Ipen na Mídia
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- 12/09/2017 - Césio-137: Técnico que aparece em foto histórica é localizado 30 anos depois do acidente - Popular de GoiâniaMatias Puga Sanches participou da missão de recuperação das poucas lembranças que restaram da menina Leide das Neves
Matias Puga Sanches participou da missão de recuperação das poucas lembranças que restaram da menina Leide das Neves
Fonte: O Popular, Goiânia
Galtiery Rodrigues
O plano era ficar na Alemanha por mais um mês, curtindo férias, depois de concluir um curso de especialização, mas o chamado às pressas fez com que Matias Puga Sanches, hoje com 65 anos, deixasse tudo de lado e viesse parar em Goiânia. Hoje aposentado e morando em São Paulo, o ex-supervisor de Proteção Radiológica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é o técnico que aparece na foto veiculada na capa da edição do POPULAR do último domingo (10) vestindo roupas especiais e trabalhando na medição do cabeçote do aparelho de radioterapia que continha a cápsula de césio 137.Da Alemanha, ele foi para o quintal da casa da menina Leide das Neves, no Setor Norte Ferroviário, onde a foto foi registrada pelo fotógrafo Lailson Damásio. A garotinha se tornou a vítima-símbolo do acidente radiológico, falecendo em outubro de 1987 com apenas seis anos. Matias Puga participou da missão de recuperação das poucas lembranças que restaram da garota, antes que a casa fosse demolida e tudo virasse rejeito radioativo. "Aquele foi o momento mais crucial do nosso trabalho. Entramos na casa para resgatar fotos e a certidão de nascimento da menina, a pedido da família”, relembra Matias.
A mãe da garota, a dona de casa Lourdes das Neves Ferreira, hoje com 65 anos, receberia emocionada dias depois, das mãos da pesquisadora Sandra Bellintani, que era quem acompanhava Matias na missão, as únicas fotos da filha, que hoje são mantidas em quadros e guardadas em casa. A função dele era medir os níveis de radiação para abrir o caminho e garantir a segurança da entrada no local. "Aquele cabeçote já não tinha mais material (césio)”, conta, mas a cautela era necessária, pois o lote estava entre os principais pontos de contaminação.
Damásio, que trabalhava para O POPULAR e tinha 22 anos na época, lembra que, no momento da foto, eram muitos os curiosos, vizinhos e profissionais da imprensa em volta do local. "Ele (Matias) ficava gritando e pedindo para a gente se afastar.” O fotógrafo estava a 50 metros do técnico da CNEN, mas não chegou a trocar palavras com ele. "Estou surpreso em saber que ele ainda está vivo e jamais imaginei que aquela foto seria marcante, histórica”, diz. Matias tinha 35 anos em 1987, e chegou a Goiânia no início de outubro onde ficou até o dia 20 de dezembro daquele ano.
Casa foi demolida sem precisar
O trabalho dos técnicos que ajudaram no processo de descontaminação dos locais
atingidos pelo césio 137, há 30 anos, era "acompanhado” de perto pela comoção e pelo temor da população. O ex-supervisor de Proteção Radiológica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Matias Puga Sanches, que ficou em Goiânia por mais de dois meses realizando o trabalho, conta que uma residência chegou a ser demolida sem necessidade por causa do medo da proprietária de voltar a entrar no local.
A casa ficava ao lado do lote onde morava a família da menina Leide das Neves, uma das mais conhecidas vítimas do acidente, que morreu em outubro de 1987. O imóvel foi considerado um dos principais focos de contaminação na época, causando forte inquietação na vizinhança.
"A proprietária disse que não entraria mais na casa e não restou outra alternativa, diante da resistência da família, a não ser a demolição.”
Césio no corpo
O técnico não saiu totalmente ileso do trabalho. Ele se recorda de que era época de muitas frutas em Goiânia e os pés carregados de goiabas eram um convite para comê-las. "Por ação do vento, o material (radioativo) ficou em suspensão no ar e, por consequência, acabava ficando nessas frutas. Nas nossas medições encontramos césio no meu corpo”, relata. A quantidade, no entanto, segundo ele, estava em níveis seguros e insuficientes para gerar qualquer doença.
O hábito de comer frutas de árvores próximas aos locais contaminados foi, inclusive, uma forma encontrada pelos técnicos de desmistificar os medos e tranquilizar as pessoas. Alguns chegaram até a participar de uma partida de futebol no antigo Estádio Olímpico, onde foi feito o monitoramento inicial da população
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- 06/09/2017 - Qual foi a bomba que a Coreia do Norte explodiu?No último domingo (3), o governo norte-coreano anunciou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogênio. Mas há controvérsias sobre o tipo de arma que de fato foi testado.
No último domingo (3), o governo norte-coreano anunciou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogênio. Mas há controvérsias sobre o tipo de arma que de fato foi testado.
Fonte: Revista ÉpocaA Coreia do Norte fez seis testes nucleares desde 2006. O último deles ocorreu no domingo (3). Segundo o governo do país, trata-se de uma bomba de hidrogênio, uma arma nuclear com grande capacidade de destruição. Num teste de janeiro de 2016, a Coreia do Norte também afirmou ter explodido uma bomba de hidrogênio. Mas alguns especialistas em energia nuclear desconfiam que o país tenha de fato desenvolvido uma bomba desse porte. Parte deles defende que a arma detonada foi uma bomba atômica turbinada. ÉPOCA entrevistou o pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IpenCenen-SP, USP) Luís Antônio Albiac Terremoto para esclarecer as dúvidas em torno do teste nuclear pela Coreia do Norte.
O que é uma arma nuclear?
É todo dispositivo com fins bélicos que usa uma reação nuclear para obter liberação de grande quantidade de energia em intervalos de tempo extremamente curtos. Existem dois tipos de reações nucleares usados nessa arma: a fissão nuclear e a fusão nuclear. A fissão nuclear é a divisão de núcleos dos elementos químicos urânio e plutônio. A fusão nuclear é o mesmo tipo de reação nuclear que ocorre no Sol. Na fusão que ocorre em uma arma nuclear, a forma mais comum de reação é a fusão de núcleos de dois tipos de hidrogênio, deutério e trítio, em átomos de hélio.
Qual é a diferença entre bomba atômica, bomba atômica turbinada e bomba de hidrogênio?
A bomba atômica usa a fissão nuclear para obter energia. Sendo 1 quiloton o equivalente a 1.000 toneladas do explosivo TNT (trinitrotolueno), uma bomba atômica libera, geralmente, até algumas dezenas de quilotons. Para ter ideia da dimensão das explosões, a arma que destruiu Hiroshima em 1945 tinha 15 quilotons. Alguns especialistas estimam que o teste do último final de semana na Coreia do Norte liberou cerca de 100 quilotons. Uma bomba atômica turbinada usa um arranjo semelhante ao da bomba atômica tradicional, com uma diferença: coloca-se um composto de deutério e lítio no centro da bomba que é submetido a uma fusão nuclear. Por causa desse mecanismo, a bomba acaba liberando mais energia que pode ir de algumas dezenas a centenas de quilotons. Esse tipo de fusão é desencadeado diretamente pela fissão nuclear dos átomos de urânio e plutônio. Já uma bomba de hidrogênio é mais complexa e usa dois estágios de reação. Em um primeiro momento, ocorre a fissão nuclear. Depois, essa fissão é usada como "gatilho” para um segundo estágio, em que ocorre a fusão nuclear. Nesse caso, a fusão nuclear é desencadeada de forma indireta depois da detonação do primeiro estágio e libera ainda mais energia, podendo ir de centenas de quilotons a dezenas de megatons (1 megaton equivale a 1 milhão de toneladas de TNT). O tamanho de uma bomba de hidrogênio, em média, é três vezes maior que o de uma bomba atômica convencional e mede cerca de 1,5 metro de comprimento e 50 centímetros de largura.
O que é uma bomba termonuclear?
