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- 14/09/2018 - A pequena 'Chernobyl' do Brasil ainda mostra rastro da radiaçãoJá se passaram 31 anos desde o acidente radiológico de Goiânia – maior acidente radioativo da história do Brasil e maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. A Sputnik Mundo conta a história da tragédia que até hoje está marcada na vida de centenas de brasileiros.
Já se passaram 31 anos desde o acidente radiológico de Goiânia – maior acidente radioativo da história do Brasil e maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. A Sputnik Mundo conta a história da tragédia que até hoje está marcada na vida de centenas de brasileiros.
Fonte: Site Sputnik
Em 1974, o Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), privado e localizado no Centro de Goiânia, adquiriu uma bomba de césio-137. Onze anos depois, a instituição mudou de localização, abandonando o equipamento de teleterapia no interior das antigas instalações, que posteriormente foram demolidas sobrando apenas algumas salas em ruínas — e em uma delas se encontrava o aparelho.Com o abandono, Roberto dos Santos Alves e Wagner Mota Pereira entraram na propriedade ilegalmente no dia 13 de setembro de 1987, levando consigo o aparelho radioativo.
No mesmo dia, os homens começaram a vomitar, achando se tratar de uma intoxicação alimentar, mas não deixaram de tentar abrir o aparelho.
Pereira, além de estar vomitando, começou a sentir náuseas e diarreia. Mas o mais visível era uma queimadura em uma de suas mãos. No dia 15, ele foi ao médico, que o aconselhou descansar em casa.
Alves foi quem liberou a cápsula da cabeça giratória, e no seguinte conseguiu perfurar a janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.
"Abriram e depois cada um foi para sua casa, onde se sentiram mal. Como Wagner estava e precisando comprar remédios, resolveu vender a peça a Devair Ferreira", relatou à Sputnik Mundo a presidente da Associação das Vítimas do Césio 137, Sueli Lina Moraes.
No dia 18 de setembro, os dois decidiram vender a cápsula, mesmo fascinados com o achado. Como se tratava de metal, os dois resolveram oferecer ao dono de um ferro-velho, Devair Ferreira, que considerou a peça valiosíssima, levando para casa, onde a expôs inconscientemente ao ambiente quase 20 gramas de cloreto de césio-137 (CsCl), muito parecido com sal de cozinha, mas que emite um brilho azulado na escuridão.
A substância estava fascinando todos os conhecidos e familiares de Devair, que distribuía com os mais próximos. Sua mulher — Maria Gabriela, por exemplo, começou a perder cabelo, a ter uma hemorragia interna e a sofrer de confusão mental. O irmão de Devair, Ivo Ferreira, levou um pouco da substância para sua filha, Leide das Neves, que não só tocou como ingeriu partículas do césio.
Devair vendeu o material a outro ferro-velho no dia 25 de setembro. Vale destacar que foi Maria Gabriela quem notou que alguma coisa estranha estava acontecendo, pois todos ao redor estavam adoecendo simultaneamente. Ela decidiu pegar a substância de volta para levá-la a um hospital local, onde foi confirmado por um físico se tratar de radiação.
No mesmo dia, 23 de outubro, morreram Leide e Maria Gabriela, que foram enterradas em covas vedadas com cimento. Por sua vez, Devair passou por tratamento no Rio de Janeiro, e morreu sete anos depois.
O caso ganhou repercussão nacional, fazendo com o que o governo tomasse medidas extraordinárias para limpar a zona contaminada. Em alguns locais, a camada superior do solo foi removida, e nos prédios onde a sustância entrou em contato foram confiscados e analisados todos os móveis minuciosamente.
A descontaminação foi complicada já que o material ativo era solúvel em água. A limpeza produziu várias toneladas de resíduos radioativos, que representaram durante décadas perigo ao meio ambiente.
Umas 112 mil pessoas foram examinadas no Estádio Olímpico de Goiânia. Dentre elas, 249 pessoas foram identificadas com altos índices de radiação — 120 tinham radiação na vestimenta e outras 129 haviam sido contaminadas.
"Hoje em dia, a maioria das pessoas sofre de hipertensão e diabetes. Além disso, há outras pessoas com outros problemas de saúde. Nem todos dividem esta informação, mas sabemos que muitas pessoas sofrem de dolências", explicou Sueli Lina Moraes.
Segundo explicou Moraes, o acidente fez com que o governo criasse o Centro de Atenção aos Afetados pela Radiação, que, atualmente, divide os pacientes em três grupos.
No primeiro grupo entram as pessoas com dose superior a 20 REM no corpo (em 2017 havia 94 pessoas neste grupo). Já os pacientes que apresentam taxas inferiores a 20 REM entram no segundo grupo (88 pessoas). No terceiro grupo estão todos que trabalhavam e viviam na zona contaminada, ou seja, 959 pessoas.
"O governo brasileiro ajudou as vítimas do acidente pagando pensões e dando assistência médica. Só que foi aparecendo o terceiro grupo, das pessoas que foram trabalhar com as vítimas, ou seja, os moradores, as enfermeiras e os médicos — todos se contaminaram", indicou Moraes.
Depois de três décadas, ainda dá para ver os efeitos da catástrofe.
"Há uma incerteza, pois não sabemos o que vai acontecer com os pacientes e conosco. Depois de 31 anos, agora estão surgindo consequências, com muitas pessoas do terceiro grupo sofrendo de câncer, que foram aqueles que não receberam assistência na época", concluiu Moraes.
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- 13/09/2018 - Presidente da CNEN e Diretor do IPEN visitam a FundacentroParceria entre as instituições deve acontecer até o final do ano
Parceria entre as instituições deve acontecer até o final do ano
Fonte: Site Fundacentro
Por ACS/ Alexandra Rinaldi
O Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Paulo Roberto Pertusi e o Diretor Superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo visitaram, pela primeira vez, o Centro Técnico Nacional da Fundacentro, em São Paulo, na manhã de quinta (13).Recepcionados pelo Presidente Substituto e Diretor Técnico da Fundacentro, Robson Spinelli Gomes, pelo Diretor de Administração e Finanças, Ricardo Felix; Allan David Soares, Diretor Executivo Substituto; Benedito Silva Guimarães, Chefe da Auditoria Interna e Ricardo Cardoso da Silva, Procurador-Chefe, os dirigentes de ambas as instituições assistiram ao filme institucional na Presidência, seguindo posteriormente, por visita técnica nas coordenações técnicas da entidade.
O primeiro setor a ser visitado foi a biblioteca Eduardo Gabriel Saad, onde a coordenadora, Erika Alves dos Santos explanou sobre o download de publicações, atendimento a demandas nacionais e internacionais, bem como sobre os mais de 100 mil títulos disponíveis para consulta do público.
Posteriormente, os dirigentes do CNEN e IPEN visitaram a Galeria dos Presidentes, na entrada do auditório, momento em que Spinelli destacou os diferentes momentos da história da instituição.
A primeira coordenação técnica a receber os dirigentes foi a Coordenação de Higiene do Trabalho. Walter Pedreira, chefe, apresentou os laboratórios de Química Orgânica, Química Inorgânica, Laboratório de Difratometria de Raios X, Serviço de Instrumentação, Laboratório de Microscopia e Laboratório de Gravimetria, responsáveis por diferentes análises de particulados no ambiente de trabalho, como também pelo monitoramento de trabalhadores à exposição ocupacional aos agentes de riscos físicos e químicos presentes nos ambientes laborais.
Durante a visita no Serviço de Instrumentação foi apresentado o Geiger Muller, primeiro equipamento adquirido pela Fundacentro para medir níveis de radiação ionizante e fabricado no IPEN. Para Paulo Pertusi, ao conhecer a estrutura da Fundacentro, bem como os equipamentos disponíveis, observou que de maneira geral, os órgãos públicos são muito bem equipados, mas que precisam ser melhor aproveitados em seu pleno potencial.
Seguindo a visita, os dirigentes passaram pelo Serviço de Informática, subordinado à Diretoria de Administração e Finanças. Recepcionados por Diego Ricardi dos Anjos e Norisvaldo Ferraz Junior, os visitantes receberam informações sobre o monitoramento de acessos de usuários em São Paulo e nos demais estados onde a Fundacentro está presente, o monitoramento remoto por gráficos dos laboratórios da instituição, utilização do aplicativo SST Fácil, como também do software IBUTG.
Na Coordenação de Segurança nos Processos de Trabalho, o chefe, José Damásio de Aquino, explanou sobre como são feitos os ensaios de respiradores e técnicas de ensaio de equipamentos de proteção individual de forma geral.
Unidas pela parceria
Spinelli lembra da cooperação técnica da Fundacentro durante a década de 90 com liberação de recursos para aquisição de instrumentação e equipamentos naquela época para o Centro Regional de Ciências Nuclerares CRCN/CNEN.
A Fundacentro e o IPEN não estão ligadas somente pela carreira de ciência e tecnologia e pela cultura de pesquisa, mas pelo longo histórico de parceria. Entram para a história, ações de formação de profissionais da Fundacentro formados pelo IPEN, pela atuação em conjunto em bancas de mestrado e doutorado de ambas instituições.
Agora a intenção de Spinelli, Presidente em Exercício, é ampliar esta parceria também com o a CNEN, promovendo melhor interação entre as três entidades de pesquisa para que juntas possam desenvolver ações de intercâmbio técnico-científico com vistas a estabelecer ações de prevenção de adoecimentos e acidentes ocupacionais. Para isso, será firmado um Protocolo de Intenções entre as instituições.
Para Pertusi que recebeu o convite de forma positiva, a CNEN já vem realizando reuniões mensais com as demais unidades de pesquisa para integrar o universo de instituições da área nuclear. "É importante para a CNEN se abrir para outras instituições no sentido de ampliar as ações técnicas em áreas de conhecimento correlatas”, até porque a CNEN sempre foi muito fechada em razão de sua atuação na área nuclear. Vejo um campo muito grande de interação entre a Fundacentro e a CNEN”, destacou.
Os visitantes receberam no final da visita, o livro "As doenças dos trabalhadores” de Bernardino Ramazzini, "Fundacentro – Meio século de Segurança e Saúde no Trabalho” e outras publicações técnicas.
