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- 15/01/2018 - Ununênio, o novo elemento químico que cientistas japoneses tentam criarUma equipe de cientistas japoneses embarcou recentemente em um projeto tão fascinante quanto complexo: a busca pelo elemento 119 da tabela períodica.
Uma equipe de cientistas japoneses embarcou recentemente em um projeto tão fascinante quanto complexo: a busca pelo elemento 119 da tabela períodica.
Fonte: BBC BrasilEm 2016, a tabela criada pelo químico russo Dimitri Mendeléiev em 1869 ganhou quatro novos elementos: o 113 (nihônio), o 115 (moscóvio), o 117 (tennessino) e o 118 (oganessono).Agora, o físico Hideto Enyo e sua equipe querem inaugurar a oitava fileira da tabela com um metal chamado - até agora - de ununênio (um, um e nove, em latim), que ninguém, até o momento, conseguiu sintetizar.Os elementos da tabela periódica são organizados pelo número de prótons no núcleo do átomo de cada um, pela distribuição de seus elétrons e pela recorrência de suas propriedades periódicas.Plano
Os elementos mais leves, como o hélio (2) e o lítio (3), se formaram imediatamente após o Big Bang. O restante, a partir de uma fusão nuclear no coração das estrelas.Os elementos que têm um número de prótons superior a 26 têm uma origem mais duvidosa. E os que são mais pesados que o plutônio (94) não existem naturalmente na Terra. Eles precisam ser sintetizados em laboratório.Isso ocorre porque, com mais de 94 prótons, o núcleo do elemento se torna instável.O plano dos cientistas japoneses é disparar feixes do metal vanádio, de 23 prótons, contra um alvo de cúrio (96), um elemento criado artificialmente.O experimento deve acontecer em um acelerador de partículas perto de Tóquio.A fusão de ambos, criada a partir deste evento superexplosivo semelhante a um cataclima cósmico, daria como resultado o novo elemento superpesado.Dificuldades à vista
Até aqui parece fácil: 23 + 96 = 119. Mas a conta está longe de ser simples.As explosões necessárias para criar esse elemento são raras, e a colisão precisa acontecer com a quantidade de energia exata necessária para que a experiência funcione.Se não houver energia suficiente, os núcleos de ambos os elementos ricocheteiam, e a fusão não ocorre.Mas se a explosão for forte demais, o novo átomo se desintegrará.Por outro lado, há outras combinações de elementos possíveis para criar o ununênio, mas ainda não se sabe exatamente qual é a melhor.Outra equipe de cientistas já tentou, sem sucesso, disparar um feixe de titânio (22) contra um alvo de berquélio (97). A soma de seus números de prótons também é 119, mas a experiência não funcionou.Além disso, tais operações são caríssimas e, mesmo que tenham sucesso, conseguem criar um elemento que se mantém coeso por apenas milésimos de segundos.O estudo japonês ainda está em fase inicial, e ainda pode levar anos para obter resultados. -
- 12/01/2018 - Brasil e Argentina assinam contrato para o Reator Multipropósito BrasileiroAs negociações foram concluídas no final de dezembro, durante a 51ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O início da operação do RMB está previsto para 2023
As negociações foram concluídas no final de dezembro, durante a 51ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O início da operação do RMB está previsto para 2023
Fonte: Jornal da CiênciaBrasil e Argentina assinaram, em 21 de dezembro de 2017, o contrato que define a participação dos dois países, no projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que trará grande contribuição à medicina nuclear, à indústria e a setores acadêmicos. As negociações foram concluídas, durante a 51ª. Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O início da operação do RMB está previsto para 2023.Idealizados no âmbito da Comissão Binacional de Energia Nuclear (COBEN), os reatores brasileiro e argentino contarão com projetos de engenharia semelhantes. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, responsável pelo projeto do RMB, trabalha em parceria com a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A.), empresa pública vinculada à Marinha do Brasil e com a Fundação Patria (Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências). Esse contrato é financiado com recursos de convênio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).O RMB trará benefícios sociais importantes para a sociedade brasileira, pois garantirá a produção autônoma de radioisótopos, principalmente, o Molibdênio-99, permitindo a ampliação do uso da medicina nuclear no Brasil. Hoje, o País depende, integralmente, da importação do insumo para a produção de radiofármacos, utilizados, entre outros, no combate ao câncer. O reator auxiliará, ainda, projetos na área científica, por meio da utilização de feixes de nêutron para a pesquisa e testes de materiais combustíveis nucleares.O reator será instalado no munícipio de Iperó, SP, em uma área de 2,04 milhões de metros quadrados, sendo 1,2 milhões de metros quadrados cedidos à CNEN pela Marinha do Brasil. A área complementar foi desapropriada e cedida à CNEN, pelo Governo do Estado de São Paulo. Tais cessões decorreram da importância do empreendimento RMB para o desenvolvimento tecnológico e da saúde no País.O terreno onde será instalado o RMB é vizinho a Aramar, onde são conduzidas diversas atividades do Programa Nuclear da Marinha, incluindo o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e o desenvolvimento do programa de propulsão nuclear, que se destinará ao futuro submarino nuclear brasileiro. Para esse programa, está sendo construído no local oLaboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGENE), que é um protótipo em terra do propulsor do submarino.Dessa forma, o RMB e as instalações da Marinha do Brasil em Aramar consolidarão a formação de um polo de desenvolvimento de tecnologia nuclear entre as cidades de Iperó e Sorocaba, no estado de São Paulo,pois terá dois reatores nucleares de pesquisa (RMB e LABGENE) e toda uma importante infraestrutura laboratorial de tecnologia nuclear.Os elementos combustíveis que abastecerão o RMB já começaram a ser produzidos no Centro Industrial Nuclear de Aramar (Marinha do Brasil), em uma cascata exclusiva inaugurada em 2016. Este é um exemplo de parcerias que são implementadas, aproveitando as tecnologias nucleares desenvolvidas em prol do Brasil. -
- 12/01/2018 - Pesquisa substitui uso de animais por material descartado em cirurgia plásticaFonte: Agência FAPESPOs efeitos da radiação ultravioleta (UV) sobre o tecido cutâneo são bem conhecidos da ciência e da indústria de cosméticos. Já existe no mercado uma ampla gama de produtos que atuam como uma barreira química contra esses raios solares, prevenindo o câncer de pele e o envelhecimento precoce. Agora, os cientistas buscam compreender melhor as alterações estruturais sofridas pela pele exposta à radiação infravermelha (IV-A) – que é sentida na forma de calor e tem como fonte não apenas o sol, mas também objetos domésticos como ferro de passar roupas e secador de cabelos.Para estudar os danos provocados pela radiação infravermelha A, uma empresa especializada na condução de estudos clínicos na área de cosmética, a Kosmoscience, desenvolve metodologia alternativa aos testes feitos com animais utilizando fragmentos de pele humana provenientes de cirurgias plásticas eletivas. A pesquisa conta com o apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e encerrou a Fase 1, de viabilidade técnica.Segundo a farmacologista Samara Eberlin, responsável pela pesquisa, o objetivo da Kosmoscience ao avaliar os efeitos deletérios da radiação IV-A sobre os fragmentos de pele é validar o uso desse material alternativo para testes de eficácia de produtos protetores.Ela explica que com o advento da política dos 3R ("Replace, Refine and Reduce”) – que visa substituir e reduzir o número de animais usados em pesquisa – a avaliação da segurança e eficácia cosmética ficou restrita aos ensaios in vitro (cultura de células) e aos testes clínicos, realizados em seres humanos."No entanto, nem sempre os danos reais de um agente agressor ou os benefícios de um tratamento observados nas culturas celulares podem ser extrapolados diretamente para a condição real de uso”, disse a pesquisadora. Nesse cenário, o estudo em pele ex vivo tornou-se uma ferramenta valiosa para cobrir a lacuna deixada pelos testes em animais.Os fragmentos de pele utilizados na pesquisa são excedentes de cirurgias plásticas, obtidos após consentimento dos pacientes e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. E não há falta desse tipo de material. O Brasil é o segundo colocado no ranking mundial de cirurgia plástica, segundo dados divulgados pela International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) em junho de 2017. "Um material que iria para o lixo é doado para pesquisa”, disse Samara.Segundo ela, embora nenhum teste de laboratório possa substituir por completo o que ocorre em uma situação real, o fragmento recém-obtido da cirurgia plástica é o modelo mais próximo. "Depois de removida, a pele apresenta viabilidade tecidual de 7 a 10 dias em cultura. As principais alterações relacionadas ao envelhecimento, pigmentação e resposta inflamatória, dentre outras, podem ser mensuradas nesse sistema”, disse.Eberlin e os biólogos Michelle Sabrina da Silva e Gustavo Facchini já conseguiram obter resultados que demonstram os efeitos nocivos que a radiação IV-A pode causar ao tecido cutâneo, como aceleração dos processos de envelhecimento, morte celular e enfraquecimento de mecanismos fisiológicos envolvidos no reparo tecidual."Os resultados são preliminares, mas indicam que a radiação infravermelha produz alterações no metabolismo normal da pele, podendo causar desde alterações estéticas até malformações malignas”, disse Samara. Ela explica que a radiação IV é mais penetrante que a ultravioleta; atinge as camadas mais profundas da pele, gerando estresse oxidativo e promovendo danos ao DNA. Por isso, alguns fotoprotetores já estão incluindo antioxidantes na formulação. Mas ainda é necessário obter mais dados sobre os mecanismos de ação da radiação IV e a concentração ideal dos antioxidantes. -
- 11/01/2018 - Indústrias Nucleares do Brasil abre concurso para vários cargosOs salários vão de R$ 1.858 a R$ 6.094. As vagas são para as cidades de Caetité (BA), Caldas (MG), Resende (RJ) e Rio de Janeiro
Os salários vão de R$ 1.858 a R$ 6.094. As vagas são para as cidades de Caetité (BA), Caldas (MG), Resende (RJ) e Rio de Janeiro
Fonte: G1 Portal de NotíciasIndústrias Nucleares do Brasil (INB) abriu processo seletivo para formação de cadastro de reserva para cargos de nível médio/técnico e superior. Os salários vão de R$ 1.858 a R$ 6.094. As vagas são para as cidades de Caetité (BA), Caldas (MG), Resende (RJ) e Rio de Janeiro.
Fundada em 1988, a Indústrias Nucleares do Brasil incorporou as empresas que faziam parte da Nuclebrás, criada para cumprir o Acordo Nuclear Brasil - Alemanha. Com o objetivo de concentrar todo o ciclo de produção do combustível nuclear – desde a mineração até a montagem e entrega do elemento combustível -, a INB foi idealizada para impulsionar a produção da energia nuclear no país.
