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- 17/07/2018 - Oferta insuficiente de fármacos limita expansão da medicina nuclear no PaísCom a construção de novo reator, governo visa diminuir dependência da importação de insumos usados principalmente no diagnóstico e tratamento do câncer, com foco preponderante no SUS
Com a construção de novo reator, governo visa diminuir dependência da importação de insumos usados principalmente no diagnóstico e tratamento do câncer, com foco preponderante no SUS
Fonte: DCI
Ricardo Casarin • São Paulo
A falta de capacidade produtiva de radiofármacos torna deficiente o atendimento da demanda de procedimentos de medicina nuclear no País. A dependência de importação de insumos encarece tratamentos e reduz a oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).
"O nosso mercado tem um déficit muito grande, a quantidade produzida internamente não atende o País. Atualmente, o Brasil gasta cerca de US$ 17 milhões importando o material necessário para a produção de radiofármacos utilizados no diagnóstico e tratamento de diversas doenças”, afirma o coordenador técnico do Projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), José Augusto Perrotta. Em março, o governo federal anunciou o investimento de R$ 750 milhões no RMB até 2022.
De acordo com o Ministério da Saúde, desde 2009 o Brasil enfrenta dificuldade no abastecimento de radiofármacos devido à paralisação de um reator canadense, responsável pelo fornecimento de 40% do mercado global. O principal objetivo do RMB, em desenvolvimento no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó (SP), é nacionalizar a produção de radiofármacos, permitindo fornecimento a preço de custo ao SUS. "O governo planeja uma expansão dentro do sistema público, pois atualmente a medicina privada corresponde a 70% deste tipo de tratamento e só atende 30% da população”, conta o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Juliano Cerci.
Perrotta aponta que o projeto permitirá ao País produzir mais com menos dinheiro. "Com o reator, conseguiremos dobrar ou triplicar a produção, com um investimento em real, em vez de dólar, barateando o processo. Isso dará sustentabilidade e ampliará a medicina nuclear.” Ele explica como os radiofármacos são usados em procedimentos de detecção e tratamento de doenças. "O elemento radioativo é injetado no paciente que, junto com um equipamento, permite a visualização de um órgão específico, um mapeamento de dentro para fora. Isso permite detectar anomalias, como o câncer”, explana. "Já o tratamento consiste na emissão de radiação para matar uma célula cancerígena, por exemplo.”
Incentivo à indústria
O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), Carlos Goulart, acredita que o RMB terá um impacto positivo para a produção nacional. "Nossas empresas estão procurando entender melhor o volume e a disponibilidade de insumos, todas têm interesse em fazer uso.” Goulart explica que o equipamento de diagnóstico conhecido como PET/CT (sigla em inglês para tomografia por emissão de pósitrons) é produzido pela indústria nacional. "É um tomógrafo unido ao radiofármaco, dando a localização exata de um tumor.”
Atualmente, o Brasil possui quatro reatores de pesquisa, sendo o principal deles o localizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), localizado em São Paulo. "Todo o campus se desenvolveu ao redor do Ipen. Acredito que o mesmo vai ocorrer com o RMB, vai ser um grande polo de ciência nuclear no Brasil”, prevê Perrotta. A projeção de conclusão é em 2024, mas a produção de radiofármacos pode ser iniciada antes. "O reator é de multipropósito, há uma série de interfaces para outros setores, como a agricultura. Também traz a possibilidade de tornar o Brasil um exportador de insumos radioativos”, diz Cerci.
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- 17/07/2018 - Descoberto meio de extrair energia atômica para uso em bateriasFonte: Inovação Tecnológica
Depois de décadas de trabalho, finalmente se comprovou na prática que existe de fato uma forma mais amena e mais segura para extrair energia do núcleo dos átomos.
Talvez não dê para substituir as atuais centrais nucleares por algo menos arriscado, mas dá para pensar em novos tipos de baterias atômicas eficientes e seguras.
No início deste ano, Christopher Chiara e uma equipe da Austrália, EUA e Polônia demonstrou na prática uma teoria proposta há mais de 40 anos, que propunha que radioisótopos podem armazenar energia em materiais não fissionáveis - uma energia nuclear sem fissão nuclear.
Explorando uma classe não química de materiais, eles usaram um isótopo específico de molibdênio para demonstrar que a energia pode ser armazenada em uma forma excitada desses núcleos, energização esta que dura cerca de sete horas, e que a energia pode ser liberada em uma escala de tempo muito menor por um novo processo envolvendo as "conchas" atômicas em torno desse núcleo - uma outra maneira de se referir aos níveis de energia dos orbitais eletrônicos.
Criando um "buraco" nessa concha atômica, um elétron livre que cai na concha transfere a quantidade exata de energia - uma quantidade muito pequena - para o núcleo e, como um interruptor, causa uma liberação controlada da energia maior armazenada.
O processo ficou conhecido como ENCE - "excitação nuclear por captura de elétrons" (ou NEEC: nuclear excitation by electron capture)
A equipe suíça estabeleceu como usar pulsos de raios X para gerar os elétrons capazes de extrair a energia dos núcleos não fissionáveis. [Imagem: G. M. Vanacore et al. - 10.1038/s41467-018-05021-x]
Disparos de elétrons para gerar energia
Agora, Giovanni Vanacore e seus colegas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, desvendaram a mecânica do processo em uma escala temporal de attossegundos - 1 attossegundo equivale a 10-18 segundo.
Ainda que esse experimento por si só seja inédito, a equipe definiu como criar flashes de elétrons em intervalos de tempo ainda menores, de zeptossegundos (10-21 segundos), usando tecnologia já existente, para aumentar o rendimento energético das reações nucleares e extrair sua energia.
"Em termos ideais, o que se quer fazer é induzir instabilidades em um núcleo de outra forma estável ou metaestável para provocar decaimentos produtores de energia, ou para gerar radiação," explicou Fabrizio Carbone, membro da equipe. "No entanto, o acesso aos núcleos é difícil e energeticamente caro por causa da camada protetora de elétrons em torno dele".
Os pulsos de zeptossegundos, contudo, resolvem essa dificuldade, estabelecendo um modo de explorar e coletar as várias ordens de grandeza de energia presente no núcleo de um átomo através do controle coerente do efeito ENCE (excitação nuclear por captura de elétrons).
"Nosso esquema de controle coerente com pulsos de elétrons ultracurtos pode oferecer uma nova perspectiva para a manipulação das reações nucleares com potenciais implicações em vários campos, da física fundamental às aplicações relacionadas à energia," concluiu a equipe em seu artigo.
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- 16/07/2018 - Indústria debaterá impactos das mudanças que o Governo estuda para Política Nuclear BrasileiraFonte: Petronotícias
O setor nuclear brasileiro vive momentos de grande expectativa, já que o governo federal está estudando mudanças importantes neste segmento. O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB) se reuniu recentemente em Brasília para debater uma série de propostas de modificações na política do setor do país, que preveem a ampliação da utilização da fonte na matriz energética brasileira. O CDPNB está sendo coordenado pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen (foto). De acordo com ele, o conteúdo do plano está fechado e será proposto ao presidente Michel Temer em breve. "Com essa proposta feita pelo comitê, vamos ter claramente os objetivos e normas a serem seguidas na utilização pacífica da energia nuclear pelo Brasil”, explicou Etchegoyen. Como o assunto é considerado vital para o mercado nuclear brasileiro, ele será debatido na próxima semana durante o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2018), que será realizado nos dias 25 e 26 de julho, no auditório de Furnas, no Rio de Janeiro.
O que se comenta no mercado é que o plano do CDPNB é entregar o novo programa nuclear brasileiro, em forma de projeto de lei, para apreciação do Congresso Nacional. Além disso, o grupo liderado pelo general Etchegoyen passará a se reunir semestralmente para dar ainda mais celeridade aos trabalhos. "Como ainda não temos formalmente a Política Nuclear Brasileira, todos os trabalhos da área nuclear ficam soltos, sem ter objetivos e caminhos a seguir”, afirmou.
Outro tema que entrará na pauta do SIEN 2018 será a retomada das obras de Angra 3, considerada por especialistas do setor elétrico como fundamental para a segurança energética do Brasil. Além de ser uma fonte firme de geração de energia, a entrada em operação de Angra 3 poderá representar uma enorme economia. Um estudo feito pela Eletronuclear constatou que a partir do momento em que a usina nuclear começar a gerar energia, o custo com despacho das térmicas cairá em até R$ 900 milhões por ano. "Precisamos lembrar que hoje gastamos um volume de recursos muito alto (chegando a R$ 900 MW/h) para despachar as usinas emergenciais”, reforça o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, em entrevista ao Petronotícias.
O setor nuclear também aguarda com grande expectativa a decisão do governo de autorizar da revisão e fixação de um novo preço para comercialização da energia da central nuclear de Angra dos Reis, inclusive de Angra 3. Essa medida viabilizaria a retomada das obras da usina com participação privada, além de estimular a construção de outras usinas.
Conforme o Petronotícias publicou, no início deste mês, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimaraes, acredita que para reiniciar a construção de Angra 3, é preciso discutir o contrato de venda da energia que será produzida pela usina – cujo preço está defasado, inviabilizando o equilíbrio econômico-financeiro do empreendimento. Além disso, o executivo afirma que é preciso renegociar as dívidas decorrentes do financiamento. No momento, a Eletronuclear vem tentando adiar o pagamento das parcelas do financiamento para construção da unidade com o BNDES e a Caixa Econômica Federal. Por último, a empresa precisa fechar um novo modelo de negócios para Angra 3, que permita a participação privada, mantendo o controle da União.
O presidente da Eletronuclear é um dos nomes já confirmados para compor da agenda de atividades do SIEN 2018, que terá ainda a participação de Paulo Roberto Pertusi, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); Reinaldo Gonzaga, presidente da INB; Carlos Henrique Silva Seixas, Presidente da NUCLEP; Carlos Leipner, vice-presidente da Westinghouse Latin America & Canada; André Salgado, vice-presidente da Framatome para o Brasil e América do Sul e Leonardo Dalaqua Junior, gerente de contratos da GENPRO Engenharia, além dos diretores da Rosatom América Latina (Rússia) e EDF (França).
Além da agenda de debate, o SIEN terá em sua programação uma visita técnica, no dia 27, ao Instituto de Radioproteção e Dosimetria, ligado à Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). As inscrições para o evento estão abertas e podem ser feitas através do e-mail: inscricao.planeja@gmail.com e pelos telefones (21) 3301-3208 / 2262-9401.
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- 16/07/2018 - Eletronuclear teme calote no BNDES, CEF e EletrobrasFonte: Valor Econômico
A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, não terá como escapar da inadimplência e não rever, até o início de agosto, as condições dos empréstimos da construção da usina nuclear de Angra 3. Em entrevista ao Valor, o presidente da empresa, Leonam Guimarães, disse que não terá caixa suficiente para, no próximo mês, honrar os compromissos de amortização dos financiamentos com Caixa, BNDES e Eletrobras.
"Somando as três parcelas mensais chegamos a R$ 80 milhões que pesam enormemente sobre o nosso faturamento de R$ 270 milhões, por mês. Isso inviabiliza a administração de custos de operação das demais usinas", disse o executivo.
Para contornar a situação, a Eletronuclear trabalha em três frentes. Uma é assinar um aditivo com a Caixa para ter o prazo de carência de pagamento contado a partir da liberação de recursos - não mais a partir da data de assinatura do contrato.
Com esforço para conter despesas, a Eletronuclear conseguiu pagar, no último dia 2, a primeira parcela à Caixa, de R$ 25 milhões. O empréstimo prevê a liberação de R$ 3,5 bilhões, no total, para a compra de bens e serviços internacionais.
O executivo afirma que já obteve "resultado significativo" com corte em custeio, de R$ 8 milhões por mês. Segundo ele, a inadimplência só não foi antecipada para este mês porque pagou um valor abaixo do previsto às Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsável pelo fornecimento do combustível nuclear.
