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- 08/03/2018 - Mulheres cientistas: saiba quem são as brasileiras que fazem a ciência acontecer - Último Segundo - Portal IGNo Dia Internacional da Mulher, o iG entrevistou mulheres das áreas biológicas e exatas que pesquisam e atuam no cenário científico brasileiro
No Dia Internacional da Mulher, o iG entrevistou mulheres das áreas biológicas e exatas que pesquisam e atuam no cenário científico brasileiro
Fonte: Último Segundo - IGPor Camille Carboni e Marina Teodoro - iG São PauloMarie Curie, Ada Lovelace, Rosalind Franklin, Nise da Silveira e Graziela Maciel Barroso: no Brasil e no mundo, a história está repleta de mulheres na ciência que deixaram sua marca e romperam barreiras nas áreas de exatas e biológicas, por mais que estas ainda sejam vistas como "masculinas”. Seja ao ganhar o Prêmio Nobel duas vezes por suas pesquisas sobre radioatividade, como Curie, ou por ser a maior catalogadora de plantas do Brasil, como Barroso, as mulheres sempre estiveram presentes na produção científica mundial.E hoje? Onde estão as mulheres na ciência ? Quem são as mulheres que comandam equipes de pesquisa, criam projetos, e ganham prêmios mundo afora? Conheça algumas dessas cientistas que o cumpam esses espaços e fazem a ciência acontecer, atualmente, no Brasil.
Ligia Moreiras Sena: mãe e cientista
A paulista Ligia Moreiras Sena, fundadora do site "Cientista Que Virou Mãe” , queria ser engenheira aeronáutica. Aos 15 anos, suas aspirações profissionais incluíam uma graduação no ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Mas, na época, o instituto não aceitava mulheres.
"Esse foi o primeiro impacto que eu, como menina, encontrei a respeito de ser cientista ”, disse a bióloga, hoje doutora em Ciências e em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). " Embora eu não identificasse isso como entendo hoje, ou seja, como uma consequência do machismo estrutural e do patriarcado da sociedade, já foi um grande impacto para mim naquele momento”.
Com o desejo de ser cientista desde a adolescência, ela mudou seus planos e se formou em Biologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Sua atuação nas ciências biológicas começou com pesquisas sobre neurociência e neurofarmacologia, área a qual dedicou suas produções tanto no mestrado em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) quanto em seu primeiro doutorado, também em Ciências, pela UFSC. Mas tudo mudou quando Sena engravidou de Clara, hoje com sete anos de idade.
"Eu era uma mulher que não tinha a maternidade como plano, como uma meta. Eu não pensava em ser mãe, eu pensava em ser cientista, e as coisas para mim eram bastante separadas”, explicou.
Tal distinção, porém, foi aos poucos se dissolvendo: o nascimento da filha não foi uma mudança apenas na vida pessoal da paulista, que declara "que tem sido uma grande alegria ser mãe", mas também em sua carreira científica.
Doutorado em Saúde Coletiva
"Assim que minha filha nasceu, abandonei 15 anos de pesquisa na área de neurociência e neurofarmacologia porque comecei a indentificar muitas das dificuldades que as mulheres passavam a viver apenas porque se tornavam mães", conta. E foi a partir daí que Sena iniciou seu segundo doutorado, também na UFSC, mas desta vez com uma pesquisa sobre a violência obstétrica.
Ela conta que a existência das práticas chamou sua atenção. "Isso me pareceu tão desumano, uma violação tão brutal de direitos, que eu simplesmente não consegui continuar a minha carreira e resolvi destinar meus esforços como cientistas para pesquisar a questão da violência obstétrica no Brasil”.
Hoje, sua atuação está diretamente ligada ao doutorado em Saúde Pública – cuja tese discorre sobre o impacto da violência obstétrica sobre as mulheres brasileiras – , principalmente quanto ao direito das mulheres e crianças e o empoderamento feminino por meio da maternidade.
Cenário da mulher na ciência brasileira
Além disso, o tempo como doutoranda e a nova área de pesquisa também evidenciaram muitos dos problemas de gênero ainda presentes na ciência, principalmente com os estereótipos atribuídos às áreas biológicas e exatas.
A mais recente experiência de Sena, porém, não foi a primeira envolvendo desigualdade de gênero na área científica por que ela passou. Ainda em suas pesquisas sobre neurociência e neurofarmacologia , ela revelou ter passado por situações preconceituosas e identificado problemas estruturais na ciência brasileira, alguns deles cujas possíveis explicações passaram a fazer sentido após ter se tornado mãe.
"Embora a gente tenha inúmeras excelentes cientistas aqui no Brasil, reconhecidas internacionalmente, ainda é um meio extremamente machista”, pontuou. "Se fizermos um levantamento, conseguiremos ver uma grande discrepância das mulheres em papéis de liderança na ciência. Estamos quase em pé de igualdade na graduação, mas a proporção diminui conforme aumenta o grau de titularidade”.
Dentre as inúmeras explicações para o desequilíbrio de gênero na área, Sena apontou a forma como a maternidade é vista no Brasil. "A sociedade vê as mulheres mães como as únicas responsáveis pelas crianças, e isso é cruel, desumano e irresponsável”, explicou. Dessa forma, a mulher acumula tarefas domésticas e relacionadas ao cuidado com as crianças, algo que não acontece com os homens.
"A gente vive hoje uma ciência muito produtivista aqui no Brasil. Tem que publicar, publicar, publicar. Então a nossa jornada de trabalho não é apenas as oito horas diárias, na grande maioria das vezes, você tem que chegar em casa e escrever artigo, preparar aulas, cuidar do trabalho de orientandos, e isso exige muito”, descreveu Sena.
Quando se é mulher e mãe, entretanto, a situação muda. De acordo com a paulista, cientistas mães precisam cuidar da vida de seus filhos, e por isso, parte de suas carreiras fica prejudicada. "Talvez esteja aí uma das explicações para o fato de nós termos menos mulheres em cargos de chefia e liderança na ciência no Brasil, embora tenhamos maravilhosas cientistas mulheres”.
"Meu primeiro doutorado foi feito completamente livre, leve e solta, eu não tinha filhos e não era casada. O meu segundo doutorado foi feito com uma criança no colo, então eu sei exatamente a diferença das duas situações”, assinalou.
Denise Alves Fungaro:
pesquisadora premiada na área da Química AmbientalGanhadora de sete prêmios por sua pesquisa sobre a transformação dos resíduos de carvão gerados por termelétricas, a química Denise Alves Fungaro é formada pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Química Analítica pela mesma instituição e pós-doutorado em Eletroquímica aplicada ao meio ambiente pela Universidade de Coimbra, em Portugal.
A pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP) tem uma longa história com a área científica: desde criança, a química e seus experimentos sempre chamaram a sua atenção. O interesse, sempre apoiado pelos seus pais, foi o primeiro passo para uma carreira de sucesso, que já lhe rendeu diversos prêmios no campo da Química Ambiental.
Durante sua graduação, na década de 1980, a classe de química era diferente das outras turmas de exatas, como em física ou matemática: "metade da classe era de mulheres, ou seja, havia um equilíbrio de gênero e essa questão passou despercebida”, relembrou.
Fungaro também afirmou não ter sofrido preconceito, em sua área de pesquisa e atuação, por ser mulher, porém, percebe que há estereótipos na sociedade que contribuem para que ainda haja desigualdade de gênero na ciência.
"A desvalorização vem do pensamento de que as pessoas que atuam na área de exatas precisam ser mais inteligentes do que em outras atividades, e de que os homens são mais inteligentes do que as mulheres”, explicou.
Contudo, a pesquisadora destacou a grande presença feminina na área acadêmica química e explicou que a forma de contratação de profissionais em universidades, por meio de concursos, é democrática. "Há avaliação de currículo, prova de conhecimento e prova didática para docentes, todas as etapas com nota. Isso faz com que não haja possibilidade de avaliação subjetiva da banca examinadora”.
O mesmo acontece nas premiações, onde a avaliação é baseada na qualidade do material apresentado. "No entanto, pode haver obstáculos para as mulheres em relação aos cargos de chefia”, explicou.
"Sendo uma pesquisadora com uma carreira de sucesso e destaque na área de química, demonstro que as barreiras enfrentadas pelas mulheres, afetadas por possíveis vieses inconscientes, podem ser superadas”, declarou. "Ainda mais importante, posso ser um referencial feminino para que as jovens que desejam ser cientistas se sintam estimuladas a seguir esse tipo de carreira dando o meu testemunho”.
Além disso, a química também assinalou que a diversidade na ciência é necessária para "resolver os problemas complexos atuais relacionados à energia, água e meio ambiente, em geral, em um ambiente colaborativo”.
Tânia Vertemati Secches:
uma das primeiras geneticistas do BrasilA médica pediatra e geneticista Tânia Vertemati Secches, nascida em 1955, é uma das primeiras especialistas em Genética Médica do Brasil. Ela se especializou em pediatria e, depois de anos de atuação, migrou para a área da genética, ainda muito nova no País. Ela já atuouem pesquisa clínica, ensino e clínica em diversas instituições, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e foi professora no curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt).
Vertemati explicou que a sua escolha pela faculdade de medicina aconteceu de forma inspiracional: o pediatra que a acompanhou durante toda a infância foi o principal responsável pela opção, que, segundo a especialista, pode se tornar realidade a partir de um conjunto de fatores.
"Meus pais sempre acreditaram muito em mim, e minha mãe, embora não tenha formação universitária, sempre foi uma mulher de vanguarda, vislumbrando um futuro diferente para mim, um caminho distinto do que era esperado para as mulheres da minha família”, explicou.
O apoio, entretanto, não veio só da família, mas também da comunidade científica da qual faz parte. Como optou por priorizar a família durante um período de sua vida, e acredita que, para as mulheres, conciliar a vida profissional e pessoal ainda é um desafio, o apoio e incentivo foram essenciais para voltar, após alguns anos, à atuação médica.
Em 2002, a médica já estava ligada ao mundo da genética – contato iniciado em 1985, durante o início de um mestrado após o fim da residência pediátrica – e decidiu realizar a nova especialização.
"Meus mestres foram pessoas que, independente do gênero , me inspiraram a ser quem sou e, apesar de todas as dificuldades de que temos notícias, hoje me sinto capaz de lutar por meu espaço em condições de igualdade”.
