Clipping de Notícias
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- 12/01/2024 - China anuncia criação de bateria nuclear que só precisa carregar com 50 anosFonte: Terra Brasil Notícias
A startup chinesa Betavolt Technology anunciou na segunda-feira (8) que está desenvolvendo uma bateria nuclear que pode ser usada por 50 anos com apenas uma carga. A empresa pretende fornecer o componente inovador como solução de energia para diferentes tipos de dispositivos, incluindo celulares e drones, em breve.O modelo é o primeiro do mundo a realizar a miniaturização da energia atômica, de acordo com a Betavolt. Ele conta com isótopos de níquel-63 reunidos em um módulo de tamanho inferior a uma moeda, como fonte de energia, e utiliza uma camada de diamante para realizar a conversão dos isótopos em decomposição para eletricidade.Trata-se do mesmo tipo de processo criado no século passado por cientistas da então União Soviética e dos Estados Unidos. Porém, os tanques de energia termonuclear da época eram enormes e caros, sendo utilizados principalmente em estações científicas remotas, sistemas subaquáticos e espaçonaves.Segundo a companhia chinesa, a bateria nuclear atualmente em desenvolvimento mede 15 mm x 15 mm x 15 mm, tem 3 volts e é capaz de fornecer 100 microwatts de eletricidade. Nos próximos dois anos, a startup quer criar modelos de maior capacidade, de 1 watt, que possam ser combinados modularmente para uso em equipamentos que necessitem de mais carga.O tamanho reduzido e a produção em série que a Betavolt pretende iniciar nos próximos anos representaria uma grande evolução, com a bateria nuclear possibilitando o lançamento de celulares que nunca precisam ser carregados.Além disso, o componente pode ser utilizado em diversas outras soluções, como drones com autonomia "infinita”, por exemplo.A empresa disse que o componente é bastante seguro, não possui radiação externa nem explode como resposta à aplicação de força repentina, sendo capaz de funcionar normalmente em temperaturas variando de -60ºC a 120ºC. A novidade pode ser adicionada até mesmo em aplicações médicas como marca-passos e corações artificiais.Segundo a fabricante, a bateria de energia atômica desenvolvida por ela também é "ecologicamente correta”, não representando ameaça para o meio ambiente.
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- 11/01/2024 - Estudo esclarece questão-chave da física de partículasResultado, que identifica a origem da divergência nas previsões recentes do momento magnético do múon, pode contribuir para a prospecção de efeitos de nova física, incluindo matéria escura
Resultado, que identifica a origem da divergência nas previsões recentes do momento magnético do múon, pode contribuir para a prospecção de efeitos de nova física, incluindo matéria escura
Fonte: Agência FAPESPJosé Tadeu Arantes | Agência FAPESPMomento magnético é a grandeza que quantifica a interação de uma partícula dotada de spin com um campo magnético, como o de um ímã. Assim como a massa e a carga elétrica, o momento magnético é uma das grandezas fundamentais da física. Existe uma diferença entre o valor teórico do momento magnético do múon, uma partícula que pertence à mesma classe do elétron, e os valores obtidos nos experimentos de altas energias, realizados nos aceleradores de partículas. A diferença só aparece na oitava casa decimal, mas vem intrigando os cientistas desde 1948, quando foi descoberta. E não se trata de um detalhe, pois essa diferença pode indicar que o múon interaja com partículas de matéria escura, outros bósons de Higgs ou, até mesmo, que existam forças diferentes das conhecidas envolvidas no processo.O valor teórico do momento magnético do múon, representado pela letra "g”, obtido a partir da equação de Dirac (formulada pelo físico inglês Paulo Dirac, 1902-1984, Prêmio Nobel de Física de 1933, um dos fundadores da mecânica e da eletrodinâmica quânticas), é igual a 2. Mas sabemos, hoje, que g não é exatamente igual a 2 e, por isso, existe um grande interesse em entender "g-2”, isto é, a diferença entre o valor experimental e o valor previsto pela equação de Dirac. O melhor valor experimental disponível atualmente, obtido com precisão impressionante no Fermilab, o Fermi National Accelerator Laboratory, nos Estados Unidos, e divulgado em agosto de 2023, é 2,00116592059, mais ou menos 0,00000000022. Informações sobre o experimento realizado no Fermilab, chamado "Muon g-2”, podem ser acessados em: https://muon-g-2.fnal.gov/."A determinação precisa do momento magnético do múon tornou-se uma questão central de física de partículas, pois a investigação desse intervalo entre os dados experimentais e as previsões da teoria pode nos proporcionar informações que levem à descoberta de algum efeito novo e espetacular”, diz à Agência FAPESP o físico Diogo Boito, professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).Ele e colaboradores acabam de publicar um estudo a respeito em Physical Review Letters."Nossos resultados foram apresentados em dois importantes eventos internacionais. Primeiro por mim, em um workshop em Madri, na Espanha. Depois por meu colega Maarten Golterman, da San Francisco State University, em um encontro realizado em Berna, na Suíça”, conta Boito.Esses resultados quantificam e apontam para a origem de uma discrepância entre os dois métodos utilizados nas previsões atuais de g-2. O pesquisador detalha: "Existem atualmente dois métodos para determinar um componente fundamental de g-2. O primeiro baseia-se em dados experimentais. O segundo em simulações computacionais da cromodinâmica quântica (quantum chromodynamics, ou QCD, em inglês), a teoria que estuda as interações fortes entre os quarks. Os dois métodos levam a resultados bastante distintos e isso constitui um grande problema. Sem resolvê-lo, torna-se impossível investigar as contribuições de eventuais partículas exóticas, por exemplo, de novos bósons de Higgs ou de matéria escura, no resultado de g-2”.O estudo conseguiu explicar tal discrepância. Mas, para entender isso, é preciso dar alguns passos para trás e recomeçar com uma descrição um pouco mais pormenorizada do múon.O múon é uma partícula que pertence à classe dos léptons – a mesma do elétron. Porém, possui massa muito maior. E, por causa disso, não é estável, sobrevivendo apenas por intervalos de tempo curtíssimos, em contextos de altas energias. Quando interagem entre si, na presença de campos magnéticos, os múons se desconfiguram e reconfiguram, trazendo à presença um grande número de outras partículas: elétrons, pósitrons, bósons W e Z, bósons de Higgs, fótons etc. Assim, nos contextos experimentais, o múon sempre se apresenta acompanhado por miríades de partículas virtuais. São as contribuições dessas partículas que fazem com que o momento magnético efetivo, medido nos experimentos, seja maior do que o momento magnético teórico, igual a 2, calculado pela equação de Dirac."Para obter tal diferença [g-2], é preciso considerar todas essas contribuições. Tanto aquelas que a cromodinâmica quântica [que compõe o modelo-padrão da física de partículas] prevê, quanto outros efeitos menores, mas que aparecem em medições experimentais muito precisas. Já conhecemos muito bem várias dessas contribuições. Mas não todas”, afirma Boito.Os efeitos decorrentes da interação forte não podem ser calculados teoricamente apenas, pois esses cálculos de cromodinâmica quântica são impraticáveis em alguns regimes de energia. Assim, existem duas possibilidades. Uma delas, que já possui um lastro histórico, é recorrer aos dados experimentais obtidos nas colisões de elétrons com pósitrons, que geram outras partículas formadas por quarks. A outra, que se tornou competitiva apenas na década de 2020, é simular, com base na teoria, o processo em supercomputadores. Trata-se da chamada "QCD na rede”."O problema central da previsão de g-2 hoje em dia é que o resultado que se obtém usando os dados das colisões elétron-pósitron estão em desacordo com o resultado experimental total, enquanto os resultados baseados na QCD na rede estão em bom acordo com o experimento. E ninguém sabia ao certo por que isso acontecia. Nosso estudo esclarece parte desse quebra-cabeça”, comenta Boito.Foi exatamente para resolver esse problema que ele e colaboradores realizaram o estudo em pauta. "O artigo atual é resultado de uma série de trabalhos nossos nos quais desenvolvemos um método novo para comparar os resultados de simulação de rede com aqueles obtidos a partir dos dados experimentais. Mostramos ser possível extrair, dos dados, contribuições que são calculadas na rede com grande precisão: a contribuição dos diagramas de Feynman ditos conectados”, informa o pesquisador.Aqui é preciso abrir um pequeno parêntese para dizer que os diagramas de Feynman, criados no final da década de 1940 pelo físico norte-americano Richard Feynman (1918-1988), Prêmio Nobel de Física de 1965, são representações gráficas utilizadas para descrever as interações entre partículas e simplificar os respectivos cálculos."No presente estudo, obtivemos, pela primeira vez, com grande precisão, as contribuições dos diagramas de Feynman conectados na chamada ‘janela intermediária de energia’. Hoje, temos oito resultados para essas contribuições, obtidos com simulações de QCD na rede, e todos eles em bom acordo entre si. E mostramos que os resultados vindos dos dados da interação elétron-pósitron não concordam com esses oito resultados das simulações”, afirma Boito.Segundo o pesquisador, isso possibilita entender onde está o problema e quais seriam as possíveis soluções para ele. "Ficou claro que, se os dados experimentais para o canal de dois píons [mésons, isto é, partículas formadas por um quark e um antiquark, produzidas em colisões de alta energia] estiverem subestimados por alguma razão, esta pode ser a causa da discrepância”, resume. De fato, dados novos, ainda em processo de revisão por pares, do Experimento CMD-3, realizado na Universidade de Novosibirsk, na Rússia, parecem indicar que os dados mais antigos do canal de dois píons poderiam estar, por alguma razão, subestimados.Todo o trabalho feito por Boito neste estudo foi realizado no contexto de seu projeto "Testes do modelo padrão: QCD de precisão e g-2 do múon”, contemplado com Auxílio à Pesquisa Jovens Pesquisadores Fase 2 pela FAPESP. -
- 10/01/2024 - Podcast que discute protonterapia reconhece relevância da CNEN e do IPEN no cenário da medicina nuclear brasileiraTratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
Tratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
O podcast, disponível no canal do Youtube da empresa Tractebel, discute os avanços no tratamento do câncer por meio da protonterapia e ressalta a importância da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) no cenário brasileiro.No episódio, o CEO da Tractebel, América do Sul, Cláudio Maia, entrevista o oncologista Marcos Castilho e o representante do Grupo IBA, Mauro Ferreira, para falar sobre a necessidade de trazer a protonterapia para o Brasil.O tratamento inovador e promissor contra câncer que usa a medicina nuclear a partir de raios de prótons ainda não está disponível no Brasil, mas já é amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos.Além de discutirem como funciona o tratamento, as dificuldades de implantação aqui no país e o benefício para as crianças, o grupo citou a capacidade e o preparo das instituições governamentais brasileiras como o IPEN e a CNEN para lidar com o processo de implantação e acompanhamento deste tratamento no futuro.O vice-presidente comercial do Instituto IBA, Mauro Ferreira, destaca o apoio do Governo Federal para o setor, a capacidade técnica do IPEN e o fato da CNEN já ter enviado técnicos para visitar centros de prótons e ter legislação e pessoal preparado para lidar com essa tecnologia.Para saber mais e ficar por dentro do assunto assista ao podcast completo disponível no canal da Tractebel no Youtube.Saiba mais
A radioterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que tem como objetivo destruir ou impedir o crescimento das células tumorais, por meio da aplicação de radiação concentrada, diretamente no tumor.
A prototerapia ou protonterapia é um tipo avançado de tratamento de câncer que utiliza um feixe de prótons direcionado diretamente ao tumor. O feixe de prótons acelerados destrói as células cancerígenas, minimizando o dano aos tecidos saudáveis.
Ulysses Varela
Bolsista BGE-DA
Com supervisão -
- 10/01/2024 - Um Novo Projeto de Motor a ÁlcoolUm consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Fonte: Jornal do Vale
OPINIÃO
No início de dezembro, escrevi ao Presidente Lula propondo um novo Proálcool. Fiquei obcecado pelo rendimento de uma célula etanol apresentada dias antes pelos bolsistas PCI (Programa de Capacitação Institucional) do INPE. O Instituto desenvolve uma célula de etanol (gera eletricidade diretamente por reações eletrolíticas), com uma eficiência de 70%. Algo espetacular, já que um motor a combustão não chega a 30%, ou seja, mais que o dobro. Se um carro comum faz 10 km/l, um carro elétrico com célula de etanol faria mais de 23 km/l.
O PCI é um programa patrocinado pelo MCTIC e operacionalizado pelo CNPq com vistas a fomentar a capacitação técnica, científica e de inovação das Unidades de Pesquisas ligadas ao MCTIC como o INPE. Eu sou responsável pelos bolsistas da Ciência e Tecnologia Espaciais.
Tomei a liberdade de sugerir ao presidente Lula repetir a ideia do Motor a Álcool Brasileiro, quando o presidente Geisel encomendou ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial) fazer estudos técnicos sobre o etanol que permitiram que o governo mais tarde criasse o Proálcool logo após a crise do petróleo em 1973.
De 1973 a 1976, realizaram experiências com diversos tipos de motores adaptando-os para o uso do etanol combustível. Em 1975, apresentou os resultados de seus estudos ao presidente Ernesto Geisel, fato que levou o governo brasileiro a criar o programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo por álcool. Até 1976, o CTA adaptou e testou motores de diversos fabricantes.
A situação atual está mais fácil, pois há diversos institutos federais e estaduais, além das indústrias automobilísticas, estudando e testando células de etanol, como meus colegas do INPE. O governo federal deveria apadrinhar o novo carro a etanol, mais eficiente e bem menos poluente. Os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Indústria poderiam gerir. A necessidade de dinheiro para a pesquisa já está até suprida no orçamento e, posteriormente, incentivos para a fabricação e venda na forma de empréstimo é dinheiro que volta ao Erário.
A Revista Pesquisa da Fapesp vem divulgando diversas pesquisas brasileiras sobre o assunto. Uma parceria entre a montadora japonesa Nissan e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) desenvolve uma tecnologia da célula a combustível a etanol, que permite abastecer o veículo com esse combustível em qualquer posto do país, como já ocorre hoje.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Outro consórcio, formado por Volkswagen, Stellantis, Toyota, Ford, Shell, Bosch, AVL e a brasileira Caoa, também fechou um contrato de parceria com a Unicamp para desenvolver células a combustível a etanol, apoiado pela FAPESP e Finep.
Já temos todos os ingredientes para fazer no Brasil um projeto de sucesso.