Uma bomba termonuclear é aquela que usa a fusão nuclear como fonte da maior parte da energia liberada. Existem dois tipos de bomba termonuclear: a bomba de hidrogênio e a bomba de nêutrons. Enquanto a bomba de hidrogênio é projetada para causar uma destruição generalizada, a bomba de nêutrons causa danos menores a construções e maiores aos seres vivos, devido à quantidade de radiação liberada.
Por que existem dúvidas quanto ao tipo de bomba testada na Coreia do Norte?
O problema na identificação do tipo de bomba está relacionado principalmente ao fato de o teste ter sido subterrâneo. Em um teste atmosférico, é possível detectar gases radioativos gerados na explosão que revelam o tipo da bomba. Num teste subterrâneo, essa análise é mais difícil e pode ser feita apenas se houver vazamento dos produtos das reações nucleares. Além disso, os abalos sísmicos gerados na região da explosão não são fonte de informação confiável para descobrir que tipo de bomba foi detonado. A depender das características do solo da região, a forma como a bomba foi colocada antes da detonação também interfere na intensidade dos tremores. Em geral, essas informações não são divulgadas pelo país que realizou o teste nuclear.
É possível que o teste nuclear do último final de semana tenha sido de uma bomba de hidrogênio?
O pesquisador do Ipen Luís Antônio Albiac Terremoto acredita que o teste realizado pela Coreia do Norte tenha sido de uma bomba de hidrogênio. Para chegar a essa conclusão, ele não se baseia apenas nesse último teste, já que não é possível identificar com certeza o tipo de bomba apenas a partir da última explosão. Ele analisou todos os cinco testes nucleares anteriores da Coreia do Norte e percebeu uma linha de desenvolvimento de tecnologia. Na escala de Richter, a bomba de outubro de 2006 causou um tremor de magnitude 4,1, a de maio de 2009 causou 4,5, a de fevereiro de 2013 e de janeiro de 2016 causaram 5,1, a de setembro de 2016 causou 5,3 e agora, em setembro de 2017, causou 6,3. Para o pesquisador, percebe-se que a Coreia do Norte está caminhando no desenvolvimento de uma bomba com dois estágios de reações nucleares e provavelmente conseguiu ter sucesso no teste de uma bomba de hidrogênio. "Para chegar a esse desenvolvimento com tão poucos testes, os norte-coreanos não estão trabalhando com amadores, mas sim com cientistas que provavelmente já têm uma experiência de trabalho direto com outros programas nucleares bélicos”, diz.
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- 06/09/2017 - Cinza da cana-de-açúcar é transformada em sílica para indústrias - Jornal da USPProcesso converte resíduo em matéria-prima para tintas, pneus, revestimentos e desumidificantes
Processo converte resíduo em matéria-prima para tintas, pneus, revestimentos e desumidificantes
Fonte: Jornal da USP
A sílica gel e a nanosílica de alta pureza são dois materiais, na forma de um pó branco, com inúmeras aplicações na indústria, como tintas, pneus de carro, cerâmicas, revestimentos, filtros de água, agentes desumidificantes e desidratantes para alimentos e medicamentos. No entanto, a obtenção da sílica industrial a partir da areia pode causar impacto ambiental. Para reduzir os danos ao meio ambiente, em uma pesquisa realizada no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), associado à USP, foi desenvolvida técnica para obter sílica a partir das cinzas de biomassa de cana-de-açúcar, o que também agrega valor a um resíduo hoje gerado em grande quantidade pela indústria sucro-alcooleira.
O projeto intituladoProdução de Sílica Gel e Nanosílica de Alta Pureza a partir de Cinzas da Biomassa de Cana-de-Açúcar com Alto Potencial de Comercializaçãorecebeu o Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia 2016, oferecido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), na categoria Pesquisador. "A sílica produzida pela indústria é extraída da areia por meio de um processo que usa temperaturas superiores a 1.000 graus Celsius”, afirma a química e professora Denise Alves Fungaro, que coordenou a pesquisa. "Além de retirar a areia do meio ambiente, degradando um recurso natural, o processo industrial exige um grande gasto de energia.”
As cinzas de biomassa de cana-de-açúcar são produzidas na queima do bagaço, um resíduo da produção de açúcar e álcool, que deve ser disposto no meio ambiente de forma controlada. "Normalmente, o bagaço é queimado para gerar energia nas usinas, só que as cinzas que sobram do processo não são reaproveitadas para produção de produtos, sendo colocadas no solo com outros resíduos industriais, como a torta e o vinhoto”, aponta a química. "A princípio, essa utilização dos resíduos funcionaria como fertilizante para o solo, mas as cinzas possuem nutrientes escassos com baixa dissolução, não sendo muito eficientes para essa função. Além disso, a toxicidade do resíduo também não é avaliada.”
O interesse em estudar a obtenção de sílica das cinzas do bagaço de cana veio da experiência do grupo de pesquisa do Ipen com cinzas de carvão mineral, um resíduo que pode ser transformado em materiais com alto valor agregado, por ser fonte de sílica e alumina. "Estudos relatados na literatura apontaram que as cinzas de biomassa de cana-de-açúcar possuem, no mínimo, 60% de sílica. Esse fato, aliado à grande produção de cana-de-açúcar no Brasil, gerando esse resíduo muito abundante e não aproveitado, deu início a essa linha de pesquisa”, conta Denise. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa de produção para a safra 2016/2017 era de 684,77 milhões de toneladas de cana. Cada tonelada gera de 250 a 270 quilos (kg) de bagaço, cuja queima com as palhas e pontas (mais 200 kg por tonelada) resulta em 1% a 4% de cinzas.
Pureza
No processo desenvolvido na pesquisa, as cinzas primeiro são submetidas à fusão com hidróxido de sódio a 500° C. "Em seguida, para obtenção da sílica em pó, a mistura fundida passa por um refluxo de água até que todo o silicato de sódio esteja dissolvido e por fim é adicionado um ácido para precipitar a sílica”, relata a química. "Ao final, são obtidas sílica gel e nanosílica de alta pureza (acima de 99%), dois produtos com granulometria diferente, na forma de pó de cor branca, condição necessária para o seu aproveitamento pela indústria.”
Além do aproveitamento do resíduo, a técnica para obtenção da sílica utiliza uma fonte renovável (a biomassa dacana) como matéria-prima. "Como a fusão é feita a uma temperatura mais baixa do que no processo industrial tradicional, há um menor gasto de energia, além de otimizar o consumo de água”, ressalta Denise. "Também não é preciso dispor de aterros para o descarte adequado do resíduo.”
Após a premiação, a técnica desenvolvida teve a patente depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). "A nanosílica é um material com grande potencial de comercialização devido às suas diversas aplicações industriais”, observa Denise. "A ideia é fazer com que o processo seja conhecido e adotado por empresas, em especial as indústrias do setor sucro-alcooleiro.”
O prêmio, oferecido pela Abiquim, tem como objetivo principal estimular a pesquisa e a inovação na área química no âmbito nacional, reconhecendo projetos de inovação tecnológica na área de química que demonstrem a inventividade e a criatividade de empresas e pesquisadores. A pesquisa teve a participação das pós-doutorandas do Ipen, cuja pós-graduação é vinculada à USP, professoras Luciana Cavalcanti de Azevedo e Suzimara Rovani. A professora Denise foi indicada pelo reitor Marco Antonio Zago para compor o Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP a partir de setembro.
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- 05/09/2017 - Pesquisadora da USP avalia os riscos do uso da chapinha nos cabelos - Diário OficialAplicá-la em temperaturaa partir de 200ºC provoca início da perda de queratina, o que compromete a força e a elasticidade dos cabelos
Aplicá-la em temperaturaa partir de 200ºC provoca início da perda de queratina, o que compromete a força e a elasticidade dos cabelos
Fonte: Diário Oficial do Poder Executivo - Estado de S. Paulo
A mulher que tinge seus cabelos, em geral, gosta de escová-los e finalizá--los com a popular chapinha, pois o resultado é uma madeixa lisa e brilhante. No entanto, a pesquisadora Cibele Rosana Ribeiro de Castro Lima avaliou os malefícios do uso de equipamentos térmicos (prancha e secador) nos fios e recomenda alguns cuidados indispensáveis para garantir a saúde capilar.
