Clipping de Notícias
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- 27/04/2018 - Estudantes de Angra dos Reis recebem orientação sobre usina nuclearFonte: EBCA prefeitura municipal de Angra dos Reis, na Costa Verde, lançou nesta semana o projeto "Preparando o Amanhã”, com a finalidade de levar conhecimento e informações para os estudantes do ensino fundamental (6º ao 9º ano), das escolas da rede municipal referente ao Plano de Emergência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.
A idealização do projeto surgiu diante da importância da energia nuclear no dia a dia em todos os setores, desde a medicina, indústria e alimentação.
A prefeitura informou que alunos de 13 escolas do ensino fundamental (6º ao 9° ano) participarão das palestras sobre a importância da energia nuclear no dia a dia das pessoas em todos os setores, desde a medicina, indústria e até alimentação. O ciclo de estudos começa no dia 2 de maio com previsão para terminar em agosto. Dentre as atividades está prevista uma visita ao Complexo Nuclear da Usina Nuclear de Angra dos Reis. O projeto deve ser estendido, em breve, para escolas estaduais e particulares do município.
De acordo com o secretário de Defesa Civil, Jairo Lima, "temos o intuito de orientar a comunidade escolar para desenvolver ações de prevenção e de abandono do local, em caso de necessidade, para que a escola e o lar se tornem um ambiente mais seguro”.
A secretária de Educação, Stella Salomão, lembrou a parceria antiga com a Defesa Civil desde as tragédias que assolaram a cidade, onde as escolas acabaram virando abrigo para as pessoas que perderam suas casas."Participar deste trabalho é um prazer, mas também é um dever. Escola é lugar de agregar conhecimento. Na rede municipal estão matriculados 22 mil estudantes que, ao passar o que aprenderam para seus familiares, elevam o número de pessoas comprometidas com as ações realizadas nas escolas para 100 mil envolvidos”.
Usinas nucleares
A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto conta com duas usinas únicas em operação, no país. A primeira é Angra 1, que entrou em operação comercial em 1985 e tem potência de 640 megawatts. A outra é Angra 2, que começou a operar em 2001 e cuja potência é 1.350 megawatts.
Para os próximos anos, está prevista a operação de Angra 3, em fase de construção. A usina será uma réplica de Angra 2, incorporando os avanços tecnológicos desenvolvidos desde a construção da segunda usina do complexo de Angra.
As usinas nucleares dão uma importante contribuição para a energia elétrica brasileira. Juntas, geram o equivalente a um terço do consumo de energia do estado do Rio de Janeiro. Elas também representam 3% da geração nacional de energia.
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- 26/04/2018 - MB - Marinha confirma os avanços do Programa Nuclear BrasileiroAlmirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Jr. iniciou a palestra afirmando "o lugar do Brasil na economia mundial e a importância do mar no desenvolvimento nacional"
Almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Jr. iniciou a palestra afirmando "o lugar do Brasil na economia mundial e a importância do mar no desenvolvimento nacional"
Fonte: Defesanet
Em um encontro considerado histórico, tanto para os organizadores — o Clube de Engenharia e a Academia Nacional de Engenharia — quanto para um auditório lotado de convidados, com expressiva representação da Marinha do Brasil, o Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Jr., realizou, na noite de terça-feira, 24 de abril, a palestra "O Programa Nuclear da Marinha e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB)”.
Na apresentação foram confirmadas importantes conquistas. Apesar das dificuldades, incluindo significativos cortes de verbas, a Marinha, "saindo do zero”, comemora entre os avanços a construção de um novo estaleiro e a capacitação do pessoal. Considera, ainda, que "o atraso de seis meses no lançamento de um submarino em um programa da magnitude do Prosub é irrisório", como afirmou o Alm Esq Bento Albuquerque, que chefia a Diretoria Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM).
O primeiro modelo S-BR baseado no projeto francês "Scorpene" está sendo montado desde fevereiro, no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, desenvolvido com transferência de tecnologia francesa do Naval Group (ex-DCNS), em parceria com a Marinha do Brasil. A previsão para os quatro modelos da classe Riachuelo é que sejam lançados um a cada 18 meses até 2023. Para o submarino nuclear, a previsão é que esteja concluído em 2028
Desenvolvimento e soberania
Além do histórico do desenvolvimento nuclear no Brasil, o palestrante destacou as oportunidades que o país vem buscando na área, em especial no desenvolvimento tecnológico e na afirmação do conteúdo local e da soberania nacional. Em meio às boas notícias, importante depoimento que constrói a história do país foi registrado pelo ex-Ministro da Marinha (1995-1998), Almirante de Esquadra Mauro César Pereira: "Eu estava deixando o Ministério da Marinha, em 1998, quando o projeto das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) para a fabricação de combustível para as nossas usinas nucleares estava em franco andamento. Estava previsto utilizarmos urânio enriquecido importado, e eu disse que aquilo era um absurdo total. A parte crucial de independência do Brasil é exatamente isso, e nós já dominávamos essa tecnologia. Levei cerca de seis a oito meses em briga dentro do governo, até que finalmente conseguiu-se [utilizar urânio enriquecido nacional], o que só foi concretizado no ano seguinte", revelou com orgulho o ex-Ministro.
Na abertura do evento, o presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, saudou a plateia e o palestrante, salientando, além da presença do ex-Ministro Mauro César Pereira, o comparecimento do ex-Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, do presidente da Academia Nacional de Engenharia e ex-presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, e do Almirante de Esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld.
"A Marinha tem tradição de encarar desafios tecnológicos e de trabalhar com nossa engenharia, tradição anterior à instalação dos cursos de engenharia no Brasil. Mais recentemente, ao longo do século XX, após a 2ª Guerra Mundial, demos com o Almirante Álvaro Alberto os primeiros passos no sentido de dominar a tecnologia nuclear. Posteriormente, a partir do trabalho dos Almirantes Arnaldo Januzzi, Maximiano da Fonseca e Othon Pinheiro da Silva, começamos a trabalhar continuamente em torno do domínio do ciclo do combustível nuclear, e tivemos êxito em pouco tempo, graças à tenacidade e ao patriotismo de uma plêiade de profissionais da nossa Marinha de Guerra. Esse trabalho teve continuidade em todos os regimes e governos, e deve ser motivo de orgulho de todos os brasileiros", ressaltou o presidente do Clube de Engenharia.
Energia, tecnologia e defesa
À frente do Prosub, o Almirante Bento Albuquerque iniciou a palestra reafirmando o lugar do Brasil na economia mundial e a importância do mar no desenvolvimento nacional. "Nossa economia é totalmente dependente do comércio, e 95% dele é feito pelo mar", apontou, apresentando outros dados: 93% da produção de petróleo e 75% da produção de gás natural, por exemplo, passam pelo mar; além disso, o país conta com 100 portos estatais e 128 portos privados. "Nossa segurança depende da segurança no mar", resumiu.
"Além disso, fazemos parte de um seleto grupo de países que tem uma das dez maiores populações, dez maiores territórios e dez maiores economias do mundo: EUA, Brasil, Rússia, Índia, China e, se considerarmos a União Europeia como conjunto de países, ela também. O Brasil é o único desses países que se utiliza da energia nuclear apenas para fins pacíficos", observou.
A Marinha considera que seu Programa Nuclear contribui ativamente para o país em três vertentes: energia, tecnologia e defesa. "Nós temos um paradoxo: o país que tem a sétima reserva mundial de urânio utiliza apenas 2,2% de energia nuclear em sua matriz energética. Se nossa matriz toda fosse nuclear poderíamos prover energia para o país por 100 anos", afirmou o Almirante. "Nós entendemos que investimento em tecnologia nuclear é um compromisso com as gerações futuras, e a diversificação da nossa matriz energética significa segurança também".
"No que diz respeito à tecnologia, acreditamos que nossos programas trazem inovação, competitividade e desenvolvimento". Segundo afirmou o Almirante, o impacto tecnológico do Programa Nuclear da Marinha e do Prosub nos últimos dez anos movimentou 700 empresas civis nacionais, 18 universidades e institutos de pesquisa, 4.800 empregos diretos e 12.500 empregos indiretos. Já no que tangencia a defesa nacional, Albuquerque lembrou que, além da Amazônia Verde, com 5,2 milhões de quilômetros quadrados, a Marinha batizou de "Amazônia Azul" a faixa de oceano de 4,5 milhões de quilômetros quadrados que se estende a partir da costa em direção ao oceano Atlântico.
"Essa área é vital para o futuro do país, pelas suas riquezas e pelas linhas de comunicação marítimas. Trata-se de uma área imediata de interesse para o país", afirmou, citando, ainda, dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que apontam crescimento de 380% do comércio marítimo até 2030, com protagonismo crescente do Atlântico Sul.
Programa nuclear: capacitação nacional e fins pacíficos
O Almirante trouxe no seu retrospecto o advento da propulsão nuclear pelos EUA, que otimizou consideravelmente o uso de submarinos como armas de guerra. O Brasil, que opera submarinos desde 1914, viu crescer o interesse sobre o tema ao longo do século XX, firmando parcerias com países como Itália, EUA, Reino Unido, Alemanha e, mais recentemente, França. As origens do atual Prosub se encontram, segundo Bento Albuquerque, no Programa Estratégico da Marinha de 1970, passando por contrato firmado com a Alemanha na década de 1980 e 1990 para a construção de cinco submarinos e transferência de tecnologia. Em 2008, acordo de parceria estratégica com a França deu início à construção do Prosub, cujo projeto básico foi finalizado em 2017.
Atualmente, dois submarinos estão em construção na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas inaugurada no Complexo Naval de Itaguaí em 2013. Ao todo, foram investidos cerca de 5 bilhões de reais em capacitação de técnicos e engenheiros no exterior, além de 480 milhões de reais na Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A), indústria de base vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Bento Albuquerque lembrou que a Constituição Federal preconiza, em seu artigo 21, que toda atividade nuclear em território nacional será para fins pacíficos. Além disso, o Brasil é sócio-fundador da Agência Internacional de Energia Atômica (1957) e signatário dos tratados de Tlatelolco, da Antártica e da Zopacas, que garantem que a América Latina e o Caribe, a Antártica e o Atlântico Sul são zonas livres de armas nucleares. "Outro aspecto importante no que diz respeito a salvaguardas nucleares foi a criação da nossa Agência de Segurança Nuclear e Qualidade, em fevereiro passado, composta de professores de notório saber que estão contribuindo para o licenciamento de nossas instalações nucleares", observou.
