equipe que iria conceber o reator do protótipo em terra do submarino.
Inicialmente, fiquei com a responsabilidade do projeto da blindagem do reator do protótipo em terra, denominado Renap. Já no início da concepção do Renap, o grupo identificou a necessidade da criação de uma forte infraestrutura experimental, para a validação das metodologias de análise e projeto nas áreas de Física de Reatores e Termo Hidráulica. Destas ideias nascem a concepção de várias instalações experimentais, tais como um circuito termo hidráulico de alta pressão (LOOP 150), e de um Reator de Potência Zero (RPZ), hoje o Reator IPEN/MB-01, que completa 30 anos de entrega à operação. Fui, então, convidado pelo almirante Othon Pinheiro da Silva para ser o gerente de Concepção do RPZ.
Desde sua concepção, em 1983, até a entrega para a operação, em novembro de 1988, nossa equipe de físicos e engenheiros trabalhou com muito entusiasmo e dedicação numa instalação que até hoje tem contribuído para a qualificação de projetos nucleares e referência internacional no fornecimento de dados nucleares. Enfim, a década de 1980 foi para mim a de maior realização profissional, e satisfação pessoal.
Tivemos inúmeras vitórias. Mas, a meu ver, as principais foram a criação de uma excelente infraestrutura experimental e, principalmente, a demonstração que, com recursos adequados, os engenheiros e cientistas brasileiros são capazes de conquistar vitórias tecnológicas.
José Rubens Maiorino é professor da Universidade Federal do ABC
DA PESQUISA BÁSICA À PRODUÇÃO
Humberto Riella
Ingressei no Ipen em janeiro de 1976, como bolsista e, em março de 1976, fui contratado como engenheiro. Ao retornar do doutorado em fabricação de combustível Nuclear, na Alemanha, o Claudio Rodrigues me convidou para coordenar a fabricação do combustível nuclear em parceria com a Marinha para o reator em projeto IPEN/MB-01. Em 1984, fui nomeado gerente do Combustível Nuclear da Cnen.
Desde então, comecei a organizar um grupo de pesquisadores do Ipen, com apoio financeiro da Marinha para a montagem das unidades no Ipen que iriam produzir todo o combustível nuclear, pastilhas de UO2com enriquecimento de 4,3% U-235 pelo processo via úmida, conforme minha experiência na Alemanha. Atualmente a INB produz combustível para Angra 1 e Angra 2 pela mesma rota com tecnologia alemã.
O principal desafio no projeto foi montar as unidades de produção, porque o Ipen até então fazia pesquisa básica. Outro desafio foi treinar e montar a equipe de pesquisadores do Ipen e Marinha. Encontramos vários desafios tecnológicos para trabalhar com urânio enriquecido a 7% U-235, mas resolvemos a contento para atender o projeto. Nossa vitória foi a entrega de 420 kg de pastilhas de UO2dentro das especificações de projeto, sem qualquer incidente com os pesquisadores.
Este empreendimento fez com que a Cnen, através do Ipen, decidisse produzir também combustíveis nucleares tipo placa para o IEA-R1 e, agora, irá produzir também para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
Acredito que este desafio foi um marco na consolidação do conhecimento na produção de combustível nuclear e, principalmente, na formação de pesquisadores com ênfase em escala de produção no Brasil.
Humberto Riella é colaborador do Centro do Combustível Nuclear
A FALTA DE CONTINUIDADE É O NOSSO MAIOR DESAFIO
José Perrotta
Cursei Engenharia Civil no Instituto Militar de Engenharia (IME), formei-me em 1977, e de 1978 a 1980, fiz mestrado em Engenharia Nuclear na mesma instituição. Minha dissertação de mestrado foi na área do combustível nuclear. Já em 1980, comecei a trabalhar no departamento de Combustível Nuclear de Furnas, onde participei da primeira criticalidade do reator de Angra 1, em 1981. Eu estava na equipe que fez a simulação e depois participei ativamente dos primeiros testes físicos de partida de Angra 1.
