Clipping de Notícias
-
- 31/12/2018 - Como tudo começou - Registro HistóricoO primeiro acordo nuclear do Brasil, assinado em 1945 com os EUA previa que o Brasil forneceria minérios radioativos e, em troca, esperava receber reatores nucleares. Mas isso não aconteceu. "A matéria-prima foi para os Estados Unidos, mas as centrífugas não chegavam ao Brasil. Em função dessa circunstância, as autoridades brasileiras perceberam que as intenções estadunidenses na área nuclear não se sintonizavam com as aspirações brasileiras", afirma a historiadora Fernanda das Graças Correa, em seu livro "O Projeto do Submarino Nuclear Brasileiro" (Capax Dei Editora, 2010, Rio de Janeiro).
O primeiro acordo nuclear do Brasil, assinado em 1945 com os EUA previa que o Brasil forneceria minérios radioativos e, em troca, esperava receber reatores nucleares. Mas isso não aconteceu. "A matéria-prima foi para os Estados Unidos, mas as centrífugas não chegavam ao Brasil. Em função dessa circunstância, as autoridades brasileiras perceberam que as intenções estadunidenses na área nuclear não se sintonizavam com as aspirações brasileiras", afirma a historiadora Fernanda das Graças Correa, em seu livro "O Projeto do Submarino Nuclear Brasileiro" (Capax Dei Editora, 2010, Rio de Janeiro).
Fonte: Brasil Nuclear nº49
Vera Dantas
A saída encontrada pelo presidente Getúlio Vargas para acessar a tecnologia nuclear, de acordo com Fernanda Correa, foi buscar sigilosamente outras opções: através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), enviou à França uma missão chefiada por Alexandre Girotto, e outra à Alemanha, tendo à frente o almirante Álvaro Alberto Mota e Silva. Com receio de sofrer retaliações dos EUA, a França não negociou os reatores com Girotto. Já a missão enviada à Alemanha foi bem-sucedida. "Em função de sua antiga amizade com cientistas alemães, o almirante Álvaro Alberto combinou com Wilhelm Groth, chefe do Instituto de Física e Química da Universidade de Bonn, a construção secreta desses reatores. Em 1954, quando esses reatores estavam sendo embarcados no porto de Hamburgo, um destacamento militar inglês os apreendeu", registra.O livro descreve as iniciativas do governo militar brasileiro na área nuclear, a partir da década de 1970. "A recusa à assinatura do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), já no início do governo Costa e Silva (1968-1969), contrariando as intenções dos Estados Unidos, foi uma manifestação do entendimento de que o domínio da tecnologia nuclear era um elemento chave para a transformação do País em uma potência política, econômica e militar em âmbito mundial", afirma Fernanda.
Segundo ela, um exemplo do descompromisso dos EUA em relação ao Brasil foi a assinatura, no início da década de 1970, no governo de Emílio Garrastazú Médici (1969-1974), por parte da empresa estadunidense Westinghouse, do contrato de construção de uma usina nuclear em Angra dos Reis. "Ocorre que, desde 1964, o governo americano tinha proibido a Westinghouse de comercializar a sua tecnologia de urânio", revela.
Para fugir do cerco dos Estados Unidos quanto à política de não-proliferação nuclear, o sucessor de Médici, general Ernesto Geisel, optou por buscar parcerias e contratos estratégicos com a Inglaterra, a França e a Alemanha, países europeus que já dominavam a tecnologia nuclear. "Por estar livre de questões contratuais e por considerar a proximidade com o Brasil uma parceria estratégica, a Alemanha foi a única a se mostrar favorável a transferir tecnologia nuclear para o Brasil", explica Fernanda.
O acordo Brasil-Alemanha previa a transferência de tecnologia de enriquecimento de urânio. Mas o consórcio Uremco, formado pela Alemanha, Inglaterra e Holanda, que forneceria o urânio enriquecido para o Brasil, não aprovou que se transferisse a tecnologia por ultracentrifugação. Os alemães ofereceram, então, a tecnologia jet-nozzle, que desenvolveram. Mas essa tecnologia havia sido demonstrada apenas em escala laboratorial, sem ter sido comprovada comercialmente, nem mesmo na Alemanha.
"Em meados de 1978, o capitão de fragata Othon Luiz Pinheiro da Silva, que regressara dos Estados Unidos com os títulos de engenheiro nuclear e mestre em Engenharia Mecânica pelo MIT, elaborou um relatório propondo criar um projeto para o desenvolvimento de um submarino de propulsão nuclear usando unicamente esforço nacional. Os esforços iniciais se concentrariam no ciclo do combustível nuclear e, logo a seguir, no sistema de propulsão nuclear para submarino. O relatório de Othon foi aprovado em dezembro de 1978", relata Fernanda.
No mês seguinte, ele foi transferido, em comum acordo pela Marinha e pela Aeronáutica para o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP), com a finalidade de participar e avaliar o programa de enriquecimento isotópico por laser, que estava sendo lá desenvolvido. Seu relatório, enviado ao Estado Maior da Armada (EMA) ainda naquele ano, concluía que o enriquecimento isotópico a laser não seria viável para os objetivos de produzir urânio enriquecido em grandes quantidades num prazo aproximado de dez anos e que o enriquecimento de urânio por meio de ultracentrifugação era a melhor opção. O projeto de enriquecimento de urânio estava subordinado ao EMA, que deu a autorização para contatar todas as instituições necessárias para viabilizar o projeto de enriquecimento por meio de ultracentrifugação.
"Por ser um empreendimento sigiloso no Brasil e também para a comunidade internacional, e por também contar com poucas pessoas capacitadas e qualificadas técnico-academicamente, a Marinha realizou o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação com um pequeno número de engenheiros de diversas instituições e empresas nacionais", informa o livro. Uma dessas instituições foi o Ipen.
De acordo com a autora, o Ipen era o único instituto brasileiro na área nuclear não subordinado à Nuclebrás, não estando, portanto, sujeito às salvaguardas internacionais, como eram todas as atividades contempladas no acordo Brasil-Alemanha. O Instituto já vinha há muitos anos desenvolvendo atividades relacionadas com química e metalurgia do urânio e estava conduzindo, com o apoio da Cnen, o Projeto de Conversão de Urânio, Procon, que visava o desenvolvimento de tecnologias do ciclo do combustível nuclear, particularmente a de produção do gás hexafluoreto de urânio.
O Ipen foi fundamental ao projeto nuclear da Marinha. As duas instituições deram continuidade ao projeto de ultracentrifugação. Outro apoio relevante ao projeto de ultracentrifugação, a partir de setembro de 1979, veio do físico civil Rex Nazaré Alves, então um dos diretores executivos da Cnen. "O projeto de desenvolvimento da ultracentrífuga teve início em fevereiro de 1980, com recursos alocados, à princípio, do orçamento da Marinha. Logo depois, Rex Nazaré Alves assumiu a presidência da Cnen e, a partir daí, o projeto pode contar também com os recursos alocados da Comissão. Em dezembro de 1981 foi concluída a construção da primeira ultracentrífuga, no que foi o primeiro passo concreto do Brasil na produção autônoma de tecnologia nuclear".
A primeira operação de enriquecimento isotópico de urânio com a ultracentrífuga ocorreu em setembro de 1982 e constituiu-se num grande fato tecnológico. Em setembro de 1984, conseguiu-se a realização da primeira operação de enriquecimento pelo sistema de cascata. Esta operação consistiu em fazer com que o urânio percorresse várias centrífugas, sucessivamente, tornando-o mais enriquecido em cada operação. Tal façanha era um marco para a tecnologia brasileira, pois poucos eram os países que dispunham de tal tecnologia.
O APOIO FUNDAMENTAL DE REX NAZARÉ
O desenvolvimento da tecnologia nuclear nas décadas de 1970 e 1980 deve-se, em grande parte, ao forte envolvimento de pessoas como o físico Rex Nazaré Alves. Como diretor e, a partir de 1982, como presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), ele se empenhou para viabilizar os recursos financeiros e humanos necessários aos projetos brasileiros.
Rex Nazaré formou-se em 1962 pela antiga Universidade do Estado da Guanabara, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e fez pós-graduação em Engenharia Nuclear no Instituto Militar de Engenharia (IME). Em 1968, ao retornar do pós-doutorado na França, foi convocado pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Uriel da Costa Ribeiro, seu ex-professor no IME, para implantar o Laboratório de Dosimetria da instituição, ainda embrionário. Aceitou o desafio, "mesmo sabendo que assumia uma área sem quadros suficientes, equipamentos adequados e nem mesmo instalações físicas", como declarou em entrevista à edição 17 daBrasil Nuclear(1998). Fez acordos, parcerias e convênios, que possibilitaram a construção da sede e a aquisição dos primeiros equipamentos. Outros equipamentos foram doados ou cedidos para uso por outras instituições. Com isso, o agora Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) pôde dar início a trabalhos de medidas ambientais e médicas, e montar a primeira estrutura para metrologia de radiações no Rio de Janeiro.
Em 1975, Nazaré assumiu a diretoria-executiva da Cnen. Naquele mesmo ano, era concretizado o Acordo Nuclear Brasil -Alemanha. À frente da Cnen, criou um programa nacional de formação de recursos humanos na área nuclear, o Pró-Nuclear.
Em março de 1979, o presidente Ernesto Geisel autorizou o desenvolvimento da tecnologia de enriquecimento de urânio por parte do então Instituto de Pesquisas Atômicas, hoje Ipen, com financiamento da Cnen e do CNPq. Em agosto daquele ano, o sucessor de Geisel, João Figueiredo, convidou Nazaré para participar da estruturação de um programa autônomo de tecnologia nacional, com ênfase na área nuclear. "Era o desenvolvimento de toda a tecnologia que o Brasil precisasse para fins pacíficos. Seus custos eram reduzidos. Envolveríamos nisso todos os órgãos nacionais que pudessem cooperar e todos os competentes pesquisadores e engenheiros brasileiros", disse ele na entrevista.