Programa de Estado
"Procuramos mostrar que nossos programas são programas de Estado, que passam por governos e por décadas tendo em vista o longo prazo de execução", salientou o palestrante. "A transferência de tecnologia é notável e o índice de nacionalização também é expressivo. Nossos programas são transparentes e têm viés muito grande no que diz respeito à segurança energética, tecnológica e de defesa do país. Além dos benefícios que trazem para a aplicação pacífica da energia nuclear", afirmou, citando as diferentes áreas com impacto tecnológico correlacionado, como turbinas a vapor e usinagem de componentes para usinas hidrelétricas.
Áreas de impacto tecnológico colateral ao Programa Nuclear brasileiro. Imagem: Marinha do Brasil
Ao final da apresentação, o Almirante Bento Albuquerque deixou mensagem que, para ele, condensa a visão da Marinha sobre o desenvolvimento nuclear brasileiro: "Buscamos Desenvolvimento! Buscamos um Brasil melhor para as gerações futuras, bem como contribuir para a paz mundial dentro das nossas responsabilidades perante a comunidade internacional".
"Evidentemente que essa palestra nos deixa entusiasmados com o trabalho que a nossa Marinha desenvolve para que possamos dominar em escala industrial a tecnologia nuclear, a energia deste século", parabenizou Pedro Celestino, dando ênfase à discussão sobre soberania. "Assim como o carvão foi a energia do século XIX e o petróleo do século XX, a energia deste século será a nuclear. E, por isso, ela é objeto de tanta tensão no mundo, porque o clube atômico não quer novos integrantes. E o Brasil, pelo que mostrou aqui o Almirante Bento Albuquerque, já é um membro do clube", afirmou Celestino. -
- 26/04/2018 - TCU bloqueia R$ 508 milhões da Andrade GutierrezDecisão pode comprometer o pagamento de R$ 1,2 bilhão que vence na segunda-feira
Decisão pode comprometer o pagamento de R$ 1,2 bilhão que vence na segunda-feira
Fonte: O Estado de S. Paulo
Breno Pires e Renee Pereira, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu ontem bloquear até R$ 508,3 milhões em bens da Andrade Gutierrez por suposto superfaturamento no contrato de obras civis da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. A decisão ocorre às vésperas do vencimento de R$ 1,2 bilhão que a empresa tem de pagar na segunda-feira.O Estado apurou que o bloqueio do TCU pode comprometer o pagamento e colocar a empreiteira numa situação delicada a exemplo do que ocorreu com a Odebrecht ontem, que deixou de pagar R$ 500 milhões em títulos no exterior. Até a decisão do TCU a intenção da empresa era quitar a dívida e, para isso, vinha negociando formas de conseguir o dinheiro no mercado, como operações financeiras ou venda de ativos. Agora os planos podem mudar.
A punição da Andrade é a primeira que o tribunal aplica a uma empreiteira alvo da Lava Jato que assinou com o Ministério Público Federal um acordo de leniência – espécie de delação premiada de pessoas jurídicas, que admitem irregularidades e colaboram com a Justiça em troca de redução de penas.
A empreiteira confessou ao MPF e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que houve pagamento de propina e formação de cartel na licitação para a montagem da usina nuclear. Mas insiste que o contrato das obras civis – fruto de outra licitação – não foi inflado.
Nos bastidores, a decisão de ontem foi entendida como uma retaliação após o ministro Gilmar Mendes, do Superior Tribunal Federal (STF), impedir que o TCU decretasse a inidoneidade da Andrade, o que impediria a empresa de fazer contratos com o poder público. Fontes ligadas à empresa afirmam que, neste momento, o bloqueio tem efeito semelhante uma vez que a empresa pode ter dificuldade para honrar compromissos.
A justificativa da maioria dos ministros para a decisão foi que, apesar do acordo de leniência, a companhia não vem colaborando com as investigações do TCU. Por isso, não está imune à punição, que tem objetivo de garantir o ressarcimento do Estado. A decisão é cautelar e cabe recurso.
Resposta.Em nota, a Andrade afirmou que vai recorrer da decisão do STF. Além disso, avalia a punição do TCU como "injusta e contrária ao interesse público, já que ameaça a viabilidade do cumprimento do amplo processo de colaboração que a empresa vem realizando junto aos diversos órgãos e com o TCU”.
Em seu voto, o relator Bruno Dantas destacou que a Andrade já havia sido poupada de punição que a impediria de ser contratada pelo serviço público, junto com Odebrecht e Camargo Corrêa, mas que, ao contrário dessas empreiteiras, não estaria colaborando com o TCU.
A recomendação de bloqueio de bens havia sido feita em 2017 pela unidade técnica responsável pela análise do contrato. O Ministério Público junto ao TCU foi contra aplicar a punição, e recomendou apenas a abertura do procedimento de apuração para que, no final, houvesse a análise do bloqueio.
A advogada Tathiana Vieira Viggiano Fernandes, que representou a Andrade no julgamento, afirmou que a empresa está colaborando com o tribunal e que "a declaração da indisponibilidade de bens é desastrosa”. "Dificulta honrar compromissos, traz repercussão negativa no mercado”, disse. "Não faz sentido punição a uma empresa leniente que vem contribuindo.”
Para o ministro André Luís de Carvalho, que votou para rejeitar a punição, a empresa está colaborando. "O que se discute é o nível de colaboração da empresa com o TCU. Na verdade, a gente não pode exigir de maneira muito rígida que a empresa esteja colaborando com o TCU, porque sequer definimos bem como deve ser dada a colaboração.”
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- 25/04/2018 - Crise afeta órgão produtor de dispositivo que reduz cirurgia de câncer - Telejornal Repórter Brasil - EBCInstituto que desenvolve a tecnologia sofre de falta de mão de obra
Instituto que desenvolve a tecnologia sofre de falta de mão de obra
Fonte: Telejornal Repórter Brasil - EBC
O dispositivo chamado semente de iodo, auxiliar na cirurgia para tratamento de câncer, poderá ser produzido em breve no Brasil. Esse dispositivo marca a área afetada, facilitando uma intervenção menos invasiva, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes. Atualmente, cerca de quatro mil sementes de iodo são usadas por mês para tratamentos de vários tipos de câncer, como de mama e próstata. Hoje, esse material é importado e custa cerca de 34 dólares. Se fosse produzido aqui, seria 40% mais barato. Mas o instituto que desenvolve a tecnologia sofre de falta de mão de obra especializada.
(Entrevista com a pesquisadora Maria Elisa C. M. Rostelato, do Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do IPEN)
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- 24/04/2018 - Fernanda Corrêa - O futuro da Energia Nuclear no Brasil no século XXIFonte: Defesa.net
A produção de energia elétrica das usinas nucleares é semelhante à das usinas hidrelétricas, com investimentos maciços do Estado, que envolvem investimentos em obras civis, montagem eletromecânica, compra de equipamentos, materiais e tecnologias, capacitação em mão de obra especializada e não especializada, capacitação tecnológica de fornecedores nacionais, implantação de cultura organizacional voltada para a segurança, treinamentos, compensações socioambientais, planejamento de emergência, comissionamento de equipamentos e sistemas e testes operacionais etc.
A matriz energética é extremamente rica. Comparando as fontes que são consideradas matrizes (hidrelétricas e as termoelétricas), a única capaz de gerar eletricidade despachável e na base da carga do sistema é a nuclear. Em estudos analíticos, comparada à todas as fontes no Brasil, a nuclear é a que apresenta o melhor custo/benefício.
Subsidiária da ELETROBRAS, a estatal ELETRONUCLEAR (ETN) é uma sociedade de economia mista criada em 1997 com o propósito de operar e construir usinas nucleares. A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, localizada no município de Angra dos Reis, estado do RJ, é composta pelas duas usinas nucleares em operação mais Angra 3, que se encontra em construção. A geração nucleoelétrica consumida no Brasil é de cerca de 3%. No sistema elétrico interligado, só o estado do RJ consome 30% da eletricidade gerada por Angra 1 e Angra 2.
A capacidade atual de geração de Angra 1 é de 640 MW e a de Angra 2 é de 1.350 MW. Angra 1 foi adquirida da empresa estadunidense Westinghouse e Angra 2 foi adquirida do consórcio alemão KWU/Siemens. Até outubro de 2017, Angra 1 e Angra 2 produziram um total de 1.975 MW. A previsão da capacidade nucleoelétrica de Angra 3 é de 1.405 MW. Quando esta última entrar em operação comercial, será capaz de sozinha de gerar energia equivalente a 50% do consumo do estado do RJ e gerar mais de 12 milhões de MW/h por ano.
Diversas empresas estrangeiras têm manifestado interesse de investir na construção das futuras usinas nucleares no Brasil, tais como, a estadunidense WESTINGHOUSE, a russa ROSATOM, as francesas FRAMATORE e EDF e as chinesas CNNC e SPIC. Todas estas empresas já mantêm escritórios no RJ. Todas elas trarão conhecimentos e tecnologias de ponta.
As usinas nucleares brasileiras operam com reatores de água pressurizada. A participação destas empresas nesta empreitada possibilitará que novos modelos tecnológicos passassem a estar disponíveis em nosso mercado. Os reatores das usinas nucleares brasileiras pertencem a uma das gerações de reatores mais seguros que existem. Além deste modelo, existem reatores de água fervente, reatores refrigerados a gás moderados a grafite, reatores arrefecidos a gás a uma temperatura elevada, reatores de água pesada etc. Nunca houve um acidente nuclear no Brasil.
A humanidade teve o desprazer de conhecer a energia nuclear por seu mau uso. A utilização desta fonte para fins pacíficos é uma modalidade tecnológica que ainda estamos experimentando. Nestes novos tempos, a nuclear é a que despontará como a mais promissora das fontes de energia. Na medicina, a produção de radiofármarcos, substâncias que, por sua constituição farmacêutica, quantidade e qualidade de radiação, é utilizada no diagnóstico, no tratamento e/ou na cura de doenças como o câncer, infarto do miocárdio, disfunção renal etc.
Sendo o câncer uma das doenças que mais mata, é preciso que a sociedade brasileira compreenda a importância desta fonte em sua vida. Além de esta fonte esterilizar insetos transmissores e propagadores de doenças, ela irradia alimentos, aumentando as suas vidas úteis para que possam ser exportados a outros países sem o risco de perecerem ao longo do caminho. As mudanças climáticas também colocam a estabilidade econômica global em xeque, tendendo a favorecer a nuclear por ser fonte limpa, que não emite CO2 na atmosfera.
