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- 06/08/2018 - Ministro da Educação garante manutenção de bolsas da Capes em 2019Fonte: Agência BrasilO ministro da Educação, Rossieli Soares, reafirmou hoje (6) que as bolsas de estudos de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) serão mantidas em 2019.
Rossieli disse que está discutindo com o Ministério do Planejamento a garantia dos recursos necessários não apenas para a autarquia, mas para "todas as áreas da educação”.
"Vou sempre brigar por mais recursos na educação”, disse o ministro, ao participar de debate no 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, organizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca). "As bolsas da Capes, até como dito pelo próprio presidente [Michel Temer], estão mantidas. Não haverá nenhuma descontinuidade nesse sentido, e garantimos que teremos todas as bolsas continuadas.”
O orçamento do Ministério da Educação (MEC) para 2019 entrou em foco quando o presidente do Conselho Superior da Capes, Abílio Baeta Neves, enviou carta ao ministro Rossieli Soares na qual dizia que tinha sido repassado à instituição um teto limitando o orçamento para 2019, que resultaria em um corte significativo, na comparação com os recursos deste ano, e na fixação de patamar inferior ao estabelecido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). "Caso seja mantido esse teto, os impactos serão graves para os programas de fomento da agência.”
Na carta, a Capes afirma que o teto fixado poderia ter como consequência a suspensão das bolsas de 93 mil pesquisadores e de alunos de pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) a partir de agosto do próximo ano. O Conselho da Capes também previu o corte do pagamento para mais 105 mil bolsistas que trabalham e pesquisam com educação básica. A carta circulou nas redes sociais e serviços de mensagens instantâneas e provocou mobilização nas comunidades científica, tecnológica e acadêmica.
"O que o Conselho da Capes apresentou foi um alerta de que, se acontecer, poderá trazer prejuízos. Não está estabelecido e não será estabelecido. O MEC garante que, para as bolsas da Capes, teremos todo o orçamento necessário para a continuidade”, afirmou o ministro.
Orçamento
O Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2019 ainda não foi divulgado oficialmente pelo governo federal. No Orçamento deste ano, o valor destinado ao MEC é R$ 23,6 bilhões. Para o próximo ano, a previsão é que a pasta fique com R$ 20,8 bilhões no Orçamento da União – um corte de 12%, que foi repassado proporcionalmente à Capes. A redução orçamentária é resultado da decisão de limitar a despesa pública instituída pela Lei do Teto de Gastos.
"O Brasil precisa ter controle de gastos, igual [ao] que tem em casa. Lógico que não pode gastar mais do que ganha”, afirmou Soares, que acrescentou: "Uma coisa é clara, não é necessariamente corte da educação. O Orçamento da Educação tem que ser igual ou maior [que o dos anos anteriores].”
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- 06/08/2018 - A geração núcleo-elétrica antes e após FukushimaFonte: Clube de Engenharia
Por Ivan Salati – engenheiro e vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN)
Fonte: ABEN (03/08/18)O início do ano 2011 encontrou o mundo altamente favorável à expansão da energia nuclear como fonte de geração de eletricidade. O acidente nuclear de Fukushima, que ocorreu em março desse ano, veio colocar um freio momentâneo nessa expansão, com a revisão da segurança das usinas em operação e em construção e afetando projetos de expansão nuclear em vários países. No entanto, passados mais de sete anos do acidente, uma pergunta que surge é como o acidente afetou e quais as perspectivas futuras em relação à participação da energia nuclear na geração de eletricidade.
Olhando para os dados de 2010 e 2017/18, antes e após o acidente de Fukushima, pode-se observar que alguns países reduziram significativamente o número de reatores em operação. Por outro lado, nos principais países em desenvolvimento, ocorreu um grande aumento no número de reatores em operação e em construção, com outros países entrando agora no uso da geração nuclear.
I. Países desenvolvidos
Entre os países que diminuíram o número de reatores estão Japão, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Suécia. Na França existe uma proposta de redução da participação nuclear, ainda não totalmente sedimentada. A análise em separado de cada caso mostra situações bastante diferentes.
Japão: O acidente de Fukushima afetou principalmente o Japão. Em 2010, antes do acidente, operavam no Japão 55 reatores. Após o acidente, a operação de todos os reatores nucleares foi suspensa, sendo criado um sistema para análises de segurança rigorosas de cada reator, sujeitando seu retorno a uma série de condicionantes, entre as quais a aprovação pelo governo de cada localidade. Dos 55 reatores, 15 provavelmente não irão operar novamente, incluindo os 6 reatores da central Daiichi de Fukushima e os que têm localização em áreas de falhas geológicas ou necessitam de grandes investimentos para sua readequação às exigências pós-Fukushima. Os 40 reatores considerados operacionais gradativamente estão sendo autorizados a operar. Em 2018, 9 desses reatores já retornaram à operação. Os demais estão em processo para conseguir a autorização de retorno. Antes de 2011, a energia nuclear era responsável por quase 30% da geração elétrica no Japão. Em 2017, com 5 reatores nucleares operando, a contribuição nuclear foi de 3.6%. No planejamento de longo prazo lançado em 2015, o Japão continua considerando a energia nuclear importante para o país e prevê a meta de participação na geração elétrica de 20 a 22% por volta de 2030, considerando sua importância para a descarbonização da matriz energética japonesa.
Alemanha: Após Fukushima, a Alemanha, fortemente pressionada politicamente pelo Partido Verde local, decidiu abandonar a alternativa nuclear substituindo gradativamente por energia renovável, basicamente eólica e solar. A participação nuclear na matriz elétrica diminuiu de 26,1 % para 11,5 %. Continua com 8 usinas operacionais, enquanto 9 usinas tiveram suas atividades encerradas a partir de 2011. Permanecem, no entanto, alguns problemas na gestão do provimento de energia elétrica, pois para compensar o desligamento dos reatores, a Alemanha foi obrigada a recorrer ao carvão e à importação de energia elétrica de outros países. Em alguns momentos de alta demanda as usinas nucleares em operação evitaram o risco de um blackout. Apesar do grande investimento na geração eólica, as linhas de transmissão que trarão energia gerada na costa alemã ainda não foram totalmente concluídas. O governo alemão mantém subsídios a algumas indústrias, em função do aumento de tarifa pela adoção preferencial pelas energias alternativas. Esse subsídio é custeado com uma taxa adicional paga pelos demais consumidores.
Reino Unido: Apesar de 4 reatores em fim de vida útil terem sua operação encerrada no período 2010-2017, a participação nuclear na geração elétrica subiu de 17,9% para 19,3% nesse mesmo tempo. O principal motivo foi o aumento da eficiência das usinas nucleares. Em 2013 foi promulgada lei que confirmou a decisão de continuar a utilizar a energia nuclear como instrumento importante para a produção de energia com baixa liberação de carbono e para isso está programando a construção de 16.000 MWe fornecido por usinas nucleares, provavelmente com participação da França e da China. A construção de novos reatores deve iniciar dentro dos próximos anos.
Estados Unidos: Antes de Fukushima havia a expectativa de um "boom” na retomada da construção de usinas nucleares no país, com proposta da construção de vários reatores de diversos fabricantes. Para isso, vários projetos de reatores haviam sido aprovados pelo órgão regulador, dentro da perspectiva do novo processo de licenciamento nuclear americano, que primeiro aprova o equipamento (o reator) para depois licenciar junto com o local de instalação. Um evento de natureza econômica afetou o mercado de energia americano. Foi o desenvolvimento da tecnologia que permitiu a extração com baixo custo de gás e do óleo de estruturas de xisto argiloso do subsolo ("shale gas and oil”), o que se tornou uma opção mais atraente do ponto de vista de investimento. De 2010 a 2017 o número de usinas nucleares em operação nos Estados Unidos passou de 104 para 99. A perda desses reatores foi compensada pelo aumento na capacidade de produção dos reatores existentes. Deixaram de operar aqueles para os quais não houve interesse econômico na extensão de sua vida operacional após o período de vida útil. Mesmo com a diminuição do número de usinas em operação, a produção nuclear aumentou de 787,7 TWh para 805,3 TWh. A participação nuclear na geração elétrica pouco alterou passando de 20,2% em 2010 para 20% com capacidade instalada de 99.647 MWe. Em 2016 entrou em operação a primeira nova usina nuclear após mais de 40 anos. Dois reatores estão em construção no país, Vogtle 3 e 4, do modelo AP1000. Até o início de 2018, havia sido renovada a extensão de vida de 40 para 60 anos para 86 reatores.
Suécia: A Suécia decidiu em 2005 que a construção de novos reatores somente deve ocorrer em substituição aos existentes e nos mesmos locais já aprovados. De 2010 a 2017,reduziu o número de reatores de 10 para 8, desativando as usinas 1 e 2 de Oskarshamn, respectivamente com 473 e 638 MWe de potência. Essa redução foi compensada pela modernização dos demais reatores, que acrescentou 1.230 MWe na produção de eletricidade por energia nuclear. Atualmente está em discussão a construção de novas usinas em substituição às desativadas.
França: Apesar de o número de reatores entre 2010 e 2017 não ter se alterado, a maior parte dos 58 reatores em operação irá alcançar 40 anos de existência nos próximos 15 anos. Atualmente a França tem um reator em construção, em Flamanville. No pronunciamento do novo presidente eleito em 2017, foi expressa a meta de reduzir a participação da geração elétrica nuclear na matriz energética dos 73% atuais para 50% por volta de 2023. Ainda não está definido como e se isso efetivamente ocorrerá, o que irá depender do comportamento das energias renováveis, basicamente eólica e solar, já que os recursos hidráulicos existentes estão esgotados, uma vez que não há intenção no aumento das usinas térmicas. A França tem em desenvolvimento um novo projeto de reator de 3ª geração, baseado no EPR, destinado a ser o padrão para a nova série de reatores nucleares. Além disso, está aberta a possibilidade de extensão de vida para pelo menos parte dos reatores que estão prestes a alcançar os 40 anos de vida.
II. Países em desenvolvimento
Para os países em desenvolvimento a situação é de um aumento significativo na participação da energia nuclear. China, Rússia, Índia são países que já detêm a tecnologia de construção de reatores nucleares e que vem implementando um grande aumento na participação nuclear na geração de energia. Além desses, outros países, como Emirados Árabes Unidos, Bangladesh, Bielorrússia e Turquia, estão entrando na geração nuclear. A Coréia do Sul, apesar de ter aumentado sua geração núcleo-elétrica, passa por um momento de discussão quanto ao futuro.
China: Na China, em 2010, antes de Fukushima, existiam 11 reatores em operação, com 24 em construção. Atualmente são 41 reatores operando, com mais 17 em construção. A China tem três empresas governamentais que atuam na geração núcleo-elétrica. Cada uma delas associou-se a um fabricante tradicional de reatores nucleares e, a partir da 4ª usina de cada tipo construída, a empresa chinesa passa a incorporar a tecnologia e a associar-se ao seu fornecedor como construtor de reatores.
Rússia: Na Rússia, em 1970, eram 31 reatores operando, hoje são 37, com mais 6 em construção. A capacidade instalada da energia nuclear passou de 21.743 MWe para 28.961 MWe com um aumento de 33,1%, embora a participação aumentasse de 17,8% para 18,3% da matriz energética. A Rússia é hoje um dos principais fornecedores de reatores para outros países, com um forte programa de financiamento de seus produtos.
Índia: Em 2010, 19 reatores estavam em operação na Índia, número que passou para 22 reatores em 2017, com mais 6 em construção. A capacidade instalada de geração nuclear subiu de 4.183 para 6.219 MWe. A participação da energia nuclear na geração elétrica aumentou de 2,2% para 3,2%.
Coréia do Sul: Em 2010operavam no país 20 reatores com capacidade instalada de 17.166 MWe. Em 2017 esse número passou para 25 reatores com capacidade instalada de 23.100 MWe. Atualmente 4 reatores estão em construção, adicionando mais 5.600 MWe. A Coréia do Sul é também a responsável pela construção dos reatores nos Emirados Árabes Unidos. Entretanto, o novo presidente da Coréia, eleito em maio de 2017, declarou sua intenção de deixar a opção nuclear até 2050, paralisando inclusive a construção já iniciada de duas usinas nucleares. A forte oposição local fez com que voltasse atrás na decisão e a construção dessas usinas foi retomada. A energia nuclear responde por quase um terço da produção de eletricidade no país, que é prioritariamente baseada em carvão (cerca de 40%). Apesar de existir um forte movimento anti-nuclear no país, também é bastante significativo o suporte à expansão nuclear e à eliminação do carvão como fonte de eletricidade.