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- 13/09/2018 - Custo alto impede o uso no Brasil da radioterapia com prótons contra câncerTrata-se de um tratamento muito caro e ainda sem previsão de disponibilidade no país
Trata-se de um tratamento muito caro e ainda sem previsão de disponibilidade no país
Fonte: Folha de S. Paulo
Apesar de existir há décadas, a tecnologia de radioterapia mais avançada até hoje, a protonterapia, cobre menos de 1% dos pacientes com câncer no mundo. Trata-se de um tratamento muito caro — e ainda sem previsão de disponibilidade no Brasil.A protonterapia tem esse nome porque usa exclusivamente feixes de prótons para atingir massas tumorais. Assim como na radioterapia convencional, que trabalha com raio-X, com elétrons e com raios gama, dependendo do protocolo do tratamento, a radiação de prótons danifica o DNA das células tumorais — o que causa morte celular.
A diferença é que, na protonterapia, os prótons perdem menos energia no caminho que percorrem pelo corpo até o tumor, preservando melhor os tecidos saudáveis ao redor da região doente. Os prótons colidem na massa tumoral. Isso significa que eles não chegam a atravessar a área doente.
A maior experiência envolve pacientes pediátricos com tumores cerebrais. Nesse caso, os doentes tratados com protonterapia podem ter menos problemas cognitivos e de perda de memória na vida adulta, porque áreas saudáveis do cérebro são preservadas, segundo a explicação de Márcio Fagundes, diretor do Instituto de Câncer de Miami do Hospital Batista de Saúde do Sul da Flórida.
O especialista trabalha desde 2011 exclusivamente com essa técnica, e já passou por três centros de protonterapia nos EUA.
O próton tem massa maior do que o elétron, que é usado na radioterapia convencional. É como se fosse um carro muito pesado que freia repentinamente ao encontrar um obstáculo —e, nesse momento, dissipa muita energia na "balançada” final da freada.
Essa comparação é do físico Don Lincoln, do Fermilab, laboratório de física de partículas de alta energia do Departamento de Energia dos Estados Unidos, em vídeo de divulgação científica sobre a técnica.
No tratamento, os prótons são acelerados em uma máquina hospitalar que costuma ter cerca de 200 toneladas — o dobro do peso e do tamanho de um equipamento de radioterapia convencional. Depois, são lançados em feixes precisos a dois terços da velocidade da luz.
Esse tipo de máquina já tem registro no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2017, mas não está disponível nos hospitais. Isso porque ainda não existe um centro específico de prótons no país no sistema público ou privado de saúde — e não há expectativa de construção desse equipamento nos próximos anos.
O problema é que o procedimento é caro, os equipamentos são igualmente custosos e a equipe envolvida precisa de treinamento específico.
Um tratamento inicial para tumor infantil com protonterapia nos EUA, que é referência mundial na área, sai, na cotação do dólar atual, por cerca de R$ 80 mil iniciais. Pode chegar a uma média de R$ 400 mil de acordo com estimativa de Fagundes, diretor do Instituto de Câncer de Miami.
Há, hoje, cerca de 30 centros específicos em tratamentos com prótons nos EUA e 20 em países como Alemanha e Holanda. Porque são raros, diz Fagundes, menos de 1% dos pacientes de câncer no mundo recebem tratamento de protonterapia.
A indicação é especial para tumores cerebrais pediátricos, mas há outras aplicações. Um exemplo é o tumor de mama esquerda cujo tratamento de radioterapia convencial, dependendo da localização do problema, pode causar danos ao coração.
"A expectativa é de que cerca de 20% dos pacientes com tumor poderiam ter vantagens na utilização de prótons”, diz Fagundes.
A radioterapia tradicional, vale frisar, funciona bem para a maioria dos casos, pondera Bernardo Garicochea, oncologista do Sírio-Libanês. "Por isso, tratamentos mais caros e mais complexos como da protonterapia não se disseminaram muito no Brasil.”
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- 13/09/2018 - Usinas nucleares na rota do furacão Florence nos EUA reacendem fantasma da explosão de FukushimaFlorence deve chegar ao continente nesta quinta-feira, 13. Mais de um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas.
Florence deve chegar ao continente nesta quinta-feira, 13. Mais de um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas.
Fonte: Site G1 de notícias
Além da evacuação de 1,7 milhão de pessoas em três estados, americanos correm contra o tempo para garantir a segurança de reatores nucleares que serão atingidos pelo furacão Florence, que deve chegar ao continente nesta quinta-feira.Rebaixado nesta quarta-feira para categoria três, com ventos de até 195 km, o furacão ainda é descrito como "extremamente perigoso" e "catastrófico". Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, mais de 10 milhões de moradores da Carolina do Norte, da Carolina do Sul e da Virgínia estão sob observação ou aviso de tempestade.
Não bastassem os impactos naturais previstos para quando chegarem ao chegarem ao continente, os ventos e tempestades também levantam preocupação sobre a integridade das 16 usinas de energia nuclear que existem nos três estados - 12 delas nas Carolinas do Sul e do Norte, onde os efeitos do furacão devem ser mais dramáticos.
Em 2011, no Japão, a usina nuclear de Fukushima explodiu após um tsunami seguido por um terremoto, deixando milhares de mortos, feridos e desabrigados. Enquanto países europeus anunciavam planos para o fechamento definitivo de suas plantas nucleares após a tragédia, os EUA defenderam o modelo e o presidente Donald Trump, há três meses, deu ordens a seus auxiliares para reverterem o fechamento de usinas nucleares pouco lucrativas com novos incentivos.
A lembrança japonesa desperta preocupação entre moradores das regiões atingidas, que temem o vazamento de bacias de substâncias tóxicas (como a que transbordou após chuvas torrenciais na cidade mineira de Mariana, em 2015) e danos aos reatores nucleares.
Além das usinas nucleares, outras 9 siderúrgicas, 9 áreas de armazenamento de lixo tóxico e depósitos de restos da produção de carvão, segundo a imprensa americana, estão próximas a área que deve ser tomada pelo furacão Florence, trazendo riscos novas tragédias no esteio da passagem do furacão.
Dona de seis das usinas nucleares da região - duas delas próximas a rota prevista -, a Duke Energy diz ter criado uma megaoperação emergencial e afirma ter deslocado 20 mil funcionários para atuarem durante e depois do furacão.
A estimativa da empresa é que entre 1 e 3 milhões de clientes ficarão sem energia após esta "tempestade de magnitude que vai além da vista em muitos anos".
Reatores desligados
À BBC News Brasil, Catherine Butler, porta voz da Duke Energy, disse a empresa tem funcionários treinados para atuação em tragédias naturais e obedece às regras determinadas pela Comissão de Regulação Nuclear (NRC - Nuclear Regulatory Commission, na sigla em inglês) do governo americano em caso de furacões.
A reportagem pergunta sobre medidas se segurança em relação aos reatores nucleares.
"A recomendação é que o reator seja desligado pelos menos duas horas antes dos ventos chegarem à planta e acontece quando a velocidade média do furacão está entre 113 e 121 km/h", disse Butler.
"Mas ainda é impossível prever a antecedência com que desligaremos porque isso depende do caminho que o furacão tomar, da intensidade e outros fatores."
Ainda segundo a porta-voz, "duas das nossas usinas estão mais próximas da área atingida: Brunswick e Shearon Harris".
Elas têm capacidade, respectivamente, de 1870 e 932 megawatts - para efeito de comparação, um megawatt alimenta em torno de mil casas nos EUA.
Segundo Butler, todos os materiais que possam ser levados pelos vendavais e torrentes estão sendo retirados das usinas, comida e água estão sendo estocados para os funcionários que continuarão trabalhando durante o furacão e inspeções regulares estão sendo realizadas junto a autoridades americanas.
"Nossas usinas foram desenhadas para suportar furacões e contam com as tecnologias mais complexas dos Estados Unidos", disse a executiva por telefone à BBC News Brasil.
Ainda assim, a empresa, que atende a 4 milhões de clientes nas duas Carolinas, afirma que, dada a magnitude das tempestades, a recuperação dos serviços pode levar semanas, em vez de dias, como previsto inicialmente.
Mais próxima entre as usinas na rota do furacão, Brunswick chama atenção por ter equipamentos semelhantes os da usina japonesa de Fukushima.
Fukushima
Em 2011, após um desastre natural, três reatores nucleares derreteram e liberaram material radioativo, gerando o segundo maior acidente nuclear da história (depois de Chernobyl).
O episódio levou autoridades americanas a reforçarem as regras de segurança nas 99 usinas nucleares espalhadas pelo país.
Apesar da criação de novos mecanismos de contenção de danos em emergências e desastres naturais, os EUA se mantiveram como os principais produtores de energia nuclear do planeta e defendem o uso da matriz energética.
O gesto vai na contra-mão de países como a Suiça, que depois da tragédia japonesa anunciou o encerramento de atividades nucleares até 2034 e a Alemanha, que foi mais longe e fechou 8 reatores logo após a explosão de Fukushima, além de prometer fechar todos os seus reatores nucleares nos até 2022.
Nesta quarta, a Comissão de Regulação Nuclear disse que enviou mais inspetores para as usinas e criou um centro de respostas a acidentes para apoio em tempo real durante a tempestade.
"Nós estamos preparados e nossos protocolos de inspeção são muito sérios", disse a porta-voz da Duke Energy à BBC News Brasil.
Segundo a empresa, os dois reatores de Brunswick têm capacidade de suportar ventos com velocidade superior a 250 km/h e foram projetados a 6 metros acima do nível do mar para garantir que não serão afetados pelas inundações.
'Um soco de Mike Tyson'
Além das Carolinas do Sul e do Norte e da Virginia, a Georgia declarou estado de emergência nesta quarta-feira. Mais ao norte, a capital dos Estados Unidos, Washington, também recorreu ao estado de emergência no início da semana.
À BBC News em Washington, um técnico do Serviço Nacional de Meteorologia disse que "esta provavelmente será uma tempestade de uma vida inteira para partes da costa da Carolina".
"Não posso enfatizar o suficiente sobre o potencial de danos inacreditáveis causados por vento, tempestade e inundações com esta tempestade", continuou.
Jeff Byard, da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, definiu o furacão como "um soco de Mike Tyson na costa da Carolina".
Analistas estimam prejuízos de mais de US$ 170 bilhões e danos em 759.000 casas e prédios comerciais.