Em dezembro de 1982, com 29 anos, eu ingressei no Ipen, para o empreendimento que estava começando com a Marinha. Também nessa data, o Ipen, que é uma autarquia estadual, passou a ser gerido pela Cnen. Atuei no Programa Autônomo de Tecnologia Nuclear, onde fui engenheiro, chefe da seção de Combustível Nuclear e, depois, chefe da divisão de Engenharia do Núcleo até 1995, quando retornei para o Ipen.
O projeto do submarino nuclear era gerenciado pela Marinha, mas o desenvolvimento da tecnologia nuclear era conduzido pelo governo federal, através da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Desenvolvemos o primeiro combustível do reator Labgene, a engenharia do núcleo do reator de potência zero, IPEN/MB-01, e além do projeto dos combustíveis, a sua qualificação e as instalações para testes.
A competência adquirida no projeto do submarino nuclear foi fundamental para o País, já na década 1990, ela nos permitiu ajudar a sanar as falhas apresentadas pelo combustível utilizado na usina nuclear de Angra I. Com nossa tecnologia e conhecimento de combustível, foi possível contribuir para a solução desse problema.
No início, ninguém nos fornecia nada, nem mesmo computadores. Isso nos obrigou a criar tudo que precisávamos: para cada item a ser desenvolvido, era preciso desenvolver sua respectiva infraestrutura. O lado bom disso é que acabamos criando novos itens, que serviram despin offpara outras áreas. Um exemplo despin offsão os aços especiais desenvolvidos para serem utilizados em vareta combustível.
Os conceitos utilizados no projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) nasceram naquela época. Mas, nesse caso, o RMB não é umspin offdo projeto da Marinha. Ele é um desenvolvimento natural desse trabalho e da reunião desse grupo de especialistas, a maior parte oriunda do Ipen.
Tínhamos um grupo de pessoas de alta qualificação, alguns vindos de doutorado no exterior, e incorporamos uma garotada jovem, recém-formada em Física e Engenharia. A década de 1980 foi fantástica. Saímos praticamente do nada para ter toda a tecnologia, os protótipos montados e ter feito um reator, instalações de montagem e testes de combustível.
O Brasil sempre viveu de ciclos. E esse sempre foi o nosso grande desafio, uma vez que não permitia a continuidade de recursos humanos. Se, no início do projeto, aumentamos nossas equipes, com as crises econômicas perdemos muito pessoal qualificado. O grupo de quase 40 pessoas foi desfeito. Como cada um fez um caminho diferente, perdemos grande parte dessa tecnologia que tanto lutamos para desenvolver.
- Um grupo de quase 40 pessoas foi desfeito. Como cada um fez um caminho diferente, perdemos grande parte dessa tecnologia que tanto lutamos para desenvolver
Por isso é que eu sempre me posiciono para que a Cnen e sua missão sejam preservadas, independente das mudanças de governo. É nela que está o conhecimento, a tecnologia. A Marinha, por exemplo, é uma instituição centenária; as pessoas vêm e vão, mas os objetivos do seu programa nuclear permanecem. Já no MCTIC, ao qual a Cnen está subordinada, a falta de continuidade de gestão (várias mudanças em pouco tempo) e a inexistência de um Programa de Estado de longo prazo deterioram a capacidade de desenvolvimento e manutenção do conhecimento na área.
Mas, apesar de tudo, valeu muito a pena desenvolvermos tecnologia própria. Estruturamos o país com várias tecnologias (a engenharia do combustível nuclear é uma delas) e formamos pessoas e capacitação técnica especializada no setor.
José Perrotta é coordenador do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB)
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- 31/12/2018 - Como tudo começou - Registro HistóricoO primeiro acordo nuclear do Brasil, assinado em 1945 com os EUA previa que o Brasil forneceria minérios radioativos e, em troca, esperava receber reatores nucleares. Mas isso não aconteceu. "A matéria-prima foi para os Estados Unidos, mas as centrífugas não chegavam ao Brasil. Em função dessa circunstância, as autoridades brasileiras perceberam que as intenções estadunidenses na área nuclear não se sintonizavam com as aspirações brasileiras", afirma a historiadora Fernanda das Graças Correa, em seu livro "O Projeto do Submarino Nuclear Brasileiro" (Capax Dei Editora, 2010, Rio de Janeiro).