Em setembro de 1982, Rex Nazaré assumiu a presidência da Cnen.
-
- 31/12/2018 - Reator IPEN/MB-01 comemora 30 anosNo começo dos anos 80, mais de 100 pessoas - entre doutores, pesquisadores, técnicos e bolsistas - estavam alocadas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), participando do projeto do submarino nuclear da Marinha.
No começo dos anos 80, mais de 100 pessoas - entre doutores, pesquisadores, técnicos e bolsistas - estavam alocadas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), participando do projeto do submarino nuclear da Marinha.
Fonte: Brasil Nuclear nº 48Por ser um projeto nuclear, para o qual não se poderia contar com o fornecimento externo de tecnologia e equipamentos, seu desenvolvimento exigiu a criação de diversas instalações experimentais. Uma das mais complexas era a construção de reator de potência zero, que é empregado na realização de testes em reatores nucleares. No início de novembro passado, o Ipen comemorou os 30 anos de operação do IPEN/MB-01, o primeiro com concepção e construção genuinamente nacionais. Na solenidade, à qual compareceram autoridades e representantes da Marinha, também foi entregue o novo núcleo com elementos combustíveis do tipo placa, idênticos ao que serão utilizados no Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujo projeto está em início de execução pela Cnen. A mudança na geometria do núcleo - antes composto de varetas combustíveis - foi operada pelo Centro de Engenharia Nuclear (CEN) do Ipen.
De acordo com Ulisses D'Utra Bitelli, gerente adjunto de Operação do Reator IPEN/MB-01, o reator "é padrão de comparação internacional para experimentos de criticalidade". Segundo ele, participar das comemorações dos 30 anos desse reator é um "prêmio" para a carreira de quem viu tudo começar. "Ao longo de três décadas, nosso reator vem desempenhando um papel preponderante no desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, sendo um importante centro de treinamento para operadores de reatores, além de contribuir para pesquisas relevantes sobre Física de Reatores e Instrumentação Nuclear", ressaltou Bitelli.
-
- 28/12/2018 - Em ato simbólico, ministro transmite cargo ao astronauta Marcos PontesEm discurso, Gilberto Kassab citou o Sirius e o satélite geoestacionário como parte do legado de sua gestão no MCTIC.
Em discurso, Gilberto Kassab citou o Sirius e o satélite geoestacionário como parte do legado de sua gestão no MCTIC.
Fonte: MCTIC
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, transmitiu de forma simbólica o cargo para o astronauta Marcos Pontes nestasexta-feira (28). No ato, Kassab destacou avanços conquistados durante sua gestão, entre eles, a inauguração da fonte de luz síncrotron Sirius, a entrada em operação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), a reestruturação do orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a recuperação financeira dos Correios."É muito gratificante na vida pública quando você, ao final de uma gestão, pode observar que muito foi feito. Apesar da conjuntura política difícil, da conjuntura econômica difícil, deixamos para o campo da ciência, pesquisa, inovação e comunicações uma série de avanços. Temos um grande ministério, com importância muito grande para o país”, afirmou Kassab.
Marcos Pontes, por sua vez, relatou a emoção em poder chegar ao posto de ministro com a missão, a partir da próxima semana, de fazer da ciência, tecnologia e inovação uma ferramenta para o alcance de três metas: produção de conhecimento, geração de riqueza e promoção da qualidade de vida da população.
"Essa é uma missão que temos pelo país. Temos uma boa estrutura e uma boa equipe para cumprirmos essa missão. A ciência e tecnologia é a ponta de lança para o desenvolvimento de qualquer país, e o MCTIC é estratégico. Queremos ser uma ferramenta de desenvolvimento para que todos os setores possamterimpacto no dia a dia das pessoas e na nossa economia”, ressaltou.
Infraestrutura e retomada
O Sirius coloca o Brasil na fronteira do conhecimento ao abrir novas perspectivas em áreas como ciência dos materiais, nanotecnologia, biotecnologia, física e ciências ambientais, além de contribuir para a internacionalização da ciência brasileira por meio do aumento da presença de pesquisadores estrangeiros entre os usuários.
A fonte de luz síncrotron está instalada no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP) e é aberta à comunidade científica brasileira e estrangeira. O acelerador principal tem 520 metros de circunferência, com capacidade para comportar 40 linhas de luz (ou estações experimentais).
"O Sirius vai permitir que cientistas do Brasil e do mundo todo possam conduzir pesquisa de ponta. E eles só vão poder fazer aqui, porque esse equipamento é único no mundo”, destacou Kassab.
Já o SGDC é o primeiro equipamento geoestacionário de propriedade do governo brasileiro, fruto de uma parceria entre o MCTIC e o Ministério da Defesa. Adquirido pela Telebras, conta com uma banda Ka, utilizada para as comunicações estratégicas de governo e a ampliação do acesso à banda larga em todo o país, além de uma banda X, que corresponde a 30% da capacidade do equipamento, de uso exclusivo das Forças Armadas.
Em relação ao CNPq, Gilberto Kassab destacou a recuperação da capacidade de pagamento de bolsas a estudantes dos mais diversos níveis de graduação. "Isso envolve centenas de milhares de bolsistas que, nas últimas décadas, têm se formado no Brasil e precisam dessas bolsas para aperfeiçoar sua formação ou desenvolver seus projetos e pesquisas.Hoje, o CNPq é uma instituição totalmente saneada”, declarou.
Além disso, Kassab relatou o processo de recuperação financeira dos Correios. Segundo ele, a empresa pública, agora, tem saldo positivo de cerca de R$ 1,5 bilhão, após acumular anos consecutivos com déficit fiscais e de operação.
No campo da radiodifusão, Gilberto Kassab elencou o processo de digitalização do sinal de televisão no país e a migração das rádios AM para a faixa FM como fundamentais para a modernização do setor. "A TV digital já atinge 140 milhões de brasileiros, que têm acesso à melhor qualidade de som e imagem. E outros milhares foram beneficiados com a migração das rádios”, lembrou.
Apoio à pesquisa
Em conversa com jornalistas após a cerimônia, o astronauta Marcos Pontes defendeu o investimento contínuo em pesquisa básica. Esse tipo de atividade, na avaliação do futuro ministro, tem papel central no desenvolvimento de tecnologias disruptivas e inovação no futuro.
"Pesquisa básica é essencial, nunca pode ficar de lado. Porque a junção de conhecimentos pode gerar tecnologia e inovação”, afirmou.
Um dos projetos considerados prioritários para o próximo ano é a integração de iniciativas de dessalinização da água na região Nordeste para a produção agrícola. Para isso, serão analisadas as tecnologias desenvolvidas no Brasil e também equipamentos produzidos em Israel – referência mundial nesse tipo de tecnologia. Segundo Pontes, o objetivo é entender quais métodos podem ser aplicados no país com maior eficiência.
"A ideia é integrar esforços que têm sido feitos no Brasil de dessalinização de água de poços no Nordeste e de distribuir essa água de forma a promover a agricultura familiar. Queremos analisar o que tem sido feito, o que funciona, para que possamos integrar isso de forma eficiente. Faremos testes com equipamentos que deverão ser israelenses e nacionais. O que procuramos é mais eficiência em termos de resultados de qualidade do equipamento e de custo”, adiantou.
-
- 28/12/2018 - SBMN saúda Noriaki e dá boas-vindas ao Contra-Almirante Antonio Capistrano de Freitas FilhoFonte: Site SBMN
Na quinta-feira (27), em Brasília, foi realizada a cerimônia de transmissão de cargo da Secretaria de Coordenação de Sistemas. A SBMN agradece ao Vice-Almirante, Noriaki Wada, e equipe pelo brilhante trabalho em prol do desenvolvimento nuclear. O êxito obtido neste grande ciclo impacta diretamente a qualidade de vida da população brasileira, uma vez que contribui para democratizar o acesso à medicina nuclear no país, especialmente no Sistema Único de Saúde.
A Pasta foi assumida pelo Contra-Almirante Antonio Capistrano de Freitas Filho, o qual desejamos sucesso na gestão e colocamos a Sociedade à disposição para contribuir nos temas relacionados à especialidade.
-
- 27/12/2018 - O que são os 'sóis em miniatura' que geram energia limpa e barataA fusão nuclear está finalmente pronta para cumprir sua promessa de gerar energia abundante para todos?
A fusão nuclear está finalmente pronta para cumprir sua promessa de gerar energia abundante para todos?
Fonte: G1
Estamos a apenas cinco anos de aproveitar o poder quase ilimitado dos "sóis em miniatura" por meio de reatores de fusão nuclear que poderiam fornecer energia abundante, barata e limpa, dizem algumas empresas de tecnologia.Em meio ao aquecimento global causado por nossa dependência de combustíveis fósseis, há uma necessidade urgente de encontrar fontes alternativas e sustentáveis de energia.
Se não o fizermos, o futuro parece ser sombrio para milhões de pessoas, com a escassez de água e de alimentos levando à fome e à guerra.
A fusão nuclear tem sido anunciada como uma possível resposta para nossas preces. Mas sempre foi algo que seria viável "em 30 anos", segundo uma piada comum nesta indústria.
Agora, várias start-ups, como são chamadas empresas iniciantes do ramo tecnológico, estão dizendo que podem tornar a fusão nuclear uma realidade comercial muito antes disso.
O que é a fusão nuclear?
Este método envolve a fusão de núcleos atômicos para liberar grandes quantidades de energia, algo que tem o potencial de solucionar nossa crise. É a mesma fonte da energia do Sol, e é um processo limpo - ou seja, não emite poluentes - e relativamente seguro.