Emirados Árabes Unidos: Com a ajuda da Coréia do Sul, têm 4 reatores em construção ao mesmo tempo, sendo que o primeiro deve entrar em operação ainda em 2018. As unidades 2, 3 e 4 estão com 92%, 81% e 66 % completadas.Apesar de ter uma reserva significativa de petróleo (6% das reservas mundiais conhecidas), os Emirados têm como perspectiva que cerca de 25% de seu suprimento de energia elétrica seja de origem nuclear, diminuindo sua dependência de gás importado. Isso deve ser conseguido com a entrada em operação dos 4 reatores até 2021 trazendo ao sistema 5.600 MWe.
Bielorússia: O país está construindo 2 reatores com capacidade de 1.200 MWe em Ostrovets. A previsão de entrada em operação dos dois reatores é 2019 e 2020, respectivamente.
Bangladesh: Está construindo dois reatores com 1.200 MWe de capacidade em Roopur. A Unidade 1 é prevista para entrar em operação em 2021 e a Unidade 2 em 2024.
Turquia: Em 3 de abril de 2018, a Turquia iniciou a construção de sua primeira usina nuclear, com a cooperação da Rússia, com a expectativa de entrada em operação em 2023. Akkuyu NPP-1 é a primeira das 4 usinas de 1.200 MWe a serem construídas nessa central. Além dessa cooperação, há planos para a construção de reatores em outros locais já definidos.
III. O uso atual da geração nuclear no mundo
O número de reatores no mundo continua em expansão, embora o ritmo dessa expansão tenha sido afetado pelo acidente de Fukushima em 2011. Excluindo o Japão, operavam no mundo 384 reatores em 2010. Em 2017 esse número aumentou para 412 reatores, representando um acréscimo de 28 reatores, mesmo considerando os que foram desativados na Alemanha e em outros países. Comparando 2017 com 2010, a produção de eletricidade por geração nuclear caiu 72 TWh devido principalmente a queda de 245,6 TWh no Japão. Não fosse isso, o aumento seria de 173,6 TWh de produção elétrica na mesma relação, mesmo incluindo o decréscimo na Alemanha.
Em países mais desenvolvidos a participação da geração nuclear tem se mantido razoavelmente estável. Além da extensão de vida dos reatores de 40 para 60 anos, a substituição dos reatores retirados de operação tem sido compensada por novas construções e pelos ganhos na produção de energia pela otimização dos projetos e pelo aumento da disponibilidade das usinas. Os maiores impactos em redução foram na Alemanha, onde a decisão de fechar todos os reatores até 2023 foi política, e no Japão, no qual o acidente fez reavaliar a segurança dos 55 reatores concluindo pela não reativação de 15 deles. A diminuição de custos da geração elétrica por energia solar e eólica também tem sido um fator importante para o não crescimento da energia nuclear nos países mais desenvolvidos. Nos Estados Unidos, o principal fator inibidor do crescimento nuclear foi a nova tecnologia de exploração a baixo custo de gás de xisto ("shale gás”) como fonte geradora de eletricidade. Dentre os países desenvolvidos, o Reino Unido reafirmou a manutenção do uso da energia nuclear como fonte importante de energia, com programa já definido de novas usinas em substituição às que vão ser desativadas.
Em contrapartida, os principais países em desenvolvimento, com previsível aumento na demanda de energia, continuam apostando na fonte nuclear como componente importante em sua matriz energética. A China dá continuidade ao seu robusto programa de expansão da energia nuclear, assim como a Rússia e a Índia. Outros países, como Emirados Árabes Unidos, Bielorrússia, Bangladesh e Turquia, estão iniciando seus programas de geração nuclear. Novos projetos de reatores, das chamadas gerações III e III+ já estão entrando em operação, como o APR1400 da Coréia do Sul e o VVR1200 da Rússia. Esses reatores, junto com outros novos projetos, têm aperfeiçoamentos que aumentam ainda mais sua segurança e diminuem os custos e tempo de construção.
IV. A situação do Brasil
Um erro que é constantemente cometido em política energética é o de comparar o Brasil com economias ricas que estão com o consumo de eletricidade razoavelmente estabilizado, para as quais o objetivo maior é aumentar a eficiência do uso de energia e diminuir a liberação de gases de efeito estufa. Seriam melhores modelos de comparação países que têm uma necessidade maior de energia, por se encontrarem, como o Brasil, em um patamar baixo de consumo per capita e ainda em um nível indesejável de desenvolvimento econômico. Enquanto China, Rússia e Índia, além de investir nas diversas formas de energia renovável, aceleram o uso da energia nuclear em sua geração elétrica, o Brasil vacila em retomar seu programa nuclear. Prova disso é que de 1972 a 2018, o país construiu apenas duas usinas nucleares e mantém paralisada a construção da terceira usina. Após ser retomada em 2008, a construção de Angra 3 parou em 2015, quando se preparava para o início da montagem eletromecânica. Em 2017, Angra 1 e Angra 2 estiveram entre as usinas mais produtivas do mundo. Angra 3 irá dar mais sustentabilidade ao sistema atual, evitando o crescente uso das termoelétricas a gás e a óleo para geração adicional, que são caras e oneram o consumidor. A energia hidráulica teve no passado o papel de prover equilíbrio ao sistema elétrico, utilizando os seus reservatórios para compensar variações nas outras fontes. No entanto, com a construção de usinas hidrelétricas a fio d’água, e com as variações no regime de chuvas, a função de estabilizar o sistema ficou prejudicada. Some-se a isso a participação cada vez maior da energia eólica e solar na matriz elétrica, que necessitam de um fornecimento estável de base na rede, papel esse que pode ser exercido com o auxilio da energia nuclear. Por esse motivo, torna-se imperativa a retomada da construção de Angra 3 e a inclusão de novas usinas nucleares dentro do planejamento energético nacional, aproveitando o fato de que o Brasil é um dos poucos países em que a energia nuclear dispõe de reservas de urânio e da tecnologia de fabricação do combustível, com baixo grau de dependência externa.
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- 06/08/2018 - As pessoas que caçam objetos radioativos em prédios, lojas e estacionamentosA maioria de nós tenta evitar a radiação, mas Andrew Walker coleciona objetos radioativos, que são muito mais comuns do que se imagina.
A maioria de nós tenta evitar a radiação, mas Andrew Walker coleciona objetos radioativos, que são muito mais comuns do que se imagina.
Fonte: G1Tudo começou com um vídeo online. Andrew Walker assistiu a um colecionador de objetos radioativos ostentando itens com urânio que tinha adquirido ao longo dos anos. Para Walker, buscar tais peças no ambiente poderia ser um hobby pouco comum e interessante. Por isso, decidiu comprar um contador Geiger (equipamento que mede radiações).
Logo ele percebeu que a radioatividade está em toda parte. A primeira medição elevada que ele registrou foi no estacionamento de um restaurante fast-food mexicano em Idaho, nos EUA.
"Eu notei que, quando estacionamos, meu contador Geiger disparou", lembra ele. Algo por perto estava estimulando as minúsculas partículas subatômicas de radiação em quantidades acima do esperado - e, embora não tenha descoberto o que era, Walker registrou a atividade invisível. Depois disso, ele começou a procurar outros exemplos intrigantes.
Sua busca por objetos radioativos ainda é um hobby. Durante o dia, Walker é um projecionista de cinema e cineasta, e não um cientista. Mas ele curte dividir alguns de seus achados no Twitter e Instagram, onde discute a atividade com outros curiosos.
A radioatividade é algo com o qual convivemos constantemente - ela sempre está presente em quantidades relativamente pequenas e naturais. Ao redor do mundo, níveis acima da média de radioatividade são encontrados em várias praias e solos específicos, entre outros lugares.
Além disso, a maior parte do concreto é radioativo, embora seus níveis variem. Nos EUA, é possível testar o nível de gás radônio em sua casa - que se forma lentamente a partir de materiais de construção radioativos. Até o corpo humano é levemente radioativo, já que contém elementos como potássio-40, que se decompõe.
Walker vive em Bozeman, no estado de Montana, nos EUA. E ele descobriu um fato histórico curioso: escombros contendo pequenas quantidades de urânio e rádio foram misturados ao concreto usado em construções de Idaho. Ele se pergunta se não foi isso que provocou a reação no restaurante mexicano.
Cidades desertas
Walker gosta de planejar viagens a áreas próximas onde acredita que pode encontrar algum material interessante. Se isso acontece, ele então documenta sua descoberta. Há várias minas de urânio (e agora cidades desertas de mineração de urânio) nos EUA, e Walker visitou algumas delas em suas viagens.
Ele também começou a frequentar lojas de antiguidades. "Em todas por onde passei, sempre consegui encontrar algo radioativo", diz ele.
Esses itens incluem vidraçaria da "Vaseline" (uma marca de produtos à base de petróleo), que contém urânio e é de uma cor amarela-esverdeada impressionante. Ele também encontrou plásticos laranja-avermelhados e tigelas tingidas com uma tinta à base de urânio. As diretrizes do governo americano desaconselham o uso desses itens para manusear alimentos ou bebidas, embora o risco à saúde de simplesmente possuir tais objetos seja insignificante.
Há ainda relógios com uma tinta que brilha no escuro e contém rádio. Tais objetos são relativamente seguros, desde que não sejam desmontados, mas as mulheres que os produziam em fábricas muitas vezes seguravam os pincéis com os lábios. Elas acabaram ingerindo pequenas quantidades de tinta radioativa, o que as levou a desenvolver doenças graves, como câncer ósseo nas mandíbulas.
Por isso, Walker tenta não se colocar em situações de risco desnecessárias. Com relação à sua louça levemente radioativa, ele afirma: "Se as peças não fossem radioativas, eu provavelmente não as teria comigo, mas elas estão escondidas".
Ainda assim, seu novo hobby tem intrigado amigos e familiares. "Eles perguntam por que estou indo a esses lugares explorar essas coisas", conta com uma risada. "É algo que me interessa; é simplesmente fascinante".
Ele até encontrou alguns pontos de referência, incluindo prédios públicos como estações de trem, onde as telhas produzem níveis ligeiramente elevados de radioatividade - por terem sido feitos, provavelmente, com corantes ou esmaltes radioativos.
Contadores Geiger são fáceis de fazer - tão fáceis que, inclusive, alguns entusiastas montam os seus próprios equipamentos e buscam fontes de radioatividade para testá-los. Já Walker preferiu comprar um por US$ 1.300 (R$ 4.900), um medidor da RadEye que detecta radiação alfa, beta e gama.
O radiologista Nick Evans, da Universidade de Nottingham Trent, no Reino Unido, ressalta que a radioatividade pode ser medida de várias formas. Uma abordagem é observar a taxa de decomposição do núcleo do átomo ao longo do tempo; a unidade internacional usada para isso é o Becquerel. Mas alguns optam por medidas em Sieverts (na verdade, Microsieverts ou Millisieverts).
Essa última é a medida usada por Walker. Ele explica que a forma padrão de fazer a leitura é segurar o contador a um metro de distância da fonte para medir corretamente a radioatividade.
Alta energia
O que é fascinante nas expedições de Walker é a facilidade com que ele achou tantos exemplos radioativos. Evans diz que isso ocorre em parte por conta do legado de indústrias que capitalizaram a radioatividade até décadas após sua descoberta, no final do século 19. Ela rapidamente entrou na composição de novos produtos, estranhos e maravilhosos.
"Era muito, muito diferente do que qualquer coisa", diz Evans. "Era meio místico, e as pessoas obviamente queriam testar tudo o que pudessem com aquilo, até brincar, se quisessem".