O primeiro acordo nuclear do Brasil, assinado em 1945 com os EUA previa que o Brasil forneceria minérios radioativos e, em troca, esperava receber reatores nucleares. Mas isso não aconteceu. "A matéria-prima foi para os Estados Unidos, mas as centrífugas não chegavam ao Brasil. Em função dessa circunstância, as autoridades brasileiras perceberam que as intenções estadunidenses na área nuclear não se sintonizavam com as aspirações brasileiras", afirma a historiadora Fernanda das Graças Correa, em seu livro "O Projeto do Submarino Nuclear Brasileiro" (Capax Dei Editora, 2010, Rio de Janeiro).
Fonte: Brasil Nuclear nº49
Vera Dantas
A saída encontrada pelo presidente Getúlio Vargas para acessar a tecnologia nuclear, de acordo com Fernanda Correa, foi buscar sigilosamente outras opções: através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), enviou à França uma missão chefiada por Alexandre Girotto, e outra à Alemanha, tendo à frente o almirante Álvaro Alberto Mota e Silva. Com receio de sofrer retaliações dos EUA, a França não negociou os reatores com Girotto. Já a missão enviada à Alemanha foi bem-sucedida. "Em função de sua antiga amizade com cientistas alemães, o almirante Álvaro Alberto combinou com Wilhelm Groth, chefe do Instituto de Física e Química da Universidade de Bonn, a construção secreta desses reatores. Em 1954, quando esses reatores estavam sendo embarcados no porto de Hamburgo, um destacamento militar inglês os apreendeu", registra.O livro descreve as iniciativas do governo militar brasileiro na área nuclear, a partir da década de 1970. "A recusa à assinatura do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), já no início do governo Costa e Silva (1968-1969), contrariando as intenções dos Estados Unidos, foi uma manifestação do entendimento de que o domínio da tecnologia nuclear era um elemento chave para a transformação do País em uma potência política, econômica e militar em âmbito mundial", afirma Fernanda.
Segundo ela, um exemplo do descompromisso dos EUA em relação ao Brasil foi a assinatura, no início da década de 1970, no governo de Emílio Garrastazú Médici (1969-1974), por parte da empresa estadunidense Westinghouse, do contrato de construção de uma usina nuclear em Angra dos Reis. "Ocorre que, desde 1964, o governo americano tinha proibido a Westinghouse de comercializar a sua tecnologia de urânio", revela.
Para fugir do cerco dos Estados Unidos quanto à política de não-proliferação nuclear, o sucessor de Médici, general Ernesto Geisel, optou por buscar parcerias e contratos estratégicos com a Inglaterra, a França e a Alemanha, países europeus que já dominavam a tecnologia nuclear. "Por estar livre de questões contratuais e por considerar a proximidade com o Brasil uma parceria estratégica, a Alemanha foi a única a se mostrar favorável a transferir tecnologia nuclear para o Brasil", explica Fernanda.
O acordo Brasil-Alemanha previa a transferência de tecnologia de enriquecimento de urânio. Mas o consórcio Uremco, formado pela Alemanha, Inglaterra e Holanda, que forneceria o urânio enriquecido para o Brasil, não aprovou que se transferisse a tecnologia por ultracentrifugação. Os alemães ofereceram, então, a tecnologia jet-nozzle, que desenvolveram. Mas essa tecnologia havia sido demonstrada apenas em escala laboratorial, sem ter sido comprovada comercialmente, nem mesmo na Alemanha.
"Em meados de 1978, o capitão de fragata Othon Luiz Pinheiro da Silva, que regressara dos Estados Unidos com os títulos de engenheiro nuclear e mestre em Engenharia Mecânica pelo MIT, elaborou um relatório propondo criar um projeto para o desenvolvimento de um submarino de propulsão nuclear usando unicamente esforço nacional. Os esforços iniciais se concentrariam no ciclo do combustível nuclear e, logo a seguir, no sistema de propulsão nuclear para submarino. O relatório de Othon foi aprovado em dezembro de 1978", relata Fernanda.