A energia nuclear tem voltado ao centro das discussões políticas e econômicas mundiais de forma positiva. O setor nuclear tem as mais qualificadas mãos de obra do país, mas, a sua renovação é urgente. Embora já existam pós-graduações em engenharia nuclear, a UFRJ se tornou a precursora ao criar a graduação nesta área. Aos jovens está sendo dada a oportunidade de serem os precursores na área de tecnologia de ponta e a responsabilidade de cobrir lacunas em CT&I.
O mercado nuclear brasileiro tem se expandido cada vez mais. Além das próximas centrais nucleares, existem outros projetos nucleares, como o reator nuclear para propulsão de submarinos, o reator multipropósito para a medicina nuclear e o reator nuclear dessalinizador. Por meio de uma parceria INPE/CNEN um reator de fusão nuclear em escala experimental está sendo construído no Brasil.
Embora já dominemos a tecnologia de fissão nuclear, com o conhecimento de tecnologias de reatores de fusão, o Brasil será um dos poucos países no mundo com capacidade de gerar eletricidade usando fontes praticamente inesgotáveis, baratas e seguras. Estes jovens serão os desbravadores do conhecimento e desenvolvedores de tecnologias de ponta no país, proporcionando à sociedade brasileira a qualidade de vida que tanto deseja.
Um dos óbices mais críticos na retomada de Angra 3 é o valor da tarifa fixada para a produção de MW/h. A revisão desta tarifa é urgente, pois, o valor atual de R$ 244 MW/h torna inviável investir no empreendimento. O valor ideal é de R$ 400 MWh. Só em 2018, a ETN terá que pagar mais de R$ 100 milhões na manutenção das estruturas das obras de Angra 3 e valor ainda maior com dívidas de pagamento de contratos e seus respectivos juros de financiamento com BNDES e CEF.
Após esta revisão, a ETN terá condições de renegociar estas dívidas e abrir chamada pública para seleção de um sócio para concluir a construção de Angra 3. O que não falta em nosso país é interesse estrangeiro em investir na construção. Quanto mais o tempo passa, mais estruturas e equipamentos se degradam e mais a estatal terá que gastar com materiais, serviços e seguros para manter a obra paralisada.
Depois de um período tumultuado, uma nova gestão assumiu a presidência da ETN. Além da nuclear apresentar o melhor custo/benefício e de posicionar o Brasil entre os mais desenvolvidos economicamente, teremos a nossa disposição uma comunidade de engenheiros nucleares participando dos projetos nucleares nacionais, disporemos de tecnologias de reatores de diferentes modelos, investimentos em P&D contínuos e fonte praticamente inesgotável de energia limpa e segura por gerações. Estes são alguns dos muitos benefícios que retornarão ao país. Diante de tantos benefícios a curto e longo prazos, será que ainda podemos falar em gastos?
Não! A palavra é investimento!
Fica a reflexão. -
- 18/04/2018 - INB negocia com empresas estrangeirasPresidente da estatal viaja à França e à Coreia do Sul para ampliar negócios, de acordo com planejamento estratégico
Presidente da estatal viaja à França e à Coreia do Sul para ampliar negócios, de acordo com planejamento estratégico
Fonte: Diário do Vale
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) deu importante passo rumo à autossuficiência, como prevê o seu Planejamento Estratégico 2017/2016, ao buscar ampliar seus negócios no exterior. Esta possibilidade ganhou força a partir da viagem do presidente da empresa, Reinaldo Gonzaga, à França e à Coreia do Sul, em fevereiro.
Em maio, o representante da empresa francesa Framatome, Mr.Ala Alzabenna, visitará a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende. "Nossa intenção é levar o nome da INB para o mundo”, disse o presidente Reinaldo, otimista com o futuro das negociações com a empresa francesa, Framatome (antiga Areva) e as coreanas KNF e KPS.
O objetivo da visita à estatal brasileira, proposta por Ala Alzaben, que recepcionou a comitiva brasileira, é conhecer as condições da FCN e prosseguir com as negociações. A INB também ofereceu à Framatome a possibilidade de ampliar os serviços feitos em paradas dos reatores, em parceria com a empresa francesa, para outros países além do Brasil.
— Nós temos trabalhado há anos para ampliar nossas ofertas de serviços, com estudos de viabilidade e um bom relacionamento com as empresas parceiras — destacou Gozanga. Hoje, a Framatome transfere tecnologia para a INB e também fornece componentes para a fabricação do elemento combustível de Angra 2.
Com a Framatome foi aberta a possibilidade de fornecimento do esqueleto do elemento combustível, semelhante ao utilizado em Angra 2, de forma que eles possam utilizar este componente na fabricação do combustível para as recargas do reator espanhol, em Trillo.
— Até 2021 os reatores alemães com a mesma tecnologia de Angra 2 estarão desligados. Como já fabricamos para a Eletronuclear, essa foi uma das nossas propostas — disse o superintendente Márcio Adriano, que integrou, ao lado do diretor de Combustível Nuclear, Marcelo Xavier, a comitiva liderada pelo presidente da INB.
Na Coreia do Sul, a comitiva esteve nas empresas Korea Nuclear Fuel (KNF) e na Kpeco (KPS). Na KNF, com a qual a INB tem um contrato de venda cruzada para o combustível 16 NGF (New Generation Fuel), para o reator de Angra 1, a proposta da INB, no futuro próximo, é vender para KNF, mais bocais para a montagem do elemento combustível.
— Nosso próximo passo é recebê-los na FCN para qualificação dos bocais. A previsão é que até o final de 2019 a empresa esteja apta para o fornecimento — explicou Márcio Adriano, salientando que a intenção da INB seria a venda direta, evitando um possível processo de licitação internacional pela KNF.
Com a KPS, além da renovação das parcerias já existentes, a INB propôs também expandir os serviços já realizados em Angra 1, durante as paradas, para as plantas coreanas. "Fizemos propostas para as empresas que são viáveis para ambos os lados. No caso de indústria nuclear, como a INB, temos que trabalhar com antecipação de projetos, olhando as possibilidades a frente”, disse o presidente da INB.
Produção de recarga para Angra 1 pode ser recorde
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) está empenhada em conquistar mais um recorde na fabricação da 24ª. recarga de Angra 1: produzir todos os elementos combustíveis (ECs) num prazo inferior de 110 dias. A produção foi iniciada no dia 26 de março e o primeiro transporte da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende, para a Eletronuclear, em Angra dos Reis, está previsto para junho.
A 23ª. recarga de Angra 1 foi produzida em 140 dias, o menor prazo desde a mudança do combustível para o 16NGF (New Generation Fuel). O projeto, que tem o objetivo de melhorar a eficiência do elemento combustível, foi implantado na 21ª. recarga de Angra 1. A última recarga para Angra 2 foi entregue no final do ano passado, produzida em 126 dias, menor tempo da história da INB, considerando plantas e projetos diferentes.
Antes da produção prevista no cronograma, a fábrica teve um período de testes no iniciado no dia 11 de março com um cilindro de UF6 (urânio enriquecido) já em estoque na FCN. No momento, a produção de pastilhas de UO2 (dióxido de urânio) já começou e a de pó de UO2 chega a 20% (três toneladas). Os bocais e a primeira solda das varetas para a composição do elemento combustível também estão adiantadas.
De acordo com o gerente de Produção da INB, Marcos Mattos, algumas inovações que serão feitas durante a 24ª. recarga de Angra 1 exigem atenção da equipe.
— Será a primeira vez que colocaremos as varetas de gadolínio fabricadas no Brasil para o elemento combustível de Angra 1. É um passo importante rumo à nacionalização do elemento — disse Mattos. A soldagem do tubo de revestimento também muda de TIG (Tungsten Inert Gas) para RPW (Resistence Press Weld), outra evolução tecnológica. As varetas têm por objetivo controlar a reação de fissão dentro do reator nuclear.
Manutenção
A produção para testes foi iniciada após a Grande Revisão (GR), que é um período de manutenção da fábrica, realizada entre as recargas. Conforme o gerente de produção, verificar as condições da planta é necessário devido ao tempo que a mesma já foi inaugurada. "A Fábrica de Reconversão e Pastilhas começou a funcionar em 2000 e por isso os ajustes são importantes. Durante a revisão foram executadas cerca de 900 tarefas, que precisam ser testadas”, disse o gerente.
Mattos explicou que o envolvimento dos empregados e a união de diversos setores da INB são fundamentais para que a meta seja conquistada.
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- 17/04/2018 - Governo trabalha em novo desenho para a área nuclear, afirma MoreiraFonte: Valor Econômico
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, quer um novo desenho para a área nuclear do governo. Ele está convencido de que hoje existe uma sobreposição de estruturas. São muitos órgãos e autarquias, espalhados por vários ministérios diferentes, com funções parecidas e duplicidade de gastos: Eletronuclear, Nuclep, Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e estruturas subordinadas ao Comando da Marinha.
"É irracional", disse Moreira, em entrevista ao Valor. "Você tem diversas empresas do governo, uma vendendo para outra, pagando impostos, produzindo, o que é um negócio despropositado", completou o ministro. "Hoje uma parte está aqui [em Minas e Energia], outra na Ciência e Tecnologia, outra na Marinha. Tudo isso tem que estar num canto só." Além da Eletronuclear, que opera as usinas do complexo de Angra dos Reis (RJ), a Nuclep projeta e fabrica bens de capital no setor. A INB se dedica à mineração, ao enriquecimento do urânio e à montagem do combustível que abastece os reatores. Já a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) pesquisa a aplicação de técnicas nucleares e regula o uso da energia no país. Enquanto isso, a Marinha tem um programa nuclear próprio, com o desenvolvimento do submarino de propulsão atômica como auge.
Esse redesenho mencionado pelo ministro está a cargo de um grupo recém-criado, sob coordenação do general Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Moreira também pediu o envolvimento do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, nos trabalhos. A intenção é fazer a restruturação ainda neste ano, aproveitando que a Eletronuclear precisará ser segregada da Eletrobras antes de sua privatização, por causa do monopólio constitucional dado à União para a geração de energia nuclear.
Moreira tem pela frente, nos próximos meses, outros desafios para resolver no setor. Um deles é a tarifa da usina nuclear de Angra 3, que está paralisada desde 2015, com 63% de suas obras executadas. Para que a Eletronuclear possa ser separada da holding, ela não pode estar com prejuízo contábil. E só sai do prejuízo com uma atualização da tarifa para patamares compatíveis com os padrões internacionais. Hoje o valor do megawatt-hora está em cerca de R$ 240. A média global é praticamente o dobro disso.