Sua pesquisa integra a tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e inclui mechas virgens de cabelos das seguintes etnias: oriental, caucasiano, afro e brasileiro. O oriental é proveniente de pessoas do Japão, China e Coreia(fio liso em toda a extensão e o mais resistente entre todas as etnias). O caucasiano tem ancestralidade europeia(fio levemente ondulado e de cor castanho-escura). O fio afro foi coletado de pessoa de origem africanae é considerado o mais frágil entre todos os analisados. A pesquisadora diz que esse tipo de cabelo é o demenor resistência ao estiramento e quebra mais facilmente ao ser penteado. A mecha brasileira analisadaé lisa, levemente ondulada e de cor castanho-escura.
"Na primeira parte do trabalho, queria ver o comportamento térmico das mechas virgens submetidas à alta temperatura”, informa a pesquisadora. Ela observa que, após lavar e secar os fios, os tipos caucasiano e oriental apresentaram comprometimento da queratina quando o dispositivo térmico alcançou 236ºC de temperatura. No crespo, o mesmo dano foi observado quando o aparelho chegou a 223ºC.
Irreversíveis
"Diante de temperaturas muito altas, verificamos que os prejuízos aos cabelos foram irreversíveis. Isso significa queo calor excessivo aumenta a porosidade dos fios, danifica a cutícula (parte superficial) e o córtex (estrutura interna, onde é armazenada a queratina, responsável pela força e elasticidade dos fios)”, comenta. Com a temperatura a partir de 200ºC, segundo Cibele, inicia-se o processo de degradação da queratina, o qual atinge sua plenitude nos fiosafros a 223ºC; e entre os caucasianos e orientais, a 236ºC.
No dia a dia, o estrago do cabelo é proporcional ao grau da temperatura ou ao tempo de permanência da prancha em contato com os fios, alerta. No mercado, há chapinhas que atingem 150ºC ou acima de 300ºC para uso profissional.
"Ao utilizá-la em casa, atente à temperatura, que não deve ultrapassar 200ºC. O uso incorreto causa danos microscópicos aos fios, os quais somente são notados a longo prazo, quando eles começam a ficar quebradiços”,avisa a pesquisadora. Outra recomendação é nunca aplicar a prancha com os cabelos molhados, para evitar o comprometimento da queratina em temperatura inferior a 200ºC.
De cerâmica
A especialista ensina que, para prevenir problema capilar irreversível, é necessário utilizar creme protetor térmico específico para cada tipo de cabelo antes de iniciar a escovação e, sobretudo, não pressionar a chapinha nos fios. Para Cibele, uma boa opção é adquirir o aparelho de cerâmica o qual mantém a temperatura estável.
"Antigamente, era comum a fabricação de chapinha de aço, que não oferecia estabilidade e queimava o cabelo”, informa. "O ideal é que o aparelho deslize nos fios em mechas pequenas. A chapinha não é prejudicial se for usada de forma adequada”, esclarece. Como não há tratamento para recuperar os fios que perderam a queratina, a única saída é cortar os cabelos em toda a extensão comprometida.
Se preferir ir ao salão de beleza, ela destaca a importância de identificar um profissional confiável, apto a fazer a escovação na temperatura e forma apropriadas, para garantir a saúde das madeixas.
Cibele também comparou mechas virgens submetidas a dispositivos térmicos em relação a outras que passaram por descoloração e, depois, a mesma técnica de aquecimento. Ela notou que os prejuízos causados por esses aparelhos afetam todos os tipos de cabelos, que se tornam mais fragilizados, porosos e sem uniformidade. "Após a descoloração,os cabelos ficam mais porosos, pois o processo químico elimina parte da cutícula e outros componentes vitais do cabelo, como proteínas, por exemplo”, explica.
Liso, perfeito
Escova progressiva e botox, que prometem o liso perfeito, podem ser prejudiciais por causa da aplicação de produtos químicos associados ao uso da chapinha, geralmente, em elevadas tempera turas, alerta. Nessa mesma pesquisa, Cibele quis saber o efeito da descoloração seguida de alisamento por chapinha em cabelos com características brasileiras. O resultado foi ainda pior. Segundo a pesquisadora, o cabelo descolorido ficou extremamente frágil, mais poroso e as cutículas abriram. Em contato com o calor intenso do aparelho, houve mais perda de queratina do que em comparaçãoaos cabelos virgens.
A pesquisadora afirma que os protetores térmicos disponíveis no mercado são eficazes se a chapinha for usada corretamente. No estudo de proteção térmica, foram testados dois produtos: um condicionador leave-on (que não recomenda enxágue após a aplicação) e uma mistura de silicone. Como resultado, o cabelo descolorido respondeu melhor ao silicone, e o virgem, ao leave-on.
Cibele explica que isso ocorreu porque o silicone forma um filme em volta da cutícula, impedindo que o calor danifique a parte interior do fio. Enquanto o leave-on, por ter bastante água em sua composição (cerca de 60% a 70%), penetra no fio com mais facilidade, sem se fixar na superfície do cabelo.
Nas mechas de cabelos virgens, por serem mais uniformes, o leave-on permaneceu nas camadas externas, o que não ocorreu com os descoloridos. É importante, também, a escolha adequada do cosmético e "seu nível de proteçãodependerá da composição química, do tipo de produto e do estado em que os cabelos se encontram”.
A pesquisa foi realizada durante um ano nos laboratórios do Instituto de Química (IQ) da USP, em parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), com a orientação do professor Jivaldo do Rosário Matos, do IQ da USP, e cooperação da professora Luci Brocardo Machado, do Ipen.
Viviane GomesImprensa Oficial – Conteúdo EditorialJornal da USP
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- 03/09/2017 - Césio 137: o mais grave acidente radioativo do Brasil completa 30 anosSubstância radioativa se espalhou por Goiânia e ocasionou quatro mortes, além de deixar mais de mil afetados e um trauma que jamais será esquecido.
Substância radioativa se espalhou por Goiânia e ocasionou quatro mortes, além de deixar mais de mil afetados e um trauma que jamais será esquecido.
Fonte: Fantástico - TV Globo
O mais grave acidente radioativo do Brasil completa 30 anos, e o Fantástico volta ao cenário da tragédia do césio 137, em Goiânia. Hoje, no local, há um terreno concretado, mas, na época, funcionava um ferro velho, onde dois funcionários romperam um equipamento de radioterapia. A substância radioativa se espalhou pela cidade e ocasionou quatro mortes, além de deixar mais de mil pessoas afetadas pela radiação e um trauma que não será esquecido.
Na reportagem especial você vê fotos inéditas da época e o depoimento exclusivo de um dos condenados. Pela primeira vez, o físico responsável pelo aparelho de radioterapia apresenta sua versão sobre o acidente. O programa também vai ao depósito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, onde até hoje está o lixo atômico, e mostra o que mudou nas regras de descarte de equipamentos hospitalares.
Link para a matéria no site do G1:
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2017/09/cesio-137-o-mais-grave-acidente-radioativo-do-brasil-completa-30-anos.html
(Foram entrevistados, no IPEN, Francisco Biazini, Sandra Bellintani e José Cláudio Dellamano).
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- 12/07/2017 - Centro de inovação da USP capacitará startups em parceria com a Samsung - FolhaFonte: Folha de S. PauloO Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), entidade gestora da Incubadora de Base tecnológica do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) da USP, foi escolhido pelo terceiro ano consecutivo para ser uma das incubadoras participantes do Programa de Promoção da Economia Criativa.
O programa, uma parceria entre a Samsung, Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) e a CCEI Daegu (Centro de Economia Criativa e Inovação, da Coreia do Sul), tem como objetivo estimular e apoiar o desenvolvimento e a aceleração de empreendimentos que tenham base tecnológica e que atuem em áreas de interesse da Samsung. Nestes três anos de participação, o Cietec incubou cinco empresas, sendo duas internas e três externas.
"Participar de um programa como esse é muito importante, pois estamos vendo crescer no país uma cultura de inovação" explica Sérgio Risola, diretor-executivo do Cietec. "Estamos felizes de participar pelo terceiro ano consecutivo da iniciativa e já estamos vendo ótimos resultados nas empresas incubadas em anos anteriores".