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- 10/09/2018 - A sombra das revistas predatórias no BrasilEstudo mostra quantos pesquisadores do país publicam em periódicos com práticas suspeitas
Estudo mostra quantos pesquisadores do país publicam em periódicos com práticas suspeitas
Fonte: Revista FAPESPUm estudo feito por pesquisadores da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) analisou a penetração na comunidade científica do país das chamadas revistas predatórias, periódicos internacionais de acesso aberto que adotam critérios frouxos para selecionar papers, bastando que os autores paguem para vê-los publicados. Em um artigo divulgado em julho na revista Scientometrics, o grupo compilou a produção científica entre 2000 e 2015 dos brasileiros com título de doutor cadastrados na plataforma de currículos Lattes – o total foi de 2,3 milhões de publicações de 102.969 pesquisadores. Com base nessas informações, foram rastreados os artigos difundidos em periódicos suspeitos.
Um dado alentador é que tais revistas seduzem uma fração pequena de autores brasileiros – entre 0,26% e 0,49% do total de artigos publicados, dependendo dos critérios adotados. O grupo da UFRGS selecionou três parâmetros para identificar periódicos com práticas controversas. Um deles foi a menção ao título da revista em uma listagem de mais de 1,5 mil publicações suspeitas, produzida entre 2010 e 2017 pelo biblioteconomista norte-americano Jeffrey Beall, da Universidade do Colorado. Apenas 0,49% dos artigos estavam em revistas inseridas nesse índice. Tal critério, contudo, é polêmico – o próprio Beall, um crítico do acesso aberto, aboliu a lista depois de ser ameaçado com processos por editoras que se sentiam injustiçadas.
Para prevenir vieses, os pesquisadores adotaram cuidados extras. Primeiro, combinaram dois parâmetros diferentes: não bastava o periódico fazer parte da lista de Beall, mas também era necessário que estivesse ausente do Diretório de Revistas de Acesso Aberto (Doaj), que exige de seus afiliados a adoção de normas básicas de qualidade, como a existência de revisão por pares dos manuscritos. Analisando esses dois critérios, o percentual de artigos brasileiros divulgados em revistas possivelmente predatórias caiu para 0,44% do total. Por fim, associou-se um terceiro critério, que é a inexistência de avaliação do impacto da publicação por meio de indicadores de citações como o Journal Citation Reports, vinculado à base Web of Science, ou do Scientific Journal Rankings, do grupo espanhol Scimago – quanto mais precário é o periódico, menor costuma ser a chance de ser citado. As publicações que se encaixavam nas três características representaram 0,26% do total.
Embora a penetração das revistas predatórias seja restrita, o estudo apontou motivos de preocupação. Um deles é que vem crescendo o número de autores brasileiros que recorrem a esses periódicos. "Entre 2010 e 2015, triplicou o número de artigos de brasileiros em revistas listadas por Jeffrey Beall”, diz o engenheiro Denis Borenstein, especialista em pesquisa operacional aplicada, um dos autores do estudo. O dado mais delicado, porém, é que várias revistas apontadas como predatórias estavam presentes no sistema Qualis Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que classifica cerca de 30 mil publicações para avaliar a produção científica dos programas de pós-graduação do Brasil. "Em todas as áreas do conhecimento, havia revistas recomendadas pelo Qualis que se encaixam nos três critérios adotados por nós para identificar práticas predatórias. Nenhuma delas têm conceito elevado, mas o fato de valerem algo na avaliação estimula pesquisadores a submeterem artigos a elas”, explica Borenstein.
Avaliação quadrienal
A classificação do Qualis Periódicos é atualizada anualmente por comitês de especialistas de 49 áreas que são responsáveis pela avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação brasileiros. Talita Moreira de Oliveira, coordenadora-geral de atividades de apoio à pós-graduação da Capes, explica que os membros desses comitês fazem um esforço contínuo para identificar publicações predatórias e eliminam várias delas a cada ano, mas, com a entrada constante de novos periódicos, o trabalho nunca termina. "Quando uma revista não é indexada em bases internacionais, tentamos avaliar de outras maneiras se ela tem qualidade. As comissões de áreas tiveram acesso e reavaliaram algumas revistas no Qualis entre 2013 e 2016 com base em algumas listas de possíveis veículos predatórios, mas não existe uma lista fechada”, afirma. Segundo ela, o fato de revistas suspeitas eventualmente escaparem do crivo dos comitês não significa que resultaram em uma avaliação vantajosa para quem publicou nelas."A classificação do Qualis que tem valor é aquela do ano em que a avaliação quadrienal é feita e a mais recente foi em 2016. Já aconteceu, por exemplo, na área de zootecnia, de programas de pós-graduação terem a nota rebaixada porque tinham muitas publicações em revistas apontadas como predatórias – mas isso só foi descoberto nos momentos finais da avaliação e os artigos foram desconsiderados”, diz.
Segundo os autores, das cinco revistas suspeitas mais utilizadas por brasileiros, três são de agronomia: o American Journal of Plant Sciences, o International Journal of Food, Agriculture and Environment e o Agricultural Sciences. Também há um periódico de química, o American Journal of Analytical Chemistry, e outro de economia, o Journal of Academy of Business and Economics.
O interesse do grupo da UFRGS pelo tema surgiu há cerca de cinco anos. "Chamou minha atenção o interesse de pesquisadores que conheço por publicar em uma revista chamada African Journal of Business Management, que havia sido incluída no Journal Citation Reports, embora com fator de impacto baixo. Fui pesquisar e descobri que havia denúncias de práticas predatórias. Avisei os colegas e mandei uma carta à Capes comunicando o achado”, afirma Borenstein. A revista, que não está mais indexada em bases internacionais, é editada pela empresa nigeriana Academic Journals. Uma parceria com outro pesquisador da UFRGS, o especialista em métodos quantitativos Marcelo Perlin, permitiu coletar dados da plataforma Lattes e analisá-los.
O estudo fez outras constatações. Não se confirmou a ideia de que pesquisadores jovens e inexperientes são o público principal desses periódicos. Observou-se que, quanto mais antigo era o título de doutor, maior era a probabilidade de o autor publicar em títulos suspeitos. "A má conduta está associada a pesquisadores experientes, que possivelmente têm conhecimento das práticas levianas, mas acham que podem se beneficiar delas.”
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- 10/09/2018 - Abdan leva propostas do setor nuclear aos presidenciáveis com medidas que podem criar milhares de empregosFonte: PetronotíciasO Brasil já está vivendo o clima das eleições de outubro. O setor empresarial, por sua vez, se movimenta para levar seus pleitos aos presidenciáveis. No caso da indústria nuclear, a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), que reúne as principais companhias desse segmento, elaborou uma série de propostas para os candidatos ao Palácio do Planalto. As medidas incluem a conclusão de Angra 3, a construção de quatro novas usinas e a criação de um programa de Estado para o setor. Essas ideias não beneficiariam apenas o mercado nuclear, mas trariam também ganhos para todo o Brasil. "Cada usina dessa gera, no pico, até 9 mil empregos diretos. Olhando para a cadeia indireta, e multiplicando por aquele fator consagrado de 3,6, estamos falando de 36 mil empregos diretos e cerca de 140 mil indiretos. E isso apenas na área de geração”, afirmou o presidente da Abdan, Celso Cunha. Além disso, a construção de novas centrais também vai ajudar na redução dos custos na energia elétrica. "Imagine que coloquemos Angra 3 e mais quatro usinas em operação, podemos ter um impacto (desconto) de 7,5% no preço da tarifa média, o que é muita coisa”, acrescentou.
Qual o objetivo da Abdan ao apresentar essas propostas aos presidenciáveis?
A nossa intenção é mostrar como as empresas estão enxergando o setor nuclear brasileiro, principalmente a parte de geração. Queremos apresentar, aos candidatos à Presidência, como isto pode afetar na criação e geração de empregos. Até porque, em nossa proposta, as usinas serão construídas com recursos de empresas [privadas], associadas à Eletronuclear. Mas, para isso, é preciso que o governo avance com a questão de Angra 3, enquanto que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) preveja novas usinas no Plano Nacional de Energia (PNE 2050).
O senhor poderia detalhar os benefícios que o setor nuclear pode gerar para o país?
Só para se ter uma ideia, para cada usina, estamos falando de US$ 9 bilhões. Este é o custo de cada uma delas. Então, é plenamente factível que as empresas estejam interessadas em participar destas construções. E, o mais importante, a um preço de venda de energia de cerca de R$ 400 MW/h, que é muito inferior ao que temos de usinas térmicas. Isso é uma questão muito importante, porque podemos ter uma redução na tarifa de até 1,5% para cada usina dessa que entrar na rede. Imagine que coloquemos Angra 3 e mais quatro usinas em operação, podemos ter um impacto de 7,5% no preço da tarifa média, o que é muita coisa.
E em termos de geração de empregos? Quais serão os impactos positivos caso as propostas sejam colocadas em prática?
Cada usina dessa gera, no pico, até 9 mil empregos diretos. Olhando para a cadeia indireta, e multiplicando por aquele fator consagrado de 3,6, estamos falando de 36 mil empregos diretos e cerca de 140 mil indiretos. E isso apenas na área de geração.Como consequência do aumento de usinas, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) teria que completar todo o ciclo de produção e aumentar seu parque para suprir isso. Nossas minas de urânio estão paradas e precisariam passar a produzir novamente. Dessa forma, estamos falando de 200 mil a 300 mil empregos indiretos e diretos. Isso é um impacto grande. Consideramos muito importante esse fato, especialmente porque o Brasil vive uma crise hídrica. Temos limitações colocadas pela preocupação ambiental. Então, a Abdan considera essa proposta como sendo conservadora e que é factível para o próximo Presidente da República dê partida nisso.
Apesar de todas as dificuldades, é plenamente possível a construção das quatro novas usinas propostas?
É plenamente possível. Com isso, podemos dar estabilidade ao sistema, com espaço para todas as fontes de energia. Há espaço para todo mundo na matriz energética. A nuclear traria muita credibilidade ao nosso sistema elétrico, porque tem um fator de capacidade de 90% – ou seja, durante 90% do tempo ela está gerando. No caso da energia solar, esse fator é de 20%. Mas, claro, nem por isso que a solar deixa de ser atrativa. Mas ela sozinha não resolve o problema do Brasil. Precisamos de energia de base.
Outra proposta da Abdan é a criação de um programa de Estado para o setor nuclear. Por que considera isso importante neste momento?
O setor nuclear passou por muitos anos sendo desarticulado. E precisamos enxergar este segmento como uma questão estratégica do país. Ele precisa ser um programa de Estado e não de um governo apenas. Um programa dessa natureza perpassa governantes. No caso da usina de Angra 3, precisaríamos de 55 meses para começar a gerar energia elétrica. Um período de 55 meses ultrapassa o mandato de um presidente. Outra questão importante é que o segmento precisa ser reestruturado.
De que forma?