Mas forçar a fusão destes núcleos - deutério e trítio, dois isótopos de hidrogênio - sob imensa pressão exige quantidades enormes de energia, mais do que conseguimos gerar até agora.
Alcançar o ponto de "ganho de energia", em que geramos mais energia do que gastamos neste processo, tem sido algo elusivo. Não mais, dizem as start-ups de fusão nuclear.
"Estamos no ponto de virada", diz Christofer Mowry, presidente da General Fusion, empresa canadense que pretende demonstrar que a fusão nuclear é viável em escala comercial nos próximos cinco anos.
"A maturação da ciência por trás dela, combinada com o surgimento de tecnologias do século 21, como a impressão 3D e os supercondutores de alta temperatura, fazem com que a fusão nuclear não esteja mais 'a 30 anos de distância'."
A ciência envolvida foi comprovada, diz Wade Allison, professor de Física do Keble College, em Oxford, na Inglaterra. O desafio para tornar a ideia uma realidade é mais de ordem prática."Não podemos ter certeza do prazo para isso, mas a ciência básica está resolvida, e os problemas são técnicos, relacionados aos materiais", diz Allison.
Por que isso é tão difícil?
Um grande desafio é como construir uma estrutura forte o suficiente para conter o plasma - a sopa nuclear de altíssima temperatura na qual ocorrem as reações de fusão - sob as enormes pressões necessárias.
"Os sistemas de exaustão terão de suportar níveis de calor semelhantes aos experimentados por uma nave espacial reentrando na atmosfera", diz Ian Chapman, diretor-executivo da Autoridade de Energia Atômica do Reino Unido (UKAEA, na sigla em inglês).
Sistemas de manutenção robóticos também serão necessários, bem como de geração, recuperação e armazenamento de combustível.
"A UKAEA está investigando essas questões e construindo novas instalações de pesquisa no Centro de Ciência Culham, perto de Oxford, para trabalhar com a indústria no desenvolvimento de soluções", diz Chapman.
Então o que mudou?
Algumas empresas privadas dizem que estão superando esses desafios práticos por meio do uso de novos materiais e tecnologias.
A Tokamak Energy, sediada na Inglaterra, está trabalhando em versões esféricas de reatores experimentais de fusão nuclear (conhecidos como tokamaks), que usam supercondutores de alta temperatura (HTS) para conter o plasma em um campo magnético muito forte.
"Alta temperatura" no contexto deste ramo da física significa um frio muito intenso, de -70º C ou menos. "Eles foram os mais bem-sucedidos até hoje", diz Jonathan Carling, diretor-executivo da empresa.
"Um tokamak esférico tem um formato muito mais eficiente, e podemos melhorar drasticamente o quão compactos eles são e sua eficiência. E por ser menor, ele é mais flexível, e seu custo de construção também é menor", diz ele.
A empresa construiu três tokamaks até agora, com o terceiro, o ST40, feito em aço inoxidável de 30 mm e com ímãs HTS. Em junho, atingiu temperaturas de plasma de mais de 15 milhões de graus Celsius - mais quente do que o núcleo do Sol.
A empresa espera atingir 100 milhões de graus Celsius, uma façanha que cientistas chineses afirmam ter realizado neste mês.
"Esperamos chegar ao ponto de 'ganho de energia' até 2022 e passar a fornecer energia comercialmente até 2030", diz Carling.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) está trabalhando com a empresa americana Commonwealth Fusion Systems (CFS) para desenvolver o Sparc, um tokamak em forma de anel dotado de campos magnéticos capazes de manter o plasma quente em seu lugar.
Financiada em parte pelo fundo de investimentos Breakthrough Energy Ventures, liderado por Bill Gates, Jeff Bezos, Michael Bloomberg e outros bilionários, a equipe espera desenvolver reatores de fusão nuclear pequenos o suficiente para serem construídos em fábricas e enviados para montagem no local em que será usado.
Projeto com 35 países
Esses empreendimentos privados estão concorrendo com o Reator Termonuclear Experimental Internacional (Iter, na sigla em inglês), o principal projeto global de fusão nuclear, que envolve 35 países.
O Iter, que significa "o caminho" em latim, é a maior instalação de fusão nuclear experimental do mundo, mas não deve começar a operar até 2025, e qualquer aplicação comercial terá de percorrer um longo caminho depois disso.
"Diferentes membros do Iter têm diferentes níveis de urgência para usar a fusão como parte de um futuro de energia limpa", disse um porta-voz da iniciativa à BBC News.
"Alguns esperam ter um fornecimento de eletricidade gerada por fusão antes de 2050. Para outros, será algo apenas para a segunda metade deste século."
Os novatos destes mercado acreditam que podem fazer melhor. "Com a nova tecnologia de ímã HTS, um dispositivo de fusão com 'ganho de energia' pode ser muito, muito menor", diz Martin Greenwald, vice-diretor do centro de ciência e fusão de plasma do MIT.
Um tamanho menor significa custos mais baixos, abrindo o campo da fusão nuclear para "organizações menores e mais ágeis", diz Greenwald.
Mas todos os envolvidos parecem concordar que o trabalho do Iter, de Culham e do setor privado é complementar.
"No fim, todos nós compartilhamos o mesmo sonho de ter eletricidade gerada com fusão como parte essencial de um futuro de energia limpa", diz o porta-voz do Iter.
-
- 18/12/2018 - Técnica permite ganho de escala na produção de materiais com grafeno - Agência FapespTrabalho foi apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais. Pesquisadores apresentaram ainda resultados sobre corrosão de metais e sensores para gases tóxicos, entre outros
Trabalho foi apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais. Pesquisadores apresentaram ainda resultados sobre corrosão de metais e sensores para gases tóxicos, entre outros
Fonte: Agência Fapesp
André Julião
Um grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveu estratégias que permitem produzir nanocompósitos de plástico e grafeno em escala industrial. O isolamento do cristal de grafeno é um dos maiores avanços na ciência e tecnologia desde que foi realizado pela primeira vez em 2004, o que rendeu o prêmio Nobel de Física aos seus criadores em 2010. No entanto, a criação de nanocompósitos do material com o plástico ainda ocorre basicamente em escala laboratorial."Em pequena escala, usam-se solventes e outras técnicas que funcionam bem nos experimentos. No entanto, quando se usa o maquinário existente na indústria transformadora de plástico, o grafeno se reaglomera e perde suas propriedades”, disse o coordenador do estudo, Guilhermino José Macêdo Fechine, pesquisador do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias (MackGraphe) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, centro que tem apoio da FAPESP.
Um artigo, publicado naeXPRESS Polymer Letters,foi apresentado no 23º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais (CBECiMat), ocorrido entre os dias 4 e 8 de novembro em Foz do Iguaçu (PR).
Os resultados são novas técnicas para diminuir consideravelmente a aglomeração do grafeno quando inserido nos plásticos usando equipamentos de escala próxima da industrial. As aplicações para os nanocompósitos de plástico com grafeno vão desde equipamentos esportivos com melhor resistência a abrasão, filamentos para impressão 3D ou suportes (scaffolds) para cultura de células.
"O leque de aplicação é grande. O gargalo fica no processo de fabricação, quando nem tudo o que se faz em laboratório é compatível com a indústria transformadora de plástico”, disse Fechine.
Outro trabalho apresentado no congresso mostra os mecanismos de corrosão das chamadas ligas de alumínio de elevada resistência mecânica quando soldadas por fricção e mistura (FSW, na sigla em inglês).
"Na soldagem tradicional, geralmente é introduzido um material diferente, que fica em contato com as partes que estão sendo unidas e que cria uma diferença de comportamento daquela área em termos de corrosão”, disse Hercílio Gomes de Melo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP) e coordenador do estudo.
"Já na FSW, não se acrescenta mais um metal. O alumínio é aquecido próximo à sua temperatura de fusão pela fricção de uma ferramenta com geometria especial que gira e se desloca na região a ser soldada, impondo também uma intensa deformação mecânica, plasticizando-o. O metal amolecido gira em torno do pino da ferramenta e ao esfriar se solidifica, consolidando a junção. Isso faz com que se criem diferenças na microestrutura da área de junção, afetando a suscetibilidade à corrosão na região”, disse.
O estudo é parte de Projeto Temático apoiado pela FAPESP, coordenado por Isolda Costa, professora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
Os resultados obtidos até agora mostram que a área da solda pode ser mais ou menos suscetível à corrosão dependendo do tipo de liga de alumínio que se usa. Em alguns casos, pode-se unir diferentes ligas com bons resultados. "Normalmente a área da junção é mais frágil, mas algumas ligas, ao se combinarem nessa parte, ficam até mais resistentes do que os materiais originais. Cada liga é um universo”, disse Melo.
A solda por fricção e mistura é usada em jatos de pequeno porte e pela agência espacial americana, a Nasa, em tanques de combustível de foguetes. No entanto, há muitos aspectos da corrosão que ainda precisam ser estudados e esclarecidos.
Sensor de gases tóxicos
Um outro campo de estudos contemplado durante o evento foram os materiais para utilização como sensores. Um dos trabalhos foi apresentado por Valmor Roberto Mastelaro, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.
Mastelaro coordena um dos poucos grupos no Brasil que trabalham no desenvolvimento de sensores de gases tóxicos e é membro do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.
"Há poucas empresas no mundo que fabricam esses sensores. Existe uma demanda para algumas indústrias que realizam processos químicos e físicos que podem gerar gases tóxicos. Além disso, há uma preocupação cada vez maior com gases do efeito estufa e outros que podem prejudicar a população das cidades”, disse Mastelaro. A pesquisa teve apoio da FAPESP.