Ingresso e seleção
Para ingressar na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN - Cietec, as empresas que atuam nas áreas de interesse do Programa devem se inscrever até o dia 20 de agosto pelo portal da Anprotec. Na segunda etapa as propostas serão avaliadas por uma banca especializada, formada por Samsung, Anprotec e as incubadoras selecionadas.
A seleção final premiará até 20 startups com um valor que pode chegar a R$ 250 mil por empreendimento. Além disso, as empresas selecionadas terão à disposição toda a infraestrutura da incubadora e acesso a treinamentos, assessorias e redes de investidores.
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- 12/07/2017 - Centro de inovação da USP capacitará startups em parceria com a Samsung - Site RicMaisFonte: Site RicMais
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), entidade gestora da Incubadora de Base tecnológica do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) da USP, foi escolhido pelo terceiro ano consecutivo para ser uma das incubadoras participantes do Programa de Promoção da Economia Criativa.O programa, uma parceria entre a Samsung, Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) e a CCEI Daegu (Centro de Economia Criativa e Inovação, da Coreia do Sul), tem como objetivo estimular e apoiar o desenvolvimento e a aceleração de empreendimentos que tenham base tecnológica e que atuem em áreas de interesse da Samsung. Nestes três anos de participação, o Cietec incubou cinco empresas, sendo duas internas e três externas.
"Participar de um programa como esse é muito importante, pois estamos vendo crescer no país uma cultura de inovação" explica Sérgio Risola, diretor-executivo do Cietec. "Estamos felizes de participar pelo terceiro ano consecutivo da iniciativa e já estamos vendo ótimos resultados nas empresas incubadas em anos anteriores".
INGRESSO E SELEÇÃO
Para ingressar na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN - Cietec, as empresas que atuam nas áreas de interesse do Programa devem se inscrever até o dia 20 de agosto pelo portal da Anprotec. Na segunda etapa, as propostas serão avaliadas por uma banca especializada, formada por Samsung, Anprotec e as incubadoras selecionadas.
A seleção final premiará até 20 startups com um valor que pode chegar a R$ 250 mil por empreendimento. Além disso, as empresas selecionadas terão à disposição toda a infraestrutura da incubadora e acesso a treinamentos, assessorias e redes de investidores.
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- 11/07/2017 - Revista Superinteressante em visita ao Reator IEA-R1O vídeo documentando a visita de equipe da Revista Superinteressante ao Reator IEA-R1 encontra-se no perfil da revista no Facebook
O vídeo documentando a visita de equipe da Revista Superinteressante ao Reator IEA-R1 encontra-se no perfil da revista no Facebook
Fonte: Revista Superinteressante
O jornalista Bruno Garattoni e o cinegrafista Thiago Akira Almeida visitaram o Reator Nuclear para Pesquisa IEA-R1 em 11 de julho de 2017. O operador de Reator Julio Tondin recepcionou-os no Centro do Reator de Pesquisa (CRPq) do IPEN. O resultado da visita encontra-se documentado em vídeo publicado no perfil da Revista Superinteressante no Facebook. -
- 04/07/2017 - Bressiani assume Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da CNENFonte: Site CNEN
José Carlos Bressiani foi empossado, na manhã desta terça-feira (4/7), no cargo de diretor da Diretoria Pesquisa e Desenvolvimento (DPD)da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A cerimônia de posse foi realizadana sede da instituição, no Rio de Janeiro, com a presença do presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, além dos demais membros da direção. Dentre inúmeros cargos de relevância, Bressiani foi diretor doInstituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – Ipen/CNEN,de 2012 a 2017.Bressiani é engenheiro de materiais pela Universidade Federal de São Carlos, mestre pelo Ipen, doutor pelo Instituto Max-Planck/Universidade de Stuttgart – Alemanha e pesquisador do Ipen/CNEN desde 1975. É coordenador de vários projetos de pesquisa financiados por FINEP, CNPq, PADCT, CAPES e FAPESP. Dentre eles, três são de cooperação internacional, sendo dois com instituições alemãs e um envolvendo instituições do Canadá e da Argentina. Bressiani atuou como orientador de 16 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, é autor/co-autor de mais de 370 trabalhos científicos (revistas, capítulos de livros e anais), foi membro de diversos conselhos técnicos, de conselhos universitários e de comissão de pós-graduação.
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- 29/06/2017 - CDMF teve trabalho premiado no 61º Congresso Brasileiro de Cerâmica 2017Prof. Dr. Reginaldo Muccillo orienta pesquisadora com trabalho premiado no 61 CBC
Prof. Dr. Reginaldo Muccillo orienta pesquisadora com trabalho premiado no 61 CBC
Fonte: Site CDMF
Daniela Caceta
O trabalho "Propriedades físicas de compósitos de céria-samária/carbonatos fundidos para aplicação como membranas para separação de CO2” da bolsista de pós-doutorado/CNPq, Dra. Tatiane Cristina Porfírio, apresentado no 61 Congresso Brasileiro de Cerâmica em Gramado (RS), foi premiado como a melhor contribuição do congresso, o evento contou com mais de 400 participantes no 4 a 7 de Junho de 2017.
ApresentadoraTatiane Cristina PorfirioAutores(Instituição)Porfirio, T.C.(Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares);
Muccillo, R.(Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares)ResumoQuestões ambientais como efeito estufa, emissões de CO2, aquecimento global e alterações climáticas têm impulsionado pesquisas no desenvolvimento de tecnologias para redução dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera provenientes da queima de combustíveis fósseis. Uma das soluções mais investigadas nos últimos anos é a captura de CO2 através de membranas inorgânicas compósitas com condução iônica. As membranas são constituídas de uma fase sólida que serve de suporte para uma fase líquida composta de uma mistura eutética de carbonatos alcalinos. Neste trabalho, a fase cerâmica constituída por uma estrutura porosa de céria-samária, foi preparada com frações volumétricas entre 0 e 50% de fluoreto de lítio – LiF como formador de poros. A consolidação foi feita por aquecimento até próximo do ponto de fusão de LiF para formar uma fase líquida, seguida por sua eliminação por capilaridade sob aquecimento a 1500°C, promovendo a porosidade intergranular e a densificação da estrutura esqueletal. A densidade aparente foi avaliada pelo método de Arquimedes, a distribuição de poros por microscopia eletrônica de varredura e as propriedades elétricas por espectroscopia de impedância eletroquímica na faixa de frequência de 5 Hz – 13 MHz e temperaturas de 250 a 500°C. Os principais resultados mostram elevada densidade esqueletal e que as propriedades elétricas do eletrólito são fortemente afetadas pela fração de poros presentes na cerâmica. A membrana compósita para separação de dióxido de carbono foi formada a partir da impregnação dos poros com uma mistura eutética de carbonatos de lítio e potássio – (LiK)2CO3 – a alta temperatura, sob vácuo. O aumento da condutividade total foi verificado por espectroscopia de impedância entre 250 e 850°C. A percolação dos carbonatos fundidos entre os poros da cerâmica foi verificada por microscopia eletrônica de varredura e microscopia de varredura por sonda.
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- 27/06/2017 - Você sabia que existe um reator nuclear dentro da USP? - Jornal da USPConheça o IEA-R1, reator de pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Reportagem da TV USP
Conheça o IEA-R1, reator de pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Reportagem da TV USP
Fonte: Jornal da USP
Quem entra na Cidade Universitáriapela portaria 3 pode nem se dar conta, mas estará passando bem próximo de um reator nuclear. Ele fica no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, o Ipen, entidade associada à USP que ocupa uma área de 500mil m² do campus do Butantã.
Um reator nuclear é um sistema capaz de controlar a reação nuclear – caso contrário, essa reação, chamada também de fissão nuclear, liberaria uma quantidade imensa de energia, como acontece na explosão de bombas atômicas. E se engana quem pensa quea aplicação de um reator como esse é apenas para aobtenção de energia: a indústria e a medicina também podem se beneficiar dessas reações que acontecem no átomo.