Por Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado Mariano
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- 07/01/2024 - França quer construir 14 novas usinas nuclearesFonte: TerraDiferentemente da Alemanha, que desativou seus últimos reatores em abril do ano passado, país aposta pesado em energia atômica para substituir o carvão e reduzir suas emissões de carbono. A França elevou de seis para 14 o total de novas usinas nucleares que planeja construir nos próximos anos. A informação foi dada pela ministra francesa da Energia, Agnès Pannier-Runacher, em declaração ao jornal Tribune Dimanche.A construção dos oito reatores extras, que até então só era tratada como "opção" dentro do governo, deve constar de um projeto de lei a ser debatido pelo parlamento no final de janeiro.Diferentemente da Alemanha, a França está apostando pesado na energia nuclear como saída para substituir usinas a carvão e reduzir suas emissões de carbono. Paris quer reduzir o peso dos combustíveis fósseis no consumo de energia, hoje em mais de 60%, para 40% até 2035.Segundo Pannier-Runacher, o cumprimento dessa meta requer a construção, a partir de 2026, de novas usinas com capacidade total de 13 gigawatts - o equivalente, nas palavras da ministra, ao desempenho de oito reatores do tipo EPR. A medida também seria necessária porque os reatores atuais não durariam para sempre.O EPR, um reator de água pressurizada de terceira geração desenvolvido pela França, foi projetado para reviver a energia nuclear e oferecer mais potência com maior segurança após o desastre de Chernobyl em 1986. Atualmente, existem três deles em operação no mundo - um na Finlândia e dois na China. A construção na Finlândia foi problemática, porém, e projetos do tipo em andamento na França e no Reino Unido sofrem com atrasos e alta significativa de custos.UE ainda permite subsídios a usinas nuclearesNa França, o primeiro reator EPR, em Flamanville, deve ser ligado à rede de energia para os primeiros testes na metade de 2024, segundo a estatal francesa de energia EDF. Se confirmadas as previsões, terão se passado 17 anos entre a construção e a operação, com os custos da obra quadruplicando neste período, chegando a 12,7 bilhões de euros.A União Europeia continua a permitir subsídios estatais para usinas nucleares como parte da planejada reforma do mercado de eletricidade europeu. O governo alemão defendia que a medida fosse reservada exclusivamente às energias renováveis, mas acabou derrotado. Na Alemanha, as últimas três usinas nucleares foram desativadas em abril de 2023.ra/rk (AFP, Reuters) -
- 06/01/2024 - Pesquisadores do IPEN/CNEN desenvolvem bateria nuclearEquipe multidisciplinar de pesquisadores do IPEN-CNEN realizou estudo pioneiro para o desenvolvimento de uma bateria nuclear utilizando Amerício-241.A pesquisa foi conduzida nos Centros de Engenharia Nuclear (CEENG) e de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN-CNEN com objetivo de encontrar uma alternativa energética para locais de difícil acesso ou em que haja necessidade de um fluxo ininterrupto de energia.O projeto foi desenvolvido pelo CEENG e a bateria foi montada pelos pesquisadores do CETER, usando como combustível pastilhas de Amerício-241 que se encontravam no Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR).O pesquisador Eduardo Cabral, do CEENG, explica que a bateria nuclear é um dispositivo que utiliza o calor produzido pelo decaimento radioativo para gerar energia elétrica. Entretanto, para que o calor originado seja utilizado. é necessário um sistema de conversão de energia que, neste caso, são pastilhas termelétricas que geram energia elétrica quando submetidas a um gradiente de temperatura.Embora o conceito seja simples e baterias nucleares sejam conhecidas desde no início do século XIX, a execução é complexa por razões que envolvem danos de materiais e proteção radiológica.Carlos Alberto Zeituni, gerente e pesquisador do CETER, comenta que diversos radionuclídeos podem ser utilizados em uma bateria nuclear, dependendo do tempo de duração e potência desejados. Entre os mais utilizados, encontram-se o Estrôncio-90, o Plutônio-238 e o Amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores. Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país.Nessa bateria foram utilizadas 11 fontes de Amerício 241, que estavam armazenadas no SEGRR como rejeitos radioativos. Com autorização do Serviço de Radioproteção (SERAP) do IPEN, essas fontes, com cerca de 2,9 Ci, seguiram para os laboratórios do CETER após análise de estanqueidade efetuada no SEGRR.No CETER, foi realizada a análise dimensional e de atividade das fontes. Com essas informações, pesquisadores do CEENG definiram os termelétricos e projetaram um invólucro para transformar. de forma eficiente, a energia do decaimento radioativo das fontes em energia elétrica.De posse de todos os materiais, foi construída a primeira bateria nuclear do Brasil. Em razão da limitação da quantidade de material radioativo, o aumento de temperatura gerado nesse protótipo é pequeno, sendo de cerca de 6º C, que em conjunto com o material termoelétrico utilizado, gera uma tensão elétrica de 20 milivolt. Como a meia vida do Amerício 241 é de 416 anos, após um ano ligada, a bateria mantém o desempenho inicial, produzindo quase a mesma quantidade de energia por centenas de anos.A coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do CEENG, ressalta ainda que embora o material utilizado tenha baixa atividade, o experimento comprovou a viabilidade do conceito. Com materiais de maior atividade, seria possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar, por exemplo, uma estação meteorológica remota.Este desenvolvimento foi resultado de um projeto de pesquisa financiado por uma grande empresa nacional e seu êxito permitiu que o IPEN fosse agraciado com sua continuidade no intuito de produzir uma bateria nuclear para utilização em locais de difícil acesso.É importante ressaltar que graças ao esforço conjunto dos pesquisadores de vários centros do IPEN-CNEN e do reaproveitamento de material radioativo armazenado, foi possível desenvolver e construir um protótipo de bateria nuclear, demonstrando a capacidade técnica de produzir esse tipo de equipamento no país.Esse projeto abre a possibilidade de desenvolvimento de diferentes tipos de baterias nucleares, específicas para diferentes tipos de uso. O trabalho para viabilizar o licenciamento dessas baterias já foi iniciado. -
- 04/01/2024 - Clarivate anuncia exclusão de cientistas da Lista de Pesquisadores Altamente Citados por fraudeFonte: ABCD USP
Recentemente a Revista Pesquisa Fapesp [1] publicou matéria que informa que, de um ano para o outro, caiu de 109 para 76 o número de pesquisadores de instituições da Arábia Saudita que integram a lista de 6,8 mil Pesquisadores altamente citados divulgada pela empresa Clarivate.
De acordo com a matéria, "O expurgo é atribuído a denúncias de que as universidades sauditas vinham simulando a contratação de dezenas de pesquisadores estrangeiros altamente citados para melhorar sua classificação em rankings universitários internacionais. A prática não era nova. Em 2011, a revista Science mostrou que universidades do país do Oriente Médio pagavam para cientistas de renome da Europa e dos Estados Unidos adotarem-nas como sua segunda afiliação, em troca do compromisso de estarem nas instituições alguns poucos dias por ano.
Originalmente, as denúncias e o escândalo em si começaram a ser divulgados em 18 de abril de 2023, quando o jornal EL PAÍS[2], revelou os resultados de suas investigações: alguns dos pesquisadores altamente citados que compõem a lista da Clarivate Highly Cited Researchers 2023 [3]obtiveram incentivos financeiros para mudar sua afiliação para a Arábia Saudita.
Após o escândalo descoberto pelo EL PAÍS envolvendo afiliações fraudulentas, a Arábia Saudita perdeu 30% dos pesquisadores altamente citados de que se gabava anteriormente, o que fará com que suas universidades despenquem nos rankings internacionais.
O segundo texto publicado recentemente pelo jornal EL PAÍS[4] em 25 de novembro de 2023 revelou que "A prestigiosa lista de pesquisadores altamente citados, compilada pela multinacional Clarivate, excluiu mais de 1.000 cientistas devido a alegações de fraude.
Essa lista normalmente inclui cerca de 7.000 pesquisadores cujos estudos são os mais mencionados por outros colegas, o que é um suposto indicador de excelência. Rankings internacionais de universidades influentes, como o Ranking de Xangai, levam em conta o número de acadêmicos altamente citados para elevar ou rebaixar uma instituição. Esses cientistas deveriam ser os melhores do mundo, mas nos últimos anos, a lista permitiu que todos os tipos de pesquisadores medíocres agarrassem uma vaga fazendo todos os tipos de truques.”
Ainda de acordo com a reportagem publicada pelo EL PAÍS, ” A Arábia Saudita – determinada alimpar sua imagem– estabeleceu a meta de colocar pelo menos cinco de suas universidades entre as 200 melhores nos rankings internacionais até 2030.
Algumas instituições sauditas adotaram um atalho obscuro: pagar até US$ 75 mil anuais a cientistas estrangeiros altamente citados, mentir no banco de dados Clarivate e declarar que seu principal local de trabalho é uma universidade da Arábia Saudita. No ano passado, cientistas espanhóis altamente citados alegaram falsamente que sua principal afiliação era no reino saudita.
Depois da polêmica, nenhum deles está mais na lista. O maior órgão científico da Espanha, o Conselho Nacional de Pesquisa (CSIC), acaba de abrir um processo disciplinar contra seus cinco pesquisadores supostamente envolvidos.
As universidades sauditas vão despencar nos próximos rankings internacionais, de acordo com uma nova análise da empresa de consultoria SIRIS Academic, com sede em Barcelona, que assessora entidades acadêmicas em todo o mundo.
Este estudo se baseia em relatório mais aprofundado de maio de 2023 pela SIRIS Academic[5], que analisou padrões de afiliação (switch) de pesquisadores altamente citados (HCRs) que indicaram afiliações primárias a instituições da Arábia Saudita entre 2014-2022 e, ao mesmo tempo, afiliações secundárias estrangeiras.
Muitas dessas afiliações secundárias acabaram por ser os seus verdadeiros empregadores primários. Investigações do EL PAÍS, revelaram que alguns dos HCRs obtiveram incentivos financeiros para mudar sua afiliação para uma instituição da Arábia Saudita, sem ter que mudar de empregador.
Este estudo(relatório completo aqui)analisa a evolução desses casos na recém-divulgada lista de Pesquisadores Altamente Citados de 2023, divulgada em 15 de novembro de2023.
Os resultados revelaram o seguinte:
- 76 pesquisadores foram principalmente afiliados a uma instituição da Arábia Saudita na lista de Pesquisadores Altamente Citados de 2023, contra 109 HCRs em 2022. Esta é a maior queda dos últimos 10 anos e a primeira queda após um aumento contínuo de Pesquisadores Altamente Citados (HCRs) principalmente afiliados nos últimos 6 anos.
- A porcentagem de HCRs sauditas que têm uma afiliação secundária estrangeira é de 51% (abaixo dos 75% em 2022), o que é mais de5 vezes maior do que a participação média de afiliações secundárias estrangeiras nos outros países de referência.
- 44 dos HCRs da Arábia Saudita de 2022 permaneceram com a mesma afiliação primária em 2023. 60% deles tinham filiação secundária de outro país.
- 66 não estavam mais listados entre os HCRs da Arábia Saudita em 2023: 13mudaram sua afiliação primária para uma afiliação de outro país. 52, desapareceu da lista do HCR em 2023. Mais de 80% desses casos tinham um país de afiliação secundária em 2022.
- Para aqueles 52 HCRs que não estão mais listados em 2023, não está claro se a.) eles foram excluídos pela Clarivate através de seus critérios de exclusão mais rigorosos, b.) eles não estão mais entre os 1% cientistas mais citados ou c.) o HCR decidiu não ser mais listado, por exemplo, devido ao impacto negativo que a mediatização de seus casos teve em suas carreiras de pesquisadores.
- Havia 32 HCRs da Arábia Saudita recém-lista do sem 2023:12 HCRs que foram listados em 2022 sob uma afiliação primária não da Arábia Saudita, mudaram sua afiliação primária para uma instituição da Arábia Saudita em 2023.20 dos novos HCRs sauditas em 2023 não foram listados na lista de Pesquisadores Altamente Citados em 2022.50% deles têm uma afiliação secundária a outro país.
As instituições sauditas contavam com 109 pesquisadores altamente citados no ano passado, mas agora têm apenas 76, uma queda de 30%. A Universidade Rei Abdulaziz, com sede em Jeddah, é a mais afetada. Afirmou ter 31 cientistas altamente citados em 2022. Neste ano, tem apenas 12. Como resultado, a instituição cairá mais de 50 posições no ranking de Xangai, de sua posição atual de 166, de acordo com cálculos feitos pelo especialista suíço Yoran Beldengrün, principal autor do relatório da SIRIS Academic. Em abril passado, a consultoria já havia revelado que a Arábia Saudita tinha cinco vezes mais cientistas citados do que a Alemanha, um país com mais que o dobro da população.
Note-se que esse tipo de estratégia de adoção de dupla afiliação/emprego, não é prerrogativa apenas da Arábia Saudita. Na Tabela a seguir, apresenta-se o número de pesquisadores altamente citados que mantém dupla afiliação/vínculo empregatício com mais de uma instituição e país, e seu percentual.
Com relação à Arábia Saudita, em 2022, 75% dos Pesquisadores Altamente Citados (Highly Cited Researchers) tinham duplo vínculo empregatício. Em 2023, esse percentual caiu para 51% com duplo vínculo, índice que ainda é bem alto, em comparação com os demais países que se utilizam desta mesma estratégia.
Segue-se a Índia, com atuais 20% e a Turquia, com 14% de pesquisadores altamente citados que possuem dupla afiliação / vínculo com instituições de pesquisa de outros países.
"Nas universidades sauditas, houve uma queda brutal no número de cientistas altamente citados. Não é uma queda natural, mas sim causada pelo impacto (de acordo com a revista Nature)da investigação do EL PAÍS e dos relatórios do próprio SIRIS Academic”, diz Beldengrün.
A Universidade Rei Abdulaziz vai sair do Top 200. A Universidade Taif sairá do Top 300. E a Universidade Princesa Nourah Bint Abdulrahman vai desaparecer do Top 400, de acordo com os nossos cálculos. Esse impacto poderoso nos rankings universitários vai causar muitos danos ao projeto Visão 2030 da Arábia Saudita”, observa o consultor.
Foco por instituição da Arábia Saudita
- A Universidade Rei Saud (KSU)ainda lidera a lista com a maioria dos HCRs afiliados, ou seja, 32 HCRs. Enquanto no ano passado, foi seguida pela Universidade Rei Abdulaziz (KAU),esta universidade caiu para um terço seu número de HCRs, ou seja, de 31 HCRs em 2022 para 12 HCRs em 2023. A participação de HCRs com uma segunda afiliação estrangeira caiu de 87% para 68% para KSU e de 87% para 42% para KAU entre 2022 e 2023.
- A King Abdullah University of Science and Technology (KAUST)cresceu de 15 para 18 HCRs em 2023, posicionando-se como a segunda universidade da Arábia Saudita em termos de número de HCRs afiliados. A participação dos HCRs, que têm uma afiliação secundária estrangeira, foi reduzida pela metade, de 22% em 2022 para11% em 2023.
- A Universidade Rei Abdulaziz, de acordo com essas primeiras estimativas, perderia mais de 50 posições e ficaria fora do Top 200 do Ranking de Xangai ARWU 2024. Isso provavelmente reduzirá o número de instituições sauditas dentro do Top 200 do Ranking de Xangai para 1 universidade, ficando mais longe do objetivo do Reino de sua Visão 2030 de alcançar 5 universidades no Top 200 de rankings internacionais até 2030.
Foco por país de afiliação secundária
- A China lidera a lista com 7 HCRs da Arábia Saudita que indicaram uma afiliação secundária chinesa. É o único país com mais de 3 HCRs, em contraste com 6 países em 2022. É seguido por Itália, Índia e Reino Unido, que têm 3 HCRs que indicam uma afiliação saudita primária.
- As maiores mudanças, em relação a 2022, podem ser vistas para Alemanha e Espanha. Enquanto a Espanha foi o segundo país nesta lista, com 11 HCRs sauditas indicando uma afiliação secundária espanhola em 2022, em 2023 nenhum caso desse tipo foi mais observado.
- A Alemanha também viu uma queda significativa, de 5 HCRs da Arábia Saudita, indicando uma afiliação secundária alemã em 2022 para apenas 1 caso em 2022.