Outro alívio buscado pela Eletronuclear é com a própria holding, que tem parcelas mensais de R$ 22 milhões do empréstimo de R$ 1,05 bilhão. A Eletrobras se comprometeu a liberar este recurso para cobrir contrapartidas ao BNDES.
"Vendo a nossa situação de caixa, a Eletrobras nos concedeu um 'waiver' até março deste ano, o que permitiu pagar o BNDES com mais tranquilidade até abril. Mas isso acabou", disse Guimarães. O valor do empréstimo com o segundo banco de fomento também foi de R$ 3,5 bilhões, com parcelas mensais de R$ 31 milhões.
A terceira saída para evitar a inadimplência envolve negociações com o BNDES. O banco tem condicionado a repactuação do contrato à apresentação de garantias de viabilidade do projeto. Isso inclui a revisão da tarifa de energia que será comercializada e a definição de plano de reestruturação societária, com escolha de um sócio privado que deverá fazer aporte de recurso ao projeto.
O governo já prometeu atender ao pleito de revisão da tarifa - atualmente, em R$ 244 por MWh - e buscar solução para a escolha do sócio privado. Mas, na prática, pouco foi feito, apenas foi criado um grupo de trabalho, não formalizado ainda, para definir medidas que poderão ser adotadas, como mudanças em lei para que a revisão da tarifa não represente uma quebra de contrato.
"Soubemos da criação do grupo e logo cuidamos de formalizar proposta de chamada pública para termos um sócio minoritário, de acordo com o mandato constitucional de que a União seja majoritária no capital votante de projetos dessa natureza. Isso já existiu no passado, quando a Siemens / KWU assumiu a fatia de 25%, no âmbito do acordo Brasil-Alemanha", afirmou o presidente da estatal.
Guimarães alerta que a dificuldade financeira relacionada à usina de Angra 3 pode contaminar a "excelência de operação" das outras duas usinas que integram o complexo nuclear em Angra dos Reis: Angra 1 e 2.
"Fomos o quinto parque de geração nuclear com melhor desempenho no mundo, atingindo um fator de capacidade de quase 90%. No médio prazo, o nosso desempenho pode ficar comprometido. Existe sim um risco de descontinuidade séria", afirmou.
O presidente da Eletronuclear destaca que a forte pressão de caixa seria capaz de impactar somente a qualidade de operação das usinas, o que levaria, no limite, à indisponibilidade de alguma unidade. "Nunca a segurança da usina é comprometida. Antes de enfrentar qualquer risco, ela para".
O executivo ressalta que ainda conta com revisão de tarifa e sócio privado para retomar obras em Angra 3. Segundo ele, a estatal mantém conversas com cinco grupos estrangeiros interessados na usina: um russo (Rosatom), dois chineses (CNNC e SNPTC), um franco-japonês (EDF / Mitsubishi) e um consórcio - até agora, de empresas americanas - em fase de estruturação pelo escritório Squire Patton Boggs (SPB). Uma sexta empresa, sul-coreana, suspendeu as tratativas alegando mudança na estratégia.
A negociação com os estrangeiros começou na discussão sobre os futuros projetos de usinas nucleares previstos no planejamento estratégico do setor elétrico brasileiro. Seriam duas para o Nordeste e duas para Sudeste.
"Eles estavam de olho nos novos projetos, mas viram Angra 3 como uma boa opção, porque já está totalmente licenciada, com o projeto totalmente concluído. E ainda tem uma 'irmã gêmea', Angra 2, em operação, o que aumenta bastante a aposta em seu sucesso", afirmou Guimarães.
Ele garante que, além de ser um bom negócio para os investidores, Angra 3 será importante para aumentar a confiabilidade no fornecimento de energia pelo sistema elétrico e reduzir custo. Disse que a usina poderia gerar hoje uma economia de R$ 900 milhões por ano com a substituição de térmicas com custo mais caro de operação.
Angra 3 deveria ter sido concluída em janeiro de 2016. Guimarães ressalta que a paralisação das obras não tem relação com a fase da operação LavaJato que levou à prisão o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Silva, em 2016. "A Lava-Jato foi uma tragédia em que a Eletronuclear foi a vítima".
Segundo ele, o projeto já havia parado em 2015, quando foram suspensos os aportes da holding, afetada pela perda de receita logo após mudança no setor promovida pela MP 579/12.
O empreendimento já consumiu R$ 7 bilhões em investimento e ainda exige mais R$ 14 bilhões para ser concluído. Análises de auditorias independentes indicaram que, se o governo desistir, deverá desembolsar mais R$ 11,8 bilhões com despesas relacionadas, por exemplo, à recuperação de áreas degradadas e indenização de fornecedores por quebra de contrato. -
- 16/07/2018 - Com crise e cortes na ciência, jovens doutores encaram o desemprego: 'Título não paga aluguel'Fonte: BBC News BrasilO estatístico Paulo Tadeu Oliveira, de 55 anos, defendeu seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP) em agosto de 2008. Dez anos depois, ainda não conseguiu ingressar no mercado de trabalho. O pesquisador, que é deficiente visual, emendou três pós-doutorados em busca de especialização e experiência, mas não passou nas diversas seleções para o quadro de universidades públicas. Atualmente, está no quarto estágio pós-doutoral, desta vez sem apoio financeiro.
Em busca de trabalho na iniciativa privada, ele consultou 18 headhunters para tentar enquadrar seu currículo ao mercado, mas encontrou respostas similares: o estatístico não possui experiência corporativa e, ao mesmo tempo, é considerado overqualified (qualificado demais) para as posições disponíveis. Em maio, ele relatou sua história à Comissão de Direitos Humanos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e espera resposta.
Assim como Oliveira, diversos jovens doutores (ou seja, titulados recentemente) estão patinando profissionalmente. A concorrência continua crescendo: no ano passado, foram formados 21.609 novos doutores – ao todo, são 302.298, incluindo estrangeiros residentes no país.
Em 2006, o país atingiu a meta de formar 10 mil doutores e 40 mil mestres por ano, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgados à época. Em 2014, o Plano Nacional de Educação estabeleceu uma nova meta: a formação de 25 mil doutores por ano até 2020.
O problema é que o principal destino de doutores, a área da educação – 74,5% dos empregados estão nas universidades ou institutos de pesquisa – sentiu os efeitos da crise econômica no país.
O orçamento do Ministério da Educação (MEC) sofreu cortes de R$ 7,7 bilhões em 2015 e de R$ 10,7 bilhões em 2016, segundo dados da própria pasta. No Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) 44% (R$ 2,5 bilhões) foram congelados em 2017, de acordo com números do governo.
A Capes, vinculada ao MEC, perdeu R$ 1 bilhão por ano desde 2015; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao MCTIC, também perdeu cerca de R$ 1 bilhão no caixa de 2015 para 2016, o que afeta programas de pós-doutorado, por exemplo.
Nas instituições particulares, o quadro também é pessimista, com a demissão de milhares de professores - a Estácio de Sá, por exemplo, demitiu 1,2 mil docentes em dezembro de 2017 – e o trancamento de matrículas de alunos, que registrou um aumento de 22,4% entre 2011 e 2015, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Novo cenário
Entre 1996 e 2014, o número de programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) triplicou no país, informa o relatório Mestres e Doutores 2015, o mais recente da série. Elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o estudo revela que o período também registrou um boom na formação de mestres (379%) e doutores (486%) no país.
Um novo estudo em andamento no CGEE revela também a taxa de empregabilidade de doutores recém-titulados: entre 2009 e 2014, o índice se estabilizou em cerca de 73%, mas em 2016 caiu para 69,3%.
"Historicamente, a taxa de emprego é mais estável, fruto de uma política constante, passando por governos variados. Apesar de ter cada vez mais doutores, podemos afirmar que até 2015 eles foram absorvidos pelo mercado, público e privado", diz a coordenadora da pesquisa, Sofia Daher, de 55 anos.
"A queda não é drástica, mas sinaliza uma tendência nova. Houve uma redução considerável de concursos para professores universitários", disse ela à BBC News Brasil.
O pesquisador Ronaldo Ruy, de 36 anos, é um retrato desse novo cenário: está desempregado desde a defesa de seu doutorado na Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2016. "Estou buscando pós-doutorado para não tirar definitivamente os dois pés da ciência", diz ele, que fez cursos no Smithsonian Research Tropical Institute e no Florida Museum of Natural History, nos EUA.
Atualmente dependendo da ajuda financeira da família, Ruy buscará trabalho fora de sua área de atuação. "O amor pela ciência não as paga contas. No meu caso particular, a situação chegou ao ponto da minha família ter dado prazo para que eu saia de casa e inevitavelmente terei que seguir outro caminho (profissional)", conta.
Foi o que fez Karen Carvalho, de 36 anos, doutora em neurociências pela USP.
Após a conclusão da pesquisa no Instituto Butantan, em novembro, ela tentou ingressar na indústria farmacêutica, sem sucesso.
"Durante o doutorado, desenvolvi depressão. Uma ironia, pois meu campo de estudo é estresse e depressão", diz a bióloga, que hoje atua como corretora de imóveis.
De acordo com uma investigação com 2 mil estudantes de 26 países, publicada na revista Nature Biotechnology em março, os pós-graduandos têm seis vezes mais chance de sofrer ansiedade e depressão do que a população geral.
Além das pressões do doutorado, Carvalho afirma que a falta de perspectiva agravou seu quadro.
"No Brasil, a gente é tratado como 'só estudante' durante a pós. Falta olhar para o cientista como um profissional, muitas vezes muitíssimo qualificado. Você se mata para fazer mestrado e doutorado, e depois pensa: e agora, vou fazer o que com os títulos? Só perdi meu tempo? É uma tristeza, perde-se o brilho olhando para a situação atual da ciência. A gente está no limbo."
Doutores demais?
O biólogo professor da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Hermes-Lima, de 53 anos, vem criticando o que vê como uma formação excessiva de doutores desde 2008.
"Teve uma inundação de 'cérebros'. É a lei do mercado: se você tem essa 'commodity' demais, desvaloriza-se", afirma.
Para Hermes-Lima, a última década registrou "uma alucinada proliferação" de cursos de pós-graduação no país, priorizando quantidade, e não qualidade da formação acadêmica. "Aí chegou o teto - e o teto agora está começando a cair", ilustra.
"A crise econômica empurrou muita gente sem real motivação científica para a universidade. Sem emprego, muita gente buscou refúgio na ciência, de olho nas bolsas. A crise demorou para chegar na ciência, mas agora chegou", critica.
O filósofo Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação do governo Dilma Rousseff, pensa diferente. "Parar de investir na formação doutoral é um risco. Como um doutor demora em regra quatro anos para se titular, uma parada significará que, quando precisarmos de mais doutores, eles não estarão disponíveis", analisa.
Para ele, a dificuldade de manter o ritmo de investimento para jovens doutores está relacionada "por um lado, à crise econômica; por outro, às prioridades diferentes do novo governo".
Procurado pela BBC News Brasil, o Ministério da Educação diz não ser "verdade que falte recurso para as universidades". "A expansão das universidades federais trouxe impactos significativos para o orçamento do MEC, que precisam ser compreendidos em sua plenitude", escreve a pasta, em nota.
Essa expansão, acrescenta, "foi realizada sem planejamento". "O ano de 2014 foi influenciado pelas eleições e por um momento econômico em que a gestão anterior não mensurou os efeitos dos gastos exagerados e sem controle. Diversos programas aumentaram recursos fora da realidade, fazendo com que a própria gestão anterior iniciasse as reduções, a partir de 2015", conclui.
De 2003 a 2010, houve um salto de 45 para 59 universidades federais, o que representa uma ampliação de 31%; e de 148 câmpus para 274 câmpus/unidades, crescimento de 85%. A expansão também proporcionou uma interiorização – o número de municípios atendidos por universidades federais foi de 114 para 272, um crescimento de 138%, segundo dados do próprio MEC.