Algumas das invenções dos fabricantes são incompreensíveis hoje. Por exemplo, o supositório radioativo, um tratamento lançado sem evidências científicas. Claro que há formas mais seguras de restaurar a normalidade de seu "vigor viril", como era anunciado. Mas esse não foi o único produto com uma dose de átomos se decompondo destinado a pacientes. Também havia a pasta de dente e o preservativo radioativos.
"Não tenho ideia do raciocínio por trás disso", diz Evans sobre o preservativo. "Eu tenho uma lata dele - não que eu os use, devo dizer".
E persiste ainda hoje a noção de que doses altas de radioatividade pode fazer bem ao corpo. Há um spa nos alpes austríacos de Bad Gastein onde as pessoas podem visitar túneis úmidos de uma antiga mina de ouro e suar para expelir suas doenças enquanto respiram o gás radônio.
Muitos cientistas queixam-se da desconfiança instintiva do público com relação a qualquer coisa radioativa. A ansiedade provocada é exagerada, argumentam alguns. De fato, perigos como a poluição não geram a mesma comoção, embora ela provoque a morte de milhões de pessoas por ano. Enquanto isso, um estudo descobriu que apenas 190 pessoas morreram entre 1980 e 2013 vítimas de superexposição à radiação.
Walker diz que muitos medos lhe parecem cada vez mais "irracionais" graças a suas explorações. Pois suas caminhadas e visitas a lojas de antiguidades mostram como a radioatividade é onipresente.
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- 03/08/2018 - Capes prevê interrupção de bolsas de estudos em 2019Teto de gastos impediria pagamentos para 93 mil pós-graduandos e 105 mil professores da educação básica
Teto de gastos impediria pagamentos para 93 mil pós-graduandos e 105 mil professores da educação básica
Fonte: O Estado de S . Paulo
SÃO PAULO - Segundo o documento, assinado por Abilio Baeta Neves, presidente da Capes, o teto limitando o orçamento de 2019 fixa um patamar muito inferior ao necessário para mantertodas as linhas de atuação da agência. Além da suspensão do pagamento das bolsas, a redução orçamentária também pode levar a interrupção da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um dos principais programas federais de formação de professores, que tem mais de 245 mil alunos. A limitação também prejudicaria a continuidade de praticamente todos os programas de cooperação com o exterior.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), principal agência de fomento à pesquisa do País, ligada ao Ministério da Educação (MEC), publicou nota em que alerta o governo federal sobre o risco de o teto de gastos públicos inviabilizar o pagamento de bolsas a docentes e alunos de pós-graduação a partir de agosto de 2019. No total, os 93 mil mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos e 105 mil bolsistas de programas de formação de professores estão com o benefício ameaçado a partir desta data, segundo a Capes.
Segundo o documento, assinado por Abilio Baeta Neves, presidente da Capes, o teto limitando o orçamento de 2019 fixa um patamar muito inferior ao necessário para mantertodas as linhas de atuação da agência. Além da suspensão do pagamento das bolsas, a redução orçamentária também pode levar a interrupção da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um dos principais programas federais de formação de professores, que tem mais de 245 mil alunos. A limitação também prejudicaria a continuidade de praticamente todos os programas de cooperação com o exterior.
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- 02/08/2018 - BID e Governo Federal assinam contrato de empréstimo para projetos de inovação no BrasilSão previstos US$ 703,6 milhões para o programa “Inovar para Crescer”: o BID financiará US$ 600 milhões e a Finep entrará com US$ 103,6 milhões
São previstos US$ 703,6 milhões para o programa “Inovar para Crescer”: o BID financiará US$ 600 milhões e a Finep entrará com US$ 103,6 milhões
Fonte: Jornal da CiênciaO Governo Federal e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) assinaram nessa quarta-feira, 1º de agosto, no Palácio do Planalto, a primeira operação de US$ 703,6 milhões para o programa "Inovar para Crescer”, que será executado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Do montante total da operação inicial, o BID financiará US$ 600 milhões e a Finep entrará com US$ 103,6 milhões.
O empréstimo faz parte da linha de crédito condicional para projetos de investimento (CCLIP na sigla em inglês) de US$ 1,5 bilhão para o Brasil, destinado a aumentar a produtividade das empresas brasileiras por meio de mais investimentos privados em inovação – essa é a primeira vez em que ocorre o aporte nesses moldes.
A solenidade contou com a presença do presidente da República, Michel Temer, do ministro do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, do presidente da Finep, Marcos Cintra e do representante do BID no Brasil, Hugo Flórez Timorán.
O BID pretende acompanhar o governo do Brasil na construção de um caminho sólido para níveis de desenvolvimento sustentáveis e inclusivos no longo prazo. O programa "Inovar para Crescer” aposta em uma estratégia de crescimento baseada na inovação e no fortalecimento de setores estratégicos para impulsionar seu desenvolvimento econômico e melhorar a produtividade empresarial.
O programa prevê aumentar o investimento em inovação de empresas em setores prioritários, aumentar a adoção de tecnologias para micro, pequenas e médias empresas com potencial inovador, além de facilitar o crescimento de empreendimentos dinâmicos e o fortalecimento das capacidades institucionais da Finep no desenho, monitoramento e avaliação de projetos estratégicos.
Segundo a Finep, esses recursos serão disponibilizados para empresas de diferentes setores na área de inovação – projetos incluídos no Plano de Desenvolvimento e Inovação da Indústria Química (Padiq) e no Plano de Desenvolvimento, Sustentabilidade e Inovação do Setor de Mineração e Transformação Mineral (Inova Mineral). Setores como os de biocombustíveis avançados, saúde, agronegócios e tecnologia da informação e comunicação também serão beneficiados. A operação aprovada pelo Senado era negociada desde 2017 e é a maior que a Finep já captou no exterior. No caso de as diferentes parcelas do total de US$ 1,5 bilhão serem executadas antes dos períodos pré-estabelecidos, a Finep será autorizada a adiantar a aplicação do restante dos recursos previstos para os anos seguintes.
Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Fundado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisa de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.
Sobre a Finep
A Finep – Financiadora de Inovação e Pesquisa – é uma empresa pública federal, vinculada ao MCTIC. Fundada em 1967, a Finep financia iniciativas em todo o espectro da cadeia de inovação tecnológica, pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores no Brasil, por meio de financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis a instituições de pesquisa e empresas brasileiras. A partir de 2012, a financiadora passou a oferecer apoio para a implementação de uma primeira unidade industrial e também incorporações, fusões e joint ventures.
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- 29/07/2018 - Russos fazem parceria com brasileiros para investir em medicina nuclear em SPJoint venture vai instalar no Vale do Paraíba unidade de esterilização de produtos por radiação
Joint venture vai instalar no Vale do Paraíba unidade de esterilização de produtos por radiação
Fonte: Folha de S. Paulo
Eduardo GeraqueJoint venture que reúne a empresa brasileira CK3 e a Rusatom Healthcare, uma das subsidiárias da Rosatom, gigante estatal russa do setor de energia nuclear, vai instalar no Vale do Paraíba (SP) uma unidade de esterilização de produtos médicos, como luvas, gases e seringas.
A porcentagem de cada grupo na operação é sigilosa. O local exato em que ficará a unidade não foi divulgado.
O anúncio do início das operações da fábrica brasileira ocorreu em Sochi, na Rússia, cidade que abrigou a seleção brasileira do Brasil na Copa do Mundo e que recebeu uma das principais feiras anuais do setor.
"Escolhemos uma tecnologia de radiação segura, que não utiliza material radioativo e não deixa resíduos”, afirma Raphael Guiguer, diretor da brasileira Ck3.
A fábrica de esterilização vai tratar os produtos médicos, antes de eles chegarem ao mercado, a partir de uma acelerador de elétrons.
O equipamento, após ser desligado, não continua emitindo radiação. Por isso, é considerado seguro também do ponto de vista ambiental.
As caixas com os vários tipos de equipamento são bombardeadas por feixes de elétrons de alta energia. Não é necessário manipular os objetos.
De acordo com Guiguer, o negócio visa preencher um nicho comercial pouco explorado no Brasil.
As esterilizações tanto por meio da aceleração de elétrons quanto de radiação por raio-X, que também estará disponível na fábrica, têm várias aplicações na área médica e também nos setores farmacêutico e de cosméticos.
No Brasil, órgãos como o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) também prestam serviço de esterilização por radiação.
As estimativas indicam que mais de metade dos produtos da área médica colocados no mercado é esterilizada por meio de radiação.
A tecnologia que utiliza a chuva de elétrons de alta energia, além de segura, é considerada econômica pelo setor. -
- 25/07/2018 - INB planeja chegar a 2026 sem depender de recursos do TesouroFonte: Agência BrasilO planejamento estratégico da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para os próximos dez anos, desenvolvido em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê que a estatal terá autonomia financeira em 2026, quando não mais dependerá de recursos do Tesouro Nacional para sua operacionalidade.
A informação foi dada hoje (25) pelo presidente da INB, Reinaldo Gonzaga, durante palestra no IX Seminário Internacional de Energia Nuclear, que teve início hoje (25).
Gonzaga informou que, atualmente, a INB opera com uma dependência financeira do governo federal em torno de 34% a 35% do seu orçamento anual, recursos necessários para o pagamento da folha salarial, obrigações sociais e encargos. O faturamento anual da estatal gira em torno de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões.
O presidente da INB disse que o planejamento foi elaborado para equilibrar despesas e receitas. E para chegar a essa equação, defendeu a necessidade de se colocar em operação, o mais rapidamente possível, a Unidade de Concentração de Urânio de Caetité, na Bahia, que está sem produzir há cerca de cinco anos.
"Uma das premissas para se alcançar esse objetivo é exatamente parar de comprar urânio lá fora, e isso implica em ter que pôr a mina [de Caetité] novamente em operação, uma vez que ela está parada desde 2014. Quando a unidade estiver em operação, o que deverá acontecer até o final deste ano, nós deixaremos de comprar urânio fora do país e, consequentemente, obteremos um melhor equilíbrio financeiro, além de gerar um excedente que pode levar o país a vir a exportar urânio”, disse.
Gonzaga disse que a estatal trabalha no sentido de avançar com o programa desenvolvido com a Marinha do Brasil para enriquecimento de urânio. O programa, segundo ele, foi concebido para avançar em duas fases. "Nessa primeira fase, já em curso, nós estamos ainda na sexta etapa, mas até o final de agosto estaremos inaugurando a sétima etapa das 10 previstas”.
Atualmente o país compra no exterior todo o urânio consumido nas usinas de Angra I e II e também os componentes metálicos para a montagem do combustível, cujos custos são em euro. "Quando passarmos a nacionalizar estes componentes, a fazê-los aqui no Brasil, nós estaremos reduzindo ainda mais os custos de operação e isso também vai gerar maior equilíbrio financeiro”.
A INB também diminuirá custos com a redução da sua folha de pagamento. "Aprovamos um programa de desligamento voluntário. Hoje, a nossa folha de pagamento está na faixa de R$ 310 milhões, com a implantação do PDV, nós estaremos retirando cerca de R$ 100 milhões dessa folha”.
Mina de Caetité
Entre as muitas unidades da INB, a Unidade de Concentrado de Urânio de Caetité é destaque. Situada no município de Caetité (BA), inoperante desde 2014. Nela eram realizadas as duas primeiras etapas do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério, que resulta no produto chamado concentrado de urânio ou yellowcake.
A unidade ocupa uma área de 1.700 hectares, localizada em uma província mineral com reservas que chegam a 110 mil toneladas de urânio e onde estão identificados mais de 38 depósitos do minério.
Nos 16 anos em que esteve em operação, a INB Caetité produziu 3.750 toneladas de concentrado de urânio a partir da exploração a céu aberto de uma dessas jazidas – a mina Cachoeira.
A avaliação do executivo é de que, retomando gradativamente a atividade, a unidade deverá começar produzindo cerca de 70 toneladas de urânio, de uma capacidade de produção de 400 toneladas, "que deverá ser atingida já no ano que vem”.
