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- 11/12/2017 - Reator de fusão termonuclear de mais de 20 bilhões de dólares já está a meio caminho da conclusãoFonte: Hypescience
O tão esperado Reator Experimental Termonuclear Internacional (ITER, no original inglês "International Thermonuclear Experimental Reactor”), com potencial para liderar uma nova era de energia limpa a partir da fusão nuclear, atingiu um marco chave, com metade da infraestrutura necessária agora já construída.
O ITER fica na França e é uma parceria de projetos entre Europa, EUA, China, Índia, Japão, Rússia e Coreia do Sul.
2025?
Até agora, ninguém construiu um reator de fusão que poderia alimentar seque uma cidade pequena, quem dirá um estado ou país.
O ITER é a esperança para mudar isso. A colaboração internacional iniciou o projeto há dez anos com planos para alcançar a fusão total em 2023. Atrasos maciços têm empurrado esse objetivo para 2035.
O projeto já ultrapassou em quatro vezes seu orçamento original, com alguns críticos dizendo que não está claro se a tecnologia sequer irá funcionar. A máquina deverá custar, no total, mais de US$ 20 bilhões.
Porém, Bernard Bigot, diretor-geral do ITER, disse que a conclusão da metade do projeto significou que o esforço está se reerguendo e poderia produzir energia a partir de 2025.
Fusão Nuclear
A fusão nuclear é o fenômeno natural que alimenta o sol, convertendo hidrogênio em átomos de hélio através de um processo que ocorre em temperaturas extremas.
Replicar esse processo na Terra não é uma tarefa simples.
O projeto visa usar a fusão de hidrogênio, controlada por grandes ímãs supercondutores, para produzir energia de calor, de forma semelhante às usinas de carvão e gás de hoje. A diferença é que seria livre de emissões de carbono, e potencialmente de baixo custo, se funcionar em grande escala.
Por exemplo, de acordo com os cientistas do ITER, uma quantidade de hidrogênio do tamanho de um abacaxi poderia ser usada para produzir tanta energia quanto 10.000 toneladas de carvão.
Em que pé estamos?
Enquanto a fusão nuclear tem sido objeto de diversas pesquisas científicas desde a década de 1940, até hoje não descobrimos um meio de fazê-la funcionar em condições controláveis na escala necessária.
O ITER foi descrito como o esforço científico mais complexo da história humana. O projeto exige que plasma de hidrogênio seja aquecido a 150 milhões de graus Celsius – 10 vezes mais quente que o núcleo do sol. Um reator em forma de rosca chamado "Tokamak” seria cercado por ímãs gigantes para retirar o plasma superaquecido das paredes metálicas do recipiente. Isso requer que os ímãs sejam arrefecidos até menos 269 graus Celsius.
Chegar a esta fase do projeto já exigiu realizações notáveis de engenharia, como a fabricação de mais de 100.000 quilômetros de fios de metal supercondutores, produzidos por nove fornecedores ao longo de sete anos, para fazer os ímãs.
Bigot disse que o marco da construção da metade do projeto indicou que o resto dele é tecnicamente viável.
Política e mercado
No entanto, ainda existem dificuldades políticas. Uma delas é que o novo governo dos Estados Unidos, encabeçado por Donald Trump, é notavelmente menos propenso a contribuir com a energia limpa do que seu antecessor.
Os EUA são responsáveis por 10% do orçamento do projeto, enquanto a União Europeia fornece 45% do custo, com o restante sendo de responsabilidade dos outros parceiros principais.
Bigot visitou Washington DC para tentar quebrar o impasse, afirmando ao portal The Guardian estar confiante de que o conflito poderia ser resolvido.
Outra boa notícia é que o Google também está trabalhando atualmente na energia de fusão nuclear, sendo o primeiro grande setor privado a investir na tecnologia. O gigante da internet anunciou que formou uma parceria com a Tri Alpha Energy, apoiada pelo cofundador da Microsoft Paul Allen, para gerar novos algoritmos computacionais que poderiam testar os conceitos por trás dos esforços de engenharia da fusão nuclear.
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- 09/12/2017 - Equipamentos para obra de Angra 3 serão entregues até abril de 2018Fonte: Diário do Vale
Angra dos Reis – A Nuclep se prepara para entregar os últimos equipamentos encomendados para a usina de Angra 3. O presidente interino da companhia, Carlos Henrique Silva Seixas, afirma que os produtos serão encaminhados à usina até o mês de abril. Também está no planejamento da empresa participar do processo de montagem dos condensadores da central nuclear. Além disso, a Nuclep almeja ampliar sua participação no setor de naval. Seixas afirma que há o interesse em construir a Corveta classe Tamandaré (navio de guerra) para a Marinha. A Nuclep tem ainda outros contratos em andamento com o braço naval das Forças Armadas, como os de entrega de submarinos e equipamentos.
*Como está a entrega de equipamentos para Angra 3?
*Nossa programação é entregar os últimos equipamentos agora no início do ano de 2018. Até abril, nós iremos terminar a entrega deles. A Nuclep tem o interesse de participar, no futuro, da montagem dos equipamentos, como aconteceu em Angra 2, onde os condensadores foram instalados pela Nuclep. E como nós fizemos os condensadores de Angra 3, temos condições de instalá-los na usina. Já entregamos praticamente todos. Muitos já estão em Angra e outros ficam armazenados com a Nuclep.
*Já existe alguma negociação neste sentido?
*Não, por enquanto ainda não. Eu estou sempre levantando esta bandeira. Há um interesse nosso e estamos propagandeando que é importante para a Nuclep participar desta construção.
*E em relação aos contratos com a Marinha? Quais são as novidades?
*Nós já fizemos alguns equipamentos do LabGen (Laboratório de Geração Nucleoelétrica) – o protótipo da parte do reator nuclear do futuro submarino de propulsão nuclear. Nós já entregamos alguns equipamentos e estamos confeccionando os demais. Acabamos de ganhar, recentemente, uma licitação do CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo), no valor de cerca de R$ 10 milhões, para fazer alguns equipamentos do LabGen.
Estamos fazendo diversas reuniões com vários estaleiros, interessados em construir a Corveta classe Tamandaré. Temos esperança de construi-la junto com algum estaleiro estrangeiro. Também temos interesse nos futuros navios de patrulha da Marinha. Isso nos daria trabalho para os próximos dez anos.
*Em que fase estão as conversas com estes estaleiros?
*Na última semana, assinamos um termo de confidencialidade com a Daewoo, estaleiro da Coreia do Sul. Estamos conversando com a Queiroz Galvão também e a Thyssen está marcando reuniões conosco.
*Como estão as entregas para a Marinha do Brasil?
*Estamos cumprindo o cronograma. Houve um atraso lá atrás, mas que está sendo recuperado. Já entregamos três submarinos e o quarto será entregue até o meio do ano que vem.
*Como estão os planos de buscar negócios no exterior?
*São contratos que demoram a ser efetivados. Até agora, por exemplo, não temos definido quem irá construir a usina Atucha III, na Argentina. Nós temos uma parceria com a Rosatom. Há o interesse, já fizemos inclusive algumas reuniões para poder construir alguns equipamentos para esta usina. Precisamos saber quem vai ganhar a licitação para construir a usina, para que possamos nos aproximar mais.
*Qual a expectativa com o setor nuclear brasileiro?
Como representante da Nuclep, tenho uma preocupação muito grande com o setor nuclear. Há uma indefinição muito grande, que gera uma expectativa em todo o segmento. A Nuclep não pode ficar esperando. Então, por isso que estamos buscando outras áreas de atuação, como o setor naval, para a sobrevivência da empresa. Como o futuro é muito incerto, não podemos esperar apenas pelo setor nuclear. A parte de petróleo e gás está difícil, porque a própria Petrobrás está lenta. Então, estamos partindo para a construção naval.
*A Justiça interveio recentemente no processo de sucessão da Nuclep. Como o senhor avalia isso?
*A empresa é subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Então, houve uma indicação para os cargos da diretoria da empresa. O conselho de administração se posicionou, acatando as orientações do Ministério. Mas o sindicato dos empregados entrou com uma ação junto ao Ministério Público, que por sua vez acionou a Justiça. Tanto a Justiça Estadual como a Federal impediram a nomeação do novo presidente. O diretor comercial indicado, por ter cumprido todos os itens da lei 13.303, já assumiu. Nós temos hoje um diretor comercial e um diretor industrial. Eu estou como diretor administrativo e respondendo pela presidência interinamente. Aguardamos a nova indicação do novo presidente.
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- 08/12/2017 - Mestrado em Eletrocatálise com bolsa da FAPESP - Agência FapespUma oportunidade de bolsa da FAPESP de mestrado está disponível no projeto “Eletrocatálise além da platina: desenvolvimento de eletrocatalisadores sustentáveis”. A inscrição deve ser feita até dia 15 de dezembro de 2017.
Uma oportunidade de bolsa da FAPESP de mestrado está disponível no projeto “Eletrocatálise além da platina: desenvolvimento de eletrocatalisadores sustentáveis”. A inscrição deve ser feita até dia 15 de dezembro de 2017.
Fonte: Agência FapespA bolsa está vinculada a projeto do Research Centre for Gas Innovation (RCGI) da USP, um Centro de Pesquisa em Engenharia constituído por meio de parceria entre a FAPESP e a BG/Shell, com sede na Escola Politécnica da USP.
Com coordenação do pesquisador Thiago Lopes, a pesquisa de mestrado será realizada no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, em colaboração com pesquisadores do projeto 12 do Programa de Físico- Química do RCGI.
O objetivo da bolsa é treinar um aluno na área de eletrocatálise e nanomateriais. Os estudos experimentais têm como meta elucidar a função de metais de transição na formação e atividade eletrocatalítica de sítios ativos em eletrocatalisadores baseados em carbono.
Para a vaga, o candidato deve ter um diploma de bacharel em Ciências relacionadas com Química ou Materiais, com conhecimentos técnicos em Engenharia, Engenharia de Materiais, Física, Engenharia Química e Química. O candidato deve conhecer os polímeros nanoestruturados e a ciência dos materiais.
Inscrições pelo site do RCGI (Ref.: 17MSc016). Mais informações sobre a vaga disponíveis em fapesp.br/oportunidades/1862.
Para informações sobre bolsas de mestrado acesse www.fapesp.br/bolsas/ms.
Outras vagas de bolsas, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em fapesp.br/oportunidades.
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- 07/12/2017 - Rosatom investe nas Áreas de Pesquisa e Medicina Nuclear enquanto aguarda definição de Angra 3Fonte: Petronotícias
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O mercado de geração de energia nuclear brasileiro desperta, e muito, o interesse da empresa russa Rosatom. Mesmo com a indefinição do reinício da construção de Angra 3, a companhia assinou recentemente um memorando de entendimento com a Eletronuclear, no qual foram definidos os pontos onde os russos podem cooperar no empreendimento. Resta agora o governo brasileiro decidir pela retomada das obras. "Tivemos especialistas nossos que visitaram Angra 3 e eles ficaram impressionados com o nível de conservação do equipamento que está lá. Eles disseram que nunca viram algo parecido no mundo”, acrescentou o presidente da Rosatom na América Latina, Ivan Dybov.
Além disso, o executivo explicou que há o interesse, por parte do Brasil, nos serviços que a companhia oferece para prolongar a vida útil das estações nucleares já existentes. Enquanto o setor de geração nuclear segue à espera de decisões, a Rosatom está expandindo seus negócios na área de pesquisa e medicina nuclear. No Brasil, a empresa deve assinar um acordo para desenvolvimento de um centro de radiologia e radiação. Na Bolívia, a companhia vai construir um centro de pesquisa na área nuclear, com investimentos de US$ 300 milhões. E em busca de diversificação de negócios, a Rosatom está investindo no setor de energia eólica na Rússia, com a ambição de se tornar líder no segmento naquele país.
Poderia detalhar um pouco como andam as buscas por novos negócios na América Latina?
Nós tentamos encontrar novas opções de negócios. Organizamos reuniões com outras empresas da Rosatom. E as companhias do grupo, de forma independente, acabam assinando acordos com empresas brasileiras. Nós também fazemos pesquisa de marketing sobre novos produtos que a Rosatom poderia introduzir no mercado da América Latina. Promovemos os produtos da companhia, organizando conferências e eventos na área de educação e pesquisa.
Qual o balanço do ano de 2017?
Este foi um ano de sucesso. Nós nos orgulhamos pelo fato do Brasil ser o principal parceiro para onde importamos nossa produção de isótopos. Estamos muito felizes de estar contribuindo com o combate ao câncer, tornando mais acessível a medicina nuclear. Esse é o nosso negócio principal atualmente. Nós sabemos que o Brasil tem planos de desenvolvimento de medicina nuclear e de ampliar o acesso da população a este tipo de tratamento. Por isso, estamos enxergando várias perspectivas de exportar isótopos, não só os tradicionais, mas os novos – iodo e molibdênio.
Quais foram os principais negócios da Rosatom no Brasil?
Como vocês sabem, nossa empresa ganhou uma licitação de fornecimento de urânio para o Brasil. Estamos concluindo o contrato com sucesso. E pretendemos participar de outras licitações para fornecimento de produtos e de urânio. Também é de conhecimento de todos que assinamos um memorando de entendimento com a Eletronuclear. Demoramos bastante tempo elaborando este documento. O principal fator neste memorando foi ter definido os principais pontos nos quais vamos tentar cooperar. Vamos fazer grupos de trabalho específicos que vão tentar buscar, dentro destes vetores, oportunidades concretas de negócios.
Foram estabelecidos prazos para os grupos de trabalho entregarem resultados?
Não estabelecemos nenhum prazo concreto. Mas temos uma relação de trabalho muito boa com a Eletronuclear. Se houver algum projeto com perspectivas, será realizado com bastante velocidade.
Quais são as perspectivas da empresa no Brasil?
Por exemplo, a parte brasileira se interessa muito pela experiência da Rosatom em oferecer serviços de prolongar a vida útil das estações nucleares. Estamos prontos para compartilhar estas experiências. Outro projeto deste ano trata da construção de um centro de radiologia e radiação, provavelmente em São Paulo. O acordo foi fechado com a CK3. O principal objetivo é a esterilização de material médico. Fechamos um memorando de entendimento no ano passado, e em 2017 trabalhamos ativamente em um modelo de negócio e design do projeto do centro. Planejamos assinar em breve o acordo de desenvolvimento do empreendimento.
E como andam os negócios da Rosatom nos demais países da América Latina?
Além do Brasil, nós assinamos um contrato para formação de um centro de pesquisa na área nuclear na Bolívia. É outro grande projeto para nós dentro da América Latina. O investimento é de US$ 300 milhões, com financiamento totalmente feito pela parte boliviana. Não excluímos a possibilidade, no âmbito da nossa cooperação com empresas brasileiras, de trazê-las para dentro deste empreendimento. Pode ser na área de treino e capacitação de pessoal para trabalhar neste centro de pesquisa, já que o Brasil possui grande experiência nessa área. Ou seja, não estamos fazendo negócios apenas no Brasil, mas temos a intenção de trazer empresas daqui para cooperarem em projetos em outros países.
Existe a intenção de desenvolver um centro de pesquisa também no Brasil?
Nós estamos prontos para oferecer nossa experiência nessa área no Brasil, porque sabemos que o País está planejando construir um reator de pesquisa. No âmbito da Comissão Intergovernamental que aconteceu este ano, a parte brasileira demonstrou interesse em obter algum tipo de tecnologia necessária para a construção deste reator. O Brasil e a América Latina são regiões únicas para nós porque trabalhamos menos na área de energia nuclear e mais na área de medicina.
Mas a Rosatom tem o interesse em ampliar sua presença na parte de geração nuclear?
Os planos existem, mas às vezes não dependem de nós e sim dos clientes. O Brasil tem planos de desenvolver essa área de energia nuclear. Também estamos realizando negociações com a Argentina. Sabemos ainda que o México tem intenção de construir novas usinas e queremos oferecer nossa tecnologia.
Quais são as perspectivas com a retomada das obras de Angra 3?
Nós sabemos que a Eletronuclear está fazendo um trabalho de uma forma muito ativa, tentando produzir um modelo de negócio para a conclusão de Angra 3. E estamos aguardando essas decisões para analisar. A Eletronuclear, de ponto de vista técnico, fez um trabalho muito sério. Tivemos especialistas nossos que visitaram Angra 3 e eles ficaram impressionados com o nível de conservação do equipamento que está lá. Eles disseram que nunca viram algo parecido no mundo. O projeto está pronto para ser realizado, mas para isso é necessário estabelecer um modelo de negócio. Isso não depende de nós, estamos aguardando as decisões.
Como a energia nuclear irá se posicionar no mundo frente às fontes alternativas?
A energia nuclear precisa fazer parte do sistema energético de grandes países. Não consideramos que a nuclear entra em conflito com fontes alternativas de energia. A fonte nuclear oferece um base estável de fornecimento de energia, em torno da qual é possível implementar outros tipos de fontes. Já temos o projeto que envolve a construção paralela de usinas eólica e nuclear. A Rosatom começou, no ano passado, a entrar no setor de energia eólica. Por enquanto, estamos nos concentrando na Rússia, onde a empresa será a maior dentro do setor de energia a partir dos ventos. Mas não excluímos a possibilidade de seguir desenvolvendo e segmento em outros países. Só que este mercado na América Latina tem uma concorrência muito grande.
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- 06/12/2017 - Radioterapia não tem data para ser retomadaFonte: Jornal Cruzeiro do Sul
Os atendimentos de radioterapia para pacientes com câncer na Santa Casa de Sorocaba ainda não têm data para serem retomados. A previsão inicial do médico responsável pelo serviço, José Carlos Menegocci, estimado entre 20 a 30 dias, termina no próximo sábado, dia 9, quando completará um mês da chegada da pastilha de cobalto no hospital. Isto é necessário para o funcionamento do único aparelho de radioterapia da Santa Casa, que não oferece o serviço desde novembro do ano passado, quando a antiga pastilha usada pela instituição perdeu a validade. Para que o serviço seja oferecido de fato aos pacientes, o hospital aguarda a vinda de dois inspetores da Comissão Nacional de Energia Elétrica (CNEN), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que está prevista para este mês. Porém, o dia ainda não foi definido.
Questionada, a CNEN afirma que a Santa Casa de Sorocaba encaminhou o requerimento com as documentações necessárias no dia 30 de novembro, e que os documentos já estão em análise. "As documentações já estão em análise técnica e será verificado se todos os dados necessários estão completos para que possa ser agendada a inspeção", disse o órgão. Segundo a CNEN, "estando toda documentação de acordo, será agendada inspeção ainda para o mês corrente. A data precisamente não é possível afirmar", justifica.
De acordo com o órgão, durante a inspeção os técnicos irão verificar todos os aspectos relativos à proteção radiológica, conforme as normas da CNEN. "Não existe tempo determinado para a realização de uma inspeção, porém não costuma ultrapassar um dia de trabalho (horário comercial). Vários fatores influenciam na duração de uma inspeção, como, por exemplo, a organização do estabelecimento", destaca o órgão.
Assim que os inspetores finalizam a inspeção, imediatamente eles emitem uma ata, onde é registrado os pontos mais relevantes que foram observados durante o trabalho. "A autorização para a retomada da operação é assinada e emitida apenas pelo Coordenador Geral de Instalações Médicas e Industriais (CGMI) da CNEN, com base na avaliação dos inspetores. "Qualquer serviço de radioterapia só pode iniciar os tratamentos após receber o ofício de autorização para operação assinado pelo CGMI", diz a CNEN.
Menegocci confirmou que a documentação necessária foi enviada à CNEN e que a Santa Casa aguarda apenas a visita dos inspetores do órgão para iniciar os tratamentos de radioterapia. "No dia que o hospital recebeu a pastilha na mesma data a Vigilância foi acionada para fazer a inspeção sanitária e a desinterdição da sala. Em seguida, foram realizados testes de aceitação para verificar a conformidade com as especificações técnicas. Realmente estamos aguardando a CNEN definir a data da visita dos inspetores e espero que isso ocorra o mais rápido possível", afirma o médico.
Funcionamento do aparelho depende de licença técnica
Após receber a autorização de operação da CNEN, a Vigilância Sanitária de Sorocaba ainda fará uma última inspeção sanitária para, enfim, conceder a licença de funcionamento para a Santa Casa. "A empresa prestadora de serviço Nucleon Radioterapia e Física Médica foi orientada a peticionar o processo de licença de funcionamento, o que já foi feito", afirma o órgão municipal por meio de nota. Segundo o presidente do Conselho de Administração do hospital, padre Flávio Jorge Miguel Júnior, a Nucleon irá operar o atendimento de radioterapia na Santa Casa.
Já o médico responsável pelo serviço disse que com a retomada da radioterapia, o hospital irá atender entre quatro a cinco pacientes por hora totalizando 50 a 60 pessoas por dia. "Assim que a Santa Casa receber as autorizações da CNEN e da Vigilância Sanitária, os pacientes de 48 cidades da região serão chamados para retomar os tratamentos no local por meio da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross)", disse Menegocci. -
- 06/12/2017 - Seis vítimas do Césio-137 receberão pensão vitalícia, 30 anos depoisPortaria publicada na segunda-feira (4/12), pelo Ministério da Fazenda, indica os nomes dos beneficiados
Portaria publicada na segunda-feira (4/12), pelo Ministério da Fazenda, indica os nomes dos beneficiados
Fonte: Metropoles
O Ministério da Fazenda publicou, no Diário Oficial da União de segunda-feira (4/12), portaria que concede pensão vitalícia a seis vítimas do vazamento de Césio-137, maior acidente radioativo em área urbana do planeta, ocorrido no dia 17 de setembro de 1987, em Goiânia.
Ainda hoje, muitas das pessoas afetadas pela tragédia lutam na Justiça pelo direito de receber indenizações, pensões e assistência médica. Passados 30 anos, algumas sofrem com as sequelas da radiação, como tumores e doenças crônicas.
Os registros oficiais indicam apenas quatro mortes em decorrência da exposição à substância radioativa. Mas a Associação de Vítimas do Césio-137 aponta 60 óbitos e pelo menos 1,6 mil pessoas afetadas diretamente devido ao contato com o material.
Entre idas e vindas na Justiça, com ações propostas contra a União e o estado de Goiás, o Ministério Público goiano (MPGO) conseguiu, em 2000, que o Ministério da Saúde reconhecesse vítimas ainda não contabilizadas. Até julho de 2002, mais de 800 pessoas atingidas, de alguma forma, pelo acidente radioativo foram reconhecidas.
A Lei Estadual nº 14.226, de 2002, determinou o pagamento de pensões especiais "às pessoas irradiadas ou contaminadas que trabalharam na descontaminação da área acidentada com o Césio-137, na vigilância do Depósito Provisório em Abadia de Goiás e no atendimento de saúde às vítimas diretas do acidente”. A norma inclui descendentes até a segunda geração, "nascidos após o acidente de 1987, das vítimas falecidas e ainda não reconhecidas pelo Estado de Goiás como irradiadas ou contaminadas, portadores de moléstia grave ou crônica”.
Relembre
No dia 13 de setembro de 1987, um equipamento contendo uma cápsula com Césio-137 foi vendido por dois catadores de lixo a um ferro-velho no Setor Central de Goiânia. O dono do estabelecimento, Devair Ferreira, abriu a peça sem saber que havia pertencido ao Instituto Goiano de Radioterapia e era usada em tratamentos médicos. Dentro, Devair achou um pó que emitia uma luz azulada. Eram 19,26 gramas de cloreto de Césio-137.
O material foi exibido por Devair a parentes e amigos, e alguns levaram amostras. Poucos dias depois, as pessoas expostas ao Césio-137 começaram a apresentar sintomas como diarreia, tonturas e vômito. A hipótese de radiação sequer foi cogitada nos hospitais para os quais foram levadas. A contaminação por material radioativo só foi identificada no dia 30 de setembro de 1987, após análise de cientistas e técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
As primeiras vítimas foram a mulher de Devair, Maria Gabriela, falecida no dia 23 de outubro de 1987, e a sobrinha dele, a menina Leide, de 6 anos, que ingeriu césio ao brincar com o pó azul. As outras duas mortes confirmadas foram as dos funcionários do ferro-velho, Israel Batista dos Santos, de 20 anos, no dia 27 de outubro, e Admilson Alves de Souza, de 18, que morreu no dia 28.
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- 04/12/2017 - Amazônia é uma das principais fontes emissoras de metano do mundoÁrvores localizadas em áreas alagáveis emitem por volta de 15 milhões de toneladas por ano desse gás de efeito estufa
Árvores localizadas em áreas alagáveis emitem por volta de 15 milhões de toneladas por ano desse gás de efeito estufa
Fonte: Revista FAPESPAs árvores situadas em áreas alagáveis na Amazônia emitem por ano entre 15 e 20 milhões de toneladas de metano (CH4), o equivalente ao que é emanado por todos os oceanos juntos. A conclusão é de um grupo de pesquisadores ingleses e brasileiros, entre eles a bióloga Luana Basso, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), e a química Luciana Vanni Gatti, do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em um estudo publicado na edição desta segunda-feira (04/12) na revista Nature, o grupo constatou que essas árvores são uma das principais fontes emissoras do gás. O metano absorve até 23 vezes mais calor do que o dióxido de carbono (CO2), sendo, por isso, um dos três principais gases de efeito estufa. Segundo o grupo, apesar de ser um processo natural da floresta, a quantidade de metano emitida por essas árvores impressiona e, somada à emissão de outras fontes naturais, de proveniente de rebanhos e da queima de biomassa na região, pode ter impactos significativos.
Há algum tempo os dados sobre a emissão de metano na Amazônia intrigam os pesquisadores. Até então, os números mais recentes disponíveis na literatura especializada, obtidos a partir de observações via satélite por outros grupos de pesquisa, indicavam que a floresta emitia por ano cerca de 30 milhões de toneladas de CH4. Em 2011, Luciana e Luana Basso, à época sua aluna de doutorado no Ipen, verificou que a realidade era diferente. Seus dados indicavam uma emissão quase 50% maior, de 42,7 milhões de toneladas por ano. Apesar de ter verificado na prática uma diferença significativa em relação ao valor até então conhecido, as pesquisadoras não souberam explicar de onde vinha o metano excedente. À época, o grupo coordenado por Luciana estava interessado em obter uma amostra representativa do balanço de carbono de toda a bacia amazônica.
A cada duas semanas, sua equipe sobrevoava as regiões de Santarém, no Pará, Rio Branco, no Acre, Tabatinga, no Amazonas, e Alta Floresta, em Mato Grosso, colhendo amostras de ar, que eram armazenadas em frascos de vidro. Em seguida, analisava os índices de concentração de vários gases, entre eles CO2, monóxido de carbono (CO) e CH4. Dessa forma, obteve medidas que refletiam todo o processo de emissão e absorção de CO e CO2 pela floresta desde o oceano Atlântico até os locais em que colheu as amostras. Assim, pôde medir a reação dos estoques de carbono da floresta à seca em diferentes áreas, concluindo que durante os períodos de estiagem a floresta liberava mais CO2 para a atmosfera do que absorvia (ver Pesquisa FAPESP edição on-line).
Esse estudo foi publicado em fevereiro de 2014 na revista Nature, e a quantidade excedente de metano emitido pela floresta observado por Luciana - de 30 milhões para os 42,7 milhões de toneladas - permaneceu uma incógnita. Em 2015, Luciana apresentou suas estimativas em uma reunião realizada no Brasil. Entre os presentes, estava o biólogo Vincent Gauci, da Universidade Aberta, no Reino Unido, cuja equipe, trabalhando separadamente, havia acabado de medir as emissões de CH4 diretamente dos troncos das árvores da Amazônia. Eles selecionaram uma amostra de 2.300 árvores em regiões adjacentes aos rios Negro, Solimões, Amazonas e Tapajós. Instalaram pequenas câmaras em volta dos troncos para coletar o ar e, assim, determinaram a quantidade de CH4 emitida pelas árvores. Fizeram medições durante os anos de 2013 e 2014. Em laboratório, após analisar os índices de concentração de CH4, o grupo britânico verificou que a região estava emitindo exatamente a diferença entre o que havia sido registrado na literatura e as estimativas obtidas pela equipe de Luciana.
"Conversamos após aquela apresentação e decidimos escrever um artigo reunindo os dados dos nossos grupos”, explica Luciana. No estudo publicado agora na Nature, os pesquisadores explicam que as árvores funcionam como chaminés, canalizando o metano do solo submerso por meio dos troncos e liberando-o para a atmosfera. "Isso faz das árvores em regiões alagáveis uma das principais fontes emissoras de metano da Amazônia”, explica Luana Basso, que atualmente é professora da Universidade Paulista (Unip), em São Paulo.
Durante a estação seca, entre junho e novembro, as áreas antes alagadas são invadidas por ervas e gramíneas. Na estação chuvosa, entre novembro e abril, as águas voltam a subir e essa vegetação fica submersa. A vegetação no fundo morre, produzindo metano ao se decompor. "O metano é gerado quando uma substância orgânica se decompõe sem oxigênio” explica Luciana Gatti. Desse modo, as ervas, gramíneas, folhas e galhos nas áreas alagada emitem o gás metano em abundância por meio das árvores. "É importante conhecer a dinâmica de produção desse e outros gases de efeito estufa para que possamos prever como a floresta se comportará em diferentes cenários de mudanças climáticas”, destaca a química.
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- 29/11/2017 - Congresso de metrologia debate garantia da qualidade e homenageia Linda CaldasDurante o Congresso de Metrologia 2017, realizado em Fortaleza, CE, a pesquisadora Linda Caldas, do IPEN, foi homenageada
Durante o Congresso de Metrologia 2017, realizado em Fortaleza, CE, a pesquisadora Linda Caldas, do IPEN, foi homenageada
Profissionais e pesquisadores estiveram reunidos de 26 a 29 de novembro, em Fortaleza, para o Congresso Metrologia 2017, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Metrologia, Inmetro e IRD, que tem como objetivo disseminar a cultura da metrologia e avaliação da conformidade como fatores essenciais ao desenvolvimento sustentável. Da mesa de abertura participaram o secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Inácio Arruda; o presidente do Inmetro, Carlos Augusto Azevedo; o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Paulo Roberto Pertusi; o presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia, João Carlos Guimarães Lerch; o diretor do Instituto de Radioproteção e Dosimetria, Renato Di Prinzio; o presidente do Congresso, Américo Tristão Bernardes.
O evento reuniu seis encontros científicos simultâneos, na área de metrologia, entre eles a quarta edição do Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes. Demanda por calibração, preço do produto e garantia da qualidade foram temas do CBMRI, já em sua quarta edição. O IRD levou à área de exposições do evento uma apresentação em realidade virtual dos laboratórios da área de metrologia.
Promovido pela Sociedade Brasileira de Metrologia, Inmetro e IRD, o congresso geral reuniu 300 trabalhos inscritos, sendo 273 aprovados para apresentação em 35 sessões paralelas e duas sessões pôster. Destes, 100 serão publicados em periódico internacional. Dos trabalhos apresentados no CBMRI, foram 59 em formato poster e sete em formato oral. Os melhores foram selecionados para publicação no Journal of Physics: Conference Series.
Homenagem
A pesquisadora do Ipen Linda Caldas foi a homenageada desta edição do CBMRI, que anualmente destaca personalidades importantes na área, por seu trabalho dedicado, pioneirismo e inovação na área de metrologia das radiações ionizantes no Brasil.
Desde o início dos anos 70, ainda como aluna de graduação de física da USP, Linda Caldas ingressou no grupo de dosimetria do Ipen e desde então vem atuando na área de metrologia das radiações. Nunca deixou de atuar como pesquisadora, mesmo assumindo atividades de direção. Foi chefe da divisão de calibração e dosimetria, gerente do centro de metrologia das radiações e diretora de segurança nuclear do instituto. Já orientou 59 alunos de pós graduação, sendo 27 de mestrado e 32 de doutorado, e outros 14 de pós-doutorado. Publicou 236 trabalhos científicos e coordenou 22 projetos nos editais Pro-engenharia, Pro-equipamentos, Procad, temáticos da Fapesp, entre outros. Em 2012 se tornou membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo
"Se olharmos o panorama nacional na área de calibração e dosimetria, vamos encontrar seus alunos, que hoje são orientadores e professores, em diversas instituições. Ela sempre se empenhou em apoiar instituições parceiras, principalmente da região Nordeste, por meio da coordenação de projetos multi-institucionais. O mais impactante talvez tenha sido o INCT, que beneficiou oito instituições públicas em todo o Brasil", frisou em discurso o coodenador do CBMRI, José Guilherme Pereira Peixoto. "Por trás da profissional competente há uma mulher extremamente sensível, humilde e disposta a ajudar sempre com educação e delicadeza características", acrescentou.
Texto e fotos: Lilian Bueno/ Ascom IRD
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- 28/11/2017 - Sirius tem 71% das obras de infraestrutura concluídas, informa diretor do LNLSO Sirius servirá à análise estrutural de materiais orgânicos e inorgânicos. A luz síncrotron é responsável por atravessar amostras e revelar informações a respeito dos materiais, no nível dos seus átomos e moléculas
O Sirius servirá à análise estrutural de materiais orgânicos e inorgânicos. A luz síncrotron é responsável por atravessar amostras e revelar informações a respeito dos materiais, no nível dos seus átomos e moléculas
Fonte: Jornal da Ciência
As obras de infraestrutura da fonte de luz síncrotron Sirius estão 71% concluídas. A informação é do diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), Antonio José Roque, que apresentou a infraestrutura nesta segunda-feira (27) a representantes de setores estratégicos do governo federal, em workshop no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).Nas palavras de Roque, o Sirius será a maior infraestrutura científica construída no país. "Hoje, podemos dividir as obras em três partes: a civil, a do conjunto de aceleradores de elétrons e a das estações experimentais, chamadas de linhas de luz”, explicou. "O prédio teve um projeto executivo extremamente longo, devido à necessidade de estabilidade do piso, e isso inclusive trouxe avanços para a engenharia civil nacional. A expectativa é de que 85% dos gastos ocorram em empresas brasileiras. As obras civis tiveram início em janeiro de 2015 e já estão 71% prontas. A parte interna também está bem avançada.”
O secretário-executivo adjunto do MCTIC, Alfonso Orlandi Neto, destacou que o Sirius dispõe de R$ 503.210.903 do programa "Agora, é Avançar”, por meio do qual o governo federal se compromete a finalizar obras até o final de 2018 – época prevista para a passagem do primeiro feixe de elétrons pelo acelerador. "De fato, a gente tem o maior empenho e a maior dedicação nesse projeto, a fim de que essa etapa inicial possa estar entregue no ano que vem.”
Para o diretor de Programa do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MPDG), André Arantes Luciano, a inauguração representará uma inflexão na história da infraestrutura tecnológica nacional. "Se tudo der certo, as primeiras linhas estarão disponíveis para a comunidade científica em 2018”, reforçou. "O propósito deste workshop foi agregar os atores públicos que lidam com pesquisa no Brasil, para que conheçam e se apropriem dessa ferramenta.”
Segundo o diretor de Gestão Estratégica do MCTIC, Johnny Santos, o evento atraiu setores estratégicos do governo federal para o futuro uso do Sirius, como defesa, energia e petróleo. Já na visão do diretor de Gestão das Unidades de Pesquisa e Organizações Sociais, Gustavo Zarif Frayha, a nova fonte de luz sincrotron vai permitir ao Brasil "ingressar no primeiro mundo da tecnologia”.
O gerente da Divisão Científica do LNLS, Harry Westfahl Junior, ilustrou potenciais da ferramenta científica para agricultura, energia e materiais, meio ambiente, recursos naturais e saúde. O Sirius servirá à análise estrutural de materiais orgânicos e inorgânicos. A luz síncrotron é responsável por atravessar amostras e revelar informações a respeito dos materiais, no nível dos seus átomos e moléculas.
O prédio tem 68 mil metros quadrados (m²), construídos em uma área de 150 mil m², próxima ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).
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- 28/11/2017 - Eletronuclear e Rosatom vão construir novas usinas nucleares no BrasilParceria é regulada pelo acordo de cooperação entre os governos da Federação Russa e do Brasil no uso pacífico da energia nuclear
Parceria é regulada pelo acordo de cooperação entre os governos da Federação Russa e do Brasil no uso pacífico da energia nuclear
Fonte: Revista Época
A Eletrobras e a russa Rosatom assinaram um memorando de entendimento para promover a cooperação no campo da energia nuclear, incluindo construção de novas usinas no Brasil e suporte durante todo seu ciclo de vida (operação, manutenção e descomissionamento).
O documento foi assinado na segunda-feira (27) pelo vice-diretor geral de Desenvolvimento e Negócios Internacionais da Rosatom, Kirill Komarov, pelo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e pelo presidente interino da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. "Este memorando de entendimento vai promover uma cooperação mútua no uso pacífico da energia nuclear", disse a Eletrobras em nota nesta terça-feira (28).Também estão contemplados no acordo a gestão do combustível nuclear, o prolongamento da vida útil das usinas nucleares existentes no país (Angra 1 e Angra 2), educação e treinamento dos profissionais brasileiros que trabalham no setor e o fortalecimento do conhecimento público sobre o programa nuclear brasileiro.
A parceria entre ambos os países no setor é regulada pelo acordo de cooperação entre os governos da Federação Russa e do Brasil no uso pacífico da energia nuclear, de 15 de setembro de 1994, informou a Eletrobras.
O Brasil possui duas usinas nucleares em operação e uma em construção. Angra 1 começou a operar em 1985 e tem capacidade instalada de 640 megawatts (MW). Angra 2 entrou em operação em 2001, com capacidade instalada de 1.350 MW. Angra 3, gêmea de Angra 2, teve sua construção interrompida após a obra entrar no rol de investigações da operação Lava Jato.
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- 27/11/2017 - Há 27 anos, Collor assinava acordo para uso pacífico de energia nuclearPolítica atômica comum entre os países teve início com tratado firmado em 28 de novembro de 1990, em Foz do Iguaçu
Política atômica comum entre os países teve início com tratado firmado em 28 de novembro de 1990, em Foz do Iguaçu
Fonte: GazetawebHá 27 anos, Brasil e Argentina anunciavam posição de política atômica comum, abrindo caminho para o uso de energia nuclear com fins exclusivamente pacíficos. Firmado em Foz do Iguaçu, no Paraná, em 28 de novembro de 1990, o compromisso entre os presidentes brasileiro e argentino, Fernando Collor e Carlos Menem, antecedeu vários outros entendimentos, visitas mútuas e tratados conjuntos celebrados entre os países vizinhos.
Um ano depois, Collor assinou o Acordo Brasil-Argentina para o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear, vedando a produção de armas químicas e biológicas. A assinatura foi no dia 18 de junho de 1991. E, no mesmo ano, em 13 de dezembro, o presidente brasileiro também assinou o Acordo Quadripartite com a Argentina, também envolvendo a Agência de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc), e a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).
Ao revisitar o passado e constatar a importância histórica de tais fatos, o senador Collor, que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional no Senado da República, qualifica os atos formalizados com a Argentina como marcantes. "Tanto no processo de afirmação internacional de nosso País, quanto no desenvolvimento do clima de confiança, que possibilitaria a aproximação com a Argentina e a própria fundação do Mercosul".
No plano regional, Collor relembra que persistia a rivalidade histórica entre o Brasil e a Argentina, os países mais extensos e as principais economias da América do Sul. Embora não houvesse confrontação ideológica, a rivalidade era enraizada e as duas nações se olhavam com inegável desconfiança."O Brasil, por seus líderes políticos, seus diplomatas, seus empresários, percebia o perigo do isolamento no cenário que se delineava. Percebia, também, a necessidade de caminhar para a integração regional, ampliar mercados, facilitar a circulação dos fatores econômicos e assim multiplicar seu potencial. Nascia a ideia de criação de um mercado comum, o Mercosul, cujo instrumento fundador, o Tratado de Assunção, tive a oportunidade de firmar em 1991", relembra Collor.
Serra do Cachimbo
Antes de consolidar o acordo entre Brasil e Argentina, o presidente Collor tomou a decisão de mandar fechar o poço na Serra do Cachimbo, no Pará. Aberto pela Força Aérea Brasileira, o poço tinha quase dois metros de diâmetro e um quilômetro de profundidade. O local seria utilizado para testes nucleares secretos. O presidente foi até lá e jogou nele uma pá de cal. O ato simbólico sinalizou para o mundo a linha do governo, reforçando o compromisso anunciado por Collor de explorar a energia nuclear para fins pacíficos.
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- 24/11/2017 - Carta Aberta da ABEN em Defesa da Retomada de Angra 3 e da Sustentabilidade do Programa Nuclear BrasileiroFonte: Defesa.net
A Associação Brasileira de Energia Nuclear – ABEN, entidade que congrega os profissionais do setor nuclear brasileiro e com 35 anos de existência, realizou, no período de 22 a 27 de outubro p.p., a oitava "International Nuclear Atlantic Conference – INAC 2017”, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O evento contou com 1244 inscrições de 16 países, das quais 366 de doutores, e com a apresentação de 635 trabalhos técnicos, demonstrando a vitalidade do setor nuclear brasileiro em seus segmentos de geração de energia, propulsão naval, aplicações e ensino e pesquisas.
Entretanto, na mesma ocasião, foi apresentada a situação crítica, ora vivenciada pelo setor de produção de energia, motivada pela paralisação da construção de Angra 3 e suas consequências, principalmente na Eletrobras Termonuclear – Eletronuclear, proprietária e operadora das usinas de Angra dos Reis, e da Indústrias Nucleares do Brasil – INB, empresa responsável pela fabricação do combustível nuclear para estas plantas.
Conforme apresentado na Mesa Redonda sobre "Perspectivas Nacionais para o Setor Nuclear”, a paralisação do empreendimento Angra 3 trouxe, em seu bojo, consequências catastróficas, a saber:
- Agravamento da situação financeira da Eletronuclear, devido à não renovação da postergação do pagamento de sua dívida, relativa ao financiamento da construção de Angra 3, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, antes que esta usina gere receita para cobrir tais custos, da ordem de R$ 30 milhões por mês, com grande impacto em seu fluxo de caixa e comprometendo pagamento a fornecedores, aí incluída a INB;
- No âmbito da INB, o Projeto de Lei Orçamentária de 2018 contingencia drasticamente a dotação desta empresa, levando a uma situação que compromete a fabricação dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2, podendo ser agravada caso a Eletronuclear não consiga honrar seus compromissos relativos ao fornecimento de combustível para as centrais nucleares;
- Sérios prejuízos imediatos, com graves repercussões em projetos sociais das prefeituras do entorno das usinas (Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro), devido ao não recolhimento de recursos a estes municípios, oriundos das contrapartidas de investimentos a serem realizados pela Eletronuclear em Angra 3, decorrentes de seu processo de licenciamento;
- Retração de cerca de 9.000 empregos e perda de R$ 4 bilhões em tributos diretos e indiretos; e
- Da mesma forma que na Eletronuclear, os projetos de inserção regional, educação ambiental e de sustentabilidade desenvolvidos pela INB, tanto no estado Rio quanto na Bahia, foram irremediavelmente impactados, trazendo também consequências em programas sociais por ela desenvolvidos.
A paralisação das obras de Angra 3 e a possibilidade de sua não entrada em operação poderá agravar, ainda mais, a crise do setor elétrico brasileiro, tendo em vista que a energia a ser gerada por Angra 3 agregaria uma oferta firme de quase 1.500 MW, no centro de carga do País, aliviando os reflexos dos baixos níveis de armazenamento dos reservatórios de usinas hidrelétricas e, provocando, em consequência, o despacho de usinas térmicas com elevadíssimos custos operacionais e gravíssimos impactos ambientais.
Nesse contexto, a ABEN conclama todos os seus associados, entidades de classe, prefeituras do entorno das usinas nucleares, o Congresso Nacional, os Ministérios de Minas e Energia, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, da Defesa, de Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações, da Saúde e, em particular, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e o BNDES, dentre outros, a buscar soluções que permitam:
- Suspender o pagamento da dívida da Eletronuclear junto ao BNDES, até seis meses após a entrada em operação comercial de Angra 3, restabelecendo o prazo de carência admissível em empreendimentos estruturantes;
- Adequar o orçamento da INB para o exercício 2018 no PLOA, para que não haja solução de continuidade do fornecimento dos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2;
- Blindar as receitas provenientes das operações de Angra 1 e Angra 2 das dívidas de Angra 3;
- Definir, no âmbito do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, a retomada do empreendimento Angra 3, bem como de novas plantas nucleares;
- Definir uma modelagem para uma eventual parceria internacional para concluir a construção de Angra 3; e
- Definir as formas de segregação da Eletronuclear e da Itaipu Binacional em relação à holding Eletrobras, no caso de privatização desta última.
As medidas ora elencadas são fundamentais para garantir a existência de uma fonte de geração limpa, operando na base do Sistema Interligado Nacional - SIN, com baixo custo de combustível, visando complementar a geração de energia elétrica por fontes hídrica e novas renováveis, compensando suas características intermitentes, bem como para mitigar a diminuição dos volumes dos reservatórios de usinas hidrelétricas.
A ABEN advoga que a manutenção da fonte nuclear na matriz elétrica do país é fundamental para a segurança energética e para os setores estratégicos do País. -
- 22/11/2017 - Entidades científicas mantêm luta para recuperar o orçamento para ciência e tecnologia em 2018Representantes da comunidade científica e acadêmica participaram de Comissão Geral no Plenário da Câmara e audiências com relatores do PLOA 2018 nessa terça-feira, 21. “É lamentável que vivamos em um País em que precisamos convencer que ciência e tecnologia são fundamentais para a economia e para a qualidade de vida das pessoas”, lamenta o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira
Representantes da comunidade científica e acadêmica participaram de Comissão Geral no Plenário da Câmara e audiências com relatores do PLOA 2018 nessa terça-feira, 21. “É lamentável que vivamos em um País em que precisamos convencer que ciência e tecnologia são fundamentais para a economia e para a qualidade de vida das pessoas”, lamenta o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira
Fonte: Jornal da CiênciaAs entidades científicas continuam firmes no empenho de sensibilizar os parlamentares sobre a importância de recuperar o orçamento para ciência e tecnologia. O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira se encontrou nessa terça-feira, 21, com o deputado Cacá Leão, relator geral do Projeto de Lei Orçamentária 2018 (PLOA 2018), juntamente com os presidentes da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes). Pela manhã, eles também falaram na Comissão Geral que debateu, no Plenário da Câmara, a crise nas instituições de ensino superior do País, solicitada pela Andifes e pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).
No encontro com o relator-geral do PLOA 2018, os representantes da comunidade científica insistiram na questão da recuperação do orçamento previsto para o próximo ano e demonstraram, com gráficos e tabelas, a gravidade da situação para a área, que prevê para 2018 uma redução de 25% em relação ao orçamento movimentável de 2017 (que exclui despesas obrigatórias e reserva de contingência). "O orçamento previsto na LOA para 2017 era ruim e ficou péssimo. O de 2018 já começa terrível e poderá ficar catastrófico”, comentou o presidente da SBPC.Ildeu Moreira ressaltou que o PLOA 2018 atinge particularmente a área de C&T e reiterou que, se o orçamento for aprovado como está, provocará um desmonte em todo o setor.
Leão reconheceu que o orçamento para C&T hoje é muito parecido com o de 2007, ou seja, o mesmo de uma década atrás, quando as comunicações ainda não compartilhavam o mesmo ministério. "O recuo é grande”, afirmou. No entanto, o deputado não se comprometeu com eventuais aumentos do orçamento e disse que a comissão tem sofrido pressões do Ministério do Planejamento para não alterar as estimativas do próximo ano.
Também participaram da audiência o secretário adjunto de ciência e tecnologia do governo do DF, Tiago Coelho, representando o Consecti; o reitor da Universidade Federal do Piauí, José Arimatéia, representando a Andifes; e o Deputado Celso Pansera (PMDB/RJ), que viabilizou a reunião.
Pouco antes da audiência, os presidentes da SBPC e da ABC tiveram uma reunião com o senador Jorge Viana (PT/AC), relator setorial para Ciência e Tecnologia do PLOA 2018. Eles discutiram a gravidade dos cortes e a necessidade de revertê-los. Segundo conta Moreira, Viana se comprometeu a direcionar esforços para recuperar o orçamento de C&T.
"Temos que buscar o tempo todo pressionar e sensibilizar os parlamentares. Não está fácil, porque não sentimos muita preocupação por parte do governo com a importância da ciência e tecnologia do País”, lamentou o presidente da SBPC.
Crise no Ensino Superior
Na comissão geral para debater a crise nas instituições de ensino superior do País, realizada na manhã dessa terça-feira, parlamentares, representantes de entidade científicas e de universidades públicas protestaram contra os cortes orçamentários previstos no PLOA 2018 para a educação profissional e para a área de ciência e tecnologia.
O presidente da Andifes, Emmanuel Tourinho, alertou para a redução de 20% no orçamento das instituições de ensino superior – que agora está menor do que o de 2014 para o custeio – e pediu prioridade nacional para a manutenção das universidades públicas federais gratuitas. Os cortes, segundo ele, inviabilizarão a aquisição de livros para bibliotecas, de equipamentos para laboratórios e de infraestrutura para o ensino, entre outros problemas, em um sistema formado por 63 instituições, e que engloba mais de 1,2 milhão de estudantes. "Essa redução é incompreensível para uma nação que nem sequer alcançou a taxa de oferta na educação superior dos países vizinhos na América do Sul”, disse.
Francisco Brandão, presidente do Conif, afirmou que, com base no orçamento previsto para 2018 e nas regras orçamentárias impostas pela emenda do teto dos gastos (EC 95), o resultado será, tragicamente, o fechamento de campi pelo País.
"Como sustentar o ingresso e a permanência dessa camada representativa de 82% de alunos oriundos de escolas públicas no mundo da educação, se o nosso orçamento está vindo cada vez mais em escala regressiva?”, questionou.
Já o presidente da ABC alertou que o governo brasileiro insiste em ir na contramão das equipes econômicas do mundo, e deu o exemplo dos países desenvolvidos, que apostam em ciência e tecnologia para vencer a crise, enquanto o Brasil corta ainda mais o orçamento da área de ciência e tecnologia em 2018. Uma segunda bomba atômica, que segundo ele, "vai ser o extermínio do que já está bastante prejudicado”.
Ildeu Moreira defendeu que o futuro do Brasil depende dos Institutos Federais e das universidades públicas e afirmou que é lamentável que vivamos em um País em que precisamos convencer que ciência e tecnologia são fundamentais para a economia e para a qualidade de vida das pessoas.
"Tudo o que achamos no orçamento para o ano que vem, comparado com 2017, são reduções de 39% ou 40% para os institutos de pesquisas brasileiros, como a redução de 20% da Capes e a redução do recurso do FNDCT, que possivelmente ainda vai ser contingenciado. São reduções dramáticas na infraestrutura da universidade. Com as agências como o CNPq e a Finep sendo reduzidas, há o impacto direto no trabalho das universidades. Essa redução na área da ciência e tecnologia é absolutamente inexplicável quando se pensa no futuro da Nação”, declarou.
Daniela Klebis, Jornal da Ciência
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- 14/11/2017 - Físicos russos desenvolvem método para aumentar segurança de 'reatores do futuro'Especialistas da Universidade Nacional russa de Pesquisa Nuclear MEPhI (EUA) anunciaram ideia para aumentar segurança em reatores nucleares perspectivos. O novo método se baseia na redução da velocidade de reação em cadeia nas suas zonas ativas, comunicou a assessoria de imprensa da MEPhI à Sputnik.
Especialistas da Universidade Nacional russa de Pesquisa Nuclear MEPhI (EUA) anunciaram ideia para aumentar segurança em reatores nucleares perspectivos. O novo método se baseia na redução da velocidade de reação em cadeia nas suas zonas ativas, comunicou a assessoria de imprensa da MEPhI à Sputnik.
Fonte: Sputnik Brasil
O projeto, que visa resolver a tarefa para aumentar a segurança em reatores nucleares, ganhou a bolsa do presidente da Federação da Rússia de apoio estatal a jovens cientistas russos, PhDs de Física Teórica e Experimental na MEPhI."O trabalho consiste no seguinte: propõe-se em cercar a zona ativa do reator com um refletor de isótopo estável de chumbo-208", informou o chefe do projeto, Yevgeny Kulikov.
As principais propriedades de chumbo-208 são a alta massa atômica e a probabilidade extremamente baixa de absorção de nêutrons. Graças a isso, os nêutrons permanecem dentro do refletor durante um período de tempo relativamente prolongado, sendo absorvidos muito menos.
"No resultado, quase todos os nêutrons do refletor vão voltar para zona ativa depois de uma pausa significante. Isso significa em uma redução do processo da reação em cadeia de fissão. Ou seja, os processos de transição, inc lusive resultantes de um acidente, irão se desenvolver mais devagar. Isso melhora aspossibilidades de controle do reator, ou seja, aumenta a segurança do reator", comentou Kulikov.
Os participantes do projeto acreditam que o uso prático dos resultados do seu trabalho permitirá não só aumentar a segurança dos reatores nucleares perspectivos de nêutrons rápidos, senão também reduzir o seu custo.
O isótopo natural chumbo-208 prevalece (até 90%) no assim chamado chumbo radiogênico, que pode ser extraído de minério de tório ou tório e urânio.
Blocos energéticos com reatores de nêutrons rápidos podem dar vantagens enormes o desenvolvimento da energética nuclear do futuro. Eles podem ajudar a fechar o ciclo de combustível nuclear, facilitando o aumento da base combustível nuclear graças à reprodução ampliada do mesmo. Além disso, haverá uma possibilidade de reduzir o volume de resíduos nucleares "queimando" os isótopos radioativos perigosos. A Rússia, segundo especialistas, ocuparia o primeiro lugar no mundo em tecnologias de construção de reatores de nêutrons rápidos. -
- 13/11/2017 - Ministro defende aumento de tarifa para viabilizar conclusão de Angra 3Fonte: Valor
Por Daniel Rittner e Claudia Safatle | De BrasíliaO Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve avaliar, provavelmente no início de 2018, uma solução definitiva para as obras da usina nuclear de Angra 3. Na avaliação do Ministério de Minas e Energia, que preside o colegiado, será preciso dobrar a tarifa do projeto para viabilizá-lo economicamente. Mas vale a pena permitir esse aumento no valor do megawatt-hora e acertar com um parceiro estrangeiro a conclusão da usina, defendeu o ministro Fernando Coelho Filho, em entrevista ao Valor.
A estatal Eletronuclear já gastou R$ 8 bilhões na construção de Angra 3, cujas obras foram reiniciadas em 2009 como um dos destaques do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Elas estão com 58% de avanço, mas foram paralisadas em meio à fragilidade das contas públicas e às investigações da Operação Lava-Jato, que atingiram em cheio as empreiteiras responsáveis pelo empreendimento. Os estudos do governo apontam a necessidade de investimento de mais US$ 3 bilhões - quase R$ 10 bilhões pelo câmbio atual - para terminar a usina. Diante da magnitude do desembolso, uma das opções consideradas passou a ser meramente o abandono do projeto.
"Esse é um dinheiro que o governo não tem", afirma Coelho Filho. Pelo menos quatro grupos estrangeiros já demonstraram publicamente interesse em uma parceria com o governo brasileiro para concluir a usina: China National Nuclear Corporation, Kepco (Coreia), EDF (França) e Rosatom (Rússia). "Como é que se traz um investidor de fora sem lhe dar o direito de recuperar o valor investido por meio de tarifa? Aí ninguém faz", argumenta.
Ao aprovar a retomada da usina, o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu uma tarifa de R$ 211 por MWh para Angra 3, em valores já corrigidos pela inflação. De acordo com o ministro, cálculos feitos por consultorias externas indicam a necessidade de elevar esse preço para algo perto de R$ 400 a fim de dar viabilidade ao projeto.
"A gente [MME] acha que tem que continuar. É uma energia firme e tem muito dinheiro já colocado", diz Coelho Filho. A usina tem uma capacidade prevista de 1.405 megawatts (MW). "É melhor ter uma tarifa a R$ 400 do que outras térmicas rodando a um preço ainda maior", afirma.
Acertar isso é o primeiro passo para retomar o empreendimento com um parceiro de fora. "Estamos vendo se conseguimos na reunião de dezembro [do CNPE], mas acho que está muito em cima, ou se fica para a primeira reunião do ano que vem. O privado só faz proposta concreta se houver mudança de tarifa. Aí saberemos está realmente interessado."
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- 09/11/2017 - Santa Casa de Sorocaba recebe pastilha de cobalto para tratamento de radioterapiaMaterial foi doado por clínica de Santo André e chegou quase um ano após equipamento para o tratamento de câncer ser desativado. Atendimento deve ser retomado em até 30 dias, segundo o hospital.
Material foi doado por clínica de Santo André e chegou quase um ano após equipamento para o tratamento de câncer ser desativado. Atendimento deve ser retomado em até 30 dias, segundo o hospital.
Fonte: G1A Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba (SP) recebeu na tarde desta quinta-feira (9) a pastilha de cobalto necessária para que o atendimento de radioterapia seja retomado no hospital. O material que chegou por volta das 15h30 foi doado por uma clínica de Santo André, na grande São Paulo.
A unidade suspendeu o tratamento a pacientes de câncer há quase um ano, após o vencimento de vida útil da pastilha de cobalto existente no equipamento. O transporte da pastilha foi feito por um caminhão guindaste, já que o procedimento exige cuidado especial por ser um material radioativo.
De acordo com o médico responsável pela radioterapia do hospital, José Carlos Menegocci, o tratamento aos pacientes de 48 cidades da região deve ser retomado em até 30 dias. A montagem do aparelho demora cerca de cinco dias.
Entretanto, após essa primeira etapa, o especialista explica que é necessário a Santa Casa obter permissão da Vigilância Sanitária e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que devem inspecionar o local onde é feita a radioterapia.
Ainda segundo Menegocci, 50 pacientes fazem radioterapia na clínica Nucleon, conveniada com a prefeitura para prestar o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto o equipamento não funciona.
Já no hospital, quando o aparelho estiver novamente funcionando, 60 pessoas poderão fazer as sessões diariamente, totalizando 110 pacientes atendidos por dia.
Tratamento suspenso
O tratamento de radioterapia na Santa Casa de Sorocaba está suspenso desde o início de novembro do ano passado. A pastilha de cobalto, que emite a radiação durante o processo, venceu e a nova chegou em fevereiro deste ano. No entanto, o material era incompatível com o aparelho do hospital.
Enquanto o impasse não era resolvido, no início de junho a prefeitura firmou contrato com uma clínica particular para continuar o tratamento de radioterapia na cidade.
A pastilha de cobalto tem o tamanho de um comprimido e custa aproximadamente R$ 1,5 milhão. Por não ter verba para comprar o material, a Santa Casa de Sorocaba recebeu a doação da pastilha de uma clínica de Santo André.
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- 09/11/2017 - TCU recomenda que obras da Usina de Angra 3 continuem paralisadasÓrgão incluiu obra da Fiocruz em lista de paralisações
Órgão incluiu obra da Fiocruz em lista de paralisações
Fonte: O Globo
Vinicius Sassine
O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou pelo segundo ano consecutivo a paralisação de obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), em razão de graves irregularidades detectadas no empreendimento tocado pela Eletronuclear. A recomendação integra o relatório consolidado sobre as fiscalizações de obras (Fiscobras) de 2017, um procedimento anual que inclui diversas auditorias e que é submetido à deliberação da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.Neste ano, o TCU listou 11 grandes empreendimentos com irregularidades com recomendação de paralisação (IGP), a classificação mais grave dentre as levadas em conta no Fiscobras. A lista foi aprovada pelo plenário do tribunal na tarde desta quarta-feira e será encaminhada ao Congresso. No ano passado, o Fiscobras indicou 10 grandes obras com recomendações de paralisação.
Uma novidade na lista de IGP deste ano é um contrato relacionado à construção do Centro de Processamento Final de Imunobiológicos, da Fiocruz. As outras novidades são obras de construção da Fábrica de Hemoderivados e Biotecnologia, da Hemobras, em Pernambuco; o trecho 2 do corredor de ônibus da Radial Leste em São Paulo (o trecho 1 já estava na lista de 2016 e voltou a ser incluído), tocado pelo Ministério das Cidades; e um trecho de 75 quilômetros da BR-235 e a adequação da travessia urbana em Juazeiro, ambos na Bahia, a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O IGP é apontado pelo TCU quando há prejuízo aos cofres públicos e "graves desvios" na condução de obras com dinheiro público. A paralisação não se refere ao projeto como um todo, mas a contratos específicos auditados pelo TCU. No caso de Angra 3, são quatro contratos com recomendação de paralisação, no valor total de R$ 1,7 bilhão. O custo total da usina é estimado em R$ 17,7 bilhões. O tribunal calcula que a Eletronuclear já gastou R$ 8 bilhões nas obras.
Angra 3 já é um empreendimento paralisado, mantido apenas por meio de contratos de conservação. As obras estão paradas desde outubro de 2015, três meses depois da prisão do então presidente da Eletronuclear, Othon Silva, numa das fases da Operação Lava-Jato. Ele já foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal a 43 anos de prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa. O almirante da Marinha está em prisão domiciliar.
No Fiscobras de 2016, o TCU recomendou ao Congresso que Angra 3 deixasse de receber recursos públicos, em razão de graves irregularidades em contratos. O mesmo ocorreu neste ano. As obras já estavam paralisadas por falta de recursos e, caso haja decisão política de retomada, o TCU quer que os contratos listados no Fiscobras deste ano continuem paralisados. Alguns deles já chegaram a ser anulados.
Somente nas obras civis, o superfaturamento detectado pelo TCU soma R$ 300 milhões, valores referentes a 2008 -- atualizados, ultrapassam R$ 500 milhões. O contrato total é de R$ 1,48 bilhão. Além do superfaturamento, o TCU detectou gestão fraudulenta de contratos, quando há dolo na irregularidade. Numa análise inicial, técnicos do tribunal não detectaram problemas nos contratos de conservação.
Outros três contratos de Angra 3, para serviços técnicos especializados de engenharia, apresentam problemas de restrição à competitividade, fiscalização inadequada e ilegalidade em aditivo, segundo o TCU. Por isso, também devem ser paralisados.
No caso da construção do centro de imunobiológicos, da Fiocruz, o TCU detectou uma contratação irregular de uma fundação de apoio pela Fiocruz. O valor do contrato que deve ser paralisado é de R$ 49,7 milhões.
Também no Rio, está na lista de recomendações de paralisação um contrato para construção da BR-040, no valor de R$ 297,1 milhões. O TCU detectou superfaturamento.
A lista de IGPs inclui ainda um contrato de R$ 447 milhões para construção do canal adutor do Sertão Alagoano, dentro da transposição do Rio São Francisco; a construção da Vila Olímpica em Parnaíba (PI); e o BRT de Palmas (TO). Todos são reincidentes no Fiscobras, na mesma classificação de paralisação.
O TCU ainda considerou uma classificação preliminar de recomendação de paralisação, pedida pela área técnica mas ainda não validada por decisão monocrática de um ministro ou do plenário. São três obras nesta lista: canal adutor vertente litorânea (PB), trecho norte do Rodoanel de São Paulo e ampliação da capacidade da BR-290 (RS).
Ao todo, o Fiscobras 2017 fez 94 fiscalizações de empreendimentos de infraestrutura, que contam com uma dotação orçamentária de R$ 26 bilhões. Dessas 94 obras auditadas, 72 têm indícios de irregularidades graves.
O TCU voltou a recomendar retenção parcial de valores repassados à refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo central do começo da Lava-Jato. O contrato em questão, de R$ 534,1 milhões, é o de terraplanagem, superfaturado, conforme o TCU. Esta é a única obra classificada neste ano como irregularidade com recomendação de retenção parcial de valores (IGR).
A irregularidade mais frequente no Fiscobras deste ano, segundo o TCU, foi a existência de projetos deficientes (25% dos casos), seguida de superfaturamento (20% dos casos). A economia estimada neste ano pelo TCU, com possibilidade de recuperação de recursos sem tomadas de contas especiais, é de R$ 3,5 bilhões.
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- 09/11/2017 - Fim de privilégios a servidor é ponto central da reformaDe acordo com o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da proposta, outro ponto fora de negociação é a fixação da idade mínima
De acordo com o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da proposta, outro ponto fora de negociação é a fixação da idade mínima
Fonte: O Estado de S. Paulo
Idiana Tomazelli, Adriana Fernandes, Igor Gadelha, Lu Aiko Ota
O fim dos privilégios a servidores públicos será uma das "cláusulas pétreas” durante as negociações do novo texto da reforma da Previdência, indicou ontem o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da proposta. Ele fez um discurso feroz contra as regras que permitem que funcionários públicos se aposentem mais cedo e ganhando mais do que trabalhadores da iniciativa privada. Outro ponto "imexível”, segundo ele, será a fixação da idade mínima, embora não tenha garantido que permanecerá a exigência nos patamares de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens.
Além desses dois pontos, todo o resto será negociado, inclusive o trecho que pretendia elevar o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria de 15 para 25 anos. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, ontem à noite foi batido o martelo para a retirada de mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a pessoas de baixa renda – idosos e portadores de deficiência – e na aposentadoria rural, que teria a idade mínima das mulheres elevada de 55 anos para 57 anos.
O relator ainda vai se reunir com os líderes dos partidos para coletar os pedidos de mudanças e ver "o que dá conforto” para que os parlamentares votem a favor da reforma. Todos esses pontos serão costurados em uma emenda aglutinativa que será apreciada no plenário da Câmara. Serão necessários 308 votos em dois turnos de votação.
Oliveira Maia admitiu que a própria regra de transição pode ser alvo de alterações. A proposta atual combina a cobrança de adicional de 30% sobre o tempo que falta hoje para a aposentadoria, o chamado "pedágio”, com idades mínimas de transição, que começam em 53 anos para mulheres e 55 anos para homens e evoluem ao longo de duas décadas. "Há disposição do governo de fazer concessões, mas desejamos que modificações sejam as mínimas possíveis”, disse o relator.
A mudança na regra de cálculo do benefício proposta pelo governo também pode mudar, mas Oliveira Maia adiantou que vai defender a fórmula construída na comissão especial. Ela prevê o direito a um mínimo de 70% do salário de contribuição ao preencher os requisito de pelo menos 25 anos de contribuição à Previdência, com ganhos crescentes até conseguir os 100% aos 40 anos de trabalho.
O relator destacou, porém, que nenhum detalhe das regras que serão propostas no texto mais enxuto pode ser confirmado antes das conversas com as bancadas. À exceção da idade mínima e do fim dos privilégios dos servidores, as negociações começam do zero.
Consenso. Sobre a manutenção da exigência de idade mínima para a aposentadoria, Oliveira Maia afirma haver "consenso” entre parlamentares sobre a importância da medida. "Não há sentido em fazer reforma da Previdência se não modificar essa condição absurda de a pessoa se aposentar não por idade mínima, mas por tempo de contribuição. Isso tem permitido que pessoas com menos de 50 anos se aposentem.” Ele destacou que "não há chance” de a reforma permitir regras diferentes para servidores e trabalhadores privados.
As categorias do funcionalismo são bem articuladas e têm forte poder de pressão sobre os parlamentares. O próprio relator já reconheceu ter recebido representantes dos servidores pedindo por flexibilizações no texto da reforma, mas ele acredita agora que essa pressão diminuiu e não vai recrudescer, mesmo com o aumento no número de propostas do governo que atingem as categorias, como o adiamento do reajuste previsto para 2018.
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- 08/11/2017 - Poucos países têm as tecnologias do Brasil, diz almirante sobre programa nuclearFonte: YahooRICARDO BONALUME NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Energia nuclear" é algo que mete medo em muita gente, nem precisa ser um ambientalista fanático. Afinal, duas bombas atômicas foram lançadas contra o Japão em 1945 -que terminaram com a Segunda Guerra Mundial. Houve o desastre com o césio radiativo em Goiânia em 1987, o acidente na usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
Porém, a mesma energia provê boa parte da eletricidade em vários países e também ajuda no diagnóstico e tratamento de doenças como câncer.
E também serve para a propulsão de navios guerra, notadamente os enormes porta-aviões nucleares americanos de 100 mil toneladas de deslocamento, e uma grande frota de submarinos criada por cinco países -EUA, Rússia, França, Reino Unido e China.
O Brasil quis fazer parte do clube nuclear desde a década de 1950. Um dos principais pioneiros, talvez o mais importante, foi um almirante Álvaro Alberto, cujo nome foi escolhido para batizar o primeiro SN-BR (submarino nuclear brasileiro), que a Marinha espera lançar ao mar em 2029.
O almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, diretor-geral do Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, deu mais detalhes do andamento do projeto. Como ele resume, "poucos países no mundo tiveram condições de conquistar, até hoje, essas tecnologias".
Pergunta - O programa nuclear da Marinha existe desde a década de 1970. Não há dúvida de que houve progressos desde então, por exemplo no enriquecimento de urânio, mas o país ainda está longe de ter um submarino nuclear -algo que os americanos obtiveram nos anos 1950. Que garantia tem o país de que, desta vez, o programa está no rumo certo? O primeiro submarino convencional, Riachuelo, ficará pronto no tempo previsto?
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior - O Programa Nuclear da Marinha (PNM) sempre esteve no rumo certo, sem sombra de dúvidas. O que ocorre é que ele é um programa de Estado, de longo prazo, como todos os programas desta magnitude e complexidade.
Outro aspecto importante a se levar em conta é o fato de a tecnologia nuclear não ser transferida por nenhum país. Ou seja: tivemos que desenvolvê-la de forma autônoma.
É preciso lembrar, também, que o Programa Nuclear da Marinha, iniciado em 1979, compreendia dois grandes projetos: o domínio do ciclo do combustível nuclear; e a construção do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (Labgene).
O primeiro foi concluído em 1987, quando a Marinha divulgou, oficialmente, o domínio do difícil processo do enriquecimento de urânio por ultracentrifugação, tecnologia de alto valor agregado.
A partir dessa tecnologia, a Marinha passou a colaborar com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e, desde 2000, fornece ultracentrífugas para sua planta industrial em Resende (RJ), onde é produzido o combustível nuclear para as Usinas de Angra, um bom exemplo do uso dual dessa tecnologia.
Quanto ao segundo projeto, estamos vendo nossos objetivos iniciais se tornarem realidade, com a proximidade do comissionamento do Labgene, a primeira instalação de energia nucleoelétrica totalmente projetada no país, que será, em terra, o protótipo da planta de propulsão do nosso submarino nuclear. Poucos países no mundo tiveram condições de conquistar, até hoje, essas tecnologias.
No que diz respeito ao primeiro submarino convencional, o "Riachuelo", parte do nosso Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), ele será lançado ao mar no ano que vem, cumprindo o que está previsto no cronograma do programa atualmente em vigor.
A simples expressão "energia nuclear" gera medo em muitas pessoas. Que outros objetivos têm o programa para a sociedade brasileira?
Albuquerque Junior - É compreensível que haja certo receio em relação à energia nuclear, mas ele se deve, fundamentalmente, a muita desinformação e preconceito. As tecnologias desenvolvidas pelo Programa Nuclear da Marinha geram inúmeros benefícios para a sociedade brasileira.
O fato de termos o domínio do ciclo do combustível e a tecnologia de construção de plantas nucleares, por exemplo, é garantia de que podemos ampliar nossa matriz energética com geração limpa de eletricidade.
Outro exemplo concreto desses benefícios é o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Trata-se de um empreendimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), de grande alcance social e arrasto tecnológico, que se beneficiará do esforço e do investimento realizados pelo Programa Nuclear da Marinha.
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- 07/11/2017 - Instalações nucleares no interior de SP viram canteiro de obrasFonte: Folha de S. Paulo
RICARDO BONALUME NETO
Enviado Especial a Iperó
Em 1985 as instalações da Marinha em Iperó, a noroeste de Sorocaba (SP), não eram nada impressionantes. Pouco havia ali, embora já se estivesse começando a enriquecer urânio através de ultracentrífugas.Elas parecem com botijões de gás grandes. Um então jovem repórter desta Folha encostou em uma delas enquanto entrevistava um oficial da Marinha. "Quando vão começar a funcionar?"
"Essa em que você está se apoiando está funcionando agora", foi a resposta.
O jovem jornalista teve o bom senso de não pular assustado, mas se afastou cuidadosamente da centrífuga. Elas funcionam muito silenciosamente.
O urânio natural tem proporções pequenas, apenas 0,7%, do isótopo U-235 (variante com massa diferente) usado como matéria-prima seja para uma bomba atômica ou para um reator nuclear.
Enriquecer urânio significa aumentar a proporção de U-235 em contraposição ao mais comum U-238 em uma amostra para se poder criar uma reação nuclear em cadeia e produzir energia. Uma explosão atômica é uma reação em cadeia não controlada.
Já não tão jovem, o repórter voltou a Iperó agora. As centrífugas continuam operando. Mas todo o complexou é um grande canteiro de obras.
O submarino nuclear brasileiro –SN-BR– está tomando forma no interior de São Paulo.
"Estamos dentro do cronograma", diz o capitão-de-mar-e-guerra engenheiro naval Sérgio Luis de Carvalho Miranda, diretor do Centro Industrial Nuclear de Aramar.
Isso inclui o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LabGene), que, segundo a Marinha, "será utilizado para validar as condições de projeto e ensaiar todas as condições de operação possíveis para uma planta de propulsão nuclear".
O urânio é apenas o "combustível" do reator do submarino. Mas todo o resto é algo extremamente complexo em termos de engenharia.
Um submarino nuclear é no fundo um navio a vapor. O calor gerado pela reação nuclear esquenta água e gera vapor para mover turbinas.
A Marinha está produzindo um protótipo do reator e o resto do sistema de propulsão. Em Iperó as turbinas também são testadas.
O engenheiro Reinaldo Panaro chefia um departamento fundamental, o Laboratório de Testes de Equipamentos de Propulsão (Latep). Sua tarefa é complexa. "A gente checa, relata, conserta e adapta", resume Panaro.
Como diz o comandante Miranda, "o pulo do gato" é reduzir a incerteza em um projeto muito complexo. Por exemplo, o reator desenvolvido em terra caberia no casco do submarino nuclear? "Cabe. Fazemos o dever de casa antes", diz o militar e engenheiro naval.
Por ser uma instalação experimental em terra, o projeto segue as convenções e regras típicas de usinas nucleares, de forma a garantir a segurança dos operadores e população local e evitar danos ao meio ambiente.