Estas duas áreas são justamente o foco do IEA-R1, como é chamado o reator do Ipen. Trata-se de um reator de pesquisa tipo piscinaque utiliza água leve como moderador. Isso significa que a água leve é o elemento utilizado para reduzir a velocidade dos nêutrons liberados no processo de fissão.
Frederico Antonio Genezini é gerente do Centro do Reator Nuclear de Pesquisa (CRPq), área responsável pela operação e utilização do IEA-R1, e fala sobre as principais características do reator:
Visitas ao Ipen devem ser agendadas pelo e-mailpergunta@ipen.br. São aceitos grupos de 8 a 18 pessoas, com idade mínima de 18 anos. As visitas ocorrem às terças e quartas, no período da manhã. Mais informações sobre o Ipen nosite do instituto.
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- 26/06/2017 - Série JR: Avanços da Medicina trazem sucesso para os médicos e bem-estar para os pacientesO Jornal da Record divulga uma série de reportagens sobre desenvolvimentos na área da Saúde e divulga pesquisas do IPEN com curativos avançados
O Jornal da Record divulga uma série de reportagens sobre desenvolvimentos na área da Saúde e divulga pesquisas do IPEN com curativos avançados
Fonte: Jornal da RecordPesquisas desenvolvidas no Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA) do IPEN para o desenvolvimento de curativos avançados com biomateriais poliméricos, irradiados no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR), foram tema de reportagem sobre avanços da Medicina no Jornal da Record em 26 de junho de 2017. O gerente do CQMA, o pesquisador Ademar B. Lugão e a pesquisadora Mara Alcântara, do mesmo centro de pesquisa, são entrevistados pela jornalista Cleisla Garcia. Imagens: Elias Rodrigues.
Clique na imagem para acessar o vídeo.
"Todos os dias a medicina dá um passo na direção da cura e algumas doenças graves. Uma delas é a hanseníase, uma doença que causa manchas na pele em várias partes do corpo, redução na sensibilidade ao calor e ao toque e alterações nos nervos periféricos. Caso não for tratada a doença causa graves deformidades físicas. O Brasil é o segundo país em incidência, só perdendo para a Índia. Segundo o Ministério da Saúde, somente no ano passado foram registrados quase 30 mil novos casos. No entanto, graças a criatividade e dedicação dos médicos brasileiros, diagnósticos mais precisos e tratamentos menos invasivos podem estar à caminho. Confira!"
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- 21/06/2017 - Cristalografia e Software LivrePesquisadores da área de Materiais do IPEN criam software livre para estudo de estruturas cristalinas
Pesquisadores da área de Materiais do IPEN criam software livre para estudo de estruturas cristalinas
Fonte: Blog Código Aberto - Sessão Link do Estado de S. Paulo
Que tal aprender sobre estruturas cristalinas? Com software livre, é claro!
Por CCSL
Centro de Competência em Software Livre da USP
Comparação de modelo físico com imagem gerada pelo primeiro software cristalográfico, o ORTEP, em 1965 (Fonte: Felknor, 1965)
Por Fernando Bardella e Ricardo Leal Neto*
Haveria algo em comum entre flocos de neve, a fiação elétrica de cobre, as rodas de liga leve de seu automóvel e diamantes ostentados em joias?
As formas geométricas externas de cristais naturais, como flocos de neve, quartzo, pirita, hematita e tantos outros sempre aguçaram o intelecto humano. Não por acaso, o próprio termo cristal, advindo do grego krustallos, significa rocha de gelo. Mas foi apenas nos primórdios do século XVII que as formas geométricas externas dos cristais foram atribuídas a um arranjo regular de pequenos "glóbulos” que os constituem… Isso ocorreu a partir da observação de flocos de neve, cujas formas geométricas hexagonais intrigaram e foram objeto de estudo do matemático e astrônomo alemão Joannes Kepler, mais conhecido por suas leis do movimento planetário.
No século XX, descobriu-se que não apenas em cristais naturais, mas em muitos outros materiais naturais ou sintéticos, os átomos constituintes estão regularmente organizados, independentemente da forma externa do corpo em questão. A essa organização interna dá-se o nome de Estrutura Cristalina.
Fios de cobre, barras de aço de construção, sal de cozinha, ouro, prata e pedras preciosas, talheres metálicos e xícaras de porcelana são todos cristalinos, o que não quer dizer que tudo que é sólido é cristalino: o vidro da janela de nossas residências e peças de plástico em geral não são cristalinos, ou seja, os átomos que os constituem não estão regularmente organizados.
A característica central que constitui a organização cristalina é a periodicidade, ou seja, há um padrão de repetição dos átomos ou moléculas que é encontrado em toda a estrutura. Desde a época de Keppler, cientistas e filósofos têm se perguntado – quantas são as possíveis configurações de átomos organizados no espaço tridimensional? Há um limite para isso? Sim! Foi em meados do século XIX que o físico francês Auguste Bravais determinou matematicamente que apenas 14 redes espaciais bastariam para definir os modos de repetição em três dimensões. Você provavelmente se surpreenderá com a próxima afirmação: são 14 redes espaciais ou cristalinas, mas há um número muito maior de estruturas cristalinas conhecidas, que em tese é ilimitado. Não é tão difícil entender o porquê: as redes definem o modo de repetição, mas não aquilo que será repetido! Para facilitar o entendimento, vamos analisar o que ocorre em duas dimensões, ou seja, algo como uma folha de papel, no exemplo abaixo:
No exemplo, temos à esquerda uma rede de pontos, definindo as posições onde se dará a repetição. As redes cristalinas definem essas posições no espaço. No primeiro caso, o círculo branco será repetido em cada posição da rede. No segundo caso, dois círculos, um branco e outro preto, serão repetidos. Na ilustração, os círculos brancos foram situados sobre os pontos da rede; poderia ser o contrário, mas qualquer que seja o posicionamento dos círculos em relação aos pontos da rede, a mesma repetição deve ser obedecida. A ideia é que os dois arranjos de círculos são distintos, porém gerados a partir de uma rede em comum de pontos. A diferença entre os dois arranjos reside naquilo que está sendo repetido. Essas "unidades” ou temas de repetição são designadas de "motivo” ou "base” e esta é a essência expressa pela "equação” da figura: Rede + Motivo = Cristal.
Os motivos podem ser formados por apenas um átomo ou grupo deles; quanto maior o número de átomos que integram o motivo, mais complexa será a estrutura do cristal. Assim, de acordo com o material cristalino, temos motivos os mais diversos, ou seja, temos muitas estruturas cristalinas, mas apenas 14 redes espaciais (padrões de repetição). Por exemplo, no sal de cozinha ou cloreto de sódio (formula química NaCl), o motivo é formado por um átomo de sódio (Na) e outro de cloro (Cl) dispostos lado a lado, conforme figura abaixo ("b”). A sua rede espacial é cúbica de face centrada ("a”). A célula unitária do NaCl, que representa o cristal ("d”), está ilustrada em ("c”).
Exploração de estruturas cristalinas através de recursos de visualização do CrystalWalk: (a) pontos de rede; (b) motivo; (c) célula unitária; (d) cristal. Fonte: Bardella (2016d) (adaptado).
E por que tanto interesse em conhecer a estrutura cristalina de materiais? Muitas propriedades físicas e químicas dos materiais são influenciadas pela sua estrutura cristalina. Engenheiros (principalmente os engenheiros de materiais), físicos, químicos, biólogos e farmacêuticos são exemplos de profissionais que estudam estruturas cristalinas. Parte desse estudo depende da representação física ou gráfica dessas estruturas, e modelos físicos muito comuns e simples são feitos com bolas de isopor e varetas. Há programas dedicados à cristalografia (o estudo dos cristais), mas o modo como tais representações são criadas exige um conhecimento muito específico, que só estudiosos de cristalografia (os cristalógrafos) dominam: estudantes de engenharia e ciência dos materiais têm dificuldade em assimilar o conteúdo correspondente. Outro aspecto relevante é que esses programas tradicionalmente possuem licenças de uso e distribuição comerciais restritivas, sendo distribuídos apenas no formato binário sem o código-fonte e bastante custosos.