Por sua vez, o MCTIC afirma que está atuando junto à equipe econômica para maior disponibilização de recursos. "Em anos anteriores, os esforços do MCTIC para recomposição orçamentária têm dado resultados, com a liberação de recursos contingenciados ao longo do ano. No cenário de restrições orçamentárias, o MCTIC mantém ainda permanente diálogo com os gestores de suas entidades vinculadas para que os recursos sejam otimizados, minimizando o impacto em suas atividades."
Cartas de rejeição
Diante da falta de oportunidade no mercado, tanto na iniciativa privada quanto nas instituições públicas, muitos jovens doutores apostaram na possibilidade de um pós-doutorado, conforme diversos relatos à BBC Brasil. A bolsa mensal do CNPq é de R$ 4,5 mil.
Diferentemente do mestrado ou doutorado, o pós-doutorado não é um título: é uma especialização ou um estágio para aprimorar o nível de excelência de determinada área acadêmica. É visto como um aperfeiçoamento do currículo para processos seletivos para docente nas universidades públicas.
Para a maioria dos candidatos, porém, as expectativas acabaram frustradas.
"A proposta, apesar de meritória, não pode ser atendida nesta demanda, considerando-se a disponibilidade de recursos", dizia a resposta-padrão enviada a dezenas de doutores recém-titulados que tinham pedido bolsas na modalidade Pós-Doutorado Júnior (PDJ), do CNPq.
Diante do resultado, divulgado em meados de junho, muitos doutores relataram sua indignação ao serem rejeitados em depoimento em grupo de 6,6 mil pesquisadores brasileiros no Facebook. Sob a condição de anonimato, um parecerista do CNPq conta que os avaliadores também ficaram frustrados. "Não importa o quanto o projeto é excelente, não há recursos para todo mundo; é infrutífero para a ciência do país".
No início deste ano, dos 2.550 pedidos recebidos pelo CNPq, foram concedidas 363 bolsas de PDJ. No primeiro calendário de 2017, foram 2392 pedidos e 359 concessões.
Doutor em psiquiatria pela UFRGS, com temporada de estudos na Tufts University, nos EUA, o pesquisador Dirson João Stein, de 44 anos, tentou quatro editais de pós-doutorado desde abril, diante da falta de concursos na área. Não conseguiu aprovação em nenhum.
"Vejo como uma oportunidade de transição entre a vida estudantil e a vida profissional. Há possibilidade de praticar a docência, um dos principais pré-requisitos para a seleção de professores", considera. Assim como Ruy, Stein depende da família e, agora, faz freelancer como garçom para festas em São Leopoldo (RS).
Peso emocional
A psicóloga Inara Leão Barbosa, de 60 anos, que pesquisa desemprego desde 2003, destaca que um de seus efeitos psicossociais é o isolamento dos amigos e da família.
"É um sentimento de regressão, um impacto muito violento. Eles, que eram considerados tão inteligentes, passam a ser vistos como vagabundos que não querem trabalhar. Muitos voltam a morar com os pais e são tratados como adolescentes. Eles se culpam como indivíduos, esquecendo que a crise faz parte do sistema", diz Barbosa, professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Muitos doutores vão parar no subemprego. "E, se você não quiser (o subemprego), no momento de crise tem uma fila de gente que quer", afirma.
Professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), o historiador Rodrigo Turin, 38, diz que a academia está sendo pautada por conceitos como "produtividade", "inovação" e "excelência", respondendo a uma lógica de mercado.
"Já começaram a aparecer, inclusive, ofertas de postos não-remunerados, nos quais esses jovens acadêmicos são induzidos a pesquisar e dar aulas apenas para poder 'engordar' seus currículos e, assim, se tornarem mais competitivos", critica.
Essa "ideologia da excelência" é um dos pontos estudados por Lara Carlette, de 29 anos. Sua tese Universidades de classe mundial e o consenso pela excelência, defendida no Departamento de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em fevereiro, foi indicada ao Prêmio Capes pela originalidade do trabalho.
Ao propor um desdobramento de sua pesquisa para o CNPq, ela recebeu dois pareceres positivos e uma decisão negativa que, ironicamente, indicava falta de originalidade.
Segundo Carlette, os jovens doutores vivem impasses: por um lado, muitos passam anos na condição de bolsistas de dedicação exclusiva (o que proíbe vínculo empregatício, assim limitando a possibilidade de experiência docente); por outro lado, a experiência é cobrada nos concursos.
Na mesma linha, os acadêmicos precisam preservar a originalidade de suas teses (o que limita a publicação de artigos durante o doutorado), mas a produtividade (o número de publicações) é cobrada nos processos seletivos e nos editais.
"Pode parecer dramático, mas conviver com isso diariamente é torturante. Saber ler a conjuntura, e não individualizar a falta de oportunidades, é essencial", adiciona a pesquisadora, que já foi questionada inclusive pela juventude: foi chamada de "novinha" durante um processo seletivo.
"Depois da alegria e do alívio de defender uma tese, você está desempregado no dia seguinte. Título não paga aluguel."
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- 15/07/2018 - Temer retoma plano nuclear e governo prevê várias usinasExpansão no uso de energia atômica divide especialistas e ambientalistas
Expansão no uso de energia atômica divide especialistas e ambientalistas
Fonte: Folha de S. PauloO Palácio do Planalto elaborou a proposta de um programa que prevê ampliar a geração de energia nuclear no país, aumentar a exportação de urânio e dinamizar a mineração do setor.
O crescimento do uso de energia atômica divide especialistas e ambientalistas.
O documento, ao qual a Folha teve acesso, foi produzido pelo CDPNB (Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro), organismo vinculado ao Planalto e criado em 2008, durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, e alterado em 2017, no governo Michel Temer.
Há um ano, o presidente passou a coordenação do comitê da Casa Civil para o general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
O comitê é formado por representantes de onze ministérios. O general quer entregar o novo PNB (Programa Nuclear Brasileiro) ao Congresso até o fim deste ano, na forma de um projeto de lei.
Etchegoyen criou sete grupos de trabalho sobre o tema nuclear e convocou duas reuniões do comitê neste ano, a última no dia 5 de julho, na qual distribuiu a proposta da PNB.
A Folha apurou que o militar tem dito aos participantes que gostaria de construir várias usinas nucleares em diferentes partes do país e retomar a construção da usina de Angra 3, paralisada desde o escândalo de corrupção na obra, revelado pela Operação Lava Jato.
A proposta não detalha quantas e quais seriam as futuras usinas.
Em 2016, equipe da Eletronuclear, uma subsidiária da Eletrobras, visitou estados (Minas, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) com potencial para receber novas unidades, em viagens acompanhadas por fornecedores estrangeiros da iniciativa privada da China, dos Estados Unidos e da França.
Ambientalistas ouvidos pela Folha questionaram essa opção energética no momento em que outros países intensificam a adoção de energias renováveis.
"O Brasil tem um dos maiores potenciais do mundo para energia eólica e solar. Não existe a menor necessidade de o país investir em uma energia cara, perigosa, quando temos soluções que são verdadeiramente seguras", disse Thiago Almeida, representante do Greenpeace na área nuclear.
Além de prever a expansão da geração de energia nuclear, o artigo primeiro da proposta da PNB diz que ela é "limpa".
Segundo o representante do Greenpeace, há estimativas de que foram gastos R$ 300 bilhões para corrigir danos provocados pelos acidentes em Fukushima (2011) e R$ 1,5 trilhão em Chernobil (1986).
Há ainda custos para acomodar o lixo atômico e fazer a desmontagem das usinas, quando deixarem de ser produtivas.
O ativista Francisco Whitaker, que em 2006 recebeu o Prêmio Nobel Alternativo concedido pelo Parlamento sueco, disse que a proposta do governo significa "remar contra a maré e contra a história".
Ele lembra que diversos países estão abandonando a opção nuclear, como a Alemanha, que fará o desligamento de todas as usinas nucleares até 2022.
Para Aquilino Senra, professor do programa nuclear da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gradução e Pesquisa de Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a energia nuclear pode ser considerada limpa pela pouca emissão de gases de efeito estufa.
O professor questiona o momento de elaboração da política do Planalto, a apenas seis meses do fim do governo Temer.
Contudo, defende a ampliação de energia nuclear porque, segundo ele, o país usa pouco esse tipo de energia embora detenha tecnologia e matéria-prima suficientes, com a sexta maior reserva de urânio no mundo.
O físico e doutor em engenharia nuclear Ivan Salati, vice-presidente da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear), que reúne técnicos e pesquisadores do setor, afirmou que a energia nuclear "vem mantendo sua importância como energia de base, mesmo nos países mais desenvolvidos".
Em nota, o GSI afirmou que a nova PNB "terá caráter macro, amplo e com a finalidade de nortear o planejamento, as ações e as atividades nucleares e radioativas em todo o território nacional, em estrito respeito à soberania e em prol do interesse nacional, da proteção da saúde humana e do ambiente".
A Folha indagou por que o GSI passou, em 2017, a coordenar a discussão.
O órgão respondeu que o tema "afeta diretamente a segurança nacional" por ter caráter "estratégico e sensível, no âmbito nacional e internacional".
GOVERNO ACELERA PLANO PARA ENERGIA ATÔMICA
Missão dos grupos de trabalho
> Elaborar uma nova PNB (Política Nuclear Brasileira)
> Flexibilizar o monopólio da União na pesquisa e na lavra de minérios nucleares
> Flexibilizar o monopólio da União na produção de radiofármacos
> Elaborar uma proposta de Política Nacional de Medicina Nuclear
> Estudar "efetiva separação" entre as funções regulatórias da área nuclear das de fomento do órgão técnico voltado para tecnologia nuclear
> Dinamizar a mineração do setor nuclear
> Estudar o emprego de irradiação na indústria agropecuária. -
- 13/07/2018 - Reunião Anual da SBPC desembarca em AlagoasMaior evento científico da América Latina completa 70 anos e será realizado em Maceió pela primeira vez entre os dias 22 e 28 de julho
Maior evento científico da América Latina completa 70 anos e será realizado em Maceió pela primeira vez entre os dias 22 e 28 de julho
Fonte: Jornal da Ciência
Um mix de ciência, tecnologia, inovação, cultura e ensino. Durante sete dias, acadêmicos, cientistas, estudantes de todas as idades, setores governamentais e diversas entidades vão divulgar o que têm de melhor para toda a sociedade. Trata-se da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que, pela primeira vez, será em Maceió, nocampusda Universidade Federal de Alagoas (Ufal), entre os dias 22 e 28 de julho.
Este ano, o evento chega à sua 70ª edição e tem como tema Ciência, Responsabilidade Social e Soberania."A Ciência é essencial para o avanço do País e é por isto que a SBPC luta há 70 anos. A Responsabilidade Social é fundamental para que a ciência e a tecnologia produzidas sejam voltadas para um desenvolvimento sustentável – social, econômico e ambiental – e a Soberania, no mundo contemporâneo, está evidentemente conectada com o nível educacional, científico e tecnológico de um país. Sem desenvolvimento em Ciência, Tecnologia e Inovação [CT&I] não há soberania”, explicou Ildeu de Castro Moreira, presidente da SBPC.
O vice-reitor da Ufal e coordenador da comissão local do evento, José Vieira, revelou que o tema foi uma construção conjunta entre a instituição sede e a entidade nacional. "O mote para essa escolha foi o fato de a SBPC e da Andifes [Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior] serem as duas entidades civis que fazem parte do comitê que está discutindo a implantação no Brasil da Agenda 2030, que aponta a necessidade da responsabilidade social. Então, já tínhamos o mote da ciência, a responsabilidade social veio em função das entidades citadas e, como vivemos um momento politico bastante sensível em que o desenvolvimento da CT&I tem sofrido contingenciamentos, o debate da soberania vem apontar: como o país poderá se manter soberano, sustentável e se desenvolver se não investe em ciência?”, questionou.
O diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), professor Fábio Guedes, reforçou a visão de Vieira e disse que o tema faz grande referência às condições atuais do Brasil. "O país que sonha em ser independente tecnologicamente ou depender menos de outros, garantir a segurança nacional de suas formas mais avançadas de produção e, também, agregar valor às riquezas, deve pleitear graus maiores de soberania. Acredito que a escolha foi bem apropriada e ganhamos muito por discutir, em Alagoas, temas tão importantes e de abrangência nacional”, declarou.
Importante parceira do evento, a Fapeal foi a grande responsável por trazer a Reunião da SBPC para Maceió numa iniciativa pioneira: a ideia partiu da própria Fundação quando, geralmente, o pedido é feito pelas universidades. "A Fapeal buscou a Ufal para que ela pudesse ser a executora desse projeto e eles, de pronto, aceitaram o desafio. De lá pra cá, temos participado de praticamente todas as reuniões e apoiando-a em suas demandas”, revelou Guedes.
Ciência, Tecnologia e Inovação: um direito de todos
As reuniões da SBPC têm o objetivo de debater políticas públicas nas áreas de CT&I e difundir avanços da Ciência em diversas áreas do conhecimento para a população. Com base nisso, o presidente da entidade comentou sobre a importância de se melhorar a educação pública e, em especial, a educação científica no País, algo que ele classificou como grande desafio e reforçou que é direito de cada brasileiro, principalmente dos jovens, ter a oportunidade de adquirir conhecimentos e práticas básicas, bem como de informações sobre CT&I.
"Não só deseu funcionamento, mas também seus riscos e limitações. Isto lhes dá condições de entender melhor o seu entorno, ampliar suas oportunidades profissionais e lhe possibilita uma atuação cidadã mais qualificada”, disse Ildeu Moreira.
Em Alagoas, o avanço em CT&I já é realidade. Dados divulgados pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), durante o Seminário dos Coordenadores Regionais da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), ocorrido em setembro de 2017 em Brasília, apontaram que, em 2015, o Estadoocupava a 23ª colocação em ações de popularização da ciência e agora se posiciona em 8º lugar.
"O salto em ações dessa temática demonstra para nós que isso é uma realidade, que precisamos reforçar ainda mais e continuar apoiando. É importante, também, pois mostramos o potencial do Estado e que a CT&I não é uma coisa tão distante de nós alagoanos”, explicou Fábio Guedes.
Já na visão de Ildeu Moreira, a Ufal e a Fapeal têm desempenhado papeis decisivos para esse desenvolvimento em Alagoas. "O avanço da CT&I no Estado tem sido, de fato, bastante significativo e é importante que prossiga este crescimento na produção científica e que o sistema estadual de CT&I se consolide cada vez mais. A Reunião Anual da SBPC pode ajudar em dar mais visibilidade ao que já se tem feito e também possibilita um debate mais amplo sobre a situação de ciência, educação, tecnologia e inovação no País e sobre como Alagoas se insere e participa deste esforço permanente de aprimoramento da ciência”, apontou.
O professor José Vieira salientou que o fato de Alagoas vir formando e recebendo maior número de doutores – seja pela expansão da Ufal como pela consolidação das universidades estaduais – e o trabalho realizado pela Fapeal no sentido de dar transparência a editais voltados ao estímulo do desenvolvimento da pesquisa também explicam o recente avanço em áreas de CT&I.
"A Universidade Federal tem cumprido o papel de renovar seus quadros, expandir com novos cursos e novos projetos, as estaduais também consolidando seu quadro e de certa forma, talvez numa proporção menor, as particulares. A pesquisa, independente de onde esteja, atinge a todos de modo geral.”
Quinze mil pessoas respirando ciência
Com expectativa de receber cerca de 15 mil pessoas nos sete dias de evento, a 70ª Reunião Anual da SBPC no campus da Ufal terá atrações para todos os públicos. Serão conferências, mesas-redondas, encontros, minicursos e sessões de pôsteres com pesquisadores locais e nacionais, que discutirão temas da ciência e da realidade brasileira, da região e muitos outros assuntos. O professor José Vieira adiantou que a programação recém-divulgada perpassa o modelo de temas transversais, de diferentes áreas do conhecimento e instituições. "E esses temas estão sendo construídos em função do tema central, mas também em função das quase 140 sociedades acadêmicas que compõem a SBPC têm promovido nos seus respectivos campie em relação ao atual momento em que o país vive”, complementou.
Ele falou também sobre os diversos eventos paralelos que acontecerão no Campus A.C. Simões e que compõem a Reunião. "Temos a ExpoT&C, uma exposição composta por estandes em diferentes instituições de pesquisa ou ligadas à pesquisa, que apresentam trabalhos e novidades num espaço apropriado para apresentar o que está se desenvolvendo nas suas respectivas áreas à sociedade e ao empresariado, promovendo uma troca de experiências de altíssimo nível”, disse.
Um estande de quase dois mil metros quadrados com feiras de ciências e experimentos dos mais diversos terá a missão de atrair o público para a SBPC Jovem. "É a ideia do ‘aprender fazendo’, do laboratório, com várias coisas acontecendo: experimentos da química, da física, da saúde, das ciências agrárias, o observatório de ciência, microscópios, experiências com reagentes, enfim, tudo vai acontecer e a gente espera receber a comunidade da rede pública, dos ensinos fundamental e médio e da rede particular também”, contou Vieira
A SBPC Cultural, segundo o vice-reitor, vai trabalhar com diversos elementos da cultura popular alagoana e artística. "Vamos construir, inclusive, um anfiteatro e um palco para apresentações de diferentes grupos no âmbito do teatro, dança, musica. Muito provavelmente vamos trazer a nossa Orquestra Sinfônica, o Coro da Universidade [Corufal] e a comunidade que vive aqui no entorno e nem sempre tem acesso a esses equipamentos, vão ter essa chance. O desafio é trazer, divulgar e reforçar que todos poderão entrar gratuitamente para disfrutar disso”, destacou.
Também haverá a SBPC Afro-Indígena, considerada por Vieira um grande diferencial por envolver comunidades quilombolas e remanescentes indígenas do Estado. "Isso é muito significativo, pois estamos num contexto recente em que a Serra da Barriga foi tombada como patrimônio cultural do Mercosul e evoca toda uma história de resistência, tanto de ex-escravos como de indígenas que nesse contexto da expansão do açúcar e da cultura canavieira acabaram incorporados a esse setor produtivo de forma coercitiva, mas resistindo de diversas formas, inclusive com os famosos mocambos, quilombos”, comentou.
Haverá, também, espaço para apresentação dos 1,2 mil trabalhos científicos. "As pessoas submeteram os trabalhos, o conselho científico fez a seleção e terão a chancela das entidades que compõem a SBPC. Então, esses jovens cientistas ou cientistas seniores, farão as apresentações e o material ficará disponível à sociedade”, completou.
Evento terá programação nos trêscampida Universidade
Por conta da grande demanda das licenciaturas, a SBPC Educação será feita três dias antes do início da Reunião Anual nos trêscampida instituição. "A Ufal tem trêscampi[A.C. Simões, em Maceió, Arapiraca e do Sertão, em Delmiro Gouveia] e em todos eles temos essa demanda. Por conta disso, decidimos fazer nos três. Será de forma mais compacta, nos dias 19, 20 e 21 de julho, mas com o mesmo modelo: uma conferência de abertura e mesas-redondas focadas nas metodologias de ensino, ou seja, vai ser um evento focado no ensino e para o público que está ligado à educação e à sala de aula. E vamos convidar profissionais de todos os municípios do entorno doscampipara participar”, explicou.
Além disso, a variada programação científica e as mesas-redondas também ocorrerão em diversos pontos do Campus A.C. Simões, em Maceió. As mesas, de caráter interdisciplinar e interinstitucional, servirão para, além do debate, formular políticas públicas. "Vamos ter uma sobre a sustentabilidade do Rio São Francisco e teremos pesquisadores de diferentes instituições e áreas do conhecimento para debater a sustentabilidade do Rio em razão da transposição, da revitalização e sobrevivência das comunidades ribeirinhas. O modelo favorece o debate, a interdisciplinaridade, a interinstitucionalidade e o encontro de áreas do conhecimento que tem ângulos de abordagem diferentes. A ideia é que essas mesas possam contribuir para o país avaliar determinadas políticas públicas ou construí-las”, salientou Vieira.
E que tal uma mini Bienal do Livro? "Vamos organizar uma pequena feira no Centro de Interesse Comunitário [CIC], ao lado da nossa Edufal [Editora da Ufal]. Algumas editoras já foram contatadas, a gente espera que outras se aproximem e, simultaneamente, serão lançados livros em parceria com a nossa Editora e com a Imprensa Oficial Graciliano Ramos”, complementou o professor.
Pensa que acabou? Além de tudo isso, outras atrações também farão parte da comemoração dos 70 anos da SBPC. "Teremos uma exposição sobre a SBPC dentro do Congresso Nacional e em diversas cidades, a publicação de materiais de divulgação da SBPC, palestras, vídeos e um livro comemorativo. Usaremos muito as redes sociais para isto e estamos convidando a todos, que já participaram em algum momento da SBPC, a gravarem vídeos ou depoimentos curtos com o mote:A primeira SBPC a gente nunca esquece”, revelou Ildeu Moreira.
Atividades lúdicas para ensinar
Com o temaMeio ambiente, Tecnologia e Sustentabilidade, diversas atividades serão realizadas no estande da Fapeal, que dispõe de 200 m² e contará com três áreas de programações específicas e um quarto para atendimento ao público e esclarecimento de dúvidas.
Os espaços irão convergir em atrações imersivas e tecnológicas, como realidade aumentada e projeção de vídeo em sala escura, mas sem perder o lado lúdico: contação de histórias, oficinas depapercrafte atividades de educação ambiental estão programadas para acontecer pelas manhãs e tardes do dia 23 até o dia 28.
Um deles é a área infantil, inspirada nos biomas do semiárido e com uma decoração que remete ao agreste e à caatinga de Alagoas e que terá o maior número de atividades. A maioria ofertada pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) com o tema Alga não é lixo, curiosidades sobre a fauna e flora alagoana, o tráfico e a criação legal de animais silvestres, exposição de cobras e serpentes, oficina de frutos secos, entre outras. Há atividades tanto para o público infantil quanto para jovens e adultos.
O estande também vai ter caracterização do fundo do mar e trará a tecnologia da realidade aumentada. Quem participar poderá manipular, por meio de um aplicativo para as telas de TV, quatro espécies da fauna subaquática da orla de Maceió. Este material é inspirado no trabalho fotográfico do biólogo e bolsista da Fapeal Juliano Fritsch, que atua no IMA, com o reconhecimento e preservação destas espécies.
Já a terceira sala é a única totalmente fechada e permitirá entrada e saída de um grupo de pessoas para uma experiência imersiva de projeção de vídeo em 360 graus. Em pauta, a degradação ambiental provocada pela ação humana, na intenção de fazer repensar as questões de responsabilidade sobre suas consequências e revelando respostas buscadas para desacelerar este complexo.
Além da Fapeal e do IMA, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), a Imprensa Oficial e a Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve) adicionam conteúdos específicos à programação. "Montamos esse estande permite a participação da população alagoana com atividades lúdicas e interativas. E privilegiamos o meio ambiente por termos uma diversidade natural, tanto da fauna quanto da flora, que casa muito bem com o tema da ciência e da tecnologia”, explicou.
Evento é gratuito!
A 70ª Reunião Anual da SBPC será completamente aberta ao público. Mas, para aqueles que tiverem vontade de frequentar um minicurso ou obter certificado de participação geral com um material das atividades, ainda podem se inscrever na secretaria do evento, a partir do dia 22.