Outra possibilidade de sanear as contas da Eletronuclear está em uma emenda que o relator da MP 814, deputado Julio Lopes (PP-RJ), pretende incluir no texto original da medida provisória em tramitação no Congresso. Pela emenda, as receitas obtidas pela usina binacional de Itaipu deixariam de entrar no caixa da Eletrobras e passariam à Eletronuclear.
Hoje à tarde, Moreira participa de sua primeira reunião com o grupo interministerial que discute a revisão do contrato pelo qual o governo cedeu à Petrobras o direito de explorar cinco bilhões de barris no pré-sal. Dessa vez, os ministros – Eduardo Guardia (Fazenda) e Esteves Colnago (Planejamento) - vão participar, além do presidente da estatal, Pedro Parente. É um sinal do esforço para viabilizar um megaleilão com os excedentes da chamada cessão onerosa.
Moreira evita, no entanto, criar expectativas no plural. "Prioridade é uma palavra no singular", diz o ministro, dando ênfase total na privatização da Eletrobras.
De acordo com ele, o presidente Michel Temer conversou no fim de semana com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para desfazer um mal entendido sobre o decreto que inclui a estatal no Programa Nacional de Desestatização (PND). "Estavam achando [os parlamentares] que queríamos fazer uma esperteza", comentou o ministro, lembrando que o único objetivo do ato era liberar a contratação de estudos.
Questionado se o decreto presidencial sairia finalmente nesta semana, Moreira adotou um tom menos taxativo do que dias atrás: "Espero que sim". Ele preferiu não opinar sobre o calendário da capitalização e nem sobre estimativas de valores.
"Os estudos servem exatamente para isso."
No início do ano, enquanto esteve à frente da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira manifestou preocupação com a eficiência da regulação de preços dos combustíveis a partir da entrada em vigor da nova política de preços da Petrobras nas refinarias.
Naquela ocasião, o ministro dizia que as reduções oferecidas talvez não estivessem chegando às bombas de combustíveis.
Entre as possibilidades levantadas estava a prática de cartel. Agora, Moreira afirmou que continuam as interações com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas com suspeitas menores sobre a questão concorrencial. Para ele, o maior problema está nos tributos federais e estaduais. "Sobre bem essencial, há uma presença excessiva [da tributação] dos Estados e da União. Passa por uma taxação muito violenta."
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- 16/04/2018 - Servidora do Ipen exposta à radiação ganha na Justiça redução de jornada e horas extrasDecisão é da 8.ª Vara Federal Cível de São Paulo, que acolheu argumentos da autora da ação, funcionária do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
Decisão é da 8.ª Vara Federal Cível de São Paulo, que acolheu argumentos da autora da ação, funcionária do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
Fonte: O Estado de S. PauloLuiz Vassallo
A 8.ª Vara Federal Cível de São Paulo concedeu a redução de jornada semanal de trabalho, de 40 horas para 24 horas, a uma servidora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), por trabalhar exposta à radiação.
A autora alegou que durante suas atividades laborais, ‘fica exposta a radiações ionizantes’, motivo pelo qual recebe mensalmente gratificação por trabalho com raio-X ou substâncias radioativas e tem direito a férias semestrais de 20 dias.
Ela requereu que fosse concedida a redução de jornada de trabalho de 40 para 24 horas semanais e pagamentos de horas extras praticadas nos últimos cinco anos contados da propositura da ação.
As informações foram divulgadas pelo Núcleo de Comunicação Social da Justiça Federal de São Paulo – Processo nº. 5004012-87.2017.4.03.6100
A União alegou que ‘a autora (da ação) não se enquadra na lei que determina a redução’ e afirmou que ‘tal lei foi revogada pela Lei do Funcionário Público, à qual a autora se enquadra’.
Além disso, a União pediu que, caso fosse concedida a redução de jornada, que fossem diminuídos os vencimentos proporcionalmente.
O juiz da 8.ª Vara Cível Federal reconhece, na decisão, que a servidora do Ipen desenvolve atividade que a expõe à radiação e que a própria Administração paga à servidora a gratificação, ‘o que reforça que ela está sujeita ao trabalho nessas condições’.
Além da redução de jornada, o juiz determinou o pagamento de horas extras retroativas a cinco anos, pelo tempo de trabalho excedente à jornada semanal.
COM A PALAVRA, A ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
A Advocacia-Geral da União ainda não tomou conhecimento formal da sentença. Assim que for intimada da decisão, o órgão analisará se é caso de recurso. Em caso positivo, a medida será adotada dentro do prazo.
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- 15/04/2018 - Como cientistas tentam criar 'microssol' na Terra para fornecer energia limpa e ilimitadaO objetivo deles é construir em 15 anos uma usina que produza um calor capaz de abastecer uma cidade de 200 mil habitantes de forma contínua e sem produzir poluição.
O objetivo deles é construir em 15 anos uma usina que produza um calor capaz de abastecer uma cidade de 200 mil habitantes de forma contínua e sem produzir poluição.
Fonte: G1
Produzir energia de fusão nuclear é uma das grandes promessas da engenharia, tanto que, em tom de piada, dizem que ela é a energia do futuro... e sempre será.
Mas um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da empresa Commonwealth Fusion Systems está apostando em acabar com a piada: eles estão construindo uma usina nuclear que poderia produzir energia limpa e praticamente ilimitada.
Seu objetivo é ter, em 15 anos, uma usina que funcione como um microssol, que produza um calor capaz de gerar 200 megawatts continuamente e sem produzir poluição. Essa quantidade de energia é capaz de abastecer uma cidade pequena, de cerca de 200 mil habitantes.
"Se tivermos sucesso, seria a primeira vez que isso aconteceria", diz Martin Greenwald, um dos líderes do Centro de Ciência e Fusão de Plasma do MIT, que está desenvolvendo este projeto, batizado de Sparc.
A chave está nos ímãs
O experimento Sparc é baseado na fusão nuclear, um processo no qual elementos leves, como o hidrogênio, se juntam para formar elementos mais pesados, como o hélio, que libera imensas quantidades de energia.
De fato, a fusão nuclear é o mesmo processo gerador de energia que ocorre no sol e nas estrelas.
Para alcançar esse processo, a matéria deve ser aquecida a temperaturas muito altas, que superam as centenas de milhões de graus. A matéria nesse estado tão quente é chamada plasma.
Mas a fusão nuclear é alcançada apenas se o plasma permanecer aquecido. Para fazer isso, é necessário isolá-lo da matéria comum, com reatores em forma de anéis chamados tokamak, que criam um campo magnético que mantém o plasma "enjaulado".
O sucesso de um tokamak depende da qualidade de seus ímãs. Quanto mais potentes e de melhor qualidade eles forem, melhor o isolamento térmico que proporcionam para o plasma. É como um casaco: quanto mais robusto e de melhor qualidade for o tecido, mais ele manterá o corpo protegido do frio.
O problema é que o tokamak que existe hoje consome mais energia do que consegue produzir por meio da fusão. Ou seja, eles funcionam, mas não seriam lucrativos para serem usados fora de um laboratório.
A esperança de Sparc é que seu tokamak tenha ímãs mais poderosos, de melhor qualidade, menores e mais rápidos, com os quais ele consiga otimizar o processo de fusão.
Com esses ímãs, ele espera produzir um campo magnético quatro vezes mais forte do que qualquer outro que tenha sido usado em um experimento de fusão.
O objetivo é aumentar em dez vezes a potência gerada por um tokamak.
Se der certo, será a primeira vez que um dispositivo de fusão de plasma produz mais energia do que consome.
Energia segura, limpa e ilimitada
Quando nos falam sobre usinas nucleares, é comum lembrarem de catástrofes como Chernobyl, em 1986, ou Fukushima, em 2011.
"Este é um processo completamente diferente", diz Greenwald.
A energia nuclear comum usa átomos muito pesados, como o urânio ou o plutônio, que quebram e liberam energia, em um processo chamado de fissão, semelhante ao usado para construir armas nucleares.
A fusão é o processo oposto, no qual elementos leves, como o hidrogênio, se unem e produzem hélio.
Segundo Greenwald, em um experimento como a Sparc, não há a possibilidade de gerar uma reação em cadeia como a que ocorreu em Fukushima. "(Na Sparc), se você quiser parar a reação, basta fechar a válvula", diz ele.
Os elementos com os quais a Sparc trabalhará são principalmente hidrogênio, que, segundo os pesquisadores do MIT, "há suficiente na Terra para atender às necessidades humanas por milhões de anos", com o qual uma máquina de fusão nuclear tem potencial de gerar energia praticamente ilimitada.
Além disso, como a fusão não é produzida a partir de combustíveis fósseis, ela não gera gases de efeito estufa ou outros poluentes como dióxido de enxofre ou partículas como a fuligem.
Será possível desta vez?
Em meio ao entusiasmo, há vozes céticas.
"Este financiamento para o MIT [neste projeto] é excelente, mas não há forma de conseguir que o setor privado assuma o controle de todo o programa de fusão", disse à revista Nature Stewart Prager, ex-diretor do Laboratório de Física de Plasma de Princeton, em Nova Jersey.
Howard Wilson, professor de física de plasma na Universidade de York, no Reino Unido, disse ao jornal The Guardian que, embora o projeto pareça interessante, ele não vê como eles podem alcançar o objetivo de colocar sua energia na rede em 15 anos.
"É um cronograma agressivo, mas achamos que seja possível", diz Greenwald.
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- 13/04/2018 - Grupo da USP calcula dose de radiação em osso de vítima do bombardeio a HiroshimaFonte: Planeta UniversitárioO bombardeio das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos, em 1945, foi o primeiro e único momento na história em que armas nucleares foram usadas contra alvos civis. Uma série de estudos teve início após esse episódio com o objetivo de mensurar o impacto do ataque sobre as vítimas – tanto para determinar a dose de radiação a que foram expostas, como para entender os efeitos dessa exposição sobre o DNA e a saúde de modo geral.Dando continuidade a uma pesquisa que começou ainda nos anos 1980, sob a coordenação do físico Sérgio Mascarenhas, professor na Universidade de São Paulo (USP), pesquisadores brasileiros descreveram em artigo na revista PLOS One um método capaz de dosar com precisão a radiação absorvida por amostras de ossos de vítimas da explosão nuclear no Japão.
