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- 11/02/2019 - FAPESP e Reino Unido apoiam 400 projetos de pesquisa colaborativa em 10 anos (Agência FAPESP)Acordos de cooperação envolvem agências de fomento, empresas britânicas e 26 universidades. FAPESP Week London começa nesta segunda com destaques de pesquisas colaborativas entre brasileiros e britânicos
Acordos de cooperação envolvem agências de fomento, empresas britânicas e 26 universidades. FAPESP Week London começa nesta segunda com destaques de pesquisas colaborativas entre brasileiros e britânicos
Fonte: Agência FAPESP
Claudia Izique | Agência FAPESP
Há 10 anos, pesquisadores paulistas e britânicos investigam juntos temas tão diversos como a resposta imunológica contra a zika, a cronologia da ocupação dos povos indígenas do tronco linguístico Jê; o impacto da produção do biogás, ou ainda a utilização de cavernas na camada do pré-sal para armazenar o CO2 encontrado nos poços de petróleo.
Essa colaboração é resultado de acordos de cooperação firmados pela FAPESP com o UK Research & Innovation (UKRI) – agência britânica de fomento à pesquisa com a qual a Fundação mantém acordo de cooperação desde 2009 –, com o Conselho Britânico, o Fundo Newton e empresas britânicas no Brasil – como a GlaxoSmithKline (GSK), a Shell e a AstraZeneca/MedImmune –, além de 26 universidades do Reino Unido. A FAPESP financia pesquisadores paulistas e os parceiros, os pesquisadores britânicos, engajados no mesmo propósito de pesquisa.
"O Reino Unido tornou-se o principal parceiro em pesquisa para os projetos da FAPESP. Em boa parte, isso aconteceu porque quando a FAPESP iniciou sua estratégia para colaboração internacional, em 2007, o Reino Unido mobilizou suas principais organizações, como os Conselhos de Pesquisa (agora UKRI), o Conselho Britânico e as universidades, inclusive por meio do Fundo Newton. Isso favoreceu as interações”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
De 2009 ao início de 2019, à FAPESP coube conceder 400 Auxílios à Pesquisa, a maioria deles (229) nas modalidades Auxílios Regulares e apoios à Vinda de Pesquisadores Visitantes (69) e à Organização de Reuniões Científicas (56), aos quais estiveram vinculadas 80 bolsas no período. No âmbito desses Auxílios destacam-se 22 Projetos Temáticos, modalidade que se traduz em pesquisa colaborativa com propósitos ousados, com financiamento de até cinco anos.
Fonte: BV/FAPESP
Fonte: BV/FAPESPO avanço dessa colaboração pode ser medido também pelo número de artigos publicados em coautoria por pesquisadores paulistas e do Reino Unido, que cresceu 173% de 2010 a 2016, de acordo com o Incites Thomson Reuters 2016. Entre 2016 e 2018, a mesma fonte registra um total de 5.611 artigos publicados em coautoria, atrás apenas das publicações em parceria com pesquisadores norte-americanos.
"O número de projetos em colaboração com pesquisadores cresceu substancialmente e as publicações científicas em coautoria, além de crescerem em quantidade, resultam em impacto científico três vezes superior àquele obtido pelas publicações das duas regiões isoladamente”, sublinha Brito Cruz.
Fonte: Fonte: Incites Thomson Reuters
Vários pesquisadores paulistas e britânicos, parceiros de pesquisa e de publicações, se reunirão nos dias 11 e 12 de fevereiro, na FAPESP Week London, realizada no âmbito do UK-Brazil Year of Science and Innovation (YoSI) 2018-2019 (saiba mais sobre o evento em: www.fapesp.br/week2019/london).
Parcerias estratégicas
A parceria com o UKRI resultou em 25 editais conjuntos por meio dos quais foram selecionados 75 projetos financiados pela FAPESP e por instituições vinculadas à agência britânica: Biotechnological and Biological Sciences Research Council (BBSRC), Economic and Social Research Council (ESRC), Natural Environment Research Council (NERC), Medical Research Council (MRC).
Apoiados pela FAPESP e pelo MRC, por exemplo, João Santana da Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), e Daniel Altman, do Imperial College London, no Reino Unido, com a colaboração de William Kwok, do Benaroya Research Institute, dos Estados Unidos, mapeiam a resposta imunológica humana contra o vírus zika.
Um dos primeiros desafios foi identificar quais peptídeos virais são reconhecidos pelas células de defesa e induzem uma resposta imunológica. "Já chegamos a alguns peptídeos importantes, capazes de induzir a resposta imune ao zika”, disse João Santana da Silva, pesquisador principal do projeto. O estudo demonstrou também que a "reatividade cruzada” do vírus zika com outras viroses é "imensa”. "Isso dificulta o diagnóstico sorológico”, disse (saiba mais sobre o projeto em https://bv.fapesp.br/pt/auxilios/99303).
Além de chamadas conjuntas de proposta, o acordo com o UKRI prevê a possibilidade de os pesquisadores dos dois países submeterem projetos em fluxo contínuo à FAPESP e ao Arts and Humanities Research Council (AHRC), ESRC, BBSRC, MRC, NERC, Science and Technology Facilities Council (STFC), além de BBSRC Pump Priming Award (FAPPA).
Paulo Dantas de Blasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e José Iriarte, da University of Exeter, por exemplo, obtiveram apoio da FAPESP e do AHRC, respectivamente, para produzir uma consistente cronologia dos povos Jê, que habitam a região entre o sul de São Paulo e o norte do Rio Grande do Sul desde tempos pré-históricos brasileiros (1.200 anos) até os tempos atuais – deles descendem os índios da etnia Kaingang e Laklãno/Xokleng.
O estudo documentou o modo de vida sedentário daquela população milenar, a domesticação de plantas, o uso de objetos cerâmicos e até a ocupação dual – cerimonial e residencial – de algumas áreas (saiba mais em https://bv.fapesp.br/pt/auxilios/82868/ehttp://revistapesquisa.fapesp.br/2017/02/13/agricultores-e-sedentarios/).
Colaboração consolidada
Nesses 10 anos de parceria, a interação entre pesquisadores do Estado de São Paulo e do Reino Unido estreitou-se com o estabelecimento de novos acordos de cooperação entre a FAPESP e o Conselho Britânico – o primeiro foi firmado em 2005 – para o apoio à organização de encontros de grupos de pesquisas dos dois países com vistas à cooperação futura. A partir de 2009, com o ingresso de recursos do Fundo Newton no suporte à pesquisa, a colaboração entre os dois países se consolidou.
O Fundo Newton é uma iniciativa britânica para a promoção do desenvolvimento econômico e social de países parceiros por meio do apoio à pesquisa, ciência e tecnologia. O aporte de recursos é intermediado por organizações no Reino Unido – UKRI, Conselho Britânico, UK Academies, Innovate UK, Royal Society – e por instituições de países parceiros. No Brasil, o primeiro parceiro do Fundo Newton nessa área foi a FAPESP, seguida pelo Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap).
Reinaldo Giudici, da Escola Politécnica da USP, e Adam Hawkes, do Imperial College London, por exemplo, têm apoio da FAPESP e do NERC/UKRI, com recursos do Fundo Newton, para produzir um amplo estudo técnico-econômico e ambiental dos processos de produção de biogás integrada ao contexto da indústria sucroalcooleira.
"No âmbito do microcosmo, ou seja, de uma biorrefinaria, as pesquisas envolvem a modelagem matemática e o estudo da dinâmica do processo de produção de bioetanol e sua integração com o desempenho bioquímico dos processos de biodigestão anaeróbia dos resíduos deste processo [vinhaça, palha etc.] para produção de biogás”, explica Giudici.
Esta integração, ele acrescenta, permitirá ampliar o leque de produtos da biorrefinaria (bioetanol, energia elétrica oriunda da caldeira com queima do bagaço e sistema de cogeração e biogás), os quais devidamente acoplados à infraestrutura de distribuição (etanoldutos, rede elétrica, gasodutos) poderão atender as demandas do mercado consumidor de maneira mais eficiente.
"Nesse sentido, no nível do macrocosmo, ou seja, olhando o quadro mais amplo do sistema energético paulista e brasileiro, estão sendo estudadas projeções de demanda de energia para diferentes setores; identificação de gargalos de infraestrutura para atender às demandas futuras de energia; modelos de previsão para características de eletricidade e gás que considerem variações sazonais, uso da terra, sequestro de carbono, qualidade da água e água potável e impactos ecológicos da produção de biogás.”
A colaboração entre os dois países tem se mostrado profícua. No ano passado, o projeto, desenvolvido por Juliano Coelho da Silveira, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga, em parceria com Niamh Forde, da University of Leeds, esteve entre os finalistas do Prêmio Newton 2018, em sua primeira edição para a América Latina.
O prêmio é concedido aos melhores projetos de ciência e inovação que consigam demonstrar uma contribuição ao desenvolvimento social e econômico dos países parceiros do Fundo Newton.
O projeto, que teve como objetivo investigar vesículas extracelulares e gerar amostras biológicas para a análise do desenvolvimento de embriões, foi selecionado em chamada da FAPESP com o Confap, no Brasil, e com a Academy of Medical Sciences, a British Academy, a Royal Academy of Engineering e a Royal Society, no Reino Unido.
Acordos multilaterais
Os acordos da FAPESP com o UKRI, reforçados pelo Conselho Britânico e Fundo Newton, ampliaram as possibilidades de parceira em pesquisa e acabaram por atrair também a atenção das universidades britânicas. Entre 2009 e 2019, o número de universidades com as quais a FAPESP mantém acordos de cooperação saltou de um para 26.
Pedro Henrique Cury Camargo, do Instituto de Química da USP, e Edman Tsang, da Universidade de Oxford, por exemplo, investigam nanopartículas metálicas plasmônicas (NPs) suportadas em semicondutores e suas aplicações em fotocatálise, especialmente na geração de hidrogênio por quebra de moléculas de água. A colaboração combina a expertise de Camargo em sintetizar nanopartículas metálicas com forma e tamanho controlados com a de Tsang, de catálise e caracterização. A colaboração iniciou em outubro de 2017 e estará concluída no final de 2019.
Além da cooperação bilateral, pesquisadores britânicos e brasileiros também participam de projetos colaborativos, que articulam esforços multilaterais de pesquisa, no âmbito do programa São Paulo Researchers in International Collaboration (Sprint), uma espécie deseed fundpara apoiar o intercâmbio de pesquisadores.