"A Universidade vai ser toda ocupada, inclusive vamos redefinir o trânsito no Campus A.C. Simões. A gente sabe que os olhos do Brasil estarão focados em Alagoas, tanto da comunidade científica como os da política nacional. Por isso, queremos que esta Reunião seja a mais responsável socialmente e a mais socialmente referenciada”, afirmou o vice-reitor da Ufal, José Vieira.
Para saber os detalhes sobre a programação acesse o site do evento ou acompanhe ainda os perfis nas redes sociais@sbpcnaufal do Instagram e Facebook.
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- 12/07/2018 - Cientistas testam primeira radiografia 3D e a coresProduto usa tecnologia do Cern e promete avanços
Produto usa tecnologia do Cern e promete avanços
Fonte: Época
A primeira radiografia 3D e a cores de um ser humano já é realidade. Capaz de revelar até a composição química de tecidos humanos como um microscópio, o equipamento será testado pela primeira vez em uma clínica, com o objetivo de oferecer diagnósticos mais certeiros e tratamentos personalizados.
A máquina foi idealizada pela companhia da Nova Zelândia Mars Bioimaging, graças a um scanner especial que usa o revelador Medipix, desenvolvido pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, para ir atrás do Bóson de Higgs.
O primeiro a prová-la foi o fundador da Mars Bioimaging, Phil Butler, que a testou em seu próprio corpo. Na foto da radiografia, um relógio aparece em torno de um pulso de ossos brancos e músculos vermelhos, em detalhes surpreendentes.
Butler é físico da Universidade de Canterbury e desenvolvedor do scanner. Ele realizou o teste junto ao seu filho, Anthony, radiólogo e professor nas universidades de Canterbury e Otago.
"Os primeiros resultados desse estudo sugerem que, quando forem usadas em clínicas, as imagens espectrais permitirão diagnósticos mais assertivos e tratamentos personalizados", explica Anthony.
A máquina combina informações espectostrópicas obtidas do raio-X com potentes algoritmos que geram imagens tridimensionais: as cores representam diversos níveis de energia das fotos do raio-X, permitindo identificar os diversos componentes do corpo humano, como a gordura, o cálcio, a água e marcadores que "vigiam" doenças.
No passado, uma versão menor do scanner já foi testada para estudar tumores, ossos e doenças cardiovasculares.
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- 08/07/2018 - Marcha Pela CiênciaFonte: Agência FapespEm comemoração ao Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Instituto Moreira Salles (IMS) convidam pesquisadores e público geral para participar de uma série de atividades e para se juntar à Marcha pela Ciência, no dia 8 de julho de 2018, em São Paulo.
As atividades começam às 10 horas, no IMS (av. Paulista, 2424, Bela Vista, São Paulo), onde ocorrerá uma intervenção comemorativa ao septuagenário da SBPC, com a apresentação musicalCiência e Música, de Maurício Pereira, e um flash mob do grupo Núcleo Arte Ciência no Palco.
A comemoração será seguida da Marcha Pela Ciência, que parte às 12 horas do IMS até o cruzamento com a av. Brigadeiro Luís Antônio. A atividade contará com a participação de bonecos de Olinda, representando quatro grandes cientistas: o físico Albert Einstein, o geógrafo Aziz Nacib Ab'Saber, a psiquiatra Nise da Silveira e o físico José Leite Lopes.
Além de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador já têm atividades programadas em comemoração ao Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador.
Mais informações: http://portal.sbpcnet.org.br/dia-nacional-da-ciencia/.
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- 05/07/2018 - Organismos reguladores de atividades nucleares se reúnem no BrasilFórum Iberoamericano de Organismos Reguladores Radiológicos contou com a participação de dez países no encontro realizado em Brasília.
Fórum Iberoamericano de Organismos Reguladores Radiológicos contou com a participação de dez países no encontro realizado em Brasília.
Fonte: MCTIC
Criado em 1997 para promover o alto nível de segurança em todas as práticas e atividades que envolvam fontes de radiação ionizante e materiais nucleares, o Fórum Iberoamericano de Organismos Reguladores Radiológicos e Nucleares realiza nestaquinta(5) esexta-feira (6) sua 23ª reunião em Brasília com a participação de representantes dedezpaíses: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, México, Paraguai, Peru e Uruguai.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) é a atual presidente do Fórum, posição assumida em7 de julhode 2017. Diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear, Alexandre Gromann, representou o presidente do Fórum, Paulo Roberto Pertusi, no encontro.
"O Fórum é de carátertécnico, reúne dez países e tem como objetivo congregar todo conhecimento técnico na área de segurança nuclear. Outra função é dar mais visibilidade e transparência ao que está sendo feito pelos países participantes”, explicou Gromann.
Ele destacou ainda a colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica. "O Fórum gera documentos técnicos, que, na maioria das vezes, também são aprovados pela Agência Internacional de Energia Atômica. Eles têm um representante que participa das reuniões e faz o acompanhamento das atividades.”
No primeiro dia de reunião, foi aprovado o plano de ação para os próximos dois anos. Nestasexta-feira, será realizada a cerimônia de transmissão da presidência do Fórum para o Chile.
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- 05/07/2018 - Desastre de Chernobyl pode ter causado 20 mil casos de câncer de tireoide, conclui estudoComitê científico sobre os efeitos da radiação atômica revelou que um quarto de todos os casos de câncer de tireoide entre pacientes que eram crianças na época do acidente de Chernobyl, há 32 anos, são provavelmente uma consequência das altas doses de radiação recebidas durante e após o desastre.
Comitê científico sobre os efeitos da radiação atômica revelou que um quarto de todos os casos de câncer de tireoide entre pacientes que eram crianças na época do acidente de Chernobyl, há 32 anos, são provavelmente uma consequência das altas doses de radiação recebidas durante e após o desastre.
Fonte: ONU/BR
O Comitê Científico sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR) revelou que um quarto de todos os casos de câncer de tireoide entre pacientes que eram crianças na época do acidente de Chernobyl, há 32 anos, são provavelmente uma consequência das altas doses de radiação recebidas durante e após o desastre.
Cerca de 20 mil casos de câncer de tireoide foram registrados entre 1991 e 2015, envolvendo pessoas que tinham menos de 18 anos em 1986 e que viviam nas áreas afetadas da antiga União Soviética, de acordo com o novo estudo do Comitê.
O Comitê estima agora que um em cada quatro desses casos é atribuível à exposição à radiação nuclear.
"O câncer de tireoide tornou-se um grave problema após o acidente de Chernobyl e mais pesquisas são necessárias para que possamos entender melhor as consequências a longo prazo”, disse o presidente da UNSCEAR, Hans Vanmarcke.
A explosão na usina nuclear de Chernobyl em 26 de abril de 1986 espalhou uma nuvem radioativa em grande parte da antiga União Soviética, onde atualmente envolve Belarus, Ucrânia e Rússia. Quase 8,4 milhões de pessoas nessas áreas foram expostas à radiação.
Cerca de 116 mil pessoas foram removidas da área na época e outras 230 mil foram evacuadas nos últimos anos.
Em 8 de dezembro de 2016, a Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução que definiu o dia 26 de abril como o Dia Internacional de Lembrança do Desastre de Chernobyl.
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- 05/07/2018 - Cerca de 5 mil pessoas morrem por ano por falta de radioterapiaBrasil tem menos de 60% da quantidade total de aparelhos necessária para tratar câncer de toda a população; região Norte é a mais deficiente
Brasil tem menos de 60% da quantidade total de aparelhos necessária para tratar câncer de toda a população; região Norte é a mais deficiente
Fonte: R7
Cerca de 5 mil pessoas morrem de câncer no Brasil todo ano por falta de aparelhos para o tratamento de radioterapia.O dado é da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
De acordo com o radio-oncologista Arthur Accioly Rosa, esse número pode ser maior. "O número é uma estimativa feita levando-se em consideração as taxas de incidência de câncer para o ano de 2016 fornecidas pelo INCA, mas a realidade é que o número de vítimas da falta de radioterapia pode ser bem maior”.
A radioterapia, junto com a cirurgia e a quimioterapia, é uma das principais formas de tratamento para combater o câncer. De acordo com a SBTR, seis em cada dez pacientes diagnosticados com câncer no Brasil terão, em algum momento, a indicação de radioterapia, seja para o tratamento curativo ou para o tratamento paliativo.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 600 mil pessoas devem confirmar o diagnóstico de câncer este ano. "Considerando este número, pelo menos 360 mil pessoas vão precisar de radioterapia para combater a doença”, afirma oo radio-oncologista.
Ele explica que o problema é que não existem máquinas, ou aceleradores lineares, em número suficiente para tratar todos que precisam.
A recomendação da SBRT é que cada acelerador possa atender cerca entre 450 e 600 pacientes por ano. Sendo assim, seriam necessárias entre 600 e 800 máquinas espalhadas pelo país.
Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), há 371 aceleradores lineares em funcionamento no Brasil, destes, 259 estão na rede pública de saúde. Isso significa que existe uma carência de pelo menos 40% na oferta de máquinas.
Existe, ainda, outro problema: a otimização das máquinas existentes. O levantamento feito pela SBRT mostra que cada máquina rende 70% do que deveria.
"Além de sucateados, os equipamentos estão distribuídos de forma desigual entre os Estados, estando concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Os Estados do Amapá e de Roraima nem possuem essas máquinas”, afirma o presidente da SBRT.
A espera pelo início do tratamento também interfere no número de mortes. Entre os pacientes que precisam fazer o tratamento pelo SUS, apenas 16% iniciam o procedimento em até 30 dias; o tempo médio de espera é 113,4 dias.
Accioly acredita que o problema começa na falta de investimentos e segue pela falta de estrutura e conhecimento técnico para a instalação das máquinas.
"A implantação de infraestrutura de radioterapia é demorada, principalmente se gerenciada pela iniciativa pública. Das 80 máquinas compradas pelo Ministério da Saúde em 2013, menos de 10% estão instaladas até o momento, falta pessoal para instalar e operar os equipamentos”, analisa o especialista.
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- 05/07/2018 - Professor da USP Ernst Wolfgang Hamburger morre aos 85 anosFísico nuclear foi um dos criadores do Laboratório de Demonstrações do Instituto de Física da USP e diretor da Estação Ciência
Físico nuclear foi um dos criadores do Laboratório de Demonstrações do Instituto de Física da USP e diretor da Estação Ciência
Fonte: Jornal da USP
Na última quarta-feira, 4 de julho, em São Paulo, morreuErnst Wolfgang Hamburger, professor aposentado do Instituto de Física (IF) da USP.Nascido em Berlim, Alemanha, em 8 de junho de 1933, ele era de família judaica e veio para o Brasil aos três anos de idade, em 1936, época da ascensão nazista.Graduou-se em Física na USP, em 1954, e virou professor da Universidade. Casou-se com a também cientista e física Amélia Hamburger, sua colega da Universidade, com quem teve cinco filhos. Como aluno, ajudou na montagem do acelerador eletrostático Van der Graaff, do IF, e sua área de pesquisa era física nuclear.
Em 1959, fez seu doutorado na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.Entre 1994 e 2003, Hamburger foi diretor da Estação Ciência da USP, museu interativo de ciência que funcionava na cidade de São Paulo. Em 2000, recebeu o prêmioKalinga,concedido pela Unesco, por seu trabalho de divulgação e popularização da ciência.
A produção do conhecimento, a educação e a divulgação científica no Brasil contaram com importante contribuição do professor. Pensando na popularização da física, no final da década de 1970, ele idealizou oLaboratório de Demonstraçõesdo Instituto de Física da USP.
Chamado de Prateleira de Demonstrações, à época, desempenhou papel importante para as disciplinas básicas de física, principalmente para o IF e a Escola Politécnica (Poli) da USP, dando assistência didático-pedagógica aos professores que as ministravam.