O trabalho foi conduzido durante o pós-doutorado de Angela Kinoshita, atualmente docente da Universidade do Sagrado Coração, em Bauru, sob supervisão de Oswaldo Baffa, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).
"Usamos uma técnica conhecida como espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica para fazer um trabalho de dosimetria retrospectiva. Atualmente, existe um interesse renovado nesse tipo de metodologia devido ao risco de atentados terroristas em países como Estados Unidos”, disse Baffa à Agência FAPESP.
"Imagine que alguém detone uma bomba comum em Nova York e grude no explosivo um pouco de material radioativo. Técnicas como essa podem ajudar a identificar quem foi exposto à poeira radioativa e necessita de tratamento”, disse.
Como explicou Kinoshita, o ineditismo do estudo está relacionado com o fato de as amostras avaliadas serem oriundas de tecido humano de vítimas do ataque a Hiroshima.
"Existiam muitas dúvidas sobre a viabilidade de usar essa metodologia para determinar a dose depositada nessas amostras, devido a todos os processos envolvidos no episódio. Esse trabalho confirma que isso é viável e abre várias possibilidades de pesquisas futuras que poderão esclarecer detalhes do ataque nuclear”, disse a pesquisadora.
O equipamento usado na investigação foi adquirido durante um projeto coordenado por Baffa e apoiado pela FAPESP.
O início
Ainda na década de 1970, quando lecionava no Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), Mascarenhas descobriu que quando irradiava ossos humanos com raios X ou raios gama o material se tornava levemente magnético – propriedade conhecida como paramagnetismo.
Isso ocorre porque a parte mineral do osso – formada por um cristal chamado hidroxiapatita (fosfato de cálcio cristalino) – absorve íons de dióxido de carbono (CO2). Ou seja, quando a amostra é irradiada, o CO2 ali presente perde elétrons e vira CO2-. Esse radical livre funciona como um marcador da dose recebida pelo material.
"Descobri que poderíamos empregar essa propriedade para fazer dosimetria de radiação e comecei a usar o método na datação arqueológica”, contou Mascarenhas.
O objetivo, na época, era calcular a idade de ossadas encontradas em sambaquis – montes criados pelos habitantes primitivos do Brasil com restos de moluscos, esqueletos de seres pré-históricos, ossos humanos, conchas e utensílios feitos de pedra ou ossos – com base na dose de radiação natural que o material havia absorvido ao longo dos anos em contato com elementos como tório, presentes na areia da praia.
O trabalho rendeu um convite para lecionar na Harvard University, nos Estados Unidos. Antes de partir para o território norte-americano, porém, Mascarenhas decidiu ir ao Japão tentar obter amostras de ossos de vítimas das bombas atômicas e, assim, testar seu método.
"Deram-me uma mandíbula e resolvi medir a dose de radiação lá mesmo, na Universidade de Hiroshima. Eu precisava comprovar que minha descoberta era verdadeira por meio de experiências”, contou.
Mascarenhas conseguiu demonstrar que era possível obter um sinal dosimétrico daquela amostra, apesar da tecnologia ainda rudimentar e da falta de computadores para ajudar a processar o resultado. O trabalho foi apresentado com grande repercussão durante o tradicional March Meeting promovido anualmente pela American Physical Society. As amostras foram trazidas por Mascarenhas para o Brasil, onde estão até hoje.
"Nesses últimos 40 anos houve um grande avanço na instrumentação, que se tornou mais sensível. Atualmente, é possível ver o gráfico na tela do computador e obter uma tabela com os dados digitalizados. Além disso, os estudos de Física básica também evoluíram, permitindo simular e manipular o sinal obtido com a amostra por técnicas computacionais”, disse Baffa.
Esses avanços, acrescentou o pesquisador, permitiram neste novo trabalho separar o sinal que corresponde à dose de radiação absorvida durante o ataque nuclear do chamado sinal de fundo – uma espécie de ruído que cientistas suspeitam ser resultado do aquecimento sofrido pelo material durante a explosão.
"O sinal de fundo é uma linha larga, que pode ser produzida por várias coisas diferentes, não tem uma assinatura específica. Já o sinal dosimétrico tem uma característica espectral. Cada radical livre vai ressonar em uma determinada posição do espectro quando exposto a um campo magnético”, explicou Baffa.
Metodologia
Para fazer a medição, os pesquisadores removeram pedaços milimétricos da mesma mandíbula usada no estudo anterior. As amostras foram novamente irradiadas no laboratório – técnica conhecida como dose aditiva.
"Adicionamos radiação ao material e vamos medindo como o sinal dosimétrico cresce. Depois construímos uma curva e fazemos a extrapolação com o objetivo de calcular qual era a dose inicial, quando o sinal era supostamente zero. É um método de calibração que nos permite medir amostras diferentes, pois cada osso e cada parte do mesmo osso tem uma sensibilidade diferente à radiação, que depende de sua composição”, explicou Baffa.
Graças à combinação de técnicas, foi possível medir uma dose de aproximadamente 9,46 Gray (Gy) – considerada alta, na avaliação de Baffa. "Uma dose de 5 Gy exposta pelo corpo todo, cerca de metade do valor obtido, já é fatal”, disse.
O valor foi compatível com a dose obtida por meio de outras técnicas aplicadas em amostras não biológicas, como, por exemplo, na medição da luminescência de grãos de quartzo presentes nos fragmentos de tijolos e telhas encontrados no local das explosões. Segundo os autores, também está próximo do resultado de técnicas biológicas de medição, aplicadas em estudos de longo prazo que usaram como parâmetro as alterações no DNA de sobreviventes.
"A medida que obtivemos agora é mais confiável que a preliminar, é a mais atualizada. Mas estou atualmente avaliando uma metodologia cerca de mil vezes mais sensível que a ressonância paramagnética. Dentro de alguns meses teremos novidades”, adiantou Mascarenhas.
O artigo Electron spin resonance (ESR) dose measurement in bone of Hiroshima A-bomb victim (doi 10.1371/journal.pone.0192444), de Angela Kinoshita, Oswaldo Baffa e Sérgio Mascarenhas, pode ser lido em e http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0192444.
Agência FAPESP -
- 12/04/2018 - Governo vai tirar dinheiro de Itaipu para destravar obras da usina de Angra 3Relator da MP do setor elétrico vai propor ainda aumento do preço da energia de Angra 3 para a “média internacional”, com repasse para o consumidor de energia. Técnicos avaliam que medida é irregular
Relator da MP do setor elétrico vai propor ainda aumento do preço da energia de Angra 3 para a “média internacional”, com repasse para o consumidor de energia. Técnicos avaliam que medida é irregular
Fonte: Gazeta do PovoA resposta para viabilizar a retomada da construção da usina nuclear Angra 3, parada pela Operação Lava Jato, pode vir da usina binacional Itaipu. O relator da medida provisória (MP) 814, deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), vai sugerir em seu relatório que Itaipu e Eletronuclear (duas empresas ligadas à Eletrobras que não podem ser privatizadas) façam uma parceria na comercialização da energia da hidrelétrica binacional. Com isso, a receita de Itaipu proporcionará uma solução contábil que evitará a liquidação antecipada da dívida de Angra 3 com o BNDES e com a Caixa e o destravamento das obras.
À Gazeta do Povo, Lopes confirmou que vai incluir essa proposta em seu relatório, que deve ser apresentado na semana que vem. Também deve constar no relatório a previsão de que o preço da energia vendida por Angra 3 passe por uma revisão, para refletir a "média de preço internacional” cobrada pela energia nuclear, segundo declaração do deputado. Ou seja, o preço firmado em contrato entre os acionistas de Angra 3 pode aumentar e a conta cairá para o consumidor de energia elétrica de todo o país, conforme antecipado pela Gazeta do Povo.
Lopes acredita que, mesmo assim, será possível evitar um aumento na conta de luz. "A sugestão é que entre na conta geral [que é paga pelos consumidores]. Nós vamos encontrar uma forma de dar modicidade tarifária, com ativos que possam ser envolvidos nesse processo e façam uma compensação”, disse Lopes, sem citar quais podem ser esses ativos.
A revisão de preço da energia de Angra 3 (limitado a R$ 148,65/MWh em 2009) deverá ser feita pelo Poder Executivo, segundo a proposta prevista pelo deputado em seu relatório, que será votado na comissão mista da MP e depois pelos plenários da Câmara e Senado.
A ideia é permitir a revisão do acordo de credores da Eletronuclear com o BNDES e Caixa, a partir do novo fluxo de caixa considerando a energia que Itaipu tem a vender e com preço revisado para cima para o megawatt de energia de Angra 3.
Lopes destaca que isso evita um problema muito grande para o governo e um "choque” para a Eletrobras. Em maio, vence mais uma parcela do empréstimo e a inadimplência implicaria em antecipação de toda a dívida da Eletrobras, afirma o deputado.
O governo está buscando um parceiro internacional para retomar a obra, e a revisão da receita prevista com a venda da energia seria o caminho para viabilizar um acordo e atrair o parceiro internacional, de olho no lucro com a venda da energia.
Pela sugestão do relatório, o "Poder Executivo deverá instituir faixa de preços para comercialização de energia pela Eletronuclear, a ser revisada periodicamente”, considerando todo o valor da empresa, seus ativos, maquinário e até mesmo as perdas decorrentes da corrupção, apontados pela Lava Jato.
"Isso é um somatório de insumos, de custos, de uma equação econômico-financeira séria, que deverá resultar no estabelecimento de um preço que seja compatível com a remuneração de custos do processo, mais um delta de remuneração do lucro da companhia. Não tem canetada, é um processo científico-matemático”, disse Lopes.
Estima-se que o custo total que pode ser empurrado para a conta de luz seja de R$ 2 bilhões ao ano, mas a equipe técnica que assessora o deputado não confirma esse valor. Técnicos do governo avaliam que ao menos parte desse custo poderia caber ao consumidor, mas não sua totalidade e que parte desse prejuízo deveria ser assumido pelos acionistas minoritários da Eletrobras em seus balanços.
A proposta de Júlio Lopes encontrava resistência entre técnicos da gestão do ministro Fernando Coelho Filho no Ministério de Minas e Energia. Isso porque uma revisão no valor da energia de Angra 3 firmado em contrato dependeria de uma análise de excludente de responsabilidade. Um aumento na conta de luz dos brasileiros sem essa análise poderia ser considerado uma forma de favorecimento ao acionista privado da Eletrobras, temem os técnicos.