Gabriel Teixeira Landi, do Instituto de Física da USP, e Mauro Paternostro, da Queen´s University Belfast, na Irlanda, por exemplo, tiveram sua proposta de pesquisa selecionada na 2ª chamada Sprint de 2017. Eles vão estudar a termodinâmica quântica de não equilíbrio, abordando o conceito de irreversibilidade.
O objetivo é construir teoricamente novas medidas de produção de entropia e aplicá-las a problemas paradigmáticos. Além de universidades britânicas, o mesmo edital selecionou projetos colaborativos de pesquisadores brasileiros com cientistas de instituições da Austrália, Espanha, Estados Unidos e França.
Centros de Pesquisa em Engenharia
Entre os acordos firmados pela FAPESP com empresas britânicas, destacam-se os firmados com a BG E&P Brasil Ltda., que posteriormente se tornou subsidiária do Grupo Shell, e com a GlaxoSmithKlein (GSK).
A parceria com a então BG, firmada em 2013, resultou na criação de dois Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs) da FAPESP: o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI) – para o desenvolvimento de investigações estratégicas, com financiamento de longo prazo e, posteriormente, em parceria com a Shell, foi criado o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE).
O RCGI, com sede na Escola Politécnica da USP – instituição selecionada em edital conjunto da FAPESP e a empresa –, tem como missão investigar o uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogênio e a gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2.
Um dos destaques de pesquisa aponta uma solução para um dos obstáculos da exploração de petróleo na área do pré-sal: a utilização de um sistema que separa por gravitação o dióxido de carbono (CO2) do gás metano que se encontram misturados nos poços de petróleo em cavernas construídas na camada de sal, com capacidade de armazenamento de até 8 milhões de toneladas de CO2 (leia mais em http://agencia.fapesp.br/29037/).
O CINE, constituído em 2018, tem como parceiros a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a USP e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O Centro tem como missão desenvolver novos dispositivos de armazenamento de energia com emissão zero de gases de efeito estufa e que utilizem como combustível fontes renováveis, além de novas rotas tecnológicas para converter metano em produtos químicos.
A parceria com a GSK também se desdobrou na constituição de dois CPEs: o Centro de Excelência para Pesquisa em Química Sustentável (CERSusChem) e o Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD).
O CERSusChem, com sede na UFSCar, está voltado para a pesquisa de produtos e processos químicos sustentáveis que possam ser utilizados na descoberta e no desenvolvimento de novos medicamentos, e o CENTD, com sede no Instituto Butantan, investiga alvos moleculares e vias de sinalização envolvidas em doenças de base inflamatória.
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- 11/02/2019 - USP testa resistência à radiação sem utilizar um reator nuclearTécnica avançada de microscopia eletrônica simula os efeitos causados pela radiação no revestimento dos reatores
Técnica avançada de microscopia eletrônica simula os efeitos causados pela radiação no revestimento dos reatores
Fonte: Governo do Estado de São PauloO acidente na central nuclear de Fukushima, em 2011, no Japão, levou os cientistas a buscar materiais para os reatores mais resistentes aos danos severos causados pela radiação. Um dos materiais é o nitreto de titânio, composto cerâmico testado em uma pesquisa internacional com participação da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP).
Por meio de uma técnica avançada de microscopia eletrônica, o efeito da radiação é simulado sem necessidade de produzir uma reação nuclear, o que reduz o custo dos experimentos. O método usado no experimento é descrito em artigo do Journal of Nuclear Materials.
Os reatores nucleares possuem uma câmara em que são inseridas varetas metálicas com o combustível nuclear e o material que controla a intensidade da reação entre as partículas dos átomos, que leva à geração de energia.
"A radiação produzida na reação pode danificar o revestimento do combustível e comprometer o reator”, conta o professor Claudio Schön, da Poli, um dos autores do artigo. "Em Fukushima, o revestimento era feito de zircaloy, uma liga metálica com zircônio. O vapor de água presente na câmara do reator reagiu com o zircônio, produzindo hidrogênio molecular, que se acumulou e causou uma explosão”, acrescenta.
Desde então, segundo o docente, a comunidade científica busca soluções para evitar novos acidentes como esse. Uma das propostas é a adição de um filme fino sobre o zircaloy. Para essa finalidade, o Laboratório Nacional de Oak Ridge (Estados Unidos) estuda o nitreto de titânio, e um dos pesquisadores envolvidos é o primeiro autor do artigo, o físico Matheus Tunes, formado no Instituto de Física (IF) da USP.
Análises
Na Poli, o doutorando Felipe Carneiro da Silva, orientado por Claudio Schön, pesquisa as propriedades mecânicas dos filmes finos de nitreto de titânio. A partir dos estudos de Carneiro da Silva, o físico testou o material nos laboratórios da Universidade de Huddersfield (Reino Unido).
O nitreto de titânio foi observado em um microscópio de transmissão, acoplado a um acelerador de partículas. "A radiação é simulada por um feixe de íons de xenônio (gás nobre) que, ao se chocar com as partículas do material testado, simula o dano causado pela radiação do combustível nuclear”, explica Claudio Schön.
"Se a simulação fosse feita em um reator nuclear, além do custo mais elevado e da dificuldade de controlar a reação, todo o material potencialmente se tornaria radioativo, o que não acontece com essa técnica”, completa.
As análises demonstraram que o nitreto de titânio não é um material adequado para revestir o combustível nuclear. "Os testes identificaram dois processos que comprometem o desempenho da liga. Um deles é a segregação induzida por radiação, em que a energia envolvida na reação faz os átomos de titânio se concentrarem em defeitos cristalinos do material”, descreve o professor.
"O outro é o aparecimento de cavidades e bolhas, que crescem rapidamente ao receberem o nitrogênio existente no composto, causando um inchamento que é ruim para a operação do reator”, diz.
Destaque internacional
As pesquisas com reatores dentro da USP não vêm de hoje. Em 2018, por exemplo, a tese de doutorado de Vinícius Njaim Duarte sobre o comportamento de ondas que afetam a continuidade de reações de fusão, prejudicando a eficácia na produção de energia, ganhou o mundo após a publicação na revista Physics of Plasmas.
A repercussão foi tanta que a empresa General Atomics, que opera a maior máquina dedicada a estudos sobre fusão magnética dos Estados Unidos, realizou experimentos para testar as predições do modelo de Duarte, por meio do uso de uma máquina conhecida como "tokamak”.
Trata-se de um protótipo experimental de reator de fusão nuclear, dentro do qual se confina, em uma câmara de vácuo, um gás composto de isótopos de hidrogênio, sob a forma de plasma (quando se aquece um gás neutro a temperatura muito elevada, obtendo íons e elétrons).
Segundo Duarte, o que se observa em máquinas tokamak é que essas ondas "interagem com uma certa população de íons altamente energéticos, presentes no plasma”. Quando a interação foge do controle, as partículas são expelidas do plasma e esse fenômeno "é muito indesejável, porque é necessário manter as partículas do plasma bem confinadas”, preservando a autossuficiência do reator.
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- 10/02/2019 - Pesquisadoras brasileiras rifam iPhone para pagar viagem a congresso acadêmico nos EUASegundo a doutoranda Cecilia de Menezes, que concorre ao prêmio de melhor trabalho em evento internacional no Arizona, a combinação entre dólar alto e falta de financiamento à pesquisa fez com que ela e outras três pesquisadoras pedissem dinheiro pela internet.
Segundo a doutoranda Cecilia de Menezes, que concorre ao prêmio de melhor trabalho em evento internacional no Arizona, a combinação entre dólar alto e falta de financiamento à pesquisa fez com que ela e outras três pesquisadoras pedissem dinheiro pela internet.
Fonte: Portal G1 de Notícias
Por Ana Carolina Moreno, G1
A pesquisadora fluminense Cecilia de Menezes, de 32 anos, foi selecionada para apresentar sua pesquisa inédita sobre o armazenamento seguro de rejeitos radioativos em um congresso nos Estados Unidos no início de março. Seu trabalho concorre ao prêmio de melhor projeto inscrito no WM Symposia, que começa no mês que vem em Phoenix, no Arizona. Mas, sem dinheiro suficiente para pagar pelas passagens aéreas nem ajuda de custo das agências de fomento, ela e três colegas também selecionadas decidiram rifar um iPhone 7 novo para pagar pela viagem.
O sorteio do telefone será realizado no próximo sábado (16) e cada número da rifa custa R$ 25. AoG1, a pesquisadora de Niterói (RJ) explicou que já vendeu cerca de 300 números, mas a ideia original, de vender 700 cotas para custear a viagem dela e de outras três pesquisadoras brasileiras, já foi parcialmente abandonada.
"Somos quatro brasileiras tentando ir. Duas delas já desistiram por conta do alto preço das passagens. Eu ainda não desisti", afirmou Cecilia de Menezes, que tem apenas 20 dias para conseguir os recursos e garantir a passagem."
As duas que acabaram desistindo são Ana Paula Tessaro e Natalie Rolindo. Elas já participaram do evento acadêmico em 2018 e, por isso, cederam sua parte da rifa para aumentar as chances de Cecilia e Naomi Watanabe, a quarta pesquisadora do grupo, conseguirem os cerca de R$ 6 mil de que cada uma precisa para a viagem, e poderem expor seu trabalho no evento internacional.
Para divulgar a rifa, elas criaram um folheto virtual com os números de WhatsApp nos quais organizam o pagamento em dinheiro, depósito ou pelo aplicativo picpay, no nome de ceciliamadeira. "Com R$ 25 você compra uma rifa, concorre a um iPhone 7 e ajuda no reconhecimento da ciência brasileira", escreveram elas (veja abaixo).
Pesquisa para salvar vidas
Além de garantir uma vaga entre os melhores trabalhos inscritos no WM Symposia, a relevância do projeto de pesquisa de mestrado desenvolvido por Cecilia lhe abriu a oportunidade, ainda em estudo, de saltar direto para o doutorado do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Com duas graduações – em relações internacionais pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e gestão ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, a pesquisadora decidiu unir as duas áreas para investigar e propor maneiras de, a longo prazo, garantir o armazenamento seguro de rejeitos radioativos não só no Brasil, mas em toda a América Latina.