Em dezembro de 2017, ocorreu no IF um evento em homenagem ao professor Hamburger, organizado pela equipe do laboratório que leva seu nome. Confira o vídeo aqui. Como afirmou o diretor do instituto, Marcos Nogueira Martins, o espaço é uma construção coletiva baseada num impulso inicial de Hamburger. "Sem ele, o laboratório não existiria.”
Durante a cerimônia, o físico se disse muito emocionado, agradeceu a presença de todos dizendo que a homenagem simbolizava todos os sucessos e os fracassos do IF. "E os sucessos são muito maiores que os fracassos”, concluiu.
O projeto do laboratório surgiu pelo entendimento de que a experimentação é elemento fundamental para o aprendizado. "O interativo é também motivacional, o que na graduação em física é especialmente importante, já que se trata de um curso com altas taxas de evasão”, declarou o professor José Goldemberg durante a homenagem.
Hoje, o Laboratório de Demonstrações conta com mais de 400 equipamentos e experimentos de demonstrações. Os materiais estão dispostos em mesas e estantes temáticas – mecânica, ótica, termodinâmica, eletromagnetismo, fluidos e ondas. No catálogo on-line, cada experimento é apresentado junto de uma breve descrição, foto e, em alguns casos, vídeo.
O professor Hamburger ainda recebeu o prêmio José Reis de Divulgação Científica e a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em dezembro de 2013 recebeu o título de Cidadão Paulistano, outorgado pela Câmara Municipal de São Paulo, "em reconhecimento à sua carreira e esforços para a difusão do conhecimento científico”.
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- 04/07/2018 - Japão aprova reativação de central nuclear afetada por tsunami de 2011O regulador nuclear japonês iniciou hoje o primeiro passa para a reativação de uma central nuclear com quase 40 anos no Japão, afetada pelo terremoto e"tsunami" de 2011 que desencadeou a crise nuclear de Fukushima
O regulador nuclear japonês iniciou hoje o primeiro passa para a reativação de uma central nuclear com quase 40 anos no Japão, afetada pelo terremoto e"tsunami" de 2011 que desencadeou a crise nuclear de Fukushima
Fonte:Notícias ao Minuto
Autoridade de Regulação Nuclear do Japão deu hoje 'luz verde' para aumentar a vida útil da central nuclear de Tokai Daini, situada a 130 quilómetros a nordeste de Tóquio, na prefeitura de Ibaraki, contudo esta ainda terá de passar as próximas duas avaliações do regulador e obter as autorizações necessárias das autoridades locais.Em 11 de março de 2011, um terramoto de magnitude 9 na escala aberta de Ritcher e o posterior 'tsunami' arrasaram a região de Tohoku e causaram também na central de Fukushima Daiichi o pior acidente nuclear desde Chernobil (Ucrânia), em 1986.
A central de Tokai Daini sofreu um apagão automático de emergência depois do tsunami que causou mais de 18 mil mortos e desaparecidos.
Dois dos três geradores de energia de emergência da central de Tokai Daini mantiveram-se operacionais e permitiram o arrefecimento do reator nos dias a seguir ao desastre.
A central, que foi desativada depois do acidente, fez parte do apagão nuclear do Japão que se prolongou durante os anos seguintes à crise de Fukushima.
Depois do acidente, o regulador nuclear japonês reforçou as regras e procedimentos de segurança, que em princípio proíbem o funcionamento de reatores com mais de 40 anos.
Segundo o regulador nuclear, entre as medidas apresentadas pela proprietária da central, a Japan Atomic Power, encontra-se o reforço das fontes de energia e a construção de diques costeiros, de modo a prevenir possíveis tsunamis com ondas de cerca de 17 metros.
A companhia proprietária da central não apresentou nenhum plano de evacuação em caso de emergência, o que afetaria cerca de 960 milhabitantes da área metropolitana japonesa.
A central recebeu hoje a primeira autorização, mas terá ainda de obter as aprovações seguintes nas duas avaliações a realizar pelo regulador em novembro, quando a central completar 40 anos.
Tokai Daini também necessita de receber a autorização das autoridades municipais para iniciar as operações, o que não irá acontecer até 2021, ano em que se estima que as novas medidas de segurança estejam implementadas na sua totalidade.
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- 04/07/2018 - Startup cria ferramenta para reduzir o trânsito na saída escolarResidente na Incubadora USP/IPEN - Cietec, a New Midia traz um mural digital integrado ao celular que avisa quando os pais estão chegando para buscar os filhos
Residente na Incubadora USP/IPEN - Cietec, a New Midia traz um mural digital integrado ao celular que avisa quando os pais estão chegando para buscar os filhos
Fonte: Site Segs
A New Midia, empresa residente na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/IPEN - Cietec, lança ferramenta que alivia o trânsito da saída escolar. Trata-se do Painel Saída de Alunos, um mural digital integrado com aplicativo no celular que avisa quando o carro do pai ou responsável estiver se aproximando da escolaComo funciona?
O responsável pelo aluno baixa o aplicativo no celular, define a distância que o aviso será enviado para a escola, habilita o recurso de localização por GPS e, assim que o veículo estiver se aproximando, o alerta será publicado na TV digital automaticamente, sem qualquer interação. Assim, quando o carro do pai estacionar, o filho já estará à sua espera, agilizando essa etapa.
Outras utilidadesO Mural Digital também pode ser usado para divulgar notícias da escola, eventos e outros conteúdos de comunicação, informar sobre a estrutura educacional disponível para pais e alunos, colaborar com a integração da comunidade acadêmica, substituindo os tradicionais quadros de avisos. Além disso, podem gerar conteúdos atualizados dinamicamente pela Internet, integrados às mídias sociais das escolas.
Sandra Janostiac, fundadora da New Midia, explica que a ideia da ferramenta surgiu para beneficiar tanto às escolas, quanto os pais e alunos, aliviando o trânsito nas imediações. "A ferramenta já foi implementada em colégios como o Marista Arquidiocesano, Jesus Maria José, em São Paulo e Ápice Eleva, em Jundiaí, que estão conseguindo mais agilidade na saída dos alunos e redução do trânsito”, afirma a empreendedora.
Vantagens para escolas: reduz o desperdício da merenda escolar através da adequação da preparação diária à quantidade de alunos efetivamente presentes; substitui a chamada para registro de presença de alunos; fornece informações sobre a circulação de alunos na escola, contribui para minimizar o risco de evasão de alunos.Vantagens para Hospitais: Apura indicadores para melhoria nos serviços prestados a pacientes, através da identificação de "gargalos” no processo de atendimento.
Vantagens para Empresas: Registra tempo de permanência nos locais e exibe conteúdos personalizados.
Projeto piloto em desenvolvimento: Catraca VirtualAlém do Painel Saída de Alunos, a New mídia desenvolve na Incubadora uma catraca virtual, para monitorar e liberar o acesso de pessoas em ambientes que controlam a circulação de pessoas para segurança, substituindo as tradicionais catracas físicas. A Catraca Virtual funciona por meio de dispositivos de IoT (Wi-Fi, Beacon, NFC ou QRCode), que interagem com uma plataforma de serviços, trazendo vários benefícios para escolas, hospitais e empresas.
Sobre o Cietec
O Cietec - Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, fundado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnológica. O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e serviços para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil. O Cietec é a entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN, onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos, são oferecidos serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento público, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.
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- 03/07/2018 - Westinghouse firma acordo para extensão de vida de Angra 1 e planeja atuar em Angra 3Fonte: Petronotícias
As últimas semanas têm sido intensas e de excelentes novidades para a Westinghouse. No exterior, a companhia conectou à rede elétrica da China a sua primeira usina nuclear AP 1000. No país asiático, o futuro é promissor, já que a empresa está desenvolvendo mais três reatores deste modelo para os chineses, num sinal claro de que o passado recente de dificuldades financeiras está sendo deixado para trás. Para o Brasil, os planos também são bastante consistentes. O presidente da Westinghouse para as Américas, David Howell, visitou o país pela primeira vez recentemente e sua vinda gerou excelentes frutos. Com a INB, a companhia americana fechou um acordo comercial para fornecimento de componentes para combustível nuclear para Angra 1. Já com a Eletronuclear, a Westinghouse assinou um contrato relacionado ao aumento de vida de Angra 1. "É uma extensão do que estamos fazendo nos Estados Unidos. Lá, existem 99 reatores em operação, dos quais mais de dois terços já estenderam sua vida de 40 anos para 60 anos. Isso é uma realidade nos EUA e pode ser feito no Brasil também.”, afirmou o vice-presidente da Westinghouse para a América Latina, Carlos Leipner (foto). O executivo declarou também que a empresa está atenta às futuras oportunidades que surgirão quando as obras de Angra 3 forem retomadas. "Não estamos envolvidos na construção em si, mas temos muito a contribuir com nossa competência e capacidade técnica. Eu sei que Angra 3 tem várias áreas que precisam ser desenvolvidas e nós temos capacidade para fazer”, disse.
Gostaria que o senhor começasse falando das novidades da Westinghouse para o Brasil.
O presidente da Westinghouse para as Américas, David Howell, nos visitou recentemente. Foi a primeira vez em que ele esteve no Brasil. Ele está no posto há pouco mais de um ano e tem mais de 36 anos dentro da Westinghouse. Então, é uma pessoa com bastante experiência. Ele veio com vários objetivos, um deles é monitorar o mercado e entender como está o setor nuclear no Brasil. Obviamente, teve reuniões com os principais stakeholders do Brasil. Nós também visitamos a Central Nuclear de Angra e foi muito positivo.
Celebramos novos acordos comerciais. Com a INB, temos um relacionamento de longa data e recentemente firmamos um contrato de fornecimento de componentes para combustível nuclear para Angra 1. É uma continuação de um trabalho que temos feito com eles. Temos muita experiência em colaborar com a INB no desenvolvimento de novas tecnologias. Trabalhamos juntos no desenvolvimento do novo combustível de Angra 1, que é o 16 NGF. Já qualificamos o pessoal da INB para prestar serviços para a Westinghouse. Eles hoje fazem serviços para a companhia nos Estados Unidos. É uma relação muito produtiva para ambos os lados.
Quais outros acordos foram assinados?
Com a Eletronuclear, firmamos um novo acordo relacionado à extensão de vida de Angra 1. Um trabalho que já estávamos fazendo com eles há muitos anos e agora estamos na etapa final, trabalhando junto com a Eletronuclear, em preparação da aplicação que eles vão ter que fornecer para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) no final do ano que vem para extensão de vida de Angra 1. Este é um trabalho extremamente importante e agradecemos a confiança que a Eletronuclear tem nos dado. Obviamente, a Westinghouse está muito bem posicionada por ser a fornecedora da tecnologia usada em Angra 1. Temos uma responsabilidade muito grande e estamos muito confiantes que isso vai trazer bons resultados.
É uma extensão do que estamos fazendo nos Estados Unidos. Lá, existem 99 reatores em operação, dos quais mais de dois terços já estenderam sua vida de 40 anos para 60 anos. Isso é uma realidade nos EUA e pode ser feito no Brasil também.
Qual sua perspectiva em relação dos negócios entre a Westinghouse e Eletronuclear?
Como eu disse, tivemos a oportunidade de visitar o sítio da Central Nuclear de Angra. Visitamos Angra 1 e Angra 3 também. Ali, obviamente, a Westinghouse continua bem envolvida na parte operacional, de reparos e apoio técnico à Eletronuclear. Temos a meta de continuarmos nessa posição. Essa foi parte da nossa conversa – manter e reforçar nosso compromisso de apoio técnico à Eletronuclear para a Central de Angra.
Poderia detalhar um pouco mais essa parceria para extensão de vida de Angra 1?