Com o espírito de oferecer a estudantes e professores uma alternativa, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), situado no campus da Universidade de São Paulo, se propuseram a desenvolver uma ferramenta didática destinada à criação e à visualização de estruturas cristalinas num ambiente tridimensional interativo. De tecnologia totalmente nacional, o projeto batizado de CrystalWalk preconizou os princípios do software livre, da acessibilidade e da democratização do conhecimento em seu processo de desenvolvimento, oferecendo acesso irrestrito ao código-fonte e a liberdade para estudá-lo, modificá-lo e desenvolvê-lo.
Por meio do CW, o usuário cria estruturas cristalinas seguindo um processo passo a passo. Uma vez criada, o usuário pode interagir de várias maneiras com a imagem do cristal. Foram adotadas duas estratégias para facilitar o entendimento de estruturas cristalinas: a primeira consiste em diversos recursos de visualização e interação, de modo que o usuário tenha uma experiência multifacetada com as estruturas criadas; a segunda, denominada "narrativa didática”, é uma ferramenta com a qual o usuário pode expressar sua criatividade didática por meio de sequências de visualização (vídeos) que podem ser compartilhadas, recurso muito útil para professores, por exemplo. Também foram incorporadas outras funcionalidades didáticas, tal como o suporte à interação avançada e às tecnologias de interface de Realidade Virtual (Oculus Rift, Cardboard, Leap), suporte à impressão 3D e plataforma de publicação online. O CrystalWalk não precisa ser instalado no computador do usuário, tampouco requer qualquer cadastro para o acesso, bastando digitar na barra de endereço do navegador a url http://cw.gl. Além de computadores desktop, o acesso pode se dar também por meio de tablets e smartphones. Qualquer que seja o dispositivo, ele deverá ser compatível com os recursos HTML5/WebGL, como os de última geração.
O CW foi desenvolvido na tese de doutorado de Fernando Bardella, defendida em julho de 2016, orientada pelo Dr. Ricardo Mendes Leal Neto, do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). O código-fonte do projeto é disponibilizado integralmente através do repositório colaborativo http://github.com/gvcm sob os termos da licença MIT.
O acesso irrestrito ao conhecimento, a reprodutibilidade e a transparência são pilares fundamentais da atividade científica. Nesse sentido, o software livre é (ou deveria ser) peça essencial dessa atividade nos dias atuais. Com o CrystalWalk, esperamos oferecer nossa contribuição para construção de um contexto para o desenvolvimento da ciência cada vez mais aberto e colaborativo.
* Fernando Bardella é pós-doutorando e pesquisador do IPEN; Ricardo Leal Neto é pesquisador e professor do IPEN-USP
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- 14/06/2017 - Novo detector de radiação a gás é avanço da física às artes - Jornal da USPGrupo de pesquisadores do Instituto de Física trabalhou em colaboração com laboratório europeu Cern
Grupo de pesquisadores do Instituto de Física trabalhou em colaboração com laboratório europeu Cern
Fonte: Jornal da USP
Um novo tipo de detector de radiação a gás está sendo desenvolvido e construído integralmente no Instituto de Física da USP (IF). A nova versão do objeto oferece precisão e velocidade maiores do que antigos modelos destes detectores. Outra vantagem reside no baixo preço para realizar medições em áreas ou objetos muito grandes.
Este é o trabalho que vem sendo realizado pelo pesquisador Hugo Natal da Luz no High Energy Physics and Instrumentation Center (HEPIC), um dos centros do IF. O estudo iniciou-se em novembro de 2016 como um projeto de pesquisa financiado pela Fapesp na modalidade Jovem Pesquisador.
Detectores de radiação são semelhantes a uma câmera fotográfica, explica o pesquisador. As câmeras são uma espécie de detector de luz: criam uma imagem a partir da luz que vem dos objetos por ela detectados. Já o detector de radiação funciona de forma parecida, mas, como diz o nome, o que ele capta é a radiação presente ou lançada em um objeto.
A substância gasosa absorve a radiação e transmite um sinal elétrico. Os elétrons são recolhidos e fornecem um sinal eletrônico, que permite determinar a energia e a posição onde houve a radiação. Com isso é possível identificar quais elementos químicos compõem o material analisado e como eles se distribuem
Embora detectores de radiação a gás existam há muito tempo, novas tecnologias têm melhorado bastante seu desempenho, diz Luz. No caso do projeto desenvolvido no IF aplica-sea tecnologia Multiplicador de Elétrons a Gás (GEM), usando processos de fabricação de circuitos impressos com precisão de alguns micrômetros. Com isto, é possível focalizar os elétrons produzidos pela radiação com maior precisão e rapidez.
Quadros falsos e fósseis
O campo das artes e da preservação do patrimônio histórico e cultural pode se beneficiar desta evolução. São detectores deste tipo que permitem identificar, por exemplo, quais os elementos químicos presentes nos pigmentos da tinta usada em uma pintura e onde eles estão. Isso beneficia o trabalho de restauradores, que podem recriar pigmentos o mais próximo possível dos originais.
Falsificações também podem ser desmascaradas. Uma das técnicas para tal consiste em avaliar se a composição dos pigmentos usados no quadro já era de fato conhecida na época em que ele foi pintado. Quanto mais precisa a detecção dos elementos químicos e de suas combinações presentes no quadro, a tarefa dos investigadores da arte é facilitada.
Outras áreas como a geologia também podem tirar proveito do detector. Tal como nos quadros, é possível detectar não apenas quais elementos químicos estão presentes num objeto, mas também onde eles estão. Assim, é possível mapear de forma bastante complexa como são feitas certas rochas, artefatos arqueológicos com vestígios de pinturas e até mesmo fósseis, exemplifica o pesquisador.
Colaboração com o Cern
O grupo de pesquisadores coordenado por Luz também pode colaborar com o Cern, o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, o maior laboratório de física de partículas do mundo. A colaboração se deu no âmbito do projeto Alice, um dos grandes detectores montados no laboratório europeu, voltado para pesquisas de ponta na física da matéria.
Como conta Luz, um dos componentes principais deste detector, chamado Time Projection Chamber, irá passar por uma grande atualização que envolve substituir o uso de detectores de radiação a gás antigos por outros que usem a tecnologia GEM – aquela com a qual o grupo de Luz trabalha.
"O nosso grupo teve a possibilidade de colaborar com este projeto montando uma infraestrutura de teste para protótipos de 10 x 10 cm², onde caracterizamos várias geometrias possíveis de detectores, a estabilidade de operação, o ponto operacional para otimizar os sinais em relação ao ruído, entre outros.”
O Alice já está em fase de produção dos detectores. Enquanto isso, o projeto no Brasil não para. O grupo continua a estudar efeitos físicos nos detectores e desenvolve suas próprias estruturas, que são fabricadas em São Paulo. O objetivo é estudar protótipos para a detecção de nêutrons, em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a Escola Politécnica (Poli) da USP.
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- 25/05/2017 - Governo de SP lança edital para modernizar institutos de pesquisaAo todo serão investidos R$ 120 milhões na qualificação de pesquisadores e melhoria da infraestrutura para atividades de pesquisas
Ao todo serão investidos R$ 120 milhões na qualificação de pesquisadores e melhoria da infraestrutura para atividades de pesquisas
Fonte: Governo de São PauloNesta terça-feira (25), em cerimônia no no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin assinou decreto para modernizar os institutos de pesquisas do Estado de São Paulo. Por meio da FAPESP, será publicado o edital para seleção de Planos de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa (PDIPs).
Ao todo serão investidos R$ 120 milhões para aumentar a capacidade produtiva dos 20 institutos de pesquisa do Estado."Está no DNA de São Paulo estar sempre na vanguarda das pesquisas e à frente das inovações. E com o edital de R$ 120 milhões nossos institutos poderão ter um grande avanço”, disse Alckmin.
As propostas deverão ser apresentadas até 31 de julho de 2017. A divulgação dos resultados está prevista para 30 de outubro. Vale lembrar que as propostas serão apoiadas por até 36 meses.