No mês seguinte, ele foi transferido, em comum acordo pela Marinha e pela Aeronáutica para o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP), com a finalidade de participar e avaliar o programa de enriquecimento isotópico por laser, que estava sendo lá desenvolvido. Seu relatório, enviado ao Estado Maior da Armada (EMA) ainda naquele ano, concluía que o enriquecimento isotópico a laser não seria viável para os objetivos de produzir urânio enriquecido em grandes quantidades num prazo aproximado de dez anos e que o enriquecimento de urânio por meio de ultracentrifugação era a melhor opção. O projeto de enriquecimento de urânio estava subordinado ao EMA, que deu a autorização para contatar todas as instituições necessárias para viabilizar o projeto de enriquecimento por meio de ultracentrifugação.
"Por ser um empreendimento sigiloso no Brasil e também para a comunidade internacional, e por também contar com poucas pessoas capacitadas e qualificadas técnico-academicamente, a Marinha realizou o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação com um pequeno número de engenheiros de diversas instituições e empresas nacionais", informa o livro. Uma dessas instituições foi o Ipen.
De acordo com a autora, o Ipen era o único instituto brasileiro na área nuclear não subordinado à Nuclebrás, não estando, portanto, sujeito às salvaguardas internacionais, como eram todas as atividades contempladas no acordo Brasil-Alemanha. O Instituto já vinha há muitos anos desenvolvendo atividades relacionadas com química e metalurgia do urânio e estava conduzindo, com o apoio da Cnen, o Projeto de Conversão de Urânio, Procon, que visava o desenvolvimento de tecnologias do ciclo do combustível nuclear, particularmente a de produção do gás hexafluoreto de urânio.
O Ipen foi fundamental ao projeto nuclear da Marinha. As duas instituições deram continuidade ao projeto de ultracentrifugação. Outro apoio relevante ao projeto de ultracentrifugação, a partir de setembro de 1979, veio do físico civil Rex Nazaré Alves, então um dos diretores executivos da Cnen. "O projeto de desenvolvimento da ultracentrífuga teve início em fevereiro de 1980, com recursos alocados, à princípio, do orçamento da Marinha. Logo depois, Rex Nazaré Alves assumiu a presidência da Cnen e, a partir daí, o projeto pode contar também com os recursos alocados da Comissão. Em dezembro de 1981 foi concluída a construção da primeira ultracentrífuga, no que foi o primeiro passo concreto do Brasil na produção autônoma de tecnologia nuclear".
A primeira operação de enriquecimento isotópico de urânio com a ultracentrífuga ocorreu em setembro de 1982 e constituiu-se num grande fato tecnológico. Em setembro de 1984, conseguiu-se a realização da primeira operação de enriquecimento pelo sistema de cascata. Esta operação consistiu em fazer com que o urânio percorresse várias centrífugas, sucessivamente, tornando-o mais enriquecido em cada operação. Tal façanha era um marco para a tecnologia brasileira, pois poucos eram os países que dispunham de tal tecnologia.
O APOIO FUNDAMENTAL DE REX NAZARÉ
O desenvolvimento da tecnologia nuclear nas décadas de 1970 e 1980 deve-se, em grande parte, ao forte envolvimento de pessoas como o físico Rex Nazaré Alves. Como diretor e, a partir de 1982, como presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), ele se empenhou para viabilizar os recursos financeiros e humanos necessários aos projetos brasileiros.
Rex Nazaré formou-se em 1962 pela antiga Universidade do Estado da Guanabara, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e fez pós-graduação em Engenharia Nuclear no Instituto Militar de Engenharia (IME). Em 1968, ao retornar do pós-doutorado na França, foi convocado pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Uriel da Costa Ribeiro, seu ex-professor no IME, para implantar o Laboratório de Dosimetria da instituição, ainda embrionário. Aceitou o desafio, "mesmo sabendo que assumia uma área sem quadros suficientes, equipamentos adequados e nem mesmo instalações físicas", como declarou em entrevista à edição 17 daBrasil Nuclear(1998). Fez acordos, parcerias e convênios, que possibilitaram a construção da sede e a aquisição dos primeiros equipamentos. Outros equipamentos foram doados ou cedidos para uso por outras instituições. Com isso, o agora Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) pôde dar início a trabalhos de medidas ambientais e médicas, e montar a primeira estrutura para metrologia de radiações no Rio de Janeiro.