Os óxidos metálicos nanoestruturados são atualmente os materiais que apresentam as melhores características para serem aplicados como sensores de gás portáteis e de baixo consumo energético. Os sensores atuais precisam ser aquecidos a altas temperaturas para fazerem uma detecção confiável. Isso aumenta consideravelmente o custo com energia.
"Além de sensores que não precisem de temperaturas tão altas, um dos fatores importantes é a seletividade. Existem muitos gases no ar que respiramos e é preciso que os sensores diferenciem com precisão o que interessa”, disse Mastelaro.
CBECiMat
Esta edição do evento, realizado a cada dois anos desde 1974, foi organizada por pesquisadores do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCMAT) do Ipen.
"Nos últimos anos, o CBECiMat cresceu tanto que precisou ser dividido em cinco grandes áreas”, disse Lalgudi Ramanathan, pesquisador do CCMAT e organizador do evento.
Os coordenadores das áreas foram os professores do CCMAT Jesualdo Luiz Rossi (materiais metálicos), Eliana Navarro dos Santos Muccillo (materiais cerâmicos), Gerson Marinucci (materiais compósitos), Leonardo Gondim de Andrade e Silva (materiais poliméricos) e Nelson Batista de Lima (ensino de materiais).
Outras áreas de destaque foram as de nanomateriais e os biomateriais, usados por exemplo para levar medicamentos de forma mais eficiente ao organismo. "Muitos pesquisadores do Ipen, inclusive, têm trabalhado bastante nessa área de suportes (scaffold) para transporte de medicamentos”, disse Ramanathan.
Durante os três dias e meio de evento, foram realizadas seis sessões diárias em paralelo, além da apresentação de 300 pôsteres no total.O congresso teve apoio ainda do CNPq, Capes e da FAPESP, que deu suporte para a participação de 157 doutores.
"Quase metade dos participantes era de alunos, que sempre foram o foco do evento. Apesar de a maioria ser das regiões Sul e Sudeste, houve representantes de todos os estados do Brasil”, disse Muccillo.
-
- 18/12/2018 - O CNPq lança a sétima edição do projeto Pioneiras da CiênciaLinda Caldas, do IPEN, entre as pioneiras da Ciência no Brasil, pelo CNPQ
Linda Caldas, do IPEN, entre as pioneiras da Ciência no Brasil, pelo CNPQ
Fonte: CNPqO Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lança a sétima edição do projeto Pioneiras da Ciência no Brasil com a homenagem a 10 pesquisadoras de diversas áreas do conhecimento. São histórias inspiradoras contadas por meio de verbetes que entrelaçam suas trajetórias pessoais e acadêmicas e permitem observar não somente os resultados do seu sucesso como também os obstáculos enfrentados no seu caminho.
"A importância desta iniciativa está em atribuir visibilidade às mulheres e às suas contribuições para a ciência e tecnologia, nas diversas áreas do conhecimento, principalmente como figuras exemplares e modelos para meninas e jovens", explica a Diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Adriana Tonini. Segundo ela, a participação feminina na ciência sempre foi menos reconhecida. "Precisamos, portanto, divulgar essas histórias que tratam da atuação das mulheres como lideranças na docência e na pesquisa", conclui.
As homenageadas são Alda Lima Falcão (Biologia), Beatriz Alvarenga (Física), Beatriz Nascimento (História), Ewa Wanda Cybulska (Física), Leda Bisol (Linguística), Linda Viola Ehlin Caldas (Física), Maria Adélia Aparecida de Souza (Geografia), Paula Beiguelman (Ciência Política), Ruth de Souza Schneider (Física) e Yocie Yoneshigue Valentin (Biologia).
O Pioneiras da Ciência no Brasil foi lançado em 2013 com o objetivo principal de mostrar as histórias das mulheres pesquisadoras e cientistas que contribuíram, de forma relevante, para o avanço do conhecimento científico e para a formação e ampliação do sistema científico e tecnológico no Brasil, principalmente na formação de recursos humanos. O estabelecimento de figuras exemplares femininas é um importante recurso para diminuir os estereótipos de gênero e motivar as meninas e as mulheres para as carreiras científicas e para as ciências em geral, como apontam diversos estudos e relatórios.
Até o momento, foram homenageadas 89 pesquisadoras, com esta nova edição. Muitas dessas histórias são contadas por pesquisadores/as que foram influenciados/as pela atuação e obra das pioneiras e também por nossos/as parceiros/as que atuam no CNPq e em outras instituições de pesquisa e ensino.
O projeto é uma iniciativa realizada no âmbito do Programa Mulher e Ciência, do qual o CNPq faz parte e tem, como um dos objetivos, fomentar a participação das mulheres nas ciências e tecnologias e estimular o protagonismo de jovens em diversas áreas do conhecimento.
Veja aqui a história de cada uma das pioneiras desta edição.
-
- 16/12/2018 - Marinha e Comissão Nacional de Energia Nuclear assinam Protocolo de Intenções MútuasFonte: Defesa
A Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (AgNSNQ), Organização Militar diretamente subordinada à Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) assinaram nesta quarta-feira, 12 de dezembro de 2018, um Protocolo de Intenções Mútuas visando ações conjuntas na área de segurança nuclear. O ato foi realizado nas instalações da AgNSNQ, no Rio de Janeiro-RJ.
O propósito do protocolo, é a articulação de esforços, a formação de parcerias estratégicas e a definição de diretrizes em comum, de forma a contribuir para o processo de licenciamento de instalações e meios navais com planta de propulsão nuclear, da Marinha do Brasil, bem como para a implementação de ações que assegurem a regulação necessária.
Esse acordo abrange a transferência de conhecimento, com a capacitação de técnicos e especialistas da Marinha do Brasil e da Comissão Nacional de Energia Nuclear, a elaboração de normas regulatórias, o aproveitamento de códigos computacionais da área nuclear, racionalizando os recursos disponíveis no País.
Na ocasião, além do Diretor da AgNSNQ e do Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, estavam presentes o Assessor de Articulações Institucionais, Chefes de Departamento da Agência e Assessora Jurídica da DGDNTM, bem como o Coordenador-Geral de Planejamento e Avaliação (CGPA), o Diretor-Substituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS), e o Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Fonte: Marinha do Brasil
-
- 16/12/2018 - Futuro ministro de Minas e Energia defende uso da tecnologia nuclearFonte: UOL
O almirante Bento Costa Lima Albuquerque Júnior, escolhido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para o Ministério de Minas e Energia, defendeu o uso da tecnologia nuclear no desenvolvimento científico e como parte da matriz energética do país.
A declaração foi dada após o lançamento em Itaguaí (RJ) nesta sexta-feira (14) do submarino Riachuelo, a primeira embarcação produzida pelo programa Prosub, que visa construir quatro submarinos convencionais, movidos a diesel, e um submarino de propulsão nuclear.
O almirante hoje é o chefe do programa de submarinos, Prosub, e do Programa Nuclear da Marinha. Para defender a tecnologia nuclear, ele citou Álvaro Alberto da Mota e Silva, que foi um oficial da Marinha nomeado na década de 1940 para representar o Brasil na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da então recém-criada Organização das Nações Unidas.
Bento disse que Álvaro Alberto (cujo nome será usado para batizar o submarino nuclear brasileiro previsto para ser lançado em 2029) foi o primeiro a perceber que "um país como o nosso não poderia abrir mão da tecnologia nuclear", disse ele.
"Até porque nós temos uma das maiores reservas de urânio do mundo, detemos a tecnologia nuclear e podemos utilizá-la em diversos segmentos em benefício da nossa sociedade", disse.
O urânio é usado como matéria-prima para a produção de combustível nuclear - que possibilita a produção de energia elétrica nas usinas nucleares.
Apesar de se mostrar um defensor da exploração da tecnologia nuclear, o almirante não quis entrar em detalhes sobre seus planos para o setor nuclear quando assumir o Ministério de Minas e Energia.
Atualmente o Brasil possui duas usinas nucleares em funcionamento, Angra 1 e 2. A usina de Angra 3 teve sua construção iniciada nos anos de 1980, mas atualmente suas obras estão paradas.
O interesse de concluir Angra 3 já foi sinalizado por militares da equipe de Bolsonaro. A obra pode custar cerca de R$ 17 bilhões. Mas nem o presidente eleito nem Bento falaram sobre o tema até agora.
O almirante também citou o desenvolvimento que vem ocorrendo no Brasil de um reator nuclear multipropósito, que começou a ser construído neste ano e pode ser usado para pesquisas científicas e para fabricar matéria-prima para a área de medicina nuclear - alimentando, por exemplo, tomógrafos e sensores que usam radiação para realizar exames médicos.
"O reator multipropósito brasileiro vai dar autossuficiência ao país em radioisótopos e em muitas outras aplicações como na agricultura, por exemplo. Assim como também na diversificação da nossa matriz energética, de um país continental como o nosso", disse.
O Programa Nuclear da Marinha deve possibilitar ainda o desenvolvimento de reatores nucleares modulares - semelhantes ao que será usado no submarino - que poderão gerar energia elétrica suficiente para cidades de até 20 mil habitantes.
O almirante ressaltou que o Programa Nuclear da Marinha já está gerando tecnologia para áreas não militares.
"As diversas aplicações duais já são demonstradas na prática, por exemplo: as indústrias nucleares do Brasil já produzem combustível nuclear para as usinas de Angra 1 e Angra 2 com a tecnologia que foi desenvolvida pela Marinha, que nos dominamos desde 1988", disse.
Previsibilidade
O futuro ministro de Minas e Energia também defendeu que o novo governo aperfeiçoe a governança e trabalhe para dar previsibilidade ao mercado em relação aos leilões de concessões de exploração de petróleo e gás.
"Vamos aperfeiçoar como deve ser cada nova administração, aperfeiçoar a governança, a gestão, dando previsibilidade ao mercado. Quem participa de um leilão, ele quer saber se vai ter um leilão hoje se vai ter outro amanhã e outro depois. É isso que a gente precisa, é dar previsibilidade", disse.