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- 25/07/2018 - Energia nuclear: a razão volta a imperar?É preciso abandonar equivocados sonhos de grandeza
É preciso abandonar equivocados sonhos de grandeza
Fonte: Folha de S. Paulo
A nova política nuclear parece ser uma volta à razão numa área que há muito anda à deriva. Em artigo nesta Folha (22/7), o general Sergio Etchegoyen reconhece que o que se propõe é "romper o imobilismo que por décadas entravou o nosso programa nucelar". Esse imobilismo tem causas bem definidas, e é útil rememorá-las para evitar repeti-las.Energia nuclear pode gerar eletricidade, produtos radioativos para fins médicos e industriais ou armas. Desde que as atividades nucleares se iniciaram no Brasil, há quase 70 anos, seus objetivos foram mal definidos e contaminados por uma retórica nacionalista retrógrada, como se o domínio da energia nuclear fosse só uma questão de soberania nacional e monopólio do governo.
Um nacionalismo esclarecido teria adotado desde o início um caminho racional para desenvolver o uso pacífico de energia nuclear, dominando gradativamente a tecnologia, construindo reatores com nossos cientistas, engenheiros e a indústria nacional, que se capacitaria no processo.
A Argentina seguiu esse caminho e produz excelentes reatores nucleares de pequeno porte exportados para vários países.
O Brasil não fez isso. Em 1967, importou Angra 1 para produzir eletricidade com as "chaves nas mãos", cujo combustível (urânio enriquecido) tinha que ser importado. Para evitar proliferação de armas nucleares, essa importação implicava aceitar restrições ao seu uso. Mais ainda, em 1975, o governo militar embarcou num enorme programa para instalar oito grandes reatores nucleares no país até 1990.
O pacote original negociado com a Alemanha incluía enriquecimento de urânio e até reprocessamento de plutônio produzido nos reatores. Era evidente que isso abria o caminho para a produção de armas nucleares, como o próprio general Geisel reconheceu em 1974.
Pior ainda, a ênfase dada à produção de eletricidade com reatores nucleares colidia com a estratégia de instalar usinas hidroelétricas, entre as quais, Itaipu. Quem resolveu o problema da soberania na área nuclear foram cientistas da USP que trabalhavam no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), com o apoio da Marinha brasileira.
À medida que o grandioso programa nuclear do governo Geisel se mostrou inviável devido a seu gigantismo, cientistas como Fausto Lima, Alcídio Abrão e Ivo Jordão purificaram minério de urânio e o colocavam em condições de ser enriquecido em centrífugas construídas com base em modelos que o almirante Álvaro Alberto havia obtido da Alemanha 40 anos antes.
O passo seguinte é a construção de um reator para a produção de radioisótopos para garantir autonomia nesse setor, em que às vezes a importação é problemática por motivos técnicos, como a perda de radioatividade que ocorre no percurso.
As necessidades de urânio enriquecido do país são pequenas, e as instalações atuais em Resende (RJ) garantem nossas necessidades.
A capacitação técnica e industrial obtida será a base concreta sobre a qual se poderão basear outros avanços.
Como Etchegoyen deixa claro em seu artigo, a proposta apresentada à Presidência "não avança em questões como a eventual construção de novas usinas nucleares (para a produção de eletricidade), tema que deverá ser discutido nas instâncias apropriadas".
O documento não diz quais são essas instâncias, mas é evidente que elas deverão considerar os aspectos econômicos do problema e comparar com outras opções para produção de eletricidade.
A volta à razão significa abandonar os equivocados sonhos de grandeza na área nuclear e até de construir armas nucleares, como se projetou no governo Lula.
José Goldemberg
Ex-reitor da USP (1986-1990), ex-secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da República (1990-1991, governo Collor) e ex-ministro da Educação (1991-1992, governo Collor)
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- 24/07/2018 - Abertura da SBPC tem tom político e atos contra Kassab e cortes na ciênciaMaior encontro científico do país começou nesta segunda (23) em Maceió
Maior encontro científico do país começou nesta segunda (23) em Maceió
Fonte: Folha de S. Paulo
Com um forte tom político, tiveram início nesta segunda (23), as atividades do 70º Encontro Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), maior encontro científico do país.Ao chegar ao campus de Maceió da UFAL, Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações foi recebido por autoridades acadêmicas sob protesto de servidores que pediam mais concursos na área, inclusive para a reposição daqueles que se aposentaram, e a recuperação de verbas para o setor.
A jornalistas, o ministro disse entender e apoiar as reivindicações dos pesquisadores e servidores da área de ciência e tecnologia e afirmou que seu ministério é um dos que menos sofreu com os cortes.
"As mobilizações [por vagas e contra os cortes] têm o nosso apoio. Elas nos ajudam a dar visibilidade para as demandas do setor. São manifestações corretas, com peso político e representatividade. Parte grande das demandas vem carregada de muita coerência e legitimidade”, disse.
"Não há país do mundo que consiga ter crescimento, desenvolvimento econômico e criação de empregos sem o avanço da pesquisa, da ciência e inovação. E esse avanço se dá cada vez mais com a participação do capital privado, mas é imprescindível, sempre foi e vai continuar sendo, a participação dos recursos públicos.”
O ministro também falou sobre a fusão dos ministérios realizada pelo governo Temer, que uniu as áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação com Comunicações. A ação é vista como um retrocesso pelos pesquisadores. Para Kassab, houve um resultado positivo para ambas as áreas, com um ganho de visibilidade para as demandas e maior proximidade entre setores estratégicos.
"O ministro é ministro das duas áreas em conjunto, dificilmente ele teria outra opinião”, afirma Ildeu de Castro Moreira, presidente da SBPC. "A criação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação foi uma conquista brasileira depois de décadas de luta, e ele vinha funcionando muito bem. Nós achamos que a fusão não ajudou em nada e trouxe alguns prejuízos. Não se concentrou tanto na ciência quanto deveria.”
"Nós continuamos com a posição de que é mais interessante fazer a separação dos ministérios, já que eles têm objetivos, estruturas e lógicas diferenciadas. É mais justo para o país, pela importância que a área tem. No entanto, nós estamos muito preocupados com uma questão maior de fundo, que é o desmonte do sistema de Ciência e Tecnologia com a redução drástica de recursos.”
O orçamento do MCTI em 2009 era de R$ 7,9 bilhões (R$ 13,4 bilhões em valores atuais). Atualmente o valor disponível é de R$ 4,1bilhões.
Na abertura oficial do encontro, no domingo (22), estudantes, servidores e pesquisadores vaiaram a participação do ministro da Educação Rossieli Soares da Silva e de representantes do MCTIC e protestaram contra o corte de verbas para os projetos de pesquisa. Também houve manifestações pedindo que o ex-presidente Lula, preso em Curitiba, seja libertado.
Uma dessas manifestações veio de Elisaldo Carlini, professor aposentado da Unifesp que recentemente foi chamado a prestar depoimento acusado de apologia às drogas. O especialista em maconha, há mais de 60 anos na pesquisa, foi um dos homenageados dessa edição da SBPC —e o único dentre eles que está vivo.
Os demais foram o físico pernambucano José Leite Lopes (1918-2006), que completaria cem anos em 2018, Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra alagoana, e a socióloga Ana Maria Fernandes, morta em maio deste ano, aos 70 anos.
Em sessão comemorativa dos 70 anos da SBPC, realizada na tarde desta segunda (23), Kassab reconheceu perante o público de acadêmicos que falta apoio político para a ciência brasileira.
"Falta apoio político, falta convicção, falta melhor relação com a sociedade para nos ajudar nessa importante missão de mostrarmos para nossas autoridades do campo da economia que eles têm uma visão errada em relação aos resultados que a ciência brasileira pode trazer para a recuperação da nossa economia.”
O físico e ex-presidente da SBPC Sérgio Mascarenhas pediu a palavra e disse para o ministro que ele poderia ser odefensor da ciência nacional, já que está dentro da "ditadura civil do governo Temer”
"A democracia tem muito a ver com a verdade. E a verdade é que há um desgaste completo da ciência. Não só dela, mas da educação, da inovação. Vossa excelência falou que a inovação está crescendo no país, mas ela está sendo destruída por esse governo. Seria uma coisa maravilhosa se vossa excelência pudesse ser o herói dessa luta e representar verdadeiramente [a ciência]. Gostaria que vossa excelência fosse o herói de acabar com esse marco ilegal da ciência [referindo-se ao slide que mostra a queda de investimentos ao longo dos anos]. Falo como um admirador de sua gestão de acabar com o marco ilegal da ciência que nós estamos vivendo.”
O ministro não respondeu a Mascarenhas e saiu para pegar o voo de volta a Brasília. Mais cedo, ele, acompanhado de assessores e servidores do MCTIC, visitou os estandes das diversas entidades que participam do evento, como Finep, Marinha, Agência Espacial Brasileira, Cemaden, Impa, entre outros.
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- 23/07/2018 - SBPC homenageia quatro cientistas na 70ª edição da Reunião AnualEm memória, foram lembrados o físico José Leite Lopes, a psiquiatra alagoana Nise da Silveira e a socióloga Ana Maria Fernandes. Presente à solenidade, e ainda atuante, foi homenageado o professor Elisaldo Carlini
Em memória, foram lembrados o físico José Leite Lopes, a psiquiatra alagoana Nise da Silveira e a socióloga Ana Maria Fernandes. Presente à solenidade, e ainda atuante, foi homenageado o professor Elisaldo Carlini
Fonte: Jornal da CiênciaOs cientistas brasileiros José Leite Lopes, Nise da Silveira, Ana Maria Fernandes e Elisaldo Carlini foram homenageados na cerimônia de abertura da 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada neste domingo, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió. A SBPC tem a tradição de homenagear, todos os anos, figuras expoentes da ciência brasileira que atuaram dentro da comunidade científica de forma seminal e que tiveram importância para a vida institucional da SBPC.
No ano em que se celebra seu centenário de nascimento, a história do físico recifense, José Leite Lopes, uma das figuras fundamentais para a consolidação da física no Brasil, foi contada pelo presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira. "A gente faz questão de expor, ainda que tão brevemente, uma vida tão variada, porque no Brasil os cientistas são pouco conhecidos. A ciência brasileira tem história. E esse é um exemplo claro disso”.
José Leite Lopes concluiu em 1939 o curso de Química Industrial em Pernambuco; em 1940, iniciou o curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), no Rio de Janeiro. Em 1946 recebeu o título Ph.D pela Universidade de Princeton (EUA), sob a orientação de Wolfgang Pauli, prêmio Nobel de Física. "Ele teve uma formação científica de altíssimo nível e era um cientista brilhante”, disse Moreira.
Entre suas muitas contribuições importantes para a física teórica destaca-se o artigo, de 1958, no qual previu existência de uma nova partícula (bóson vetorial neutro), usando uma analogia entre a interação nuclear fraca e o eletromagnetismo. Sua proposição inspirou Weinberg, Glashow e Salam em seus trabalhos de a unificação dessas interações; eles seriam premiados com o Nobel da Física em 1979.
Mas ele fez muito mais que isso. Ele contribuiu para a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi fundador da Escola Latino-americana de Física. Ele ainda batalhou para a criação de um ministério de ciência e tecnologia no Brasil, ainda na década de 1960. "Vinte anos do MCTI ser criado, ele e a SBPC já estavam brigando por ele. Por isso que a gente briga também para ele continuar”, ressaltou o presidente da SBPC.
Lopes foi presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), de 1967 a 1971, e recebeu o título de presidente de honra da SBPC, por suas contribuições ao desenvolvimento da ciência e da educação no Brasil. Em 1964, foi preso e, em 1969, aposentado compulsoriamente pela ditadura militar. Exilado, fez carreira de sucesso como professor na Universidade Louis Pasteur, na França.
Entre os muitos prêmios, nacionais e internacionais, recebidos por Leite Lopes estão: Prêmio Nacional de Ciência Álvaro Alberto (1989); Ordre National du Mérite, grau de Officier (1989); e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1994).
Leite Lopes, um professor brilhante, apreciava a arte e praticava a pintura. Ele foi um cientista que lutou intensamente, ao longo de toda sua vida, pelo desenvolvimento científico e pela educação no País, tendo escrito muitos artigos e livros sobre estes temas. Opôs-se muitas vezes, e de forma corajosa e contundente, aos poderes constituídos e sempre manteve acesa a chama da esperança de ver o Brasil se tornar um país desenvolvido, mais justo e menos desigual.