Conclusão
Os resultados do nosso estudo mostram que a Arábia Saudita experimentou a maior queda de Pesquisadores Altamente Citados principalmente afiliados a eles na última década e que isso provavelmente reduzirá o número de instituições sauditas dentro do Top 200 do Ranking de Xangai para 1 universidade.
No curto prazo, isso afastará ainda mais a Arábia Saudita de seu objetivo Visão 2030 de garantir que 5 universidades estejam classificadas no Top 200 dos rankings internacionais até 2030. Dito isso, acreditamos que, a longo prazo, terá um impacto positivo na política de ensino superior e pesquisa não apenas nos países e universidades que foram negativamente impactados pelo jogo anterior de afiliações no banco de dados de Pesquisadores Altamente Citados da Clarivate, mas também no próprio sistema de ensino superior e pesquisa da Arábia Saudita.
A perda de alguns lugares no Ranking de Xangai não tornará a Arábia Saudita um lugar menos atraente para os principais pesquisadores e não houve grandes ondas de renúncias dos principais pesquisadores da Arábia Saudita; O impacto é simplesmente virtual em uma lista virtual. A ambição legítima de se tornar uma nação líder em pesquisa e ensino superior deve ser baseada em ativos sustentáveis e focada no desenvolvimento de talentos locais. Medidas direcionadas de atração de talentos só fazem sentido se estiverem inseridas em uma estratégia mais ampla de longo prazo.
Certamente que os critérios para que pesquisadores sejam incluídos na lista da Clarivate agora devem ficar ainda mais restritos, depois que o escândalo envolvendo rankings universitários sauditas foi descoberto pelo EL PAÍS em abril de 2023.
OEL PAÍS pediu à Clarivate uma lista de investigadores espanhóis excluídos por alegadas más práticas. No entanto, uma porta-voz da empresa disse que a empresa não pode compartilhar esses registros. Ela também enfatiza que "cientistas com comportamento incorreto” demonstrado em pesquisas formais "não podem ser selecionados para a [lista] Pesquisadores Altamente Citados”.
== REFERÊNCIAS ==
[1] FAPESP. Denúncia e exclusão. Disponível em:https://revistapesquisa.fapesp.br/denuncia-e-exclusao/ Acesso em 04 jan. 2024.
[2] CLARIVATE Highly Cited Researchers – Clarivate Disponível em:https://clarivate.com/highly-cited-researchers/Acesso em 04 jan. 2024.
[3]EL PAÍS.Arabia Saudí paga a científicos españoles para hacer trampas en el ‘ranking’ de las mejores universidades del mundo. Abril 2023. Disponível em:https://elpais.com/ciencia/2023-04-18/arabia-saudi-paga-a-cientificos-espanoles-para-hacer-trampas-en-el-ranking-de-las-mejores-universidades-del-mundo.html Acesso em 04 jan. 2024
[4] EL PAÍS.The list of the world’s most-cited scientists excludes 1,000 researchers over fraudulent practices.Nov. 2023. Disponível em:https://english.elpais.com/science-tech/2023-11-25/the-list-of-the-worlds-most-cited-scientists-excludes-1000-researchers-over-fraudulent-practices.html Acesso em: 04 jan. 2024.
[5] SIRIS Academic.A turning point for Saudi Arabian affiliations in the 2023 Highly Cited Researchers™ list from Clarivate. Nov. 2023. Disponível em:https://assets-global.website-files.com/628cd02660188df249f8f8ce/656248a6716009b40e2f6e70_SIRISAcademic_SaudiHCRs2023_Report.pdfAcesso em: 04 jan. 2024
Compilação de informações: Elisabeth Dudziak (Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP).
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- 02/01/2024 - Leonam Guimarães defende a implantação dos SMRs e sugere a criação de um órgão global de controle de resíduos nuclearesFonte: Petronotícias
Atualmente o Brasil está na expectativa da conclusão da usina nuclear Angra 3, que vai colocar no sistema impressionantes 1.350 GW de energia. E acompanhando o exemplo de dezenas de países que estiveram presentes na COP 28, as empresas privadas desenvolvem as gestões para se implantar no Brasil os pequenos reatores nucleares modulares, menores, mais baratos, que podem ser construídos e instalados em lugares ermos onde há carência de energia e em muitos Estados que necessitam de energia limpa e firme. O Brasil tem tudo para isso, inclusive as minas de uranio, para produzir o combustível a ser utilizado. Para saber mais sobre isso, buscamos conversar com o engenheiro especialista Leonam Guimarães, respeitado internacionalmente, um dos membros do grupo de assessoria em energia nuclear do Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi.Ex-presidente da Eletronuclear e atualmente servindo à Amazul, Leonam fala sobre a febre dos SMRs no mundo, mas traz um alerta importante sobre o resíduo nuclear. Ele defende uma política única mundial de controle, aceitar por todos os países que implantam a geração nuclear, semelhante a instituição norte-americana que engloba todo sistema aéreo mundial.
– Como o senhor está vendo o movimento de se implantar no Brasil os pequenos reatores nucleares?
A nova geração de pequenos reatores modulares (SMR) proporciona maior segurança, custos mais baixos, financiamento mais fácil, melhor compatibilidade com redes elétricas nacionais de porte limitado e riscos de projeto reduzidos, o que pode melhorar a aceitação social e atrair o investimento privado. Por causa disso, a comunidade nuclear e até mesmo a grande mídia estão cada vez mais recorrendo aos SMRs para anunciar um "renascimento nuclear” há muito esperado, mas nunca observado.– O que o senhor chama de renascimento nuclear ?
O excesso de promessas em termos de custos baixos é uma questão importante. Lembrem-se: as primeiras alegações de que a eletricidade nuclear seria "barata demais para ser medida”. Ainda não foi demonstrado que as economias de escala, que levaram as centrais nucleares a se tornarem cada vez maiores, podem ser compensadas pelas economias de múltiplos que são esperadas da produção em fábrica por linha de montagem, assumindo que carteiras de encomendas completas podem manter estas linhas ocupadas. Mas para quantos dos mais de 80 projetos de SMR em desenvolvimento haverá um mercado grande o suficiente para alimentar uma linha de montagem para produção em fábrica? Qual seria a encomenda mínima para viabilizar o investimento na fábrica e sua linha de montagem? Há já 50 anos, físicos e engenheiros que projetavam grandes centrais nucleares estavam concentrados nos desafios interessantes de propor cada vez mais variantes de reatores que parecessem, no papel, mais eficientes, mais seguros ou mais baratos. Mas mesmo a variedade comparativamente limitada de designs propostos naquela época provou ser mais um obstáculo do que uma vantagem.– Pode ser mais específico e dar um exemplo?
– Olha, o Reino Unido hesitou durante anos em fazer escolhas difíceis, enquanto construía e operava unidades dispendiosas, únicas do tipo, de muitos projetos diferentes. O programa de grandes reatores de maior sucesso ocorreu na França, onde foi tomada uma decisão inicial de se restringir a um projeto PWR padronizado. Hoje, a lição clara é que apenas alguns projetos de SMR podem esperar beneficiar-se da economia de múltiplos e, assim, alcançar o sucesso comercial.– Os atrasos nas construções de grande usinas e centrais nucleares também encarecem a obra…
– É outro erro do passado que também afeta a economia são os longos prazos necessários para a implementação de centrais nucleares. Muitos dos atrasos devem-se a deficiências técnicas ou de gestão do projeto, mas uma grande contribuição tem sido muitas vezes o tempo necessário para os reguladores licenciarem um novo projeto. A forma de superar este obstáculo é desenvolver um conjunto de regulamentações "risk informed”, adaptadas a projetos de SMR menores e, em seguida, harmonizar as regulamentações de licenciamento em todos os países potenciais utilizadores. Um precedente útil é a Administração Federal de Aviação dos EUA, cujos regulamentos sobre aeronaves são aceitos globalmente como base técnica para todos os regulamentos nacionais. Mas acertar a economia dos SMR e reduzir os tempos de licenciamento e construção não resolverá por si só o problema. Existem outros desafios que os grandes projetistas de reatores ignoraram até tarde demais.– Pode dar algum exemplo?
– O exemplo mais claro aqui é a negligência na abordagem da questão da eliminação segura doAlém destes potenciais impedimentos à ampla implantação de SMR, existem algumas questões novas a serem abordadas. Uma delas está relacionada com a proliferação nuclear e as preocupações de segurança que podem surgir num cenário em que centenas de SMR estão distribuídos por todo o mundo, em muitos países sem experiência nuclear e, em alguns casos, em regiões remotas dentro desses países. No final, devido aos seus inventários físseis menores aos projetos compactos, as preocupações de segurança nuclear com a implantação generalizada de SMR podem ser menores do que com as atuais centrais nucleares, com os seus inventários muito maiores de materiais físseis. No entanto, a questão deve ser discutida agora pela comunidade nuclear e não ignorada até que seja levantada como um impedimento pelos opositores nucleares em países potenciais utilizadores de SMRs. Se quisermos aprender com as amargas lições dos renascimentos nucleares esperados no passado, então devemos aprender com os erros cometidos naquela época e também antecipar quaisquer questões novas e inovadoras que surgirão com a implantação generalizada de SMRs.– Por que esse renascimento nuclear só está vindo agora?
– Cabe lembrar que o renascimento nuclear esperado na primeira década do século XXI acabou não ocorrendo, principalmente pelo acidente de Fukushima. Hoje a central de Zaporizhzhia vem sendo severamente ameaçada pela Guerra da Ucrânia. Um acidente severo poderia pôr a perder todo o esforço que vem sendo feito para que o renascimento nuclear efetivamente venha a ocorrer nessa terceira década impulsionado pela descarbonização profunda combinada à segurança energética. -
- 02/01/2024 - CNPq lança o XIII Prêmio de Fotografia – Ciência & Arte 2023Inscrições começam dia 29 de dezembro e vão até 9 de fevereiro de 2024
Inscrições começam dia 29 de dezembro e vão até 9 de fevereiro de 2024
Fonte: CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou, nesta terça-feira, 26, o XIII Prêmio de Fotografia - Ciência & Arte 2023, destinado a contemplar imagens produzidas por estudantes de graduação e de pós-graduação, graduados e pós-graduados, docentes e pesquisadores brasileiros e estrangeiros com visto permanente no Brasil. Os interessados podem se inscrever em uma das duas categorias – Imagens Produzidas por Câmeras Fotográficas ou Imagens Produzidas por Instrumentos Especiais – a partir do dia 29 de dezembro. O prazo para a submissão de candidaturas vai até as 18h (horário de Brasília) do dia 9 de fevereiro de 2024. Cada categoria premiará até três candidatos. Os documentos necessários à inscrição e condições de qualificação estão no Regulamento disponível no site do Prêmio.
Os contemplados nesta edição receberão premiações em dinheiro no valor de R$ 15 mil, para o classificado em primeiro lugar; R$ 10 mil, para o agraciado com o segundo lugar; e R$ 5 mil, para o ganhador do terceiro lugar de cada categoria. Além disso, os ganhadores do Prêmio receberão um diploma e passagens aéreas e diárias, para que recebam a premiação em cerimônia presencial a ser realizada durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontecerá de 7 a 13 de julho de 2024, na Universidade Federal do Pará, em Belém. Os resultados do Prêmio serão divulgados até maio de 2024, no site do Prêmio e/ou no portal do CNPq.
A escolha dos candidatos será feita por Comissão Julgadora multidisciplinar, que avaliará os trabalhos considerando sua originalidade, o impacto visual, o domínio da técnica e da estética, a relevância da imagem para a pesquisa e a contribuição para a popularização e divulgação científica e tecnológica. Na categoria I, imagens produzidas por câmeras fotográficas, não serão aceitas imagens com tratamento, edição ou manipulação.
Os autores das imagens premiadas deverão encaminhar ao CNPq termo assinado de cessão de direitos, licenciamento e autorização de uso pleno da imagem, ficando resguardado seu direito de apresentar as imagens em exposições, reuniões e congressos, além de permitir sua divulgação pela imprensa ou por qualquer outro meio. O CNPq terá o direito de usar as imagens premiadas, em sua totalidade ou em parte, para impressão e demais fins de divulgação científica.
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- 31/12/2023 - 'Tempo é Saúde': Projeto da ABDAN é apresentadono 37o. Congresso de Medicina NuclearRevista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Revista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Fonte: Conexão Nuclear
Lopes comenta sobre os desafios do setor de medicina nuclear entre eles a dependência externa com a importação de insumos para produção de radiofármacos. O IPEN é citado como principal fornecedor nacional de geradores de Tecnécio-99m entre outros radiofármacos utilizados para diagnóstico e terapia em Medicina Nuclear.
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- 23/12/2023 - Novo tratamento para o câncer de peleTerapia fotodinâmica e dispositivo desenvolvidos em universidade estarão à disposição de pacientes do SUS
Terapia fotodinâmica e dispositivo desenvolvidos em universidade estarão à disposição de pacientes do SUS
Fonte: Revista FAPESP
Mais de 20 anos de pesquisas desenvolvidas no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), no interior paulista, resultaram em um novo protocolo terapêutico para um tipo específico de câncer de pele e em um equipamento inovador. Ambos poderão ser empregados tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento da lesão tumoral. A inovação está prestes a chegar à população brasileira por recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS). A Conitec é um órgão assessor do Ministério da Saúde para assuntos relativos à adoção, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde pelo SUS.
Em julho deste ano, após concluir o processo de avaliação das evidências científicas de segurança e eficácia, além de estudos de viabilidade econômica, a Conitec recomendou a incorporação ao SUS da terapia fotodinâmica (TFD) para carcinoma basocelular, um dos tipos de câncer de pele mais comuns no país.
O novo tratamento consiste na destruição do tumor por meio de irradiação intensa com luz em um comprimento de onda que ativa um agente fotossensível, produzido pelas células tumorais após aplicação local de um creme. Uma vez ativado, esse agente produz radicais livres que destroem as células que o contêm. Antes da irradiação, o próprio agente fotossensível permite identificar a região tumoral, pois uma vez iluminado com luz azul, o agente fluoresce em cor vermelha.
A recomendação da Conitec foi publicada no Diário Oficial da União em 5 de setembro. A partir dessa data, o Ministério da Saúde tem 180 dias para efetivar a oferta no SUS. "A incorporação dessa tecnologia é um incentivo para que as universidades continuem investindo em atividade de pesquisa, o que é fundamental para fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde”, afirma a farmacêutica Daniela Oliveira de Melo, coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e professora do curso de farmácia da instituição. A docente colaborou com o Ministério da Saúde na análise da demanda.
O responsável pelo projeto, o físico Vanderlei Bagnato, conta que começou a trabalhar com terapia fotodinâmica por volta de 1997. Na época, ao participar de um congresso nos Estados Unidos, tomou conhecimento do uso da TFD no tratamento de câncer. "Fiquei fascinado e iniciei a aplicação clínica, a partir dos estudos laboratoriais realizados no exterior, em parceria com o Hospital Amaral Carvalho, de Jaú [SP]”, diz ele, que coordena o Grupo de Óptica do IFSC-USP, sede do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela FAPESP.
Inicialmente, o físico utilizou laser para tratamento de tumores na cavidade bucal e em órgãos internos como esôfago e bexiga. A droga fotossensibilizadora, com capacidade de absorver certa faixa de luz e promover a morte das células doentes, era administrada de forma sistêmica, via intravenosa. "Apesar dos resultados promissores no tratamento do câncer de bexiga e esôfago, por volta de 2005 começamos a focar em câncer de pele, utilizando um medicamento de uso tópico.”