Sem poder entrar em detalhes sobre sua pesquisa, que até o mês que vem se mantém inédita, ela explica que os rejeitos radioativos não são muito diferentes dos das barragens de rejeitos minerais em Mariana e Brumadinho. Mas, se o rompimento dessas duas barragens já foi capaz de provocar estragos ambientais e sociais até certo ponto irreversíveis, um acidente envolvendo material radioativo pode provocar uma devastação em escala ainda maior.
"Imagina se aquele rejeito mineral fosse todo rejeito radioativo? Iria ser catastrófico pra todo o país", explica ela, afirmando que, hoje, o continente latino-americano não tem um espaço seguro para depositar esse material."
Rejeitos radioativos no Brasil
Em 1987, o Brasil foi vítima de um desastre desse tipo em Goiânia após dois catadores de recicláveis acharem um aparelho de radioterapia descartado de forma inadequada por uma clínica de radiologia, desmontarem o equipamento e vendê-lo a um ferro velho.O contato da população local com o Césio 137 que estava nele deixou quatro mortos e 249 contaminados.
Até hoje, mais de 31 anos depois, o governo local paga pensões especiais às vítimas do acidente que, no âmbito radioativo, foi o segundo pior da história mundial, perdendo apenas para o de Chernobyl, na Ucrânia.
Atualmente, Cecilia diz que o material radioativo recolhido após essa tragédia está armazenado em Abadia de Goiás.
Além disso, outros tipos de rejeitos radioativos são produzidos diariamente por diversos setores da sociedade, como nos hospitais, durante tratamento de câncer e aplicação de exames, e na indústria alimentícia, no processo de envasar bebidas em latas de alumínio. No passado, a pesquisadora diz que os para-raios instalados no topo de edifícios no Brasil também continham o material. Cecilia explica que os hospitais e clínicas são responsáveis pelo armazenamento de seus rejeitos, mas que a maior parte do resto do material produzido é encaminhado ao Ipen, onde ela faz sua pesquisa.
A cada dia o Ipen vê aumentar o acúmulo desse material contaminante, mas até hoje não existe um local seguro onde ele possa permanecer sem que se torne um perigo nas próximas décadas ou séculos.
Ela afirma que o controle da segurança desse repositório deve ser feito em nível institucional. "Eu estudo a estabilidade institucional a longo prazo, pois não temos a garantia de que nenhuma instituição brasileira consiga se manter estável por séculos, vide nossas turbulências políticas e econômicas. E qualquer instabilidade da instituição responsável por essa segurança poria em risco a sociedade."
Financiamento pela internet
Quando descobriram que seus trabalhos haviam sido selecionados para o evento nos Estados Unidos, Cecilia e as três colegas do Ipen foram atrás da viabilização da viagem. Com o dólar alto e as datas do evento coincidindo com o Carnaval no Brasil, a pesquisadora afirmou que, somando as passagens aéreas até Phoenix e o valor que elas devem carregar em dólares para que possam ter a entrada liberada nos Estados Unidos, cada uma precisa desembolsar cerca de R$ 6 mil. "Um aluno de mestrado no Ipen recebe bolsa de R$ 1.500. Porém, nem bolsa de pesquisa eu estou recebendo", afirmou a candidata ao doutorado direto.
Após uma tentativa frustrada de pedir ajuda de custo junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e de pedidos negados pelas companhias aéreas de desconto na passagem, Naomi, que havia comprado um iPhone novo e sem uso, teve a ideia de rifá-lo para arrecadar o dinheiro, e as demais toparam a empreitada de divulgar a campanha.
Até este sábado (9), a 20 dias da viagem, Cecilia diz que as vendas da rifa já foram suficientes para cobrir o custo do telefone e cerca de R$ 5 mil dos R$ 24 mil necessários para a participação das quatro brasileiras. Ana Paula e Natalie, então, desistiram da ideia de ir até o Arizona para que as outras tivessem maior chance de conseguir o custeio.
"É um congresso importante, como se fosse uma vitrine pro mundo, pra que possamos mostrar o que o Brasil tem visto e estudado a respeito da tecnologia nuclear. Está todo mundo de olho nisso, a gente não pode ficar pra trás", defendeu Cecilia. "Meu objetivo é apresentar meu trabalho e conseguir financiamento, apoiadores, cientistas do mundo irão demonstrar interesse. Mas, pra isso, eu preciso estar lá."
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- 07/02/2019 - INB: Nota à ImprensaFonte: INB
A Indústrias Nucleares do Brasil - INB informa que vai atender a todas as recomendações do Ministério Público Federal sobre o Plano de Ação Emergencial em Barragens Nucleares e que já começou a adotar as medidas necessárias para sua total implementação na unidade de Caldas/MG.
Durante inspeções de rotina na manutenção da barragem, a INB identificou que a água na saída do extravasor estava turva e, prontamente, comunicou o evento não usual aos órgãos fiscalizadores - IBAMA e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) - e ao MPF. Cumpre ressaltar que esse evento não se repetiu desde 25/09/2018 até hoje.
Para a correção do problema, a INB contratou especialistas e com base em suas orientações irá descomissionar o extravasor em questão e substituí-lo por um modelo mais atual - na forma de um vertedouro de superfície - utilizado em barragens mais modernas. Desde dezembro de 2018, a empresa contratada - Toniolo, Busnello Túneis, Terraplanagens e Pavimentações - está na unidade realizando os serviços necessários para adequação da barragem às melhores práticas de proteção e prevenção, com o objetivo de aumentar a segurança e a confiabilidade da mesma. A previsão é que o serviço seja concluído até maio/2019.
A INB está de portas abertas à população para esclarecer todas as dúvidas e tem se reunido com representantes do poder público da região. Na semana passada recebeu o Prefeito de Caldas, Alexsandro Conceição Queiroz, a secretária Municipal de Meio Ambiente, Priscila Magne Bueno Yaegashi; o secretário de Governo, Caio Cesar Westin Rodrigues; de Agricultura, Roberto Kozuki; e o Presidente do Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente (CODEMA) de Caldas, Paulo Roberto Pinheiro. Outras visitas estão agendadas com o intuito de mostrar que as instalações são seguras e tranquilizar a comunidade local sobre as questões envolvendo as barragens.
Histórico
A mina de urânio em Caldas foi a primeira do Brasil e operou de 1982 a 1995, quando foram encerradas as atividades de mineração na unidade. As instalações, o solo, as águas e os equipamentos da antiga mineração são permanentemente monitorados, de modo a proteger o meio ambiente e assegurar a saúde dos trabalhadores da unidade e dos moradores da região. -
- 07/02/2019 - MPF quer plano de ação emergencial em barragem com rejeitos nuclearesFonte: EBC
O Ministério Público Federal informou hoje (7) ter recomendado à empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB) que adote providências necessárias para a implementação do Plano de Ação Emergencial (PAEMB) na barragem de sua unidade situada em Caldas (MG). A estrutura pertence a uma mina de exploração de urânio desativada em 1995 e, segundo vistoria feita em novembro do ano passado por técnicos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), há riscos de rompimento devido a possíveis processos de erosão interna.
A Indústrias Nucleares do Brasil é uma estatal de economia mista vinculada ao Ministério da Minas e Energia. Suas atividades são fiscalizadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que também recebeu ofício com a recomendação do MPF.
O documento cobra a implementação do PAEMB até dia 30 de março. Também fixa um prazo de cinco dias para que o INB e a Cnen deem ampla divulgação à população vizinha à unidade sobre os riscos a que estão expostas. A recomendação foi expedida quase duas semanas após o rompimento da barragem da Vale na Mina do Feijão, em Brumadinho (MG). De acordo com os dados mais recentes, 150 pessoas foram encontradas sem vida e mais 182 estão desparecidas.
De acordo com nota divulgada pelo MPF, a barragem contém material radioativo relativo à primeira mina de urânio do Brasil. "A exploração durou de 1982 a 1995, quando foi encerrada sob o argumento de que as atividades eram economicamente inviáveis. Mesmo após o fim da mineração, remanescem no local a cava da mina, contendo lama com resíduos radioativos, uma fábrica de beneficiamento de minério desativada, dezenas de equipamentos e a barragem com milhares de toneladas de rejeitos contendo urânio, tório e rádio".
O texto registra ainda que, após o encerramento das atividades de exploração de urânio em 1995, não foram adotadas providências concretas para o descomissionamento da barragem e para a recuperação ambiental pelos danos causados. Diante dessa situação o MPF moveu uma ação civil pública em 2015.Procurado pela Agência Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) informou que solicitou, em outubro de 2018, que o INB apresentasse garantias da segurança e da estabilidade da barragem, incluindo a elaboração do PAEMB. Segundo o órgão, a estatal deu início às medidas necessárias para o atendimento das solicitações e as ações adotadas estão sendo avaliadas.
Em nota, a INB informou que já está adotando as medidas necessárias e vai atender todas as recomendações. A estatal disse também que a unidade é permanentemente monitorada para proteção do meio ambiente e da saúde de trabalhadores e moradores da região. Ela anunciou a troca de um extravasor (canalização destinada a escoar eventuais excessos de água dos reservatórios) por um modelo mais moderno e acrescentou que uma empresa contratada vem atuando para aumentar a segurança da barragem desde dezembro do ano passado, com previsão para concluir o serviço em maio.
"A INB está de portas abertas à população para esclarecer todas as dúvidas e tem se reunido com representantes do poder público da região", registra o texto divulgado pela estatal. Segundo a empresa, na semana passada, o prefeito de Caldas, Alexsandro Conceição Queiroz, visitou a unidade junto com secretários da prefeitura.
Matéria atualizada às 20h38 para acréscimo da nota da INB
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- 07/02/2019 - Ibama nega licenciamento à usina de urânio de ItataiaIbama considera inviável para o meio ambiente instalação de uma usina de extração de urânio e fosfato no Ceará
Ibama considera inviável para o meio ambiente instalação de uma usina de extração de urânio e fosfato no Ceará
Fonte: Jornal O PovoNo rastro da tragédia de Brumadinho (MG), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) decidiu descartar o processo de licenciamento ambiental da usina de urânio de Santa Quitéria/Itataia, no Ceará. De acordo com um e-mail enviado ao O POVO pela assessoria de comunicação do órgão, o "projeto de mineração de fosfato e urânio foi arquivado em razão da inviabilidade ambiental do estudo apresentado".