Em 1975, Nazaré assumiu a diretoria-executiva da Cnen. Naquele mesmo ano, era concretizado o Acordo Nuclear Brasil -Alemanha. À frente da Cnen, criou um programa nacional de formação de recursos humanos na área nuclear, o Pró-Nuclear.
Em março de 1979, o presidente Ernesto Geisel autorizou o desenvolvimento da tecnologia de enriquecimento de urânio por parte do então Instituto de Pesquisas Atômicas, hoje Ipen, com financiamento da Cnen e do CNPq. Em agosto daquele ano, o sucessor de Geisel, João Figueiredo, convidou Nazaré para participar da estruturação de um programa autônomo de tecnologia nacional, com ênfase na área nuclear. "Era o desenvolvimento de toda a tecnologia que o Brasil precisasse para fins pacíficos. Seus custos eram reduzidos. Envolveríamos nisso todos os órgãos nacionais que pudessem cooperar e todos os competentes pesquisadores e engenheiros brasileiros", disse ele na entrevista.
Em setembro de 1982, Rex Nazaré assumiu a presidência da Cnen.
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- 31/12/2018 - Reator IPEN/MB-01 comemora 30 anosNo começo dos anos 80, mais de 100 pessoas - entre doutores, pesquisadores, técnicos e bolsistas - estavam alocadas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), participando do projeto do submarino nuclear da Marinha.
No começo dos anos 80, mais de 100 pessoas - entre doutores, pesquisadores, técnicos e bolsistas - estavam alocadas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), participando do projeto do submarino nuclear da Marinha.
Fonte: Brasil Nuclear nº 48Por ser um projeto nuclear, para o qual não se poderia contar com o fornecimento externo de tecnologia e equipamentos, seu desenvolvimento exigiu a criação de diversas instalações experimentais. Uma das mais complexas era a construção de reator de potência zero, que é empregado na realização de testes em reatores nucleares. No início de novembro passado, o Ipen comemorou os 30 anos de operação do IPEN/MB-01, o primeiro com concepção e construção genuinamente nacionais. Na solenidade, à qual compareceram autoridades e representantes da Marinha, também foi entregue o novo núcleo com elementos combustíveis do tipo placa, idênticos ao que serão utilizados no Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujo projeto está em início de execução pela Cnen. A mudança na geometria do núcleo - antes composto de varetas combustíveis - foi operada pelo Centro de Engenharia Nuclear (CEN) do Ipen.
De acordo com Ulisses D'Utra Bitelli, gerente adjunto de Operação do Reator IPEN/MB-01, o reator "é padrão de comparação internacional para experimentos de criticalidade". Segundo ele, participar das comemorações dos 30 anos desse reator é um "prêmio" para a carreira de quem viu tudo começar. "Ao longo de três décadas, nosso reator vem desempenhando um papel preponderante no desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, sendo um importante centro de treinamento para operadores de reatores, além de contribuir para pesquisas relevantes sobre Física de Reatores e Instrumentação Nuclear", ressaltou Bitelli.
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- 18/12/2018 - Técnica permite ganho de escala na produção de materiais com grafeno - Agência FapespTrabalho foi apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais. Pesquisadores apresentaram ainda resultados sobre corrosão de metais e sensores para gases tóxicos, entre outros
Trabalho foi apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais. Pesquisadores apresentaram ainda resultados sobre corrosão de metais e sensores para gases tóxicos, entre outros
Fonte: Agência Fapesp
André Julião
Um grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveu estratégias que permitem produzir nanocompósitos de plástico e grafeno em escala industrial. O isolamento do cristal de grafeno é um dos maiores avanços na ciência e tecnologia desde que foi realizado pela primeira vez em 2004, o que rendeu o prêmio Nobel de Física aos seus criadores em 2010. No entanto, a criação de nanocompósitos do material com o plástico ainda ocorre basicamente em escala laboratorial."Em pequena escala, usam-se solventes e outras técnicas que funcionam bem nos experimentos. No entanto, quando se usa o maquinário existente na indústria transformadora de plástico, o grafeno se reaglomera e perde suas propriedades”, disse o coordenador do estudo, Guilhermino José Macêdo Fechine, pesquisador do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias (MackGraphe) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, centro que tem apoio da FAPESP.