A mudança de foco se deu por dois motivos principais. O primeiro era o elevado número de casos de câncer de pele no Brasil, que poderiam responder de forma rápida ao tratamento. O segundo dizia respeito à própria terapêutica. Por se tratar de um tratamento tópico, os resultados eram mais facilmente visíveis, o que ajudava no desenvolvimento da técnica.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer por ano até 2025. O mais frequente é o de pele não melanoma, responsável por 31% das ocorrências dentre todos os tipos de tumores, com cerca de 220 mil novos casos anuais. O carcinoma basocelular, para o qual a terapia fotodinâmica foi recomendada, é o subtipo mais comum do câncer de pele não melanoma, correspondendo a 80% dessa parcela.
Segundo o dermatologista Mário Yoshiaki Enokihara, coordenador do curso de Especialização em Dermatologia Cirúrgica Avançada da Unifesp, o carcinoma basocelular apresenta prognóstico favorável desde que tratado precocemente, quando a lesão ainda é inicial. Foi exatamente para o tratamento de tumores superficiais, com até 2 milímetros (mm) de infiltração, que os pesquisadores paulistas criaram o protocolo, utilizando diodos emissores de luz (LED). O laser, que penetra mais profundamente na pele, era usado nos estudos que visavam ao tratamento de órgãos internos.
"Nem todos os pacientes tratados nos serviços públicos são diagnosticados precocemente, quando o tumor ainda é superficial”, diz Enokihara. A terapia fotodinâmica também é indicada em casos específicos de contraindicação do tratamento invasivo, seja por impedimentos clínicos do paciente, como imunossupressão ou baixa capacidade de cicatrização de feridas, ou se houver alto risco de desfiguração da região operada, com comprometimento funcional. O padrão ouro do tratamento é a remoção cirúrgica do tumor, com taxa de cura de até 98%.
Coube à empresa MM Optics, uma spin-off do IFSC, fundada em 1998 e apoiada pela FAPESP, a criação do novo aparelho de TFD, com luz LED, sob orientação do Grupo de Óptica do instituto. O equipamento, 100% nacional, teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – Embrapii (ver Pesquisa FAPESP nº 253). Recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2014.
Segundo o engenheiro eletricista Anderson Luís Zanchin, diretor industrial e de engenharia da MM Optics, uma diferença desse equipamento em relação a outros usados para TFD em consultórios particulares é um sistema dual que une fotodetecção, a emissão de luz para a visualização do tumor, e uma ponteira de tratamento – os aparelhos concorrentes têm apenas a ponteira de tratamento. O uso da TFD para câncer de pele não melanoma foi aprovado no Brasil em 2006.
Estudo multicêntrico
A empresa já produziu cerca de 200 aparelhos, que estão sendo utilizados por centros de pesquisa e serviços de medicina privada. "O Brasil será o primeiro país a colocar a terapia fotodinâmica no sistema de saúde pública”, afirma a pesquisadora Cristina Kurachi, que também se dedica ao estudo de TFD no IFSC desde o fim da década de 1990.
Na recomendação de incorporação da tecnologia ao SUS, a Conitec considerou a existência de profissionais capacitados e uma estrutura instalada em dezenas de serviços públicos de saúde. Segundo Kurachi, essa estrutura é resultado do Programa TFD Brasil, coordenado pelo IFSC com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O programa, iniciado em 2012, foi criado com a finalidade de implementar a terapia fotodinâmica em centros nacionais. Nos cinco anos que durou o projeto, foram treinados na nova tecnologia profissionais de 72 centros de tratamento espalhados pelo país. "Foi o maior ensaio clínico multicêntrico de câncer de pele do mundo”, afirma Bagnato. Um artigo com os resultados foi publicado na revista Cancer Control, em 2019.
Uma das instituições participantes foi o Inca, que em 2015 criou um ambulatório específico para tratar câncer de pele com terapia fotodinâmica. "É um procedimento que poupa da cirurgia os pacientes com lesões superficiais”, destaca o chefe da Seção de Dermatologia do instituto, Dolival Lobão. Ele explica que, além de dispensar anestesia e internação, a TFD não deixa cicatrizes na região tratada. O serviço atende em média três pacientes por semana.
Fotossensibilizador de baixo custo
A parceria do Inca com a USP continua até hoje. O IFSC fornece, gratuitamente, o equipamento e o creme utilizado na terapia – manipulado na própria universidade –, e o Inca repassa os resultados clínicos aos pesquisadores. Os consultórios particulares recorrem a um produto importado, que custa em torno de R$ 1.000 a bisnaga de 2 gramas, o suficiente para quatro aplicações, em média. A manipulação do fármaco na USP foi custeada pelo BNDES e pela Embrapii. Por isso, pode ser oferecido gratuitamente ao Inca. Uma solução mais econômica pode surgir em breve. A empresa Emipharma, ligada a MM Optics, está sendo estabelecida para a produção nacional do fármaco.
Obter a recomendação da Conitec foi um processo longo. O primeiro pedido de incorporação da terapia foi feito em novembro de 2018. Após mais de um ano de análise, a resposta foi negativa e ele foi recusado. A comissão que analisou o pedido considerou frágeis as evidências científicas apresentadas, principalmente do ponto de vista de eficácia em comparação à cirurgia. "Continuamos aperfeiçoando a técnica e elevamos o índice de eliminação tumoral para 95%”, recorda-se Bagnato. "Trabalhamos com margens de segurança de modo a assegurar a remoção das pequenas células nas bordas que fogem do corpo principal do tumor.”
Em agosto de 2022, nova submissão foi apresentada e o parecer preliminar, emitido em março de 2023, antes da etapa de consulta pública, ainda foi desfavorável. Restavam dúvidas sobre a técnica, sobretudo em questões de custo-efetividade. "Depois da consulta pública, o Conitec promoveu outra reunião e pudemos tirar todas as dúvidas”, relata Kurachi. O parecer final, favorável, veio em julho.
O dermatologista Enokihara, da Unifesp, ainda vê com reservas a implementação da TFD no tratamento de câncer. Sua principal preocupação é a correta indicação da terapia fotodinâmica e o treinamento para os profissionais que a aplicarão. "Mesmo dentre os casos de carcinoma basocelular há vários tipos, e alguns mais agressivos. É preciso ter muita certeza do diagnóstico”, alerta.
Opinião semelhante tem a dermatologista Maria Claudia Almeida Issa, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela estuda a terapia fotodinâmica há mais de 15 anos e viu casos de uso indevido da técnica. A médica não recomenda, por exemplo, sua aplicação para o carcinoma basocelular instalado em áreas da pele com alto risco de recorrência. "Na região do nariz e próximo aos olhos, mesmo o carcinoma in situ [não invasivo] é agressivo. Nesses casos, não se indica a TFD pela alta incidência de recidiva”, diz. A especialista enfatiza que a TFD tem "excelente taxa de cura para lesões de ceratoses actínicas, pré-malignas, na face”.
Autora de um artigo de revisão sobre o uso da TFD em tratamentos de pele, publicado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia em 2010, e integrante do estudo multicêntrico promovido pelo grupo de São Carlos, Issa vê como positiva a incorporação do tratamento na rede pública. "Estou contente que a terapia tenha sido aprovada para implantação no SUS. Agora a sua aplicação será padronizada.”
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- 22/12/2023 - Secretário executivo do MCTI visita CNEN e assume compromisso de investimento contínuo para a construção do RMBFonte: CNEN
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli Júnior, recebeu nesta quinta-feira, 21, o secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Luiz Fernandes, e o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnologia da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Carlos Aragão.A reunião contou também com a participação, pela CNEN, de Wilson Calvo, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Patrícia Pagetti, coordenadora técnica do Empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e o assessor técnico José Augusto Perrotta, Gabriela Borsato, coordenadora geral de Aplicações das Radiações Ionizantes, e Roberto Xavier, coordenador Geral de Planejamento e Avaliação.
Os principais pontos da pauta abordaram o Empreendimento RMB, apresentando detalhes sobre aplicações, licenças ambientais, junto ao IBAMA, e nucleares, obtidas junto à Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS), investimentos realizados, empresas contratadas (Tractebel e Amazul) e futuras parcerias com a Fundação Instituto de Administração (FIA), pela Presidência e Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da CNEN.
As discussões também englobaram modelos de gestão para a construção e operação do RMB, com enfoque nas fases de Implantação (fase I) e operação (fase II), estabelecendo diálogos diretos com o secretário executivo do MCTI.
Luiz Fernandes expressou o compromisso do MCTI com o investimento contínuo para a construção do RMB, por meio de fontes como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), FINEP e a inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O secretário executivo destacou a abertura de um canal de comunicação direto com a FINEP para a execução de convênios, fortalecendo a colaboração estratégica entre as entidades.
"Essa reunião reflete o empenho conjunto MCTI, FINEP e CNEN, em impulsionar o desenvolvimento e a inovação no setor nuclear brasileiro, em prol da sociedade, a serviço da vida”, afirmou Rondinelli.
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- 20/12/2023 - Fapergs e Fapesp lançam chamada para projetos conjuntos entre RS e SPFonte: Instituto Federal do Rio Grande do Sul
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) lançaram chamada para projetos conjuntos de pesquisa, visando fortalecer colaborações entre pesquisadores vinculados às instituições de ensino superior ou pesquisa de ambos os estados.
A chamada está aberta a propostas nas seguintes temáticas: Agronegócio e Agrotecnologia, Educação, Saúde pública, Energia, Meio ambiente, Desenvolvimento urbano e Desigualdade, pobreza e exclusão social.
As propostas de pesquisa deverão abranger conhecimentos avançados em ao menos uma das seguintes áreas do conhecimento: "Ciência dos Dados”; "Inteligência Artificial”; "Tecnologias de Informação e Comunicação”; "Manufatura Avançada”; "Biotecnologia e Nanotecnologia”; "Química Aplicada”; "Controle e Automação de Processos”. Os projetos selecionados poderão ter até 24 meses de duração.
A Fapergs fará um aporte para a chamada na ordem de até R$ 3 milhões, definindo um valor máximo por proposta de até R$ 200 mil. A Fapesp fará o aporte necessário para acomodar o número de propostas possíveis dentro do orçamento da Fapergs, permitindo um valor máximo de R$ 300 mil por proposta (incluindo Reservas Técnicas, Benefícios Complementares e possíveis Bolsas). Aplicam-se as condições usuais da modalidade Auxílio à Pesquisa Regular também quanto ao orçamento.
Cada proposta deve ser composta por um único projeto de pesquisa, preparado conjuntamente pelos pesquisadores responsáveis e com documentos específicos exigidos pela Fapergs e pela Fapesp.
As pró-reitorias responsáveis por pesquisa no IFRS, IFFAR, IFSul e IFSP convidam os pesquisadores interessados a preencherem o formulário a seguir, visando identificar os interessados e possibilitar a realização de conexão entre os pesquisadores: https://forms.gle/3C8QJeeSrtemUynG8.
É recomendado o preenchimento do formulário até 29 de fevereiro de 2024, para que haja tempo hábil para verificar os interessados e trabalhar em uma proposta conjunta. O perfil dos pesquisadores pode ser consultado na plataforma Integra.
Link para as chamadas:
https://fapergs.rs.gov.br/chamada-de-propostas-fapergs-fapesp-2023
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- 20/12/2023 - Presidente da SBMN alerta: produção de radiofarmacos (medicamentos usados no combate ao câncer) pode estar ameaçada em 2024Fonte: Blog Tania Malheiros
Às vésperas de completar um ano na presidência da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o médico nuclear e cardiologista Rafael Willain Lopes, 47 anos, conversou com o Blog e fez um balanço sobre algumas das situações críticas que ameaçam a continuidade da produção de radiofármacos (insumos usados na produção de radioisótopos, medicamentos destinados à realização de diagnóstico e combate a doenças como o câncer), em 2024. "A demanda por serviços é grande, está reprimida e deve crescer por conta do envelhecimento populacional e doenças crônicas”, afirmou o médico, natural de Florianópolis, radicado em São Paulo desde 2004. Na entrevista exclusiva, ele, alertou que é "preciso que se resolva outras questões estruturais intrinsicamente relacionadas como a logística, infraestrutura, financiamento, regulação. E para isso precisamos de toda ajuda possível tanto pública, como privada, para suprir a demanda”. Falou também sobre a quebra do monopólio da produção de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (IPEN), por exemplo. Eis a entrevista:BLOG: A falta de radioisótopos gerou vários problemas e interrompeu o tratamento de pacientes no decorrer de 2021. Como está a situação no momento?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Em relação ao presente e ao futuro, com a quebra de monopólio de produção de radioisótopos de meia vida longa, aprovada em 2022 pelo Congresso Nacional, a SBMN mantém o seu posicionamento em defesa da Medicina Nuclear brasileira, alinhada com sua missão. A SBMN está trabalhando sempre em prol dos pacientes que se beneficiam desta especialidade, buscando ampliar a utilização de suas metodologias, assim como expandir o acesso dos pacientes a elas, para melhorar, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso dos pacientes aos procedimentos de medicina nuclear que impactam a tomada de decisão e o resultado do tratamento, atuamos junto às diversas instituições, visando a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
BLOG: E a quebra do monopólio?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Durante décadas, por determinação legal, apenas ao IPEN era permitida a produção e a distribuição de geradores de Tecnécio, dentre outros insumos radioativos, item fundamental à nossa especialidade. Este cenário mudou, do ponto de vista legal, recentemente, a partir do momento em que empresas privadas foram autorizadas a comercializar tal material em território nacional. Somos imensamente gratos por todos os esforços e todas as entregas que o IPEN fez à Medicina Nuclear desde o seu surgimento, há 67 anos. Entendemos que o instituto prestou, presta e seguirá prestando papel fundamental neste cenário. Não existe um futuro para a medicina nuclear dissociado de um futuro para o IPEN, assim como para os demais institutos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
BLOG: Há outros passos a serem dados...
RAFAEL WILLAIN LOPES: O que deverá ser discutido dentro de cada instituição, seja do IPEN, sejam em outros centros de pesquisa da CNEN, será qual deverá ser esse papel. Como cada um pode colaborar para o país e para a região específica em que se encontra. Em um país continental como o Brasil, é natural que existam demandas regionais mais especificas. Por outro lado, a entrada de outras empresas neste cenário tem o potencial de expandir a Medicina Nuclear para horizontes que ainda não temos acesso. Acreditamos que a demanda por serviços por parte da nossa população é grande, está reprimida, e deve crescer por conta do envelhecimento populacional e doenças crônicas, e que, resolvendo-se outras questões estruturais intrinsicamente relacionadas (logística, infraestrutura, financiamento, regulação etc.), precisaremos de toda ajuda possível, tanto pública quando privada, para suprir a demanda.
BLOG: Qual a posição da SBMN?
RAFAEL WILLAIN LOPES: A SBMN apoia a pluralidade de participantes no processo da Medicina Nuclear, declara seu fundamental apoio ao IPEN e congratula qualquer empresa que possa, porventura, acrescentar opções. Ocorre que discutir Medicina Nuclear no Brasil não passa, simplesmente, por permitir a entrada de novos players no cenário de suprimento.
BLOG: Como assim?