"Se ele estivesse aqui hoje, ele protestaria contra a atual e repentina destruição do sistema científico e educacional público que levou décadas para ser construído e do qual foi ator e testemunha; protestaria de forma veemente e irreverente contra uma nova ditadura que se evidencia. Depois de ter vivido sua punição pela ditadura militar anterior, através do AI-5, e ter sido separado do país por diversos anos, e também sintonizado com os clamores da sociedade civil a qual sempre se engajou, estaria clamando pela democracia plena, pela justiça social e por Lula livre”, declarou seu filho, o antropólogo José Sergio Leite Lopes, em carta lida pelo professor Otavio Velho, presidente de honra da SBPC. Velho recebeu a placa alusiva à homenagem da 70ª Reunião Anual da SBPC em nome filho do cientista.
É preciso imaginação e coragem
Corajosa, pioneira e inspiradora, Nise da Silveira introduziu a terapia ocupacional com arte para permitir que pessoas com doenças mentais se expressassem. "Ela era militante do Partido Comunista, era uma libertária por natureza e é uma das maiores cientistas do século 20. Ela enfrentou os tratamentos tradicionais para as doenças mentais, que considerava violentos, e introduziu a terapia ocupacional”, descreveu a sanitarista e especialista em Saúde Pública, Maria Jose Castro D’Almeida Lins, que apresentou a homenagem à psiquiatra brasileira.
Nascida em 1905, em Maceió (AL), cidade que recebe em 2018 a 70ª Reunião Anual da SBPC, Nise da Silveira foi uma das primeiras médicas formadas no Brasil. Foi admitida na Faculdade de Medicina da Bahia aos 16 anos, onde se formou como a única mulher entre os 157 homens daquela turma. Concluiu o curso aos 21 anos, com uma monografia sobre a criminalidade feminina. Logo que se formou, começou a trabalhar com psiquiatria, interessada em novos métodos para tratar a esquizofrenia. Mudou-se para o Rio de Janeiro onde atuou como médica interna do Hospital da Praia Vermelha. Na agitação política dos anos 1930, foi denunciada e presa como comunista por 16 meses na Casa de Detenção da Rua Frei Caneca.
Em 1933, cursando os anos finais da especialização em psiquiatria, estagiou na clínica neurológica de Antônio Austregésilo. Logo após terminar sua especialização, foi aprovada no mesmo ano em um concurso de psiquiatria, e começou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha.
Nise foi reintegrada ao serviço público com a anistia e, em 1946, propôs ao diretor do Centro Psiquiátrico Pedro II, no bairro de Engenho de Dentro, na cidade do Rio de Janeiro, a criação de uma seção de terapia ocupacional naquele hospital. Seu trabalho pioneiro de pesquisa sobre o tratamento da doença mental através da arte-terapia foi reconhecido internacionalmente. Nise ainda foi pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais. "A sua história é marcada pela luta pela desospitalização na base da reforma sanitária. E hoje vemos o enorme desmonte da política de saúde mental. Um retrocesso enorme”, lamenta a médica sanitarista, ao declarar sua homenagem.
A produção artística dos internos do Centro Psiquiátrico foi reunida no Museu de Imagens do Inconsciente, fundado por ela em 1952. Alguns dos artistas revelados pelo trabalho de Nise da Silveira alcançaram renome internacional, o mais famoso deles sendo Arthur Bispo do Rosário. "Nise mostrou que é preciso imaginação, coragem e sonhos para se fazer um outro mundo”, ressaltou Lins.
A psiquiatra faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 30 de outubro de 1999 e deixou como legado uma luta que permanece até hoje, pela ciência, pela arte e pela cultura, como destacou seu primo, Luciano de Carvalho Queirós, que recebeu a homenagem em seu nome. "Como ela dizia sempre, ela não gostava de gente curada, dizia que gente curada é chata”.
Guerreira
A homenagem à pesquisadora Ana Maria Fernandes, que faleceu no dia 2 de maio de 2018, após uma longa batalha contra o câncer, foi feita pela amiga e companheira de Universidade, a professora e conselheira da SBPC, Fernanda Sobral. "Eu defino Ana com três palavras: amiga, colega e guerreira. Um dos maiores legados dela foi ser construtora de instituições: ela constituiu o departamento de Sociologia da UnB e seu programa de pós-graduação, também ajudou na construção do Cepac, que hoje em dia é o Ela – Centro de Estudos Latino-americanos. A direção da editora da UnB foi uma de suas últimas tarefas”, relatou Sobral.
Ana Maria Fernandes graduou-se em Ciências Sociais, Sociologia e Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) em 1972 e recebeu o título de mestra em Sociologia em 1977, na mesma universidade. Em 1987, defendeu sua tese doutorado em Sociologia na Universidade de Oxford, no Reino Unido, e, em 1995 realizou o pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, no Programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Na UnB, foi professora titular por trinta anos, de 1974 até 2003. De 1997 a 2002 foi Decana de Pesquisa e Pós-Graduação, quando, em 2001, atuou como Reitora em exercício na gestão do reitor Lauro Morhy. Em seus últimos anos, atuava como pesquisadora associada sênior sobre temas como educação, desenvolvimento científico e tecnológico, pesquisa, tecnologia e inovação.
Sua tese se tornou livro, intitulado "A Construção da Ciência no Brasil e a SBPC” e publicado pela editora UnB em 1990, com relançamento em 2009. Na sinopse da obra, o cientista e divulgador científico José Reis descreve que o trabalho de Fernandes "constitui preciosa contribuição à compreensão da ciência no Brasil e ao papel que a SBPC tem desempenhado”.
"Mas a SBPC não foi apenas seu objeto de estudo. Ela, que nasceu no dia 18 de julho de 1948, dez dias após a SBPC ser criada, também participou ativamente da história desta entidade. Foi secretária regional da SBPC no Distrito Federal, no período de estruturação de criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do DF”, relata a amiga.
Por sua inestimável contribuição, recebeu em 2002 o título de Comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico, e tronou-se membro da Grã-Cruz da ONMC em 2007.
"Acompanhei de perto sua luta contra o câncer, da mesma forma que acompanhei sempre a sua luta pela ciência. Ana era uma guerreira”, disse a conselheira da SBPC, que recebeu a placa de homenagem em nome das filhas de Fernandes.
Ciência para um país melhor
Prolongados aplausos e plateia em pé para o último homenageado na abertura da SBPC Alagoas. Foi uma deferência ao médico Elisaldo Carlini, em solidariedade e respeito, já que, apesar da idade avançada e da reconhecida contribuição na Farmacologia, com pesquisas sobre o uso medicinal da maconha, o pesquisador foi acusado de apologia às drogas, em 2017, o que causou a revolta da comunidade científica brasileira.
A presidente de honra da SBPC, Helena Nader, prestou as homenagens ao professor. "Carlini foi o responsável pela criação da psicofarmacologia no Brasil e é um dos pilares mundiais dessa área. Recebeu mais de uma centena de prêmios nacionais e internacionais”.
Professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), membro titular da ABC, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), primeiro representante da SBPC no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), condecorado pela Presidência da República e premiado internacionalmente, aos 88 anos, Carlini continua sendo o mais respeitado cientista brasileiro com atuação na área de drogas. Já nos anos 1970 ele produziu pesquisas pioneiras que caracterizaram a ação anti-convulsivante da maconha, que apenas nos últimos anos começou a ser amplamente reconhecida no Brasil. Suas descobertas permitiram a formulação de remédios eficazes para tratar doenças como epilepsia e esclerose múltipla, hoje utilizados em diversos países.
Mesmo com as dificuldades de locomoção, já que enfrenta o tratamento de um câncer, o professor Carlini fez questão de subir ao palco receber a homenagem. "É a primeira vez que me sinto tão emocionado com uma homenagem. Uma sociedade do tamanho da SBPC saudar um cientista, e não ser exatamente o contrário, um cientista dizer da importância dessa entidade para ele e para a vida dele, seria algo desproposital”, disse.
Carlini falou, então, sobre sua relação com a SBPC e o primeiro contato com a entidade, por meio de dois professores que eram membros da SBPC, José Ribeiro do Vale e José Leal Prado de Carvalho. "Quem se formava médico naquela época tinha um destino muito mais claro, de abrir um consultório ou trabalhar hospital, ganhando dinheiro. Poucos se dedicavam à ciência. Apanhei o gosto pela ciência com esses dois professores que me levaram a conhecer a Reunião Anual da SBPC. Eu ainda era calouro e foi um encantamento total para mim. Eu fiquei totalmente vidrado pela ideologia da SBPC”, lembrou.
Carlini contou que era um assíduo frequentador da SBPC e ressaltou a longa batalha da entidade, "verdadeiramente interessada em ver um país diferente”. Segundo relatou, ele queria servir com sua profissão muitas outras pessoas, e foi incentivado a fazer ciência. Foi assim que se enveredou para a pesquisa, mais especificamente, a estudar nas riquezas naturais novos medicamentos, como a maconha.
"Estou chegando aos 90, mas eu quero continuar. As pernas me doem mas o coração me encanta. Eu não quero descansar”, disse o professor, recebendo efusivos aplausos.
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- 23/07/2018 - Cnen participa da 70ª SBPC apresentando aplicações da energia nuclearFonte: ABENA Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) está presente na 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre de 22 a 28 de julho em Maceió, no campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Servidores de quatro unidades da Comissão apresentam diversas aplicações da energia nuclear na ExpoT&C: mostra de ciência, tecnologia e inovação que integra a programação da SBPC.
O estande sobre tecnologia nuclear montado dentro do espaço da ExpoT&C destinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) é compartilhado entre a Cnen e outras duas instituições do ministério na área nuclear: INB e Nuclep. A Cnen está representada por servidores do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD). Na manhã desta segunda-feira (23/7), o espaço da Cnen recebeu a visita do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e do presidente da Cnen, Paulo Roberto Pertusi.
O conteúdo apresentado pela Cnen é bastante amplo. Recursos de realidade virtual estão sendo usados para apresentar aplicações da energia nuclear. Com eles é possível que os visitantes façam uma visita ao Reator Nuclear Argonauta e ao depósito de material radioativo do IEN. Tudo isso sem sair da frente do computador.
As visitas virtuais são possíveis graças a trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Realidade Virtual (LRV) do IEN. Utilizando equipamentos e softwares bastante avançados, foram criados ambientes do mundo digital que provocam sensações bastante semelhantes às de uma visita real a instalações do reator ou do depósito de rejeitos radioativos. Uma animação com tecnologia 3D aborda os benefícios das aplicações pacíficas da energia nuclear, focando no uso como fonte geradora de energia elétrica. Também são apresentadas atividades de produção de radiofármacos e trabalhos na área de tecnologia mineral desenvolvidos no IEN, principalmente no que diz respeito ao processo de mineração e beneficiamento de urânio.
Entre os temas apresentados pela Cnen também estão as atividades do Reator Nuclear Triga Mark I, que funciona no CDTN e é utilizado para pesquisa, análises por ativação neutrônica, aulas práticas de física de reatores, produção de radioisótopos para aplicações ambientais, médicas e industriais e treinamento de operadores de usinas nucleares. No estande é possível conhecer também as aplicações do Laboratório de Irradiação Gama (LIG) do CDTN, como a esterilização de materiais de uso médico, farmacêutico e odontológico, a desinfestação e aumento de vida útil dos alimentos, a atenuação da resposta imunológica por hemocomponentes, a preservação de bens culturais, irradiação de gemas e joias e pesquisas de tecnologias inovadoras.
A produção de radiofármacos também está sendo apresentada pelo Ipen, maior produtor nacional destas substâncias. Em especial, o instituto traz para o estande novos radiofármacos que podem aprimorar o diagnóstico de diversas enfermidades e o tratamento do câncer. A contribuição do IRD ocorre em todas as aplicações de técnicas nucleares, focando na apresentação das medidas e cuidados adotados para garantia do uso seguro da energia nuclear e procedimentos para atendimento a emergências.