Essa visão de que não cabe ao Ministério de Minas e Energia revisar o preço de Angra já foi consolidada e consta em nota técnica enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU) , com data de 18 de abril de 2016. Os técnicos destacam no documento que a Eletronuclear ao assinar o contrato de venda de energia de Angra 3 "asseverou que o preço de venda em conjunto com suas regras de atualização e de pagamento era suficiente para o cumprimento integral das obrigações previstas no contrato”. "Ou seja, não haveria de se contestar, após a assinatura do contrato, seu equilíbrio econômico–financeiro inicial”.
Em 2014, a Eletronuclear teria pedido que os órgãos de governo analisassem um pedido de revisão do contrato de Angra 3, para recompor o preço da energia. Mas o Ministério afirmou não ser sua competência analisar as responsabilidades de descumprimentos do contrato.
"A postura adotada pelo MME, de apenas acompanhar, se solicitado, e de atuar enquanto facilitador, também apenas quando solicitado, tem também o objetivo de não configurar ingerência da União na administração de estatais que direta, ou indiretamente, têm acionistas minoritários, de modo a evitar que a União seja acusada e penalizada por prática de abuso de poder de controle”, afirmam os técnicos, no documento enviado ao TCU.
Prazo apertado e novo ministro
A nova equipe do Ministério de Minas e Energia terá de endereçar o assunto com urgência, já que em maio vencerão novas parcelas do compromisso entre Eletronuclear e BNDES e Caixa. Nesta semana, tomou posse no comando da pasta Wellington Moreira Franco, próximo ao presidente Michel Temer e com base eleitoral no Rio de Janeiro, mesmo estado do relator da MP.
Júlio Lopes afirma estar em diálogo com Moreira Franco e a nova equipe do MME, mas não adiantou qual é a posição da nova gestão do Ministério sobre o tema. Em declaração à Agência Infra, Moreira Franco afirmou que terá de "introduzir a questão nuclear, que é muito importante”.
O deputado explicou que sua preocupação em dar uma solução ao problema de Angra 3 começou quando ele foi informado de que quatro cidades do Rio, no entorno da usina (Rio Claro, Angra, Parati e Mangaratiba), estariam deixando de receber mais de R$ 100 milhões em compensações ambientais e royalties, impedindo a continuidade de obras em hospitais e postos de saúde da região.
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- 11/04/2018 - Instituto de Física oferece bolsa de Física Nuclear de Núcleos ExóticosBolsa da Fapesp é destinada a formados em física nuclear experimental e tem inscrições abertas até dia 15 de maio
Bolsa da Fapesp é destinada a formados em física nuclear experimental e tem inscrições abertas até dia 15 de maio
Fonte: Jornal da USPO Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física (IF) da USP está com inscrições abertas para bolsa depós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na área de Física Nuclear de Núcleos Exóticos.
A bolsa, vinculada ao projeto temático Dinâmica de sistemas de muitos corpos IV, coordenado pelo professor Mahir Hussein, é destinada a candidatos com título de doutor e formação em física nuclear experimental, que serão supervisionados pelo professor Valdir Guimarães, um dos principais pesquisadores do projeto. Além de sua formação, ainda é requisitado que o participante tenha experiência em instrumentação nuclear e em medidas em laboratórios de física nuclear com aceleradores, e que possua conhecimento em Linux e códigos para análise de dadosde reações nucleares de baixas energias.
A função do bolsista será realizar medidas – através do sistema de produção de feixes radioativos, Ribras, instalado noIFou em laboratórios no exterior – e análise de dados de espalhamento elástico, fusão e break up induzidos por feixes radioativos. O selecionado será contemplado com uma bolsa com validade de 12 meses e possibilidade de prorrogação por mais 12, no valor de R$ 7.174,80, com adicional equivalente a 15% do valor anual para despesas relacionadas às atividades de pesquisa.
Para se candidatar para a bolsa destinada a brasileiros e estrangeiros, é necessário enviar o currículo atualizado, uma carta de apresentação com a razão do interesse na bolsa, contendo breve relato de experiência, e uma carta de recomendação endereçados ao professor Valdir Guimarães(valdirg@if.usp.br), até o dia 15 de maio.
Para mais informações, acesse http://www.fapesp.br/270
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- 09/04/2018 - Marinha avança no LABGENE e lança equipamentos para Produção de Combustível NuclearFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)O projeto do Submarino Nuclear Brasileiro (SN-BR) vai avançar. A Marinha do Brasil se prepara para neste mês para dar um novo passo na construção do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), no Centro Experimental Aramar, em Iperó (SP). Até o final de abril, está previsto o início do funcionamento de um turbo-gerador no compartimento das turbinas, que simboliza o começo das medidas de desempenho do LABGENE, trazendo informações para os ajustes necessários e subsídios adicionais ao SN-BR. O projeto básico do submarino nuclear passa hoje pelo período de interfases, para posteriormente se dar início ao detalhamento do projeto e o início da construção.
Como se sabe, no LABGENE serão testados sistemas navais para propulsão a vapor, principalmente na parte nuclear, o que é vital para o submarino nuclear. O SN-BR possui uma já conhecida importância estratégica para a defesa do território brasileiro, mas os seus benefícios já são desfrutados pelo País muito antes de seu lançamento. Para poder desenvolver o ativo, a Marinha alcançou o domínio do ciclo completo do combustível nuclear e a tecnologia de construção de reatores no final da década de 1980. Ou seja: o processo de construção do submarino incentivou o desenvolvimento tecnológico e científico brasileiro.
Além do LABGENE e do SN-BR, outro importante empreendimento em curso da Marinha é o Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Ao todo, serão quatro submarinos convencionais mais o nuclear desenvolvidos no local, tornando o município fluminense no coração do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha. Até o momento, foram realizadas cerca de 65% das obras da infraestrutura industrial de apoio à construção, operação e manutenção dos submarinos, com expressiva parcela de nacionalização de processos, materiais e equipamentos. O complexo abrigará uma série de estruturas importantes: a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), o Estaleiro de Construção, o Estaleiro de Manutenção e a Base Naval, onde haverá um Centro de Instrução para as tripulações dos submarinos, além de um Complexo Radiológico.
Em janeiro, o primeiro submarino convencional Riachuelo foi transferido para a UFEM do Complexo de Itaguaí. No mês seguinte, em evento com a presença do presidente Michel Temer, se deu início à montagem final do ativo naval, que será lançado este ano ao mar. Ainda para 2018, está prevista a conclusão do Estaleiro de Construção. Já o término do Estaleiro de Manutenção e da Base Naval deve ocorrer em 2020, e do Complexo Radiológico em 2026.
30 ANOS DO ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO NO BRASIL E REATOR MULTIPROPÓSITO
O ano de 2018 será importante em vários sentidos para os projetos nucleares da Marinha, que inaugurará em breve uma cascata com ultracentrífugas mais modernas. Para quem não sabe, estes equipamentos desenvolvidos pela Marinha são usados pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para produzir o combustível das usinas de Angra dos Reis (RJ). E no segundo semestre, está prevista também a instalação e o comissionamento da cascata 8.
A propósito, neste ano, a Marinha pretende comemorar os 30 anos do domínio do enriquecimento do urânio por ultracentrifugação com um grande evento. A princípio, o encontro está programado para julho, no Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), que fica localizado na cidade de Iperó. Na ocasião, será lançada a pedra fundamental das instalações do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), cujas instalações serão ao lado do CINA. Os trabalhos técnicos desse reator são coordenados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em parceria com a Marinha, por meio da Amazul e da Fundação Pátria. O RMB é outro grande projeto de interesse para o Brasil, porque vai tornar o País autossuficiente na produção de radioisótopos, utilizados no tratamento e diagnóstico do câncer.
O órgão dentro da Marinha responsável pela estratégia de suas atividades científicas, tecnológicas e de inovação é a Diretoria-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico, comandada pelo Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior. No final deste mês, no dia 24, às 18h, o militar participará de um evento no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, para fazer um balanço do programa nuclear da Marinha e apresentar dados e detalhes do desenvolvimento de submarinos convencionais e nuclear.
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- 05/04/2018 - Itália ganhará centro de estudos sobre fusão nuclearObjetivo do programa é gerar novas formas de energia
Objetivo do programa é gerar novas formas de energia
Fonte: Revista ÉpocaA cidade de Frascati, na região do Lazio, centro da Itália, ganhará um Centro de Excelência Internacional para pesquisas sobre fusão nuclear.
A máquina experimental de 500 milhões de euros se chama Divertor Test Tokamak (DTT) e será usada para estudos sobre a possibilidade de produzir energia a partir da fusão.
O projeto, que terá início em 30 de novembro, tem previsão para durar sete anos e envolverá mais de 1,5 mil pessoas. Além disso, estima-se que, através do programa, sejam obtidos 2 bilhões de euros em retorno.
Outras regiões do país também apresentaram propostas, mas Frascati teve a melhor pontuação nos quesitos técnicos, econômicos e ambientais. De acordo com a Agência Nacional para Novas Tecnologias e Energia (Enea), "a realização da DTT confirma a forte liderança da região em pesquisas sobre fusão".
A fusão nuclear consiste na junção de dois ou mais núcleos de átomos, que formam outro de maior número atômico. Já a fissão nuclear trata-se da divisão de núcleos atômicos em outros menores.
Através da fusão nuclear, seria possível gerar um tipo de energia mais limpa e renovável, em substituição aos combustíveis fósseis, cumprindo o objetivo de "descarbonização".