RAFAEL WILLAIN LOPES: A SBMN entende que urge discutirmos revisão de reembolso dos procedimentos, tanto os oferecidos pelo SUS, que não sofrem qualquer tipo de reajuste desde 2009, apesar dos crescentes custos, quanto os oferecidos aos usuários do sistema de saúde suplementar. Ao resolvermos o gap de financiamento existente no Brasil nestes procedimentos, vislumbramos um crescimento da especialidade, com expansão de serviços em todo o Brasil. A Medicina Nuclear brasileira se desenvolveu com o IPEN, segue e seguirá sendo grande parceira deste instituto, com o qual mantemos inclusive projeto de pesquisa junto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A entrada de outros entes nesse processo, por outro lado, pode ser auspicioso e vir a beneficiar a todos. Quando se somam esforços, reduzem-se as limitações, multiplicam-se os resultados e dividem-se os louros.
BLOG: Poderia exemplificar? Tem relação com importação?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Uma vulnerabilidade da medicina nuclear do Brasil é a dependência externa de radioisótopos, principal exemplo sendo o molibdênio-99 para a produção de geradores de tecnécio, radiofármaco empregado na maioria dos exames de cintilografia no país e que são fornecidos quase que na sua totalidade pelo IPEN. O radioisótopo é importado, semanalmente, de países como Argentina, Israel, África do Sul e Rússia. Qualquer irregularidade no seu fornecimento impacta na produção dos geradores de tecnécio, que são distribuídos para todo o país.
BLOG: A quantas anda a demanda pelo tratamento?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Anualmente, são realizados no país cerca de dois milhões de procedimentos de medicina nuclear, considerando-se o conjunto da saúde suplementar e Sistema Único de Saúde (SUS). Os exames de cintilografia do miocárdio respondem pela metade dos procedimentos. Os radiofármacos também são utilizados em exames de diagnóstico PET-CT e cintilografias tradicionais, além do tratamento de doenças como o câncer de tireoide, com o iodo-131 e tumores neuroendócrinos, com o lutécio-177.
BLOG: Qual a expectativa diante de novos cenários?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Nossa estimativa é de que esse número, no entanto, deveria ser pelo menos o dobro, considerando o tamanho da nossa população e a prevalência dessas doenças. Em outros países da América Latina como Argentina e Chile, a possibilidade de um paciente realizar um exame ou tratamento de medicina nuclear é duas vezes maior do que a disponibilidade existente no Brasil, o gap é ainda maior se comparamos o número de procedimentos realizados na medicina suplementar em relação ao sistema público. Cerca de 94% dos serviços de medicina nuclear são privados - embora a grande maioria das clínicas preste serviços para o SUS – e apenas 6% são públicos, estimando-se, assim, que mesmo com um crescimento constante, seriam necessários 30 anos para que o número de procedimentos na saúde pública alcance os realizados na saúde suplementar.
BLOG: Outras questões prementes?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Sim. Além desde cenário desafiador, temos questões ainda mais urgentes tais como a indisponibilidade de inúmeros kits liofilizados (cold-kits), muitos com excepcionalidade de importação no momento autorizada pela ANVISA. Mas isto também acarreta aumento de custos, que reduz a disponibilidade de uso e, por consequente, dos exames que os utilizam. Some-se a isso questões regulatórias que pairam há tempos sobre a medicina nuclear.
BLOG: Problemas nacionais?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Não são exclusivas de nosso país. Mas diante da realidade brasileira, também impactam a utilização e até uma eventual expansão da metodologia. Claro, para um país continental como o nosso, com desafios para a interiorização da medicina e acesso a saúde pública como um todo, questões de infraestrutura e logísticas, que já são limitantes. No cenário da medicina nuclear tudo isso têm impacto ainda maior, colocando em risco a sobrevivência de muitos serviços pelo país afora, assim como a perspectiva de expansão de novos serviços, públicos e privados, tão necessário para podermos atender à demanda crescente da nossa população em função do envelhecimento e das doenças crônicas. A questão ficou evidente no último censo recém publicado.
BLOG: E a questão financeira?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Por fim, é uma questão que hoje permeia todo sistema de saúde e não é diferente na nossa área, a sustentabilidade financeira e que na medicina nuclear vem se tornando crítica considerando a falta de reajuste dos procedimentos da tabela SUS desde 2009, bem como as dificuldades com as fontes pagadoras da saúde suplementar em seu momento talvez mais desafiador.
BLOG: Quais as soluções?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Neste ponto, um projeto de grande relevância é o do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a cargo da CNEN, que propiciará uma série de mudanças no contexto dos desafios que enfrentamos, ao garantir a autonomia do país na produção de diversos isótopos, principalmente o molibdênio-99. Dentro desta perspectiva, os geradores de tecnécio serão produzidos com matéria prima brasileira, seja pelo IPEN ou até mesmo pela iniciativa privada, que, com a flexibilização do monopólio, ocorrida em 2022, já pode também exercer tal atividade, mas ambos o fariam com custo em Real, o que facilitará sua distribuição e, principalmente, permitirá ampliar o acesso e reduzir os custos da medicina nuclear para a população. Além disso, o RMB será um polo de agregação do conhecimento que permitirá produzir novos isótopos e terá capacidade para abastecer não só o Brasil, como outros países da América Latina. O RMB sozinho não resolverá todos os problemas, mas pode trazer em sua concepção perspectivas para um futuro menos incerto e ampliar horizontes nas áreas da pesquisa, visando aplicações práticas e desenvolvimento de capital humano e intelectual associada à prática da medicina nuclear e das ciências nucleares nas mais variadas vertentes.
BLOG: Mas o RMB ainda é projeto que levará alguns anos para se tornar realidade. Assim, o que temos de soluções no horizonte atual?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Diante de tantos desafios no curto e longo prazo, temos buscado continuamente manter diálogo com as diversas instituições e entes governamentais, tentando sensibilizar os tomadores de decisão no intuito de compreenderem a importância da medicina nuclear para o futuro da saúde da população. A delicada situação atual necessita de atenção para que ela possa realizar todo o potencial que vem se apresentando no horizonte.
BLOG: Bem complicado.
RAFAEL WILLAIN LOPES: Além das perspectivas no campo da cardiologia, as maiores promessas residem no campo da oncologia e do teranóstico, com a evolução de exames diagnósticos e tratamentos a eles associados. Alguns já estão disponíveis no Brasil, muitos outros estão por vir, e precisamos estar preparados para oferecê-los aos brasileiros, não apenas na saúde suplementar, mas também e principalmente, no âmbito da saúde pública e, para tanto, buscamos apoiar o desenvolvimento e implantação do programa nuclear brasileiro e o plano de expansão da medicina nuclear, que possuem dentro de sua concepção a importância da medicina nuclear e diretrizes para ajudar em sua sobrevivência e desenvolvimento do seu grande potencial em prol da população brasileira, que merece ter acesso ao que de melhor a medicina nuclear pode oferecer atualmente.
BLOG: Poderia exemplificar?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Exemplos destes esforços vêm se materializando ao longo do tempo na forma de reuniões com a presidência da CNEN, superintendência do IPEN, fornecedores e parceiros, Ministérios e/ou ministros de Estado e com o próprio Vice-Presidente da República, explicando a urgência em olhar para a comunidade da medicina nuclear, seus desafios, com destaque para o IPEN, a gravidade da situação do seu Centro de Radiofarmácia e a incerteza de continuidade de produção de radiofármacos a partir de janeiro de 2024.
BLOG: Muito grave. Poderia fornecer maiores informações?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Existe uma preocupação real e legítima, também compartilhada pela SBMN, segundo a visão exposta pelo IPEN, a sociedade em diversas reuniões, acerca de situações críticas que ameaçam a continuidade da produção de radiofármacos. Essas preocupações já foram endereçadas, tanto pelo IPEN como pela SBMN, em vários fóruns e com as mais diversas autoridades e instituições, em que discorremos sobre a falta de recursos necessários a investimentos de infraestrutura de instalações do centro de radiofarmácia, além da adequação às boas práticas de fabricação, uma exigência de longa data da ANVISA. Outra questão é a falta de recursos humanos, considerando que o IPEN vem, consistentemente, perdendo boa parte do seu capital humano, por conta da longevidade de seus servidores, muitos já aposentados ou em processo, sem uma adequada reposição ao longo dos anos, por conta da falta de concursos públicos e/ou outras alternativas. Neste sentido, entende-se também a necessidade de evolução do modelo de gestão, com mais agilidade, essencial para lidar com essas demandas, com as mudanças e dinâmicas de um setor globalizado como o da produção de radioisótopos e de sua cadeia logística, tanto mundial, como nacional. Diante desta incerteza de continuidade da produção de radiofármacos, expressada pelo órgão, a SBMN se une ao IPEN como voz em busca de soluções, visando garantir o futuro da produção de radioisótopos e, assim, assegurar a continuidade da prestação dos bons serviços que, historicamente, o uso desses radioisótopos na medicina tem oferecido à população brasileira.
BLOG: O que está sendo feito?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Estamos cientes que estes órgãos e suas respectivas instâncias superiores estão empenhados na busca por soluções no curto, médio e longo prazo, nós como SBMN nos solidarizamos e empenhamos em expandir o diálogo, dar conhecimento e visibilidade a estas questões e a necessidade de se colocar em prática soluções no curto prazo, para que possamos realizar a promessa do futuro brilhante que se anuncia para a medicina nuclear, de modo a contribuir, na prática para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
BLOG: Há metas?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Com a nova diretoria da SBMN, ainda ao final de 2022 elencamos as seguintes metas que vêm norteando as principais ações deste novo biênio 2023-24, em consonância com a visão da instituição, e o que tem sido feito para atingi-las: apoiar e fomentar o ecossistema para o presente e futuro da Medicina Nuclear. Acreditando ser papel da SBMN ouvir as demandas dos diversos entes da comunidade nuclear, especialmente seus associados, e buscando coordenar esses diferentes atores em prol de objetivos comuns.
A SBMN se propõe a buscar a ampliação do uso e acesso das tecnologias nucleares para fins diagnósticos e de tratamento, propondo novas indicações de procedimentos já comprovadamente eficazes para Agência Nacional de Saúde (ANS) e na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no sistema Único de Saúde (CONITEC) para uma quantidade cada vez maior de brasileiros alinhados a uma conduta técnico-científica, ética e socialmente responsável. Realizamos, como de costume, este ano, nossa prova de título de especialista em parceria com a CNEN, assim como nosso 37º Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, que foi um grande sucesso.
Temos trabalhado em nossas mídias com intuito de atingir tanto o público leigo, desmistificando a medicina nuclear e seus usos em prol da saúde e com toda a segurança a que estamos habituados em nossa prática cotidiana, assim também suas indicações para médicos das mais diversas especialidades e, claro, para os especialistas médicos e de áreas correlatas da medicina nuclear, para quem oferecemos cursos, simpósios com treinamentos e aulas, que vão desde conceitos básicos até técnicas avançadas, em conjunto com diversas entidades como a Agência internacional de Energia Atômica - IAEA, a própria CNEN e IPEN, Associação Brasileira de Física Médica - ABFM, Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
BLOG: O que a entidade tem feito pela capacitação profissional?
RAFAEL WILLAIN LOPES: No que se refere ao crescimento e reconhecimento da especialidade, buscamos fortalecer os laços institucionais e criar, especialmente no âmbito da formação e educação dos profissionais médicos e de áreas correlatas, proporcionando, assim, sementes para o crescimento futuro do capital humano na área da saúde nuclear brasileira.
Neste sentido, promovemos cursos e simpósios próprios ou em parcerias com diversas instituições, nos mais diversos formatos, presencial, on line, híbrido e contamos para isto com grande apoio de diversas instituições como Agência Internacional de Energia Atômica - IAEA, CNEN, IPEN, Associação Brasileira de Física Médica - ABFM, Colégio Brasileiro de Radiologia - CBR, Associação Americana de Cardiologia - ASNC, ALASBIMN, Associação Europeia de Medicina Nuclear - EANM, dentre outras. Além de diversos webinares, desde a nossa já tradicional quinta-nuclear mensalmente discutindo casos e patologias com participação de profissionais em formação de diversas partes do país, assim como outros específicos que vem a atender a demandas e anseios da comunidade nuclear para discutir temas relevantes a sua prática.
No intuito de alinhar estes dois objetivos, buscamos firmar acordos de cooperação com entidades médicas internacionais que facilitem o intercâmbio de profissionais entre seus respectivos eventos científicos, seja na forma de vantagens para inscrições ou participação direta em eventos ou programas específicos, espaço para entidade nos eventos de forma a difundir a atuação da SBMN. Ainda neste alinhamento, tivemos a oportunidade representar o Brasil integrando uma delegação, em um fórum de especialista de Medicina Nuclear dos BRICS realizado em julho de 2023, no qual podemos constatar a enorme capacidade de cooperação que podemos oferecer aos demais países por meio do material humano e conhecimento acumulado ao longo dos mais de 62 anos de história da SBMN e prática da especialidade no Brasil, com profissionais de competência e renome internacional nas mais diversas áreas da medicina nuclear, da mesma forma que podemos aprender muito e trocar experiências sobre a produção de radiofármacos, com alguns dos líderes mundiais do setor.
BLOG: Bom trânsito na administração pública?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Nas relações institucionais nacionais e internacionais queremos fortalecer as relações da SBMN com os diversos órgãos da administração pública na esfera federal, em especial, aqueles relacionados ao exercício da medicina nuclear.
Buscamos reafirmar o papel da SBMN como o interlocutor dos médicos nucleares, desta forma, dialogar com a comunidade nuclear, e as mais diversa instituições, das mais diferentes esferas, estaduais, federais, públicas e privadas, autarquias, ministérios, poder executivo e legislativo, organizações sem fins lucrativos, conselhos de classe, sociedades profissionais, médicas e não médicas, agências nacionais e internacionais, visando a cooperação mútua, para difusão e expansão do conhecimento sobre a medicina nuclear, sua prática e utilização, bem como perspectivas, sempre com caráter institucional, quando possível na forma através de acordos que possam perdurar e se fortalecer ao longo do tempo tendo como escopo o crescimento do conjunto da comunidade da medicina nuclear e suas áreas de atuação.
A exemplo disso, temos realizados ao longo deste ano reuniões institucionais com ANVISA, suas gerências e presidência, IAEA, EANM, ALASBIMN, ABFM, CBR, com diretorias e a presidência da CNEN, destacando-se na última semana com ministérios como segurança institucional, saúde e o Vice-presidente da República e na sequência com a superintendência do IPEN, tendo em vista alinhamentos conjuntos.
BLOG: Qual o trabalho da SBMN na Educação?
RAFAEL WILLAIN LOPES: No que se refere à Educação, trabalhamos junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e sua câmara técnica de Medicina Nuclear, juntamente com Ministério da Educação (MEC) e Comissão Nacional de Residências Médicas (CNRM), visando uma proposta de inclusão da disciplina no currículo da Medicina em todo o Brasil.
Apesar de termos recebido uma negativa junto à câmara técnica do CFM em uma primeira consulta, continuamos buscando rediscutir o assunto e levar o pleito adiante em outras esferas com MEC e CNRM, uma vez que, sendo uma residência com acesso direto e fundamental, que os estudantes de medicina tomem conhecimento da especialidade já na sua graduação, se não por modo de uma disciplina formal, ao menos por uma carga horaria dedicada a falar sobre a Medicina Nuclear.