Nós precisamos separar a questão da regulamentação e fiscalização da área de pesquisa e produção. São coisas totalmente distintas. É regra básica de qualquer administração: quem projeta não executa e quem executa não fiscaliza. Não podemos ter tudo dentro de uma instituição apenas. Está na hora de separar essa questão como um todo. Não podemos esquecer também do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Ele é um projeto que vai levar cerca de 4 anos para estar plenamente operacional. Hoje, temos um volume de procedimentos [médicos] sendo executados que é cinco vezes menor que o da Argentina – que, por sua vez, tem uma população cinco vezes menor que a do Brasil. O nosso país não atende a população na área de medicina nuclear. É importante lembrar que esse atendimento de saúde está concentrado no Sudeste e do Sul do país. É importante levar a todos os centros de distribuição [esses medicamentos]. Veja o arraste em volume de empregos que vão ser gerados, desde técnicos até os médicos. Por isso, os nossos governantes devem governar para o país e enxergar além de seus mandatos. Por isso que, nesse momento, nos colocamos à disposição de levar essas propostas aos candidatos e que essas ideias façam parte de seus programas de governo.
E como está o interesse das empresas privadas em participar de projetos no setor nuclear?
O mais importante é que a iniciativa privada está disposta a colocar recursos. Neste momento, onde o país precisa de dinheiro para tudo, não adianta ter propostas para áreas onde não há recursos. Com as propostas da Abdan, estamos apresentando um caminho com recursos. Acho que nós, como uma associação que busca o desenvolvimento das atividades nucleares, precisamos nos manifestar e proporcionar informações aos candidatos.
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- 05/09/2018 - Japão confirma pela primeira vez morte de trabalhador de Fukushima por radiaçãoHomem de 50 anos desenvolveu câncer de pulmão depois de participar do trabalho de emergência na usina em 2011. Colapso de reatores provocado por inundação após tsunami causou pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.
Homem de 50 anos desenvolveu câncer de pulmão depois de participar do trabalho de emergência na usina em 2011. Colapso de reatores provocado por inundação após tsunami causou pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.
Fonte: G1O Japão anunciou pela primeira vez que um trabalhador da usina nuclear de Fukushima morreu após ser exposto à radiação, informou a mídia japonesa.
O homem de 50 anos desenvolveu câncer de pulmão depois de participar no trabalho de emergência na usina, entre março e dezembro de 2011, após o devastador tsunami.
O governo japonês pagou indenização em quatro casos anteriores em que os trabalhadores contraíram câncer após o desastre, de acordo com a agência de notícias Jiji.
No entanto, esta é a primeira vez que o governo reconhece uma morte relacionada à exposição à radiação na usina, informou o jornal Mainichi.
O jornal acrescentou que o homem trabalhou principalmente na usina nuclear número 1 de Fukushima e em outras centrais nucleares no país até 2015.
Após o desastre, ele foi encarregado de medir a radiação na usina e, embora tenha usado uma máscara facial completa e um traje de proteção, desenvolveu câncer de pulmão em fevereiro de 2016.
O tsunami de março de 2011, desencadeado por um enorme terremoto submarino, matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, provocando o colapso de seus reatores e levando ao pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl.
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- 31/08/2018 - Nova luz no monitoramento de reações químicas - Agência FapespPesquisas com materiais que poderão ser usados em futuros dispositivos eletrônicos são destaques em eventos com apoio da FAPESP e da DFG
Pesquisas com materiais que poderão ser usados em futuros dispositivos eletrônicos são destaques em eventos com apoio da FAPESP e da DFG
Fonte: Agência Fapesp
André JuliãoAs telas coloridas de smartphones, TVs, tablets e outros dispositivos cada vez mais presentes no dia a dia dependem de materiais com propriedades especiais, sejam luminescentes, magnéticos ou com condutividade elétrica particular. O mesmo vale para as lâmpadas de LED.
Como atuam os mecanismos durante a formação desses novos materiais e como podem ser melhorados os processos de transformação de matéria-prima em produtos foram os temas do workshop New Light on Monitoring Chemical Reactions, ocorrido em agosto na Christian-Albrechts-Universität (CAU) na cidade de Kiel, Alemanha.
O evento foi financiado pela FAPESP do lado brasileiro e pela Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG), como resultado da chamada FAPESP-DFG Joint Workshops 2017.
"Foram dias bastante produtivos, com muitas trocas de informações científicas para trabalhos futuros”, disse Hermi Felinto de Brito, professor do Instituto de Química da USP e um dos organizadores do encontro, à Agência FAPESP.
Entre os 40 pesquisadores e pós-graduandos presentes dos campos da Química, Física e Engenharia, 16 eram brasileiros oriundos de diferentes instituições do Estado de São Paulo, como da USP (São Paulo, São Carlos e Ribeirão Preto), do Ipen, da Unesp de Araraquara, Unicamp e do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).
"Nossos dispositivos estão se tornando cada vez menores e mais potentes. Por isso, precisamos desenvolver novos materiais para o futuro”, disse ao site da CAU a brasileira radicada na Alemanha Huayna Terraschke, pesquisadora do Instituto de Química Inorgânica da CAU e coorganizadora do evento.
"O que acontece no nível químico durante a síntese desses materiais ainda não foi esclarecido para a maioria deles. Se aprendermos mais sobre seus processos e mecanismos fundamentais, poderemos, por exemplo, fabricar baterias e dispositivos de armazenamento mais eficientes no futuro”, disse o professor Wolfgang Bensch, diretor do Instituto de Química da universidade alemã.
Os pesquisadores brasileiros participaram ainda de uma visita técnica ao laboratório sincrotron DESY (Deutsches Elektronen-Synchrotron), na cidade de Hamburgo, para observar alguns dos métodos de análise in situ.
Como parte do acordo de colaboração bilateral Brasil-Alemanha, haverá outro workshop, desta vez no Brasil. O evento será sediado no Instituto de Química da USP, no período de 4 a 6 de dezembro deste ano.
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- 28/08/2018 - Gestão do Conhecimento da Amazul recebe prêmio nacionalFonte: AmazulO projeto-piloto de Gestão de Conhecimento da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), que foi implantado em uma unidade da cadeia de produção de combustível nuclear da Marinha do Brasil, recebeu o 17º Prêmio Learning & Performance Brasil 2018/2019, na categoria Referência Nacional. O prêmio reconhece as melhores práticas em aprendizado e performance. A Amazul concorreu com iniciativas de organizações como Claro-Brasil, Serasa Experian, Bayer e Bradesco.
Constituída há apenas cinco anos, a Amazul desenvolve e aplica tecnologias e gerencia projetos e processos necessários ao Programa Nuclear da Marinha, Programa de Desenvolvimento de Submarinos e Programa Nuclear Brasileiro. A gestão de conhecimento é estratégica no sentido de reter, proteger e compartilhar o conhecimento crítico desenvolvido no longo prazo pela Marinha do Brasil na área de tecnologia nuclear e de construção de submarinos.
"O prêmio é mais uma evidência do grau de maturidade que a Amazul atingiu em apenas cinco anos de existência. A gestão do conhecimento é vital para o setor nuclear e para a conquista da independência tecnológica do País", afirma Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente da empresa. "Além disso, o modelo desenvolvido amplia a frente de negócios da Amazul, pois pode ser replicado em outros empreendimentos nucleares para gerenciar o conhecimento relevante e assegurar seu diferencial tecnológico e competitivo", ressalta.
O projeto-piloto foi implantado, em 2017, na Unidade de Produção de Hexafluoreto de Urânio (Usexa), no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó, unidade onde se converte o minério beneficiado de urânio em hexafluoreto de urânio gasoso. No momento, a empresa implanta o modelo na Assessoria de Meio Ambiente, no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), área responsável pelos temas relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade, que assessora a organização no atendimento de exigências legais e de manutenção de licenças e autorizações ambientais.
Nos próximos dias, o projeto começa a ser aplicado na Coordenadoria do Programa do Ciclo do Combustível Nuclear, que coordena o desenvolvimento de técnicas, materiais, equipamentos, processos, instalações e projetos especiais da Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha.
A metodologia desenvolvida pela Amazul tem como referências os modelos de gestão do conhecimento para a administração pública brasileira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e do Empreendimento Modular de Gestão do Conhecimento da Marinha do Brasil.
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- 27/08/2018 - Concurso público para provimento de um cargo de professor doutor na área de Materiais em Escala Nanométrica para o IFUSPFonte: IFUSP
Edital IF - 13/18
(http://portal.if.usp.br/fmt/sites/portal.if.usp.br.fmt/files/Ed%2013_18%20Dr.%20FMT%20cargo%201233904_0.pdf)
Estarão abertas, até o dia 12 de setembro de 2018, as inscrições ao Concurso de Títulos e Provas para provimento deumcargo de Professor Doutor, na Referência MS-3.1, em RDIDP, com o salário de R$ 10.670,76, no Departamento de Física dos Materiais e Mecânica (DFMT) do Instituto de Física da Universidade de São Paulo,na área de Materiais em Escala Nanométrica.As inscrições podem ser feitas através do site
https://uspdigital.usp.br/gr/admissao
Informações adicionais poderão ser obtidas na Assistência Acadêmica do IFUSP, (ataac@if.usp.br), fones +55-11-30916020 / 30917000, ou no DFMT, com Antonio Domingues dos Santos (adsantos@if.usp.br), fone +55-11-30916886
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- 22/08/2018 - Eletronuclear se pronuncia sobre desligamento de usinas em Angra: 'estão operando a plena capacidade'Na terça-feira (21), prefeitura decretou estado de emergência, após tiroteios causados por briga de facção criminosa. Pronunciamento responde a possível desligamento de Angra 1 e 2.
Na terça-feira (21), prefeitura decretou estado de emergência, após tiroteios causados por briga de facção criminosa. Pronunciamento responde a possível desligamento de Angra 1 e 2.
Fonte: G1A Eletronuclear se pronunciou nesta quarta-feira (22) após a publicação do decreto de estado de emergência de Angra dos Reis, RJ. Segundo a empresa, o órgão está preparado para essas situações e as usinas nucleares 'estão operando a plena capacidade'. Em nota, eles ressaltaram que, inclusive, o plano é de responsabilidade deles.
A nota reforça ainda que a empresa mantem contato diário com o Secretário de Segurança do Estado, general Richard Nunes, para acompanhar a situação. A preocupação aconteceu após o aumento da violência no litoral, gerada pela disputa territorial entre facções criminosas do município, principalmente no bairro Belém. A resposta da empresa é também ao pronunciamento da prefeitura na tarde de terça-feira (21), onde afirmou que a insegurança na cidade podia resultar no pedido de desligamento das usinas.