Palestras
Além das atividades do estande, a Cnen também está promovendo palestras sobre aplicações da energia nuclear e as medidas que garantem seu uso seguro. A programação da SBPC prevê três palestrantes da Cnen na terça-feira (24/07), no Pavilhão da ExpoT&C.
- 15h – Elder Magalhães de Souza (IRD/Cnen) – "Proteção radiológica ambiental e monitoração em caso de acidente nuclear ou radiológico".- 15h30 – Carolina Braccini Freire (CDTN/Cnen) – "Técnica de uso de geopolímero na gerência de rejeitos radioativos e na fabricação de peças pré-moldadas para construção civil".- 16h – Wilson Aparecido Parejo Calvo (Ipen/Cnen) – "Aplicações da energia nuclear". -
- 22/07/2018 - Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares - PosicionamentoA ABDAN posiciona-se contra matéria da revista VEJA sobre o setor nuclear.
A ABDAN posiciona-se contra matéria da revista VEJA sobre o setor nuclear.
Fonte: Defesa.Net
A ABDAN – Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares, em face a matéria "Nosso desastre nuclear”, publicado na revista Veja, Edição 2591 18/7/2018, vem esclarecer os seguintes pontos.
a) A ABDAN lamenta o tom da reportagem que desqualifica um importante empreendimento que envolve investimentos e desenvolvimento tecnológico nacional que vem fazendo com que diversas áreas da nossa indústria, como a Medicina e a Agricultura, sejam beneficiadas pelos avanços do desenvolvimento nuclear no Brasil. Prova disso é o recente lançamento do RMB – Reator Multipropósito - que dará autonomia ao país na produção de radioisótopos para o tratamento de câncer.
b) O Brasil está sempre no limite de uma crise hídrica, que nos deixa reféns do modelo hidroelétrico. Hoje não existem muitos novos projetos de hidroelétricas para construção, o que exige a adoção de novas termoelétricas para realizar a função de geração de energia de base. De todos os modelos existentes, a energia com menor custo é a termonuclear.
c) O parque nuclear brasileiro ocupou o 5º lugar mundial em disponibilidade em 2017. Angra 2 foi a 9ª usina, dentre 451 outras, em geração elétrica
d) É lamentável ver que a reportagem utiliza dados internacionais fora da realidade atual do setor nuclear no mundo. Só neste ano de 2018, quatro novas usinas entraram em operação no mundo e outras 58 estão em construção. Neste momento, por exemplo, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) selecionou nove projetos para receber quase US$ 20 milhões em financiamento para pesquisa compartilhada e desenvolvimento de tecnologias nucleares avançadas.
Nos EUA, a mais nova central de Watts Bar 2 entrou em comercialização ano passado e existem mais 2 usinas em construção em Vogtle , ou seja, o mercado lá não está negativo e novas Usinas estão sendo construídas.
Uma licença de construção da unidade 2 na Usina Nuclear de Roppur foi concedida para a Comissão Energética Atômica de Bangladesh. A unidade 1 recebeu a mesma licença ano passado e as construções se iniciaram imediatamente após.
No relatório anual da Agência Internacional de Energia da OCDE de 2017 estima o crescimento da geração de energia nuclear em mais de 25% até 2040. As melhorias decorrentes desse aumento são de extrema importância para o mundo pois significam diminuição na taxa de emissão de CO2. Nessa estimativa a energia nuclear equivaleria a 15% da geração de eletricidade no mundo.
e) Não é verdade que a tarifa para o consumidor aumentará se Angra 3 entrar em operação. Estudo recente realizado pela EletroNuclear garante que, em substituição as termoelétricas que são notadamente mais caras, causaria sim uma redução para o consumidor final.
f) Sobre as usinas de Angra 1 e Angra 2 cabe ressaltar que a operação destas UTNs durante um mês corresponde a 0,9% da energia armazenável máxima do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o que, em base anual, corresponde a um acréscimo de 10,3% da energia armazenável máxima deste subsistema. Caso as UTNs Angra 1 e Angra 2 não estejam disponíveis para a operação em 2019, o valor esperado do custo total de operação no período 2017/2021 sofre uma elevação de R$ 1,4 bilhão (5,1%), assim como os CMOs do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, cujo impacto é decrescente ao longo do horizonte de análise, sendo a maior variação em termos absolutos, 66 R$/MWh, verificada no primeiro mês do estudo.
g) Por fim, concluir Angra 3 é extremamente importante para o Brasil.
UTN Angra 3 apresenta as seguintes características:
- sua capacidade instalada, e a previsão de alta disponibilidade e elevada confiabilidade a tornam, mesmo se avaliada isoladamente, um dos principais recursos para atendimento ao mercado da Região Sudeste e do SIN;
- como disponibilizará sua produção diretamente na Região Sudeste, maior carga do SIN, contribui para evitar congestionamentos nas interligações entre subsistemas, principalmente com o advento do atraso das obras em linhas de transmissão que estão atrasadas;
- devido a seu baixo custo unitário variável previsto será uma das fontes preferenciais para despacho, seja por mérito econômico ou por razões de segurança eletroenergética; e
- A operação da UTN Angra 3 durante um mês corresponde a 0,6% da energia armazenável máxima da Região Sudeste, o que em base anual corresponde a um acréscimo de 7,2% da energia armazenável máxima desta região.Sob o ponto de vista elétrico, a UTN Angra 3 traz os seguintes principais benefícios relacionados ao desempenho elétrico da Rede Básica de suprimento à área Rio de Janeiro/Espírito Santo:
- permite manter a qualidade do suprimento em situações de parada das UTEs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenções;
- aumento nos limites de transmissão para a área Rio de Janeiro/Espírito minimizando a necessidade de geração térmica e/ou uso de SEPs de corte de carga, principalmente em situações de contingências duplas; e
- melhor perfil de tensão nas malhas de 500 kV e 440 kV da região Sudeste, decorrente da redistribuição de fluxo através de atendimento local ao centro de carga (Rio de Janeiro e Espírito Santo). Portanto, é possível concluir que a UTN Angra 3 terá papel relevante no horizonte abarcado pelos estudos de planejamento da operação do ONS.
A ABDAN lamenta que a reportagem não colabore com a discussão técnica que é a que deve embasar este assunto tão importante tanto socialmente como economicamente e que trará enormes benefícios para a nação brasileira.
A ABDAN reforça seu compromisso de continuar atuando para o desenvolvimento da industria nuclear brasileira. -
- 20/07/2018 - AIEA firma parceria com Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear para treinamento de profissionaisFonte: ONU BrasilA Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinou nesta semana (18) um acordo de parceria com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) que irá aumentar as oportunidades de treinamento para profissionais de medicina nuclear na América Latina e no Caribe, assim como nos países africanos de língua portuguesa.
Enquanto no passado ambas as organizações trabalharam juntas nas áreas de medicina nuclear e imagens moleculares, o acordo - o primeiro do tipo assinado pela AIEA na América Latina - agora definirá e formalizará essa colaboração.
"O Brasil oferece um pano de fundo ideal para o acordo de parceria, pois o país abriga o maior número de centros de medicina nuclear na região da América Latina e Caribe, com várias instalações de última geração relacionadas a todas as áreas da medicina nuclear”, disse a chefe da seção de Medicina Nuclear e Diagnóstico por Imagem da Divisão de Saúde Humana da AIEA, Diana Paez.
"Também oferece uma excelente variedade de programas de treinamento e uma sólida comunidade de especialistas de alto nível”, salientou.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer e as doenças cardiovasculares, ambas classificadas como doenças não transmissíveis (DNTs), estão entre as principais causas de morte no mundo.
De 56,4 milhões de mortes globais em 2015, 17,7 milhões foram atribuídas a doenças cardiovasculares, enquanto 8,8 milhões ocorreram devido ao câncer. Além disso, o número de pacientes afetados está aumentando devido, em parte, ao aumento do tempo de vida, bem como às mudanças no estilo de vida.
A medicina nuclear desempenha um papel importante no cuidado de tais doenças, desde sua detecção precoce, até a fase de tratamento e, posteriormente, no monitoramento das respostas dos pacientes.
A parceria envolverá a colaboração entre as duas organizações na formação complementar de profissionais de medicina nuclear e de imagens moleculares, e aqueles de disciplinas afins, nos Estados-membros da AIEA.
Em particular, terá como alvo profissionais da região da América Latina e do Caribe, bem como países africanos de língua portuguesa. Como parte de sua cooperação, a AIEA e a SBMN identificarão centros clínicos ou universidades de alto nível para a formação de profissionais e bolsistas de medicina nuclear.
As organizações também fornecerão conhecimentos especializados e outros apoios relacionados ao treinamento, visando aumentar a capacidade nesse campo. Finalmente, ajudarão na identificação de centros clínicos de alto nível adequados para participação em projetos de pesquisa coordenados pela AIEA.
"O acordo vai construir uma ponte oficial para o caminho da colaboração”, disse Juliano Cerci, presidente da SBMN. "Esperamos fortalecer os campos de pesquisa e aprendizado, mas também questões práticas como regulamentação e educação formal”.
Há mais de 50 anos, a SBMN tem sido uma organização líder no campo da imagiologia molecular e medicina nuclear no Brasil, trabalhando para promover e ampliar o conhecimento, uso e acesso à medicina nuclear no país. Sua missão é promover, apoiar e estimular o progresso, a melhoria e a disseminação da medicina nuclear, bem como ciências e disciplinas relacionadas nos campos científico, ético e econômico.
"A AIEA tem o prazer de formalizar nossa colaboração com a SBMN”, disse o diretor-geral adjunto e chefe do Departamento de Ciências Nucleares e Aplicações da AIEA, Aldo Malavasi.
"Esse acordo prático é o primeiro do tipo na América Latina e no Caribe e reunirá o alcance institucional da AIEA e a expertise da SBMN em medicina nuclear, permitindo melhores oportunidades de treinamento e capacitação em toda a região. A cooperação entre a AIEA e organizações profissionais é essencial para expandir apoio ao trabalho, alcance e impacto da agência.”
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- 20/07/2018 - Espaço do MCTIC abriga experimentos e palestras para os visitantes da 70ª Reunião Anual da SBPCPavilhão reúne estandes de 30 instituições ligadas ao MCTIC na mostra ExpoT&C, instalada na Universidade Federal de Alagoas, durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
Pavilhão reúne estandes de 30 instituições ligadas ao MCTIC na mostra ExpoT&C, instalada na Universidade Federal de Alagoas, durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
Fonte: Jornal da Ciência
Os visitantes que passarem pelo pavilhão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) vão poder conhecer de perto alguns dos principais projetos das entidades de pesquisa vinculadas à pasta na mostra ExpoT&C. O espaço estará instalado no campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió (AL), durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A mostra se divide por estandes temáticos: espaço; biomas e clima; ciência e tecnologia; popularização da ciência; nuclear; fomento à pesquisa; inovação; e tecnologias da informação e comunicação (TICs). A Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa (Finep)terá um espaço próprio no local.
Uma das atrações será a simulação da Sala de Situação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). No espaço, os visitantes vão saber como funciona o processo de tomada de decisão sobre a emissão de alertas de desastres naturais.
Já o Observatório Nacional (ON) vai mostrar como acontecem os terremotos e como é possível detectar esse fenômeno. O ON também terá uma mostra sobre o Eclipse de Sobral, ocorrido em 1912, e que foi um dos registros astronômicos que comprovaram a Teoria Geral da Relatividades, proposta por Albert Einstein.
Na área destinada ao Instituto Nacional de Tecnologia (INT), os visitantes terão a oportunidade de terem criar um avatar próprio em 3D utilizando tecnologias de escaneamento corporal.
Gratuita e aberta ao público, a ExpoT&C reúne em uma tenda climatizada centenas de expositores, como universidades, institutos de pesquisa, agências de fomento, entidades governamentais e outras organizações interessadas em apresentar novas tecnologias, produtos e serviços. O pavilhão do MCTIC possui um auditório, com palestras desegunda(23) asábado(28).