De forma similar, achamos extremamente importante divulgar as ciências nucleares para as áreas correlatas, e despertar também interesse nos demais profissionais, fundamentais para o crescimento do conjunto da comunidade, como Físicos, Biomédicos, Farmacêuticos, Químicos, Biólogos, e claro, fomentar também a pesquisa, tão intrinsicamente ligada à educação e ao avanço de qualquer área do conhecimento, através da participação em eventos que visem divulgar as aplicações da medicina nuclear, bem como sua multidisciplinaridade e as perspectivas de atuação neste campo.
E, claro, temos nosso congresso anual, como grande vitrine, a materialização e celebração da ciência da medicina nuclear nas suas mais diferentes vertentes, onde buscamos dar espaços para todos, especialmente pesquisadores de apresentarem seus trabalhos.
Também para a comunidade se atualizar, discutir os avanços que poderão virar benefícios aos pacientes no dia a dia de clinicas e hospitais através do aprimoramento técnico cientifico de seus profissionais e métodos empregados, tanto nos diagnósticos, como nas terapias que vêm ressurgindo com enormes perspectivas no campo agora do que se convenciona chamar de teranóstico, a ideia de associação da terapia ao diagnóstico, ou seja, eu trato o que eu vejo.
BLOG: Na área médica, o que faz a SBMN no que diz respeito à ética?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Fazemos a defesa da atuação profissional ética e responsável, trabalhando junto às instituições para o fortalecimento do papel do médico nuclear como pivô central no cuidado de pacientes em sua jornada de diagnóstico e tratamentos. Além disso, vamos criar um código de compliance e conduta da SBMN, objetivando orientar sócios, diretores, funcionários e parceiros em suas relações futuras, baseado nos preceitos do próprio código de ética médica, tendo em vista a crescente relação da instituição com diversos entes públicos e privados.
Com intuito de atingir este objetivo, já foi comunicado aos sócios em assembleia, os desafios que o mundo moderno e a realidade pós pandemia nos impõe nos aspecto de compliance e das relações com nossos parceiros, e que, para isso, está sendo iniciado o processo de criação de uma cultura de compliance interno e que deverá ter repercussão em todos os níveis de atividade e relações da SBMN, visando ainda mais transparência e segurança, com a criação de documentos relacionados que nos orientarão no futuro destas relações institucionais. Também foi iniciada uma aproximação com as entidades de classe regionais, associações médicas e conselhos, tendo em vistas possíveis sinergias na busca por soluções de questões mais localizadas ou pontuais, e neste sentido uma das sugestões que já surgiu seja a constituição de uma comissão de ética permanente e independente da SBMN, a se discutir no processo que se iniciará.
Perfil
Rafael Willain Lopes - Formado em medicina aos 23 anos pela Universidade Federal de Santa Catarina, cursou Residências em Medicina Interna e Cardiologia em hospitais públicos (Hospital Regional de São José e Instituto de Cardiologia de Santa Catarina) da Secretaria de Saúde de Santa Catarina e ambas pelo MEC, Pós-graduação Lato Sensu em Medicina Nuclear pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Doutorado em 2013 pelo Instituto Dante Pazzanese/Universidade de São Paulo; foi membro do programa de desenvolvimento de lideranças da Sociedade Americana de Cardiologia Nuclear (ASNC), ex-presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia Nuclear do Departamento de Ergometria e Reabilitação (DERC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), membro do corpo editorial do Journal Nuclear Cardiology - JNC e da Revista dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Imagem Cardiovascular - ABC-IC e coordenador médico e responsável técnico do Departamento de Medicina Nuclear do Hospital do Coração/SP; entre outros.
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- 20/12/2023 - Parceria entre Acervo dos Palácios e IPEN restaura escultura de São JerônimoTécnica inovadora consegue recuperar imagem e preservar o patrimônio artístico do Palácio do Governo
Técnica inovadora consegue recuperar imagem e preservar o patrimônio artístico do Palácio do Governo
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
O governo do Estado de São Paulo, através de uma parceria entre o Acervo dos Palácios – departamento da Secretaria da Casa Civil – e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) implementaram com sucesso um processo inovador de recuperação de uma escultura de São Jerônimo em madeira que estava em processo de deterioração.
O projeto, que conta com diversas fases, como o diagnóstico do objeto, a consolidação polimérica, a análise evolutiva das etapas, o restauro e as análises finais, é muito importante para as Ciências do Patrimônio, pois pela primeira vez esse tipo de ação foi realizado com sucesso em um objeto artístico-histórico no Brasil.
O processo começou com uma avaliação do objeto e da escolha pela melhor técnica para recuperá-lo, que levou muitos anos de pesquisa da restauradora-conservadora do Acervo dos Palácios, Adriana Pires. Ela é responsável pelo laboratório de restauro do Acervo dos Palácios há 21 anos e conheceu a técnica de consolidação polimérica durante um simpósio. Logo se lembrou da escultura e da possibilidade de restaurá-la com esse procedimento.
"A escultura de São Jerônimo, em madeira policromada, chegou ao laboratório de restauração em estado grave de conservação. A peça apresentava muitas perdas de suporte por ataques intensos de insetos xilófagos, cupim e broca, e estava totalmente desestruturada pelas perdas significativas de material. Existiam lacunas enormes no interior da peça, o que dificultou nosso trabalho de restauração, já que não dispúnhamos de nada que pudesse alcançar e preencher tão profundamente as áreas atacadas”, disse Adriana.
Segundo a restauradora, a consolidação polimérica com uso de radiação ionizante foi a técnica perfeita para esse processo de reestruturação do suporte. Foi a partir da consolidação no irradiador de cobalto 60 que o processo de restauração da peça pôde ser concretizado.
Para viabilizar o projeto, foi indispensável o apoio da equipe do IPEN, coordenada por Pablo Vasquez, que participou ativamente da pesquisa e possuía laboratório com equipamentos de ponta para a execução.
A consolidação polimérica é um processo que preenche perdas da escultura ("orifícios”) com uma resina que solidifica em contato com radiação gama. Para sua utilização num objeto histórico-artístico, os pesquisadores Dr. Pablo Vasquez e Dra. Maria José de Oliveira selecionaram uma resina específica, dentre diversas desenvolvidas, que se adequasse às especificidades necessárias para o procedimento e respeitassem as particularidades da escultura.
Colaboraram para a viabilização da ação o Departamento de Tomografia do Hospital Universitário da USP e o Museu de Zoologia da USP, que captaram imagens para as análises iniciais do procedimento e as imagens finais para a avaliação de resultados.
Também foram feitas análises físico-químicas em parceria com o Laboratório Essencis Tecnologies, que possibilitarão estudos mais aprofundados sobre a composição técnica da obra.
Durante a consolidação polimérica, a peça foi colocada num pequeno reator, criado sob medida para a escultura. O processo cria um vácuo que força a entrada da resina nos espaços vazios no interior da obra, submersa na substância e dentro da estrutura, com a indução de uma pressão positiva. O processo leva aproximadamente 24 horas.
Na sequência, a escultura passou por processo de restauro no laboratório de restauração do Acervo dos Palácios, onde foram realizadas ações curativas como limpeza (após a realização dos testes de solvência), nivelamentos e reintegração pictórica. Todos os materiais usados na restauração da obra são reversíveis e específicos para esse tipo de ação.
"É gratificante ver o resultado bem-sucedido desse processo de restauro nesta escultura sacra. Acredito que após 10 anos de pesquisa em busca de um método para poder recuperar a obra estamos frente a uma grande conquista científica, que aplicou tecnologia de ponta numa área tão específica como o restauro, possibilitando que a escultura volte a ser exposta.”, declarou Adriana.
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- 15/12/2023 - Íntegra das respostas enviadas para a reportagem sobre a exploração de urânio em Santa QuitériaConfira as respostas enviadas para a matéria ”Água sim, urânio não’: agricultores no CE temem que mineração esgote açude e contamine população’
Confira as respostas enviadas para a matéria ”Água sim, urânio não’: agricultores no CE temem que mineração esgote açude e contamine população’
Fonte: Repórter Brasil
Comissão nacional de energia nuclear (CNEN)O Projeto Santa Quitéria (PSQ) tem como responsável o Consórcio Santa Quitéria, composto pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a pela Fosfatados do Norte Nordeste SA (FOSNOR). O PSQ é um complexo minerário e de beneficiamento que contempla a produção de derivados fosfatados (fertilizantes e produtos para alimentação animal) e a produção de concentrado de urânio, produtos estes derivados da lavra e beneficiamento do minério de fosfato associado ao urânio.
De maneira sumária, e para fins de licenciamento, o PSQ é dividido em duas unidades distintas: a primeira é a Unidade Mínero-Industrial, onde deverá ocorrer a lavra e o beneficiamento do minério fosfático; e a segunda é a Unidade de Urânio.
Com relação ao licenciamento da parte Mínero-Industrial, o PSQ recebeu recentemente a Autorização para Posse, Uso e Armazenamento de Minérios, Matérias-Primas e demais Materiais contendo Radionuclídeos das Séries Naturais do Urânio e/ou Tório (previsão: norma CNEN NN 4.01) – Anexa.
Com relação à parte nuclear do empreendimento (unidade de urânio), a documentação submetida para a obtenção da aprovação de local ainda está sob avaliação.
Consórcio Santa Quitéria
A) Posicionamento enviado após a publicação da matéria:
Nota de esclarecimento
Sobre a reportagem "‘Água sim, urânio não’: agricultores no CE temem que mineração esgote açude e contamine população”, publicada em 15 de dezembro de 2023 pelo veículo Repórter Brasil, o Consórcio Santa Quitéria, formado pela Indústrias Nucleares do Brasil – INB e Galvani, esclarece que:
Recursos hídricos
- O volume de água que será consumido pelo Projeto Santa Quitéria não irá impactar a disponibilidade de água para a população. Para consumir a água da região, o Consórcio Santa Quitéria solicitou e obteve a Outorga junto à Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (COGERH), do Governo do Estado do Ceará, disponibilizando a vazão necessária para a operação do Projeto.
- De acordo com os estudos realizados por órgãos do Governo do Estado do Ceará, o açude Edson de Queiroz possui capacidade suficiente para abastecer o Projeto Santa Quitéria sem prejuízos ao consumo de água das comunidades. É importante mencionar que, no caso de eventual escassez, a prioridade de consumo de água é do ser humano, seguido dos animais. Nesta hipótese, a indústria suspende o uso até que seja regularizada a situação. Este procedimento é previsto na Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
- Importante pontuar que, mesmo no pior cenário histórico do Açude Edson Queiroz, o consumo de água pelo Projeto Santa Quitéria não ultrapassaria 3% do volume do reservatório no mês e, portanto, não afetaria o abastecimento. No cenário atual, o consumo de água mensal seria de, no máximo, 0,5% do volume do reservatório.
- Vale ressaltar ainda que não haverá liberações de líquidos ou quaisquer outros efluentes das instalações do Projeto Santa Quitéria. Tudo será reciclado no processo produtivo em circuito fechado, que impede que os líquidos e efluentes saiam do circuito e atinjam o subsolo ou demais cursos d’água.
Saúde e segurança
- O Projeto Santa Quitéria reforça que não irá contaminar a água, o ar, o solo, nem as lavouras ou as criações de animais da região. Em todas as áreas do processo produtivo e nas localidades vizinhas serão instalados equipamentos para monitorar a radiação e poeira no ambiente. Os órgãos reguladores fiscalizarão, de forma rígida e constante, os resultados desse processo de monitoramento.
- Mesmo com baixa concentração de material radioativo presente em toda a área do Projeto, foi feita uma Modelagem de Impacto Radiológico Atmosférico. Esse estudo simula toda a operação esperada com o desenvolvimento da mina, o beneficiamento, a estocagem, o transporte e as condições de exposição de todas as superfícies que podem ser alcançadas pelo vento e, ocasionalmente, terem suas partículas suspensas no ar.
- O limite admitido pela legislação da CNEN é de 1 mSv/a, que é considerado um valor seguro para a saúde da população. No entanto, para trabalhar com uma segurança ainda maior, a CNEN orienta sempre utilizar um valor menor do que o limite, que é o valor de referência de 0,3 mSv/a. Os resultados obtidos no estudo mostraram que o nível de exposição máximo nos limites da propriedade da Fazenda Itataia será abaixo do valor de referência de 0,3 mSv/a.
- Importante destacar que a atividade será sistematicamente monitorada e os resultados acompanhados pela CNEN, a qual tem autoridade para intervir a qualquer momento, e até paralisar a operação, se entender que a segurança radiológica não está adequada.
B) Respostas às perguntas enviadas pela reportagem:
1) Em que fase está o projeto de exploração na mina de Santa Quitéria? E quais são os próximos passos?
O Projeto Santa Quitéria encontra-se em fase de licenciamento ambiental e nuclear junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama e à Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, respectivamente. Para a obtenção da Licença Prévia (LP), estão sendo realizados estudos complementares ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), conforme solicitação do IBAMA.
Em setembro, o Projeto Santa Quitéria recebeu autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para sua Instalação Mineroindustrial – onde será realizada a lavra e a produção de fosfatados. Vale ressaltar que o licenciamento junto à CNEN ocorre em dois processos. Este, da Instalação Mineroindustrial, é em fase única; o segundo se refere à instalação nuclear e ocorre em três etapas.
2) O projeto prevê a exploração e o beneficiamento do fosfato somente? Se sim, o que seria feito com o urânio extraído juntamente do local?
O Projeto Santa Quitéria prevê a construção e a operação de um complexo mineroindustrial para produzir anualmente cerca de:
1,05 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados e 220 mil toneladas de fosfato bicálcico, o que corresponde a 99,8% da produção prevista pelo empreendimento. Os fertilizantes fosfatados serão utilizados como adubo para a agricultura e irão ajudar a reduzir a dependência nacional deste insumo e contribuir para a segurança alimentar do país (hoje, o Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes que consome). Já a produção de fosfato bicálcico, será destinada à alimentação animal, o que corresponde a 50% da demanda atual deste insumo nas regiões Norte e Nordeste.
2,3 mil toneladas de urânio em seu estado natural (sem nenhum tipo de enriquecimento), o que equivale a apenas 0,2% do material que será produzido pelo projeto.
Quanto aos produtos, os fertilizantes e o fosfato bicálcico serão comercializados pela Galvani e o concentrado de urânio entregue à INB.
3) O consórcio tem um cálculo aproximado da quantidade de água necessária para a exploração? E como seria o abastecimento? Já há um plano de onde viria a água?
O Consórcio Santa Quitéria solicitou e obteve a Outorga junto à Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (COGERH), do Governo do Estado do Ceará, para a vazão necessária para a operação do projeto, que é de 855 m³/hora. A Outorga possui validade de 10 anos.
Importante ressaltar que o volume de água que será consumido pelo Projeto Santa Quitéria não irá impactar a disponibilidade de água para a população. Mesmo com a captação já outorgada, somado aos diversos outros usos do recurso hídrico pela sociedade, o açude permanece com mais de 70% do seu volume outorgável disponível.