"Como em minha área de atuação a idade não é vista como limitação, pude retornar depois que minhas filhas cresceram”, contou. Sua área, inclusive, encaixa-se em uma situação incomum no país: no estado de São Paulo, as mulheres são a maioria com títulos de especialista.
Quanto ao cenário geral das mulheres na ciência e na medicina, Vertemati acredita que a atuação feminina apresenta o diferencial de conseguir associar, de forma simultânea e com facilidade, diversas tarefas. "Talvez porque, historicamente, tenhamos precisado desempenhado mais funções”, explica.
Entretanto, como a área exige de seus profissionais muitas especializações, atualizações e comprometimento, a geneticista enxerga a desigualdade de gênero como um resultado da disposição cultural dos gêneros na sociedade.
"Como, muitas vezes, a mulher ainda é a responsável por cuidar do dia-a-dia da vida familiar, pode ser difícil conciliar a profissão com os afazeres da maternidade, por exemplo. Em um mundo com mais equidade e distribuição de tarefas entre homens e mulheres, possivelmente essa questão poderia ser melhor equacionada”.
Atualmente, a especialista trabalha com atendimento clínico de forma integral. Atua majoritariamente na área genética, como genética oncológica, reprodutiva, erros inatos do metabolismo, dismorfologia e farmacogenética, apesar de ainda atender alguns casos pediátricos.
Beatriz Bonamichi e Viviane Rezende:
pesquisa clínica também é lugar de mulherPara Beatriz Bonamichi, de 33 anos, escolher a área da saúde em que iria atuar nunca foi um problema. Segundo ela, o percurso durante a faculdade não parecia desigual entre homens e mulheres. Porém, ao dar seus primeiros passos em direção à carreira acadêmica, foi possível sentir a diferença de gênero pela primeira vez.
"Percebi que parece existir uma predileção para o gênero masculino nessa área. Foi mais difícil, mas eu queria muito seguir no mundo acadêmico e por isso fiz o doutorado ”, contou ela, que realizou parte da especialização em Endocrinologia na Joslin Diabetes Center - Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos.
Mesmo com tanta determinação, Bonamichi percebeu no doutorado que queria trabalhar na área de pesquisa clínica . "Eu queria seguir carreira acadêmica, mas quando fui pra fora conheci mais sobre pesquisa relacionada à indústria farmacêutica e decidi mudar os planos”, contou.
Ao voltar para o Brasil, ela foi em busca de um emprego que satisfizesse seus anseios pela nova área de atuação. "Sinto que meu trabalho faz a diferença na vida das pessoas que passam a ter acesso a um tratamento que poderia demorar anos até chegar a esses pacientes. É por isso que eu escolhi a área de pesquisa clínica”, disse Bonamichi, que hoje é gerente médica da área na farmacêutica Sanofi.
Quando se trabalha pelo que acredita, barreiras podem ser ignoradas e oportunidades podem ser criadas. Para a endocrinologista, que dá suporte médico e científico para vários projetos de âmbito nacional e global nas áreas de oncologia, diabetes e pneumológica, foi na pesquisa clínica que ela encontrou espaço para crescer e se impor como mulher e profissional.
"Hoje consigo ver muitas mulheres ocupando cargos importantes nesse setor. Nunca imaginei que a área fosse tão acolhedora para nós. Por isso, eu acredito que há espaço para o crescimento feminino dentro desse nicho e bato nessa tecla para que mais mulheres saibam disso, porque antes eu também não sabia”, ressaltou ela, que também foi sub-investigadora em estudos relacionados a Diabetes e Doença Cardiovascular no Instituto de Pesquisa Clínica (IPEC).
Quem também partilha do mesmo pensamento é a gerente de operações clínicas da Unidade de Pesquisa Clínica da Sanofi, Viviane Rezende, de 39 anos. Há quase 10 anos na mesma empresa, a carioca é formada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e técnica em biotecnologia pela Escola Técnica Federal Química do Rio de Janeiro.
As duas contam que cerca de 80% do departamento de pesquisa clínica da farmacêutica é formado por mulheres que atuam em funções importantes. O setor envolve pesquisas científicas em humanos para avaliar a segurança e eficácia de um procedimento ou medicamento em teste por meio da coleta de dados.
Filha de pais matemáticos, a escolha pela carreira científica nunca foi um problema para Rezende. "Comecei por acaso na pesquisa clínica, quando precisavam de uma pessoa para organizar arquivos em um antigo estágio. Lá eu tive acesso à informações que me interessavam até que passei a ir atrás do assunto mais a fundo”.
Ela conta que a pesquisa clínica não é muito abordada na faculdade, mas que desde que entrou para esse mundo nunca mais quis sair. Na empresa atual, Rezende já passou pela área de pesquisa clínica em doenças raras e, atualmente, coordena, no País, os estudos internacionais da empresa com moléculas inovadoras.
Mãe de três filhas, duas gêmeas de 4 anos, e uma de 9 anos, a farmacêutica coloca características como maturidade, planejamento, empoderamento e jogo de cintura como as principais influenciadoras para que mulheres sejam bem aceitas nesse setor da ciência. "Acho que o lidar com pessoas e pesquisas, poder fazer uma equipe funcionar bem são funções bem exercidas por mulheres. Quando se é mulher, você aprende a lidar com momentos difíceis, e é por isso que somos boas no que fazemos”, finaliza.
Cientistas feministas: ‘mulheres que podem e fazem ciência de qualidade’
Sim, as mulheres estão por dentro do mundo científico . Se você leu essa matéria até aqui, já deve ter entendido que há muitas de nós realizando trabalhos inovadores e valiosos seja na área de exatas, humanas ou biológicas.
Porém, muitas vezes, o trabalho e o prestígio de uma cientista acaba restrito a uma comunidade específica. Pensando em democratizar esse conhecimento de uma forma inclusiva, a partir de uma linguagem acessível, a bióloga Carolina Biachini resolveu criar, em 2015, um blog onde outras mulheres pudessem se unir para difusão desse tipo de conteúdo. E assim nasceu o " Cientistas Feministas ”.
Para dar vida ao projeto, Bianchi se uniu com outras mulheres feministas que cursam ou já cursaram pós-graduação. Todas são ativistas no âmbito acadêmico e atuam em diferentes áreas do conhecimento.
"A internet é um instrumento que possibilita uma boa difusão da informação. Buscamos falar de assuntos relevantes para a sociedade como um todo, mas especialmente de temas que se relacionam ao feminismo e mulheres de maneira geral”, explicaram Mariana Armond Dias Paes, Laís Vignati, Mariana Pitta Lima e Bianca Lucchesi Targhetta, membros do coletivo que conversaram com a redação do iG .
No endereço eletrônico, é possível encontrar de tudo: desde a descoberta de novas espécies de seres vivos à formação de supernovas e até mesmo resenhas de livros e filmes. Lá, todos os artigos científicos utilizados para basear os textos são recentes, reforçando a ideia de que a ciência é para todas e todos e tem impacto no dia a dia.
"Além disso, todos os textos são de autoria própria, estimulando a divulgadora científica que existe em cada uma de nós”, ressaltaram elas. Juntas por um ideal que ganha força a cada dia, o conteúdo é baseado, muitas vezes, em experiências pessoais. "É a cada novo texto reafirmar que mulheres podem e fazem ciência de qualidade”.
Hoje o blog conta com 70 colaboradoras, entre colunistas e ilustradoras voluntárias, de todos os cantos do Brasil – e até de outros países. Os materiais publicados são organizados em oito editorias, e lá é possível encontrar textos sobre astronomia, biociências, ciências da saúde, ciências humanas e sociais, física, matemática, química e ainda uma coluna chamada de "em off: feminismo”.
Feminismo + ciências = empoderamento
Além da paixão pela ciência, as participantes do projetos também compartilham uma ideologia em comum: o feminismo. Usar o movimento que promove a conquista e o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres em um âmbito que ainda é composto, em sua maioria, por pessoas do sexo masculino foi a maneira que elas encontraram de reforçar a importância da representatividade no mundo acadêmico.
"Apesar do progresso em relação ao espaço ocupado por mulheres na ciência brasileira, que têm publicado mais e recebido mais financiamento para pesquisa, ainda existe uma desigualdade de gênero importante. Cargos de maior prestígio e visibilidade ainda têm sido ocupados prioritariamente por homens”, ressaltam.
Para embasar esse argumento, coletivo aponta para uma pesquisa recente que mostrou que as mulheres ocupam os espaços mais baixos nos níveis do sistema de classificação de pesquisadores para receberem bolsas de produtividade pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, enquanto os homens ocupam as posições mais elevadas. "O que reproduz o cenário de desigualdade mas amplo do mercado de trabalho. As mulheres também estão em menor representação na Academia Brasileira de Ciências”, analisa o coletivo.
Na opinião de todas elas, desde a formulação de críticas à própria maneira de produzir ciência – seus pressupostos teóricos e metodológicos – podem sofrer influências feministas.
"Importante citar a contribuição fundamental das teóricas feministas negras para complexificar essa crítica [às barreiras impostas às mulheres no acesso ao campo científico], incluindo a categoria de raça para revelar mecanismos de opressão”, pontuam.
Elas usam como exemplo a ativista americana e filósofa socialista Angela Davis, que esteve no Brasil ano passado e está à frente da convocação da greve internacional das mulheres no 8 de março. "A militância feminista enfrenta desde os mecanismos de exclusão das mulheres no âmbito acadêmico, a crítica da própria ciência e de como tem sido divulgada e produzida historicamente. A agenda precisa ser permanentemente atualizada, incluindo novas pautas”.
Questionadas sobre qual é o melhor caminho para mudar esse cenário, elas insistem em dizer que representatividade é fundamental. O meio que elas encontraram de promover esse conceito foi a partir da internet. Com uma plataforma de fácil acesso e linguagem didática, elas conseguem provar que é possível que mulheres façam ciência, escrevam sobre ciência, participem ativamente da vida acadêmica, do movimento feminista e de discussões pertinentes à sociedade.