No pavilhão do MCTIC, estarão representadas 30 entidades vinculadas ao MCTIC: Agência Espacial Brasileira (AEB); Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec); Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE); Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer; Centro de Tecnologia Mineral (Cetem); Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene); Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM); Cemaden; Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); Finep; Indústrias Nucleares do Brasil (INB); Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict); Instituto Mamirauá de Desenvolvimento Sustentável; Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma); Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); INT; Instituto Nacional do Semiárido (Insa); Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA); Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC); Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast); Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG); Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep); ON; Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP); e Telebras.
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- 20/07/2018 - A política nuclear brasileiraNovo modelo quer romper imobilismo nesse setor
Novo modelo quer romper imobilismo nesse setor
Fonte: Folha de S. Paulo
O Brasil integra um grupo seletíssimo entre as potências globais. Além de nosso país, só EUA e Rússia reúnem duas condições fundamentais para desenvolver política nuclear autônoma: reservas significativas de urânio e independência tecnológica.
A despeito disso, o programa nuclear brasileiro há muito se ressentia de enorme imobilismo, com sérias dificuldades na área da governança, resultando em redundâncias e superposições entre órgãos competentes, fracionamento de missões análogas entre ministérios diversos e, em sentido oposto, junção nas mesmas agências de atividades que deveriam se dar separadamente.
Era necessário, pois, dotar o programa de uma governança que corrigisse desvios e intensificasse a complementaridade e simbiose entre agências e processos.
Com esse objetivo, o presidente Michel Temer, por decreto de 22 de junho de 2017, reinstituiu o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB).
O CDPNB é um colegiado de alto nível e multidisciplinar, composto de 13 ministérios e a colaboração eventual de outras instituições. Por previsão legal, opera sob coordenação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, o que atende às melhores práticas internacionais.
A principal atribuição do CDPNB, no seu primeiro ano, foi a elaboração de uma proposta de Política Nuclear Brasileira (PNB), documento estratégico e duradouro que, quando vigente, será capaz de nortear o desenvolvimento futuro do programa nuclear, com objetivos claros e definições sobre aspectos organizacionais, científicos e tecnológicos.
Recentemente, o CDPNB submeteu sua proposta de política nuclear à análise dos órgãos competentes da Presidência. A minuta resultou de amplo debate e os resultados foram aprovados em reunião plenária.
Registre-se que o documento não avança em questões como a eventual construção de novas usinas nucleares, tema que deverá ser eventualmente discutido nas instâncias apropriadas. O que a PNB busca é criar condições organizacionais e normativas para futura tomada de decisões nesta e em outras áreas de aplicação da tecnologia nuclear.
A PNB também visa a favorecer o desenvolvimento futuro de atividades como a medicina nuclear, o controle de pragas agrícolas e o monitoramento ambiental, dentre outras.
Na medicina nuclear em particular, a escassez de radiofármacos e a necessidade de importá-los a custos elevados dificultam diagnósticos tempestivos e o acesso à radioterapia para a maior parte de nossa população (sobretudo no Norte e no Nordeste), um caso concreto em que o imobilismo na política nuclear tem um elevado custo social.
Para suprir essa carência, o governo deu um grande passo com o impulso dado à construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que haverá de nos garantir completa autonomia na produção de radiofármacos. Espera-se que o SUS possa prover, a preço de custo, nossas necessidades na área por um espaço de 50 anos.
Em suma, para além da autossuficiência energética, há diversos horizontes que se descortinam para o nosso país, caso saibamos romper com o imobilismo que por décadas entravou o avanço do nosso programa nuclear. A proposta de uma Política Nuclear Brasileira é o primeiro passo nesse sentido.
Sergio Westphalen Etchegoyen
Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República -
- 20/07/2018 - Escola traz a São Paulo avanços no uso de lasersFonte: Planeta Universitário
Os avanços na área da óptica têm sido tão rápidos e com resultados tão surpreendentes que mesmo excelentes alunos de mestrado ou de doutorado dificilmente têm ideia do que está ocorrendo na linha de frente de seu campo de estudo.Foi esse pensamento que motivou a realização da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Fronteiras de Lasers e suas Aplicações, que ocorre até 27 de julho no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Coordenada por Niklaus Ursus Wetter, pesquisador titular do Ipen e professor de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), a Escola tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) e reúne alguns dos mais renomados pesquisadores da área e estudantes de pós-graduação de várias partes do mundo.
"Esperamos que esse encontro ajude a consolidar no Brasil a área de fotônica avançada, que movimenta atualmente um mercado de US$ 530 bilhões no mundo”, disse Wetter à Agência FAPESP.
"Trouxemos pesquisadores-líderes em suas respectivas áreas, para comunicar aos alunos o estado da arte nos diferentes campos da óptica, da ciência básica às múltiplas aplicações”, disse.
O escopo engloba os processos de geração, amplificação, modulação, emissão, transmissão, detecção e processamento da luz. E aplicações que vão do monitoramento ambiental à tecnologia aeroespacial e da nanousinagem à medicina. Formar cientistas e criar empresas e inovação na área são consequências desejáveis no médio prazo.
A FAPESP tem investido pesadamente em pesquisas e na criação de facilities na área. O diretor científico, Carlos Henrique de Brito Cruz, participou da abertura da ESPCA no Ipen, apresentando aos pesquisadores e estudantes presentes as modalidades de apoio oferecidas pela instituição para aqueles que buscam oportunidades de estudo e carreira no Estado de São Paulo.
Uma subárea altamente valorizada no evento é a dos ultrafast lasers (lasers ultrarrápidos). Tais dispositivos tornaram-se um grande objeto de interesse, por serem capazes de produzir os fenômenos mais curtos e mais potentes já criados pela humanidade.
"O termo ultrafast refere-se à duração temporal dos pulsos do laser. Hoje, alcançamos rotineiramente pulsos com durações da ordem de cinco femtossegundos (5x10-15 s), que correspondem a cinco milésimos de trilionésimos de segundo. Mas já foram atingidos pulsos com durações de uma a duas ordens de grandeza menores, entre 10-16 s e 10-17 s. Então, operando um laser com energia por pulso de um milijoule (1 mJ), que não é muito, e comprimindo essa energia em um intervalo de tempo de cinco femtossegundos, somos capazes de criar potências de 1019 W no foco do laser. Isso equivale a uma potência 10 milhões de vezes maior do que todas as centrais de energia do mundo, juntas, são capazes de gerar”, explicou Wetter.
O equipamento capaz de viabilizar esse patamar de potência não é um dispositivo gigantesco como o LHC (Large Hadrons Collider – Grande Colisor de Hádrons), instalado na fronteira franco-suíça. Mas algo que pode ser disposto sobre a bancada do laboratório.
"Os ultrafast lasers permitem alcançar potências de tal magnitude que, com um pouco mais, seria possível criar matéria de maneira controlada. Focando o laser no vácuo, poderíamos separar o vácuo em elétrons e pósitrons, por exemplo. É como se voltássemos àquilo que aconteceu uma fração de segundo depois do Big Bang”, disse o pesquisador.
Esses lasers de altíssima potência são vistos como potenciais fontes de feixes de prótons, cujo uso no tratamento de câncer tem crescido expressivamente.
O novo – enfatizou Wetter – é o que se pode fazer hoje com isso. "Uma aplicação é a criação de padrões de tempo e de frequência três ordens de magnitude mais precisos do que aqueles possibilitados pelos relógios atômicos. Conseguimos definir o tempo de um segundo com uma precisão de 18 dígitos”, disse.
Lasers randômicos
Outra aplicação, decorrente da interação dos lasers ultrarrápidos com a matéria, são as ablações multifotônicas. Esse processo não térmico possibilita fazer cortes de altíssima precisão, com resoluções da ordem de centenas de nanômetros, sem transformar o material.
Nos cortes convencionais, o processo sempre aquece o material, fazendo com que ele mude de propriedade nas bordas da excisão. Com os lasers ultrarrápidos, dá para cortar de forma que o material mantenha todas as propriedades de interesse intactas.
Nas suas várias modalidades, os lasers tornaram-se ferramentas de aplicação tecnológica quase ilimitada: da modificação de estruturas metálicas – criando materiais altamente repelentes a líquidos ou, ao contrário, capazes de reter óleo em microcavidades, praticamente zerando o atrito e o desgaste das peças – à prospecção tridimensional de aerossóis poluentes em regiões com extensões de quilômetros.
"Uma área novíssima, interessantíssima, é a dos lasers randômicos, que permitem estudar a propagação da luz em meios difusos, como um comprimido de aspirina, por exemplo. O fenômeno possibilita tanto a investigação do próprio material, por meio da análise da fração luminosa que volta, como a obtenção de novos efeitos ópticos, como o aprisionamento da luz, no qual o feixe luminoso fica preso no interior do material por tempo indeterminado”, disse Wetter à Agência FAPESP.
Outra área nova é a da estruturação dos feixes de lasers, que consiste em conferir um momento angular aos fótons de modo que eles girem para um lado ou para outro em trajetórias circulares, triangulares, quadradas, hexagonais etc. Ao interagirem com a matéria, esses feixes permitem construir metamateriais com propriedades ópticas notáveis, como a refração negativa ou a invisibilidade.
Especialistas que lidam com esses e outros fenômenos em centros avançados do mundo participam da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Fronteiras de Lasers e suas Aplicações.
Do exterior, vieram para o evento: Cefe Lopez, do Instituto de Ciencia de Materiales, Espanha; John Girkin, da Durham University, Reino Unido; Jorge Rocca, da Colorado State University, Estados Unidos; Rui Vilar, do Instituto Superior Técnico, Portugal; Takashige Omatsu, da Chiba University, Japão; Thomas Südmeyer, da Université de Neuchâtel, Suíça; Volker Freudenthaler, da Ludwig-Maximilians-Universität, Alemanha.
Mais informações: https://sites.google.com/view/laserfrontiers/
Agência FAPESP -
- 20/07/2018 - Escola traz a São Paulo avanços no uso de lasersFonte: Agência FAPESPOs avanços na área da óptica têm sido tão rápidos e com resultados tão surpreendentes que mesmo excelentes alunos de mestrado ou de doutorado dificilmente têm ideia do que está ocorrendo na linha de frente de seu campo de estudo.
Foi esse pensamento que motivou a realização da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Fronteiras de Lasers e suas Aplicações, que ocorre até 27 de julho no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo.
Coordenada por Niklaus Ursus Wetter, pesquisador titular do Ipen e professor de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), a Escola tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) e reúne alguns dos mais renomados pesquisadores da área e estudantes de pós-graduação de várias partes do mundo.
"Esperamos que esse encontro ajude a consolidar no Brasil a área de fotônica avançada, que movimenta atualmente um mercado de US$ 530 bilhões no mundo”, disse Wetter à Agência FAPESP.
"Trouxemos pesquisadores-líderes em suas respectivas áreas, para comunicar aos alunos o estado da arte nos diferentes campos da óptica, da ciência básica às múltiplas aplicações”, disse.
O escopo engloba os processos de geração, amplificação, modulação, emissão, transmissão, detecção e processamento da luz. E aplicações que vão do monitoramento ambiental à tecnologia aeroespacial e da nanousinagem à medicina. Formar cientistas e criar empresas e inovação na área são consequências desejáveis no médio prazo.
A FAPESP tem investido pesadamente em pesquisas e na criação de facilities na área. O diretor científico, Carlos Henrique de Brito Cruz, participou da abertura da ESPCA no Ipen, apresentando aos pesquisadores e estudantes presentes as modalidades de apoio oferecidas pela instituição para aqueles que buscam oportunidades de estudo e carreira no Estado de São Paulo.
Uma subárea altamente valorizada no evento é a dos ultrafast lasers (lasers ultrarrápidos). Tais dispositivos tornaram-se um grande objeto de interesse, por serem capazes de produzir os fenômenos mais curtos e mais potentes já criados pela humanidade.
"O termo ultrafast refere-se à duração temporal dos pulsos do laser. Hoje, alcançamos rotineiramente pulsos com durações da ordem de cinco femtossegundos (5x10-15 s), que correspondem a cinco milésimos de trilionésimos de segundo. Mas já foram atingidos pulsos com durações de uma a duas ordens de grandeza menores, entre 10-16 s e 10-17 s. Então, operando um laser com energia por pulso de um milijoule (1 mJ), que não é muito, e comprimindo essa energia em um intervalo de tempo de cinco femtossegundos, somos capazes de criar potências de 1019 W no foco do laser. Isso equivale a uma potência 10 milhões de vezes maior do que todas as centrais de energia do mundo, juntas, são capazes de gerar”, explicou Wetter.