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- 02/04/2018 - Chip brasileiro integrará nova estrutura do Grande Colisor de HádronsCircuitos eletrônicos do LHC serão atualizados e ganharão 88 mil novos chips: mais rápidos, compactos e completamente projetados no Brasil
Circuitos eletrônicos do LHC serão atualizados e ganharão 88 mil novos chips: mais rápidos, compactos e completamente projetados no Brasil
Fonte: GalileuCompacto, funcional e resistente à radiação. Este é o chip Sampa, desenvolvido por pesquisadores da USP e da Unicamp para substituir os circuitos eletrônicos do experimento Alice, parte do Grande Colisor de Hádrons (LHC), localizado na sede suíça da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern).Atualmente, o Cern está passando por uma série de atualizações no seu sistema para otimizar a performance das suas pesquisas. Por isso, uma equipe de físicos e engenheiros brasileiros foi procurada para produzir uma nova versão dos chips usados nos sistemas Time Projection Chamber (TPC) e Muon Chamber (MHC), do Alice."Entre 2019 e 2020, o LHC vai passar por um upgrade que vai aumentar o número de colisões por segundo que o acelerador é capaz de gerar, o que é muito importante para que consigamos medir eventos mais raros da física de partículas,” explica Marcelo Gameiro Munhoz, professor do Instituto de Física da USP e um dos coordenadores do projeto brasileiro.Para se ter uma ideia da magnitude da atualização que está sendo feita no LHC, hoje, o experimento Alice opera com 500 colisões entre núcleos de chumbo por segundo. Já para 2020, os cientistas esperam gerar 50 mil colisões por segundo.Para alcançar esse nível de performance, os pesquisadores tiveram que projetar um chip compacto e que abrangesse dois sistemas eletrônicos: um analógico e outro digital. Atualmente, o Time Projection Chamber tem dois tipos de chip para realizar essas funções. O primeiro recebe o pulso de carga e o transforma num pulso de tensão, transferindo-o para um segundo chip, que digitaliza o pulso e faz o pré-processamento digital.Os cientistas não só conseguiram concluir essa missão, como também aumentaram o sistema de 16 canais para 32, a potência — diminuindo o consumo de energia — e garantiram um material resistente à radiação. Tudo isso em uma área de aproximadamente 0,82 cm²."O principal desafio foi combinar um chip compacto, com funcionalidades analógicas e digitais e com baixo consumo de potência”, afirma Munhoz.O chip foi aprovado por uma comissão de especialistas em microeletrônica e agora está sendo fabricado em Taiwan, pela empresa Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC). As 88 mil unidades do chip devem ficar prontas no segundo semestre deste ano, quando passarão por mais testes para que, então, sejam instaladas no experimento Alice a partir de 2019.Aplicações no BrasilAlém do chip desenvolvido para o Cern, a tecnologia criada no processo também poderá ter aplicações em outras áreas da tecnologia e, em especial, aqui no Brasil."Em paralelo, nós desenvolvemos várias propostas de sensores acoplados ao chip Sampa para projetos que estão sendo feitos no país,” conta Munhoz. "Estamos, por exemplo, desenvolvendo um medidor de nêutrons para os reatores nucleares do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), aqui na Cidade Universitária da USP, e também para o futuro Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) que será construído em Iperó, no interior de São Paulo.”Esses mesmos sensores acoplados ao chip poderão realizar medidas de raio X. Eles serão úteis, por exemplo, para um outro grupo de pesquisa do Instituto de Física da USP, que estuda a preservação de patrimônios históricos através de radiografias.Para o engenheiro Wilhelmus Van Noije, professor da Escola Politécnica da USP e também coordenador do projeto, a tecnologia desenvolvida no percurso da pesquisa poderá ajudar sua área de pesquisa também. Van Noije estuda meios de detecção do câncer de mama e do colo uterino para a medicina nuclear. "Como projetamos um chip tolerante à radiação, esse aspecto pode ser muito útil para a pesquisa em circuitos integrados aplicados na área da saúde”, afirma o professor.Lute pela ciênciaCada etapa da pesquisa exigiu dos pesquisadores muito mais do que uma ideia genial: a falta de recursos e a instabilidade na equipe foram as principais dificuldades que tiraram o sono dos cientistas brasileiros."Foi bastante desafiador conseguir montar uma equipe de engenheiros porque normalmente nos laboratórios internacionais há uma equipe técnica grande e bastante qualificada à sua disposição, caso você tenha um projeto interessante como esse”, exemplifica Munhoz. Mas no Brasil não é assim. "Tivemos que caçar engenheiros e pagá-los com bolsa ou prestação de serviço com recursos da Fapesp. O que sempre é muito instável, já que você os contrata por um tempo curto e eles não podem ter vínculo empregatício. Se aparece uma oportunidade de emprego, a pessoa obviamente sai do projeto.”Os pesquisadores também tiveram dificuldade para encontrar uma empresa brasileira com "know-how" para fabricar os sistemas que ainda seriam testados. Por isso, vários equipamentos mais avançados tiveram que ser importados, o que prolongava o tempo de pesquisa."Realmente, está muito difícil fazer pesquisa em tecnologia no país. E, em um país sem tecnologia, infelizmente é muito difícil que haja avanço econômico”, pontua Van Noije, que também critica os recentes cortes à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e aos fundos de financiamento à pesquisa do BNDES e do CNPq. "O governo precisava se preocupar mais em investir na tecnologia para, então, garantir o desenvolvimento social e econômico”, avalia o engenheiro.*Com supervisão de Isabela Moreira -
- 30/03/2018 - Bruxelas confirma plano de fechar todas as centrais nucleares até 2025O governo da Bélgica aprovou a sua estratégia energética e confirmou a intenção de fechar todas as usinas nucleares no país até 2025.
O governo da Bélgica aprovou a sua estratégia energética e confirmou a intenção de fechar todas as usinas nucleares no país até 2025.
Fonte: Sputnik BrasilDe acordo com um documento publicado pelo governo, a Bélgica pretende parar de produzir energia nuclear até 2025. Bruxelas também planeja garantir uma rede de energia suficiente e estável e investir em novas fontes de energia e gerenciamento de energia. O governo autorizará a construção de novos parques eólicos ao longo da costa a partir de 2020 para preencher a lacuna na produção de energia.O projeto de lei sobre o encerramento das centrais nucleares deve ser submetido ao Conselho de Ministros até 31 de maio.A Bélgica possui atualmente sete reatores nucleares gerando cerca da metade da eletricidade no país.Uma das centrais, a de Doel, é uma das mais antigas na Europa. Em 2012, a Bélgica suspendeu o reator Doel 3, após suspeita de rachaduras no tanque central. Mais tarde o reator foi reativado, após passar por inspeção. Micro-fissuras também foram descobertas no reator 2 da central de Tihange.
O movimento anti-nuclear ganhou força na Bélgica após o acidente de Fukushima no Japão, ocorrido em março de 2011. Na ocasião, um terremoto de magnitude 9 desencadeou um tsunami, que atingiu a usina nuclear japonesa, provocando vazamento de materiais radioativos e o desligamento da planta.
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- 29/03/2018 - Por que o Brasil está construindo um reator nuclear de US$ 280 milhõesPessoas em tratamento de câncer podem se beneficiar do Programa Nuclear do pais
Pessoas em tratamento de câncer podem se beneficiar do Programa Nuclear do pais
Fonte: Revista GalileuEnquanto os líderes Donald Trump e Kim Jong-un trocam ofensas e competem para saber quem tem o botão maior, a questão nuclear continua sendo importante para definir o futuro do planeta. E o Brasil não está de fora dela.Por aqui, o Programa Nuclear começou ainda na década de 1950. Em 1979, a marinha começou a desenvolver seu próprio programa com a ideia de dominar o ciclo do combustível nuclear, ou seja: conseguir transformar o urânio bruto em combustível - seja para o uso em usinas ou em submarinos. E, apesar das dificuldades como a falta de investimento do governo em novas tecnologias, sobrevive até hoje.Vale lembrar que, por lei, o Brasil não pode desenvolver nenhuma tecnologia nuclear para fins não pacíficos - bombas estão fora de questão.Segundo o Boletim de Energia Nuclear Brasil e Mundo 2016, o país possui a quinta maior reserva de urânio do mundo. São 309 mil toneladas, que representam 5,3% do total mundial, perdendo apenas para Austrália (28,7%), Cazaquistão (11,2), Canadá e Rússia (8,3% cada).O Brasil tem hoje quatro reatores nucleares em funcionamento. O mais antigo, inaugurado em 1957, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, é o mais potente, com 5 megawatts. Por isso, muitos cientistas, militares e agentes da sociedade civil depositam esperança na construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), previsto para 2022, que está sendo desenvolvido no Centro Tecnológico da Marinha, em Iperó, próximo a Sorocaba, no interior de São Paulo, e terá potência de 30 megawatts.A questão é: depois de acidentes históricos como o de Chernobyl e Fukushima, para quê o Brasil precisa de um reator nuclear avaliado em 500 milhões de dólares?"O que estamos construindo não é apenas um reator, mas todo um polo tecnológico que vai nos ajudar a desenvolver inúmeras pesquisas nucleares”, afirma José Augusto Perrotta, coordenador técnico do RMB na Comissão Nacional de Energia Nuclear, que cita ainda a parceria com o Sirius, o acelerador de partículas brasileiro que está em construção em Campinas. "Vamos abrir aqui uma torneirinha de nêutrons que vão ser muito usados.”Além do propósito militar - a marinha planeja a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro -, o reator também vai tornar o país independente na produção de radiofármacos que são usados na medicina nuclear, fundamental para o diagnóstico e tratamento de várias doenças, como o câncer."Essa autonomia é superimportante, porque se amanhã ou depois o preço do dólar aumenta não ficamos escravos deste recurso para sustentar o nosso desenvolvimento”, explica a médica nuclear Evelinda Trindade, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. "Só produzindo esse conhecimento o Brasil vai ser autônomo, senão vai ficar sempre na promessa.”Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Juliano Cerci, a especialidade precisa ser democratizada, já que, por contar com produtos importados, ainda é muito cara. "Existe a medicina nuclear no SUS, mas ele é de difícil acesso. Às vezes, demoram três meses para autorizar um exame. E um paciente com câncer não pode esperar esse tempo”, explica o médico.Cerci lembra que o projeto do RMB previa um desenvolvimento em conjunto com um reator gêmeo na Argentina. Mas, com a falta de investimento do governo brasileiro, o hermano acabou despontando na frente e já está em funcionamento - enquanto o nosso nem saiu do papel."Nosso projeto foi muito sucateado. Agora, ironicamente, o reator argentino está vendendo gerador para o Brasil. Ou seja, temos um conflito: se antes os reatores iriam nascer juntos, qual é agora o benefício da argentino na construção de um reator brasileiro? Nenhum. Na verdade, ela vai perder um comprador”, diz Cerci.O presidente da SBMN chama atenção para a contradição do governo, que mesmo investindo lentamente na construção do reator - que tem previsão de conclusão para 2022 -, corta verbas de bolsas e de pesquisas, e não investe em mão de obra qualificada."O que a gente precisa é de uma visão estratégica. Se é importante produzir ciência no Brasil, então precisamos fomentar esse setor", afirma Cersi.No dia 27 de março, no entando, o jogo parece ter virado. Um convênio assinado com a Amazul, empresa pública coordenada pela Marinha, fechou um orçamento de US$ 280 milhões. O valor, de US$ 280 milhões a menos, vai ser bancado pelo Ministério da Saúde.O presidente da SBMN comemora: "É a melhor notícia para a medicina nuclear nos últimos anos. Mas esse é só um passo, as coisas não podem parar por aí." Com a mudança de governo nos próximos meses, o projeto corre o risco de sofrer mais alterações. "Precisamos continuar nesse processo de notícias boas." -
- 28/03/2018 - FAPESP apoiará a modernização de 12 Institutos Estaduais de Pesquisa (Agência Fapesp)Fonte: Agência Fapesp
A FAPESP finalizou o processo de seleção da chamada "Desenvolvimento Institucional de Pesquisa dos Institutos Estaduais de Pesquisa no Estado de São Paulo”. Serão contratadas 12 propostas, apresentadas por 12 institutos de pesquisa, às quais serão disponibilizados R$ 120 milhões, conforme previsto no edital.