Um artigo, publicado naeXPRESS Polymer Letters,foi apresentado no 23º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais (CBECiMat), ocorrido entre os dias 4 e 8 de novembro em Foz do Iguaçu (PR).
Os resultados são novas técnicas para diminuir consideravelmente a aglomeração do grafeno quando inserido nos plásticos usando equipamentos de escala próxima da industrial. As aplicações para os nanocompósitos de plástico com grafeno vão desde equipamentos esportivos com melhor resistência a abrasão, filamentos para impressão 3D ou suportes (scaffolds) para cultura de células.
"O leque de aplicação é grande. O gargalo fica no processo de fabricação, quando nem tudo o que se faz em laboratório é compatível com a indústria transformadora de plástico”, disse Fechine.
Outro trabalho apresentado no congresso mostra os mecanismos de corrosão das chamadas ligas de alumínio de elevada resistência mecânica quando soldadas por fricção e mistura (FSW, na sigla em inglês).
"Na soldagem tradicional, geralmente é introduzido um material diferente, que fica em contato com as partes que estão sendo unidas e que cria uma diferença de comportamento daquela área em termos de corrosão”, disse Hercílio Gomes de Melo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP) e coordenador do estudo.
"Já na FSW, não se acrescenta mais um metal. O alumínio é aquecido próximo à sua temperatura de fusão pela fricção de uma ferramenta com geometria especial que gira e se desloca na região a ser soldada, impondo também uma intensa deformação mecânica, plasticizando-o. O metal amolecido gira em torno do pino da ferramenta e ao esfriar se solidifica, consolidando a junção. Isso faz com que se criem diferenças na microestrutura da área de junção, afetando a suscetibilidade à corrosão na região”, disse.
O estudo é parte de Projeto Temático apoiado pela FAPESP, coordenado por Isolda Costa, professora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
Os resultados obtidos até agora mostram que a área da solda pode ser mais ou menos suscetível à corrosão dependendo do tipo de liga de alumínio que se usa. Em alguns casos, pode-se unir diferentes ligas com bons resultados. "Normalmente a área da junção é mais frágil, mas algumas ligas, ao se combinarem nessa parte, ficam até mais resistentes do que os materiais originais. Cada liga é um universo”, disse Melo.
A solda por fricção e mistura é usada em jatos de pequeno porte e pela agência espacial americana, a Nasa, em tanques de combustível de foguetes. No entanto, há muitos aspectos da corrosão que ainda precisam ser estudados e esclarecidos.
Sensor de gases tóxicos
Um outro campo de estudos contemplado durante o evento foram os materiais para utilização como sensores. Um dos trabalhos foi apresentado por Valmor Roberto Mastelaro, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.
Mastelaro coordena um dos poucos grupos no Brasil que trabalham no desenvolvimento de sensores de gases tóxicos e é membro do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.
"Há poucas empresas no mundo que fabricam esses sensores. Existe uma demanda para algumas indústrias que realizam processos químicos e físicos que podem gerar gases tóxicos. Além disso, há uma preocupação cada vez maior com gases do efeito estufa e outros que podem prejudicar a população das cidades”, disse Mastelaro. A pesquisa teve apoio da FAPESP.
Os óxidos metálicos nanoestruturados são atualmente os materiais que apresentam as melhores características para serem aplicados como sensores de gás portáteis e de baixo consumo energético. Os sensores atuais precisam ser aquecidos a altas temperaturas para fazerem uma detecção confiável. Isso aumenta consideravelmente o custo com energia.
"Além de sensores que não precisem de temperaturas tão altas, um dos fatores importantes é a seletividade. Existem muitos gases no ar que respiramos e é preciso que os sensores diferenciem com precisão o que interessa”, disse Mastelaro.
CBECiMat
Esta edição do evento, realizado a cada dois anos desde 1974, foi organizada por pesquisadores do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCMAT) do Ipen.