Durante as obras do Projeto Santa Quitéria, o abastecimento será feito por meio de caminhões-pipa com frota dedicada, que também fornecerão água potável para os trabalhadores. Já o abastecimento durante a fase de operação será realizado por meio de uma adutora, a partir do açude Edson Queiroz. A adutora, que será construída pelo Governo do Estado do Ceará, vai abastecer os assentamentos de Morrinhos, Queimadas, distrito de Riacho das Pedras e o Projeto Santa Quitéria. Vale mencionar que estas localidades, que sofrem atualmente com a escassez de água, terão acesso à água tratada e suficiente para atender 100% da população desses assentamentos.
4) A população local me pareceu bastante avessa ao projeto. Como tem sido o contato do Consórcio com os moradores?
O Consórcio Santa Quitéria preza pelo diálogo aberto e transparente com a sociedade e todas as partes interessadas no projeto. Ao longo do processo de licenciamento ambiental, o Consórcio tem apresentado e discutido o projeto abertamente com representantes da sociedade civil de diversas localidades. Como parte desse processo, também foram realizadas audiências públicas em Santa Quitéria, Itatira e Canindé em junho de 2022.
Além disso, o Consórcio mantém escritórios nos municípios de Santa Quitéria e Itatira e equipes de campo dedicadas diariamente ao processo de relacionamento e comunicação social para ouvir e esclarecer todos os questionamentos e dúvidas da população, além de disponibilizar e-mail e telefone gratuito para receber e responder dúvidas. Conta ainda com perfis em redes sociais nos quais divulga informações sobre o Projeto e esclarece questionamentos dos internautas.
5) O que muitos moradores do entorno da mina disseram à reportagem foi que muitas amostras de água e de alimentos produzidos na região já foram levadas para análises, mas eles nunca receberam retorno sobre os resultados. Como essas análises foram feitas? Há resultados? Os moradores receberam alguma devolutiva? Se sim, como foi?
As amostras coletadas na região do Projeto Santa Quitéria foram analisadas, seguindo normas técnicas adequadas, por laboratórios certificados. Os resultados das análises têm sido apresentados pela equipe do Consórcio Santa Quitéria para comunidades da região.
6) Outra questão pontuada pela população é referente à incidência de câncer em pessoas que já trabalharam nas escavações das galerias que já existem na mina. Há algum estudo sobre o impacto da radiação na região?
Dados públicos da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, apresentados durante audiência Pública do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB/CE) em 2022, apontam Santa Quitéria e Itatira com índices de câncer abaixo da média cearense.
O Consórcio Santa Quitéria informa que, quando foram realizadas pesquisas e atividades de remoção de amostras de minério na jazida de Itataia na década de 1970, foram aplicados todos os controles radiológicos pertinentes e respeitados os limites de exposição, definidos pela legislação vigente.
O Consórcio Santa Quitéria ressalta ainda que a operação do Projeto Santa Quitéria não irá aumentar o número de casos de câncer na região, nem contaminará a água, ar, solo, lavouras ou criações de animais da região. Os níveis de radiação durante a operação do empreendimento não serão prejudiciais à saúde dos trabalhadores e nem das populações locais, uma vez que as doses que possam ser potencialmente geradas serão monitoradas e controladas para que permaneçam dentro dos rígidos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
É importante mencionar que a radiação ocorre naturalmente e vem de diferentes fontes ao nosso redor, não somente do urânio. Não há evidências de efeitos adversos à saúde em doses baixas, como é o caso do urânio em seu estado natural. A atividade de mineração não aumenta a radiação emitida por esse mineral porque ela trabalha com o urânio em estado natural.
7) Em uma eventual exploração, como seriam feitos os descartes dos resíduos?
Importante ressaltar que o Projeto Santa Quitéria não terá barragem de rejeitos.
O Projeto Santa Quitéria produzirá apenas resíduos em pilha – na prática, significa que o fosfogesso e a cal gerados no processo serão dispostos em uma pilha seca em área adequada e impermeabilizada, que contará com sistema de drenagem interna.
8) E como o Consórcio garante a segurança diante de possíveis acidentes?
O Projeto Santa Quitéria irá utilizar tecnologias atualizadas e empregar controles eficientes tanto na lavra como no beneficiamento do minério contendo fosfato e urânio, assegurando a proteção de todos. Todos os aspectos ambientais e radiológicos serão reportados pelo Consórcio e fiscalizados pelos órgãos responsáveis.
Importante mencionar que não há riscos de acidentes nucleares no Projeto Santa Quitéria. O empreendimento trabalhará com o urânio em seu estado natural, ou seja, na forma como é encontrado na natureza, que tem como característica a baixa emissão de radiação.
Reforçamos ainda que o transporte de concentrado de urânio não representa risco algum à saúde das pessoas ou ao meio ambiente. O transporte de material nuclear é uma das atividades rotineiras da INB, que possui mais de 20 anos de experiência – sem registros de acidentes.
9) No pedido de licença ambiental protocolado no Ibama em junho de 2020, na Ficha de Caracterização de Atividade está descrito que "o objetivo é que o empreendimento produza anualmente 750.000 toneladas de derivados fosfatados, que são fertilizantes e produtos para alimentação animal, e 1.600 toneladas de urânio” e ainda que o empreendimento terá vida útil de 26 anos. Mas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) protocolado no ano seguinte, o consórcio afirma que a "produção anual estimada será de 1.050.000 de toneladas de fertilizantes fosfatados e 220.000 toneladas de fosfato bicálcico para alimentação animal e 2.300 toneladas de concentrado de urânio”. Por que foi feita essa modificação? Essa ampliação da produção não necessita de uma mudança no Termo de Referência aprovado pelo Ibama?
O Projeto Santa Quitéria segue avançando com constantes inovações para melhorias no processo produtivo desenvolvido e redução dos impactos, e isso traz mudanças nas previsões de produção. Tais alterações já foram apresentadas no EIA de 2021, não havendo alteração da ADA ou seus impactos, mas sim uma otimização do processo com maior aproveitamento.
É importante destacar que o processo de licenciamento inicia-se por meio do preenchimento, pelo empreendedor, do formulário de caracterização de atividade (FCA).
As informações que compõem o FCA subsidiam o Ibama nas duas próximas etapas: triagem e definição do escopo. Por este preenchimento se dar previamente à realização dos estudos, são possíveis diferenças entre as informações ali apresentadas e aquelas descritas ao final da elaboração do EIA – não só pela maturidade do processo de desenvolvimento do projeto, como pela influência dos próprios estudos nos ajustes sobre o projeto inicialmente previsto.
Sobre o Projeto Santa Quitéria
Desenvolvido pelo Consórcio Santa Quitéria, formado pela Galvani e pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o Projeto Santa Quitéria prevê a construção e a operação de um complexo mineroindustrial para produzir anualmente cerca de 1,05 milhão de toneladas de adubos fosfatados e 220 mil toneladas de fosfato bicálcico, o que corresponde a 99,8% da produção prevista. Cerca de 2,3 mil toneladas de urânio em seu estado natural (sem nenhum tipo de enriquecimento) também serão produzidas anualmente, o que equivale a apenas 0,2% do material que será produzido pelo empreendimento. Estratégico para diminuir a dependência brasileira de importação de fertilizantes, e com grande importância na segurança alimentar do país, o Projeto Santa Quitéria tem investimento estimado em R$ 2,3 bilhões e, quando estiver em operação, irá gerar cerca de 2,8 mil empregos diretos e indiretos.
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- 15/12/2023 - ‘Água sim, urânio não’: agricultores no CE temem que mineração esgote açude e contamine populaçãoConsórcio Santa Quitéria, formado pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela empresa Galvani, avança com projeto de exploração de fosfato e urânio, no sertão do Ceará; População teme efeitos da radiação e escassez de água por causa da mineração
Consórcio Santa Quitéria, formado pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela empresa Galvani, avança com projeto de exploração de fosfato e urânio, no sertão do Ceará; População teme efeitos da radiação e escassez de água por causa da mineração
Fonte: Repórter Brasil
No sertão do Ceará, a pouco mais de 200 quilômetros da capital Fortaleza, os 43 mil habitantes de um pequeno município vivem à sombra de uma montanha. A imensa elevação rochosa que marca a paisagem de Santa Quitéria não funciona apenas como um escudo contra o sol escaldante do semiárido nordestino. Ela também concentra a maior reserva de urânio do país, matéria-prima para a geração de energia nuclear.
Há pelo menos duas décadas, os moradores ouvem promessas de que a extração do minério vai trazer riqueza e empregos. O projeto, no entanto, enfrenta resistência, principalmente na zona rural. A população teme que a radiação do urânio gere problemas de saúde e que a mineração consuma boa parte das já escassas reservas de água da região. Após 20 anos de idas e vindas, a exploração nunca esteve tão perto de sair do papel.
Descoberta em 1974, a jazida também contém também fosfato, além de urânio, e representa um negócio estratégico para o Consórcio Santa Quitéria – formado pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela empresa Galvani, do setor de fertilizantes.
Em nota enviada à reportagem, o grupo nega que a exploração da mina vá comprometer o abastecimento de água no município. Já sobre os riscos de contaminação, o texto sustenta que "não há evidências de efeitos adversos à saúde em doses baixas, como é o caso do urânio em seu estado natural”. (leia a resposta na íntegra)
Licenciamento ambiental
A apreensão da população de Santa Quitéria tem motivo: o início da extração de urânio parece cada vez mais próximo. Em setembro, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), vinculada ao governo federal, deu sinal verde para a exploração do fosfato, insumo básico para a indústria de fertilizantes. Agora, o órgão analisa a autorização da mineração do urânio. Em nível estadual, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), já assinou um memorando para alinhar compromissos com o Consórcio.
Além disso, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) aguarda a entrega do estudo de impacto ambiental (EIA/RIMA) até o final deste mês. Essa etapa é crucial para a aprovação do licenciamento ambiental do empreendimento – é a terceira vez em duas décadas que o consórcio tenta cumprir essa exigência.
A primeira ocorreu em 2004, quando chegou a obter a licença prévia da Secretaria de Meio Ambiente do Ceará. Porém, após uma ação movida pelo MPF (Ministério Público Federal), a Justiça determinou que a concessão seria de competência do Ibama, anulando a concessão estadual.
Em 2015 o empreendimento entregou ao órgão federal o estudo de impacto ambiental, mas o licenciamento foi negado quatro anos depois. "Havia tantas falhas que não era possível atestar nem mesmo a inviabilidade técnica do projeto”, afirmou um servidor do Ibama que preferiu não ser identificado. A terceira tentativa está em curso desde 2020.
Após a entrega do estudo de impacto, o órgão federal tem ao menos um ano para analisar o documento e decidir pela concessão ou não da licença. "O Ibama agora é o ponto focal para o projeto avançar”, afirma Carlos Freire Moreira, presidente da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear) e ex-presidente da INB. Segundo o servidor ouvido pela reportagem, há "muitas questões difíceis de serem solucionadas”. A principal delas é a água, consumida em larga escala no processo de extração e beneficiamento do minério.
Apenas metade da população de Santa Quitéria tem acesso a água encanada, segundo o Sistema Nacional de Informações de Saneamento. Não à toa, o município está entre as 20 cidades do Ceará com a maior quantidade de cisternas, de acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.
O projeto prevê que o açude Edson Queiroz, distante 15 quilômetros do centro da cidade e responsável por abastecer todo o município, também servirá de fonte para a mineração. Para fazer chegar até a jazida os 855 mil litros de água por hora que a operação necessita, o governo do Ceará se comprometeu a construir uma adutora.
O consórcio Santa Quitéria afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a adutora abastecerá também a população de um distrito e dois assentamentos no entorno da fazenda Itataia, onde fica a mina. "Estas localidades, que sofrem atualmente com a escassez de água, terão acesso a água tratada e suficiente para atender 100% da população desses assentamentos”.
A oferta, no entanto, é vista como "chantagem” pela população. "Não precisa de mineração para dar acesso a água para as pessoas”, diz Pedro D’Androsa, membro do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Em nota enviada após a publicação da reportagem, o consórcio afirma que, "de acordo com os estudos realizados por órgãos do Governo do Estado do Ceará, o açude Edson de Queiroz possui capacidade suficiente para abastecer o Projeto Santa Quitéria sem prejuízos ao consumo de água das comunidades”. O texto informa ainda que, "no caso de eventual escassez, a prioridade de consumo de água é do ser humano, seguido dos animais. Nesta hipótese, a indústria suspende o uso até que seja regularizada a situação. Este procedimento é previsto na Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997”.
‘Riqueza de um lado, pobreza do outro’
Nos últimos anos, uma conjunção de eventos vem impulsionando o projeto de extração de minério das jazidas de Santa Quitéria. Dentre elas, as políticas de incentivo à energia nuclear retomadas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a Guerra da Ucrânia, que alavancou o debate sobre a dependência brasileira do fosfato russo, essencial à fabricação de fertilizantes usados pelo agronegócio.
O consórcio prevê que a maioria da produção da jazida será de fosfato – e só 0,2% de urânio. Apesar do pequeno percentual, a produção estimada impressiona: 2,3 mil toneladas de urânio por ano, o que faz da mina de Santa Quitéria o maior depósito deste elemento químico da América Latina, segundo Moreira.
Em Caetité (BA), único local onde há mineração de urânio hoje no Brasil, a capacidade de produção é de 400 toneladas por ano. Também explorada pela INB, a operação na Bahia está sob investigação do Ministério Público do Estado da Bahia devido a denúncias de contaminação da água na região.
"Nosso medo é que Santa Quitéria seja a nova Caetité”, diz a agricultora Liduina de Almeida Paiva, 47. "Lá é a riqueza do urânio de um lado, e a pobreza da população do outro”, complementa. Ela vive em uma das 156 comunidades que o movimento popular calcula que serão afetadas pelo empreendimento.
A agricultora Patrícia Gomes, 31, também mora em uma dessas comunidades, a dois quilômetros da mina. Ela acredita que a radiação seja a responsável pela doença de seus familiares. "Meu pai trabalhou na abertura da galeria da mina, na década de 1970, e morreu de câncer no intestino”, conta ela. "Já a minha mãe cozinhava e lavava a roupa dos trabalhadores, e teve câncer de estômago”. Patrícia tem um lote no assentamento Queimadas, onde também há outras 17 famílias.
Entretanto, não há estudos que comprovem a relação entre a mina e os casos de câncer enfrentados por familiares de Patrícia ou por outros moradores. Dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, consultados pelaRepórter Brasil, mostram que Santa Quitéria não figura entre os municípios cearenses com os maiores índices da doença no estado. Casos registrados de todos os tipos da doença vêm aumentando nas últimas décadas, mas seguem uma curva geral.
Professora do curso de engenharia nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Inayá Corrêa Barbosa Lima afirma que a preocupação dos moradores é legítima, mas ocorre devido à falta de clareza na comunicação sobre os impactos. "Os benefícios socioeconômicos são muito maiores do que qualquer risco futuro”, afirma a docente. "Há muitas normas que são seguidas e o setor de mineração tem avançado bastante em termos de tecnologias mais seguras”, acrescenta.
Na opinião de Elisabeth Mateus Yoshimura, professora do Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física da USP, a mineração de urânio merece atenção redobrada. "O movimento de tirar o material do subsolo gera uma poeira radioativa que vai se depositar nas plantas, na terra e isso precisa ser minimizado”, explica. "E a água utilizada no processamento também precisa de um tratamento em decorrência dos produtos químicos utilizados na mineração”, complementa.
Yoshimura reflete ainda sobre as contrapartidas oferecidas pelas mineradoras e pelo poder público. "Esse ajuste precisa ser bom. As pessoas vão receber um pagamento justo? Vão trabalhar com a segurança adequada, protegidas da radiação?”, questiona.
No mês passado, o CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos), vinculado ao governo federal, aprovou um relatório sobre as violações relacionadas ao projeto de mineração. Dentre a série de apontamentos, o documento elenca a escassez hídrica, a falta de escuta à população local e a omissão dos riscos relacionados à radiação.
O consórcio afirma que tem apresentado e discutido o projeto "abertamente com representantes da sociedade civil de diversas localidades. Como parte desse processo, também foram realizadas audiências públicas em Santa Quitéria, Itatira e Canindé em junho de 2022”.
Na nota enviada após a publicação desta matéria, o consórcio afirma que "o Projeto Santa Quitéria reforça que não irá contaminar a água, o ar, o solo, nem as lavouras ou as criações de animais da região. Em todas as áreas do processo produtivo e nas localidades vizinhas serão instalados equipamentos para monitorar a radiação e poeira no ambiente. Os órgãos reguladores fiscalizarão, de forma rígida e constante, os resultados desse processo de monitoramento”.
Antônio Ferreira Duarte, diretor-geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, acredita que é preciso informar melhor a sociedade sobre o projeto. "As pessoas têm medo daquilo que não conhecem”, diz.
Enquanto o consórcio tenta vencer as etapas burocráticas, a população teme o despertar da mina, um gigante que antes só acordava a cada dois anos. "A gente ouvia falar mais sobre a mina em período eleitoral”, diz Liduína. "Trocavam votos pela promessa de empregos na mineração”.
A Repórter Brasil solicitou entrevistas com a prefeita de Santa Quitéria, Lígia Protásio (PP), e com o governador Elmano Freitas, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O texto será atualizado caso os posicionamentos sejam enviados.
A matéria foi atualizada às 11h do dia 18 de dezembro para ampliar o posicionamento do Consórcio Santa Quitéria. A íntegra pode ser conferida no link da resposta, disponibilizado ao longo do texto.
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- 15/12/2023 - FAPESP e CNPq lançam nova chamada para fixação de jovens doutoresSerão concedidas Bolsas de Pós-Doutorado Júnior e Pós-Doutorado empresarial, pelo CNPq, e uma complementação pela FAPESP denominada Bolsa Fixação de Jovens Doutores
Serão concedidas Bolsas de Pós-Doutorado Júnior e Pós-Doutorado empresarial, pelo CNPq, e uma complementação pela FAPESP denominada Bolsa Fixação de Jovens Doutores
Fonte: Agência FAPESP
A FAPESP e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciam o lançamento de uma nova chamada de propostas de apoio à fixação de jovens doutores.
A chamada visa criar condições favoráveis para que jovens doutores possam prosseguir com suas carreiras no estado de São Paulo por meio de:
Bolsas de Pós-Doutorado Junior (PDJ) para desenvolvimento de atividades de pesquisa junto a grupos e redes de reconhecida excelência no estado de São Paulo; ou
Bolsas de Pós-Doutorado Empresarial (PDI) para desenvolver atividades de pesquisa tecnológica e de inovação em empresas públicas ou privadas, em especial startups de base tecnológica no estado de São Paulo.
Serão concedidas Bolsas de PDJ e PDI sob a responsabilidade do CNPq, e uma complementação de Bolsa denominada Bolsa Fixação de Jovens Doutores (FJD), sob a responsabilidade da FAPESP, de modo a adequar o valor da Bolsa ao praticado nas Bolsas de Pós-Doutorado da FAPESP, além de recursos de capital e custeio para o Auxílio à Pesquisa no valor de R$ 52.350,00, sob responsabilidade da FAPESP.
As bolsas a serem concedidas visam contribuir para a retenção de jovens doutores em Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) e empresas, em áreas consideradas de vanguarda científico-tecnológica e/ou em temas estratégicos para o estado de São Paulo.
Propostas devem ser submetidas por meio do SAGe até 19 de fevereiro de 2024.
A chamada está disponível em: fapesp.br/16495.
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- 14/12/2023 - Pele de tilápia é opção para tratar lesões de córnea em cãesUsado como biocurativo, material rico em colágeno estimula a regeneração celular e acelera a cicatrização
Usado como biocurativo, material rico em colágeno estimula a regeneração celular e acelera a cicatrização
Fonte: Revista FAPESP
Uma nova técnica cirúrgica que utiliza um biotecido originado da pele de tilápia-do-nilo (Oreochromis nicoticus) tem ajudado a reestabelecer a visão de cães portadores de úlceras ou lesões graves de córnea, inclusive perfurações. A novidade é uma membrana rica em colágeno, substância eficiente em processos de reparação celular, feita a partir da pele do peixe, espécie de água doce comum no Brasil. Desenvolvida por pesquisadores do Núcleo de Produção e Desenvolvimento de Medicamentos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (NPDM-UFC), o enxerto é usado como curativo no pós-cirúrgico, induzindo a regeneração ‒ ou reepitelização ‒ da córnea e acelerando a cicatrização.
"Nos últimos quatro anos, já recuperamos a saúde ocular de mais de 400 cães com o uso dessa nova técnica cirúrgica”, afirma a veterinária Mirza Melo, que lidera o estudo. "A membrana, tecnicamente uma matriz dérmica acelular, funciona como um arcabouço [scaffold], protegendo a córnea e estimulando a produção celular nas áreas afetadas. Ela vai liberando colágeno e depois é absorvida pelo organismo.” Segundo Melo, cães braquicéfalos, como buldogues, pugs, lhasas e shih-tzus, que têm o focinho curto e os olhos maiores e mais expostos, são os mais propensos a sofrer lesões de córnea.
Para a produção do biotecido, explica a pesquisadora, a pele do peixe passa por um longo processo em laboratório para remoção das escamas e de todas as células, de forma que reste apenas o colágeno. "Já há no mercado membranas biológicas feitas de material bovino ou suíno, mas são importadas. A vantagem da nossa é que deriva de um refugo da indústria pesqueira e de um peixe largamente cultivado na região, o que permitirá fabricar membranas de baixo custo.”
O emprego da matriz dérmica da pele de tilápia em cirurgias oftalmológicas foi tema do mestrado de Melo no Programa de Pós-graduação em Medicina Translacional, realizado sob orientação do médico Manoel Odorico de Moraes Filho, coordenador do NPDM. No estudo com 60 cães com lesões de córnea, ela comparou o uso da matriz, de uma membrana comercial derivada da mucosa do intestino de suínos e de um enxerto conjuntival do próprio indivíduo. "Nossa matriz dérmica mostrou-se superior, proporcionando menor tempo de cicatrização e alta do animal”, diz Melo. As etapas experimentais da pesquisa foram realizadas no Centro de Olhos Veterinário, clínica particular de atendimento oftalmológico coordenada pela pesquisadora.
Relato do primeiro caso
A descrição do primeiro animal operado com a nova técnica, uma cadela da raça shih-tzu com uma perfuração no olho, foi publicada na revista científica Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, em 2022. "O relato sugere que a cicatrização promovida pelo enxerto da matriz de pele de tilápia em córneas de cães mostrou-se vantajosa, obtendo maior transparência, ausência de melanose [mancha], baixa vascularização e boa lubrificação”, anotaram os autores do artigo. O resultado desse primeiro caso foi apresentado no Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária no final de 2021 e recebeu o prêmio de melhor trabalho do evento.
A investigação de Melo, que é professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e está cursando doutorado na UFC, insere-se em um estudo mais amplo com foco no uso medicinal da pele de tilápia. Iniciada em 2014 no Ceará, essa pesquisa é liderada pelo cirurgião plástico Edmar Maciel, do NPDM-UFC e do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), de Fortaleza. A pele do peixe liofilizada,ou seja, desidratada, esterilizada, irradiada com raios gama e embalada a vácuo,já se mostrou eficaz como curativo biológico no tratamento de queimados, na reconstrução do canal vaginal de pacientes submetidas à cirurgia de redesignação sexual e na reparação de dedos de crianças portadoras de uma condição rara, a síndrome de Apert, que causa má formação das mãos (ver Pesquisa FAPESP no 280).
"Começamos a desenvolver a matriz dérmica acelular da pele de tilápia em 2018. Desde então, uma série de ensaios laboratoriais foram realizados para sua caracterização e produção”, explica Maciel. Ele informa que o uso do biotecido vem sendo pesquisado em mais de uma dezena de especialidades médicas, entre elas urologia, cardiologia, cirurgia geral e neurologia. "Além da pesquisa de Melo na oftalmologia veterinária, uma das investigações mais avançadas do grupo é em cirurgias de crânio [ver boxe abaixo].”
As análises químicas, biológicas e morfológicas da matriz dérmica foram coordenadas pelo bioquímico Carlos Roberto Koscky Paier, professor de farmacologia da UFC, e pelo biólogo Felipe Augusto Rocha Rodrigues, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Os dois são os responsáveis pela área de pesquisa de novos produtos da pele de tilápia.
"O desenvolvimento da matriz dérmica foi semelhante ao do curativo biológico feito com a pele liofilizada. Tivemos que padronizar um método químico, bioquímico e enzimático para retirar o conteúdo celular do tecido da pele causando o mínimo de dano à matriz extracelular, rica em colágeno”, explica Paier. "Para isso, testamos vários métodos de descelularização com diferentes soluções, basicamente detergentes biocompatíveis.”
O passo seguinte foi a realização de análises histológicas da membrana, empregando técnicas de microscopia óptica, para verificar sua morfologia. Com apoio da microscopia de fluorescência, conseguiram estimar o número de células retiradas. "Também extraímos o DNA da pelein natura e da matriz acelular, depois do processo de remoção de células, para quantificar o DNA remanescente. Houve uma redução de mais de 90%, o que foi considerado satisfatório.”
A equipe fez testes tensiométricos comparando a resistência da matriz dérmica e a pele do peixe. Esses ensaios mostraram uma pequena redução na resistência à tração da membrana de colágeno, mas nada que comprometesse seu uso como matriz proteica biocompatível. Também foram feitos estudos de citotoxicidade. Como o material provém de um animal de vida livre, exposto à contaminação por diversos microrganismos, ele passa, ainda antes da descelularização, por um processo de descontaminação química que pode deixar resíduos tóxicos nas proteínas da matriz extracelular.
"Tivemos que desenvolver um processo de desintoxicação a nível histológico. Ensaios de citotoxicidade por contato indireto com o biomaterial comprovaram que foi efetivo”, conta o bioquímico da UFC, que fez doutorado com foco na análise de um grupo de proteínas cardíacas, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, com apoio da FAPESP.
Os bons resultados obtidos até então com o uso do biocurativo em cães levaram os pesquisadores cearenses a aprimorar a matriz visando sua aplicação em humanos. "Em 2021, fomos convidados pelos organizadores do Congresso Cearense de Oftalmologia e apresentamos nossa membrana”, diz Melo. A expectativa dos pesquisadores é de iniciar em breve estudos com a matriz em voluntários.
Para o médico veterinário Flávio Vieira Meirelles, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), que não participou da pesquisa da UFC, o uso de uma matriz dérmica acelular rica em proteínas de colágeno é uma estratégia interessante em tratamentos veterinários por favorecer a migração de células em áreas lesionadas.
"O emprego da membrana extraída da pele de tilápia mantém o ambiente protegido, mais umidificado, estimulando a regeneração. O resultado é que o tecido tratado, como a córnea de animais, começa a se remodelar”, diz Meirelles. "A investigação envolvendo a pele de tilápia é importante, mas há outros grupos de pesquisa no estado de São Paulo e no país que trabalham com diferentes tecidos descelularizados, como membranas amnióticas, derivadas da placenta, em tratamentos veterinários. Há também o uso de membranas de origem animal em válvulas cardíacas, já bastante consolidado e com aplicação em seres humanos.”
Em cirurgias no crânio
Matriz dérmica também é testada na recomposição da membrana que reveste o cérebro
Outra vertente da pesquisa com a matriz dérmica acelular da pele de tilápia é sua utilização em cirurgias cranianas, decorrentes de acidentes ou doenças, na recomposição da membrana de dura-máter, a mais externa das três meninges que revestem o cérebro, e o sistema nervoso central. Esse estudo é conduzido pelo grupo do neurocirurgião Rodrigo Becco, doutorando em medicina translacional pela UFC.
"Sintetizamos as membranas e depois dos testes in vitro selecionamos algumas para os ensaios com animais”, informa Becco. Nos testes que conduziu com ratos, o pesquisador operou 36 animais, divididos em três grupos. No primeiro, ele usou uma membrana de referência, considerada padrão ouro, já comercializada no Brasil e no mundo e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, e pela União Europeia. No segundo, foi usada a matriz rica em colágeno da pele de tilápia, e no terceiro grupo os animais passaram apenas por uma craniectomia, que é a remoção de uma parte do osso da calota craniana, sem que fosse colocada uma membrana no local.
De acordo com o pesquisador, a matriz dérmica da pele de tilápia tem características muito parecidas com a dura-máter em termos de espessura e flexibilidade. "O que os primeiros resultados mostraram é que ela não provoca um processo inflamatório. É bastante maleável e funciona como uma barreira mecânica muito eficiente, até mais que a membrana de referência”, relata Becco.
"Nosso próximo passo é obter autorização do Comitê de Ética da faculdade para fazermos ensaios em humanos e verificar se os bons resultados observados em animais se repetem”, finaliza.
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- 13/12/2023 - FAPESP abre chamada para estágio em universidades italianasEstão disponíveis bolsas BEPE para bolsistas de Mestrado, Doutorado, Doutorado Direto ou Pós-Doutorado em todas as áreas do conhecimento
Estão disponíveis bolsas BEPE para bolsistas de Mestrado, Doutorado, Doutorado Direto ou Pós-Doutorado em todas as áreas do conhecimento
Fonte: Agência FAPESP
A FAPESP lançou uma chamada de propostas que permite a beneficiários de Bolsa da FAPESP de Pós-Doutorado, Doutorado, Doutorado Direto ou Mestrado realizar estágios de curta e média duração em universidades italianas, em qualquer área do conhecimento.
A chamada integra o Programa de Mobilidade Confap/Itália 2023, no âmbito de acordo de cooperação científica assinado entre o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) – representando a FAPESP e demais fundações de amparo à pesquisa estaduais brasileiras – e a Rede Italiana de Universidades, composta por 14 universidades.
O estágio de pesquisa na Itália deverá necessariamente fazer parte do projeto de pesquisa que fundamenta a concessão da bolsa em andamento. As Bolsas BEPE, portanto, não podem ser solicitadas de forma independente, conforme as normas do Programa Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) da FAPESP.
O bolsista pode conferir, por meio do website do programa de mobilidade, as oportunidades de pesquisa oferecidas pelas instituições italianas, divididas por áreas de conhecimento. Também é possível contatar as instituições diretamente para ter acesso a outras oportunidades.
O prazo final para a submissão de propostas é 11 de março de 2024. As propostas devem ser enviadas à FAPESP, por meio do SAGe, e à Confap, por meio da plataforma https://sistema.confap.org.br/. Além de anexar sua proposta de projeto científico e currículo, o bolsista deverá apresentar uma carta da instituição no exterior aceitando-o como candidato e indicando o pesquisador responsável pela supervisão.
As orientações específicas aos pesquisadores do Estado de São Paulo estão na página https://fapesp.br/16464.