Além de recursos de capital e custeio (material permanente e de consumo, serviços de terceiros, entre outros), esse valor inclui apoio da FAPESP por meio de bolsas de Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) e de Pesquisa no Exterior (BPE), Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante, além de recursos dos programas Equipamento Multiusuário (EMU), Políticas Públicas, Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) e Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.
"O objetivo é modernizar os institutos de pesquisa do estado. Além de contemplar a aquisição de equipamentos modernos, o edital deu grande ênfase à capacitação de pessoal de alto nível científico e tecnológico, capaz de utilizar esses equipamentos adequadamente”, disse José Goldemberg, presidente da FAPESP.O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), por exemplo, teve aprovado seu plano de desenvolvimento institucional na área de transformação digital: manufatura avançada e cidades inteligentes.
"O IPT pretende usar essa oportunidade de ter um projeto com recursos FAPESP para reforçar competências associadas à transformação digital que a sociedade atravessa, no século 21, em tantas direções”, disse Fernando Landgraf, diretor-presidente do IPT.
"Como a missão do IPT é aumentar a competitividade das empresas e promover a qualidade de vida da nossa sociedade, faz todo o sentido aplicar a transformação digital ao desafio de conduzir duas linhas de pesquisa focadas na sustentabilidade das cidades inteligentes, a gestão ambiental e os sistemas inerciais autônomos, e aplicá-la também à manufatura avançada, com linhas de pesquisa em manufatura aditiva, metrologia avançada e processos bio-físico-químicos”, disse Landgraf.
Entre os projetos selecionados está o do Instituto Agronômico (IAC), "Do básico ao aplicado: modernização da infraestrutura institucional para o fomento, da pesquisa e da inovação do agronegócio”.
"O apoio da FAPESP vem em boa hora. Há 131 anos o IAC tem a missão de transferir ciência e tecnologia inovadoras para a produção agrícola. Para tanto, as pesquisas básicas e aplicadas são fundamentais. Precisamos de investimento em infraestrutura de pesquisa – genômica, inclusive – para multiplicá-la e transferir tecnologia para a produção, observando padrões de sustentabilidade e qualidade, além de formar recursos humanos”, disse Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC.
Dezenove instituições responderam ao edital lançado em 25 de maio de 2017. As propostas submetidas foram analisadas segundo procedimentos e sistemática adotados pela FAPESP na avaliação de projetos. Mas, por tratar-se do primeiro edital institucional da Fundação, voltado para a modernização de instituições de pesquisa, as propostas foram também submetidas a um Comitê Especial formado por pesquisadores de São Paulo e de outros estados que já ocuparam função de direção em institutos de pesquisa.
INSTITUIÇÕES DE PESQUISA, PROJETOS E VALORES CONTRATADOS:
Instituição
Projeto
Valor contratado (R$)
Instituto Adolfo Lutz
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa
10,839 milhões
Instituto Agronômico
Do básico ao aplicado: modernização da infraestrutura institucional para o fomento, da pesquisa e da inovação do agronegócio
13,205 milhões
Instituto Biológico
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa: modernização e adequação de unidades multiusuárias estratégicas
11,731 milhões
Instituto Butantan
Criação do Centro de Recursos Biológicos
9,060 milhões
Instituto Dante Pazzanese
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa
7,912 milhões
Instituto de Botânica
Desafios para a conservação da biodiversidade frente a mudanças climáticas, poluição e uso e ocupação do solo
8,786 milhões
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen)
Capacitação científica, tecnológica e em infraestrutura de radiofármacos, radiações e empreendedorismo a serviço da Saúde
13,599 milhões
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Plano de Desenvolvimento Institucional na área de transformação digital: manufatura avançada e cidades inteligentes
12,476 milhões
Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital)
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa
13,164 milhões
Instituto de Zootecnia
Plano de Desenvolvimento Institucional de Pesquisa
11,665 milhões
Instituto Geológico
Modernização e ampliação da infraestrutura de pesquisa científica para subsidiar políticas públicas na área de meio ambiente
2,876 milhões
Superintendência de Controle de Endemias (Sucen)
Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa e Tecnologia para a vigilância e o controle de vetores
4,680 milhões
Total
120 milhões
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- 27/03/2018 - Saúde vai investir R$ 750 milhões em produção de radiofármacosFonte: EBC - Agência BrasilPaula Laboissière - Repórter da Agência BrasilO Ministério da Saúde firmou hoje (27) parceria com a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa para o desenvolvimento do primeiro Reator Multipropósito Brasileiro. O acordo garante investimento de R$ 750 milhões a serem repassados pelo governo federal até 2022. A previsão é de que, ainda este ano, R$ 30 milhões sejam destinados ao projeto.A parceria, segundo a pasta, vai contribuir para o fim da dependência externa na produção de radioisótopos e no fornecimento de radiofármacos ao Sistema Único de Saúde (SUS) a preço de custo. "Esse reator multipropósito fabrica radiofármacos, produtos que são utilizados na quimioterapia e que são, portanto, fundamentais para o tratamento das pessoas”, explicou o ministro Ricardo Barros.Durante entrevista coletiva, ele lembrou que o Brasil já conta com um reator mais antigo e que muitos medicamentos nessa área ainda são importados. A expectativa da pasta é de que, em três anos, o novo equipamento esteja operando. Não há, entretanto, uma estimativa por parte do governo sobre redução de custos com o projeto.De acordo com o ministério, desde 2009, o Brasil enfrenta dificuldades no abastecimento de radioisótopos – utilizados em 80% dos procedimentos adotados na medicina nuclear. O motivo seria a paralisação do reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mercado global. Cerca de 2 milhões de procedimentos médicos utilizam esse tipo de tecnologia."Acredito que esse é um momento importante. São muitos anos desde que foi lançado esse programa para se chegar, hoje, a assinar os contratos e começar os investimentos para a produção no Brasil”, disse Barros, ao citar que o reator dará ao Brasil autossuficiência, além de tornar o país referência em medicina nuclear.O Reator Multipropósito Brasileiro será desenvolvido em Iperó (SP), em um centro experimental da Marinha. O projeto deve ocupar, ao todo, uma área de 2 milhões de metros quadrados, já que, além do reator, está prevista a construção de laboratórios, aceleradores de partículas e lasers de alta potência. -
- 27/03/2018 - Ministério da Saúde destinará R$ 750 milhões para o RMBAcordo foi assinado entre a Amazul e o ministério
Acordo foi assinado entre a Amazul e o ministério
Fonte: AmazulSão Paulo, 27 de março de 2018 - A Amazul – Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. e o Ministério da Saúde assinaram, nesta terça-feira (27/3), acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), plataforma que visa, entre outros objetivos, produzir radioisótopos para a fabricação de radiofármacos usados na prevenção e tratamento de câncer. O empreendimento tornará o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos e o repasse de radiofármacos para o SUS a preço de custo.
O acordo garante investimento de R$ 750 milhões, que serão repassados pelo Ministério da Saúde até 2022. Ainda este ano, o ministério fará um aporte de R$ 30 milhões para o desenvolvimento do projeto. O acordo foi assinado pelo ministro Ricardo Barros e o presidente da Amazul, Ney Zanella dos Santos.
A Amazul é co-empreendedora do RMB junto com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) participará do projeto na parte nuclear. A empresa argentina Invap está desenvolvendo o projeto detalhado do RMB, com fiscalização da Amazul e da Cnen.
"Este reator será fundamental para o tratamento das pessoas. Hoje, nós importamos muito desse medicamento e queremos produzir no Brasil, barateando os custos. Esta decisão tem interface com vários outros ministérios, mas agora ele irá priorizar a área da saúde”, afirma o ministro Ricardo Barros.
Os radiofármacos são de grande importância para o tratamento de doenças no Sistema Único de Saúde, pois auxiliam no tratamento de diversas áreas como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. Com eles, é possível realizar diagnósticos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais e demências. Além disso, esses produtos são os mais eficientes na detecção de câncer, pois definem qual o tipo e tamanho do tumor e qual o tratamento mais adequado para o paciente.
Para o presidente da Amazul, Ney Zanella dos Santos, o país dispõe de tecnologia para fazer todo o ciclo do radioisótopos. "Temos matéria-prima, tecnologia e pessoal capacitado para esse empreendimento que nos livrará da dependência externa na produção desses insumos estratégicos.”
Desde 2009, o Brasil tem dificuldade no abastecimento de radioisótopos, utilizado em cerca de 80% dos procedimentos adotados pela medicina nuclear. Isso se deve à paralisação do reator canadense que abastecia todo o mercado brasileiro e 40% do mundo. Desde então, o país busca outros fornecedores importados, já que, com demanda reprimida, apenas cerca de 2 milhões de procedimentos médicos utilizam os radiofármacos.
Segundo Zanella, o RMB terá outras aplicações além da medicina nuclear. A plataforma disponibilizará tecnologias que poderão ser aplicadas na agricultura, no meio ambiente e na indústria. Essas tecnologias permitem, por exemplo, testar materiais, localizar fissuras em superfícies como asas de avião ou verificar a quantidade de agrotóxicos contida em alimentos.
O reator nuclear dará ao país autossuficiência, tornando-o referência em medicina nuclear. Também pode tornar o Brasil exportador, já que o número de reatores deste porte é pequeno em todo o mundo, indo na contramão da crescente demanda do produto.
O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) será desenvolvido na cidade de Iperó (SP), junto ao Centro Industrial Nuclear de Aramar, da Marinha do Brasil, que cedeu parte do terreno.