Na última terça-feira, 5, O POVO havia pedido informações à superintendência nacional do Ibama sobre o resultado da análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e o do licenciamento do empreendimento que beneficiaria material radioativo. Desde 2014, ambientalistas contrários à implantação da usina e o Consórcio Santa Quitéria - formado pela mineradora Galvani e pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) - esperavam a decisão do órgão licenciador.
Um dos pontos mais criticados por ambientalistas e comunidades que seriam impactadas pela usina é a construção da barragem para o descarte de rejeitos. De acordo com dados do Consórcio Santa Quitéria, a projeção é que os resíduos de urânio alcançariam 90 metros de altura. Já os de fosfogesso (depósito da produção de ácido fosfórico) alcançariam 70 metros de altura.
Segundo dados do processo 02001.005454/2004-24/Ibama, a usina do Sertão cearense produziria, anualmente, 1.600 toneladas de concentrado de urânio e 1.050.000 toneladas de derivados fosfatados.
Em 2014, o Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde da Universidade Federal do Ceará (Tramas-UFC) entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo anulação do EIA-Rima apresentado pelas empresas. E protocolou no Ibama manifestações da sociedade civil contra o empreendimento.
De acordo com a advogada Talita Furtado Montezuma, do Tramas-UFC, várias irregularidades foram apontadas para os dois órgãos federais. O Ibama chegou a emitir parecer técnico provisório e pediu complementações ao estudo ambiental.
Em agosto do ano passado, houve reuniões entre o Ibama e os empreendedores em Fortaleza e o último parecer do órgão apontava a ausência de viabilidade hídrica do projeto, que pretendia consumir, com a usina, 911 m³ de água nova por hora. Os empresários chegaram a pedir a revisão do parecer.
O Ibama ainda não detalhou o que chamou de arquivamento do processo por "inviabilidade ambiental do estudo apresentado" pelo Consórcio Santa Quitéria. Porém, acabou concordando com pontos da representação que apontam, por exemplo, a "ausência de dados sobre radiação" no manejo do urânio, "subdimencionamento de riscos", "ausência de efetividade das medidas mitigadoras", "ausência de comunidades no diagnóstico social" e a "falta de simulação computacional sobre dispersão de poluentes radioativos".
Adubo
A extração de urânio e fosfato da Usina de Santa Quitéria, no Ceará, segundo o projeto serviria para a fabricação de adubos, fertilizantes e outros produtos químicos.
92,6 milhões de reais é a estimativa de arrecadação de ICMS e ISS para o Ceará com a usina de urânio
Fosfato
Em novembro de 2015, a expectativa do presidente da Indústrias Nucleares do Brasil, Aquilino Senra, era de que a licença prévia do Ibama seria emitida e permitiria a operação da Usina de Santa Quitéria em 2019. A produção de fosfato seria para o Ceará, Piauí, Tocantins, Maranhão e Bahia.
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- 07/02/2019 - PF cumpre mandados em SP para investigar suspeita de cobrança de propina para construção de submarino da MarinhaForam expedidos três mandados de busca e apreensão para investigação que envolve um servidor da Marinha e um engenheiro. MPF apura prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Foram expedidos três mandados de busca e apreensão para investigação que envolve um servidor da Marinha e um engenheiro. MPF apura prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Fonte: G1
A Polícia Federal em São Paulo cumpre na manhã desta quinta-feira (7) três mandados de busca e apreensão para investigação que envolve um servidor da Marinha e um engenheiro suspeitos de cobrarem propina em contratos para a construção de um submarino. A investigação é do Ministério Público Federal em São Paulo.
A procuradora Thaméa Danelon apura a prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Os alvos são um engenheiro nuclear do Centro Tecnológico da Marinha do Brasil (CTMSP) e um engenheiro particular.
Segundo o MPF, entre 2008 e 2015, o engenheiro da Marinha solicitou propina no valor aproximado de R$ 6 milhões à empresa austríaca Bilfinger Maschinembau GMBA & CO.KO (MAB), que atua no ramo de fabricação e engenharia de componentes para tecnologia de reatores nucleares.
A MAB assinou 15 contratos administrativos com o Centro Tecnológico da Marinha e com o Comando Naval Brasileiro Europa (BNCE) para fornecimento de materiais para pesquisa. O contrato também previa a importação de bens, tecnologia e prestação de serviços no campo da tecnologia nuclear.
Segundo o MPF, a solicitação e o recebimento de pagamento pelo engenheiro da Marinha serviu para intermediação da contratação com o CTMSP e para prestação de serviços de consultoria relacionados à entrada da MAB no mercado do Brasil e da América do Sul.
Propina de R$ 3,6 milhões
Ao todo, o engenheiro da Marinha recebeu R$ 3.637.680,67, em valores atualizados, por meio de sua empresa, segundo a Promotoria. Os depósitos foram feitos numa conta bancária na Suíça.
A empresa JJ&RR Assessoria Técnica e Comercial LTDA., do engenheiro particular alvo dos mandados de busca e apreensão desta quinta-feira, também recebeu valores relacionados à propina ajustada pelo engenheiro da Marinha, segundo o MPF.
Ainda de acordo com promotores, o pagamento da propina também foi mascarado sob a forma de contrato de prestação de serviços de consultoria.
Em nota, a Marinha do Brasil informou que "desde 2015, quando tomou conhecimento do caso, através da Controladoria-Geral da União, vem contribuindo para a elucidação de supostos ilícitos relacionados às atividades da empresa Bilfinger Maschinembau GMBA & CO.KO (MAB), visando à preservação do patrimônio público e à persecução penal militar. Como resultado, foram instaurados inquéritos policiais militares, devidamente encaminhados ao Ministério Público Militar, em 2017 e 2018."
A reportagem entrou em contato com a empresa austríaca MAB e aguarda retorno.
A reportagem tenta contato com a JJ&RR Assessoria Técnica e Comercial.
Pedido de prisão negado
O procuradores do MPF chegaram a pedir a prisão dos investigados, mas o pedido foi negado. No entanto, a Justiça determinou a suspensão do exercício da função pública do servidor da Marinha e determinou que ele e o engenheiro particular tenham acesso a qualquer dependência da Marinha.
A Justiça também mandou bloquear os bens, até o valor de R$ 13.060.680,72, do servidor e do engenheiro e de suas respectivas esposas, além de três empresas.
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- 06/02/2019 - Como testar resistência à radiação sem utilizar um reator nuclearTécnica avançada de microscopia eletrônica simula efeito causado por radiação no revestimento dos reatores
Técnica avançada de microscopia eletrônica simula efeito causado por radiação no revestimento dos reatores
Fonte: Jornal da USP
O acidente na central nuclear de Fukushima, em 2011, no Japão, levou os cientistas a buscarem materiais para os reatores mais resistentes aos danos severos causados pela radiação. Um destes materiais é o nitreto de titânio, composto cerâmico testado em uma pesquisa internacional com participação da Escola Politécnica (Poli) da USP. Por meio de uma técnica avançada de microscopia eletrônica, o efeito da radiação é simulado sem necessidade de produzir uma reação nuclear, o que reduz o custo dos experimentos. O método usado no experimento é descrito em artigo do Journal of Nuclear Materials.
Os reatores nucleares possuem uma câmara em que são inseridas varetas metálicas com o combustível nuclear e o material que controla a intensidade da reação entre as partículas dos átomos, que leva à geração de energia. "A radiação produzida na reação pode danificar o revestimento do combustível e comprometer o reator”, conta o professor Claudio Schön, da Poli, um dos autores do artigo. "Em Fukushima, o revestimento era feito de zircaloy, uma liga metálica com zircônio. O vapor de água presente na câmara do reator reagiu com o zircônio, produzindo hidrogênio molecular, que se acumulou e causou uma explosão.”
Professor Claudio Geraldo Schön aponta que radiação produzida na reação entre partículas que gera energia pode danificar revestimento e comprometer funcionamento de reator nuclear – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
Desde então, segundo o professor, a comunidade científica busca soluções para evitar novos acidentes como esse. Uma das propostas é a adição de um filme fino sobre o zircaloy. Para essa finalidade, o Laboratório Nacional de Oak Ridge (Estados Unidos) estuda o nitreto de titânio, e um dos pesquisadores envolvidos é o primeiro autor do artigo, o físico Matheus Tunes, formado no Instituto de Física (IF) da USP. Na Poli, o doutorando Felipe Carneiro da Silva, orientado por Schön, pesquisa as propriedades mecânicas dos filmes finos de nitreto de titânio. A partir dos estudos de Carneiro da Silva, o físico testou o material nos laboratórios da Universidade de Huddersfield (Reino Unido).
Radiação simulada
Linha do acelerador de partículas, que emite um feixe de íons de xenônio (gás nobre) para simular incidência de radiação, conectada com o microscópio de transmissão eletrônica – Foto: Cedida por Matheus Tunes
O nitreto de titânio foi observado em um microscópio de transmissão, acoplado a um acelerador de partículas. "A radiação é simulada por um feixe de íons de xenônio (gás nobre) que, ao se chocar com as partículas do material testado, simula o dano causado pela radiação do combustível nuclear”, explica Schön. "Se a simulação fosse feita em um reator nuclear, além do custo mais elevado e da dificuldade de controlar a reação, todo o material potencialmente se tornaria radioativo, o que não acontece com essa técnica.”
As análises demonstraram que o nitreto de titânio não é um material adequado para revestir o combustível nuclear. "Os testes identificaram dois processos que comprometem o desempenho da liga. Um deles é a segregação induzida por radiação, em que a energia envolvida na reação faz os átomos de titânio se concentrarem em defeitos cristalinos do material”, descreve o professor. "O outro é o aparecimento de cavidades e bolhas, que crescem rapidamente ao receberem o nitrogênio existente no composto, causando um inchamento que é ruim para a operação do reator.”
Materiais promissores
Imagem do microscópio de transmissão mostra acúmulo de bolhas na estrutura do nitreto de titânio, testado como revestimento do combustível nuclear; inchamento provocado pelas bolhas poderia comprometer funcionamento do reator – Foto: Cedida por Matheus Tunes
Em sua pesquisa de doutorado na Universidade de Huddersfield, Tunes utiliza a microscopia de transmissão para analisar dois materiais promissores no campo da proteção de danos causados pela radiação, as ligas de alta entropia (ligas metálicas complexas com vários elementos) e o MAX Phases (combinação de metal com carbono e silício). "Essas combinações permitiriam ligas metálicas com uma temperatura de fusão muito alta, o que dificultaria mudanças na estrutura do material, aumentando sua estabilidade”, afirma Schön. "Quanto menos a liga se alterar, maior será a capacidade de resistir à radiação.”
Os novos materiais poderão tornar viável a construção de reatores nucleares por fusão. "Os reatores atuais usam a técnica de fissão, em que a energia vem dos nêutrons, partículas dos átomos que interagem pouco com a matéria, limitando o dano causado pela radiação”, diz o professor. "Na fusão, são produzidas partículas alfa de altas energias (núcleos do gás hélio), cuja capacidade de interação é muito maior que a dos nêutrons. Isso faz com que todas as partículas causem danos, dificultando a criação de uma estrutura de controle que permita um reator funcional.”
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- 04/02/2019 - Carvalho × SenraEspecialistas em energia nuclear divergem sobre a necessidade de conclusão de Angra 3, prioridade do atual governo. Para um, será mais sensato e barato cancelar o projeto agora. Para o outro, a interrupção definitiva seria um “desatino” energético e econômico
Especialistas em energia nuclear divergem sobre a necessidade de conclusão de Angra 3, prioridade do atual governo. Para um, será mais sensato e barato cancelar o projeto agora. Para o outro, a interrupção definitiva seria um “desatino” energético e econômico
Fonte: Época
Joaquim Francisco de Carvalho, 83 anos, paulista
O que faz e o que fez: pesquisador associado ao IEE/USP, foi diretor industrial da Nuclen (hoje Eletronuclear) e presidiu a comissão que avaliou o acidente com o Césio 137, em 1987. Doutorou-se em energia pela USP
Aquilino Senra, 66 anos, fluminense
O que faz e o que fez: professor do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ, foi presidente da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que exerce o monopólio do urânio no país em nome da União. Doutorou-se em ciências da engenharia nuclear pela Coppe/UFRJ
Existe preconceito no Brasil contra a energia nuclear?
Joaquim Francisco de Carvalho Não há preconceito, mas sim desinformação. Contra e também a favor.
Aquilino Senra Se há algum preconceito, ele resulta da associação da energia nuclear principalmente com as bombas nucleares e, talvez, com acidentes em usinas. O uso dessa fonte de energia para geração de eletricidade desperta um forte debate. Contudo, é consenso que a energia nuclear tem inúmeras aplicações importantes, das quais a sociedade moderna não pode prescindir, como na medicina, na agricultura, na indústria, na arqueologia e no meio ambiente. Considerando todas as suas aplicações, a energia nuclear é razoavelmente aceita pela sociedade brasileira.
Vale a pena para o Brasil investir em energia nuclear, considerando o custo e a diversidade de fontes energéticas que temos?
JFC Se houvesse planejamento, o Brasil poderia cobrir toda a demanda por energia elétrica apenas com fontes renováveis, como a hídrica, a eólica, a térmica, de biomassa e a fotovoltaica. O problema é que o planejamento foi desativado no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que extinguiu o Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos (GCPS), coordenado pela Eletrobras. A situação piorou nos governos do PT.
AS A eletricidade é apenas uma das inúmeras aplicações da energia nuclear, mas, apesar da controvérsia, ela é eficiente e confiável, respondendo por cerca de 12% da geração em todo o mundo. Doze países usam a energia nuclear para pelo menos 30% de sua geração. Destaque para a França, com mais de 70%. A energia nuclear no Brasil é também importante para a diversificação e complementação da geração térmica, sendo a melhor alternativa das fontes térmicas de base para mitigar a intermitência na geração eólica e solar. Como as usinas nucleares de terceira geração têm custos estimados bastante inferiores aos das usinas atuais, é plausível admitir a expansão da geração nucleoelétrica no país.
O projeto de Angra 3, considerado polêmico, começou em 1984 e ainda não virou realidade. Qual a viabilidade de ampliar o uso da energia nuclear no curto prazo?
JFC No curto prazo, é inviável.
AS O atraso na conclusão do projeto de Angra 3 tem muito pouco a ver com a tecnologia e mais com situações externas ao projeto, tais como: dependência das garantias de financiamento dadas pelo governo federal; engessamento da administração pública refletindo-se na eficiência da execução do projeto, que, por ser de alta tecnologia, não pode ser engessado nos processos de aquisições de produtos e serviços altamente especializados; atrasos na liberação das licenças ambientais e nucleares; e repercussão dos acidentes de Chernobyl e Fukushima. Uma vez equacionada parte dessas questões, torna-se viável a expansão da participação da energia nuclear na matriz energética do país.
Qual a melhor opção para Angra 3, concluir ou cancelar esse projeto?
JFC Em situações como esta, os ingleses e americanos, sabiamente, aconselham: "Don’t cry over spilt milk”, isto é, "não chore sobre o leite derramado”. O prejuízo será menor se o projeto for cancelado.
AS Sem dúvida alguma a opção deve ser pela conclusão. A usina já está com 60% do projeto executado. Sua descontinuidade seria um desatino, tanto do ponto de vista energético quanto econômico. Entre o desmonte da estrutura já existente, a quitação de empréstimos já realizados para a execução do projeto, multas contratuais e a desativação completa do canteiro de obras, seria necessário arcar com um prejuízo de mais de R$ 13 bilhões. Desconte-se esse valor do que será necessário para a conclusão da obra e não haverá nenhuma outra fonte de energia para pôr no lugar com custo menor. Nesta altura do campeonato, abandonar o projeto será jogar dinheiro fora.
Não há no mundo solução definitiva para o lixo nuclear. Isso não seria um entrave para a retomada das obras?
JFC A experiência mostra que a descontaminação e desativação de uma central nuclear ao fim de sua vida útil pode custar mais que o capital investido em sua construção. E nem falemos dos gastos na manutenção e permanente vigilância dos depósitos de rejeitos de alta atividade. Só países ricos podem arcar com esses custos para afastar riscos inaceitáveis.
AS Não vejo isso como um entrave. Atualmente os combustíveis queimados são armazenados em piscinas especiais situadas no interior dos prédios de contenção das próprias usinas e lá deverão permanecer durante a vida útil deles, algo em torno de 60 anos. Essa é uma solução temporária. Existem diversas soluções técnicas para o armazenamento definitivo do combustível queimado. A principal, que está sendo adotada nos Estados Unidos, na Suécia e na Finlândia, é a construção de um depósito subterrâneo. Uma alternativa promissora vem sendo estudada como forma de evitar dificuldades técnicas e de aceitação pública dos repositórios finais. A ideia original foi proposta pelo físico, e prêmio Nobel, Carlo Rubbia, e consiste no uso de aceleradores de prótons de alta energia.
Se o projeto for abandonado, qual o futuro do conhecimento e da tecnologia desenvolvidos no país?
JFC Os engenheiros mecânicos e os engenheiros eletricistas seriam aproveitados em diversos setores da indústria. O pessoal específico da área nuclear, que é minoria, poderia ser aproveitado na Comissão Nacional de Energia Nuclear, no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (da USP), no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e em outras instituições. Seu conhecimento também seria útil no projeto de um sistema nuclear para propulsão naval.
AS Ao longo da operação da usina, é natural que ocorram aperfeiçoamentos do projeto. Há inúmeros tópicos em que novas tecnologias podem contribuir para melhorar o desempenho operacional e ampliar as condições de segurança, como sistemas antecipatórios de condições anormais de operação, novas ferramentas para prever o desempenho, a confiabilidade e economia da operação de usinas nucleares, modelagem da extensão do ciclo de vida dos reatores, além de novas técnicas de descomissionamento. Tudo isso deixará de ser realizado se o projeto de Angra 3 for abandonado.
O novo ministro de Minas e Energia é militar, e a energia nuclear sempre foi vista no Brasil como uma bandeira das Forças Armadas sob o argumento de que é uma questão estratégica. Até que ponto esse discurso ainda é atual?
JFC Centrais nucleares de potência não são estratégicas. Estratégico seria um sistema nuclear de propulsão naval. Um país com mais de 8.000 quilômetros de costa atlântica não pode prescindir de submarinos de propulsão nuclear. Também estratégico é o controle das grandes usinas hidrelétricas. Por essa razão, até nos EUA as grandes hidrelétricas são públicas. Em vez de privatizar a Eletrobras, seria mais inteligente despolitizá-la e submetê-la a uma diretoria profissional, competente e honesta. As hidrelétricas da Eletrobras respondem por uma oferta da ordem de 170 milhões de megawatts-hora por ano. Portanto seu ganho pode chegar a R$ 20 bilhões por ano. Se o governo de fato pretende investir no projeto de propulsão nuclear naval, aí está uma fonte de recursos.
AS Do ponto de vista militar, a defesa da extensa área marítima com uma enorme diversidade de recursos naturais é estratégica para o país. E, neste aspecto, as Forças Armadas propuseram recentemente como uma das prioridades do novo governo a conclusão do projeto do submarino nuclear. Já como ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque defendeu a conclusão do projeto de Angra 3 em razão do aproveitamento da tecnologia do ciclo do combustível nuclear, dominada autonomamente pelo país, e da existência de grandes reservas de urânio no território brasileiro.
A Alemanha resolveu suspender investimentos em energia nuclear após o acidente de Fukushima, no Japão. Faz sentido?
JFC Faz todo sentido. O acidente de Fukushima mostrou que, apesar de tudo que se possa fazer em matéria de segurança, não existe obra de engenharia 100% segura. São inúmeros os acidentes que acontecem pelo mundo. Entretanto, os acidentes nucleares têm dimensões que outros não têm. Um acidente de avião, por exemplo, termina no local e no instante em que acontece. Um acidente nuclear apenas começa no instante e no local em que ocorre. Alguns anos depois, milhares de pessoas em regiões inteiras sofrerão males induzidos por exposição a radiações ionizantes. Os alemães não querem mais correr esse risco.
AS Grupos contrários ao uso no país da energia nuclear têm afirmado que essa alternativa de geração de energia está sendo abandonada em nível mundial. Tal afirmação está longe de ser verdadeira. Dados recentes mostram que, além das 449 usinas em operação, estão em construção 56, que deverão entrar em operação nos próximos quatro anos. Além destas, já foram encomendadas outras 44.
O Brasil desenvolveu a tecnologia de enriquecimento de urânio. Deveria se aproveitar dessa vantagem e se tornar um exportador de urânio enriquecido?
JFC Urânio enriquecido também é usado nos reatores de pesquisa e de produção de radiofármacos. E, evidentemente, nos sistemas nucleares de propulsão naval. Os excedentes podem ser exportados.
AS O desenvolvimento do processo de enriquecimento isotópico de urânio é uma das maiores conquistas tecnológicas do Brasil, fruto da cooperação tecnológica entre Marinha, universidades e institutos de pesquisa do país. Atualmente, além do Brasil, apenas dez países detêm tecnologias de enriquecimento de urânio e nenhum deles vende ou transfere esses conhecimentos. A exportação do concentrado de urânio, sem a devida agregação de valor, seria uma forma inadequada de utilização das reservas nacionais do minério, que constituem patrimônio estratégico do país.
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- 04/02/2019 - Ipen realiza workshop para debater resultados de pesquisa em corrosãoFonte: Agência FAPESP
Com o objetivo de compartilhar os resultados obtidos no desenvolvimento do Projeto Temático "Estudo da corrosão localizada e caracterização da resistência a corrosão associada à fadiga na região de solda em ligas de alumínio de elevada resistência soldadas por fricção (FSW)”, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizará, na próxima segunda-feira (04/02), das 9h às 15h40, o 4º Workshop do Projeto FAPESP 2013/13235-6.
Coordenado pela pesquisadora Isolda Costa, do Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais (CCTM) do Ipen, o projeto encerra-se no mês de maio e registra, até o momento, dez trabalhos aceitos para publicação em jornais de circulação internacional e com política de revisão pelos pares. "Além desses, 10 outros trabalhos foram submetidos a publicação e se encontram em fase de avaliação”, disse Costa em comunicado do instituto.
O projeto se propôs a estudar o comportamento da região de solda de ligas de alumínio de elevada resistência mecânica, soldadas por fricção (FSW, acrônimo de Friction Stir Welding), com ênfase na identificação de efeitos galvânicos que pudessem contribuir para a aceleração da corrosão. Segundo Costa, esse objetivo foi atingido e pode-se dizer que o grupo que desenvolveu as pesquisas hoje é detentor de um saber que é de grande interesse do setor aeronáutico, especificamente da indústria de aviação.
"Os benefícios para a indústria aeronáutica estão relacionados ao uso da soldagem FSW na montagem das peças de forma a evitar os rebites, os quais representam grande proporção no peso das aeronaves e, consequentemente, aumento do consumo de combustíveis e geração de poluentes. Esse processo de soldagem (FSW) é relativamente recente, da década de 1990, e seu efeito no comportamento frente à corrosão das ligas de alumínio de alta resistência precisa ser mais bem conhecido”, disse.
Os resultados obtidos foram além das expectativas de produtividade do projeto, avalia Isolda. "É muito importante a divulgação dos resultados do último período de trabalho, o que ocorrerá neste 4º Workshop, para que os participantes possam pensar conjuntamente as possibilidades de dar continuidade ao trabalho e as possíveis formas de divulgação dos resultados do período final”, disse Costa.
O projeto foi realizado em colaboração com a Universidade de São Paulo (Escola Politécnica e Escola de Engenharia de São Carlos), Universidade Estadual Paulista (Unesp - Araraquara), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp - Diadema) e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).
Integram o projeto os pesquisadores Hercilio Gomes de Melo (Escola Politécnica - USP), Waldek Wladimir Bose Filho (USP - São Carlos), Cecilio Sadao Fugivara e Marina Magnani (Unesp - Araraquara), Cristiane Reis Martins (Unifesp - Diadema), Fernanda Martins Queiroz (Senai SP) e Maysa Terada (LNNano). Do Ipen, participam Uyime Donatus (pós-doutorando) e Fernando Moreira (do Escritório de Gestão de Projetos).
O workshop terá início às 9 horas, com a saudação do diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do Ipen, Marcelo Linardi e da gerente do CCTM, Eliana Muccillo. Em seguida, Isolda Costa dará as boas-vindas aos participantes e apresentará os resultados gerais do projeto. Na sequência, Fernando Moreira, gerente do Escritório de Gestão de Projetos (EGP/IPEN), fará suas considerações.
A primeira apresentação, às 9h30, será do professor Bose Filho, que abordará o tema "Efeito da microestrutura na corrosão e corrosão fadiga de ligas de Al”. Às 9h50, Gomes de Melo falará sobre "The FSW process in high strength aluminium alloys used in the aerospace industry”.
A programação segue com Fugivara e Magnani, com o tema "Comportamento eletroquímico nas minirregiões da liga AA2024 e AA7475 soldadas por FSW em diferentes eletrólitos”. Em seguida, Donatus falará sobre "Corrosion resistance of age-hardened aluminium alloys”.
Mais informações e a programação completa estão em: www.ipen.br.
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- 01/02/2019 - Radiação ionizante será tema de simpósio que acontece em São PauloGrupo de Trabalho do Projeto Carex - Radiação Ionizante - se reúne em SP para estruturar evento na área
Grupo de Trabalho do Projeto Carex - Radiação Ionizante - se reúne em SP para estruturar evento na área
Fonte: Site Fundacentro
Por ACS/ Alexandra Rinaldi
O tema radiação ionizante será abordado durante a realização do I Simpósio-Exposição Ocupacional às Radiações Ionizantes no Brasil, que acontece nos dias 23 e 24 de abril de 2019, na sede da Fundacentro em São Paulo.
O Grupo Técnico de Radiação Ionizante, coordenado por Robson Spinelli Gomes, Físico Nuclear e Diretor Técnico da Fundacentro e participantes do comitê de organização estiveram reunidos na sede da Fundacentro na quinta (31) para acertar os detalhes da programação e de estrutura do evento.
Para Spinelli, a realização do I Simpósio vem para atender uma das metas do Carex para identificar as questões envolvidas na caracterização dos Individuos Ocupacionalmente Expostos (IOE) e também colaborar no dimensionamento e estrutura da população exposta à radiação ionizante.
O Carex, ou CARcinogen EXposure, é um sistema internacional de informação sobre exposições ocupacionais a agentes carcinogênicos. Se baseia em um conjunto de informações relevantes sobre prevalência de exposições cancerígenas nos ambientes de trabalho.
O evento contará com a participação de especialistas de órgãos reguladores, entidades de classe, hospitais, representantes de trabalhadores e do governo, magistratura, profissionais da área de radiação ionizante e demais participantes, onde poderão trocar informações técnicas e debater as principais ações institucionais direcionadas à exposição ocupacional da radiação ionizante.
A previsão de abertura das inscrições no site oficial da Fundacentro será na segunda quinzena de fevereiro.
( O evento acontece no Auditório do IPEN)
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- 01/02/2019 - Amazul busca convênio para atuar na extensão de vida de Angra 1 e prevê projeto detalhado do RMB até o fim do anoFonte: Petronotícias
O setor nuclear tem recebido boas e importantes notícias desde o final do ano passado. Há otimismo no segmento por conta da proximidade da retomada das obras de Angra 3. Além disso, outros empreendimentos desta indústria, igualmente relevantes, estão caminhando. É o caso do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que em 2019 dará alguns passos adiante, conforme revela o diretor-presidente da Amazul, Ney Zanella dos Santos. A empresa, como se sabe, é coexecutora do empreendimento e, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a argentina Invap, está neste momento trabalhando no projeto detalhado do reator, que deve estar concluído até o final do ano. Além disso, Zanella conta que o licenciamento ambiental já está sendo feito. "Para o próximo ano, com o término do projeto detalhado, poderemos partir para o desenvolvimento do reator e as obras civis”, afirmou. O executivo ainda explica que há conversas em andamento para que a Amazul realize um convênio com a Eletronuclear, no sentido de auxiliar no processo de extensão de vida útil de Angra 1. "A Eletronuclear precisará de uma empresa independente para fazer o acompanhamento e avaliação do projeto. Estamos trabalhando neste aspecto”, disse.
O senhor poderia começar fazendo um balanço das operações da empresa no ano de 2018?
No ano de 2018, a Amazul participou ativamente do Programa Nuclear da Marinha. A Amazul também participa do ProSub [Programa de Desenvolvimento de Submarinos]. A empresa trabalha ativamente no programa, que já é exitoso. Tivemos em 2018 o lançamento do primeiro submarino, construído em Itaguaí (RJ). É um projeto francês, mas existe toda uma estrutura de gestão, administração e acompanhamento de projeto, onde a Amazul participa junto com a diretoria geral da Marinha.
Outro balanço muito positivo veio do Programa Nuclear Brasileiro, onde assinamos um convênio com o Ministério da Saúde, que se comprometeu a contribuir com 50% do RMB, o que significa aproximadamente R$ 750 milhões. A Amazul está fazendo o projeto detalhado do RMB. Estamos com um grupo muito forte fazendo o projeto, em parceria com a argentina Invap e com a coordenação da Comissão Nacional de Energia Nuclear, por intermédio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Qual a importância do projeto do RMB?
O RMB é um projeto capitaneado pela CNEN. A Invap tem o projeto do núcleo do reator, propriamente dito. A Amazul está fazendo as interfaces desse núcleo com os periféricos de todo o empreendimento. A principal razão do RMB é fazer radiofármacos para o Brasil. Hoje, o país ainda importa 100% desses produtos. Isso porque não temos um reator ativo para fazer a principal substância para produzir o radiofármaco, o molibdênio-99 (Mo-99), que é 100% importado. O propósito do reator é fazer testes de materiais, com bombardeamento de nêutrons, que hoje são feitos no exterior.
Outro propósito está voltado para a área de pesquisa, por isso que o RMB está no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A pesquisa não é só da área nuclear, mas também nas áreas de medicina, materiais e radiação. É um desdobramento impressionante. Por exemplo, as tulipas holandesas saem de seu país de origem e depois de um mês ainda estão bonitas. Os seus fungos são aniquilados com o uso da radiação. Outro exemplo é nosso café, que atualmente é irradiado na Europa e não no Brasil. Então, veja o desdobramento que o RMB pode trazer de benefícios.
Como está o andamento deste projeto?
Esse projeto está com alguns anos. Com essa alavancagem que fizemos com o Ministério da Saúde, que vai bancar 50% do reator, aproximadamente, estamos aplicando diretamente os recursos no projeto e na construção do RMB, sem considerar os periféricos, para que ele possa vir a produzir o principal insumo, que é o radiofármaco.
O projeto detalhado será terminado ao final deste ano e já estamos fazendo o processo de licenciamento. O terreno já existe, foi doado pela Marinha. O governo de São Paulo também desapropriou uma área adjacente. A parte governamental já foi feita. O terreno já está conosco e estamos fazendo o licenciamento ambiental. A Amazul está ajudando nisso.
Para o próximo ano, com o término do projeto detalhado, poderemos partir para a confecção do reator, que será feita em alguma indústria metalúrgica ainda não definida. A previsão de construção do reator seria na faixa de três a quatro anos. No final de 2022 para 2023, estaremos na área final. Mas essa data depende do licenciamento nuclear, que garante a operação segura.
Em quais outros projetos a Amazul está envolvida?
Nosso outro grande projeto chama-se Gestão do Conhecimento. A gestão de conhecimento é o maior projeto que temos para garantir a continuidade e evolução de tudo que fizemos até hoje. Essa gestão segue um modelo bastante consolidado no Brasil, utilizado pela própria Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. Mas nós temos um viés um pouco mais profundo, seguindo as regras da Agência Internacional de Energia Atômica, da qual o Brasil faz parte.
O conhecimento está na mente dos brasileiros e, por isso, temos que fazer a gestão para que tenhamos um programa de sucessão. Muitos profissionais estão envelhecendo e os novos estão chegando. Assim, dentro deste nosso projeto, conseguimos contratar todos os formandos de engenharia nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Queremos garantir que estes jovens, que estão entrando na carreira, aprendam com os mais experientes.
A gestão de conhecimento não é um processo simples, mas é muito interessante e estamos alcançando êxito. No ano passado, ganhamos um prêmio de referência nacional na Unidade Produtora de Hexafluoreto de Urânio (USEXA), que fica em Iperó (SP). E agora estamos fazendo em outras áreas, como a ambiental e a do ciclo do combustível.
A Amazul tem buscado a nacionalização de componentes para o Prosub. Poderia detalhar mais sobre esta iniciativa?
O Programa de Submarinos da Marinha envolve uma grande gama de empresas, que estão se capacitando para participar desta empreitada. A ideia é trazer as empresas nacionais com a tecnologia necessária para o programa. Se não for feito desta maneira, será necessário comprar do exterior. Um projeto muito exitoso nessa faixa de nacionalização se refere às baterias, que estão já sendo produzidas no Brasil. A parte de cabos elétricos também, bem como válvulas de casco de submarino.
Agora, o maior projeto de nacionalização será o de motor de polos permanentes, que hoje o Brasil importa 100%. Os carros elétricos utilizam esse motor, que tem uma aplicação muito grande no mercado.
Gostaria que o senhor falasse também de outros projetos da área nuclear que despertam o interesse da Amazul.
Estamos conversando bastante com a Eletronuclear. A Amazul está fazendo um convênio para um projeto muito interessante, que é o de extensão da vida útil da usina Angra 1, que está perto de atingir seus 30 anos. É um projeto americano, que será feito pela empresa americana [Westinghouse]. Mas a Eletronuclear precisará de uma empresa independente para fazer o acompanhamento e avaliação do projeto. Estamos trabalhando neste aspecto.
Estamos também engajados em um projeto com o Ministério da Educação para ajudar a formar as pessoas na área de pós-graduação. Iremos usar os laboratórios existentes. A Marinha, por exemplo, tem 25 deles. Vamos ajudar as instituições, com parcerias com universidades que quiserem capacitar seus mestrandos e doutorandos na área nuclear. Nós faremos esse elo. O modelo ainda está para ser escolhido ao longo desse ano.
E quanto ao Labgene? Quais são as novidades?
Estamos trabalhando ativamente com a Marinha. As obras de engenharia civil devem terminar no fim deste ano. Já está sendo feita a montagem eletromecânica que se refere à parte de propulsão dos testes das turbinas, do motor elétrico e do freio dinamométrico. Quando tudo isto estiver devidamente montado, a ideia é partir para a montagem final do reator. A Marinha acredita que isso deve ocorrer em 2023, a depender de recursos que poderão ser provisionados.
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- 31/01/2019 - Vale garante que água e lama de barragem não são radioativasFonte: Hoje em Dia
O Governo de Minas confirmou, na manhã desta quinta-feira (31), que a água do Rio Paraopeba que foi atingida pela lama da barragem Mina do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, apresenta riscos à saúde humana e animal. O líquido e o os rejeitos, contudo, não são radioativos, garante Vale.
Em nota, a mineradora admitiu que usou fontes radioativas na represa, mas afirmou que o método foi substituído por um mecânico, que não apresenta materiais com radiação. "A Vale deixou de utilizar fontes radioativas para medição da densidade da polpa de minério de ferro na usina de beneficiamento do Córrego do Feijão em 2015".
Segundo a empresa, o material radioativo abandonado há quatro anos foi entregue para o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), conforme determina a legislação brasileira. "Importante destacar ainda que essas fontes de radiação eram blindadas e seladas. Além disso, a Vale adotava todos os controles necessários e regulamentados para garantir a integridade delas", informou a mineradora.
Perigo
Conforme as secretarias de Saúde (SES-MG), de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a água do Paraopeba não está adequada para uso e, por isso, não deve ser consumida pela população.
Segundo a nota técnica, "deve ser respeitada uma área de 100 metros das margens". As secretarias dizem, porém, que o contato eventual não causa risco de morte. Ainda conforme o Estado, a orientação é válida desde a confluência do Rio Paraopeba com o Córrego Ferro-Carvão até Pará de Minas.
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- 31/01/2019 - Ação notifica retirada de para-raios com substância radioativa instalados em prédios de BelémMPPA pede a retirada de equipamentos fabricados com Amerício 241, substância radioativa que causa danos à pele. Cerca de 15 prédios em Belém estão irregulares
MPPA pede a retirada de equipamentos fabricados com Amerício 241, substância radioativa que causa danos à pele. Cerca de 15 prédios em Belém estão irregulares
Fonte: G1 - Pará
Um inquérito civil foi instaurado para notificar a retirada de todos os para-raios radioativos existentes em prédios de Belém. De acordo com o Ministério Público do Pará (MPPA) todos os equipamentos que utilizarem a substância Amerício 241 serão notificados. Segundo o MPPA, já foram identificados 15 prédios da capital que possuem equipamentos apropriados.
O uso do Amerício 241 em para-raios foi proibido em 2007 por uma lei municipal, que atendeu uma exigência do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN). De acordo com o conselho, a substância usada na fabricação dos para-raios é radioativa e pode causar danos à saúde.
Em nota, a Companhia das Docas do Pará (CDP) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informaram ao Ministério Público do Estado que retiraram os para raios seguindo as normas do CNEN.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear editou um manual com as instruções passo a passo para remoção, acondicionamento e transporte de para raios radioativos. Entre os cuidados previstos estão: utilização de luvas, cápsula metálica resistente, saco plástico, material de enchimento da cápsula. Por último, o material deve ser rotulado e enviado a um dos três institutos brasileiros habilitados a receber os para raios radioativos.
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- 29/01/2019 - Gestão da energia nuclear no governo Bolsonaro preocupa a Argentina, afirma jornalO relacionamento nuclear entre Brasil e Argentina vem preocupando autoridades em Buenos Aires e precisa ser rediscutido com o governo do presidente Jair Bolsonaro, segundo informações publicadas pelo jornal argentino Clarín.
O relacionamento nuclear entre Brasil e Argentina vem preocupando autoridades em Buenos Aires e precisa ser rediscutido com o governo do presidente Jair Bolsonaro, segundo informações publicadas pelo jornal argentino Clarín.
Fonte: Sputnik Brasil
A corrida nuclear aberta entre os dois países na década de 1970, quando ambos eram comandados por ditaduras militares, só foi pacificada em 1985, por acordos assinados pelos presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín.
A declaração nuclear conjunta de 1986 e a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), criada em 1991, permitiram um processo de inspeções e cooperação nuclear para fins pacíficos entre os dois países.
Entretanto, o atual momento político do Brasil vem tirando o sono da classe política argentina, de acordo com o jornal.
"A realidade política brasileira é a de uma militarização visível do programa nuclear – originalmente dedicado a fins civis – pelas mãos quase hegemônicas da Marinha do Brasil. Isso tem levantado bastante a algumas suspeitas na Argentina ainda mais quando o almirante [Bento Costa Lima Leite] encarregado do projeto de construção de um submarino nuclear, que foi apresentado em dezembro passado, foi nomeado ministro da Energia do governo de Jair Bolsonaro. Tudo foi visto como um sinal político em Buenos Aires", informou o Clarín.
A publicação ainda relembra que as relações bilaterais antes fortalecidas pelo acordo de quatro partes que incluiu cada país, a ABACC e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), agora estão em xeque, sobretudo porque Brasília exerce uma política nuclear "nem sempre conveniente para seus vizinhos".
No recente encontro entre Bolsonaro e o presidente argentino Mauricio Macri, que visitou a capital brasileira, o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência argentina, Fulvio Pompeo, trouxe ao conhecimento das autoridades brasileiras as preocupações em torno do que pensa o governo do Brasil sobre a energia nuclear, "particularmente o chefe do bloco peronista no Senado, Miguel Angel Pichetto", disse o jornal.
"O Brasil está relutante em ampliar os controles da AIEA sobre seu programa nuclear, um tópico com o qual a Argentina não tem problemas, e há muito tempo pede sem sucesso a assinatura de protocolos adicionais de salvaguardas, o que atualizaria o controle e a inspeção", ponderou a publicação, algo que marca "uma linha de desacordos crescentes entre Brasil e Argentina que as autoridades insistem em negar".
"Se Buenos Aires continuar aceitando essa posição de Brasília, a ABACC está em perigo. Isso também precisa de certos ajustes que a realidade indica", complementou o Clarín. O jornal pontuou ainda que as exportações de tecnologia nuclear do país vizinho vêm sofrendo com a falta de medidas adicionais que estariam sendo negadas por Brasília.
O governo Macri vem buscando ainda que o Brasil apóie a candidatura argentina de Rafael Grossi, especialista nuclear e embaixador do país em Viena, para comandar a AIEA. Por ora, não se sabe se Bolsonaro endossará o pleito de Buenos Aires. Nem se os argentinos terão acesso a detalhes do submarino nuclear, que deve estar pronto em 2029.
"O projeto do submarino nuclear brasileiro e os elementos combustíveis do submarino, cujo nível de enriquecimento de urânio ainda é desconhecido, representam um desafio para a ABACC", sentenciou o Clarín.
Por ora, o governo Bolsonaro deu poucas indicações do que pretende no âmbito nuclear. A conclusão da usina de Angra 3 e o prosseguimento do projeto do submarino nuclear, construído com tecnologia francesa, foram os dois pontos mais claros na área.
Do lado argentino, a gestão Macri fechou recentemente um acordo nuclear com a Rússia para a construção de usinas no país – com fins pacíficos, sublinhou a Casa Rosada.
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- 29/01/2019 - Fumaça de incêndio na Serra não tem radioatividade, diz Corpo de BombeirosPlaca alertando para a presença de material radioativo chamou a atenção de moradores da região; Petrobras e Corpo de Bombeiros dizem que não há risco à sociedade
Placa alertando para a presença de material radioativo chamou a atenção de moradores da região; Petrobras e Corpo de Bombeiros dizem que não há risco à sociedade
Fonte: Gazeta Online
Após uma tarde de domingo cheia de fumaça na Grande Vitória por conta de um incêndio que atingiu a base da Petrobras na Rodovia do Contorno, na Serra, muitos internautas do Gazeta Online continuaram preocupados nesta segunda-feira (28) com as consequências da enorme nuvem de fumaça que pode ser vista de vários pontos da Grande Vitória. É que uma placa fixada no Terminal Industrial e Multimodal da Serra (Tims), no local do incêndio, fazia um alerta à presença de material radioativo.
Afinal, a fumaça carrega elementos radioativos ou não? A Petrobras descartou essa possibilidade e garantiu que não há motivos para alarde.
"O material que foi consumido no incêndio é composto em sua quase totalidade por plásticos. No local, há também um galpão para estocagem de substância de baixo nível de radiação, contida na área de armazenamento, sem oferecer risco para as pessoas ou o ao meio ambiente. Esse espaço está isolado, atendendo a todos os requisitos de segurança. Após o término do combate ao incêndio, esse material será recondicionado de acordo com as normas dos órgãos reguladores e estocado em um novo galpão."
QUE DIZ O CORPO DE BOMBEIROS
O porta-voz do Corpo de Bombeiros do Estado, tenente-coronel Carlos Wagner Borges, confirmou a existência de material radioativo no local do incêndio, mas explicou que o índice de radioatividade do material naquele depósito é muito baixo, o que não traz perigo à saúde humana nem ao meio ambiente.
"Realmente é um material que tem base radioativa, mas isso não traz prejuízo à comunidade local. Nós fizemos o contato com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão que mede nível de radiação no Brasil, ligado diretamente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e eles disseram que o material apresentou 0,04 mSv (milésimos de Sievert, unidade que mede os efeitos biológicos da radiação) por hora, na zona fria e 0,04 por hora a cinco metros da área quente. Ou seja, está abaixo da tolerância determinada por lei no Brasil que é de 0,50 mSv, então não traz problema à população capixaba", garante.
O tenente-coronel disse ainda que o produto tóxico é a borra de petróleo. "Esse produto que é borra de petróleo é um mineral. O que queimou é o plástico dos tonéis, as boias que servem de balizadores, e não o produto químico. Não há motivo para nos preocuparmos. O Corpo de Bombeiros foi na área quente (local onde aconteceu o fogo) com as equipes e não tem nenhum risco nesse sentido. O Cnen veio do Rio de Janeiro aqui para fazer as medições e não encontrou nenhum problema, caso contrário nossa equipe de Corpo de Bombeiros não estaria no local. Eu mesmo estive lá e constatei isso", acrescentou.
Borges garante que se houvesse qualquer risco à vida humana, o Corpo de Bombeiros capixaba teria evacuado a área do incêndio e até mesmo a cidade, se necessário. Por isso reforça que não há motivo para alarde.
O Corpo de Bombeiros informou na noite desta segunda-feira (28) que o incêndio foi considerado extinto. As chamas foram combatidas desde as 17 horas de domingo (27) até as 19h30 desta segunda.
O QUE DIZ A COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR
Acionada pela reportagem do Gazeta Online, a CNEN - que está com uma equipe na Serra - enviou uma nota sobre o assunto.
O local onde ocorreu o incêndio da Petrobras, Terminal Intermodal –TIMs em Vitoria-ES, armazena temporariamente tambores e contêineres contendo borras oleosas oriundas de descomissionamento proveniente de operação offshore da produção de petróleo. É um material radioativo de origem natural denominado de NORM (Naturally-Occurring Radioactive Materials), que possui concentração de radionuclídeos levemente superior aos limites de isenção e é objeto de controle regulatório da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em concordâncias com as Normas reguladoras.
Ao tomar ciência do incêndio, a CNEN providenciou o deslocamento de uma equipe para o local para fazer a verificação das condições de integridade dos tambores e dos contêineres, bem como avaliar as providências a serem tomadas.
A CNEN solicitará da Petrobras um relatório sobre o ocorrido e irá acompanhar as ações de remediação que deverão ser implementas pela empresa de modo a assegurar o controle regulatório e a proteção radiológica da população e do meio ambiente.
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- 26/01/2019 - Drone do Greenpeace 'ataca' usina nuclear na França com granada de fumaçaUm veículo aéreo não tripulado da organização ambiental Greenpeace lançou uma granada de fumaça em uma usina nuclear localizada em Cape La Hague, no noroeste da França, informou um porta-voz do grupo Orano, a empresa que gere essas instalações.
Um veículo aéreo não tripulado da organização ambiental Greenpeace lançou uma granada de fumaça em uma usina nuclear localizada em Cape La Hague, no noroeste da França, informou um porta-voz do grupo Orano, a empresa que gere essas instalações.
Fonte: Sputnik Brasil
"Esta manhã, o complexo de La Hague detectou a invasão área por dois drones, um dos quais jogou uma granada de fumaça no teto de uma das piscinas [da usina nuclear]", disse o representante, citado pela mídia local.
A filial da organização não governamental francesa twittou fotos do ocorrido, afirmando que o intuito da ação era de "destacar a vulnerabilidade e a saturação deste edifício".
Para o Greenpeace, a instalação atômica não possui condições seguras, sendo incapaz de "proteger os depósitos, cheios de materiais nucleares, em caso de operações aéreas maliciosas".
O representante da usina de processamento nuclear afirmou que entrará com uma ação contra a organização ambiental por violação das regras, além de ter denunciado o incidente às autoridades.
Um drone do Greenpeace colocou um sinalizador de fumaça de emergência no telhado da piscina da instalação nuclear de Orano, em La Hague (França), para destacar a vulnerabilidade e a saturação deste edifício. A usina contém o equivalente a 100 núcleos de reatores nucleares
Tudo está indo muito bem na usina de Orano la Hague. Exceto o fato de o prédio que abriga o equivalente a mais de 100 núcleos de reatores nucleares ser protegido apenas por um telhado de chapa metálica, vulnerável e de fácil acesso
O porta-voz também informou que o ocorrido não prejudicou a segurança da instalação.
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- 24/01/2019 - CNEN divulga segunda nota de esclarecimento sobre equipamento localizado em Arapiraca, AlagoasA Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) divulgou nova nota de esclarecimento, na manhã de 24 de janeiro, referente ao equipamento de raio X encontrado em um ferro velho localizado em Arapiraca, Alagoas.
NOTA DE ESCLARECIMENTO 2A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) esclarece que, conforme informado anteriormente e de acordo com os procedimentos de resposta à emergência radiológica, enviou técnicos para a cidade de Arapiraca, no Estado de Alagoas, a fim de analisar a denúncia sobre a presença de substância radioativa em uma cápsula encontrada em um ferro velho.
A equipe constatou que o material encontrado não possui substância radioativa, sendo parte de um equipamento de raios-x sem condições de uso e que somente poderia produzir a emissão de radiação se estivesse conectado à rede elétrica. A CNEN atestou, portanto, que não há presença de elemento radioativo no material apreendido, não havendo risco radiológico para a população ou necessidade de qualquer ação complementar da Comissão.
Rio de Janeiro, 24/01/2019, 09:30
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- 23/01/2019 - Material radioativo apreendido pela Vigilância Sanitária não contém Césio-137Fonte: Prefeitura de ArapiracaA Vigilância Sanitária de Arapiraca vem a público esclarecer que, após análise do material apreendido na tarde desta terça-feira (22), em um ferro-velho de Arapiraca, ficou constatado que não contém Césio-137, como informado anteriormente.
De acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária do Município, Edilson Melo, a primeira avaliação foi realizada pela empresa Máxima, de recolhimento de material químico e radioativo, que descartou a hipótese de se tratar de uma cápsula contendo Césio-137, mas de um tubo de raio-X.
"Nesse caso, em se tratando de um tubo de raio-X, nos tranquilizamos e também a própria população. O material foi encontrado fechado, por isso não apresenta perigo. E, mesmo se tivesse sido aberto, não teria a proporção do Césio-137. O risco de contaminação seria restrito para quem manipulasse o material”, explicou o coordenador.
Edilson Melo ainda informou que o material encontrado também vai passar por avaliação do Centro Regional de Ciências Nucleares. E que o tubo está guardado em lugar seguro, aguardando o recolhimento adequado da empresa.
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- 23/01/2019 - Nota de esclarecimento da CNEN sobre equipamento localizado em Arapiraca, AlagoasDivulga-se, a seguir, nota de esclarecimento da CNEN referente a equipamento localizado em ferro velho no município de Arapiraca, Alagoas:- Publicado: Quarta, 23 de Janeiro de 2019, 12h24
- Última atualização em Quarta, 23 de Janeiro de 2019, 12h28
NOTA DE ESCLARECIMENTOA Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) esclarece que tomou conhecimento na noite do dia 22/01, às 21 horas, de denúncia sobre uma cápsula com presença de substância radioativa, supostamente Césio 137, na cidade de Arapiraca, no Estado de Alagoas.Imediatamente acionou sua equipe de emergência a fim de averiguar a ocorrência e técnicos estão se dirigindo para o local.
A princípio, com base nas informações recebidas da Vigilância Sanitária de Arapiraca, não se trata de cápsula contendo Césio, mas, possivelmente, de uma peça de mamógrafo, equipamento que não possui material radioativo e é acionado somente através de corrente elétrica. Mesmo assim, a CNEN está atuando de acordo com os procedimentos de emergência da Comissão e atualizará as informações após a conclusão dos trabalhos no local.