Das 20 instituições credenciadas no edital, sete são ligadas à Secretaria de Agricultura e Abastecimento: institutos Agronômico (IAC), Biológico (IB), de Pesca (IP), de Economia Agrícola (IEA), de Tecnologia de Alimentos (ITAL), de Zootecnia (IZ) e Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Outras sete são ligadas à Secretaria da Saúde: Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), e os institutos Butantan, Pasteur, de Saúde, Dante Pazzanese de Cardiologia, Lauro de Souza Lima (ILSL) e Adolfo Lutz (IAL).
Também estão incluídos no edital os institutos de Botânica, Florestal e Geológico, vinculados à Secretaria do Meio Ambiente. Já os institutos de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) são ligados a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI). E o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), também contemplado, é ligado a Secretaria de Planejamento e Gestão.
Os recursos financiados pela FAPESP destinam-se exclusivamente a apoiar ações para ampliar as pesquisas. Por instituição, serão aportados até R$ 20 milhões. O valor contempla as áreas de Infraestrutura Institucional para Pesquisa, Bolsas no País e no Exterior, Auxílios à Pesquisa Jovens Pesquisadores, e Auxílios Pesquisador Visitante.
O documento central em cada proposta será o Plano de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa. Uma estratégia por unidade, em relação à capacidade de pesquisa, com atenção especial para a qualificação do quadro de pesquisadores. O documento também deve apresentar detalhes para a infraestrutura, que servirá de apoio às atividades de pesquisa.
O Plano de Desenvolvimento deve definir e se concentrar nas áreas estratégicas de atuação do Instituto de Pesquisa. Sempre em acordo com a missão institucional, com as políticas públicas e com os programas da Secretaria, a qual ele é vinculado.
A seleção dos PDPIs será feita com base em pareceres de assessores especializados nas áreas de atuação das entidades listadas no edital. Também poderão ser selecionados PDIs de acordo com a experiência da direção de institutos de pesquisa orientados pela missão.
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- 24/05/2017 - Nova tecnologia separa CO2 de misturas gasosasBaseada em membranas cerâmicas compósitas, solução promete ser mais eficiente do que as disponíveis hoje para essa finalidade. Estudo foi feito por cientistas do IPEN e da Universidade de Aveiro
Baseada em membranas cerâmicas compósitas, solução promete ser mais eficiente do que as disponíveis hoje para essa finalidade. Estudo foi feito por cientistas do IPEN e da Universidade de Aveiro
Elton Alisson
A procura por novas tecnologias para captura e armazenamento de dióxido de carbono (CO2) tem aumentado em razão da preocupação cada vez maior em reduzir os impactos climáticos causados pelo aumento da concentração desse gás de efeito estufa na atmosfera.
Uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em colaboração com colegas da Universidade de Aveiro, de Portugal, é baseada em membranas cerâmicas compósitas (feitas por meio da combinação de materiais diferentes). E promete ser mais eficiente do que as soluções disponíveis hoje para separar CO2 de misturas gasosas.
O projeto é realizado no âmbito do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP.
"Essencialmente, o que temos tentado desenvolver é um sistema que consiga separar o CO2 de misturas gasosas – como a fumaça que sai da chaminé de uma indústria e que emite dióxido de carbono como poluente, por exemplo – ou que pode ser resultado da queima de um combustível, como o gás natural”, disse Fernando Manuel Bico Marques, professor do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro e um dos pesquisadores participantes do projeto, à Agência FAPESP.
De acordo com Marques – que está no Brasil para desenvolver parte da pesquisa no Ipen com auxílio da FAPESP –, as tecnologias disponíveis para separação de CO2 se baseiam no uso de solventes para absorção, de adsorventes sólidos (superfícies de adesão de moléculas de um fluido) como separadores sólidos e membranas.
Dentre essas tecnologias, as membranas eletroquímicas de separação têm despontado como uma alternativa promissora para essa finalidade porque, entre outras vantagens, consomem menos energia e são escalonáveis.
O problema das membranas de separação existentes atualmente – compostas por materiais inorgânicos, orgânicos (como polímeros) ou a combinação dessas duas classes de materiais –, contudo, é que não conseguem selecionar totalmente CO2 de misturas gasosas e operar em altas temperaturas, acima dos 400 ºC, por exemplo.
"Não é trivial separar CO2 de uma mistura gasosa, como a proveniente da queima do gás natural, cuja temperatura pode atingir 1.000 ºC e que, além de CO2, também tem monóxido de carbono, óxidos de enxofre, vapor d’água e uma série de outras moléculas com tamanhos diferentes”, disse Marques.
"Por isso, os sistemas de membrana de separação precisam ter alta seletividade e ser capazes de operar em altas temperaturas”, afirmou.
A fim de superar essas barreiras, os pesquisadores pretendem desenvolver membranas compósitas para separação seletiva de CO2 a altas temperaturas por meio da combinação de eletrólitos (soluções que permitem a passagem de elétrons) de pilhas a combustível à base de óxido de cério e de carbonatos alcalinos fundidos.
Nesse sistema, baseado em fenômenos eletroquímicos, os eletrólitos à base de óxido de cério exercem a função de condutores de íons óxido, enquanto os de carbonatos alcalinos fundidos desempenham o papel de condutores de íons carbonatos.
Ao atravessar a membrana cerâmica, as moléculas de CO2 presentes em uma mistura gasosa combinam-se com os íons óxidos e formam CO32− (íons carbonatos).
Os íons carbonatos são transportados pelos carbonatos alcalinos fundidos ao longo da membrana, até ao lado oposto, onde se decompõem e liberam CO2.
Os íons óxidos retornam, então, às suas posições de origem na membrana para se combinarem com novas moléculas de CO2 e reiniciarem um novo ciclo do processo de separação do composto de misturas gasosas.
"O grande desafio para a produção dessas membranas de separação seletiva de CO2 a altas temperaturas é o de combinar esses dois materiais – óxidos de cério e carbonatos alcalinos fundidos – em uma microestrutura compósita adequada para garantir que o sistema tenha o máximo de eficiência”, explicou Marques.
Aplicação industrial
Segundo o pesquisador, a demonstração do conceito das membranas cerâmicas compósitas para separação seletiva de CO2 já foi feita. Agora, o que se pretende é aprimorar os níveis de eficiência desse sistema a fim de torná-lo interessante para aplicações industriais.
"Na área de membranas a referência de um sistema com alta eficiência na separação de CO2 é de um mililitro por centímetro quadrado por minuto. E já atingimos aproximadamente 60% desse número”, disse.
O custo dessa tecnologia em comparação com as existentes poderá ser muito competitivo, em razão de os materiais que utiliza – os óxidos sólidos e os carbonatos fundidos – já serem muito conhecidos e amplamente utilizados, estima Marques.
Os carbonatos são muito baratos e a quantidade de óxido de cério utilizada é bastante pequena. "Além do baixo custo dos materiais envolvidos, esse sistema pode funcionar por muitos anos, sem a necessidade de manutenção”, disse.
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- 23/05/2017 - FAPESP lança edital voltado para a modernização dos institutos de pesquisa do EstadoFonte: Revista Pesquisa FAPESP
A FAPESP investirá até R$ 120 milhões para aumentar a capacidade de pesquisa em 20 institutos de pesquisa do Estado de São Paulo. O investimento será anunciado em 25 de maio, às 15 horas, no Palácio dos Bandeirantes, com o lançamento de edital para seleção de Planos de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa (PDIPs), a serem elaborados e apresentados à Fundação pelos institutos.
As propostas deverão ser apresentadas pelo diretor do instituto de pesquisa com aprovação formal por seu colegiado superior, devendo ser apresentada uma proposta por instituto. Cada proposta poderá solicitar até R$ 20 milhões.
Os recursos financiados pela FAPESP destinam-se exclusivamente a apoiar atividades de pesquisa nas modalidades de Infraestrutura Institucional para Pesquisa, Bolsas no País e no Exterior, Auxílios à Pesquisa Jovens Pesquisadores e Auxílios Pesquisador Visitante.
O documento central em cada proposta será um Plano de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa, traçando a estratégia da unidade quanto à sua capacidade de pesquisa, incluindo-se atenção à qualificação do seu quadro de pesquisadores e à infraestrutura de apoio às atividades de pesquisa.
O Plano de Desenvolvimento deve definir e focalizar as áreas estratégicas de atuação do instituto de pesquisa, de forma a que estejam alinhadas com a missão institucional, com as políticas públicas do Estado de São Paulo e com os programas estratégicos da Secretaria de Estado a que o instituto é vinculado.
As propostas podem ser apresentadas até 31 de julho de 2017 e a divulgação dos resultados está prevista para 30 de outubro. As propostas serão apoiadas por até 36 meses.
Das 20 instituições credenciadas no edital, sete são ligadas à Secretaria de Agricultura e Abastecimento: institutos Agronômico (IAC), Biológico (IB), de Pesca (IP), de Economia Agrícola (IEA), de Tecnologia de Alimentos (ITAL), de Zootecnia (IZ) e Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Outras sete são ligadas à Secretaria da Saúde: Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), e os institutos Butantan, Pasteur, de Saúde, Dante Pazzanese de Cardiologia, Lauro de Souza Lima (ILSL) e Adolfo Lutz (IAL).
Também estão incluídos no edital os institutos de Botânica, Florestal e Geológico, vinculados à Secretaria do Meio Ambiente; os institutos de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ligados à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI); e o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), ligado à Secretaria de Planejamento e Gestão.
A seleção dos PDPIs será feita com base em pareceres de assessores especializados nas áreas de atuação das entidades listadas no edital ou com experiência na direção de institutos de pesquisa orientados à missão.
Mais informações sobre o evento com o Cerimonial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação,(11) 3718-6611/6612/6613 – e-mail: cerimonialdesenvolvimento@sp.gov.br.
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- 15/05/2017 - TRF3 nega cobrança de contribuição previdenciária sobre gratificação provisória de servidores do IPENFonte: Âmbito Jurídico
A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) determinou à União a não retenção de contribuição previdenciária sobre a Gratificação Específica de Produção de Radioisótopos e Radiofármacos (GEPR) recebida por servidores públicos do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Os magistrados entenderam que não havia razoabilidade na alegação da União quanto à exigibilidade de contribuição previdenciária sobre vantagem percebida pelos funcionários da autarquia.
"Está expresso na Lei 11.907/2010, que instituiu a Gratificação Específica de Produção de Radioisótopos e Radiofármacos, o caráter transitório da gratificação, a qual não integra os proventos de aposentadoria e pensão”, explicou o relator do processo, desembargador federal Souza Ribeiro.
Em primeira instância, a 2ª Vara Federal de São Paulo/SP havia concedido a antecipação da tutela (liminar) aos servidores, a fim de suspender a retenção dos valores pela autarquia federal.
Os servidores federais ativos, que prestam serviços junto ao Ipen e CNEN, recebem a GEPR nos termos previstos no artigo 285, da Lei 11.907/2010, que instituiu a gratificação.
A União argumentava pela legalidade da incidência da contribuição por se tratar de vantagem pecuniária de caráter individual. Alegava ainda que as verbas poderiam ser incorporadas aos próprios proventos da aposentadoria, traduzindo-se a não arrecadação das quantias em prejuízo ao erário e ao interesse público.
Ao negar provimento ao agravo de instrumento, a Segunda Turma lembrou que os servidores estão submetidos ao recolhimento previsto no artigo 4º da Lei 10.887/04, na redação dada pela Lei 12.518/2012, o qual, no seu parágrafo 1º, prevê a exclusões da base de cálculo da contribuição previdenciária.
"A gratificação em tela constitui pagamento de caráter provisório, que não integra a remuneração para fins de recebimento de aposentadoria e pensão, no que se assemelha às exclusões previstas no parágrafo 1º da Lei 12.518/2012. Portanto, não há que se manter a contribuição previdenciária sobre os valores recebidos a título de GEPR”, concluiu o relator.
Agravo de Instrumento 0012717-63.2016.4.03.0000/SP
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- 12/05/2017 - Biomédica e cientista, era a festeira do Bora - Folha de S. PauloNanci do Nascimento (1960-2017)
Nanci do Nascimento (1960-2017)
Fonte: Folha de S. Paulo
Paulo Gomes
Biomédica e cientista nuclear. Gregária e inveterada festeira. As trajetórias profissional e pessoal de Nanci do Nascimento parecem descrever pessoas diferentes, mas quem a conheceu sabe que ela unia tais perfis com naturalidade.Nascida e criada na Penha, bairro da zona leste de São Paulo, Nanci cursou medicina com o apoio dos irmãos mais velhos –era a temporã.
Os pais vieram do Borá, pequeno distrito rural na região de São José do Rio Preto (SP).
Desenvolveu a carreira em biomedicina e migrou para o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). Apesar da profissão "sisuda", Nanci tinha um coração enorme. Mesmo se estivesse no limite, aceitava orientandos de todas as partes do país, para democratizar a pesquisa.
Viajava para congressos e levava todos os seus estudantes. Fazia questão que todos se apresentassem.
Adorava uma festa. "Ia pra Rio Preto umas dez vezes por ano", conta o marido Heitor, em referência às festas da família do Borá, nunca tímidas. Numa das mais célebres, a dos "200 anos", comemorou os 50 anos e os de mais três primos, e contratou até passistas de uma escola de samba. Para 400 convidados, a festa durou o dia inteiro.
Nas festas de Reis todo dia 6 de janeiro no interior, a cientista doava uma vaca para o tradicional churrasco.
A maneira como se despediu traz outra junção curiosa. Não fumante, contraiu um câncer de pulmão. Morreu em 13 de março, aos 56, após um tumor se espalhar para o cérebro. Deixa o marido Heitor, a filha Virgínia e os irmãos Milton, Osmir e Waldir.
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- 28/04/2017 - Cietec capacita futuros empreendedores na área de inovaçãoCurso "Da ideia ao primeiro passo" será realizado nos dias 11 e 12 de abril
Curso "Da ideia ao primeiro passo" será realizado nos dias 11 e 12 de abril
Fonte: O Estado de S. Paulo
Redação
A proposta do curso "Da ideia ao primeiro passo”, desenvolvido pelo Cietec, é ajudar a formatar novas ideias de negócio. Os participantes serão convidados a refletir sobre conceitos básicos para a criação de empresas, produtos e serviços de sucesso. As aulas acontecerão nos dias 11 e 12 de abril, na sede da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo IPEN/USP-Cietec, considerada a maior da América Latina, no campus do IPEN, na Cidade Universitária, em São Paulo.
"O conceito do curso é trazer o empreendedor para o campo da realidade. Batemos na tecla de que apenas uma ideia não vale. É preciso saber realizá-la. E inovar sempre”, afirma José Aluízio Guimarães, coordenador do curso. Para isso, é necessário "estudar com mais profundidade o cliente, uma tarefa que deve ser feita antes mesmo de começar. Muito empreendedores acabam deixando isso para o fim, o que não é uma boa estratégia”, completa.
Alternando aulas e oficinas, os interessados em abrir novas startups poderão entender um pouco mais sobre viabilidade de seu negócio e os principais valores de uma empresa de alto impacto, além de se capacitar em técnicas de apresentação para potenciais clientes, parceiros e investidores.
Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, explica que a intenção é qualificar os interessados em entrar no ecossistema do empreendedorismo inovador. "O curso falará das especificidades de criar uma startup no Brasil, o cenário e as oportunidades, ajudando o futuro empreendedor a desenvolver sua ideia de forma a ter sucesso”, comenta.
A carga horária total do curso é de seis horas e o investimento de R$ 480 garante a isenção da taxa de inscrição para o processo seletivo da incubadora. As aulas serão na parte da tarde, as 14h30 às 17h30.Serviço
Curso: Da ideia ao primeiro passo
Data: 11 e 12 de abril de 2017
Horário: 14h30 a 17h30
Onde: Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN/Cietec
av. prof. Lineu Prestes, 2.242 – Cidade Universitária – São Paulo
Custo: R$ 480 (com gratuidade na taxa de inscrição para o processo seletivo da incubadora)
Inscrições no sitehttp://www.cietec.org.br/