Ele disse que dialogará com associações e corporações do setor de energia para aumentar a previsibilidade e aumentar os investimentos no setor.
Venda de submarinos
Em discurso na cerimônia de lançamento do submarino Riachuelo, André Portalis, o presidente da Itaguaí Construções Navais (consórcio que reúne a Odebrecht e a francesa Naval Group), disse que o complexo industrial criado para construir submarinos para o Brasil também pode ser usado para produzir e vender essas embarcações para países aliados.
Estavam presentes na cerimônia delegações de países interessados na tecnologia, como Coreia do Sul e Polônia.
Questionado mais tarde sobre o assunto, Portalis não deu mais detalhes e disse que a pergunta era prematura. "Somente começarmos a pensar com a Marinha", disse.
Já o almirante Bento foi mais enfático ao tratar do assunto. "Hoje passados seis anos da primeira pedra, do primeiro tijolo ser colocado em Itaguaí, a gente visualiza que a vocação desse complexo naval de Itaguaí vai levar ele a muitos outros empreendimentos. Não só para atender às necessidades da defesa nacional, no caso da Marinha do Brasil, como também vai permitir ao país, como foi dito nos discursos, fornecer equipamentos, meio navais [embarcações militares], para países aliados, para países amigos", disse.
-
- 14/12/2018 - Inovação e a nova paisagem urbana de São Paulo - Agência FapespEmpresários, pesquisadores e investidores de todo o país conhecem o ecossistema paulistano de inovação. Percurso foi organizado pela CNI com apoio da FAPESP
Empresários, pesquisadores e investidores de todo o país conhecem o ecossistema paulistano de inovação. Percurso foi organizado pela CNI com apoio da FAPESP
Fonte: Agência Fapesp
Claudia IziqueO ecossistema de inovação na cidade de São Paulo cresce rapidamente, nucleado por hubs de empreendedorismo tecnológico, universidades e por corporações que enxergam na parceria com startups oportunidades de negócios.
Essa expansão está constituindo uma paisagem urbana particular, em que prevalecem a mobilidade compartilhada e o uso de aplicativos para solicitação e pagamento de serviços, entre outras inovações baseadas em tecnologias digitais.
Parte dessa nova geografia paulistana foi percorrida por 54 empresários, pesquisadores e investidores de todo o país, a convite da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), entidade vinculada à Confederação Nacional da Indústria (CNI), no âmbito do Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovações. A iniciativa teve o apoio da FAPESP.
"É a 14ª edição do programa e a terceira realizada no Brasil. O objetivo é contribuir para fomentar política de investimentos mais eficazes, incentivar a inovação e aprimorar o sistema de financiamento”, disse Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI e superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).
Ao longo de três dias, o grupo visitou dezenas de empresas, incubadoras, aceleradoras, hubs de empreendedorismo, entre outros, em um percurso entremeado por seminários sobre temas estratégicos para a consolidação do ecossistema.
O ponto de partida foi um encontro na sede da FAPESP, onde participantes foram apresentados às soluções do Sebrae-SP para startups e ao Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que apoia, com recursos não reembolsáveis, iniciativas de pesquisas inovadoras de pequenas e médias empresas.
"A FAPESP recebe em torno de mil solicitações por ano e seleciona cerca de 250. Impressiona o número crescente de empresas com projetos nas áreas de manufatura avançada e tecnologias digitais”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação.
A FAPESP também sediou o primeiro seminário, com o tema "Hubs de Startups”, do qual participaram a 100 Open Startups,Endeavor,Anjos do BrasileBaita Aceleradora.
Operando com o conceito deopen innovation(inovação aberta), a 100 Open Startups articula grandes corporações e startups por meio de metodologia que envolve desafios tecnológicos e ranking das melhores empresas com soluções para 20 áreas temáticas. "Em três anos, 439 startups fecharam acordo com mais de 300 empresas”, disse Bruno Rondani, CEO da 100 Open Startups.
A Endeavor tem foco em iniciativas que promovam o crescimento de startups. "Empreendedores de alto impacto são os grandes protagonistas”, disse Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor, citando o exemplo da Ebanx – startup de processamento de pagamentos com clientes como Alibaba e Airbnb –, que cresceu mais de 700% nos últimos três anos.
O roteiro no ecossistema paulistano de inovação incluiu o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen – Cietec, no campus do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária.
Criado há 20 anos, o Cietec tem 112 empresas incubadas, 85 delas residentes, entre as quais Reciclapac e Alchemy, ambas apoiadas pelo PIPE-FAPESP, e a 3D Criar (saiba mais sobre a Reciclapac em pesquisaparainovacao.fapesp.br/725).
"As incubadas faturaram mais de R$ 35 milhões por ano e geraram 557 empregos em 2017”, disse Claudio Rodrigues, diretor-presidente do Cietec. O Centro prepara o início das operações do Cietec II, em área de 20 mil metros quadrados também cedida pelo Ipen. "A meta é chegar a 200 empresas”, disse.
Investimento de risco
A visita ao Cubo, hub de empreendedorismo do Itaú Unibanco em parceria com a Redpoint eventures, foi uma das mais longas. Instalada em um prédio de 12 andares na Vila Olímpia, em São Paulo, a iniciativa conecta 80 startups a 20 empresas mantenedoras, entre elas Accenture, Dasa, TIM, brMalls, Kroton, e investidores.
"As empresas selecionadas têm que apresentar soluções reais para o mundo real com produtos escaláveis”, disse Flavio Pripas, ex-diretor do Cubo e atualcorporate venture officerda Redpoint eventures.
Desde a criação do Cubo, em 2015, startups residentes fecharam 728 contratos com grandes empresas, 65 deles com o Itaú Unibanco. Apesar dos bons resultados, a conexão de grandes empresas com startups não é simples, a começar pelo cumprimento de exigências para a contratação desses fornecedores, na maior parte das vezes recém-chegados ao mercado. "É preciso simplificar esse processo”, disse Pripas.
Para empreendedores, tampouco é simples atrair investimentos deventure capital. "Investir em startup se compara a uma curva em formato de J, longa e profunda. É preciso resiliência”, disse Erich Acher, sócio-fundador da Monashees, fundo de venture capital criado em 2006, durante seminário sobre essa modalidade de investimento, realizado no Cubo.
"Buscamos empreendedores de alto impacto que, com tecnologia e venture capital, revolucionam o mercado e o país. Já investimos em 81 empresas, inclusive na 99 [a primeira "unicórnio” do Brasil, cujo controle foi adquirido em janeiro de 2018 pela chinesa Didi Chuxing ]. Foram 12 anos para o primeiro retorno.” Unicórnios são startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
O pragmatismo dos investidores privados fez com que a SP Ventures fosse constituída, em 2007, comoseed fundingdo setor público. "Qualificamo-nos como gestor regional do Fundo Criatec do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, disse Francisco Jardim, CEO da SP Ventures. Nesse primeiro fundo, foram apoiadas oito empresas, metade na área de agronegócios.
Em 2013, a SP Ventures deixou o BNDES, compôs o seu segundo fundo com aporte de recursos da Desenvolve SP, Finep, FAPESP, Sebrae-SP, CAF e Jive Investments e priorizou investimentos nas Agtechs – empresas de tecnologias agropecuárias. Apesar das dificuldades na relação com órgãos reguladores e com as universidades, Jardim afirma que a SP Ventures "está conseguindo criar alguns unicórnios”, já que a agricultura brasileira dá escala para grandes negócios.
Andrea Calabi, coordenador do projeto de implantação de ambientes de inovação e criatividade no Estado de São Paulo, implementado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com o apoio da FAPESP, ponderou que a articulação entre empreendedores, startups, venture capital e as universidades deveria ser provida pelo setor público, citando o exemplo da FAPESP.
Participaram do seminário sobre Venture Capital também a Dgf-Investimentose ae-Bricks Ventures.
A caminho do mercado
O roteiro do programa de imersão no ecossistema paulistano de inovação incluiu visitas à Melicidade, sede do Mercado Livre ; Eretz bio, incubadora de startups da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; ao Google Campus; ao hub de inovação Wayra, aceleradora de startups criada em 2011 pela Telefônica; à Estação Hack Facebook; e ao InovaBra Habitat, ambiente de coinovação do Bradesco.
O roteiro encerrou noiDexo, instituto sem fins lucrativos mantido pela Totvs, Banco ABC e Salute, para conectar startups, empreendedores e desenvolvedores. "Prestamos serviços para grandes empresas, contratando serviços de startups”, disse Bianca Guimarães, community manager do iDexo. A visita encerrou com um seminário sobre Corporate Ventures.
"O programa foi impactante. Não tínhamos noção do dinamismo e de quão rápido essas empresas estão mudando a cidade de São Paulo”, disse Cândida Oliveira, coordenadora do Programa Imersões em Ecossistemas de Inovações.
Taynara Tenório Cavalcanti Bezerra, engenheira da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no Amazonas, participou do programa que lhe permitiu conhecer o ecossistema paulista e iniciar contatos que permitissem levar a "cultura de inovação” para Manaus.
O ganês Salomon Kweku Sagoe Amoah, pesquisador do Laboratório CertBio, em Campina Grande, na Paraíba – instituição certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e acreditada pelo Inmetro para análise de toxicidade em prótese mamária e em material volátil –, aderiu ao programa com um interesse específico: buscar alternativas para levar ao mercado um biomaterial desenvolvido pelo laboratório e já patenteado.