"Nos últimos anos, o CBECiMat cresceu tanto que precisou ser dividido em cinco grandes áreas”, disse Lalgudi Ramanathan, pesquisador do CCMAT e organizador do evento.
Os coordenadores das áreas foram os professores do CCMAT Jesualdo Luiz Rossi (materiais metálicos), Eliana Navarro dos Santos Muccillo (materiais cerâmicos), Gerson Marinucci (materiais compósitos), Leonardo Gondim de Andrade e Silva (materiais poliméricos) e Nelson Batista de Lima (ensino de materiais).
Outras áreas de destaque foram as de nanomateriais e os biomateriais, usados por exemplo para levar medicamentos de forma mais eficiente ao organismo. "Muitos pesquisadores do Ipen, inclusive, têm trabalhado bastante nessa área de suportes (scaffold) para transporte de medicamentos”, disse Ramanathan.
Durante os três dias e meio de evento, foram realizadas seis sessões diárias em paralelo, além da apresentação de 300 pôsteres no total.O congresso teve apoio ainda do CNPq, Capes e da FAPESP, que deu suporte para a participação de 157 doutores.
"Quase metade dos participantes era de alunos, que sempre foram o foco do evento. Apesar de a maioria ser das regiões Sul e Sudeste, houve representantes de todos os estados do Brasil”, disse Muccillo.
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- 18/12/2018 - O CNPq lança a sétima edição do projeto Pioneiras da CiênciaLinda Caldas, do IPEN, entre as pioneiras da Ciência no Brasil, pelo CNPQ
Linda Caldas, do IPEN, entre as pioneiras da Ciência no Brasil, pelo CNPQ
Fonte: CNPqO Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lança a sétima edição do projeto Pioneiras da Ciência no Brasil com a homenagem a 10 pesquisadoras de diversas áreas do conhecimento. São histórias inspiradoras contadas por meio de verbetes que entrelaçam suas trajetórias pessoais e acadêmicas e permitem observar não somente os resultados do seu sucesso como também os obstáculos enfrentados no seu caminho.
"A importância desta iniciativa está em atribuir visibilidade às mulheres e às suas contribuições para a ciência e tecnologia, nas diversas áreas do conhecimento, principalmente como figuras exemplares e modelos para meninas e jovens", explica a Diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Adriana Tonini. Segundo ela, a participação feminina na ciência sempre foi menos reconhecida. "Precisamos, portanto, divulgar essas histórias que tratam da atuação das mulheres como lideranças na docência e na pesquisa", conclui.
As homenageadas são Alda Lima Falcão (Biologia), Beatriz Alvarenga (Física), Beatriz Nascimento (História), Ewa Wanda Cybulska (Física), Leda Bisol (Linguística), Linda Viola Ehlin Caldas (Física), Maria Adélia Aparecida de Souza (Geografia), Paula Beiguelman (Ciência Política), Ruth de Souza Schneider (Física) e Yocie Yoneshigue Valentin (Biologia).
O Pioneiras da Ciência no Brasil foi lançado em 2013 com o objetivo principal de mostrar as histórias das mulheres pesquisadoras e cientistas que contribuíram, de forma relevante, para o avanço do conhecimento científico e para a formação e ampliação do sistema científico e tecnológico no Brasil, principalmente na formação de recursos humanos. O estabelecimento de figuras exemplares femininas é um importante recurso para diminuir os estereótipos de gênero e motivar as meninas e as mulheres para as carreiras científicas e para as ciências em geral, como apontam diversos estudos e relatórios.
Até o momento, foram homenageadas 89 pesquisadoras, com esta nova edição. Muitas dessas histórias são contadas por pesquisadores/as que foram influenciados/as pela atuação e obra das pioneiras e também por nossos/as parceiros/as que atuam no CNPq e em outras instituições de pesquisa e ensino.
O projeto é uma iniciativa realizada no âmbito do Programa Mulher e Ciência, do qual o CNPq faz parte e tem, como um dos objetivos, fomentar a participação das mulheres nas ciências e tecnologias e estimular o protagonismo de jovens em diversas áreas do conhecimento.
Veja aqui a história de cada uma das pioneiras desta edição.