O prefeito, Fernando Jordão, cobrou, durante a tarde, uma ação efetiva da Intervenção Federal na cidade. O prefeito teve um encontro, no Rio de Janeiro, com o General Braga Netto, interventor federal. "A polícia de Angra dos Reis precisa de apoio para enfrentar essa onda de violência que culminou em um ônibus incendiado, nesta segunda (20), no Belém", disse.
Confira a nota na íntegra
"É preciso distinguir duas coisas nessa história. O Plano de Emergência Local abrange a área de propriedade da Eletronuclear (o que inclui a Central Nuclear em Itaorna, a Vila Residencial de Praia Brava e a área da Piraquara de Fora). Esse plano é de responsabilidade da Eletronuclear e operado com seu próprio pessoal. A empresa entende o momento difícil pelo qual o município está passando, mas assegura ter plena capacidade de efetuar as operações necessárias em caso de emergência.
O Plano de Emergência Externo é de responsabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro. A Eletronuclear tem mantido contato diário com o Secretário de Segurança do Estado, general Richard Nunes para acompanhar a situação. Vale lembrar que o Plano de Emergência Externo reúne diversos órgãos de segurança pública, tais como as Forças Armadas, as Polícias Militar e Rodoviária Federal; e as Defesas Civis no âmbito federal, estadual e municipal.
Cabe ressaltar que as usinas Angra 1 e Angra 2 estão operando a plena capacidade, gerando 2.020 MWe para o sistema elétrico nacional."
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- 18/08/2018 - Hospital de Base voltará a oferecer iodoterapia a pacientes com câncerDesde 2016, tratamento estava indisponível na unidade. Previsão é de que quarto terapêutico seja reinaugurado no fim do próximo mês e beneficie 240 pessoas
Desde 2016, tratamento estava indisponível na unidade. Previsão é de que quarto terapêutico seja reinaugurado no fim do próximo mês e beneficie 240 pessoas
Fonte: Correio Braziliense
A partir do próximo mês, o Instituto Hospital de Base passará a disponibilizar, novamente, o tratamento de iodoterapia, indicado para pacientes com câncer na tireoide e hipertireoidismo. Há dois anos, um quarto terapêutico da unidade de saúde destinado a receber as sessões teve de ser fechado, e a unidade de saúde precisou atender a normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear para reformar o espaço e voltar a ofertar o serviço à população.
O hospital será o único da rede pública a contar com uma sala capaz de realizar atendimentos ambulatoriais e em condições de internar os portadores das patologias em questão. Uma parceria entre a Secretaria de Saúde e o Hospital Universitário de Brasília (HUB) oferece o tratamento de iodoterapia, no entanto, o hospital tem estrutura apenas para exames ambulatoriais. Os pacientes que precisam de um tratamento mais delicado têm de recorrer a centros médicos particulares.
A estimativa é de que, em 45 dias, a equipe médica comece a receber os pacientes. Chefe da unidade de Medicina Nuclear do Hospital de Base, Rodrigo Guimarães destacou a importância de o hospital contar novamente com o tratamento. "Será uma conquista muito grande. Com o quarto terapêutico, o paciente não precisará recorrer ao tratamento em clínicas privadas. Por termos ficado um longo tempo fora de operação, existe uma demanda reprimida, mas esperamos resolver agilmente e atender a todas as pessoas nessa situação”, disse.A unidade de saúde pediu ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares a compra das doses de Iodo-131, substância utilizada nas sessões de iodoterapia. Segundo Rodrigo, por semana, o Hospital de Base trabalhará com uma quantidade de 800 miliquirri (mCi) do mineral. Pessoas que precisarem de uma dose de até 50 mCi receberão apenas atendimentos ambulatoriais e serão liberados após a sessão. Pacientes que necessitam de uma dose superior terão de ser internados.
"A dose para cada paciente varia. Dessa forma, é difícil estabelecer quantas pessoas poderemos atender por dia. De qualquer forma, a quantidade que teremos à disposição é muito boa. No HUB, por exemplo, o estoque disponibilizado é de apenas 100 mCi por semana”, afirmou Rodrigo.
Dentro do quarto terapêutico do Hospital de Base funcionarão dois leitos. A estimativa é de que pelo menos 150 pacientes com câncer na tireoide e 90 com hipertireoidismo sejam beneficiados. "Queremos dar qualidade a todos. Para as pessoas com um tumor avançado, o nosso objetivo será aumentar, prolongar a sua sobrevida. Já para aqueles com o câncer em estágio inicial, trabalharemos com o intuito de curá-los dessa oncologia”, ressaltou.
Esperança
Chefe da Unidade de Medicina Nuclear do HUB, Flavio Andrade comentou que o novo quarto terapêutico poderá otimizar o tratamento às duas doenças. "A partir do momento em que é evidenciada a necessidade da iodoterapia para um paciente, temos que atendê-lo para evitar que o risco seja prolongado”, frisou.
Com mais recursos para tratar os desdobramentos do câncer, quem é portador da enfermidade recebeu a notícia com otimismo. O aposentado Ernani da Mata, 77 anos, cuida de um câncer na tireoide desde 2012. No ano seguinte, a patologia afetou a pelve e ele quase teve um dos ossos fraturados. Recebeu o auxílio do Hospital de Base e, apesar de não ter se livrado do câncer, conseguiu evitar uma morte que era considerada iminente pelos médicos.
"Fico emocionado ao lembrar do quanto foi difícil para as dores passarem e eu conseguir lidar com o câncer. Cheguei a pensar que eu não conseguiria me salvar, mas, hoje, não sinto mais nada. Ainda preciso do tratamento à base de iodoterapia, porque o meu caso foi muito grave, e estou certo de que receberei o melhor apoio possível”, relatou.
A babá Luana do Nascimento, 36, descobriu que era portadora da oncologia há dois anos. Retirou o tumor, mas até maio deste ano não havia conseguido o tratamento de iodoterapia, quando foi direcionada ao HUB. "É uma satisfação saber que mais uma unidade de saúde abrirá as portas aos pacientes.”
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- 17/08/2018 - Usinas nucleares para o Brasil? - Opinião - artigo de Washington NovaesOs próximos tempos trarão importantes notícias sobre o nosso panorama energético
Os próximos tempos trarão importantes notícias sobre o nosso panorama energético
Fonte: O Estado de S. Paulo
*WASHINGTON NOVAES
Dizem os jornais que "Temer retoma plano nuclear e governo prevê várias usinas” (Folha de S.Paulo, 25/7). Além do abastecimento interno, prevê-se "aumentar a exportação”. O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro estaria encarregado de um "programa para ampliar no País a geração de energia a partir do urânio e dinamizar a mineração no setor”. Mas é um tema que divide especialistas e enfrenta a oposição de ambientalistas internos e externos.O projeto foi produzido pelo Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, vinculado ao Palácio do Planalto e integrado por representantes de 11 ministérios, aos quais tem sido dito que o governo pretenderia construir usinas nucleares em várias partes do País e retomar a construção da usina Angra 3, paralisada desde a Operação Lava Jato.
O panorama na área anda agitado com a notícia de que a estatal russa de energia nuclear já tem uma frota de quatro quebra-gelos a propulsão nuclear, únicos no mundo, e uma unidade de processamento de lixo atômico, com dois reatores de 35 MW cada, abastecidos com combustível nuclear. Após testes no início de 2019, eles deverão ser rebocados para 5 mil quilômetros de distância, no extremo leste do Ártico, onde poderão abastecer 100 mil pessoas. Segundo o Greenpeace, é "um risco sem igual de acidente”, já que a barcaça de transporte tem seu fundo achatado e seria mais vulnerável no mar bravio da região. E também precisa de rebocador – outro risco. Mas a Rússia e a Agência Internacional de Energia Atômica aprovam o projeto, que substituirá outro mais antigo, com reator semelhante ao que explodiu em Chernobyl em 1986. O novo o substituirá com menor impacto ambiental no Ártico, em região que em 2012 teve a menor cobertura de gelo polar da história. O combustível, após 40 anos de uso, irá para aterro de lixo atômico.
Ambientalistas têm dito que o Brasil não precisa deste tipo de projetos com tanto risco. Segundo representante do Greenpeace (22/7), foram gastos R$ 300 bilhões para cobrir danos provocados pelos acidentes em Fukushima, em 2011, e R$ 1,5 trilhão em Chernobyl (1986) – sem falar em gastos para receber o lixo atômico e para desmontar as usinas a serem desativadas quando não mais produtivas. Por essas e outras, Francisco Whitaker, que em 2006 recebeu o Prêmio Nobel Alternativo do Parlamento sueco, diz que a atual proposta do governo brasileiro significa "remar contra a maré e a História”. E lembrou que diversos países estão abandonando a opção nuclear, entre eles a Alemanha, que até 2022 desligará todas as suas usinas nucleares.
Há quem discorde de certos pontos. Por exemplo, o professor do programa nuclear da Coppe/UFRJ Alberto Luiz Coimbra Reis, segundo quem a energia nuclear pode ser considerada "limpa”, pela baixa emissão de gases do efeito estufa. E embora o País tenha tecnologia e matéria-prima indispensáveis, além da sexta maior reserva de urânio do mundo. Mas também ele critica o momento da elaboração da nova política de governo, a apenas seis meses do fim da atual gestão federal.
O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, reinstituído no ano passado, elabora uma proposta de Política Nuclear Brasileira, que deverá ser capaz de nortear o desenvolvimento futuro do programa nuclear. Mas ele não tem tratado de questões como a construção de usinas nucleares.
No âmbito mundial, prossegue a discussão acirrada. O próprio papa Francisco afirmou durante viagem ao Chile que "teme” o risco de uma guerra nuclear. Segundo ele, o mundo está "no limite de uma guerra nuclear” (Estado, 15/1/2018). E acrescentou: "Estou realmente com medo disso. Um acidente é o suficiente para precipitar as coisas”. Ele também tem endurecido suas falas contra as armas nucleares. Acha que os países não devem estocá-las, mesmo para dissuasão.
Nem todos se convencem. A Rússia, por exemplo, inaugurou há pouco tempo uma usina nuclear marítima, com reatores nucleares flutuantes, que vai bombear energia para cidades portuárias e plataformas de perfuração em busca de petróleo. Segundo a empresa estatal russa de energia nuclear, a usina tem "uma grande margem de segurança”, pois é "resistente a tsunamis e desastres naturais”. Segundo grupos ambientais, o projeto deveria chamar-se "Titanic Nuclear” ou "Chernobyl Flutuante”.