"Todas nós estamos aqui representando um pouco das mulheres cientistas, buscando fugir dos estereótipos. Cada colaboradora do blog tem sua própria história de inspiração para a ciência e é com esse pensamento que nos dedicamos à missão de inspirar outras mulheres”, concluem. Vida longa à ciência feminista!
Juliana Adlyn/Cientistas Feministas
Coletivo Cientistas Feministas produz conteúdo cientifico de qualidade criado apenas por mulheres na ciência -
- 02/03/2018 - SBMN visita Aramar para conhecer local onde será instalado o RMBFonte: SBMNNesta sexta-feira, parte da diretoria e sócios da SBMN estiveram em Iperó, interior de São Paulo, para visitar o Centro Experimental de ARAMAR, local onde será construído o Reator Multopropósito Brasileiro. A obra, que tem previsão de conclusão em 2022, promete garantir autonomia do Brasil na produção de radiofármacos.O grupo foi recebido pelo Contra-Almirante Noriaki Wada, vindo de Brasília especialmente para a ocasião, que explicou as áreas já em funcionamento no complexo. "Esta é uma grande oportunidade de exaltar a importância da Medicina Nuclear, a qual já é de conhecimento da Presidência da República”, comentou.
Com a palavra, o presidente da SBMN, Juliano Cerci, comentou ser um privilégio visitar o Complexo por representar a consolidação de um projeto intimamente ligado ao avanço da Medicina Nuclear. "O avanço desse projeto é a costura de pontes em prol da população brasileira”, pontuou.
Na sequência, o diretor de operações do Centro Industrial Nuclear de Aramar, Sérgio Luís de Carvalho Miranda, também detalhou o funcionamento da complexo e convidou o coordenador técnico do RMB, José Augusto Perrota, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), para detalhar o projeto. "O que estamos construindo aqui é mais que um reator, mas um grande centro de pesquisa”, afirmou.
O grupo seguiu então para visitar os galpões do complexo, onde também está sendo construído o submarino nuclear brasileiro.
O repórter Nathan Fernandes, da Revista Galileu, também acompanhou a visita para uma reportagem sobre o tema, incluindo as perspectivas de avanço da Medicina Nuclear, para a próxima edição da publicação.
Palestra proferida aos visitantes em ARAMAR -
- 28/02/2018 - Escola SP de Ciência Avançada em Fronteiras de Lasers recebe inscrições - Agência FAPESPEvento no IPEN visa difundir e aprofundar o conhecimento em fotônica de lasers. Estudantes do Brasil e do exterior podem participar
Evento no IPEN visa difundir e aprofundar o conhecimento em fotônica de lasers. Estudantes do Brasil e do exterior podem participar
A Escola São Paulo de Ciência Avançada em Fronteiras de Lasers e suas Aplicações (São Paulo School of Advanced Science on Frontiers of Lasers and their Applications) será realizada de 16 a 27 de julho no Centro de Lasers e Aplicações (CLA) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária, em São Paulo.O evento tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) e ocorrerá juntamente com a XVI Escola André Swieca de Óptica Quântica e Óptica Não Linear, vinculada à Sociedade Brasileira de Física (SBF).Estudantes de graduação e de pós-graduação, do Brasil e do exterior, podem submeter candidaturas à participação nas escolas até 31 de maio. Para manutenção dos estudantes selecionados que venham de outras cidades, estados e países serão oferecidos como benefícios (financiados pela FAPESP) passagens aéreas, despesas de transporte terrestre local (aeroporto-hotel) e diárias na cidade que sediará a escola.Os interessados devem apresentar carta de recomendação, currículo científico de página única (modelo disponível no formato Word), resumo de pesquisa (incluindo figuras e referências) e preencher um questionário on-line, acessível no site do evento.De acordo com Niklaus Ursus Wetter, coordenador-geral das escolas, o principal objetivo é difundir e aprofundar o conhecimento na área de fotônica de lasers para criar uma massa crítica de cientistas nesse campo da ciência."Esse aumento é possível mediante um ensino de qualidade na base e na fronteira do conhecimento na área, respectivamente os focos das escolas. Elas promoverão aulas lecionadas por um corpo docente do Brasil e exterior, além de minicursos, oficinas e palestras, de maneira a garantir que os alunos aproveitem ao máximo”, disse Wetter.A fotônica é uma das áreas que mais trará impactos tecnológicos, sociais e econômicos em um futuro próximo, segundo Wetter, porém ainda há alguns desafios para esta área florescer no Brasil."Entre os gargalos, vejo falta de formação de qualidade em parte dos nossos estudantes em comparação com estudantes provenientes de países onde a educação é uma prioridade de Estado, o que, em certas situações, nos impede de atacar temas mais complexos como os presentes nessa recente área”, disse."A realização das escolas, com apoio da FAPESP, é mais um passo importante para a formação de cientistas, criação de empresas e inovação nessa área tão estratégica, que movimentou, em 2017, um mercado de US$ 530 bilhões”, disse Wetter. -
- 15/02/2018 - Pesquisador do Ipen recebe prêmio da Sociedade Americana de Cerâmica - Agência FapespReginaldo Muccillo, pesquisador do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), recebeu o prêmio "Global Star Award" da Sociedade Americana de Cerâmica (ACerS)
Reginaldo Muccillo, pesquisador do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), recebeu o prêmio "Global Star Award" da Sociedade Americana de Cerâmica (ACerS)
Fonte: Agência Fapesp
Reginaldo Muccillo, pesquisador do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), recebeu o prêmio "Global Star Award” da Sociedade Americana de Cerâmica (ACerS).A distinção foi entregue durante a sessão de abertura da 42ª Conferência Internacional sobre Cerâmica Avançada e Compósitos realizada pela ACerS de 21 a 26 de janeiro em Daytona Beach, Flórida.
Um dos pesquisadores principais do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP –, Muccillo recebeu o prêmio por sua atuação na organização dos mais de 20 simpósios que ocorrem paralelamente durante a conferência anual da ACerS.
"Fui escolhido por fazer parte do comitê organizador de um desses vários simpósios que têm, no total, mais de 200 organizadores”, disse Muccillo à Agência FAPESP.
O pesquisador coordenou o simpósio em homenagem ao último presidente da ACerS, Mrityunjay Singh, cientista-chefe do Ohio Aerospace Institute, cuja gestão encerrou-se em dezembro de 2017.
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- 05/02/2018 - Governo estuda ampliar flexibilização do monopólio da União em radiofármacos - Estado de MinasFonte: O Estado de Minas
O governo vai analisar a conveniência da ampliação da flexibilização do monopólio da União na produção de radiofármacos. Para estudar o assunto, foi criado um grupo técnico formado por vários ministérios. O grupo tem 120 dias para apresentar as propostas. Esse prazo poderá ser prorrogado, uma única vez, por mais 60 dias corridos.
A constituição do grupo está formalizada em resolução do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, presidido pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), Sérgio Eetchegoyen.
Os trabalhos do grupo serão coordenados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. Ainda participam do grupo representantes do próprio GSI, da Casa Civil, dos ministérios das Relações Exteriores, Fazenda, Saúde, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Planejamento, além da Comissão Nacional de Energia Nuclear, da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear.
(Luci Ribeiro)
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- 27/01/2018 - Brasil vai debater seu bagunçado setor nuclear. O que pode sair disso? - Gazeta do PovoA necessária modernização da exploração nuclear será complexa: depende do Congresso em um ano eleitoral, envolve discussões sobre o tamanho do Estado e o custo das estatais, além da discussão sobre impactos ambientais e sociais
A necessária modernização da exploração nuclear será complexa: depende do Congresso em um ano eleitoral, envolve discussões sobre o tamanho do Estado e o custo das estatais, além da discussão sobre impactos ambientais e sociais
Fonte: Gazeta do PovoFlávia PierryO governo quer criar uma política nuclear brasileira, fundamental para desenvolver o setor para além de questões de defesa e segurança nacional ou da geração de eletricidade. A necessária modernização da exploração nuclear será complexa: depende do Congresso em um ano eleitoral, envolve discussões sobre o tamanho do Estado e o custo das estatais, além da discussão sobre impactos ambientais e sociais.Desde 16 de janeiro, dois grupos técnicos estão encarregados de elaborar a proposta da Política Nuclear Brasileira e analisar a conveniência da flexibilização do monopólio da União na pesquisa e na lavra de minérios nucleares. Esse trabalho pode influenciar o debate eleitoral em 2018 sobre os rumos do setor nuclear no país.
"Se não reformularmos o setor, vai ficar uma bagunça eterna. É uma grande iniciativa do governo de fazer essa discussão. As empresas estrangeiras querem investir no Brasil”, afirmou Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN).
Mudanças pontuais, que flexibilizam regras para permitir participação privada (PPPs) mantendo o monopólio estatal podem ser realizadas ainda em 2018. Porém, grande parte do que for produzido pelos grupos de trabalho terá de ser transformado em lei, o que depende do Congresso e de alterações na Constituição, algo de difícil aprovação.
"Abrirmos para PPPs na mineração do urânio não é um problema, mas precisamos ter o controle. Não é papel do Estado assumir isso. Precisamos de regras, de uma agência reguladora para a área nuclear. O mundo foi apresentado à área nuclear pela bomba, mas as pessoas que esquecem que a tecnologia nuclear está presenta quando estão fazendo um exame de saúde”, afirmou Cunha.
Dívidas, amarras e pouca eficiência
O setor nuclear brasileiro tem dificuldades financeiras e está preso a amarras impostas à atividade estatal, atrapalhando o desenvolvimento de projetos, atração de investimentos e o atendimento à demanda nacional. Parte do problema reside em um embaralhamento das funções dos principais órgãos do setor: o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e das empresas estatais Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e da Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep).
A interrupção na construção da usina termonuclear de Angra 3, por implicações da operação Lava Jato, também atrapalha o setor. Devendo ao BNDES pelo empréstimo tomado para construir a usina, a Eletronuclear está sem dinheiro para arcar com o combustível nuclear para a INB. Após negociação, a Eletronuclear deve para a INB R$ 654 milhões, que não foram pagos até o final de 2017. Ao traçar uma nova política nuclear, a retomada da construção da usina, que deverá custar até R$ 20 bilhões e dependerá de uma parceria com empresas privadas, precisará ser equalizada.