Os cargos de nível médio/técnico são de ajustador mecânico, almoxarife, assistente de administração, caldereiro, inspetor de guarda, mecânico de manutenção, operador de processos, operador de fresadora CNC - fresador, operador de torno CNC - torneiro, programador de máquinas - ferramenta CNC, projetista cadista, secretária, soldador, soldador Oxigás, soldador Pead, soldador TIG, desenhista técnico de construção civil, desenhista técnico mecânico, montador automação, montador eletricista, montador mecânico, técnico em edificações, técnico em segurança do trabalho, técnico em manutenção, técnico em laboratório industrial, técnico em logística, técnico em arquivo, técnico em automação industrial, técnico em eletromecânica, técnico em eletrônica, técnico em eletrotécnica, técnico em enfermagem do trabalho, técnico em informática, técnico em instrumentação, técnico em mecânica, técnico em meio ambiente, técnico em qualidade, técnico em química, técnico em radioproteção e técnico em topografia/agrimensura.
Os cargos de nível superior são de administrador, advogado, analista de comércio exterior, analista de comunicação, analista de sistemas, assistente social, auditor, biólogo, bibliotecário, contador, economista, enfermeiro do trabalho, engenheiro ambiental, engenheiro agrônomo, engenheiro civil, engenheiro da computação, engenheiro de automação e controle, engenheiro de produção, engenheiro de segurança do trabalho, engenheiro eletricista, engenheiro mecânico, engenheiro metalúrgico, engenheiro químico, físico, geólogo, médico do trabalho, psicólogo e químico.
As inscrições devem ser feitas pelo site https://www.gestaodeconcursos.com.br de 15 de janeiro a 8 de fevereiro. As taxas são de R$ 80 para nível médio e técnico e de R$ 100 para nível superior.
A prova objetiva será no dia 4 de março, nas cidades de Caetité (BA), Poços de Caldas (MG), Resende (RJ) e Rio de Janeiro.
A prova física será no dia 15 de abril, na cidade de Resende.
Indústrias Nucleares do Brasil (INB)
- Vagas: cadastro de reserva
- Inscrições: 15/01 a 08/02
- Salários: R$ 1.858 a R$ 6.094
- Taxa: R$ 80 e R$ 100
- Prova: 04/03/18
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- 10/01/2018 - Câmara analisa proposta que concede reajuste anual às bolsas concedidas por órgãos de apoio à pesquisaPelo texto, o reajuste seria feito no dia 1º de janeiro de cada ano de acordo com a variação do INPC. O último reajuste foi em 2010.
Pelo texto, o reajuste seria feito no dia 1º de janeiro de cada ano de acordo com a variação do INPC. O último reajuste foi em 2010.
Fonte: Agência Câmara de NotíciasA Comissão de Educação aprovou proposta (PL 4559/16) que concede reajuste anual às bolsas concedidas pelos órgãos federais de apoio à pós-graduação e pesquisa.Pelo texto, o reajuste seria feito no dia 1º de janeiro de cada ano de acordo com a variação do INPC. O último reajuste foi em 2010.O autor do projeto, deputado Lobbe Neto (PSDB-SP), lembra que os pesquisadores dependem das bolsas para se dedicarem à atividade:"Essa reivindicação é muita justa. Nós temos aumento de energia, aumento de combustível, aumento do custo de vida... tem que ter também um reajuste nas bolsas que são encaminhadas principalmente na área de pesquisa, fomento à pesquisa".O presidente substituto do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Marcelo Morales, afirma que, por causa do limite constitucional para os gastos de cada órgão, é necessário primeiro que seja elevado o teto de gastos do CNPq. Segundo ele, caso o reajuste seja obrigatório sem o aumento do teto, o CNPq terá que reduzir o número de bolsistas:"Nós teríamos que estudar junto com o Congresso e com o governo federal como que nós poderíamos aumentar o orçamento do CNPq não só em bolsas. Porque não adianta aumentar o orçamento do CNPq em bolsas porque esses bolsistas precisam fazer pesquisa. Mais de 90% do orçamento do CNPq está destinado a bolsas. Muito pouco resta para a gente fazer política nacional de ciência e tecnologia, fomentando a pesquisa para que esses bolsistas façam realmente a pesquisa necessária".Hoje existem 34.200 bolsistas no CNPq, entre doutorandos, mestrandos, pesquisadores do órgão e pós-doutorandos. As bolsas variam entre R$ 1.100 para alguns pesquisadores do CNPq e R$ 4.400 para os pós-doutorandos.A proposta que determina reajuste anual das bolsas para pesquisa será analisada agora pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça. -
- 10/01/2018 - Brasil é reprovado nas ações políticas e tributárias de incentivo à InovaçãoFonte: Convergência DigitalA Consumer Technology Association (CTA), entidade que reúne as empresas de tecnologia do consumo, divulgou nesta terça-feira, 09/01, um ranking mundial de ações de países para o fomento à Inovação. O Brasil foi reprovado na maioria dos itens avaliados e tirou a nota mais baixa possível - F - na parte relativa ao ambiente tributário e na adoção de políticas públicas de incentivo à Inovação.Ao final, o Brasil ficou na 32ª posição em um ranking de 38 países. Além do F em tributos e políticas públicas, o país também teve baixa pontuação em investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento e na própria geração de capital humano. Na oferta de banda larga, o país ficou com C+.O ranking da CTA, organizadora da CES, evento que acontece nos Estados Unidos, avaliou 10 itens: diversidade, liberdade de inovação, banda larga, capital humano, ambiente tributário, investimentos em P&D, atividade empreendedora, amigáveis ao mercado de drones, amigáveis ao mercado de compartilhamento de transporte, amigáveis ao mercado compartilhamento de imóveis, amigáveis a carros autônomos e meio ambiente.O resultado apresentado é bastante negativo, uma vez que o Brasil não tirou uma única nota A. A melhor pontuação obtida foi B em compartilhamento de transporte e no de imóveis. "As linhas de tendência do estudo são claras. A inovação é encorajada onde os governos têm abertura às novas ideias, nos países onde as pessoas desfrutam de grande liberdade e ambientes limpos e onde os inovadores são abraçados", advertiu Gary Shapiro, presidente e CEO da CTA."A inovação reforçará o crescimento econômico e proporcionará às gerações futuras os empregos que desejam. Os graduados que entram na força de trabalho hoje não querem necessariamente permanecer nos empregos das fábricas anteriores, eles querem usar sua criatividade e curiosidade para construir futuros mais brilhantes em todo o mundo", acrescentou o presidente e CEO da CTA. Os países campeões do ranking da CTA são: Finlândia, Reino Unido, Austrália, Suécia, Estados Unidos, Cingapura, Holanda, Canadá, Portugal, República Tcheca, Áustria Dinamarca e Nova Zelândia. O resultado do ranking pode ser obtido aqui. -
- 10/01/2018 - Acordo nuclear entre a China e a França envolve Areva para tratamento de combustíveis nucleares usadosFonte: PetronotíciasA França e a China assinaram um memorando para um acordo comercial sobre a construção de uma fábrica de tratamento de combustíveis nucleares usados. O negócio envolve grupo francês Areva. O documento assinado na capital chinesa na presença do presidente francês, Emmanuel Macron, e o Primeiro Ministro Chinês, Xi Jinping, abre caminho para que sejam concluídos dez anos de negociações entre o grupo francês de energia nuclear e o seu parceiro chinês CNNC.A futura fábrica franco-chinesa pode tratar até 800 toneladas de combustíveis usados por ano. O Ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, disse que "Temos agora a garantia de contrato com um prazo: a assinatura na primavera. Isto representa um montante de 10 mil milhões de euros no imediato, que podem ser vitais para o setor.” -
- 09/01/2018 - FAPESP e Shell financiarão centro de pesquisa em novas energias - Agência FapespFonte: Agência FAPESP
A FAPESP e a Shell financiarão um centro de pesquisa em novas energias em São Paulo. Os parceiros, que mantêm um acordo de cooperação desde 2013, anunciaram uma chamada de propostas para a instalação do Centro de Pesquisa em Novas Energias, com foco no desenvolvimento de investigações em quatro divisões: Transportadores de alta densidade de energia, Armazenamento avançado de energia, Conversão de metano em produtos e Ciência computacional de materiais.
A chamada recebeu doze submissões, cobrindo os quatro tópicos de pesquisa nela listados. Cada proposta recebeu pareceres de assessoria ad hoc e foi analisada por um painel de especialistas.
A documentação resultante foi estudada pelo Comitê Gestor da chamada, que, após discussão preliminar, enviou as críticas e os pedidos de esclarecimento encontrados nos pareceres para manifestação dos proponentes.
Uma vez examinadas as respostas dos proponentes, o Comitê Gestor realizou as entrevistas previstas na chamada e agora anuncia, como resultado final, a aprovação das seguintes propostas:Divisão: Portadores Densos de Energia
Divisão de Pesquisa 1 - Portadores Densos de Energia
Processo / Grant number
2017/11986-5
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Química - IQ / UNICAMP
Divisão: Armazenamento Avançado de EnergiaDivisão para Armazenamento de Energia Avançado
Processo / Grant number
2017/11958-1
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Faculdade de Engenharia Química - FEQ / UNICAMP
Divisão: Do Metano para ProdutosRota sustentável para a conversão de metano com tecnologias eletroquímicas avançadas
Processo / Grant number
2017/11937-4
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN / SDECTSP
Divisão: Ciência dos Materiais ComputacionalCiência Computacional de Materiais
Processo / Grant number
2017/11631-2
Acordo / Agreement
Pesq. Resp. / PI
Instit. sede / Host Institution
Instituto de Química de São Carlos - IQSC / USP
A chamada de propostas está publicada (em inglês) emwww.fapesp.br/10896.
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- 09/01/2018 - Reinaldo Gonzaga: Decisão NuclearO Brasil tem uma situação privilegiada porque tem uma matriz energética predomi-nantemente hidrelétrica
O Brasil tem uma situação privilegiada porque tem uma matriz energética predomi-nantemente hidrelétrica
Fonte: O PovoMuito se tem falado sobre a paralisação das obras de Angra 3 devido a questões orçamentárias e a investigações no âmbito do Tribunal de Contas da União, mas as discussões parecem ter desviado o foco da importância estratégica de um programa nuclear dos mais bem-sucedidos do mundo. Quase seis décadas de esforço tecnológico nacional colocaram o Brasil no seleto grupo dos que dominam todo o ciclo do combustível nuclear.
Com uma das maiores reservas de urânio do mundo, o País desenvolveu todo o processo na fábrica da INB-Indústrias Nucleares do Brasil, em Resende, que abastece Angra 1 e 2, e temos todas as condições para alcançar a autonomia. Mas há ainda outras razões que apontam a necessidade de conclusão das obras.
O mundo aposta na substituição dos combustíveis fósseis, e muitos países estão aumentando a geração nuclear. Esta é a fonte que garante dois terços da energia limpa hoje disponível. No caso brasileiro, além das vantagens competitivas das reservas e do domínio tecnológico, temos a necessidade de reduzir o risco de esgotamento do potencial hidroelétrico.
O Brasil tem uma situação privilegiada porque tem uma matriz energética predominantemente hidrelétrica. Enfrentamos, porém, um problema estrutural: a opção por construir hidrelétricas a fio d’água, para atender às exigências ambientais, reduz a capacidade de acumulação e obriga as distribuidoras a recorrer a térmicas, mais caras e poluidoras. O problema se agrava com a escassez de chuva em várias partes do País, o que gera instabilidade no fornecimento. A alternativa nuclear é a mais recomendável por garantir energia limpa, segura e competitividade econômica.
O Brasil está retomando agora, no começo de 2018, a mineração de urânio, que esteve interrompida por três anos devido ao esgotamento da mina da Cachoeira, em Caetité (BA), e dificuldades para obtenção de licenças. Com o aumento da produção, a INB poderá atender plenamente as necessidades de combustível de Angra 1, 2 e, futuramente, Angra 3.
A interrupção das obras de Angra 3 exigiria a inclusão de usinas térmicas a gás natural, carvão ou óleo, com todos os problemas daí decorrentes. Sua conclusão, ao contrário, traria segurança ao sistema; consolidaria uma tecnologia de ponta desenvolvida no Brasil e fortaleceria a indústria nacional, gerando emprego e renda. São questões a serem levadas em conta agora para que não venhamos a lamentar no futuro.
Reinaldo Gonzaga
pr@inb.gov.br
Presidente da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) -
- 05/01/2018 - Presidentes da ABC e da SBPC discutem com deputado Celso Pansera estratégias de atuação junto ao Congresso NacionalO encontro teve por objetivo a construção de estratégias para sensibilizar os parlamentares sobre projetos de lei e recursos orçamentários adequados para o desenvolvimento científico, econômico e social do País
O encontro teve por objetivo a construção de estratégias para sensibilizar os parlamentares sobre projetos de lei e recursos orçamentários adequados para o desenvolvimento científico, econômico e social do País
Fonte: Jornal da CiênciaNo dia 22 de dezembro, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, recebeu, na sede da Academia, no Rio de Janeiro, a visita do deputado federal Celso Pansera (PMDB-RJ). O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, também participou do encontro, que visou à construção de estratégias para sensibilizar os parlamentares sobre importantes projetos para a ciência nacional.Na reunião, Pansera apresentou um relatório sobre os projetos ligados à CT&I. Segundo o deputado federal, existem 454 proposições relacionadas à C&T em tramitação na Câmara. Dessas, 21 são de especial interesse, visto que já estão prontas para entrarem na pauta do Plenário. Fora estas proposições, Pansera chamou a atenção ainda para outras duas iniciativas, que, de acordo com ele, merecem especial atenção das entidades ligadas à C&T:– O Projeto de Lei (PL) n° 5876/2016, de autoria do próprio deputado, que trata do repasse de 25% dos recursos oriundos da exploração do petróleo da camada do Pré-Sal – o Fundo Social – à ciência, tecnologia e inovação. Já aprovado na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), o PL agora segue para as comissões de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça e, por fim, vai a Plenário.– O Projeto de Lei nº 5425/2016, que concede incentivos fiscais ao contribuinte que doar recursos para programas, projetos e atividades de CT&I, cuja lógica de funcionamento é semelhante à da Lei Rouanet. Como relator da proposta na CCTCI, cuja autoria é do deputado Rômulo Gouveia (PSD-PB), Pansera formulou um substitutivo ao PL, que foi aprovado por unanimidade pelos membros da comissão.Estes dois projetos foram considerados de grande importância pelos presidentes da ABC e da SBPC. Para Luiz Davidovich, incentivos fiscais para doações a instituições de ciência e tecnologia existem há muito tempo em países desenvolvidos, em particular nos Estados Unidos e na Europa, e têm um papel importante no desenvolvimento científico e tecnológico desses países."Esse projeto precisa ser aprovado com urgência, pois esses incentivos ajudariam a alavancar a ciência e a inovação tecnológica no País”, avaliou Davidovich. "Por outro lado, o Projeto de Lei 5875/2016 ajudaria a consolidar o tripé essencial para o desenvolvimento nacional: educação, saúde e C&T. Sem um desses elementos, os outros dois não se sustentam”, acrescentou o presidente da ABC.Também se referindo ao Projeto de Lei n° 5876/2016, Celso Pansera destacou que a ideia é que um quarto dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal seja destinado ao setor de CT&I. "Assim o Brasil poderá continuar investindo pesado em novas tecnologias, buscando caminhos criativos e inovadores que permitam ao país romper com uma dinâmica de economia focada na produção de commodities. Isso é fundamental para que o Brasil passe a agregar valor a seus produtos e serviços. Se esta política já vigorasse em 2015, por exemplo, o montante destinado à C&T seria de aproximadamente R$ 2 bilhões”, destacou o parlamentar.Ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (2015-2016), Pansera ressaltou ainda que a lei que criou o Fundo Social (12.351/10) já determina o investimento dos recursos nas áreas de Educação e Saúde e, por isso, justifica-se estabelecer um percentual mínimo para CT&I.O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira também destacou a importância da reunião, salientando que a comunidade científica precisa se organizar melhor para se fazer presente junto ao Congresso Nacional e às Assembleias Legislativas. "Assim, poderemos colaborar na elaboração de leis adequadas para o desenvolvimento científico, econômico e social do País, além de influenciar nas discussões dos recursos orçamentários para CT&I, que têm sido drasticamente cortados”, disse.Moreira lembrou ainda que os cientistas devem se manter unidos e atentos às eleições deste ano. "A comunidade científica e acadêmica deverá também debater as grandes linhas das políticas públicas para a CT&I e para a educação e buscar influenciar os candidatos, seus partidos e programas, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, informar os eleitores sobre os posicionamentos deles e, depois da eleição, acompanhar seus desempenhos”, afirmou. -
- 05/01/2018 - Modelo prediz cenários para geração de energia por meio da fusão nuclearFonte: Revista FAPESPA geração controlada e regular de energia por meio da fusão nuclear, com a conversão de hidrogênio em hélio, reproduzindo na Terra, em pequena escala, o que ocorre no Sol e em outras estrelas, é uma das grandes promessas tecnológicas para as próximas décadas.Indo muito além dos resultados já obtidos há tempos em laboratórios, um protótipo de reator, o ITER – cujo nome significa "o caminho”, em latim –, capaz de gerar 500 megawatts de energia, está em construção no sul da França e deverá entrar em operação em 2025. China, União Europeia, Índia, Japão, Coreia do Sul, Rússia e Estados Unidos participam do megaprojeto, cujo custo deverá ultrapassar a marca de € 20 bilhões.O ITER não fornecerá energia para a rede elétrica, mas será o primeiro equipamento do tipo tokamak – termo formado pelo acrônimo da expressão em russo para "câmara toroidal com bobinas magnéticas” – em que a energia gerada será maior do que a energia necessária para colocá-lo em funcionamento. Assim, possibilitará testar as múltiplas complexidades técnicas inerentes ao processo e servirá de modelo para máquinas semelhantes.Para que tudo isso dê certo, porém, existe uma questão crucial: garantir que o processo de fusão nuclear se torne autossustentável, impedindo que a perda de energia por meio de radiação eletromagnética e do escape de partículas alfa – o núcleo atômico do hélio, formado por dois prótons e dois nêutrons – desaqueça o reator. Resultados experimentais observados ao longo dos 20 últimos anos mostraram que a forma pela qual os íons rápidos (dentre os quais as partículas alfa) são ejetados do plasma varia muito entre diferentes tokamaks. E ninguém compreendia quais condições experimentais determinavam esse comportamento.O problema foi elucidado agora por um jovem pesquisador brasileiro, Vinícius Njaim Duarte, recém-doutorado com Bolsa da FAPESP e Bolsa de Pesquisa no Exterior e atualmente realizando trabalho de pós-doutoramento no Princeton Plasma Physics Laboratory, nos Estados Unidos.Duarte foi o autor principal do artigo Theory and observation of the onset of nonlinear structures due to eigenmode destabilization by fast ions in tokamaks, publicado com destaque pela revista Physics of Plasmas, do American Institute of Physics (AIP).A repercussão de seu trabalho foi tanta que, no maior tokamak dos Estados Unidos, o DIII-D, desenvolvido e operado pela General Atomics em San Diego, Califórnia, foram realizados experimentos dedicados a testar o modelo por ele proposto. E os resultados experimentais confirmaram as predições do modelo.
"Ondas eletromagnéticas excitadas por partículas rápidas em tokamaks podem apresentar variações bruscas de frequência que, em inglês, são chamadas de chirping [chilreio]. Não se compreendia por que em algumas máquinas isso aparecia e em outras não. Usando modelagem numérica bastante complexa e dados experimentais, Duarte mostrou que a produção ou não do chirping – e, portanto, o caráter da perda de partículas e energia – depende do nível de turbulência do plasma existente no interior do tokamak, no qual estão ocorrendo as reações de fusão nuclear. Se o plasma não for muito turbulento, o chirping acontece. Mas, se for muito turbulento, não”, disse o físico Ricardo Magnus Osório Galvão, atual diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que foi o orientador do doutoramento de Duarte no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP).
Para entender essa descoberta, algumas explicações prévias são necessárias.
Primeiro, é preciso ter claro que o processo em pauta é o da fusão e não da fissão nuclear. Na fissão, que ocorre em várias usinas nucleares espalhadas pelo mundo, núcleos atômicos de elementos pesados (como urânio 235, por exemplo) se dividem em núcleos de elementos mais leves (no caso, criptônio e bário) e liberam energia, radiação eletromagnética e nêutrons (que dão sequência ao processo).
Na fusão, o fenômeno é diferente. Nela, núcleos atômicos de elementos mais leves [como deutério (um próton e um nêutron) e trítio (um próton e dois nêutrons), que são dois isótopos do hidrogênio] se fundem, formando núcleos de elementos mais pesados (no caso, hélio – dois prótons e dois nêutrons) e gerando energia.
"Para que a fusão possa ocorrer, é preciso superar a repulsão eletrostática entre os íons positivos. Isso só é possível se o gás ionizado [plasma] constituído pelos núcleos dos elementos leves for aquecido a temperaturas altíssimas, da ordem de dezenas a centenas de milhões de graus Celsius”, explicou Galvão.
No ITER, por exemplo, 840 metros cúbicos de plasma serão aquecidos a 150 milhões de graus Celsius – mais de 10 vezes a temperatura do núcleo do Sol. "Nesse patamar de temperatura, se alcança o breakeven, quando a energia gerada pelas reações de fusão consegue compensar a energia necessária para aquecer o plasma”, prosseguiu o diretor do Inpe.
O processo é realizado no interior do tokamak, que, como o próprio nome indica, é um dispositivo toroidal. Essa máquina, inventada na década de 1950 pelos físicos soviéticos Igor Tamm e Andrei Sakharov, a partir de uma ideia original de Oleg Lavrentiev, tem formato semelhante ao de um pneu, porém com tamanho muito maior.
O "passo a passo” é o seguinte. Produz-se vácuo no interior da câmara, que, depois, é preenchida com o gás. Por meio de descarga elétrica, o gás é ionizado e tem sua temperatura elevada pela injeção de campos de radiofrequência.
Um campo elétrico, induzido na direção do toroide, faz passar pelo gás uma corrente de intensidade altíssima (no DIII-D, a corrente é da ordem de 1 milhão de amperes). Essa corrente aquece o gás por efeito Joule, e mais energia ainda é injetada mediante o aporte de ondas eletromagnéticas. Assim, se alcança a temperatura necessária para desencadear o regime de fusão nuclear. Mesmo um tokamak pequeno, como o existente na Universidade de São Paulo, atinge temperaturas de ordem de 100 milhões de graus.
"Nessa temperatura elevadíssima, a vibração dos íons faz com que um se choque com o outro, vencendo a repulsão eletrostática. Um poderoso campo magnético confina o fluxo do plasma, impedindo que ele entre em contato com as paredes do equipamento. E as partículas alfa [núcleos de hélio] formadas, altamente energizadas, colidem com outras partículas do plasma, mantendo-o aquecido, de forma que a reação de fusão se torne autossustentável”, disse Galvão.
Uma analogia, apresentada pelo orientador, ajuda a entender o processo. Trata-se de uma fogueira feita com lenha um pouco úmida. No início, é difícil acender o fogo. Porém, se um determinado patamar de temperatura for alcançado, a própria queima da lenha produzirá energia suficiente para vencer a umidade e manter o regime de combustão estável. No caso do plasma, diz-se que ele atinge o ponto de ignição quando as partículas alfa passam a realimentar o processo de forma consistente.
Controle da turbulênciaDentre as muitas vantagens da fusão em relação à fissão, uma é o fato de a fusão ser dotada de um mecanismo autoconsistente de controle. Uma vez alcançado o ponto de ignição, se esse patamar de temperatura for muito ultrapassado, isto é, se o plasma se aquecer demais, a taxa de reação decresce automaticamente. Assim, fica descartada a possibilidade de superaquecimento do reator, que é um dos mais perigosos desdobramentos dos acidentes em usinas nucleares.
O problema – e aqui voltamos à pesquisa de Duarte – é que a interação ressonante entre partículas alfa e ondas presentes no plasma pode fazer com que sejam excitadas oscilações eletromagnéticas ou mesmo que partículas alfa sejam ejetadas. Isso leva à perda de energia, ao desaquecimento do plasma e à eventual interrupção do regime de fusão nuclear. Entender os motivos que provocam e os motivos que impedem esse desfecho é fundamental para assegurar a sustentabilidade do processo e a utilização da fusão nuclear como fonte viável para a produção de eletricidade.
"O que Duarte constatou foi que esse desfecho acontece de maneira auto-organizada, com produção do chirping, se o plasma não for muito turbulento. Mas, se for muito turbulento, não”, disse Galvão [leia adiante uma entrevista dada por Vinícius Njaim Duarte à Agência FAPESP].
O xis da questão, como explicou Galvão, é que, em um fluido muito turbulento, já não há direção preferencial. E, também em relação a isso, o diretor do Inpe recorreu a uma analogia.
"Quando aquecemos paulatinamente a água, cria-se no recipiente uma célula de convecção. A água quente sobe, a água fria desce. Isso se mantém até que toda a água atinja o ponto de ebulição. O meio torna-se, então, turbulento; a célula de convecção é destruída; e a energia distribui-se indiferenciadamente em todas as direções. No plasma, confinado magneticamente, isso também ocorre. E o fato de ocorrer inviabiliza a existência de um sistema auto-organizado que permita a sustentação de uma indesejável onda eletromagnética associada. Não há coerência suficiente para que as ondas sejam geradas. Assim, deixa de ocorrer a perda de energia que poria termo ao processo de fusão”, disse.
"Duarte já havia publicado um trabalho sobre esse modelo durante seu doutoramento. Mas ninguém havia feito ainda um experimento para controlar o nível de turbulência e verificar se o modelo se aplicava ou não. Agora, a General Atomics realizou tal experimento no DIII-D, especificamente com a finalidade de testar o modelo. E o resultado o comprovou”, disse Galvão.
Os físicos experimentais já sabiam, empiricamente, como induzir maior ou menor turbulência, mas não sabiam que isso teria efeito na alteração da natureza espectral de ondas associadas a estruturas de partículas. A contribuição de Duarte foi identificar o mecanismo-chave de controle e explicar o porquê. Em termos de aplicação tecnológica, trata-se de estabelecer um "optimum” de turbulência: suficiente para impedir a perda de partículas e energia de forma auto-organizada, mas não tanta que possa criar outros efeitos indesejáveis ao confinamento do plasma como um todo.
Até agora, os tokamaks foram utilizados em escala de laboratório. O ITER será o primeiro protótipo de uma máquina capaz de gerar eletricidade por meio de fusão de forma eficiente. O emprego da fusão nuclear controlada não está livre de controvérsias. Mas seus propositores acenam com a perspectiva de uma geração segura e praticamente ilimitada de energia, sem a contrapartida da produção de lixo radiativo, como ocorre nos reatores a fissão.
O artigo Theory and observation of the onset of nonlinear structures due to eigenmode destabilization by fast ions in tokamaks, de V. N. Duarte, H. L. Berk, N. N. Gorelenkov, W. W. Heidbrink, G. J. Kramer, R. Nazikian, D. C. Pace, M. Podestà e M. A. Van Zeeland (doi: https://doi.org/10.1063/1.5007811), está publicado em http://aip.scitation.org/doi/10.1063/1.5007811.A seguir, Vinícius Njaim Duarte, primeiro autor do artigo, detalha o estudo.
Agência FAPESP – Quais ondas induzem perdas de partículas alfa?
Vinícius Njaim Duarte – São as chamadas Ondas de Alfvén, que são oscilações fundamentais em fluidos carregados que respondem a campos magnéticos. Todo plasma embebido em uma região permeada por um campo magnético admite oscilações "naturais” na forma de Ondas de Alfvén. Elas são observadas em circunstâncias bastante variadas, tanto em meios astrofísicos quanto em experimentos de laboratório, como é o caso dos tokamaks. Em um artigo publicado na Nature em 1942, o físico sueco Hannes Alfvén [1908 – 1995] previu a existência dessas ondas, o que lhe rendeu o prêmio Nobel em Física em 1970.
Agência FAPESP – De que forma as Ondas de Alfvén induzem a ejeção de partículas alfa pelo plasma?
Duarte – O objetivo final das pesquisas em plasmas de tokamaks é tornar possível e comercialmente viável a produção de energia limpa e praticamente inesgotável a partir de reações de fusão termonuclear. Para se produzir reações de fusão, utiliza-se tipicamente hidrogênio (na forma de seus isótopos deutério e trítio). Como produtos, são obtidos nêutrons e partículas alfa muito energéticas. Para se sustentar um reator a fusão funcionando de maneira contínua, é necessário que as partículas alfa tenham tempo suficiente para colidir com os elétrons do plasma e transferir a eles a maior parte de sua energia. Ocorre que as Ondas de Alfvén podem induzir a ejeção indesejada das partículas alfa, bem como de outros íons rápidos do plasma. Quando isso acontece, a continuidade das reações de fusão fica seriamente comprometida.
Por meio de um mecanismo conhecido como Amortecimento de Landau, as Ondas de Alfvén interagem de maneira ressonante com íons rápidos presentes no plasma (o que inclui as partículas alfa). Esta interação permite trocas de energia entre as ondas e as partículas ressonantes (o que faz com que as partículas alfa percam sua energia), bem como permite que as Ondas de Alfvén controlem a dinâmica dessas partículas. Tipicamente, as Ondas de Alfvén induzem a ejeção das partículas ressonantes de duas formas: de maneira difusiva (quando as ondas têm uma frequência constante) ou de maneira convectiva (quando as ondas apresentam rápidas variações de frequência, em um processo conhecido como chirping). Em nosso artigo, identificamos o fator-chave que controla essa dinâmica em experimentos. Descobrimos quando cada um dos dois cenários é provável de ocorrer, dadas as condições experimentais. A identificação desse fator-chave (turbulência sentida pelas partículas ressonantes) era um problema em aberto havia várias décadas.
Agência FAPESP – Em que caso ocorre a ejeção e em que caso não?Duarte – A ejeção ocorre quando, por meio da interação ressonante com os íons rápidos, a amplitude das ondas de Alfvén cresce a tal ponto que elas começam a controlar o movimento dos próprios íons rápidos. Quando isso acontece, essas partículas começam a ser indesejavelmente expelidas do plasma.
Agência FAPESP – Seu modelo poderá contribuir para um maior controle do processo de fusão, viabilizando a fusão como recurso tecnológico para a geração de energia?
Duarte – A motivação do nosso trabalho foi predizer a forma pela qual as Ondas de Alfvén irão se comportar em experimentos para, a partir daí, controlar a interação ressonante entre essas ondas e as partículas alfa e, consequentemente, mitigar as perdas das alfas. Estima-se que o experimento ITER tolerará cerca de, no máximo, 5% de perdas de partículas alfa. O controle das Ondas de Alfvén é, portanto, crucial.
Agência FAPESP – O ITER é o experimento mais caro já construído no mundo, não?
Duarte – Sim. Seu custo, atualizado recentemente, está estimado em € 20 bilhões. Um conjunto de 35 países está aportando recursos. Terá números impressionantes, como a previsão de que o plasma seja aquecido a uma temperatura de 150 milhões a mais de 200 milhões de graus Celsius, o que o tornará cerca de 10 vezes mais quente que o centro do Sol.
Agência FAPESP – Seu artigo foi destacado pelo American Institute of Physics. Poucos artigos recebem tal menção.
Duarte – Acredito que um aspecto do trabalho que recebeu atenção foi o fato de ele ter envolvido teoria, simulações numéricas e experimentos. Além disso, as predições do artigo motivaram pesquisadores do maior tokamak das Américas [o DIII-D, localizado nos laboratórios da General Atomics, em San Diego, Califórnia] a propor experimentos específicos a fim de testar a fundo nossas predições. Por meio de uma mudança na geometria do plasma, eles induziram o DIII-D a operar em um regime de turbulência muito menor que o usual. E observaram que a resposta das Ondas de Alfvén na forma de chirping foi muito mais prevalente do que o normal, em consonância com a nossa predição.
Agência FAPESP – Que apoios você recebeu para desenvolver seu estudo?
Duarte – Fui bolsista da FAPESP em todos os níveis da minha formação: iniciação científica, mestrado e doutorado. Depois, recebi uma proposta do Princeton Plasma Physics Laboratory para prosseguir minha pesquisa lá, em nível de pós-doutoramento, com apoio do Departamento de Energia americano.
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- 05/01/2018 - “Sem dinheiro público não haverá muita ciência no Brasil”O físico, professor da UFPE e ex-ministro da C&T, Sérgio Rezende, fala à edição especial do Jornal da Ciência impresso sobre a importância da ciência brasileira para o desenvolvimento do País
O físico, professor da UFPE e ex-ministro da C&T, Sérgio Rezende, fala à edição especial do Jornal da Ciência impresso sobre a importância da ciência brasileira para o desenvolvimento do País
Fonte: Jornal da Ciência
A pressão da comunidade científica sobre o governo aos poucos tem conseguido chamar a atenção dos políticos para a gravidade dos cortes orçamentários. E isso salvará a área de cair em um precipício. Essa é a avaliação otimista do físico Sérgio Rezende, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que foi ministro da Ciência e Tecnologia de 2005 a 2010.
Em entrevista ao Jornal da Ciência impresso, edição especial de dezembro, Rezende afirma que o Brasil não teria a força internacional que tem hoje se não tivesse criado o sistema de formação de pesquisadores nas últimas cinco décadas e difundido esse sistema pelo País. Por ser uma área nova, a ciência brasileira ainda é pouco compreendida como uma área estratégica, o que explica o orçamento baixo para a área, "um desastre”, segundo ele. "Mas tenho esperança de que isso seja revertido”, diz.
Jornal da Ciência – "Ciência não é gasto, é investimento” é um mantra que tem sido muito repetido ultimamente. Quanto, de fato, a ciência brasileira contribui para a economia e o desenvolvimento geral do País?
Sérgio Rezende – É difícil mensurar quanto a economia brasileira seria pior se não tivesse ciência. Mas isso não é só no Brasil, é em todo o mundo. O que todos sabemos é que os países que têm o maior PIB têm uma produção científica alta. Então, eu diria que o Brasil não teria a economia que tem hoje, a 9ª do mundo, se não tivesse criado seu sistema de formação de pesquisadores, por meio dos programas de pós-graduação, e se não tivesse a ciência tão difundida no País. Nós tínhamos no começo da década de 1950 cerca de 200 pesquisadores com doutorado – hoje somos mais de 100 mil. Certamente não teríamos o nível de desenvolvimento que temos hoje se não tivéssemos essa quantidade de pessoas fazendo pesquisa pelo País. As pessoas acham que falta um prêmio Nobel ou uma descoberta marcante para a ciência brasileira ser mais importante. Na verdade, o resultado da atividade em ciência é difuso, mas a gente tem muitos exemplos de várias dimensões que mostram o quanto a ciência é importante para o desenvolvimento do Brasil.
JC – O que a ciência brasileira desenvolveu nas últimas décadas que mais impactaram o País? Quais exemplos mais significativos?
SR – Os exemplos que têm maior impacto econômico são no agronegócio. O Brasil hoje é o maior produtor mundial de alimentos e isso não se deve apenas à nossa grande extensão territorial e clima favorável. Mas sim, em grande parte, ao trabalho feito pelas dezenas de centros de pesquisa da Embrapa, em cada região do País, com avanços importantes para o aprimoramento das espécies, adaptá-las a regiões, e o melhoramento contínuo na produção. O Brasil é o maior produtor de soja, mas há 40 anos não tínhamos soja. E a soja é produzida em uma região que era improdutiva, o Centro Oeste. Após muitos desenvolvimentos, alguns mais sofisticados como a descoberta da Johanna Döbereiner, de fixação de nitrogênio. Outro exemplo é a produção de frutas no Vale do São Francisco. Hoje essa região é a maior exportadora de frutas do Brasil, e não tinha qualquer produção há 30 anos. Isso se deve à adaptação de variedades.
Na área da saúde, temos o desenvolvimento de vacinas, medicamentos, a descoberta recente, aqui em Pernambuco, usando tecnologias sofisticadas, da correlação entre a zika e a microcefalia. Em áreas de alta tecnologia, temos exemplos principalmente em tecnologia da informação. Em Recife, por exemplo, tem o Parque Tecnológico de empresas de software, que empregam mais de 5 mil pessoas e que é resultados de um trabalho feito na Universidade Federal de Pernambuco, que estimulou os jovens pesquisadores a criarem empresas de desenvolvimento de software, em áreas como jogos. Isso atrai empresas maiores para a região, por conta dos recursos humanos disponíveis. Os parques tecnológicos que temos aqui no Brasil são resultados, principalmente, de ação de professores das universidades: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, etc..
JC - Estamos em uma crise de investimentos desde 2014, cada vez mais grave e sem perspectivas de mudanças. Como o senhor avalia essa marcha a ré? Para onde iremos com essas políticas?
SR - Isso é um desastre. Mas como sou uma pessoa otimista, estou sempre acreditando que, a pesar de estarmos nos aproximando do precipício, não vamos cair nele. Porque tem havido reação de várias formas, da comunidade científica, essa reação tem aumentado e tem chamado a atenção de pessoas do governo e do parlamento. Esse ano, por exemplo, em agosto, foi anunciado que o CNPq só teria recursos para pagar as bolsas até agosto. Isso ganhou grande repercussão e o CNPq conseguiu o recurso adicional e não se falou mais no assunto – estamos em novembro, e as bolsas continuam sendo pagas. Os protestos acabam produzindo efeito. Minha esperança é que essas manifestações façam com que a proposta de orçamento para 2018, que sabemos que é muito ruim, por trazer um corte grande no orçamento já pequeno do MCTIC, seja melhorada. O orçamento, afinal das contas, é votado pelo Congresso Nacional. O desastre já está aí. Hoje conhecemos muitas pessoas que estão com poucos recursos para pesquisa, e isso desestimula os jovens a seguir a carreira científica, leva pesquisadores a desistirem do Brasil. Mas tenho esperança de que isso seja revertido.
JC – Por que a ciência não é ainda uma área estratégica para o Brasil como para os EUA, para a Coreia?
SR - Não temos a cultura, porque tudo na ciência é novo no Brasil. Nossa pós-graduação foi criada há 50 anos e muitas das pessoas que estão hoje no Congresso, em posições de influência nas empresas e no governo não passaram por uma universidade que tinha ensino em tempo integral, pesquisa e desenvolvimento, inovação. Então, não valorizam isso. E isso se retroalimenta, numa ausência de cultura científica. Ao contrário dos EUA, Alemanha, Japão, Coreia e mais recentemente a China, que são países que perceberam a correlação entre desenvolvimento econômico e científico. No Brasil, como isso não é claro, não é valorizado e, como isso, temos um orçamento pequeno para C&T.
JC – Onde estaríamos, em termos de desenvolvimento, se os investimentos na área tivessem continuado a trajetória crescente pré-2014?
SR - Eu não diria que estaríamos muito mais a frente porque os prejuízos dos cortes orçamentários se refletem a médio prazo, não são imediatos. Nos anos de orçamentos maiores, todos os grupos de pesquisa no Brasil que tinham competência para fazer pesquisa tiveram projetos aprovados contemplando infraestrutura. Graças a isso, o Brasil tem hoje laboratórios sofisticados em todas as áreas e em toda extensão do Brasil. Isso faz com que a infraestrutura esteja aí, e as pessoas estejam trabalhando.
Outro fator importante é que como quase metade da ciência brasileira está em São Paulo, e a Fapesp não sofreu cortes significativos de orçamento, então a ciência brasileira como um todo fica bem representada, porque uma parte dela continua sendo financiada. Isso ocorreu também na década de 1990, mas naquela época não haviam muitas Fundações Estaduais com muitos recursos. As Fundações do Rio de Janeiro e Minas Gerais têm sofrido bastante, mas outras estão indo bem pelo País. Além disso, uma vantagem de termos várias agências de financiamento – CNPq, Capes, Finep no âmbito federal – quando uma vai mal, o outro colabora para projetos não serem interrompidos. O financiamento para a ciência no Brasil não foi interrompido. Ele diminuiu. Se tivesse sido interrompido, estaríamos em uma situação muito mais grave.
JC – Na sua opinião, o problema da ciência no País é apenas financeiro? Ou é preciso pensar além do orçamento?
SR - É lógico que a ciência brasileira pode fazer mais. É possível os cientistas se envolverem com problemas mais desafiadores, tanto de pesquisa básica quanto de pesquisa aplicada. O sistema brasileiro não é tão insistente como deveria ser, precisamos de processos de recrutamento melhores e avaliação de rendimento mais rígidas. Porém, sem dinheiro público não haverá muita ciência no Brasil. Principalmente em ciência básica. Em qualquer lugar do mundo ela é financiada com dinheiro público. Se houver um corte ainda mais dramático, a ciência vai sofrer um prejuízo irreversível.
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- 04/01/2018 - Governo faz aporte para garantir abastecimento de usinas de Angra em 2018Fonte: Estado de MinasO presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Reinaldo Gonzaga, informou ao Estadão/Broadcast que o governo aportou R$ 190 milhões na empresa nos últimos dias de 2017, para garantir o abastecimento das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. No ano passado, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, alertou para o risco de desabastecimento das usinas se o governo não agisse.
Angra 1 e Angra 2 são responsáveis por 3% da geração de energia do País e são reabastecidas anualmente pelo INB. Angra 1 renova todo ano 44 dos 121 elementos (pastilhas) de urânio utilizados para gerar energia e Angra 2 tem a recarga de 56 dos 193 elementos que utiliza para operar.
Gonzaga explicou que, apesar do aporte do governo, a dívida de R$ 74 milhões com a Eletronuclear prossegue, mas vem sendo paga ao longo do ano e não compromete o abastecimentos das usinas nucleares.
A Indústrias Nucleares do Brasil - S.A (INB) foi fundada em 1988 e incorporou as empresas que faziam parte da Nuclebrás, criada para cumprir o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Com o objetivo de concentrar todo o ciclo de produção do combustível nuclear - desde a mineração até a montagem e entrega do elemento combustível -, a INB foi idealizada para impulsionar a produção da energia nuclear no País.
Gonzaga informou que o orçamento da INB em 2017 era de R$ 1,2 bilhão, mas o contingenciamento reduziu esse montante para R$ 350 milhões, o que inviabilizava a produção dos elementos de urânio.
"Estamos com as recargas garantidas em 2018", afirmou Gonzaga, estimando a troca de pastilhas da usina Angra 1, em março, e de Angra 2, no final do ano. -
- 03/01/2018 - Tráfico impede o acionamento de sirenes de usina de AngraDenúncia chegou à Câmara Federal; Frade é o bairro mais afetado
Denúncia chegou à Câmara Federal; Frade é o bairro mais afetado
Fonte: GazetaO crescimento da criminalidade no entorno das usinas nucleares de Angra dos Reis já é uma preocupação concreta na Câmara Federal. Um pedido de audiência pública na Comissão de Minas e Energia foi protocolado em meados do mês passado após uma denúncia de que bandidos armados estariam impedindo o acionamento e a manutenção de sirenes instaladas na região e usadas em treinamentos de emergência. A ação dos criminosos ocorre, principalmente, no bairro Frade, distante cinco quilômetros da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAA), conjunto formado por Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção). No Plano de Emergência Externo (PEE) da Central Nuclear, essa área é denominada Zona do Plano de Emergência (ZPE) 5, a segunda mais próxima às usinas.A presença ostensiva de bandidos armados impactou, entre julho e outubro, o acionamento de, ao menos, duas sirenes instaladas nas proximidades do Morro da Constância, localizado no Frade. O deputado federal Luiz Sérgio (PT), que solicitou a audiência, pede ainda a intervenção da Força Nacional de Segurança no local.
— A operacionalidade do sistema de alerta está ameaçada em caso de necessidade. Se você tem uma comunidade como a do Frade, que precisa ser evacuada, e nessa comunidade as pessoas estão amedrontadas por causa do tráfico, isso não pode acontecer. Portanto, é preciso pedir a intervenção da Força Nacional para garantir que o plano de emergência seja factível — explica o deputado.
Além de não permitir o acionamento remoto e a presença de técnicos para manutenção, os traficantes também impedem a distribuição de material informativo sobre o Plano de Emergência Externo, que acontecia de casa em casa.
Um levantamento, em fase de conclusão, realizado pelo Núcleo de Estudos em Conflito e Sociedade (Necso) da Universidade Federal Fluminense, aponta o crescimento de crimes em Angra dos Reis. De acordo com o estudo havia, em 2015, cerca de 30 comunidades no município onde se observava a presença ostensiva de traficantes armados.
MILÍCIAS TAMBÉM ATUAM
Para o cientista político e professor do Laboratório de Estudos sobre Política e Violência da UFF de Angra, André Rodrigues, nota-se também indícios da atuação de milícias na região.
— Em relação a homicídios, a região da Costa Verde, especificamente Angra dos Reis, é muito violenta há uma década. Mas tem havido uma reconfiguração dos grupos criminosos e dos territórios, além de uma mudança na maneira de atuação. Talvez pela entrada de armamentos de grosso calibre e pela reorganização de mercados ilegais, que são fatos mais recentes — explica André Rodrigues.
Os teste sonoros no entorno das usinas são realizados uma vez por mês, sempre no dia 10. De acordo com as denúncias recebidas pelo gabinete do deputado, os testes não ocorreram em julho, agosto, setembro e outubro.
O comandante do 33º BPM (Angra dos Reis), coronel Damião Cruz Portella, admitiu, também em nota, que as sirenes estão sendo furtadas e que planeja ações para identificar e prender os criminosos responsáveis pelos atos de violência. Portella disse ainda que está buscando parceria com a Prefeitura de Angra dos Reis para que possa implementar ações mais efetivas na região.
A Defesa Civil estadual, responsável pelo acionamento das sirenes, afirmou que diariamente são realizados testes silenciosos, e uma vez ao mês o sonoro. No entanto, garantiu que não há registros de intercorrência nos acionamentos.
Já a Eletronuclear não confirmou a impossibilidade de os técnicos realizarem a manutenção in loco. Em nota, disse que a violência na região é um problema de segurança pública e que espera uma solução por parte das autoridades competentes.
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- 03/01/2018 - “Não tenho dinheiro para um tubinho de plástico”: os cientistas que estão saindo do BrasilCortes em ciência e tecnologia expulsa pesquisadores e estudantes para o exterior. Buscam melhores condições para desenvolverem suas pesquisas; estas são suas histórias
Cortes em ciência e tecnologia expulsa pesquisadores e estudantes para o exterior. Buscam melhores condições para desenvolverem suas pesquisas; estas são suas histórias
Fonte: El País"Para mim, cortar o dinheiro da ciência é uma improbidade administrativa muito grande. Se for pra ficar no Brasil infeliz... Já morei cinco anos na Alemanha e não teria problema em sair de novo", diz Rodrigo Nunes da Fonseca. Pesquisador da UFRJ da área de Biologia, ele trabalha com vetores de doenças tropicais como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da Zika e da dengue, ou barbeiro Rhodnius prolixus, vetor da doença de chagas. Mas hoje se encontra na Holanda com uma bolsa internacional de três meses.O laboratório de Fonseca, assim com os demais centros de pesquisa do Brasil, se encontram sem dinheiro para tocar novos e antigos projetos. "O país investiu milhões em equipamentos de primeiro mundo, mas eu não tenho dinheiro para comprar um tubinho de plástico". Após esta breve temporada na Europa, retornará ao Brasil e decidirá se fica no país ou se o deixa definitivamente.A fuga de cérebros é um dos impactos mais imediatos e visíveis dos cortes no orçamento em ciência e tecnologia promovidos pelo Governo Federal nos últimos anos, algo que vem congelando pesquisas e bolsas e ameaçando laboratórios de fechar. Só em 2017, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), responsável por dezenas de unidades de pesquisa, laboratórios em universidades e bolsas de estudos cedidas pelo CNPQ, sofreu um corte de 44% do orçamento que estava previsto para este ano. A previsão era de 5,8 bilhões de reais, mas apenas 3,3 bilhões foram liberados pelo Governo de Michel Temer (PMDB). A perspectiva é de que em 2018 haja um corte de mais 25%. Em 2010, quando a pasta de Comunicações ainda não estava incorporada ao ministério, o orçamento teve um pico de aproximadamente 8,6 bilhões de reais - corrigido pela inflação, o equivalente a 10 bilhões de reais hoje."Estão entrando em contato com nossos cientistas e oferecendo oportunidades lá fora. Eu mesmo recebo uma oferta a cada dois meses. Aumentou muito a frequência. Sempre perdemos pesquisadores para o exterior, mas agora, com a falta de perspectiva, estamos perdendo muito mais", explica João Fernandes Gomes de Oliveira, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Para ele, o impacto maior é "parar de fazer atividades e colocar uma massa de pessoas em posição de stand by". Isso ocorre porque os pesquisadores fixos dos centros de pesquisa federais são concursados e, portanto, não podem ser demitidos. "Você cria uma cultura em que você paga salário mas não dá recursos para desenvolver uma pesquisa. É uma coisa horrorosa. É como abrir um restaurante, contratar o melhor cozinheiro, e não dar os ingredientes para ele fazer a comida", acrescenta Oliveira.Ronald Cintra Shellard, diretor Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), acredita que os cortes em ciência são "estúpidos" por um motivo muito simples: "Se paramos de produzir, como muitos de nós somos servidores continuamos recebendo salários. O custo disso é muito alto. Então eu continuo a receber, mas sem pesquisar. Mais adiante os impactos econômicos do que a gente faz não aparece. O investimento não é só em dinheiro, mas em inteligência", diz.Mas o corpo científico não está formado apenas por servidores, mas também pelos pesquisadores terceirizados e os que apenas possuem uma bolsa de mestrado, doutorado ou pós-doutorado. Sem a estabilidade e o salário do funcionalismo e sem a perspectiva de melhora, muitos acabam atraídos de forma mais imediata pelas ofertas de emprego no exterior e pelas facilidades de países como Estados Unidos e Alemanha, menos burocráticos e com um farto financiamento público para a pesquisa básica. "A fuga de cérebros é algo secundário diante da cicatriz que vai ficar no sistema de ciência brasileiro com este gap de financiamento. E agora ainda temos um teto de gastos", lamenta Oliveira. "Os resultados de pesquisas duram cinco ou dez anos. Em um ano não percebemos, mas em 10 anos vamos perder muita coisa", completa."Meu interesse sempre foi ficar"Vinícius Alves tem 28 anos e um extenso currículo acadêmico. Fez sua graduação em Farmácia, seu mestrado em Ciências Farmacêuticas e seu doutorado em Inovações Farmacêuticas. Nesta última etapa, se especializou na área de quimioinformática, uma área da química que usa ferramentas da ciência de dados e inteligência artificial para resolver problemas da química. "Tenho trabalhado para desenvolver métodos computacionais que possam ser empregados para avaliar moléculas químicas em computadores. Durante o meu doutorado, trabalhei para desenvolver um modelo computacional que pudesse identificar se compostos químicos são tóxicos ou não quando entram em contato com a pele", explica Alves. "O método padrão para essa análise envolve o uso de animais. Hoje em dia já existem métodos alternativos, mas vários deles são caros e inviáveis de serem realizados no Brasil devido à burocracia associada à importação do material. A grande vantagem do método que desenvolvemos é que ele possui baixo custo, é rápido e altamente eficiente, podendo contribuir para diminuir o uso de animais em laboratório", acrescenta.Seu trabalho foi publicado na revista Green Chemistry no ano passado, uma publicação que divulga trabalhos que reportam tecnologias sustentáveis e não tóxicas a seres vivos e ao meio ambiente. Atualmente ele diz estar interessado em aplicar esses métodos computacionais para encontrar moléculas promissoras no tratamento de doenças raras, "que atingem uma parcela muito pequena de pessoas e, por isso, possuem pouco interesse de grandes indústrias farmacêuticas", diz.Mas suas pesquisas continuarão a ser desenvolvidas na Carolina do Norte, Estados Unidos, a partir de março de 2018. "Estava sem perspectiva de arrumar algo por aqui. Não tem concurso e o corte em bolsas foi muito grande", conta. Nos últimos meses, desde que terminou seu doutorado, tem feito serviços de consultoria para uma indústria de São Paulo e para uma empresa americana.Alves também participou de processos seletivos na Alemanha e na Suécia. Foi aprovado em todos. Devido aos planos profissionais de sua esposa acabou optando pelos EUA. Lá, vai ganhar salário, ter direito a férias e voltar a trabalhar com pesquisa. "Meu interesse sempre foi ficar, sempre disse que queria me consolidar como pesquisador no Brasil. Tenho um sentimento de que posso contribuir para a ciência brasileira aqui dentro. O governo investiu muito em mim e eu tenho condições de devolver pra sociedade", explica. "Mas a gente fica de mãos atadas. Agora, tendo uma oportunidade, melhorando as coisas… Penso em voltar depois do pós-doutorado. Mas não basta conseguir uma vaga como pesquisador, tem que ter recurso para pesquisa também"."A frustração é muito grande"Rodrigo Nunes da Fonseca começou na UFRJ como aluno da graduação de Ciências Biológicas. Emendou um mestrado em bioquímica na mesma instituição, mas, depois, decidiu ir para Alemanha fazer doutorado e pós-doutorado. Lá ficou por cinco anos. Até que em 2009, "quando o Brasil estava com muito dinheiro na ciência e expandindo as universidades públicas com o Reuni", resolveu voltar. Foi para o campus da UFRJ em Macaé, no interior do Estado do Rio, para seguir trabalhando com biologia no campo de biologia evolutiva do desenvolvimento, uma área nova que utiliza conceitos de genética, evolução e ecologia. Concursado, ajudou a montar, junto com outros 30 docentes, o Núcleo de Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé, do qual hoje é diretor. Mas está frustrado e pensa em largar tudo. "Com essa crise, estamos com os equipamentos parados. Tenho projetos aprovados desde 2014 que ainda não foi liberado o dinheiro. Só da FAPERJ tenho um milhão por receber", explica. "Como as coisas estavam indo bem, tivemos dois programas de mestrado e doutorado, e estávamos num processo de expansão muito bom. Neste ano ainda publiquei um artigo com dinheiro de projetos antigos. Mas agora acabou", completa.Sua pesquisa está centrada nos vetores de doenças tropicais como o mosquito Aedes aegypti (Zika e dengue) ou barbeiro Rhodnius prolixus (doença de chagas). "Nossa grande pergunta é como as moléculas (genes, proteínas, açúcares, etc) fazem para, a partir de uma única célula, termos a formação de uma larva que sai nadando. Isso é importante pois a fase dentro do ovo é a única da vida do inseto que ele não consegue se dispersar (voar, nadar)", explica. Ele diz que seu laboratório já identificou vários genes que são essenciais para a vida do ovo do mosquito e do barbeiro "Ou seja, se retiramos alguns desses genes, o embrião não vira larva, e assim o ciclo de vida não se completa. Não teríamos mosquitos ou barbeiros adultos, logo não teríamos os vetores da doenças, pelo menos não em grande número", acrescenta.Neste ano, viu uma oportunidade de ficar três meses na Holanda com uma bolsa de estudos internacional. Aproveitou a oportunidade para visitar o laboratório de seu ex-orientador na Alemanha e já faz planos de renunciar ao seu posto no Brasil. Mas ainda não bateu o martelo. "O que eu queria mesmo era fazer pesquisa no Brasil, contribuir com o país. Talvez eu segure mais um ano", diz.Sua posição permanente na UFRJ e seu salário são fatores que prendem Fonseca no Brasil. "Mas o emprego público é uma armadilha. A gente tem salário, mas quem faz ciência, quem gosta de estar no laboratório e no campo, sente numa frustração muito grande. É um sentimento horrível", explica. "No fundo é o que move a gente. Mas é uma pena. Já tive dois alunos que foram fazer doutorado fora", acrescenta. E conclui: "Quando eu estava na Alemanha, meu orientador mandou eu voltar para o Brasil porque era o país do futuro. A expectativa era a de que fôssemos uma das grandes potências na área. Eu acredito no país, apesar de todos os problemas". -
- 03/01/2018 - Sociedades científicas endossam Manifesto da SBPC contra cortes no Orçamento de 2018 para CT&IO presidente Michel Temer sancionou a Lei Orçamentária Anual para 2018 nessa terça-feira, 2 de janeiro. O orçamento geral para o MCTIC é R$12,7 bilhões, valor 19% menor que o da LOA 2017 – uma tragédia anunciada, conforme afirmam as entidades científicas no manifesto
O presidente Michel Temer sancionou a Lei Orçamentária Anual para 2018 nessa terça-feira, 2 de janeiro. O orçamento geral para o MCTIC é R$12,7 bilhões, valor 19% menor que o da LOA 2017 – uma tragédia anunciada, conforme afirmam as entidades científicas no manifesto
Fonte: Jornal da CiênciaApesar do esforço e da pressão da comunidade científica nacional, a Lei Orçamentária de 2018 (LOA 2018) foi sancionada nessa terça-feira, 2 de janeiro, pelo presidente Michel Temer, com o orçamento geral de R$12,7 bilhões para o MCTIC, 19% a menos que o valor sancionado na LOA 2017.No dia 20 de dezembro, a SBPC, juntamente com a ABC, Andifes, Confap, Consecti e Fórum Nacional de Secretários Municipais da Área de Ciência e Tecnologia publicaram um manifesto contra a previsão orçamentária, aprovada no dia 13 de dezembro pelo Congresso Nacional e que acabou sendo sancionada ontem: "Eles ameaçam o funcionamento do sistema nacional de CT&I, comprometem a possibilidade de recuperação econômica em momento de crise e podem afetar seriamente a qualidade de vida da população brasileira e a soberania do País”. O manifesto foi encaminhado ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, a todos os deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e a todos os senadores da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado (CCT).Desde a publicação do manifesto, intitulado "Orçamento de CT&I para 2018: tragédia anunciada!”, a SBPC recebeu dezenas mensagens de apoio à iniciativa e solicitações de sociedades associadas para subscrever o documento.Dessa forma, endossam também o documento a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP); Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr); Associação Brasileira de Estatística (ABE); Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias (ESOCITE.BR); Associação Brasileira de Física Médica (ABFM); Associação Brasileira de Linguista (Abralin); Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri); Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); Associação Brasileira de Química (ABQ); Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (Anpepp); Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs); Associação Nacional de Pós-Graduação em Geografia (Anpege); Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur); Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac); Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom); Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (FCHSSA); Sociedade Astronômica Brasileira (SAB); Sociedade Brasileira de Catálise (SBCat); Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS); Sociedade Brasileira de Computação (SBC); Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM); Sociedade Brasileira de Eletromagnetismo (SBMag); Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e de Audiovisual (Socine); Sociedade Brasileira de Física (SBF); Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC); Sociedade Brasileira de História da Psicologia (SBHP); Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT); Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro); Sociedade Brasileira de Micro-ondas e Optoeletrônica (SBMO); Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional (Sobrapo); Sociedade Brasileira de Química (SBQ); Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).As entidades que quiserem assinar o documento podem enviar uma solicitação por e-mail à Secretaria da SBPC, neste endereço.Leia a manifestação na íntegra:Orçamento de CT&I para 2018: tragédia anunciada!As entidades nacionais, representativas das comunidades científica, tecnológica e acadêmica e dos sistemas estaduais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) dirigem-se mais uma vez às autoridades constituídas e à população brasileira para protestar contra os cortes drásticos em CT&I no Orçamento de 2018, que foi aprovado pelo Congresso Nacional no dia 13 de dezembro. Alertamos anteriormente as autoridades, os parlamentares e a opinião pública sobre as consequências muito graves desses cortes para o País. Eles ameaçam o funcionamento do sistema nacional de CT&I, comprometem a possibilidade de recuperação econômica em momento de crise e podem afetar seriamente a qualidade de vida da população brasileira e a soberania do País.O valor aprovado para o orçamento geral do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), para 2018, é cerca de 19% menor do que o que foi aprovado para 2017 pelo mesmo Congresso. O orçamento movimentável, destinado a custeio e investimento (ou seja, excluídas as despesas obrigatórias e a reserva de contingência), é de aproximadamente R$ 4,7 bilhões para o próximo ano, 25% a menos do que o aprovado para o orçamento de 2017. Estes cortes afetarão direta e profundamente as agências de fomento do MCTIC (CNPq e Finep), as instituições de pesquisa do Ministério, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o programa dos Institutos Nacionais de C&T (INCTs), os programas de CT&I dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o apoio geral a projetos de pesquisa e de infraestrutura para os pesquisadores e as instituições de pesquisa brasileiras. É alto o risco de laboratórios de pesquisa serem fechados, pesquisadores deixarem o País e jovens estudantes abandonarem a carreira científica.Ressalte-se que sérios cortes ocorreram também em agências, universidades públicas e instituições de pesquisa ligadas a outros ministérios. Os recursos para a Capes em 2018, uma agência fundamental para a pós-graduação brasileira, responsável por grande parte da pesquisa científica produzida no País, terão uma diminuição de 20% em relação ao aprovado para o orçamento de 2017. Nas universidades públicas federais, os recursos para custeio foram mantidos em patamar 20% inferior aos valores de 2014 e os recursos para investimento foram ainda mais reduzidos, representando agora um corte de mais de 80% em relação a 2014. Muitas instituições de pesquisa importantes para o País, como a Fiocruz, o Ibama e o Inmetro foram igualmente atingidas por cortes de recursos para custeio e investimento. Quando se considera que os recursos federais para a área são catalizadores importantes de recursos estaduais, por meio das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), que estão sendo também fortemente reduzidos, percebe-se a gravidade do momento para o sistema nacional de CT&I.Esta decisão de cortes drásticos nos recursos para CT&I é de responsabilidade do Governo Federal e foi acolhida e aprovada pelo Congresso Nacional, apesar dos esforços e da pressão da comunidade científica e acadêmica, do próprio posicionamento do MCTIC e das manifestações de diversos parlamentares, inclusive do relator setorial de CT&I da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Não aceitamos como justificativa a crise econômica e fiscal, já que o Orçamento Geral da União teve um aumento de 1,7% entre 2017 e 2018. Por outro lado, como demonstram dados governamentais e tem sido amplamente divulgado na mídia, estão ocorrendo desonerações e isenções fiscais em inúmeras áreas, que vão de bancos privados a empresas petrolíferas estrangeiras, e cujos valores são pelo menos uma centena de vezes maiores do que o solicitado para CT&I. Os cortes praticados colocam o Brasil na contramão da história, se tomarmos como referência os países desenvolvidos ou os que caminham aceleradamente para isto, uma vez que eles passam a investir de maneira ainda mais acentuada em CT&I em momentos de crise econômica.É elucidativo rememorar os principais acontecimentos dos últimos meses relativos à discussão orçamentária. No dia 31 de agosto de 2017, o governo federal enviou o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2018 que destinava apenas R$ 2,7 bilhões para custeio e investimento para o MCTIC. Houve, nas semanas seguintes, uma movimentação intensa da comunidade cientifica e acadêmica junto ao governo e aos parlamentares, com cartas, manifestações e matérias na mídia e nas redes sociais, e a campanha "Conhecimentos sem Cortes”, que recolheu cerca de 83.000 assinaturas contra os cortes, entregues ao presidente da Câmara e ao presidente do Senado. Também ocorreram, neste período, atividades da Marcha pela Ciência no Brasil em algumas capitais brasileiras. No dia 10 de outubro foi realizada na Câmara dos Deputados uma concorrida audiência pública, além de outras atividades, com a presença de 70 entidades científicas, acadêmicas, empresariais e de outros setores, bem como de muitos dirigentes de instituições de ensino e pesquisa e de cerca de 50 parlamentares. Essas ações contribuíram significativamente para que, na nova mensagem do governo ao Congresso, no dia 31 de outubro de 2017, os recursos fossem aumentados para R$ 4,6 bilhões, um valor ainda muito baixo e insuficiente para as necessidades mínimas da área.Novas ações foram feitas junto ao relator do orçamento, à CMO e ao Poder Executivo para que recursos colocados na chamada Reserva de Contingência fossem transferidos para o orçamento movimentável do MCTIC, o que possibilitaria retornar o orçamento para valores próximos ao que havia sido aprovado para 2017. No dia 5 de dezembro, em reunião das Comissões Temáticas do Conselho Nacional de C&T (CCT) – órgão consultivo máximo da estrutura da CT&I brasileira, que possui representantes de entidades científicas, acadêmicas, empresariais, do governo e de outros setores, foi aprovada uma manifestação unânime nesta direção e encaminhada à Comissão Mista de Orçamento. No entanto, tais ações não tiveram o êxito esperado, apesar da solicitação ter sido incorporada no relatório setorial de CT&I e de manifestações positivas sobre a importância da área feitas pelo relator, por membros da CMO e por outros parlamentares. Todas essas iniciativas e intenções não foram levadas em conta e a decisão final do Congresso, escorada no posicionamento do governo e de sua área econômica, foi manter o orçamento basicamente igual à proposta de 31 de outubro, com valores muito baixos para CT&I. Tais valores, nos quais estão incluídos também os recursos para a área de telecomunicações do MCTIC, correspondem a cerca de 1/3 do que se tinha cinco anos atrás.Um balanço geral mostra que, apesar da atuação da comunidade científica e acadêmica por meio de suas entidades e de dirigentes institucionais, foi parcial o êxito obtido na primeira fase do processo de discussão orçamentária. O resultado final, de um orçamento ainda muito ruim, traduz a predominância de uma visão estreita sobre CT&I e sobre as prioridades essenciais de políticas públicas para o País, tanto por parte do Governo Federal quanto do Poder Legislativo como um todo. A decisão é particularmente ainda mais grave porque a Emenda Constitucional 95 (EC 95), que estipula um teto de gastos do Governo Federal durante 20 anos, certamente dificultará muito, durante seu período de vigência, caso não seja revogada, um aumento real dos recursos orçamentários para CT&I.Para 2018, as entidades reforçam os seguintes pontos:Não se pode admitir que ocorram contingenciamentos adicionais nos recursos para CT&I por parte do governo, como aconteceu em 2017;Reiteramos a importância de que seja realizada, logo no início do ano, uma reunião plena do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, como já solicitado anteriormente pelos representantes das entidades científicas e acadêmicas, para se discutir a situação crítica da CT&I no País;Os recursos alocados na Reserva de Contingência desta área, para 2018, devem ser progressivamente liberados para uso pelo MCTIC.Esta última demanda está em consonância com o próprio relator do Orçamento 2018 que, em um complemento de voto, dentro de seu relatório afirmou: "ITEM 4 – Haja vista a inegável necessidade de recursos adicionais de determinadas programações orçamentárias, recomendamos ao Poder Executivo que promova acréscimos nas seguintes ações, as quais não puderam ser atendidas por esta Relatoria-Geral em razão da insuficiência de recursos disponíveis: 10) Ações da Assistencial Social e da Ciência e Tecnologia.”Para que se efetivem tais medidas, que poderão atenuar o grave impacto da grande redução de recursos para CT&I no Brasil, é essencial uma atuação vigorosa e permanente das entidades científicas e acadêmicas, bem como da comunidade científica e acadêmica como um todo. É fundamental uma mobilização mais intensa dos pesquisadores, professores e estudantes, das entidades científicas e das instituições de ensino e pesquisa brasileiras, para que essa pressão social legítima, sendo acolhida pela sociedade brasileira, possa ser determinante para a reversão do atual quadro de retrocesso no apoio à ciência e tecnologia no País.Ciência não é gasto, é investimento! -
- 29/12/2017 - AIEA convoca estudantes para competição internacional sobre tecnologia nuclearFonte: ABENA Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está promovendo a 3ª Conferência Internacional sobre Desenvolvimento de Recursos Humanos para Programas de Energia Nuclear. Trata-se de uma competição internacional sobre ciência e tecnologia nuclear. O intuito é promover o interesse dos jovens na geração nuclear.Os candidatos devem estar matriculados no ensino médio, ter entre 14 e 18 anos, e devem apresentar um projeto que promova a discussão e a conscientização sobre os impactos da ciência e tecnologia nuclear em suas vidas. A submissão eletrônica dos trabalhos pode ser feita até 31 de janeiro.Os participantes que desenvolverem os projetos mais inovadores serão elegíveis para uma viagem à República da Coreia, para apresentar seus trabalhos na conferência, visitar escolas e instituições locais e participar de eventos culturais.Para mais informações, clique aqui. -
- 27/12/2017 - A Rússia vai aumentar o fornecimento de suprimentos para medicina nuclear brasileiraFonte: PetronotíciasA Rússia e o Brasil ampliam a cooperação em medicina nuclear. Foi assinado um acordo de cinco anos entre a Isótopo JSC, do grupo Rosatom, e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), para fornecer produtos como complemento dos suprimentos semanais atuais da Rússia para o Brasil. A Rosatom disse que o acordo foi uma etapa importante no desenvolvimento da cooperação russo-brasileira no campo da medicina nuclear e abre novas oportunidades para ampliar a gama de produtos de isótopos, tanto para fins médicos como industriais.O Brasil vem usando o Mo-99 produzido na Rússia desde 2015 e, desde o ano passado, a Rússia está cumprindo plenamente a necessidade brasileira de "raw” I-131, que é usado no diagnóstico e tratamento de doenças da tireoide, disse Rosatom. O Brasil vai receber, além do molibdênio, iodo-131, lutetium-177, itrio-90, cobalto-57 e fontes de radiação baseadas em geradores de iridium-192, germanium-68 e gallium-68.Os atributos dos átomos naturalmente em decomposição, conhecidos como radioisótopos, originam aplicações em vários aspectos da vida moderna. Existe uma ampla consciência do uso de radiação e radioisótopos na medicina, particularmente para o diagnóstico e tratamento de várias condições médicas. Nos países desenvolvidos, cerca de uma pessoa em 50 utiliza a medicina nuclear de diagnóstico a cada ano e a frequência de terapia com radioisótopos é cerca de um décimo disso.O medicamento nuclear usa radiação para fornecer informações sobre o funcionamento dos órgãos específicos de uma pessoa ou para tratar doenças. Na maioria dos casos, a informação é usada pelos médicos para fazer um diagnóstico rápido da doença do paciente. A tireoide, os ossos, o coração, o fígado e muitos outros órgãos podem ser facilmente imageados, e os distúrbios em suas funções revelados. Em alguns casos, a radiação pode ser usada para tratar órgãos doentes ou tumores. Cinco prêmios Nobel têm sido intimamente envolvidos com o uso de traçadores radioativos em medicina. -
- 26/12/2017 - Dificuldade para conseguir patente no Brasil causa prejuízosBrasil é o 11º no mundo em registro de patentes. Documento garante o direito de exclusividade por 20 anos na exploração da invenção.
Brasil é o 11º no mundo em registro de patentes. Documento garante o direito de exclusividade por 20 anos na exploração da invenção.
Fonte: G1A demora para se conseguir a patente de um produto novo no Brasil é uma espécie de tiro no pé. Inventores e empresas ficam paralisados. Em alguns casos, numa espera que passa de dez, de doze anos, enquanto o país deixa de gerar riquezas e empregos.Dizem que o brasileiro é criativo. Como o Seu Roberto, que guarda na garagem um sistema de combate a incêndios que desenvolveu. É um grande extintor, com mais pressão, 35 metros de mangueira e um canhão na ponta.O inventor poderia produzir o equipamento ou vender a ideia para alguém. Mas espera a patente há quatro anos."O receio é que outras pessoas venham copiar esse modelo. E aí todo o trabalho que foi feito de pesquisa, de procura de inteligência, vai pro brejo", conta o empresário Roberto Cavalcante.Uma empresa de elevadores desenvolveu um sistema que dá acesso ao morador ou visitante mediante a um processo de verificação de segurança. A patente foi protocolada há 8 anos. Nesse tempo a tecnologia que começou com um chaveiro que gera um código de segurança, já está na quinta geração: o reconhecimento facial.Se a patente tivesse saída, a empresa poderia contratar mais 20 funcionários e faturar no mínimo mais R$ 2 milhões por ano."Isso me dá insegurança de colocar toda essa equipe, esse produto novo, de inovação no mercado onde eu não tenho a segurança que isso não vai ser copiado. Não vai ser duplicado", diz José Roberto Schimdt, diretor-executivo da empresa.O Brasil é o 11º no mundo em registro de patentes. O documento garante o direito de exclusividade por 20 anos na exploração da invenção. Quase 230 mil documentos estão na fila no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial - a espera de análise. O processo pode levar até 14 anos, de acordo com o segmento da invenção. É a maior demora do planeta pra patentes."Fica-se nesse período de incerteza que é muito longo e normalmente isso leva a um desestímulo à inovação no Brasil", comenta Gustavo Morais, diretor de propriedade intelectual da FGV.O INPI tem 326 examinadores. Nos Estados Unidos, são 8,3 mil. O Japão é o mais rápido em análise. Leva pouco mais de 1 ano no exame de cada patente."Cada tecnologia que nós deixamos de registrar aqui no Brasil, são royalties que deixam de vir aqui pro Brasil. Eles vão lá pra fora", explica o diretor de patentes José Roberto Cunha.
Uma empresa investiu R$ 10 milhões para desenvolver aparelhos que monitoram transformadores de alta tensão. Coleta e informa dados que podem evitar apagões. Em quatro anos, a patente nos Estados Unidos foi registrada. No Brasil, já se passaram 10 anos e não há previsão."Se eu tenho a patente concedida nos EUA, é uma sinalização, não uma garantia de que essa patente também deverá ser concedida no Brasil. Dessa forma eu consigo inibir possíveis copiadores no mercado”, afirma o diretor de desenvolvimento da empresa, Daniel Pedrosa.
O INPI, que é ligado ao Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços - afirmou que o número de examinadores é pequeno para a demanda. E que estuda contratar mais gente e rever alguns processos.
O ministério declarou que está agindo para reduzir o acúmulo de processos e modernizar o INPI. Que em menos de um ano aumentou em 25% o número de servidores do instituto. E que vai liberar R$ 45 milhões em investimentos.
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- 25/12/2017 - Começa limpeza radioativa em cidade que abriga a usina de FukushimaFonte: Agência BrasilA cidade japonesa de Futaba, um dos dois municípios que abrigam a usina de Fukushima, começa nesta segunda-feira (25) sua descontaminação nuclear, para que possa ser habitada novamente em 2022, 11 anos depois da catástrofe. A informação é da Agência EFE.Os trabalhos de limpeza começaram nas áreas poluídas por substâncias radioativas, após o acidente nuclear causado pelo terremoto e o tsunami de 11 de março de 2011, que obrigou a retirada dos moradores da cidade e a proibição das visitas à região, informaram as autoridades locais.O plano de descontaminação faz parte de um projeto do governo do Japão, com o objetivo de que essas áreas possam voltar a ser habitadas. O projeto inclui o desenvolvimento de infraestrutura na região. A empresa responsável pela central, a Tokyo Electric Power Company, financiará a limpeza."Sentir que a reconstrução progride ajudará a estimular a motivação das pessoas da cidade para retornar", afirmou o prefeito de Futaba, Shiro Izawa, à agência japonesa Kyodo.Futaba e Okuba são os dois municípios que hospedam a central de Fukushima Daiichi. As duas tiveram que ser evacuadas completamente após o desastre nuclear.Atualmente, Futaba é considerada uma área de "difícil retorno", por isso nenhum de seus habitantes pôde voltar para casa e somente 4% da cidade estão abertos a visitas.Por enquanto, foi iniciada a eliminação da camada superior do solo perto da Estação Ferroviária de Futaba, bem como o corte da grama nas ruas e a demolição de cerca de 60 casas e instalações públicas, sob a supervisão do Ministério do Meio Ambiente.Espera-se que Futaba volte a ser habitável em 2022, quando o governo japonês planeja retirar a ordem de evacuação, enquanto que em 2020 os trens poderão retomar as operações nessa linha.Depois do acidente nuclear, foi estabelecida uma área de segurança que tem sido reduzida gradualmente, permitindo que os moradores voltem às suas casas, embora a maioria tenha preferido não fazê-lo, dada a escassez de serviços e o medo da radioatividade, entre outros motivos.As emissões e vazamentos radioativos que resultaram do desastre na central de Fukushima ainda mantém fora de casa milhares de pessoas que viviam próximo da usina. O acidente também afetou a agricultura, pecuária e pesca.