"A visita ao Eretz bio foi muito importante. Não tínhamos noção da dimensão dessa área. Precisamos mapear grupos, empresas e incubadoras que possam nos ajudar nessa empreitada”, disse Amoah
-
- 14/12/2018 - INB volta a beneficiar urânio em CaetitéCNEN concedeu a autorização para realização dos testes operacionais da planta química, nas áreas de Britagem e de Montagem de Pilhas
CNEN concedeu a autorização para realização dos testes operacionais da planta química, nas áreas de Britagem e de Montagem de Pilhas
Fonte: Canal Energia
A última etapa de testes funcionais das áreas de Britagem e de Montagem de Pilhas para operação assistida na Unidade de Concentrado de Urânio da Indústrias Nucleares do Brasil, em Caetité/BA, foi realizada na última quarta-feira, 12 de dezembro. O presidente da empresa, Reinaldo Gonzaga, esclareceu que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) concedeu a autorização para realização dos testes operacionais da planta química, já beneficiando as rochas de urânio que se encontram no pátio.
Na ocasião, a INB comemorou os 30 anos de atividades, relembrando fatos que marcaram a história da empresa. "Estamos caminhando a passos largos para alcançar a independência do Tesouro Brasileiro. Iniciamos 2018 com 35% de dependência e finalizamos o ano somente com 29% de dependência”, compartilhou o presidente, destacando que o funcionamento da Unidade de Caetité tem papel primordial para a diminuição da dependência do governo.
O diretor de Recursos Minerais, Adauto Seixas, destacou o papel de cada um dos empregados para o alcance dessa meta. Neste ano foram intensificados os trabalhos de manutenção e renovação, principalmente do local conhecido como planta química, onde ocorre o beneficiamento do urânio. "Locais, como o pátio onde o minério é lixiviado, foram totalmente reconstruídos”, explicou o diretor.
Nos meses que antecederam o início dos testes funcionais, todas as equipes de turno, engenheiros e técnicos de segurança, radioproteção, mecânicos, eletricistas e instrumentistas, além dos gestores da Unidade envolvidos na execução, no controle e no acompanhamento dos procedimentos receberam as orientações e treinamentos necessários para a condução desses testes.
-
- 13/12/2018 - DPD entrega à DRS Relatório Preliminar de Análise de Segurança (RPAS) do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB)Fonte: CNEN
Relatório Preliminar de Análise de Segurança (RPAS)
A Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) entregou na tarde desta quinta-feira (13/12) à Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da instituição o Relatório Preliminar de Análise de Segurança (RPAS) do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Os quatro volumes que compõem o documento foram entregues em uma solenidade realizada na sede da CNEN.
O ato de entrega do Relatório contou com a presença do presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, dos diretores José Carlos Bressiani, da DPD, e Alexandre Gromann, da DRS, do coordenador técnico do RMB, José Augusto Perrotta, e do coordenador da elaboração do RPAS, José Francisco Bistulfi. Também estiveram presentes na solenidade servidores da DPD que participaram da elaboração do RPAS e servidores da DRS que farão a análise do documento.
O RPAS é um estudo denso e de alta complexidade, que soma mais de duas mil páginas. Para sua elaboração, que durou quatro anos, foi usado como referência o projeto básico de engenharia do RMB. A equipe envolvida nas análises e preparação do Relatório foi composta por especialistas de diferentes unidades da CNEN, liderados pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
O documento é um importante passo no processo de concretização do RMB. O empreendimento já conta com a Licença de Local emitida pela DRS, o que representa uma autorização oficial para que seja sediado na área selecionada em Iperó, no interior de São Paulo. O RPAS entregue nesta quinta à DRS é necessário para solicitação da Licença de Construção. O documento é específico do reator nuclear e não inclui as demais instalações que irão operar com material nuclear e radioativo dentro do Centro Reator Multipropósito Brasileiro, nome dado ao complexo científico e tecnológico que funcionará em torno do reator. Futuramente, com a obra concluída, um Relatório Final de Análise de Segurança (RFAS) será elaborado para solicitação da Licença de Operação do reator nuclear.
O RMB é um empreendimento de alta complexidade, com custo estimado de U$ 500 milhões, que será construído e administrado pela CNEN. Uma de suas finalidades é a produção de radioisótopos, que são a base para os radiofármacos utilizados na medicina nuclear e na produção de fontes radioativas usadas em aplicações na indústria, na agricultura, no meio ambiente, entre outras áreas. O empreendimento está sendo coordenado pela Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN com a participação de seus institutos de pesquisa.
Com o RMB, o Brasil estará a caminho de se tornar autossuficiente na produção de radioisótopos. O país possuiquatro reatores de pesquisa em funcionamento. A produção de radioisótopos ocorre principalmente no reator IEA-R1, instalado no Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen), unidade da CNEN em São Paulo. Esse reator, porém, não tem capacidade para produzir em escala o molibdênio-99, radioisótopo que dá origem ao radiofármaco tecnécio-99m, utilizado em mais de 80% dos cerca de 1,5 milhão de procedimentos de medicina nuclear realizados anualmente no país.
A CNEN importa atualmente todo o molibdênio-99 que utiliza para produção de radiofármacos. Em 2009, com a paralisação do reator canadense que era o principal fornecedor do Brasil, juntamente com a interrupção de funcionamento de reatores na Bélgica e na Holanda, houve uma crise mundial no fornecimento deste radioisótopo. O Brasil buscou alternativas de importação na Argentina e na África do Sul, mas a área de medicina nuclear nacional precisou adaptar-se a uma situação de crise no abastecimento.
A situação de desabastecimento criou a expectativa de buscar alternativas para garantir ao Brasil independência na produção dos radioisótopos utilizados na medicina. O RMB tornará isso possível. Além da produção de radioisótopos, o RMB também tem como funções básicas a realização de testes de irradiação de combustíveis nucleares e materiais estruturais utilizados em reatores de potência, bem como a realização de pesquisas científicas com feixes de nêutrons em várias áreas do conhecimento.
Participantes da solenidade
-
- 11/12/2018 - Futuro ministro de Minas e Energia diz que concluir Angra 3 é prioridadeAlmirante Bento Costa Lima vê necessidade de concluir usina para que o País não corra o risco de apagão com retomada do crescimento; projeto, que já custou R$ 8 bilhões, está parado e exigiria mais R$ 15 bilhões para ser concluído
Almirante Bento Costa Lima vê necessidade de concluir usina para que o País não corra o risco de apagão com retomada do crescimento; projeto, que já custou R$ 8 bilhões, está parado e exigiria mais R$ 15 bilhões para ser concluído
Fonte: O Estado de S. Paulo
Tânia Monteiro e Anne Warth
BRASÍLIA - O futuro ministro de Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima de Albuquerque Júnior, disse aoEstadoque a conclusão da usina nuclear Angra 3 "é uma das prioridades” da sua gestão. Segundo ele,seriam necessários pelo menos R$ 15 bilhõespara concluí-la e isso não aconteceria antes de 2023. Angra 3 já consumiu ao menos R$ 8 bilhões dos cofres públicos. "Mas ela tem de ficar pronta, pela demanda reprimida que temos ou pela demanda reprimida que teremos, com a volta do crescimento do País.”
Para o almirante, mesmo com a retomada do crescimento econômico, não há risco de apagão em um primeiro momento. Mas como o plano é que o País atinja um crescimento continuado, ele vê necessidade de se investir em Angra 3. Reconhece, no entanto, que nem a União nem a Eletrobrás têm recursos suficientes para a conclusão da planta nuclear, que está paralisada e com menos de 60% de execução. O futuro ministro disse também não saber que modelo será desenhado para conclusão da usina. "Mas isso tem de ser definido na maior brevidade possível.”Projeto do período militar, Angra 3 começou a ser erguida em 1984. Suas obras prosseguiram até 1986, mas depois ficariam paralisadas por 25 anos, até serem retomadas em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O empreendimento travaria novamente em 2015, por causa de denúncias da Lava Jato. Hoje, o Brasil possui apenas duas usinas nucleares, Angra 1 e 2, que respondem por apenas 1,3% da energia total que é produzida no País.
Angra 3 teria capacidade de 1.405 megawatts. A hidrelétrica de Teles Pires, por exemplo, tem potência de 1.820 megawatts e custou R$ 3,9 bilhões. Com o custo total de Angra 3, portanto, seria possível construir seis hidrelétricas de Teles Pires, com uma geração total de 10.920 megawatts.
Desistir de Angra 3 também teria um custo para os cofres públicos:seriam gastos R$ 12 bilhões para quitar empréstimos bilionários e desmontar a estrutura.
A retomada da usina já estava em estudo pelo governo de Michel Temer, que chegou a dobrar para R$ 480 por megawatt / hora a tarifa que será cobrada dos consumidores quando ela entrar em operação. Com uma tarifa mais alta, o governo pretendia atrair investidores para financiar a conclusão do projeto.
O plano de terminar Angra 3, no entanto, não tem apoio de parte do setor de energia. O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores, Edvaldo Alves de Santana, disse que a usina ficou muito cara. "A energia nuclear é uma solução técnica importante, pois substitui as usinas hidrelétricas com grandes reservatórios como uma alternativa de energia firme. Mas é inviável por esse preço.” Segundo ele, a análise da retomada da usina não deve ser feita apenas sob o ponto de vista técnico, mas também financeiro. "Repassar essa conta para o consumidor não me parece razoável.”
Para o presidente da consultoria PSR, Luiz Barroso, não há risco de faltar energia para abastecer o País nos próximos anos, como mostram análises do governo e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). "Só faz sentido terminar Angra 3 considerando o risco de apagão se não houvesse tempo para investir em outras tecnologias mais competitivas. Mas Angra 3 só ficaria pronta em 2026, portanto, há tempo para isso”, disse.
Um estudo recente da PSR mostra que a energia gerada por Angra 3 poderia ser substituída por usinas solares e ainda assim o custo seria menor.