Nos últimos meses, as esperanças maiores recaíram nos encontros entre o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, e dirigentes da Coreia do Norte, como Kim Jong-un, nos quais foram tratados temas que preveem a desnuclearização coreana, apoiado até pela China.
À margem de tudo isso, no Brasil ganha força um movimento em favor da ampliação do parque nacional de energia eólica, já que a energia dos ventos responde por 8,5% da potência instalada no País e deve ultrapassar a biomassa (Estado, 5/8) em 2019, para transformar-se na segunda maior fonte geradora de energia, após a eletricidade. A energia dos ventos tem ganhado maior força principalmente nas Regiões Nordeste e Sul do País, "onde giram hoje 6,6 mil cataventos, espalhados por 534 parques eólicos”. A energia solar também tem avançado em algumas regiões.
Seja como for, não é difícil de prever que os próximos tempos trarão notícias importantes sobre o panorama energético brasileiro. E que deverão tratar basicamente da diversificação das nossas fontes de energia – um avanço decisivo para o País. Porque não faz sentido continuarmos presos a poucos mananciais, sem considerar a possibilidade de avanços na diversificação e de ganhos nas estratégias de implantação e de preços, com muitos benefícios para o consumidor. E sem falar, também, que será possível rever a estratégia de grandes barragens, com os problemas que as envolvem (e que afetam recursos hídricos), inclusive o de lobbies e de corrupção.
*JORNALISTA
E-MAIL: WLRNOVAES@UOL.COM.BR
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- 16/08/2018 - Concurso de comunicação científica está com inscrições abertasFonte: Agência FAPESPA Euraxess Brazil recebe até 15 de setembro de 2018 inscrições para o concurso de comunicação científica Science Slam Brazil 2018.
Science slam é uma apresentação do trabalho de pesquisa de cientistas para uma audiência leiga no assunto. O foco é ensinar ciência a um público diverso, de forma descontraída.
Segundo a Euraxess Brazil, além de receber treinamento individual, os cinco finalistas participarão de uma formação em técnicas de apresentação que será organizada no Rio de Janeiro em 16 de outubro.
A melhor apresentação ganhará uma viagem à Europa, com tudo pago, durante a primavera europeia de 2019. Além disso, o vencedor terá a oportunidade de visitar um instituto europeu de pesquisa de sua escolha.
O concurso é aberto a pesquisadores ativos no Brasil, de mestrando em diante, de todas as nacionalidades e de todas as áreas do conhecimento.
A apresentação do projeto de pesquisa pode ser na forma de palestra, experimento ao vivo, desenho, teatro, canto, entre outras. O candidato deverá mostrar, em até 3 minutos, como pretende apresentar seu trabalho ao vivo por vídeo simples gravado com smartphone ou equivalente ou em chamada pelo Skype com a equipe da Euraxess Brazil.
Mais informações: https://scienceslambrasil.splashthat.com.
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- 15/08/2018 - Bastidores do programa nuclear brasileiro e o acordo com a Argentina - Agência FapespArtigo de José Goldemberg e colaboradores mostra como os dois países convergiram para fazer do Cone Sul uma zona desnuclearizada
Artigo de José Goldemberg e colaboradores mostra como os dois países convergiram para fazer do Cone Sul uma zona desnuclearizada
Fonte: Agência Fapesp
José Tadeu ArantesO risco de um conflito nuclear, com consequências apocalípticas, perpassou todo o período da Guerra Fria, polarizada pelos Estados Unidos e a União Soviética desde o final da Segunda Guerra Mundial até o início da década de 1990.
Cunhou-se no período a expressão "Equilíbrio do Terror”, baseada na suposição de que uma conflagração real poderia ser evitada se houvesse equivalência no poder de destruição dos arsenais das duas superpotências. O cenário tornou-se mais complexo ao longo da década de 1960 e depois, com a emergência de novos detentores de tecnologia e armamentos nucleares.
Na América do Sul, a queda dos regimes militares possibilitou que as duas nações mais desenvolvidas da região, Brasil e Argentina, abrissem mão de perspectivas de uso não pacífico da energia nuclear e criassem, em 1991, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), que se tornou também um importante ponto de apoio para a estruturação do Mercosul.
O físico José Goldemberg, presidente da FAPESP, analisou a evolução ocorrida no desenvolvimento nuclear dos dois países. Especialista em energia, Goldemberg escreveu, junto com Carlos Feu Alvim e Olga Mafra, da Ecen Consultoria, o artigo The Denuclearization of Brazil and Argentina, publicado noJournal for Peace and Nuclear Disarmament, periódico mantido pela Universidade de Nagasaki, no Japão.
O artigo – o primeiro do número inaugural do periódico – apresenta um panorama amplo das iniciativas internacionais voltadas para a desnuclearização e se aprofunda na descrição dos esforços nucleares brasileiro e argentino e nas tratativas que resultaram na criação da ABACC e em seu posterior desenvolvimento.
Secretário da Ciência e Tecnologia do Brasil durante o biênio 1990-1991, Goldemberg participou diretamente da negociação. E revelou, em primeira mão, os detalhes desse processo à Agência FAPESP.
"Houve uma conferência entre os presidentes Collor, do Brasil, e Menem, da Argentina, em Foz do Iguaçu. Lá aconteceu uma reunião da qual participaram quatro pessoas: Collor, Menem, um assessor de Menem e eu. Nessa reunião, foi discutido o fato de que tanto o Brasil quanto a Argentina apareciam na imprensa como países que estavam competindo pela produção de armas nucleares. Isso, além de não ser verdade, poderia provocar sanções da parte dos norte-americanos e europeus. Para pôr fim aos boatos e deixar tudo transparente, foi decidida a criação de uma agência bilateral”, disse Goldemberg.
"A criação da ABACC foi uma medida efetiva, que liberou aos brasileiros o acesso à inspeção das instalações argentinas, e aos argentinos o acesso à inspeção das instalações brasileiras. Posteriormente, os dois países aderiram ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, facultando à Agência Internacional de Energia Atômica (International Atomic Energy Agency – IAEA) a participação no sistema de inspeções”, acrescentou.
Como descreve o artigo, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (NPT) foi firmado por 189 países em 1970. Mas Brasil, Argentina e outros países consideraram esse acordo discriminatório, por congelar uma situação assimétrica, impedindo a proliferação da tecnologia e das armas nucleares, mas preservando os arsenais existentes.
Um acordo global mais equânime, o Tratado de Proibição das Armas Nucleares, só viria à votação quase meio século depois. Aprovado por 122 países na Assembleia Geral da ONU em julho de 2017, com apenas uma abstenção e um voto contrário, esse acordo tem como perspectiva a eliminação dos artefatos bélicos nucleares, levando em tese à completa desnuclearização do planeta no que se refere ao uso militar. Porém sua efetividade encontra-se comprometida, uma vez que os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, três potências nucleares, declararam que "não participaram da negociação do tratado, e não pretendem assinar, ratificar ou fazer parte dele”.
Diante da dificuldade de uma solução abrangente, o artigo aponta os compromissos regionais como formas mais efetivas de enfrentamento do problema, com a criação de zonas desnuclearizadas. "Notavelmente, os acordos mais bem-sucedidos sobre desarmamento foram negociados primeiro na arena bilateral”, afirma o texto. No contexto latino-americano, o acordo brasileiro-argentino desempenha papel proeminente.
"Entre as 10 maiores economias do mundo, o Brasil é a única com domínio do ciclo de combustível nuclear que não possui nem depende de armas nucleares para sua proteção (...) a Argentina, atualmente na 27ª posição no ranking das economias mundiais, não tem ambições globais que possam motivar o desenvolvimento de armas nucleares”, argumenta o artigo.
Evidentemente, pela lógica impiedosa da geopolítica, se um dos dois países se engajasse em uma corrida nuclear, o outro se sentiria compelido a fazer o mesmo. Mas a criação da ABACC afastou essa ameaça do horizonte.
"A ABACC não apenas cria barreiras à proliferação por meio de salvaguardas como também reduz drasticamente a motivação para ter armas, construindo confiança entre os países da região”, enfatizou Goldemberg.
Corrida regional
A expectativa de um desenvolvimento nuclear independente foi uma ideia que prosperou bem cedo no Brasil e na Argentina, tanto no meio científico quanto no meio militar. No Brasil, começou a ganhar corpo desde o início dos anos 1950, quando foi criado o CNPq (inicialmente Conselho Nacional de Pesquisas, e, depois de 1974, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
"Em 1956, sob o programa ‘Atoms for Peace’, o Brasil recebeu dos Estados Unidos um reator de pesquisa alimentado por urânio enriquecido em 90%. O reator foi instalado na Universidade de São Paulo, sob a jurisdição do governo federal”, informa o artigo. Mas o programa ‘Atoms for Peace’ foi criticado por importantes cientistas e militares pelo fato de tornar o país dependente do fornecimento de urânio enriquecido pelos Estados Unidos.
Como o enriquecimento do urânio parecia, na época, um objetivo muito distante para o Brasil, desenhou-se um projeto alternativo de reator alimentado por urânio natural. "O chamado Grupo do Tório propôs o uso de um reator de urânio natural, moderado por água pesada, com uma camada de tório 232 que se transformaria em urânio 233 e poderia ser utilizada posteriormente em substituição ao urânio 235. Desta forma, o Brasil poderia substituir o uso de urânio enriquecido por tório, que é abundante no país”, descreve o artigo.
No entanto, este projeto não ganhou apoio governamental e foi abandonado quando o governo decidiu, por razões políticas, adotar a tecnologia de reatores de água pressurizada (PWR). No final dos anos 1960, um reator de água pressurizada de 624 megawatts foi adquirido pelo governo federal da empresa norte-americana Westinghouse e instalado em Angra dos Reis, sob fortes críticas de cientistas e militares.
Enquanto isso, a Argentina adotava um programa mais independente, baseado em reatores canadenses abastecidos por urânio natural e moderados por água pesada, e no Atucha I, construído em cooperação com a Alemanha. Inicialmente baseado em urânio natural e depois modificado para utilizar urânio fracamente enriquecido, o Atucha I serviu de modelo para o Atucha II, vários anos mais tarde.