Alto risco com investimentos do governo
A falta de recursos e o monopólio estatal pela pesquisa, lavra e exploração nuclear são outros entraves para o setor. Na avaliação de um especialista ligado ao governo, que falou em condição de anonimato, esse modelo em que a União deve investir em atividades com resultado incerto, como a pesquisa mineral, é "ultrapassado”.
Sem dinheiro e pesquisas, o setor fica imobilizado. O setor produtivo quer flexibilização das regras, mas concordam em manter sob monopólio estatal o chamado enriquecimento do urânio (processo feito em reator nuclear e a partir do qual se faz a bomba atômica).
A INB, estatal responsável pela lavra de urânio no país, não tem capacidade para atender a toda a demanda nacional, mas é a única empresa que pode explorá-lo. Se uma mineradora encontrar urânio enquanto estiver explorando outros minerais, é obrigada a informar a INB e separar o material, para que seja retirado pela estatal.
O governo, via INB, não consegue sequer dar conta de recolher o urânio encontrado por mineradoras. Fontes do setor indicam que em uma área de exploração mineral privada em Pitinga, na Amazônia (em área com lavra concedida para exploração de fosfato), o urânio encontrado está separado, ocupando espaço e aguardando que seja retirado pela INB.
"O Estado brasileiro não deve correr o risco geológico durante a pesquisa. Já não temos dinamismo no mercado mineral nuclear, por falta de ambiente de negócios. Com o monopólio, cria-se outra trava, impedindo o país de conhecer seu potencial mineral. Não acho que seja ruim a flexibilização. O monopólio poderia ser da geração da energia ou uso bélico, mas a pesquisa de lavra em si pode ser exercida pelo ente privado sob condições específicas, com um rigor regulatório maior”, avalia o especialista, ouvido sob condição de anonimato.
As estatais responsáveis por viabilizar a atividade nuclear com exclusividade são dependentes de recursos da União e competem com áreas como saúde e educação pelos recursos. Um levantamento da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, mostra que os gastos com pessoal e despesas correntes consomem 98% do orçamento da Nuclep e 92% do INB.
Nuclear além da segurança e eletricidade
O Brasil ainda tem muito para desenvolver no setor nuclear na produção de medicamentos e componentes para uso da medicina. Essas áreas ampliam as possibilidades de parceria para o desenvolvimento de tecnologia que pode beneficiar mais segmentos, como o de radiofármacos, medicamentos utilizados em exames diagnósticos ou no tratamento de doenças como o câncer.
Entre os projetos que já estão em andamento no Brasil está a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O projeto foi lançado em 2008, ainda está em fase de licenciamento e depende de recursos do Orçamento. A expectativa é ter o reator funcionando em 2024.
O reator pode aprofundar as pesquisas para usos sociais nucleares, como os medicamentos. O Brasil não consegue suprir sua demanda os radiofármacos utilizados em exames como tomografias. O Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen) importa os elementos químicos para produção dos radiofármacos, fabrica os medicamentos e faz a distribuição para mais de 400 clínicas no país. Isso atende a mais de 2 milhões de procedimentos médicos no ano, ainda bem abaixo de outros países e deixando parte da população sem acesso a esses exames e tratamentos.
O coordenador-técnico do RMB, o pesquisador José Augusto Perrotta, avalia que apesar da falta de recursos públicos, esse segmento não deve ser alvo de parcerias com o setor privado. "Temos feito o que é possível dentro do Orçamento. A fase de reator é complexa. Isso não é um negócio. É uma ação de Estado”, avalia.
No Brasil, a capacidade de produção de urânio é de 400 toneladas ao ano. Segundo a INB, o objetivo é aumentar para 800 toneladas e chegar a 1.200 toneladas/ano sob a forma de concentrado de urânio. O país é um dos 12 em todo o mundo que podem enriquecer urânio, ao lado de China, Estados Unidos, França, Japão, Rússia, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Brasil, Índia, Paquistão e Irã.
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- 16/01/2018 - Treinamento técnico em Química no Ipen com Bolsa da FAPESP - Agência FapespFonte: Agência FAPESPUma oportunidade de treinamento técnico nível três (TT-3), com Bolsa da FAPESP, está aberta para o Projeto Temático "Estudos sobre o uso do bioetanol em células a combustível do tipo PEMFC e SOFC”, desenvolvido no Centro de Células a Combustível e Hidrogênio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e coordenado pelo professor Marcelo Linardi. A inscrição deve ser feita até dia 15 de fevereiro de 2018.Segundo Linardi, o projeto aborda temas críticos aos principais desafios científicos e tecnológicos relativos ao avanço do uso do etanol em células a combustível."O uso do bioetanol em células a combustíveis do tipo PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell) e SOFC (Solid Oxide Fuel Cell), seja diretamente como combustível ou indiretamente na forma de hidrogênio, ainda apresenta uma série de barreiras que necessitam ser superadas para que estes dispositivos possam apresentar alta eficiência, durabilidade, confiabilidade e baixo custo”, disse.O bolsista será responsável por auxiliar nos experimentos de avaliação de catalisadores aplicados à reação de oxidação preferencial do monóxido de carbono (PROX-CO) em misturas ricas em hidrogênio. A oportunidade é voltada para alunos graduados do nível superior em Química ou Engenharia Química.Os interessados em se inscrever devem enviar e-mail para o pesquisador Estevam Vitorio Spinacé (espinace@ipen.br), junto com curriculum vitae e histórico escolar do curso de graduação.Mais informações sobre a vaga estão disponíveis em www.fapesp.br/oportunidades/1893.A Bolsa de TT-3 tem valor de R$ 1.195,60 e é direcionada a alunos graduados do nível superior, sem reprovações em seu histórico escolar e sem vínculo empregatício, com dedicação de 16 a 40 horas semanais às atividades de apoio ao projeto de pesquisa. O tempo de bolsa TT-3 será descontado no caso de o interessado vir a usufruir de Bolsa de Mestrado ou Doutorado Direto.Mais informações sobre as Bolsas de Treinamento Técnico: www.fapesp.br/bolsas/tt. -
- 09/01/2018 - FAPESP e Shell financiarão centro de pesquisa em novas energias - Agência FapespFonte: Agência FAPESP
A FAPESP e a Shell financiarão um centro de pesquisa em novas energias em São Paulo. Os parceiros, que mantêm um acordo de cooperação desde 2013, anunciaram uma chamada de propostas para a instalação do Centro de Pesquisa em Novas Energias, com foco no desenvolvimento de investigações em quatro divisões: Transportadores de alta densidade de energia, Armazenamento avançado de energia, Conversão de metano em produtos e Ciência computacional de materiais.
A chamada recebeu doze submissões, cobrindo os quatro tópicos de pesquisa nela listados. Cada proposta recebeu pareceres de assessoria ad hoc e foi analisada por um painel de especialistas.
A documentação resultante foi estudada pelo Comitê Gestor da chamada, que, após discussão preliminar, enviou as críticas e os pedidos de esclarecimento encontrados nos pareceres para manifestação dos proponentes.
Uma vez examinadas as respostas dos proponentes, o Comitê Gestor realizou as entrevistas previstas na chamada e agora anuncia, como resultado final, a aprovação das seguintes propostas:Divisão: Portadores Densos de Energia
Divisão de Pesquisa 1 - Portadores Densos de Energia
Processo / Grant number
2017/11986-5
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Química - IQ / UNICAMP
Divisão: Armazenamento Avançado de EnergiaDivisão para Armazenamento de Energia Avançado
Processo / Grant number
2017/11958-1
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Faculdade de Engenharia Química - FEQ / UNICAMP
Divisão: Do Metano para ProdutosRota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Processo / Grant number
2017/11937-4
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN / SDECTSP
Divisão: Ciência dos Materiais ComputacionalCiência Computacional de Materiais
Processo / Grant number
2017/11631-2
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Química de São Carlos - IQSC / USP
A chamada de propostas está publicada (em inglês) emwww.fapesp.br/10896.
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- 13/12/2017 - FAPESP anuncia novas Escolas São Paulo de Ciência Avançada - Agência FapespA FAPESP anunciou o resultado da 13ª chamada do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), que oferece recursos para a organização de cursos de curta duração em pesquisa avançada, em diferentes áreas do conhecimento, no Estado de São Paulo.
A FAPESP anunciou o resultado da 13ª chamada do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), que oferece recursos para a organização de cursos de curta duração em pesquisa avançada, em diferentes áreas do conhecimento, no Estado de São Paulo.
Fonte: Agência FapespAlém de contribuir para o avanço do conhecimento e para a formação dos participantes, espera-se que os eventos apoiados ampliem a visibilidade das pesquisas e as oportunidades de Pós-Doutorado no Estado de São Paulo, em especial para candidatos de outros estados e países.Os professores que lecionarão disciplinas nas ESPCA deverão ser cientistas de excelente qualificação, reconhecidos pela comunidade da área e líderes em organizações de destaque internacional, incluindo cientistas estrangeiros convidados.
Os estudantes participantes devem estar matriculados em cursos de graduação ou pós-graduação no Brasil ou no exterior, sendo potenciais candidatos a cursos de Mestrado e Doutorado ou a estágios de Pós-Doutorado em instituições de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo. Também poderão ser aceitos alguns jovens doutores.
Os estudantes selecionados terão a oportunidade de apresentar suas pesquisas em sessões de pôsteres e discutir os progressos dos trabalhos com os cientistas participantes.
A chamada está disponível em: http://espca.fapesp.br/detalhe/chamada/13.
Escolas selecionadas:
Pesquisador e processo FAPESP
Título da escola e área de conhecimento
Alexander Turra
Instituto Oceanográfico - IO/USP
2017/17391-3São Paulo School of Advanced Science on Ocean governance
Área: Ciências Exatas e EngenhariasClaudio Miguel da Costa Neto
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - FMRP/USP
2017/17382-4São Paulo School of Advanced Science on "Medicines: from Target to Market”
Área: Ciências da VidaIrene da Silva Soares
Faculdade de Ciências Farmacêuticas - FCF/USP
2017/17349-7Escola São Paulo de Ciência Avançada em Vacinas
Área: Ciências da VidaJosé Roberto Simões Moreira
Escola Politécnica - EP/USP
2017/17412-0São Paulo School of Advance Science on Renewable Energies
Área: Ciências Exatas e EngenhariasLorena Guadalupe Barberia
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH/USP
2017/17298-3Escola São Paulo de Ciência Avançada em Conceitos, Métodos e Técnicas em Ciência Política e Relações Internacionais - 9a. IPSA USP SUMMER SCHOOL
Área: Ciências Humanas e SociaisNiklaus Ursus Wetter
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN/ SDECTSP
2017/20538-6São Paulo School of Advanced Science on Frontiers in Lasers and their Applications
Área: Ciências Exatas e EngenhariasPaulo Sérgio Boggio
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS/UPM
2017/17414-3São Paulo School of Advanced Science on Social and Affective Neuroscience - How can social and affective neuroscience explain various aspects of human everyday interaction
Área: Ciências Humanas e SociaisVivian Helena Pellizari
Instituto Oceanográfico - IO/USP
2017/17430-9São Paulo School of Advanced Methane Science
Área: Ciências da VidaWatson Loh
Instituto de Química - IQ/UNICAMP
2017/17416-6Escola São Paulo de Ciências Avançadas em Coloides
Área: Ciências Exatas e Engenharias -
- 12/12/2017 - FAC realiza II Semana de Radiologia com foco no Novembro AzulFAC São Roque
FAC São Roque
Fonte: Jornal da Economia Online
Alunos do 4º e 6º períodos do curso superior de Tecnologia em Radiologia, juntamente com alunos do 1º período da graduação em Enfermagem, participaram da "II Semana da Radiologia da FAC São Roque”, realizada de 6 a 9 de novembro, na universidade. O encontro teve por objetivo disseminar o conhecimento sobre temas da área, bem como sobre a atuação da equipe multiprofissional de saúde. Além disso, foi comemorado o "Dia Internacional dos Profissionais das Técnicas Radiológicas”, que ocorre anualmente no dia 8 de novembro."Organizamos a II Semana da Radiologia com muito carinho, para que todos os alunos e professores de Radiologia e Enfermagem pudessem aproveitar os temas apresentados. Todos os palestrantes convidados são profissionais renomados em suas áreas de atuação e, sem dúvida alguma, contribuíram grandemente com a formação de nossos alunos”, declarou a Profa. Christianne Cobello Cavinato, docente de ambos os cursos na FAC São Roque.
As palestras foram proferidas por professores e convidados, entre eles: Dr. Roberto Vicente (IPEN/CNEN-SP), Dr. Patrick Jack Spencer (IPEN/CNEN-SP), Psicóloga Esp. Laís Moriyama Pereira Lima (Escola Beija Flor/ Clínica Caminhos Humanos/ Hospital Dr. Miguel Soeiro – Unimed Sorocaba), Enfermeira Esp. Alcione Maria de Lima (Conjunto Hospitalar de Sorocaba/Hospital GPACI), Tecnólogo em Radiologia Anderson dos Santos Sousa (Hospital Aviccena/ZDI – Diagnósticos por Imagem/Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo).
No evento, sob orientação dos docentes, foram expostos trabalhos dos alunos com alertas sobre o câncer de próstata, foco da campanha "Novembro Azul”. Outra ação, foram os broches confeccionados pelos discentes e distribuídos aos colaboradores, professores e alunos da FAC São Roque. Para as turmas que participaram da "II Semana de Radiologia” ficou como aprendizado a importância da equipe multiprofissional na saúde, da qual todos farão parte no futuro, em prol do auxílio e recuperação dos pacientes.
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- 08/12/2017 - Mestrado em Eletrocatálise com bolsa da FAPESP - Agência FapespUma oportunidade de bolsa da FAPESP de mestrado está disponível no projeto “Eletrocatálise além da platina: desenvolvimento de eletrocatalisadores sustentáveis”. A inscrição deve ser feita até dia 15 de dezembro de 2017.
Uma oportunidade de bolsa da FAPESP de mestrado está disponível no projeto “Eletrocatálise além da platina: desenvolvimento de eletrocatalisadores sustentáveis”. A inscrição deve ser feita até dia 15 de dezembro de 2017.
Fonte: Agência FapespA bolsa está vinculada a projeto do Research Centre for Gas Innovation (RCGI) da USP, um Centro de Pesquisa em Engenharia constituído por meio de parceria entre a FAPESP e a BG/Shell, com sede na Escola Politécnica da USP.
Com coordenação do pesquisador Thiago Lopes, a pesquisa de mestrado será realizada no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, em colaboração com pesquisadores do projeto 12 do Programa de Físico- Química do RCGI.
O objetivo da bolsa é treinar um aluno na área de eletrocatálise e nanomateriais. Os estudos experimentais têm como meta elucidar a função de metais de transição na formação e atividade eletrocatalítica de sítios ativos em eletrocatalisadores baseados em carbono.
Para a vaga, o candidato deve ter um diploma de bacharel em Ciências relacionadas com Química ou Materiais, com conhecimentos técnicos em Engenharia, Engenharia de Materiais, Física, Engenharia Química e Química. O candidato deve conhecer os polímeros nanoestruturados e a ciência dos materiais.
Inscrições pelo site do RCGI (Ref.: 17MSc016). Mais informações sobre a vaga disponíveis em fapesp.br/oportunidades/1862.
Para informações sobre bolsas de mestrado acesse www.fapesp.br/bolsas/ms.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em fapesp.br/oportunidades.
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- 05/12/2017 - José Carlos Bressiani recebe o Prêmio Mérito Nuclear 2017Fonte: ABENNa sexta-feira (01/12) o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear - Cnen, José Carlos Bressiani, recebeu o Prêmio Mérito Nuclear 2017, concedido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares - Abdan.
Esta é a primeira vez que a Abdan homenageia as pessoas que vem contribuindo com a indústria nuclear ao longo das décadas.
Dr. Bressiani, engenheiro de Materiais e servidor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Ipen desde 1975, exerce o cargo de diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear desde julho de 2017. "Ele representa a academia e, ao mesmo tempo, a nossa área de interesse. É uma pessoa muito ligada à ciência", disse Celso Cunha, presidente da Abdan. Bressiani atuou como orientador de 16 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, é autor/co-autor de mais de 370 trabalhos científicos (revistas, capítulos de livros e anais), foi membro de diversos conselhos técnicos, de conselhos universitários e de comissão de pós-graduação.
O prêmio Mérito Nuclear é uma das novidades da entidade em 2017 e se repetirá regularmente. "A ideia é que em todos os anos sejam premiadas as pessoas que mais contribuem com o setor. Será um momento para nós juntarmos todos esses agentes que estimulam o segmento", afirmou o presidente da Abdan, Celso Cunha.
Além de José Carlos Bressiani, foram premiados o Almirante de Esquadra Bento Costa Lima de Albuquerque Junior, diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear Tecnológico da Marinha; Leonam dos Santos Guimarães, presidente da Eletronuclear e Ronaldo Arthur Cruz Fabrício, vice-presidente executivo da Abdan.
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- 04/12/2017 - Amazônia é uma das principais fontes emissoras de metano do mundoÁrvores localizadas em áreas alagáveis emitem por volta de 15 milhões de toneladas por ano desse gás de efeito estufa
Árvores localizadas em áreas alagáveis emitem por volta de 15 milhões de toneladas por ano desse gás de efeito estufa
Fonte: Revista FAPESPAs árvores situadas em áreas alagáveis na Amazônia emitem por ano entre 15 e 20 milhões de toneladas de metano (CH4), o equivalente ao que é emanado por todos os oceanos juntos. A conclusão é de um grupo de pesquisadores ingleses e brasileiros, entre eles a bióloga Luana Basso, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), e a química Luciana Vanni Gatti, do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em um estudo publicado na edição desta segunda-feira (04/12) na revista Nature, o grupo constatou que essas árvores são uma das principais fontes emissoras do gás. O metano absorve até 23 vezes mais calor do que o dióxido de carbono (CO2), sendo, por isso, um dos três principais gases de efeito estufa. Segundo o grupo, apesar de ser um processo natural da floresta, a quantidade de metano emitida por essas árvores impressiona e, somada à emissão de outras fontes naturais, de proveniente de rebanhos e da queima de biomassa na região, pode ter impactos significativos.
Há algum tempo os dados sobre a emissão de metano na Amazônia intrigam os pesquisadores. Até então, os números mais recentes disponíveis na literatura especializada, obtidos a partir de observações via satélite por outros grupos de pesquisa, indicavam que a floresta emitia por ano cerca de 30 milhões de toneladas de CH4. Em 2011, Luciana e Luana Basso, à época sua aluna de doutorado no Ipen, verificou que a realidade era diferente. Seus dados indicavam uma emissão quase 50% maior, de 42,7 milhões de toneladas por ano. Apesar de ter verificado na prática uma diferença significativa em relação ao valor até então conhecido, as pesquisadoras não souberam explicar de onde vinha o metano excedente. À época, o grupo coordenado por Luciana estava interessado em obter uma amostra representativa do balanço de carbono de toda a bacia amazônica.
A cada duas semanas, sua equipe sobrevoava as regiões de Santarém, no Pará, Rio Branco, no Acre, Tabatinga, no Amazonas, e Alta Floresta, em Mato Grosso, colhendo amostras de ar, que eram armazenadas em frascos de vidro. Em seguida, analisava os índices de concentração de vários gases, entre eles CO2, monóxido de carbono (CO) e CH4. Dessa forma, obteve medidas que refletiam todo o processo de emissão e absorção de CO e CO2 pela floresta desde o oceano Atlântico até os locais em que colheu as amostras. Assim, pôde medir a reação dos estoques de carbono da floresta à seca em diferentes áreas, concluindo que durante os períodos de estiagem a floresta liberava mais CO2 para a atmosfera do que absorvia (ver Pesquisa FAPESP edição on-line).
Esse estudo foi publicado em fevereiro de 2014 na revista Nature, e a quantidade excedente de metano emitido pela floresta observado por Luciana - de 30 milhões para os 42,7 milhões de toneladas - permaneceu uma incógnita. Em 2015, Luciana apresentou suas estimativas em uma reunião realizada no Brasil. Entre os presentes, estava o biólogo Vincent Gauci, da Universidade Aberta, no Reino Unido, cuja equipe, trabalhando separadamente, havia acabado de medir as emissões de CH4 diretamente dos troncos das árvores da Amazônia. Eles selecionaram uma amostra de 2.300 árvores em regiões adjacentes aos rios Negro, Solimões, Amazonas e Tapajós. Instalaram pequenas câmaras em volta dos troncos para coletar o ar e, assim, determinaram a quantidade de CH4 emitida pelas árvores. Fizeram medições durante os anos de 2013 e 2014. Em laboratório, após analisar os índices de concentração de CH4, o grupo britânico verificou que a região estava emitindo exatamente a diferença entre o que havia sido registrado na literatura e as estimativas obtidas pela equipe de Luciana.
"Conversamos após aquela apresentação e decidimos escrever um artigo reunindo os dados dos nossos grupos”, explica Luciana. No estudo publicado agora na Nature, os pesquisadores explicam que as árvores funcionam como chaminés, canalizando o metano do solo submerso por meio dos troncos e liberando-o para a atmosfera. "Isso faz das árvores em regiões alagáveis uma das principais fontes emissoras de metano da Amazônia”, explica Luana Basso, que atualmente é professora da Universidade Paulista (Unip), em São Paulo.
Durante a estação seca, entre junho e novembro, as áreas antes alagadas são invadidas por ervas e gramíneas. Na estação chuvosa, entre novembro e abril, as águas voltam a subir e essa vegetação fica submersa. A vegetação no fundo morre, produzindo metano ao se decompor. "O metano é gerado quando uma substância orgânica se decompõe sem oxigênio” explica Luciana Gatti. Desse modo, as ervas, gramíneas, folhas e galhos nas áreas alagada emitem o gás metano em abundância por meio das árvores. "É importante conhecer a dinâmica de produção desse e outros gases de efeito estufa para que possamos prever como a floresta se comportará em diferentes cenários de mudanças climáticas”, destaca a química.
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- 29/11/2017 - Congresso de metrologia debate garantia da qualidade e homenageia Linda CaldasDurante o Congresso de Metrologia 2017, realizado em Fortaleza, CE, a pesquisadora Linda Caldas, do IPEN, foi homenageada
Durante o Congresso de Metrologia 2017, realizado em Fortaleza, CE, a pesquisadora Linda Caldas, do IPEN, foi homenageada
Profissionais e pesquisadores estiveram reunidos de 26 a 29 de novembro, em Fortaleza, para o Congresso Metrologia 2017, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Metrologia, Inmetro e IRD, que tem como objetivo disseminar a cultura da metrologia e avaliação da conformidade como fatores essenciais ao desenvolvimento sustentável. Da mesa de abertura participaram o secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Inácio Arruda; o presidente do Inmetro, Carlos Augusto Azevedo; o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Paulo Roberto Pertusi; o presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia, João Carlos Guimarães Lerch; o diretor do Instituto de Radioproteção e Dosimetria, Renato Di Prinzio; o presidente do Congresso, Américo Tristão Bernardes.
O evento reuniu seis encontros científicos simultâneos, na área de metrologia, entre eles a quarta edição do Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes. Demanda por calibração, preço do produto e garantia da qualidade foram temas do CBMRI, já em sua quarta edição. O IRD levou à área de exposições do evento uma apresentação em realidade virtual dos laboratórios da área de metrologia.
Promovido pela Sociedade Brasileira de Metrologia, Inmetro e IRD, o congresso geral reuniu 300 trabalhos inscritos, sendo 273 aprovados para apresentação em 35 sessões paralelas e duas sessões pôster. Destes, 100 serão publicados em periódico internacional. Dos trabalhos apresentados no CBMRI, foram 59 em formato poster e sete em formato oral. Os melhores foram selecionados para publicação no Journal of Physics: Conference Series.
Homenagem
A pesquisadora do Ipen Linda Caldas foi a homenageada desta edição do CBMRI, que anualmente destaca personalidades importantes na área, por seu trabalho dedicado, pioneirismo e inovação na área de metrologia das radiações ionizantes no Brasil.
Desde o início dos anos 70, ainda como aluna de graduação de física da USP, Linda Caldas ingressou no grupo de dosimetria do Ipen e desde então vem atuando na área de metrologia das radiações. Nunca deixou de atuar como pesquisadora, mesmo assumindo atividades de direção. Foi chefe da divisão de calibração e dosimetria, gerente do centro de metrologia das radiações e diretora de segurança nuclear do instituto. Já orientou 59 alunos de pós graduação, sendo 27 de mestrado e 32 de doutorado, e outros 14 de pós-doutorado. Publicou 236 trabalhos científicos e coordenou 22 projetos nos editais Pro-engenharia, Pro-equipamentos, Procad, temáticos da Fapesp, entre outros. Em 2012 se tornou membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo
"Se olharmos o panorama nacional na área de calibração e dosimetria, vamos encontrar seus alunos, que hoje são orientadores e professores, em diversas instituições. Ela sempre se empenhou em apoiar instituições parceiras, principalmente da região Nordeste, por meio da coordenação de projetos multi-institucionais. O mais impactante talvez tenha sido o INCT, que beneficiou oito instituições públicas em todo o Brasil", frisou em discurso o coodenador do CBMRI, José Guilherme Pereira Peixoto. "Por trás da profissional competente há uma mulher extremamente sensível, humilde e disposta a ajudar sempre com educação e delicadeza características", acrescentou.
Texto e fotos: Lilian Bueno/ Ascom IRD
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- 15/11/2017 - Vahan Agopyan é o novo reitor da USPProfessor da Escola Politécnica encabeçava a lista tríplice enviada ao governador Geraldo Alckmin
Professor da Escola Politécnica encabeçava a lista tríplice enviada ao governador Geraldo Alckmin
Fonte: Agência FAPESPO engenheiro Vahan Agopyan foi nomeado reitor da Universidade de São Paulo (USP) pelo governador Geraldo Alckmin na última segunda-feira (13). Vice-reitor na gestão do atual reitor, Marco Antonio Zago, e professor titular da Escola Politécnica (Poli), Agopyan, de 65 anos, encabeçava a lista tríplice de candidatos à reitoria por ter recebido o maior número de votos do colégio eleitoral que se reuniu em 30 de outubro. Ele assumirá o cargo no dia 25 de janeiro de 2018 para um mandato de 4 anos.
A chapa vencedora, composta por Agopyan como candidato a reitor e Antonio Carlos Hernandes, professor titular do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), como vice, teve 1.092 votos. Em segundo lugar ficou a chapa de Maria Arminda do Nascimento Arruda e Paulo Borba Casella (840 votos) e, em terceiro, Ildo Luis Sauer e Tércio Ambrizzi (594 votos). Uma quarta chapa, a de Ricardo Ribeiro Terra e Albérico Borges Ferreira da Silva, recebeu 163 votos. Cada um dos 1.949 eleitores poderia votar em até três nomes. O colégio eleitoral é composto por integrantes do Conselho Universitário, dos Conselhos Centrais (Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Cultura e Extensão Universitária), das Congregações das Unidades e dos Conselhos Deliberativos de Museus e Institutos Especializados. A prerrogativa da escolha de um dos nomes da lista tríplice é do governador.
Em entrevista à Pesquisa FAPESP, Agopyan falou sobre os desafios da gestão da universidade. "Quando assumi a vice-reitoria em 2014, a USP começava a enfrentar uma grave crise financeira. Hoje o risco de colapso está superado e, por isso, devemos virar a página, mas sem perder de vista a política de austeridade”, diz Agopyan, que é formado em engenharia civil pela Poli, com doutorado pela King’s College London. Nos últimos anos, a crise levou o atual reitor, Marco Antonio Zago, a reduzir os gastos com a folha de pagamentos, que consomem 98% dos cerca de R$ 5 bilhões repassados neste ano à instituição pelo tesouro estadual. O déficit vem caindo: em 2016, foi de R$ 660 milhões, ante R$ 988 milhões em 2015 e R$ 1 bilhão em 2014.
"Reduzimos 20% do quadro de funcionários não docentes da USP. Nos próximos anos, não pretendo promover mais cortes, mas sim investir em treinamento em gestão, como forma de qualificar nossos funcionários”, propõe Agopyan, alertando que não poderá abrir vagas por pelo menos mais um ano.
O novo reitor diz que é necessário ampliar a interação da USP com a sociedade. De acordo com ele, isso inclui apostar em práticas de ensino que levem alunos de graduação e pós-graduação a ter contato com problemas reais enfrentados pela população. "Isso é importante para mostrar à sociedade a importância do ensino e da pesquisa promovidos pela USP”, afirma Agopyan.
Outro ponto que merece mais atenção, na sua avaliação, é a transferência de conhecimento produzido na universidade. "A USP ainda faz isso de maneira tímida”, observa Agopyan. "Minha proposta é de ampliar e acelerar iniciativas de transferência do conhecimento à sociedade, por meio, por exemplo, da realização de cursos de extensão e convênios com empresas”.
Para um ambiente saudável de pesquisa, Agopyan enfatiza o papel da reitoria na promoção de medidas que simplifiquem a vida dos pesquisadores. "Devemos criar mais centros de apoio administrativo, para ajudar os pesquisadores a lidar com questões burocráticas, e também investir na manutenção de laboratórios multiusuários”, afirma o novo reitor.
Professor da USP desde 1975, Agopyan foi diretor da Poli e diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Foi presidente do Conselho Superior do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e membro do Conselho Superior da FAPESP. Nos últimos anos, dedicou-se a estudos de qualidade e sustentabilidade na construção civil. Já o novo vice-reitor, Antonio Carlos Hernandes, é professor do IFSC desde 2008. Graduou-se em Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e obteve título de doutor em Física Aplicada pela USP.
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- 05/10/2017 - Processo transforma cinzas de biomassa em sílicas industriais - Informativo SRQ – IVSolução pode gerar fonte de renda adicional ao setor sucroalcooleiro
Solução pode gerar fonte de renda adicional ao setor sucroalcooleiro
Fonte: Informativo SRQ - IV - set. out. 2017
Pesquisadoras do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) desenvolveram um processo que transforma cinzas da biomassa de cana-de-açúcar em sílica gel e em nanosílica de alta pureza, ambas na forma de pó. O trabalho foi coordenado pela professora Denise Alves Fungaro e teve a olaboração das pós-doutorandas Luciana Cavalcanti de Azevedo e Suzimara Rovani. Intitulado "Produção de Sílica Gel e Nanosílica de Alta Pureza a partir de Cinzas da Biomassa de Cana-de-Açúcar com Alto Potencial de Comercialização”, o trabalho foi reconhecido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), que concedeu o Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia 2016, na categoria Pesquisador, a Denise, entrevistada pelo Informativo.A pesquisadora ressalta que a obtenção da sílica (ou óxido de silício - SiO2) ocorre tradicionalmente pela extração do cristal de quartzo presente na Natureza em jazidas ou lavras de areia (conhecida como areia industrial, areia de quartzo, areia quartzosa ou areia de sílica), processo que pode gerar impactos ambientais significativos. "As rochas e os minerais ocorrem em quantidade finita e não renovável. A exploração de minérios de forma indiscriminada pode ocasionar a destruição da flora, a extinção da fauna, a erosão dos solos e a poluição do ar e das águas”, alerta.
O processo desenvolvido pelo grupo do Ipen utiliza as cinzas resultantes da queima do bagaço da cana, que radicionalmente são destinadas pelas usinas do setor sucroalcooleiro à fabricação de fertilizantes.
No entanto, Denise esclarece que as cinzas, por terem poucos nutrientes, não geram um desempenho satisfatório nesse campo, podendo ser mais úteis na produção de sílicas, por meio de um processo mais sustentável e menos dispendioso se comparado ao método tradicional.
"Estima-se que o custo de produção da nanosílica a partir de cinzas da biomassa de cana é cerca de 40% menor, considerando o baixo custo das matériasprimas e a baixa quantidade de energia utilizada no processo”, destaca a coordenadora da pesquisa.
Com base nos mais recentes números relativos à cana-de-açúcar divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é possível aferir a disponibilidade da matéria-prima necessária para a produção da sílica gel e da nanosílica de alta pureza. A estimativa para a safra 2017/2018 de cana-de-açúcar é de 647,63 milhões de toneladas (na safra 2016/2017, foram colhidas 657,18 milhões de toneladas). Cada tonelada gera de 250 a 270 kg de bagaço, cuja queima com as palhas e pontas (mais 200 kg por tonelada) resulta em 1% a 4% de cinzas.
SUSTENTABILIDADE – A nanosílica desenvolvida é uma alternativa à sílica de alta pureza comercialmente disponível, fabricada por meio de um processo de fusão de areia industrial com soda cáustica em fornos de alta temperatura operados entre 1.300 ºC e 1.500 ºC (ou em temperaturas mais elevadas para produzir materiais com características vítreas).
"No nosso processo, a nanosílica de alta pureza é obtida em temperaturas entre 350 ºC e 550 ºC. Logo, há uma grande economia de custo energético”, salienta Denise.
No processo desenvolvido na pesquisa, as cinzas primeiramente são submetidas a uma fusão com hidróxido de sódio. Em seguida, a mistura fundida é submetida a refluxo de água para solubilização do silicato de sódio. Na última etapa, é adicionado ácido para precipitar a sílica. Todo o processo está incluído em um depósito de patente submetido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
A pesquisa está na fase de desenvolvimento em escala de laboratório. Os projetos em andamento no Ipen estão voltados para a avaliação do uso da nanosílica no tratamento de efluente têxtil e de água contaminada com interferentes endócrinos, como o bisfenol-A. Nesse mesmo enfoque de utilização, o processo de preparação de membrana para nanofiltração tem sido objeto de estudo.
Outra pesquisa busca analisar o uso da nanosílica de alta pureza na produção de biopolímeros termoplásticos como potenciais substitutos dos plásticos convencionais. "A próxima etapa da linha de pesquisa será direcionada para o aumento de escala e avaliação da viabilidade econômica do processo de obtenção dos produtos”, informa Denise.
ESTATÍSTICAS – De acordo com informações do relatório "A indústria mineral paulista: síntese setorial do mercado produtor” (http://bit.ly/2hhwdBq), publicado neste ano pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as reservas brasileiras de areia industrial em 2013 eram de 1,2 bilhão de toneladas lavráveis. As jazidas mais importantes deste bem mineral estão localizadas nos estados de São Paulo (60%, com cerca de 546 milhões de toneladas de reservas lavráveis), Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Sergipe e Pernambuco.
A mesma publicação informa ainda que os dados oficiais sobre a demanda por areia industrial no país, de acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), apontam que os segmentos vidreiro (37,5%) e de fundição (37,5%) são responsáveis pela maior parte do consumo (75%). Para esses setores, de acordo com Denise, a areia industrial é vendida no estado bruto, não beneficiado, e tem um baixo valor de comercialização. Os demais 25% correspondem a um número expressivo de segmentos industriais, como indústrias cerâmicas (branca e de revestimento), cimenteiras e de ferro-ligas.
A pesquisadora enfatiza que, apesar de possuir as maiores reservas mundiais de rocha de quartzo e grandes reservas de areia industrial, o Brasil tem dependência externa dos produtos industrializados onde a nanosílica de alta pureza é empregada. Dessa forma, trata-se de um mercado que, segundo ela, apresenta um potencial expressivo, pois o valor comercial global estimado da sílica para aplicações que necessitam de um material de alta pureza foi de US$ 1,7 milhão em 2016.
A sílica gel e a nanosílica sintetizadas pelo grupo do Ipen, por apresentarem grau de pureza acima de 99%, possuem, de acordo com Denise, alto valor agregado e potencial de geração de receitas para as indústrias ucroalcooleiras, que poderiam comercializá-las como matérias-primas para os fabricantes de tintas, polímeros, cerâmicas, revestimentos, indústria automobilística, agentes de limpeza, catalisadores, adsorventes, desumidificantes e produtos alimentícios, criando assim um novo nicho econômico para os subprodutos da fabricação de açúcar e álcool.
Outras aplicações possíveis para os produtos envolvem segmentos que possuem demanda crescente na atualidade, tais como a indústria de microeletrônica (para a fabricação de semicondutores, circuitos integrados etc.); fabricação de células solares para geração de energia elétrica por fotoconversão de energia solar e uso em bateria recarregável do tipo íon-lítio.
Contatos com a professora Denise Fungaro podem ser feitos pelo e-mail dfungaro@ipen.br
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- 27/09/2017 - Chapinha pode transformar cabelo em carvão, mostra pesquisa - Bem EstarOs fios de cabelo perdem líquido quando em temperaturas muito altas. Quando a temperatura da chapinha passa dos 200°C, o cabelo pode virar carvão. Por isso, é imprescindível o uso do protetor térmico.
Os fios de cabelo perdem líquido quando em temperaturas muito altas. Quando a temperatura da chapinha passa dos 200°C, o cabelo pode virar carvão. Por isso, é imprescindível o uso do protetor térmico.
Fonte: Programa Bem Estar - Rede Globo
Matéria divulgada no programa Bem Estar, da Rede Globo, divulga pesquisa desenvolvida por Cibele Lima, doutora em Ciências Farmacêuticas pela USP, relacionada a tratamento de cabelo. Os ensaios científicos foram realizados em laboratório do Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN.
Link para a matéria no YouTube
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- 26/09/2017 - CTMSP e Ipen prontificam novo elemento combustível para o Reator Multipropósito BrasileiroFonte: AbenO Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP) prontificaram o primeiro combustível nuclear para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Este marco confirma a capacitação tecnológica do Brasil na área nuclear, produzindo combustível metálico com urânio enriquecido a 19,9% a ser testado dentro do reator do Ipen/MB-01 dentro das etapas de qualificação exigidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
O primeiro combustível nuclear tipo placa a ser testado no Reator Nuclear de Pesquisas Ipen/MB-01 foi lançado durante a celebração do 61º aniversário do Ipen no dia 31 de agosto de 2017. É o primeiro de uma série de 19 elementos combustíveis que comporão o núcleo do Reator Multipropósito Brasileiro (RBM), importante iniciativa civil para a pesquisa nuclear no País no momento.
O Ipen/MB-01 permite simulação de todas as características nucleares de um reator de grande porte, em escala reduzida, além de possibilitar pesquisa na área de física de reatores. É utilizado, ainda, para a formação de operadores de reatores da Eletrobras Eletronuclear e do Centro de Instrução e Adestramento Nuclear de Aramar (Ciana).
O RMB destina-se a dar autonomia ao País na produção de radioisótopos e ampliar a capacidade nacional em pesquisa de técnicas nucleares. Será construído no setor norte do Centro Industrial Nuclear de Aramar (Cina), dentro de parceria entre a Cnen a Marinha do Brasil, para ampliar o uso de medicina nuclear aos brasileiros, além de testes com materiais nucleares para o PNM/Prosub.
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- 22/09/2017 - Alta intensidade e altamente popular - Agência FapespO Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) tem papel fundamental no desenvolvimento de lasers e na popularização no país do uso nas mais variadas áreas desses pulsos de amplificação da luz por emissão estimulada de radiação
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) tem papel fundamental no desenvolvimento de lasers e na popularização no país do uso nas mais variadas áreas desses pulsos de amplificação da luz por emissão estimulada de radiação
Fonte: Agência Fapesp
Heitor Shimizu, de Lincoln (EUA)O uso de lasers nos mais variados procedimentos em medicina e odontologia hoje é algo comum. Mas no Brasil na década de 1980, se alguém dissesse que recebeu aplicações de laser no rosto ou na boca – e estava feliz com o resultado – seria encarado com suspeita.
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) tem papel fundamental no desenvolvimento de lasers e na popularização no país do uso nas mais variadas áreas desses pulsos de amplificação da luz por emissão estimulada de radiação.
Foi no início da década de 1980 que pesquisadores do IPEN dominaram a técnica de crescimento do cristal YLiF4 (fluoreto de ítrio e lítio) adicionado com o íon terra-rara neodímio – esta adição, conhecida como dopagem, faz com que o cristal adquira propriedades de semicondução do outro elemento.
"O YLiF4 é birrefringente, quer dizer, tem índices de refração diferentes para diferentes direções de propagação da luz. O cristal deu origem aos primeiros lasers de estado sólido produzidos no Brasil, que foram feitos com componentes nacionais ou adaptados para as nossas necessidades”, disse Nilson Dias Vieira Junior, pesquisador do IPEN e um dos palestrantes na FAPESP Week Nebraska-Texas, que reúne pesquisadores dos Estados Unidos e do Brasil até 22 de setembro nas cidades de Lincoln (Nebraska) e Lubbock (Texas). Ele falou no evento sobre aplicações de lasers de alta intensidade.
Vieira Junior entrou no IPEN em 1979. "Fui convidado pelo [físico] Spero Morato para trabalhar no desenvolvimento do primeiro laser em estado sólido no Brasil. Dois anos depois, conseguimos fazer funcionar, dando início ao Grupo de Desenvolvimento de Lasers, uma área de processos especiais no instituto”, disse à Agência FAPESP.
O pesquisador conta que, depois dos primeiros lasers pulsados e contínuos, o IPEN produziu cristais dopados com outro elemento químico, o hólmio. Esses cristais permitiram produzir lasers com emissão em comprimento de onda de poucos micrômetros, mais adequados a aplicações médicas e odontológicas. Tiveram início também aplicações em processamento de materiais.
"Desenvolvemos lasers pulsados, lasers contínuos, cobrimos toda a tecnologia de desenvolvimento de laser e conseguimos a nacionalização vertical de todo o processo”, disse Vieira Junior.
Com lasers disponíveis, começaram a surgir aplicações. "Ajudamos no desenvolvimento de um implante coclear com o uso de laser para a obtenção de componentes com cerca de 300 micrômetros de diâmetro. Fizemos uma solda para um protótipo de foguete da Agência Espacial Brasileira. Em 1992, iniciamos o desenvolvimento de um laser de hólmio, com energia extremamente elevada, que foi utilizado na remoção de materiais em dentes”, disse.
"Além do desenvolvimento dos lasers é preciso destacar a formação de pessoal. Desde o início, vimos a importância de trabalhar com profissionais das mais diversas áreas e entendemos que também podíamos contribuir com capacitação. Passamos a oferecer diversas ações para difusão das aplicações de lasers no Brasil”, disse Vieira Junior, que foi superintendente do IPEN de 2008 a 2012 e membro do Conselho Superior da FAPESP de 2000 a 2006.
O Grupo de Desenvolvimento de Lasers deu origem ao atual Centro de Lasers e Aplicações (CLA) do IPEN, por meio do qual foi criado o primeiro programa de Mestrado Profissional em Lasers em Odontologia no país, oferecido em conjunto com a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
"Trabalhamos juntos desde o início, IPEN e Odontologia da USP. Formamos mais de 160 mestres, com resultados como o desenvolvimento de muitos métodos terapêuticos atualmente em uso clínico”, disse Vieira Junior.
Entre os métodos destacam-se a prevenção da cárie dental por laser, a redução microbiana em endodontia e periodontia por lasers em baixa intensidade, a fluxometria laser Doppler e a mitigação de efeitos indesejados da radioterapia e quimioterapia, como a mucosite oral.
Atualmente, o CLA atua no desenvolvimento de técnicas terapêuticas com o uso de nanomateriais. Esta linha de pesquisa investiga efeitos de nanopartículas de prata e de pontos quânticos (quantum dots) para terapia e diagnóstico óptico.
Vieira Junior se anima com a popularização dos lasers em aplicações médicas e odontológicas, mas alerta para os cuidados que se deve ter com o uso. "O laser é um instrumento para aplicações e hoje está muito disponível. O nicho de aplicações é enorme, mas é preciso entender os processos envolvidos em seu uso”, disse.
"Nossa contribuição no IPEN sempre foi muito forte quanto à divulgação do conhecimento para usar lasers de maneira correta. Criamos protocolos de segurança, para o paciente e para quem opera os equipamentos. É preciso saber qual a dose, o local a ser aplicado, que tipo de laser pode ser usado. Não é porque é popular que pode ser usado para qualquer coisa. O laser é um instrumento capaz de curar mas também de prejudicar, ser for mal utilizado. O apontador laser, de luz verde, pode até mesmo cegar uma pessoa”, disse Vieira Junior.
Materiais e intensidade
Em processamento de materiais, o IPEN desenvolve aplicações que atendem a demandas de empresas, públicas e privadas, em funções como corte, furação ou soldagem, entre muitas outras. Soldagens de materiais dissimilares para a indústria aeroespacial e para a área médica são exemplos de sucesso. "O instituto dispõe também de uma unidade de processamento com lasers de duração de femtossegundos, para produzir microestruturas”, disse Vieira Junior.
O CLA também desenvolve competência científica e tecnológica em lasers para aplicações em monitoramento ambiental e na área nuclear, formando recursos humanos e gerando produtos e serviços. O crescimento da demanda por lasers e o amadurecimento da tecnologia levou à criação da Lasertools, spin-off do IPEN.
O desenvolvimento de lasers no IPEN contou com apoio da FAPESP desde o início. A FAPESP já concedeu mais de 1,3 mil auxílios e bolsas a pesquisadores do instituto. Atualmente, pesquisadores do IPEN conduzem 18 projetos apoiados pela FAPESP por meio de Auxílios à Pesquisa.
Pesquisadores do IPEN têm também publicado em títulos de alto impacto. Em 2015, por exemplo, Vieira Junior e colegas publicaram naScientific ReportdaNature, artigo em que descrevem a síntese de diamante a partir de grafite por compressão dinâmica com laser ultrarrápido. O trabalho foi feito em parceria com pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
Graças ao desenvolvimento no IPEN de lasers de alta densidade – entre os quais o mais intenso do hemisfério Sul, com 0,5 TW de potência –, os pesquisadores foram capazes de produzir em laboratório altíssimas condições termodinâmicas de pressão e temperatura, necessárias para a transformação de carbono em diamante, como descrito no artigo.
"Um dos próximos passos é acelerar partículas carregadas com o laser para energias elevadas, energias comparáveis com o repouso do elétron, que são energias relativísticas. O objetivo final é acelerar prótons para uso em medicina nuclear. Temos que caracterizar, otimizar, entender os fenômenos básicos, em sintonia com os grandes centros de desenvolvimento de lasers no mundo”, disse Vieira Junior.
Nilson Dias Vieira Junior, pesquisador do IPEN e um dos palestrantes na FAPESP Week Nebraska-Texas (foto: Heitor Shimizu/Agência FAPESP)
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- 15/09/2017 - Em solenidade alusiva aos 30 anos do acidente com césio-137, servidores e ex-servidores da Cnen foram homenageados pela Câmara Municipal de GoiâniaFonte: AbenO diretor do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), Rugles César Barbosa, o chefe da Divisão de Rejeitos Radioativos (Direj) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Walter Mendes Ferreira, o ex-presidente da Cnen Rex Nazaré Alves e o ex-servidor da instituição Luiz Hiroshi Sakamoto foram homenageados na noite de quarta-feira (13/09) pela Câmara Municipal de Goiânia, cidade onde ocorreu o acidente com césio-137 em setembro de 1987. Em sessão especial do legislativo municipal, denominada "Não Podemos Esquecer: césio-137 - 30 Anos Depois", eles receberam diplomas de honra ao mérito, documento que registrou um agradecimento da cidade pela "generosidade e destacada atuação" nas ações relativas ao acidente com césio-137.
Walter Ferreira é físico e foi o responsável por identificar a ocorrência do acidente com césio-137. Em setembro de 1987, ele estava em Goiânia quando foi levantada a suspeita de que estaria havendo uma contaminação com material radioativo. Com um equipamento que detecta radioatividade, ele confirmou a ocorrência do acidente e acionou as autoridades competentes, entre elas a Cnen, que imediatamente deslocou para a cidade uma grande equipe de técnicos especializados da área nuclear.
Nos meses seguintes, Walter Ferreira integrou as equipes que atuaram na identificação e primeiros atendimentos aos radioacidentados e também nas ações de remediação das áreas contaminadas pelo césio-137. Ele ingressou nos quadros da Cnen, onde atualmente chefia a Direj, setor responsável pelo gerenciamento dos rejeitos radioativos gerados em todo o país.
Na Câmara Municipal, Rugles César Barbosa, também recebeu um diploma de honra ao mérito, em reconhecimento pelos bons trabalhos prestados à comunidade local. Rugles Barbosa é o diretor do Centro Regional de Ciência Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), unidade da Cnen localizada em Abadia de Goiás, na região metropolitana de Goiânia, onde estão os depósitos com rejeitos radioativos oriundos do acidente com césio-137. Ele frisou que não participou das ações de atendimento a vítimas e recuperação das áreas afetadas em Goiânia e, portanto, considera a homenagem um reconhecimento a todos os servidores do CRCN-CO, pelo empenho e dedicação que sempre demonstraram.
O ex-servidor da Cnen Luis Hiroshi Sakamoto também recebeu diploma de honra ao mérito da Câmara Municipal. Ele atuou nas ações de descontaminação das áreas afetadas em Goiânia e na adequação do armazenamento dos rejeitos radioativos em Abadia de Goiás. Rex Nazaré Alves, ex-presidente da Cnen, também foi um dos selecionados para receber a homenagem, mas não pôde comparecer à solenidade. Ele presidia a Cnen em 1987, quando ocorreu o acidente radioativo.
Nesta mesma semana em que foi homenageado pela Câmara Municipal de Goiânia, Walter Ferreira também participou de outros eventos alusivos aos 30 anos do acidente. Na terça-feira (12/09), representou a Cnen em mesa redonda organizada pelo Memorial do Ministério Público Federal em Goiás, dentro da programação do evento denominado "Césio-137. 30 Anos do Acidente em Goiânia. Memórias e Reflexões".
O chefe da Direj/Cnen participou ainda da programação do Congresso Internacional de Bombeiros e Emergências (CIBE-BRAZIL), que ocorre de 13 a 15 de setembro, em Goiânia. No evento, proferiu uma palestra sobre o acidente e as lições aprendidas nestes últimos 30 anos. Além disso, foi um dos instrutores de um curso sobre noções de radioproteção em acidentes radiológicos, junto com Sandra Bellintani, servidora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), unidade da Cnen em São Paulo. À época do acidente, Sandra também atuou nas ações de recuperação da cidade de Goiânia e atendimento aos radioacidentados, tendo um destacado papel nestas atividades.