O equipamento capaz de viabilizar esse patamar de potência não é um dispositivo gigantesco como o LHC (Large Hadrons Collider – Grande Colisor de Hádrons), instalado na fronteira franco-suíça. Mas algo que pode ser disposto sobre a bancada do laboratório.
"Os ultrafast lasers permitem alcançar potências de tal magnitude que, com um pouco mais, seria possível criar matéria de maneira controlada. Focando o laser no vácuo, poderíamos separar o vácuo em elétrons e pósitrons, por exemplo. É como se voltássemos àquilo que aconteceu uma fração de segundo depois do Big Bang”, disse o pesquisador.
Esses lasers de altíssima potência são vistos como potenciais fontes de feixes de prótons, cujo uso no tratamento de câncer tem crescido expressivamente.
O novo – enfatizou Wetter – é o que se pode fazer hoje com isso. "Uma aplicação é a criação de padrões de tempo e de frequência três ordens de magnitude mais precisos do que aqueles possibilitados pelos relógios atômicos. Conseguimos definir o tempo de um segundo com uma precisão de 18 dígitos”, disse.
Lasers randômicos
Outra aplicação, decorrente da interação dos lasers ultrarrápidos com a matéria, são as ablações multifotônicas. Esse processo não térmico possibilita fazer cortes de altíssima precisão, com resoluções da ordem de centenas de nanômetros, sem transformar o material.
Nos cortes convencionais, o processo sempre aquece o material, fazendo com que ele mude de propriedade nas bordas da excisão. Com os lasers ultrarrápidos, dá para cortar de forma que o material mantenha todas as propriedades de interesse intactas.
Nas suas várias modalidades, os lasers tornaram-se ferramentas de aplicação tecnológica quase ilimitada: da modificação de estruturas metálicas – criando materiais altamente repelentes a líquidos ou, ao contrário, capazes de reter óleo em microcavidades, praticamente zerando o atrito e o desgaste das peças – à prospecção tridimensional de aerossóis poluentes em regiões com extensões de quilômetros.
"Uma área novíssima, interessantíssima, é a dos lasers randômicos, que permitem estudar a propagação da luz em meios difusos, como um comprimido de aspirina, por exemplo. O fenômeno possibilita tanto a investigação do próprio material, por meio da análise da fração luminosa que volta, como a obtenção de novos efeitos ópticos, como o aprisionamento da luz, no qual o feixe luminoso fica preso no interior do material por tempo indeterminado”, disse Wetter à Agência FAPESP.
Outra área nova é a da estruturação dos feixes de lasers, que consiste em conferir um momento angular aos fótons de modo que eles girem para um lado ou para outro em trajetórias circulares, triangulares, quadradas, hexagonais etc. Ao interagirem com a matéria, esses feixes permitem construir metamateriais com propriedades ópticas notáveis, como a refração negativa ou a invisibilidade.
Especialistas que lidam com esses e outros fenômenos em centros avançados do mundo participam da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Fronteiras de Lasers e suas Aplicações.
Do exterior, vieram para o evento: Cefe Lopez, do Instituto de Ciencia de Materiales, Espanha; John Girkin, da Durham University, Reino Unido; Jorge Rocca, da Colorado State University, Estados Unidos; Rui Vilar, do Instituto Superior Técnico, Portugal; Takashige Omatsu, da Chiba University, Japão; Thomas Südmeyer, da Université de Neuchâtel, Suíça; Volker Freudenthaler, da Ludwig-Maximilians-Universität, Alemanha.
Mais informações: https://sites.google.com/view/laserfrontiers/
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- 19/07/2018 - Técnica reduz de 40 para 5 sessões de radioterapia contra câncer de próstataFonte: Estado de Minas
Uma nova técnica tem permitido reduzir o número de sessões de radioterapia contra o câncer de próstata. Para a doença, geralmente são previstas 40 sessões. Com o tratamento chamado de hipofracionamento moderado, chegou-se a 20. Agora, surgem no País as primeiras iniciativas de radioterapia ultra hipofracionada contra esse tipo de tumor, que reduz o número de sessões para cinco.
Nesse formato, são aplicadas altas doses de radiação sobre o tumor, o que permite menos aplicações. A abordagem, também conhecida como hipofracionamento extremo ou SBRT, já é adotada contra alguns tipos de câncer, como o de pulmão. Mas é nova quando se trata do de próstata - segundo mais prevalente entre os homens. Estima-se que, neste ano, serão 68.220 novos casos da doença.
A opção começou a ser oferecida nos últimos meses no Hospital Sírio-Libanês e no Mãe de Deus, em Porto Alegre. Já no A. C. Camargo Cancer Center, os dois primeiros casos de SBRT foram feitos este mês. "Os benefícios são menor tempo de tratamento, menos transtorno (do paciente) com deslocamento e, muito provavelmente, melhora do índice de controle bioquímico da doença", afirma Antônio Cássio Pelizzon, líder da equipe de radioterapia do A. C. Camargo.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, também se prepara para aderir ao hipofracionamento extremo para o câncer de próstata, após a instalação de um equipamento inédito no País, o acelerador linear Halcyon. Além de permitir menos sessões, torna cada sessão mais rápida - cai de 25 minutos para oito. "Em vez de tratar quatro pacientes por hora, posso tratar seis. Isso amplia o acesso, agrega valor e reduz o custo da inovação", diz Rodrigo Hanriot, coordenador de radioterapia do hospital.
Por enquanto, o hipofracionamento extremo é indicado para tumores restritos à próstata, de risco baixo ou intermediário. Pacientes com problemas crônicos no trato urinário não são bons candidatos - estudos mostram que, especialmente nesse grupo, pode haver efeitos colaterais (como ardor e aumento da frequência urinária), diz Andrea Barleze da Costa, gestora de Radioterapia do Mãe de Deus.
O hipofracionamento moderado ganhou força após dez estudos clínicos de fase 3 (alto nível de evidência), conduzidos em grandes centros de pesquisa, demonstrarem que a técnica é tão eficaz quanto a convencional. Para Arthur Accioly Rosa, da Sociedade Brasileira de Radioterapia, o modelo é uma mudança de paradigma.
Eficiente, a técnica se tornou tendência em vários países. Mas, como diz Elton Leite, do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), a popularização no País envolve questões ligadas a equipamentos e modelos de remuneração. Para aplicar altas doses de radiação com segurança, é preciso tecnologia que permita monitorar a localização precisa do tumor.
Uma opção é o IGRT ( radioterapia guiada por imagem), pouco disponível no Brasil e sem ressarcimento pelo SUS e pelas operadoras. Outra é o Calypso, recém-instalado pelo Sírio, que trabalha com emissão de sinais - dispositivos implantados na próstata avisam (25 vezes por segundo) se está no alvo e, diante de um desvio, a radiação é interrompida.
De modo geral, a radioterapia no País é paga conforme o total de sessões - se há menos, o valor cai. "É um verdadeiro paradoxo", diz João Luís Fernandes da Silva, do Departamento de Radioterapia do Sírio. Por isso, hospitais têm negociado pacotes com operadoras para todo o tratamento.
Jornada
Quando José Nei Garcez, de 80 anos, descobriu que tinha câncer de próstata, em março de 2017, iniciou uma jornada em busca de tratamento. Morador de Dom Pedrito (RS), na fronteira com o Uruguai, passou por médicos de outras duas cidades antes de ser indicado para o hipofracionamento extremo no Hospital Mãe de Deus.
Após uma semana, voltou para casa. "Se fossem muitos dias, era capaz de adoecer mais. Estava com saudade de casa, dos filhos", diz. "O tratamento em menos tempo foi grande vantagem para o aspecto emocional", conta a filha Clarisse, de 41 anos. Ele, que faz tratamento hormonal a cada três meses, diz não sentir efeito colateral. "Hoje me sinto ótimo. Foi um sucesso." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Amarílis Lage, especial para a AE) -
- 18/07/2018 - Energia gerada por fusão nuclear será utilizada a partir de 2030Após produzir plasma superquente, a empresa Tokamak Energy propõe novos projetos para avançar na construção de reatores de fusão nuclear
Após produzir plasma superquente, a empresa Tokamak Energy propõe novos projetos para avançar na construção de reatores de fusão nuclear
Fonte: Galileu
Após anunciar a criação de um plasma superquente no mês de junho, a empresa britânica Tokamak Energy acaba de afirmar que a oferta comercial de eletricidade por fusão nuclear deve ser uma realidade a partir de 2030.
A promessa é fruto do teste bem-sucedido da empresa, que registrou a temperatura mais alta atingida por plasma produzido pelo homem: 15 milhões de graus Celsius (tão quente quanto o centro do Sol). A reação foi gerada no reator ST40, onde o material foi confinado em uma câmara à vácuo e mantido dentro de campos magnéticos poderosos.
Empolgados com o resultado, os cientistas da empresa estão se preparando para produzir um plasma ainda mais quente, com cerca de 100 milhões de graus Celsius. Este é o primeiro passo para começar a operar em temperaturas necessárias para a fusão nuclear.
A Tokamak Energy é uma das maiores empresas que apostam na produção de eletricidade por reatores de fusão. A meta é conseguir tirar a ideia do papel antes da metade da década de 2040, que é o período em que o reator concorrente, da francesa ITER, está projetado para produzir o seu primeiro plasma.
Por isso, a empresa planeja lançar em 2025 um novo reator, que será construído especialmente para produzir uma grande quantidade de megawatts de energia por fusão.
Jarras de estrelas
A transformação do hidrogênio em hélio através da fusão nuclear é a principal reação que mantém as estrelas brilhando por bilhões de anos — por isso, a ideia de construir um reator de fusão lembra a de "estrelas em uma jarra”. Mas o assunto não tão adorável assim.
A fusão nuclear também acontece em bombas de hidrogênio, onde o elemento é derretido por dispositivos de fissão de plutônio em altíssimas temperaturas, o que resulta numa explosão centenas ou milhares de vezes mais potente do que uma bomba nuclear que funciona pela fissão.
Projetos de fusão controlados como os da ITER e da Tokamak Energy fundirão combustível de hidrogênio em temperaturas muito mais altas e a pressões muito mais baixas do que as vistas no interior do Sol.
Defensores da fusão nuclear afirmam que esse tipo de geração de energia pode tornar outras fontes obsoletas. Isso porque é possível produzir grandes quantidades de eletricidade por uma quantidade relativamente pequena de deutério e trítio, isótopos pesados de hidrogênio que são relativamente abundantes na água do mar.
Na teoria, reatores de fusão nuclear podem produzir muito menos resíduos radioativos do que reatores de fissão. Além disso, de acordo com o projeto da ITER, é impossível que acidentes nucleares como os de Chernobyl ou de Fukushima aconteçam nessas condições.
O pesquisador veterano Daniel Jassby, ex-físico do Laboratório de Física do Plasma da Universidade de Princeton, discorda. Segundo ele, projetos como esses podem sim criar uma quantidade significativa de lixo radioativo.
Com informações do Live Science.
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- 17/07/2018 - Incubadora de São Paulo busca startups de manufatura avançadaCietec quer criar uma rede colaborativa de empresas do setor junto ao mercado
Cietec quer criar uma rede colaborativa de empresas do setor junto ao mercado
Fonte: DCI
RAPHAEL FERREIRA•SÃO PAULO
A incubadora Cietec abriu um edital específico para empreendedores que tenham atuação na chamada manufatura avançada, também chamada de Indústria 4.0. Esse setor engloba tecnologias como internet das coisas e computação em nuvem.No momento, há cerca de 14 startups na incubadora que desenvolvem negócios utilizando tecnologias identificadas com a manufatura avançada. Em nota, a entidade disse que o objetivo é atrair novos negócios que possam se beneficiar de um ecossistema já em desenvolvimento.
Localizado em São Paulo, o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen – Cietec, instalada no campus Ipen, na Cidade Universitária, em São Paulo.
Para mais informações os interessados devem acessar o edital no site do Cietec