"A perspectiva de que a Argentina poderia, com o tempo, tornar-se autossuficiente para construir reatores próprios e desenvolver o reprocessamento nuclear tornou-se um assunto espinhoso entre o Brasil e a Argentina, alimentado pelo fato de ambos os países, assim como a Índia, não haverem aderido ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (NPT)”, prossegue o artigo.
Em reação, o governo militar brasileiro, na época comandado pelo general Ernesto Geisel, anunciou, em 1975, um ambicioso acordo de cooperação nuclear com a Alemanha Ocidental, com vistas a assegurar ao país o completo domínio do ciclo de combustível. Esse acordo, firmado sem consulta à comunidade científica, foi fortemente criticado como opção econômica e tecnológica.
"A justificativa oferecida pelo governo para o acordo era que o programa nuclear constituía uma resposta à crise do petróleo de 1973, que na época representava uma grave ameaça à balança comercial do país. Na verdade, esta foi a resposta errada porque a eletricidade no Brasil era produzida principalmente por usinas hidrelétricas e não por petróleo, de modo que construir reatores nucleares não reduziria a importação de petróleo, que era usado no transporte e na indústria. Houve também fortes reclamações de que o chamado acordo nuclear com a Alemanha não contemplava uma contribuição justa de insumos da indústria e das instituições tecnológicas locais”, afirma o artigo.
Além disso, o acordo foi visto pelo governo norte-americano, sob a administração Carter, como um possível caminho para o desenvolvimento de armas nucleares pelo regime militar brasileiro.
Em resposta, os Estados Unidos cancelaram as garantias de fornecimento de urânio enriquecido, necessário para reabastecer o reator de Angra I. E, como sintetizou o artigo, "o acordo Brasil-Alemanha desmoronou sob pressão dos EUA devido às suas próprias fraquezas”.
Mas a ambição nuclear continuou na pauta do regime militar. E adquiriu formas concretas sob o governo do general João Batista de Oliveira Figueiredo, quando três programas paralelos, tocados respectivamente pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, foram iniciados.
Deles, o da Marinha, instalado no Centro Experimental de Aramar, em Iperó-SP, conduzido por pesquisadores treinados no Massachusetts Institute of Technology (MIT), e nominalmente destinado à construção de um submarino nuclear brasileiro, foi o que mais prosperou, obtendo urânio enriquecido em 20% por ultracentrifugação.
Documento secreto do Conselho de Segurança Nacional, divulgado pela imprensa após a redemocratização do país, justificava o programa nuclear paralelo e definia, como um dos objetivos, a fabricação de explosivos nucleares, "com finalidades pacíficas”.
Mas, como demonstra o artigo, a falta de coordenação entre as várias iniciativas e o enorme empate de dinheiro no acordo com a Alemanha tornaram esse esforço pouco efetivo. Enquanto isso, agentes do Serviço Nacional de Informação, SNI, lotados na embaixada do Brasil em Buenos Aires, transmitiam informes ultrassecretos ao governo e à cúpula militar sobre o desenvolvimento acelerado da Argentina no setor.
"Não há evidência de que, durante os respectivos períodos militares, Brasil e Argentina tenham efetivamente se engajado na produção da bomba. Empenharam-se, sim, no desenvolvimento de tecnologias que poderiam preparar os países para a subsequente fabricação de armas nucleares”, disse Goldemberg.
Mesmo assim, os Estados Unidos viram esses esforços com grande suspeita e bloquearam a transferência ao país de equipamentos que poderiam facilitá-los. Instituições que nada tinham a ver com o programa nuclear, como a Petrobras, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e as universidades, foram prejudicadas, impedidas de receber computadores de alta velocidade comprados de companhias norte-americanas.
Fins pacíficos
Após a redemocratização do Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu claramente que "toda atividade nuclear em território nacional deve ser admitida apenas para fins pacíficos e sob aprovação do Congresso Nacional”. A construção de confiança entre Brasil e Argentina e o acordo efetivo entre os dois países foi decorrência da redemocratização. Goldemberg contou como participou do processo.
Encerrado seu mandato como reitor da Universidade de São Paulo, e exercendo há apenas dois meses e meio o cargo de secretário da Educação do Estado de São Paulo, ele foi convidado, um dia antes da posse de Fernando Collor de Mello, a assumir a Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da República.
Com a extinção do Ministério de Ciência e Tecnologia, a Secretaria passava a coordenar órgãos como o CNPq, a Finep e outros, mas, estando lotada diretamente na Presidência, ficava também em sintonia com os problemas políticos.
"E havia, na época, um problema político sério que eram as frequentes matérias da imprensa sobre o suposto programa secreto das Forças Armadas voltado para a produção de armas nucleares. O presidente me interrogou sobre isso. E eu lhe respondi que as atividades nucleares do Ipen [Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares] eu conhecia bem, por ter sido reitor da Universidade de São Paulo. Lá era feito enriquecimento do urânio, mas nada que pudesse ser voltado para a produção bélica. Porém os jornais diziam que havia atividades no Exército, na Marinha e na Aeronáutica. E isso eu não sabia se era verdade”, disse.
Collor pediu-lhe então que visitasse essas instalações e chamou um general para acompanhá-lo. O físico foi e constatou que não havia, na realidade, preparativos avançados para a produção de armas nucleares. Mas existiam grupos dentro dessas estruturas que procuravam transmitir tal imagem, com o objetivo de realçar sua própria importância.
Nesse contexto, surgiu a notícia da descoberta, em Cachimbo, no Pará, de poços muito profundos, que a imprensa alegava terem sido construídos para testes nucleares subterrâneos. "Collor foi a Cachimbo e, em um gesto simbólico, atirou uma pá de cal em um dos poços, sinalizando assim o não engajamento do Brasil na produção de armas nucleares”, relatou Goldemberg.
A reunião dos presidentes Collor e Menem em Foz do Iguaçu, que resultou na criação da ABACC, ocorreu pouco depois. Segundo Goldemberg, antes disso, o Itamaraty havia participado de entendimentos, mas sem resultados concretos. Foi a ABACC que pôs um ponto final na desconfiança mútua. "Durante as tratativas, houve o questionamento de por que não apelar diretamente para a mediação da Agência Internacional de Energia Atômica. Mas o argumento de que a IAEA era dominada pelas grandes potências prevaleceu”, detalhou o físico.
"Mais tarde, no governo Fernando Henrique Cardoso, foi firmado o acordo com a IAEA. Eu já não estava mais no governo, mas o presidente Fernando Henrique me perguntou se não seria o caso de extinguir a ABACC, uma vez que a IAEA poderia fazer a mediação e se encarregar das inspeções. Eu lhe disse que achava melhor preservar a ABACC, porque há sempre suspeitas de que as agências internacionais possam ser manipuladas pelas grandes potências. A ABACC foi mantida e está funcionando muito bem até agora. Graças a ela, o Cone Sul da América Latina ficou desnuclearizado”, disse Goldemberg.
O resultado foi tão positivo que inspirou o governo da Índia a tentar uma solução semelhante. Mas as tratativas com o Paquistão não prosperaram. Estima-se que a Índia possua 135 artefatos nucleares, e o Paquistão, 145, segundo a Arms Control Association.
O artigoThe Denuclearization of Brazil and Argentina(https://doi.org/10.1080/25751654.2018.1479129), de José Goldemberg, Carlos Feu Alvim e Olga Y. Mafra, pode ser lido em www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/25751654.2018.1479129.
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- 14/08/2018 - ´Muito mais que uma injustiça social, uma perversidade que condena a maior parte da nossa população”, diz ministro do GSI sobre a dificuldade para tratamento nuclear no SUS ´ - Diário de PetrópolisFalta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Falta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Fonte: Diário de Petrópolis
Na 32ª edição, além da programação científica, o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear (CBMN) abordou a necessidade de expansão da especialidade no País. O general Sergio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência, representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), produtores e fornecedores de radiofármacos participaram do evento.Em discurso, o general Etchegoyen destacou que "pessoas perdem a vida porque sequer sabem que existem os recursos da Medicina Nuclear, que podem antecipar diagnósticos, curar, controlar ou melhorar (doenças). As pessoas não têm ideia! 75% da nossa população tem um acesso muito reduzido a isso”.
Para Juliano Cerci, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), "é preciso lutar para que o acesso verdadeiro e universal à saúde seja garantido à população. Não adianta termos a melhor medicina nuclear, o melhor produto, o melhor profissional, o melhor equipamento, se isto não chega à comunidade da forma necessária”.
Durante o congresso ficou definido que a SBMN participará de fóruns com produtores e ANVISA para registro de radiofármacos, além de encontros com o CNEN, produtores privados e responsáveis por clínicas nucleares, a fim de desburocratizar o abastecimento de insumos para a especialidade.
De acordo com o ministro do GSI, o investimento do Ministério da Saúde na produção de radiofármacos e o financiamento de parte da construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) ajudará a expandir a medicina nuclear "nos próximos 50 anos, a partir da inauguração do RMB, o Ministério terá os seus radioisótopos e radiofármacos a preço de custo. Esse é o custo do financiamento. Parece-me absolutamente justo”, afirmou.
O dr Drauzio Varella, também esteve em reunião no Congresso "nós viemos discutir o impacto da medicina nuclear tanto no tratamento de várias doenças, como no diagnóstico e estadiamento de vários tumores malignos, e quais as dificuldades para levar estes recursos e toda esta tecnologia para os pacientes do SUS”.
No final deste mês está prevista uma visita conjunta da SBMN, do dr Drauzio e da comitiva do ministro ao IPEN e ao Centro Experimental Aramar, na região de Sorocaba, onde será construído o RMB.
Histórico
O encontro ocorreu quase três meses após a crise do IPEN, que desabasteceu hospitais importantes como o HC de Campinas e do Câncer de Barretos. Atualmente, o instituto está desinterditado em caráter excepcional da ANVISA e precisa realizar adequações.
Desde 2009, o Brasil enfrenta problemas no abastecimento de radioisótopos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos médicos nucleares. O principal motivo foi a paralização do reator canadense que abastecia integralmente o mercado brasileiro e 40% do mundo. Estes insumos vêm sendo produzidos exclusivamente pelo IPEN no Brasil ou importados, o que esbarra na burocracia, altos custos e uma série de exigências para autorização.
Sobre a SBMN
Fundada na década de 60, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é constituída por médicos especialistas em medicina nuclear e outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos, radiofarmacêuticos, biomédicos, físicos e químicos, contando com quase 1 mil sócios atualmente. Tem por objetivo integrar e favorecer o desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo atividades científicas e de intercâmbio entre profissionais de todo o País.