No trabalho que estamos fazendo em Angra 1 agora é uma fase. Uma vez a extensão de vida da usina sendo aprovada pela CNEN, haverá uma necessidade de investir na central para poder operar nos próximos 20 anos. Isso é um potencial muito grande. Sobre Angra 2, sabemos que é a mais nova central do Brasil, está em operação há quase 20 anos. Sabemos também que ela precisa de investimentos no futuro para continuar com a operação de forma segura e confiável, como já é hoje. Temos isso como uma grande oportunidade. No longo prazo, estamos olhando para as futuras centrais. Estamos todos na expectativa do Plano Nacional de Energia (PNE 2050). A empresa está monitorando para ver se haverá um sinal mais concreto e qual será a política energética para o futuro.
E como avalia o mercado nuclear no Brasil?
Nós continuamos monitorando a situação do setor no Brasil. A situação de Angra 3 continua delicada. A Eletronuclear continua tentando solucionar uma saída para finalizar o projeto. A Westinghouse tem uma posição consistente. Eu já havia comentado que nossa empresa tem a capacidade técnica e experiência de entrar em projetos que estejam no meio do caminho. Um exemplo disso é o de um reator na República Checa (Temelín unidades 1 e 2). São dois reatores que nós terminamos, no final da década de 90. Nós entramos nesse projeto ainda em andamento, desenvolvendo a parte de instrumentação e controle e design do combustível nuclear.
Como a empresa pretende participar da retomada de Angra 3?
Aqui no Brasil, a necessidade maior que a Eletronuclear tem é a parte comercial, pois precisam de financiamento. A Westinghouse não está numa posição hoje – e não faz parte do perfil da empresa – de financiar este tipo de projeto. Mesmo nos projetos de AP 1000 que temos em construção ao redor do mundo, não fazemos parte do financiamento. Isso, em contraste com nossos concorrentes, que não são empresas privadas e sim fazem parte de governos. Então, isso é um diferencial. Mas, continuamos interessados em participar de alguma maneira. Não será na parte de financiamento. Também não estamos envolvidos na construção em si, mas temos muito a contribuir por nossa competência e capacidade técnica. Eu sei que Angra 3 tem várias áreas que precisam ser desenvolvidas e nós temos capacidade para fazer. Isso vai depender muito do modelo que a Eletronuclear está tentando desenvolver. Continuamos interagindo com a Eletronuclear e outros parceiros e esperamos que no final que Angra 3 seja solucionada.
Como enxerga o potencial de crescimento dentro da América Latina?
Nós continuamos a ver o mercado do Brasil e da América Latina como uma área de crescimento para a Westinghouse. Essa é a razão pela qual restabelecemos escritório aqui há quatro anos. Vemos o mercado com muito potencial de crescimento, não só na parte das plantas em operação, mas também com a visão de novas usinas. Hoje, temos reatores no México, Brasil e Argentina dentro da América Latina e a Westinghouse é a única empresa com projetos ativos em todos os três mercados. Isso é um ponto de muito orgulho. Especificamente no Brasil, vemos uma oportunidade muito grande de necessidade de Angra 1 e Angra 2.
Qual a importância da energia nuclear para o país?
Nós vemos que a matriz energética do Brasil continua delicada. Não estamos numa crise energética porque o crescimento econômico está muito limitado. Mas todos nós vemos que teremos um crescimento econômico e isso vai demandar um fornecimento confiável de energia. Embora temos o papel das renováveis cada vez mais importante, precisamos também focar na energia de base. É a fundação da matriz energética do Brasil. Por isso, acho que a fonte nuclear tem um papel importante.
E que desafios enxerga dentro do setor atualmente?
O capital humano é uma preocupação muito grande da Westinghouse. Por isso, fechamos um acordo com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para concretizar trabalhos que já estávamos fazendo há anos, mas que agora estão documentados neste acordo. A ideia é fazer palestras, workshops e abrir oportunidades de estágio. Somos a única empresa privada até agora a contratar os novos formandos do curso de graduação de Engenharia Nuclear da UFRJ. Estamos muito orgulhosos disso. É uma maneira de contribuir.
Para concluir, tivemos recentemente a entrada na rede da primeira usina AP 1000. Poderia citar as vantagens que este reator poderia trazer ao Brasil?
O AP 1000 é um projeto que tem atraído muito interesse não só no Brasil, mas ao redor do mundo, por vários motivos. Primeiro porque é um reator que oferece segurança passiva. Sem precisar de auxílio do próprio operador, os sistemas podem assegurar a confiabilidade do reator de uma maneira segura. Em segundo lugar, pela forma que ele pode ser construído, por módulos. Isso tem um resultado de que precisamos ter um conteúdo local significativo para fazermos os módulos e componentes. A consequência econômica disso é uma geração grande de benefícios. Tenho muito a contar sobre o AP 1000, mas esses são os dois pontos mais importantes.
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- 29/06/2018 - Startups apoiadas pelo PIPE concluem treinamento em empreendedorismoFonte: Agência Fapesp
Claudia IziqueA Medicina Nuclear Campinas (MND), empresa de serviços em diagnóstico por imagem fundada em 1994, tem apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP para desenvolver um kit com formulação clínica para tratamento de câncer de próstata, que tem como base a proteína PSMA marcada com lutécio 177.
"Esse tratamento não cura o câncer, mas aumenta a sobrevida do paciente”, disse Celso Dario Ramos, especialista em medicina nuclear e diretor administrativo da MND Campinas.
A empresa testou o plano de negócios durante o 7º Treinamento em Empreendedorismo de Alta Tecnologia, junto com outras 20 startups com projetos aprovados na Fase 1 do Programa – de validação de uma ideia inovadora. O objetivo do treinamento é alinhar os projetos às demandas do mercado, aumentando as chances de sucesso da empreitada.
Durante as oito semanas do treinamento, a MND realizou 115 entrevistas com pacientes, médicos, empresas fornecedoras de insumo radioativo e definiu estratégias para contornar "barreiras” previamente identificadas para a implementação do negócio.
Como a empresa já tem permissão para trabalhar com material radioativo, o principal obstáculo estava na autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Já estamos prontos para fazer o primeiro teste de marcação e testar em animais. A Anvisa pode ser uma barreira no futuro. Antes, vamos demonstrar os benefícios do tratamento”, disse Ramos.
Os obstáculos para o acesso ao mercado se revelaram logo na primeira das 140 entrevistas feitas pela Cenamo Tecnologia – que utiliza tecnologia de internet das coisas (IoT) e aplicativo para smartphone para controle remoto de irrigação de plantas, batizado com o nome de Jarduino. "A entrevistada não demonstrou interesse pelo produto porque tinha o hábito de conversar com as plantas durante a rega”, disse Elcio Humphreys, diretor da empresa.
A constatação dessa relação "afetiva” de seus potenciais clientes com as plantas fez com que a empresa reavaliasse o seu plano de negócio – "Jarduino não é só para irrigação, mas um produto funcional” – e adiasse o projeto de colocar a mesma tecnologia a serviço da alimentação de pets.
Metodologia
O treinamento tem como base o programa I-Corps, concebido por Steve Blank, referência mundial nas abordagens Lean Startup e Customer Development, e adotado pela National Science Foundation (NSF) e National Institute of Health (NIH), entre outras agências federais norte-americanas.
Cada empresa participante do Treinamento em Empreendedorismo de Alta Tecnologia forma uma equipe com dois representantes, apoiada por um mentor e um comentor indicados pela FAPESP. Mentores e comentores são empresários com experiência de negócios e conhecimento do mercado, que acompanham e orientam as equipes participantes do Programa – sem qualquer custo para a Fundação.
"O sucesso de empresas de base tecnológica é fundamental para renovar a estrutura industrial de São Paulo e do país e para dar mais densidade tecnológica às empresas”, afirmou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente da FAPESP, à plateia de empresários que participou do 7º Treinamento.
O PIPE Empreendedor é coordenado por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, tendo Flávio Grynszpan, Hélio Graciosa e Marcelo Nakagawa como adjuntos.
Mais informações sobre o Treinamento do PIPE em Empreendedorismo de Alta Tecnologia:www.fapesp.br/pipe/empreendedor.
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- 28/06/2018 - Empreendedores precocesFonte: Agência FAPESP
Um relatório elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o empreendedorismo praticado por universitários ou recém-formados tem destaque em países como Canadá, Austrália, Índia e Brasil. Nessas nações, a proporção de estudantes que fundam empresas de base tecnológica, as startups, é superior a 10% do total de empreendedores – uma taxa superior a de países como Estados Unidos, Israel, Reino Unido e França.
A OCDE avaliou o perfil de startups registradas na base de dados Crunchbase, que reúne informações de aproximadamente 447 mil empresas inovadoras em 199 países. No caso do Brasil, contabilizaram-se apenas 290 startups, mas 12% delas tinham sido fundadas por estudantes de graduação ou recém-formados. Embora apresentem uma taxa de mortalidade expressiva, essas empresas servem como um termômetro da importância da inovação entre os jovens e chamam a atenção de grandes companhias interessadas em novos modelos de negócio.
Observou-se que, nos países analisados, os segmentos de jogos, transporte, educação e comércio on-line apresentam maior incidência de empreendedorismo estudantil. Não por coincidência, são áreas cujas inovações estão geralmente atreladas a softwares e aplicativos, e não exigem grande aporte de investimento para dar início às atividades. Já em setores como biotecnologia, saúde, energia e alimentos, as startups geralmente são criadas por pessoas mais experientes, que fazem ou concluíram a pós-graduação.
Rafael Ribeiro, diretor da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), enxerga uma conjunção de fatores para explicar o interesse dos estudantes ou recém-formados.
"Os jovens costumam ser mais tolerantes ao risco e isso faz com que possíveis fracassos os motivem a seguir adiante”, avalia. "Somado a isso, o cenário de crise econômica torna o empreendedorismo uma opção atraente e uma promessa de independência financeira.”
De acordo com o documento da OCDE, o empreendedorismo estudantil também desperta interesse graças ao sucesso de empresas que se tornaram líderes mundiais, como o Facebook, a Microsoft e a Apple. Embora consideradas casos excepcionais, elas foram iniciadas quando seus fundadores – Mark Zuckerberg, Bill Gates e Steve Jobs, respectivamente – ainda estavam na graduação, que não foi concluída por nenhum deles.
O cientista da computação João Machini, de 29 anos, tem no currículo três empresas que ajudou a fundar no final da graduação no Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP). A mais recente, criada há quatro anos, é a WorldPackers, uma startup que disponibiliza vagas de trabalho voluntário no mundo todo. "Trata-se de um sistema colaborativo de albergues, pousadas e ONGs [organizações não governamentais] em que os viajantes trocam diárias por serviços temporários”, explica.
A plataforma tem mais de 1 milhão de usuários, que pagam uma taxa anual de US$ 49 para utilizar o serviço. Filho de professores universitários, Machini cogitou seguir carreira acadêmica, mas desistiu quando ainda fazia iniciação científica. "O empreendedorismo é muito dinâmico. Para que uma nova ideia seja validada, é preciso estar próximo dos consumidores, e isso as startups fazem melhor do que as grandes firmas, que têm processos internos mais burocráticos.”
Uma tendência que ganhou impulso é o surgimento de programas criados por empresas como Microsoft, Google, Telefônica e Bradesco para acelerar o desenvolvimento de tecnologias em startups. "Grandes companhias têm interesse em conhecer e absorver novos modelos de negócio criados em empresas nascentes. Muitas delas, como Uber, Airbnb e Nubank, para citar uma brasileira, cresceram rapidamente a ponto de ameaçar mercados tradicionais”, explica Jaercio Barbosa, coordenador da Escola Superior de Empreendedorismo (ESE) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP). "Programas de aceleração estimulam os jovens a criar empresas”, observa Barbosa.
A disponibilidade de incubadoras de empresas em universidades também tem um papel importante. "Os estudantes encontram nesses ambientes apoio institucional e orientação para aplicar conhecimento na forma de consultorias de tecnologia, administração e formatação comercial”, explica Guilherme Ary Plonski, coordenador científico do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP.