-
- 10/12/2018 - Estado de São Paulo pode ganhar dois distritos de inovaçãoFonte: Agência Fapesp
Elton Alisson
O Estado de São Paulo pode ganhar, nos próximos anos, dois distritos de inovação – como são chamadas as áreas em regiões já consolidadas de cidades que reúnem empresas, universidades, instituições de pesquisa, incubadoras e startups, favorecendo o surgimento de ideias inovadoras e criativas, como no Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Um dos distritos deverá ser situado onde hoje está instalada a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Vila Leopoldina, e o segundo na Fazenda Argentina – uma área de 1,4 milhão de metros quadrados (m²), em Campinas, adquirida, em 2014, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A fim de viabilizar esses projetos, a FAPESP, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), está desenvolvendo um projeto com o objetivo de estabelecer parâmetros conceituais e operacionais para a instalação desses ambientes de inovação e criatividade em São Paulo e Campinas.
"A FAPESP está comprometida com essas iniciativas, que exigirão agregar nessas áreas diferentes esferas dos governos, atores da sociedade civil, grandes empresas e startups. Também será preciso estabelecer uma governança compartilhada a fim de garantir tempo e estabilidade para a maturação desses projetos”, disse Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP, durante a Conferência Internacional Distritos de Inovação, que ocorreu dia 22/11, na FAPESP.
A oportunidade de criar um distrito de inovação onde hoje está localizada a Ceagesp surgiu com a recente decisão do governo do Estado de São Paulo de transferir o maior entreposto atacadista de alimentos do país para outra área.
A partir dessa decisão, expressa por meio de uma manifestação de interesse público, representantes da Prefeitura Municipal de São Paulo começaram a se mobilizar para iniciar um projeto com o objetivo de estudar novos cenários de ocupação da área da gleba Ceagesp, de 650 mil m², e firmaram uma parceria com a FAPESP.
Em razão da vizinhança da Ceagesp – localizada ao lado da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto Butantan –, uma das propostas surgidas foi a de transformá-la em um distrito de inovação.
"O projeto tem um eixo jurídico importante, além de um urbanístico e outro econômico, com o intuito de constituir as base de financiamento das iniciativas de inovação que se pretende realizar naquela área”, disse Andrea Calabi, coordenador do projeto de implantação de ambientes de inovação e criatividade no Estado de São Paulo.
Recentemente, a Unicamp também decidiu transformar a Fazenda Argentina – situada no polo II da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec) – em um hub internacional para o desenvolvimento sustentável.
A Prefeitura Municipal de Campinas concordou em criar ao redor da área um distrito de inovação. O projeto pode ser a semente para a criação de uma smart city (cidade inteligente), disse Marco Aurélio Pinheiro Lima, diretor executivo de planejamento integrado da Unicamp.
"O projeto foi apresentado à FAPESP, que aceitou nos ajudar a viabilizá-lo, uma vez que apresenta grandes desafios de implantação”, disse Lima durante o evento.
A fim de desenvolver as modelagens jurídica, institucional, financeira e urbanística para viabilizar os projetos de construção de distritos de inovação na gleba Ceagesp e na Fazenda Argentina, a FAPESP convidou a Fipe para participar da iniciativa.
"Sabemos que esses dois empreendimentos são de longo prazo. Só a transferência da Ceagesp vai exigir um longo tempo de maturação do projeto, mas ele precisa ser pensado e planejado com muita antecedência”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP, durante o evento.
Concentrados de cidades
De acordo com Danilo Camargo Igliori, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, há mais de 100 distritos de inovação mapeados no mundo. Entre eles estão o 22@ em Barcelona, na Espanha, o Ruta N, em Medellín, na Colômbia, o Distrito Tecnológico de Buenos Aires, na Argentina, o Porto Digital no Recife, em Pernambuco, e o MaRS, em Toronto, no Canadá.
Em comum, esses distritos de inovação só foram possíveis de serem construídos por meio do apoio público e de parcerias com a iniciativa privada, avaliou.
"Em alguns lugares no mundo, há alguns distritos de inovação que se formaram sem apoio público. Mas isso é muito raro”, afirmou.
"Sabemos que, para viabilizar esses ambientes de inovação, é preciso ter uma articulação entre o setor público e o privado e as universidades e instituições de pesquisa”, disse.
Outra semelhança entre esses distritos de inovação, segundo Igliori, é que são "concentrados de cidade”, no sentido de que potencializam interações formais e informais que acontecem na cidade, mas em um espaço menor.
"As interações que acontecem nos distritos de inovação também ocorrem nas cidades quando elas funcionam bem. A diferença de um distrito de inovação é que ele possibilita multiplicar essas interações”, afirmou.
Os resultados das interações que acontecem nos distritos de inovação acabam transbordando e mudando a paisagem das cidades, como comprovaram os exemplos internacionais.
Um dos primeiros distritos de inovação no mundo, junto com o de Boston, o 22@ em Barcelona, que entrou em operação em 2000, possibilitou transformar a região industrial de Poblenou em um polo pujante de inovação e criatividade.
Conhecida como a "Manchester catalã”, a região começou a entrar em declínio no início da década de 1960. A reconfiguração começou a ser planejada no final da década de 1990, quando Barcelona passou por transformações urbanísticas em razão das Olimpíadas e se começou a pensar no que fazer com aquela área industrial.
Uma das ideias era convertê-la em novos bairros residenciais. Um grupo de intelectuais, economistas e urbanistas defendeu, contudo, que não se devia perder o caráter econômico e produtivo de Poblenou. A proposta foi encampada pelo prefeito da cidade na época, que decidiu criar as bases para transformar a área de um polo de manufatura obsoleto em um polo de economia do conhecimento.
"O 22@ representa uma estratégia urbanística, econômica e social”, disse David Martínez Garcia, diretor do comitê do 22@ na Câmara Municipal de Barcelona, durante o evento.
"A ideia foi atrair para Poblenou empresas de base tecnológica, além de universidades, para ajudar a introduzir novas atividades econômicas na região baseadas, fundamentalmente, na economia do conhecimento, que era algo inédito nos anos 1990”, afirmou.
Segundo Garcia, das 10.308 empresas de Barcelona, 4.342 estão localizadas no 22@. O distrito de inovação catalão é responsável pela geração de 51% dos empregos e 52% do faturamento de Barcelona.
O projeto passa atualmente por um processo de atualização e entrou em uma segunda fase. Participam dessa etapa do projeto todos os envolvidos, como as empresas, universidades, investidores, representantes do governo e a comunidade no entorno.
-
- 06/12/2018 - CTMSP participa da celebração dos 30 anos de operação do Reator Nuclear IPEN/MB-01Fonte: Núcleo News - informativo do CTMSP
O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) participou, no dia 09 de novembro, dacelebração dos 30 anos do Reator Nuclear IPEN/MB-01 nas dependências do Instituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares (IPEN). O evento foi marcado pela entrega do novo núcleo com elementoscombustíveis do tipo placa, idênticos ao que serão utilizados no Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujoprojeto está em início de execução pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O evento foi um misto de reverência ao passado, devido às três décadas de operação do IPEN/MB-01desde a sua primeira criticalidade em 1988 e de otimismo quanto ao futuro, com as perspectivas de simular afísica de nêutrons do núcleo do RMB.
Nos últimos 30 anos, o Reator Ipen/MB-01 vem desempenhando um papel preponderante nodesenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (PNB), como importante centro de treinamento paraoperadores de reatores, e onde pesquisas relevantes sobre Física de Reatores e Instrumentação Nuclear sãorealizadas.
o Reator Ipen/MB-01 representa um grande marco para a tecnologia nuclear nacional,mostrando a autonomia em enriquecimento de urânio, a fabricação de combustíveis nucleares parareatores de pesquisa, e projeto ao colocar em operação um reator nuclear experimental que éreferência mundial para qualificação de metodologia de física de reatores.
-
- 06/12/2018 - Os 100 mais influentes da EnergiaOlga Simbalista, Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), foi eleita para o prêmio 100 Mais Influentes da Energia, pelo segundo ano consecutivo, em 2018 na categoria Entidades Setoriais e, em 2017, na categoria Referência.
Olga Simbalista, Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), foi eleita para o prêmio 100 Mais Influentes da Energia, pelo segundo ano consecutivo, em 2018 na categoria Entidades Setoriais e, em 2017, na categoria Referência.
Fonte: ABEN
O evento, promovido pelo Grupo Mídia através de sua revista especializada emEnergia, aF ull Energy, terá a sua terceira edição em2018. A solenidade e o jantar de premiaçãoocorrerão no próximo dia 6 de dezembro, na cidade de São Paulo, no Centro de Convenções Rebouças.
A iniciativa homenageia os executivos, os empresários e as personalidades quemaisse destacaram nasmaisdiferentes áreas do setor energético brasileiro ao longo do último ano. Já conhecido como o "Oscar da Energia”, o evento teve a sua primeira edição em 2016, e se consolidou como um dos principais eventos no setor. Neste ano a premiação ocorre em 10 categorias, que abrangem toda a cadeia energética, como Personalidade Pública, Entidades Setoriais, Inovação, Gente e Gestão, entre outras. Cada categoria traz 10 ganhadores, homenageados igualmente, não havendo ranking entre os eleitos. A lista oficial dos ganhadores será divulgada na edição 34ª da Full Energy, que será distribuída em primeira mão no evento.
A solenidade de premiação será às 19:00h, do dia 06 de dezembro, em São Paulo, no Centro de Convenções Rebouças - Av. Rebouças, 600 - Pinheiros.
-
- 04/12/2018 - CNEN divulga o Calendário Final do Comitê de BuscaFonte: CNEN
Com base nos termos do Edital CNEN-PR nº 04 de 26/10/18 e do Comunicado Complementar de 16/10/18, divulgamos a PUBLICAÇÃO do Calendário Final para as apresentações públicas e entrevistas individuais dos candidatos que tenham suas inscrições homologadas pelo Comitê de Busca referente ao processo de seleção para os cargos de Diretor do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), Diretor do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), Diretor do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN/NE) e Diretor do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD).
Calendário Final, de 04 de dezembro de 2018
-
- 04/12/2018 - Sociedade médica prepara documento para equipe de transição do Governo FederalFonte: Jornal Dia a Dia
Gestores públicos, produtores privados e profissionais de saúde se reúnem para debater a expansão da Medicina Nuclear no país; documento elaborado durante Workshop será entregue à equipe de transição do Governo Federal
Apenas 30% dos procedimentos da especialidade são realizados por meio do Sistema Único de Saúde. Entre os entraves está a dificuldade de acesso aos procedimentos, produção, distribuição e importação dos insumos e atual regulamentação.
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) reuniu, nesta segunda-feira (03), representantes do atual Governo e produtores privados para debater o fornecimento de insumos da especialidade no Brasil. O documento elaborado durante o Workshop "O futuro do fornecimento de radiofármacos no Brasil”, em São Paulo, será entregue à equipe de transição do Governo Federal nos próximos dias.
Entre os desafios apontados está o custo e dificuldade para importação dos radiofármacos. Além disso, para os especialistas, deveria ocorrer maior sinergia entre os órgãos responsáveis pela regulamentação. "Precisamos conversar de forma honesta, clara e objetiva sobre o aperfeiçoamento regulatório que a especialidade necessita. A Medicina Nuclear é super regulada pela CNEN, pelo IBAMA e pela ANVISA. Nós queremos discutir eventuais sobreposições na agenda regulatória do nosso país. Enxergamos que a regulação é, sim, importante e garante a qualidade sanitária, de radioproteção ou ambiental, mas estas agendas precisam ser trabalhadas de forma conjuntapara que não inviabilize o acesso dos pacientes, principalmente os do SUS”, afirma o presidente da SBMN, Juliano Cerci.
Outra questão é o monopólio do Instituto de Pesquisas Energéticas (IPEN) na produção de alguns insumos. O local chegou a ser interditado pela ANVISA em junho deste ano e reaberto em caráter excepcional mediante adequações, entre às quais os Recursos Humanos, já que, nos últimos anos, houve uma série de aposentadorias e exonerações de servidores cujas vagas não foram respostas. De acordo com representantes presentes, o órgão vem trabalhando para sanar as deficiências.
Neste ano, o Brasil deu início à construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), o que pode aumentar a autonomia nuclear do país e a produção dos principais insumos para os radiofármacos. No entanto, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi, ressalta que o debate é necessário, uma vez que "o RMB proporcionará o insumo fundamental para a produção dos radiofármacos, mas o restante da cadeia também precisa ser contemplado. É uma responsabilidade de todos. O governo pode fazer todo esforço, contratando mais mão de obras e recursos, por exemplo, mas nunca será o suficiente para atender a toda a demanda, que crescerá muito. Por isso, é importante que a iniciativa privada e as próprias clínicas e hospitais encontrem, também, soluções – internas e externas -, para fornecer os radiofármacos aos usuários”.
Ainda no evento, os presentes discutiram as boas práticas para fabricação de radiofármacos e o licenciamento das plantas para produção e instalações da medicina nuclear.
Estiveram presentes no encontro o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi; o superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas (IPEN), José Carlos Bressiani; representantes do Ministério da Saúde, produtores privados de radiofármacos, além da diretoria da SBMN.
Medicina Nuclear no Brasil
Uma pesquisa da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), realizada em 2015, analisou a medicina nuclear em diversas regiões da América Latina e concluiu que o acesso dos pacientes brasileiros à medicina nuclear é inferior ao de muitos países, como por exemplo, Argentina, Chile e Uruguai. Enquanto estes vizinhos possuem mais de três equipamentos utilizados na especialidade para cada milhão de habitantes, no Brasil esta taxa é de um a dois – o déficit ocorre, principalmente, na região Norte.
A Medicina Nuclear é responsável por exames importantes como a Cintilografia, que avalia casos de metástase, e o PET/CT, um dos recursos mais precisos para detectar a extensão de diversos tumores, entre eles o câncer de próstata – para este exame, a AIEA recomenda de dois a três equipamentos por um milhão de habitantes. No Brasil, em 2015, a taxa era de 0.3. A medicina nuclear além de ser importante no diagnóstico, também é utilizada como tratamento, por exemplo, a iodoterapia para tumores na tiroide. De acordo com a CNEN, atualmente 458 instalações de medicina nuclear estão autorizadas no país, das quais 236 estão localizadas no sudeste. Por ano, a especialidade realiza cerca de dois milhões de exames, dos quais de 70 a 75% ocorrem de forma privada.
Sobre a SBMN
Fundada na década de 60, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é constituída por médicos especialistas em medicina nuclear e outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos, radiofarmacêuticos, biomédicos, físicos e químicos, contando com quase 1 mil sócios atualmente. Tem por objetivo integrar e favorecer o desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo atividades científicas e de intercâmbio entre profissionais de todo o País.
-
- 04/12/2018 - CNEN participa de wokshop sobre o futuro do fornecimento de radiofármacos no BrasilFonte: Newsletter da Comunicação Social da CNEN
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participou, na segunda-feira (3/12), do workshop "O futuro do fornecimento de radiofármacos no Brasil”. O evento foi organizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) na cidade de São Paulo. Estiveram presentes autoridades governamentais e representantes dos produtores e importadores privados de radiofá rmacos, que debateram o abastecimento e autonomia do país na produção dos insumos.A abertura do evento contou com a presença do presidente da SBMN, Juliano Julio Cerci, e do presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi. A CNEN foi representada também pelo Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, José Carlos Bressiani, e pelos servidores Jair Mengatti, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), SamiraMarques de Carvalho e Barbara Rodrigues, ambas da sede da CNEN.
Como resultado das discussõ es do workshop, foi formulado um documento amplo para ser enviado ao próximo governo, com propostas que serão encaminhadas e discutidas em um seminário a ser realizado em Brasília, a fim de dar andamento à s soluções propostas no evento.
-
- 30/11/2018 - Área nuclear deve ganhar força com novo ministro do MMEAlmirante Bento Costa Lima Leite é um entusiasta da tecnologia nuclear e hoje ocupa o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha
Almirante Bento Costa Lima Leite é um entusiasta da tecnologia nuclear e hoje ocupa o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha
Fonte: O Estado de S. Paulo
André Borges, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA -A nomeação do almirante Bento Costa Lima Leite para o comando doMinistério de Minas e Energiadeve fortalecer o desenvolvimento da tecnologia nuclear no País, um setor que, atualmente, tem enfrentado dúvidas sobre seu futuro no País.
Bento é um entusiasta da tecnologia nuclear e hoje ocupa o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha. Passou os últimos dois anos integrando áreas de tecnologia que estavam descentralizadas e se concentrou no projeto do submarino de propulsão nuclear que tem sido desenvolvido pelo Brasil, em parceria com a França. O projeto, que já teve seu projeto básico aprovado, é avaliado em cerca de R$ 35 bilhões, a preços atuais. A expectativa é que sua construção se inicie em 2022.
Oficial da Marinha, Bento também coordena as atividades de construção de quatro submarinos convencionais - equipamentos movidos a diesel - e que já estão em andamento. O primeiro deles, que será lançado em 14 de dezembro, faz parte do programa de transferência de tecnologia firmado entre os governos brasileiro e francês.
Ao longo deste ano, o futuro ministro de Minas e Energia realizou diversas palestras sobre o programa nuclear brasileiro, em eventos para clubes de engenharia. Bento também tem conduzido as operações do Centro Experimental de Aramar (CEA), da Marinha, localizado no município de Iperó, região de Sorocaba, a 125 km da capital paulista. A ambição dos militares é transformar a região no maior polo de desenvolvimento nuclear do País.
Uma vez no governo, Bento deverá dar um destino às obras paralisadas da usina nuclear de Angra 3. Projeto do período militar, Angra 3 começou a ser erguida em 1984. Suas obras prosseguiram até 1986, mas depois ficariam paralisadas por 25 anos, até serem retomadas em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O empreendimento travaria novamente em 2015, por causa de denúncias da Lava Jato.
A questão de Angra 3 é seu custo: a conclusão da planta nuclear, que chegou a 58% de execução, já foi estimada em R$ 17 bilhões. Desistir dela, porém, custaria R$ 12 bilhões. a cúpula de transição de Bolsonaro já deu sinais de que pretende concluir a usina, a qual aumentaria a conta de luz do consumidor em pelo menos 1,3%, segundo cálculos da Aneel.
A atenção para projetos nucleares poderá até ressuscitar planos antigos, como a proposta de erguer ao menos quatro usinas nucleares no País, inciativa que foi defendida pela ex-presidente Dilma Rousseff e que chegou a ser alvo de estudos, inclusive com apontamento de Estados que receberiam essas novas usinas. Esses projetos estavam em etapas avançadas até meados de 2011, quando o incidente nuclear de Fukushima, no Japão, naquele ano, colocou as propostas na gaveta.
Nascido no Rio de Janeiro (RJ), o almirante Bento iniciou sua carreira na Marinha do Brasil em 1973. Foi encarregado dos Estudos de Planejamento Militar, de Jogos de Guerra, e de Política e Estratégia da Escola de Guerra Naval; vomandante da Base de Submarinos "Almirante Castro e Silva"; chefe de gabinete do Chefe do Estado- Maior da Armada; e assessor-chefe parlamentar do Gabinete do Comandante da Marinha.
É pós- graduado em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília, com MBA em gestão internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e MBA em gestão pública pela Fundação Getúlio Vargas.