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- 13/08/2018 - Prazo para conclusão do prédio de armazenamento do combustível nuclear de Angra 1 e 2 preocupa sindicato dos engenheirosFonte: Petronotícias
A falta de um acordo definitivo para dívida da Eletronuclear com a Caixa e com o BNDES está trazendo uma séria preocupação para o Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro. A empresa continua a pagar cerca de R$ 80 milhões mensais para quitar os juros devidos pelos empréstimos para a construção da Usina Angra 3, que ainda aguarda uma definição do governo federal para a sua conclusão. Com um sangramento dessa ordem mensalmente no caixa da empresa, a preocupação do sindicato é com a falta de fôlego para o pagamento das obras de construção do prédio da Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) onde ficarão parte dos elementos combustíveis irradiados das usinas Angra 1 e Angra 2, que estão depositados nas piscinas especiais. Até maio de 2022 precisarão ser retirados das duas piscinas 480 elementos combustíveis irradiados no total. São 220 elementos correspondentes a cinco ciclos de Angra 1 e 260 elementos, correspondentes também a cinco ciclos, mas de Angra 2.
A gigante americana Holtec, com larga experiência internacional neste tipo de obra, também fará a operação de transferência desses elementos, que tem 4 metros de altura cada um. Eles serão colocados em invólucros especiais conhecidos como Canister. O prazo para entrega da obra precisa ser antes de maio de 2022. E já está muito apertado porque a obra ainda está na fase de projetos. Quando foi assinado o contrato o prazo de conclusão era de 36 meses. E ainda precisa ser feito uma licitação para retirada de um morro onde o prédio do armazenamento será construído. Caso a obra não seja concluída no prazo, as usinas de Angra 1 e Angra 2, teriam que ser obrigatoriamente desligadas porque não haveria espaço para se colocar mais elementos combustíveis. É importante dizer que até o momento o projeto transcorre normalmente e todos os eventos de pagamentos estão sendo cumpridos pela Eletronuclear, com todos os fornecedores também em dia.
A tecnologia da Holtec vai usar é o sistema HI-STORM FW para armazenamento a seco do combustível nuclear. Serão colocados no Canister e levados para UAS, que está sendo projetada e será construída pela própria Holtec. Um fator que aumenta a complexidade é a diferença das usinas. Angra-1 é um projeto da Westinghouse e Angra-2 é um projeto da Siemens. Tem diferentes arquiteturas e bases de licenciamento. Apesar dessas diferenças, o plano de implementação da Holtec permitirá a compatibilidade entre grande parte dos equipamentos e procedimentos operacionais. O de Angra-1 beneficiou-se das prateleiras de armazenamento úmido da Holtec, instalados em meados da década de 1990, que apoiaram a operação contínua das unidades desde aquela época. Agora, a instalação de armazenamento a seco servirá como uma solução complementar para o gerenciamento do combustível irradiado, com tecnologia considerada segura e eficiente.
Na verdade, a responsabilidade da construção da Unidade de Armazenamento a Seco, pela legislação federal, pertence a CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear e não a Eletronuclear. O Petronotícias conversou com o Diretor de Negociações Coletivas Sindicato dos Engenheiros do Rio e da Federação Interestadual de Sindicato dos Engenheiros, físico, com 40 anos trabalhando na Eletronuclear, Guther de Moura Angelkorte:
– Por que o Sindicato tem a preocupação com a obra da UAS ?
– A administração anterior a do presidente Leonam foi um pouco desastrosa porque perdeu muito tempo para tomar uma decisão de construir a UAS. Sem esse prédio para o armazenamento dos elementos combustíveis, as usinas terão que obrigatoriamente serem desligadas, o que representaria um prejuízo enorme para o país. Não apenas para a Eletronuclear e para o sistema de geração de energia.
– O pagamento dos juros do empréstimo para Angra 3 compromete ?
– Certamente. Esse pagamento, se não houver um acordo, sangra o caixa da empresa e pode ter consequências graves, como o não pagamento das obras da unidade e a empresa atrasar a sua construção. As piscinas especiais não terão mais espaço para armazenamento dos elementos a partir de 2022. Sem esse espaço as usinas não podem funcionar. É a dívida com a Caixa, com o BNDES e com a próprio Holding, a Eletrobrás.
– Como são essas piscinas ?
– Elas tem pelo mais de 8 metros de profundidade, porque os elementos tem 4 metros e precisa de uma lâmina d’água de pelo menos 4 metros sobre estes elementos. Elas são bastante grandes, maiores que um piscina olímpica, com ácido bórico diluído na água para absorver os Neutrons para ficar subcrítico. Há um controle frequente dessa água.
– Depois de ser retirado da piscina, como esses elementos ficam ?
– Eles precisam ser colocados em um invólucro especial e levados para o prédio da unidade de armazenamento a seco para ficarem guardados. É um trabalho de alta complexidade que precisa ser feito por pessoas experientes.
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- 13/08/2018 - Muito mais que uma injustiça social, uma perversidade que condena a maior parte da nossa população”, diz ministro do GSI sobre a dificuldade para tratamento nuclear no SUS - Jornal Dia a DiaFalta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Falta de acesso e dificuldade para aquisição de insumos foram pautas das principais reuniões e debates, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. O encontro ocorreu de 10 a 12 de agosto, em São Paulo
Fonte: Jornal Dia a Dia
Na 32ª edição, além da programação científica, o Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear (CBMN) abordou a necessidade de expansão da especialidade no País. O general Sergio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência, representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), produtores e fornecedores de radiofármacos participaram do evento.
Em discurso, o general Etchegoyen destacou que "pessoas perdem a vida porque sequer sabem que existem os recursos da Medicina Nuclear, que podem antecipar diagnósticos, curar, controlar ou melhorar (doenças). As pessoas não têm ideia! 75% da nossa população tem um acesso muito reduzido a isso”.
Para Juliano Cerci, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), "é preciso lutar para que o acesso verdadeiro e universal à saúde seja garantido à população. Não adianta termos a melhor medicina nuclear, o melhor produto, o melhor profissional, o melhor equipamento, se isto não chega à comunidade da forma necessária”.
Durante o congresso ficou definido que a SBMN participará de fóruns com produtores e ANVISA para registro de radiofármacos, além de encontros com o CNEN, produtores privados e responsáveis por clínicas nucleares, a fim de desburocratizar o abastecimento de insumos para a especialidade.
De acordo com o ministro do GSI, o investimento do Ministério da Saúde na produção de radiofármacos e o financiamento de parte da construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) ajudará a expandir a medicina nuclear "nos próximos 50 anos, a partir da inauguração do RMB, o Ministério terá os seus radioisótopos e radiofármacos a preço de custo. Esse é o custo do financiamento. Parece-me absolutamente justo”, afirmou.
O dr Drauzio Varella, também esteve em reunião no Congresso "nós viemos discutir o impacto da medicina nuclear tanto no tratamento de várias doenças, como no diagnóstico e estadiamento de vários tumores malignos, e quais as dificuldades para levar estes recursos e toda esta tecnologia para os pacientes do SUS”.
No final deste mês está prevista uma visita conjunta da SBMN, do dr Drauzio e da comitiva do ministro ao IPEN e ao Centro Experimental Aramar, na região de Sorocaba, onde será construído o RMB.
Histórico
O encontro ocorreu quase três meses após a crise do IPEN, que desabasteceu hospitais importantes como o HC de Campinas e do Câncer de Barretos. Atualmente, o instituto está desinterditado em caráter excepcional da ANVISA e precisa realizar adequações.
Desde 2009, o Brasil enfrenta problemas no abastecimento de radioisótopos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos médicos nucleares. O principal motivo foi a paralização do reator canadense que abastecia integralmente o mercado brasileiro e 40% do mundo. Estes insumos vêm sendo produzidos exclusivamente pelo IPEN no Brasil ou importados, o que esbarra na burocracia, altos custos e uma série de exigências para autorização.
Sobre a SBMN
Fundada na década de 60, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é constituída por médicos especialistas em medicina nuclear e outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos, radiofarmacêuticos, biomédicos, físicos e químicos, contando com quase 1 mil sócios atualmente. Tem por objetivo integrar e favorecer o desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo atividades científicas e de intercâmbio entre profissionais de todo o País.
MAIS INFORMAÇÕES À IMPRENSA
RS Press – (11) 3875-6296
Michele Costa – michelecosta@rspress.com.br
Monique Correa – moniquecorrea@rspress.com.br -
- 10/08/2018 - Alerta Vermelho - artigo de Olga Simbalista - Presidente da ABENFonte: Correio Braziliense
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- 09/08/2018 - Congresso de Medicina Nuclear vai debater saúde da mulher e importância da autonomia nuclear no BrasilFonte: SEGSComeça na sexta-feira (10), em São Paulo, o XXXII Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. Organizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o evento contará com especialistas brasileiros e estrangeiros que debaterão os principais desafios e avanços da Medicina Nuclear no Brasil e no mundo. Além disso, a Saúde da Mulher será o tema em destaque na programação.
No primeiro dia haverá o III Fórum de Pacientes, que será aberto à população, com o objetivo de esclarecer diagnósticos e tratamentos de combate ao câncer. Para aprimorar o debate, a mesa redonda contará com especialistas, instituições de saúde e pacientes. O ministro Sérgio Etchegoyen, responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal, estará na abertura e apresentará palestra sobre "A Importância do programa Nuclear Brasileiro”.
No sábado, representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participarão da mesa redonda para debater os procedimentos de licenciamento e controle de instalações da Medicina Nuclear. No último dia do encontro (12), haverá programação científica com temas como o teranóstico em câncer de próstata, radioiodoterapia, radiofarmacos no tratamento da infecção, entre outros.
Convidados internacionais
A professora de Medicina Nuclear da Universidade de Washington, Delphine L. Chen, falará sobre critérios de respostas de PET-CT a linfomas e melanomas; o diretor de Medicina Nuclear da Universidade de Duisburg-Essen (Alemanha), Ken Hermann, abordará os tópicos mais atuais de PSMA e Câncer de Próstata; o evento também recebe a especialista em Imagem Cardiovascular de Harvard, Sharmila Dorbala, que palestrará sobre doenças inflamatórias e reservas de fluxo coronariano.
SERVIÇO
XXXII Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear
Data: 10 de agosto – 18h
Local: Maksoud Plaza – Rua São Carlos do Pinhal, 424 – Bela Vista, São Paulo
Organização: Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Informações: http://sbmn.org.br/congresso2018/index.php