Criar uma startup durante a graduação, no entanto, pode se revelar uma decisão precoce e açodada, ressalva Mariana Zanatta Inglez, gerente da Incubadora de Empresas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Há casos de alunos que não conseguem conciliar os estudos com a vida de empreendedor”, diz. "Isso pode prejudicar a formação do estudante, que ainda não está maduro o suficiente para comandar uma empresa.”
Alex Matioli, de 27 anos, cursa administração de empresas na Unicamp e divide o tempo entre as aulas, o emprego em uma luderia – um bar especializado em jogos de tabuleiro – e a Rubian, startup que fundou em 2015. "O objetivo é desenvolver extratos bioativos para aplicação em cosméticos e nutracêuticos, um tipo de suplemento alimentar.” A empresa realiza pesquisas com urucum e maracujá em parceria com a Unicamp, com apoio do programa PIPE, da FAPESP.
Para o estudante, um obstáculo que precisou superar foi a falta de recursos para tirar a empresa do papel. "Não queria contar apenas com a ajuda financeira dos meus pais, por isso comecei a trabalhar em um bar e a juntar dinheiro. Também foi fundamental a ajuda de um mentor empresarial, que se tornou sócio e investidor da Rubian.”
Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Sebrae revela que apenas 28,4% dos estudantes cursaram na universidade uma disciplina relacionada ao empreendedorismo e, entre as que oferecem tais matérias, pouco mais da metade trata mais de reflexões sobre "ter inspiração” do que apresenta conhecimento prático. "O Brasil tem poucas escolas com a missão de formar empreendedores”, sublinha Jaercio Barbosa, da ESE Sebrae-SP.
Outro estudo realizado em 2016 pelas universidades de Berna e St. Gallen, na Suíça, aplicou um questionário a mais de 122 mil estudantes de mil universidades em 50 países. Observou-se que 80,3% dos alunos pretendiam trabalhar como funcionários imediatamente após concluírem a graduação. Apenas 8,8% demonstraram vontade de fundar a própria empresa ao terminarem os estudos. No entanto, 38,2% disseram que abririam um negócio depois de cinco anos de formados – tempo suficiente para fazer uma pós-graduação ou adquirir experiência no mercado de trabalho.
Maturidade
Vinícius Freitas, aluno de administração de empresas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), fez estágio de dois anos no mercado financeiro antes de fundar uma empresa. "Trabalhei com gente mais experiente e isso acelerou meu aprendizado. Se tivesse empreendido sem passar pelo estágio, as chances de meu negócio falhar seriam maiores.” Aos 24 anos, Freitas é um dos sócios da LiveHere, startup com sede em Campinas que faz a mediação entre proprietários de imóveis e estudantes. "Temos uma plataforma que simplifica a contratação de aluguéis, sem que os estudantes precisem apresentar fiador ou cheque caução para alugar um imóvel”, explica.
O levantamento da OCDE mostra que em países mais desenvolvidos, como Suíça, Dinamarca, Alemanha e Estados Unidos, a proporção de startups criadas por pessoas com doutorado é bem maior do que no Brasil. Nos Estados Unidos, empresas fundadas por indivíduos em torno dos 40 anos costumam dar mais certo do que aquelas concebidas por estudantes, na casa dos 20 anos, segundo estudo publicado em abril por pesquisadores do MIT e da Universidade de Northwestern no repositório do National Bureau of Economic Research (NBER).
"Empreendedores mais maduros geralmente têm um olhar mais especializado, que é fundamental para desenvolver inovações mais robustas”, observa Lucimar Dantas, gerente da Incubadora de Empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).
No Brasil, boa parte dos empreendedores estudantis ainda não completou ou tem apenas o bacharelado, como mostra a OCDE. "Isso influencia negativamente o teor de inovação tecnológica da empresa”, explica Fabio Kon, professor de empreendedorismo digital do IME-USP e membro da Coordenação Adjunta de Pesquisa para Inovação da FAPESP. Para ele, não é o caso de desencorajar os estudantes mais novos a criar startups. Mas argumenta que é preciso discutir abertamente as limitações do modelo de empreendedorismo estudantil porque a mortalidade dessas empresas costuma ser maior e pode atrapalhar o desempenho acadêmico do estudante.
Rafael Ribeiro, da ABStartups, observa que o caminho para os empreendedores muito jovens é árduo. "Muitos tendem a falhar quando não têm mentoria e ajuda adequada”, diz Ribeiro. "Todo aluno deve aprender a se relacionar com a comunidade de startups para encurtar a sua curva de aprendizagem e conseguir validar seu produto ou serviço no mercado consumidor.”
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- 27/06/2018 - Hospital de Clínicas da Unicamp retoma exames de cintilografia para pacientes com câncer, em CampinasMedicamento para contraste estava em falta por conta de interdição do Ipen, responsável pela produção, e 98 exames foram cancelados. Lotes com kits chegaram nesta terça-feira (26).
Medicamento para contraste estava em falta por conta de interdição do Ipen, responsável pela produção, e 98 exames foram cancelados. Lotes com kits chegaram nesta terça-feira (26).
Fonte: Site G1 - EPTV - Filiada da Rede Globo - Região de Campinas
Hospital de Clínicas (HC) daUnicamp, em Campinas (SP), retoma nesta quarta-feira (27) os exames de cintilografia que haviam sido suspensos para alguns pacientes em tratamento contra câncer. O motivo foi a falta da substância necessária para fazer o contraste no procedimento, provocada pela interdição do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável pela produção, em maio.
Ao todo, 98 cintilografias ósseas foram canceladas desde a suspensão, anunciada pelo hospital em 14 de junho. Até então, o HC usava o medicamento, o radiofármaco ometilenodifosfonato (MDP), que possuía em estoque.
O Ipen foi desinterditado no dia 18 de junho, retomou a produção e os lotes com kits para os procedimentos chegaram nesta terça (26) na unidade em Campinas.
Os pacientes afetados pelos cancelamentos serão priorizados e a previsão é que a situação seja normalizada na semana que vem, segundo a direção do setor de Medicina Nuclear do hospital.
Diagnóstico de metástase
A cintilografia óssea é essencial para o diagnóstico de metástase nos ossos de pacientes com câncer de mama, próstata e pulmão.
"Muitas vezes este exame pode decidir entre um paciente fazer uma cirurgia ou não. Entre optar por operar ou fazer uma quimioterapia ou radioterapia", explicou o diretor do setor de medicina nuclear do HC, Celso Darío Ramos, durante o anúncio da suspensão no dia 14."
Interdição do Ipen
O Ipen foi interditado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal Saúde de São Paulo (Covisa) em 18 de maio, por conta de problemas na linha de produção.
Ao todo, 16 medicamentos com substâncias radioativas usados em exames de imagem de todo o Brasil foram comprometidos. A instituição foi desinterditada um mês depois em caráter excepcional.
Voltaram a funcionar as linhas de Soluções Parenterais de Pequeno Volume com preparação asséptica (FDG-Fluor-18) e produtos estéreis: pó liofilizado (reagentes liofilizados), solução utilizada em exames de diagnóstico nucleares e radiológicos.
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- 26/06/2018 - Energia nuclear: uma história de soberania e tecnologia nacionalFonte: Clube de Engenharia
"Um dos nomes essenciais da nossa capacitação em energia nuclear". Foi com essas palavras que Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, apresentou o professor Rex Nazaré, cientista com mais de 50 anos de experiência na área, que fez na segunda-feira, 25 de junho, a brilhante e emocionante palestra "Uma história da energia nuclear no Brasil".
Além de narrar os principais fatos no desenvolvimento do setor, Nazaré reforçou o papel da tecnologia nuclear na soberania nacional e registrou os desafios centrais que o Brasil enfrenta, citando o acidente nuclear em Fukushima, no Japão, em 2011, que impôs aos países uma preocupação constante com a segurança das usinas nucleares: é preciso que o Brasil pense em soluções para estocagem definitiva dos rejeitos produzidos pelas usinas, enquanto mantém a operação de Angra 1 e 2 de forma segura; as obras de Angra 3, que se arrastam desde os anos 1980 e estão paralisadas desde 2015, representam importante obstáculo para a sobrevivência do setor nuclear no Brasil, assim como o equacionamento das dívidas da Eletronuclear, cenários que dependem de apoio político do governo federal, afirmou. No concorrido plenário, um seleto público com convidados e representantes de diferentes gerações de profissionais da área reafirmou a força histórica do depoimento do físico formado pela então Universidade do Estado da Guanabara (hoje UERJ).
Rex Nazaré é especialista em engenharia nuclear pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em física pela Universidade de Paris. Professor em cursos de pós-graduação e conferencista emérito da Escola Superior de Guerra (ESG), integrou diferentes organismos estatais ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico nacional. Na área nuclear, foi presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), membro do Conselho de Administração da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e, nas décadas de 1970 e 1980, coordenou o Programa Nuclear Paralelo. Atualmente, é colaborador da presidência da Eletronuclear.
Para Rex Nazaré, a história do desenvolvimento de tecnologia nuclear no Brasil está ligada diretamente à busca por independência. "Soberania a gente não planta. A gente conquista, vai aos pouquinhos...", afirmou. "Se pensarem que destruíram o sistema fazendo o que fizeram com a Eletronuclear, eu diria: eles [Eletronuclear] têm um time de rapazes jovens e mais maduros com capacidade, experiência e condições para fazer. E eu sei porque estou lá. Nós temos uma performance maravilhosa de eficiência em Angra 1 e 2. Isso não se consegue simplesmente jogando flores e beijinhos ao léu. Isso se consegue lutando", disse. Para ele, a imprensa deveria ser uma aliada na recuperação da soberania nacional em um momento de graves ataques, como os atuais planos do governo federal de privatizar o grupo Eletrobras, do qual a Eletronuclear faz parte.
"Há um interesse muito grande para que a reserva brasileira de urânio não seja expandida. E eu diria que talvez seja até vantajoso, no momento em que temos um governo que vende as coisas por preços muito mais baratos, que não saibam demais sobre as nossas reservas", criticou o cientista.
No resgate histórico, a criação no final da década, em 1978, do Programa Nuclear Autônomo, também conhecido como Programa Nuclear Paralelo, cujos objetivos eram o enriquecimento e reprocessamento do combustível nuclear e que envolveu as principais instituições de desenvolvimento de ciência e tecnologia, civis e militares, no Brasil, buscando a total autonomia no ciclo do combustível nuclear.
Rex Nazaré considera também que a tragédia de Alcântara, no Maranhão, que matou 21 técnicos altamente qualificados e paralisou o programa espacial brasileiro, é um exemplo a ser lembrado em todos os momentos em que uma massa crítica de pesquisadores brasileiros se reunirem em torno de um projeto tecnológico nacional, autônomo, na fronteira do conhecimento.
Reiterando seu compromisso com o Brasil, afirmou: "Hoje eu diria que me orgulho muito de ver aqui alguns colegas, e filhos de colegas, e ver que realmente estamos juntos, que a qualquer momento uma porta se abre. Vale a pena continuar lutando! Eu entro às 8 da manhã na Eletronuclear e saio às 17h. Exceto nas terças-feiras, quando dou aula de graça no IME. Por uma razão muito simples: eu acho que é obrigação minha".
Para Pedro Celestino, a palestra foi uma "aula de brasilidade". "Uma aula do que deve ser o nosso comportamento em qualquer regime, em qualquer governo: defender o que é nosso, defender as nossas conquistas, defender o nosso patrimônio. Rex Nazaré é um exemplo disso. Atravessou diferentes regimes e governos, passou por vários presidentes da República e nunca perdeu a coerência, nunca perdeu a fé neste país que é um dos maiores países do mundo, que tem uma das maiores populações do mundo e uma das maiores reservas e recursos naturais do planeta e que, por tudo isso, tem que ter uma proposta nacional, uma proposta soberana, que atenda aos interesses do seu povo", finalizou o presidente do Clube de Engenharia.
Para assistir à palestra na íntegra, acesse o canal do Clube de Engenharia no Youtube: