Ipen na Mídia
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- 23/02/2024 - UFC e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) firmam acordo; ciência de materiais e divulgação científica são focoFonte: Universidade Federal do Ceará
A Universidade Federal do Ceará (UFC) oficializou, por meio da assinatura de um acordo ocorrida nesta sexta-feira (23), cooperação técnica com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Na ocasião, a vice-reitora no exercício da Reitoria, Profª Diana Azevedo, recebeu a coordenadora de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do IPEN, Profª Isolda Costa, e Jesualdo Luiz Rossi, professor titular do IPEN e gerente-adjunto do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CECTM) da instituição paulista.O acordo tem como objetivo principal o desenvolvimento conjunto de projetos de pesquisa e a divulgação das respectivas áreas de atuação das duas instituições na sociedade. O documento prevê parceria nas áreas de materiais (especificamente corrosão) e divulgação científica, com potencial de estender-se a temas como saúde, meio ambiente, energias renováveis, energia nuclear e indústria. Outra meta é a promoção conjunta de eventos relacionados às áreas da cooperação, intercâmbios de docentes dos programas de pós-graduação do IPEN/CNEN e da UFC, bem como a realização de estágios em ambas as instituições por alunos, pesquisadores e colaboradores.
Em um momento inicial do encontro, a Profª Isolda detalhou a infraestrutura, as linhas de pesquisa e os serviços prestados à sociedade e ao setor produtivo pelo IPEN, que conta com dois dos quatro reatores nucleares em atividade no País e fornece insumos para diversos procedimentos de diagnóstico médico, como os exames de cintilografia feitos no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Nós temos no IPEN várias áreas de pesquisa que se coadunam com aquelas realizadas na UFC. São exemplos os trabalhos em energias renováveis, combustíveis e hidrogênio, que são temas onde a UFC tem expertise. Firmando esse acordo, acreditamos que a aproximação será muito maior. Poderemos trazer mais professores e pós-graduandos para se juntarem a esse trabalho de colaboração, além de juntar forças para divulgar as pesquisas de diversas áreas, dentro e fora das instituições”, explicou a coordenadora.
De acordo com Isolda, tanto o IPEN/CNEN quanto a UFC possuem infraestruturas muito boas, que se somarão na produção de pesquisas de alta qualidade. "Isso elevará a possibilidade de divulgação de resultados em revistas de alto fator de impacto no País e no mundo. Esse trabalho em rede será capilarizado muito mais rapidamente. É o começo de um novo caminho, com muito crescimento e atração de pesquisadores”, vislumbrou a representante do IPEN/CNEN.
A vice-reitora Diana Azevedo explanou aos presentes sobre a distribuição geográfica da UFC, seu processo de expansão, os recursos laboratoriais disponíveis e conceituados programas de pós-graduação, especialmente os de nota 6 e 7. Ela expressou sua satisfação com o acordo, ressaltando sua significância para a UFC: "Comemoramos este acordo como uma das conquistas em celebração aos 70 anos de nossa instituição. Representa uma oportunidade para estabelecer uma conexão formal entre a UFC e o IPEN, um instituto de grande importância para o Brasil. A cooperação abrange não apenas a área de materiais, mas também se estende à educação, contribuindo para a alfabetização científica da população sobre questões relacionadas às energias nucleares”, afirmou, enfatizando um resultado significativo dessa colaboração que será concretizado ainda este ano, que é a organização conjunta do 25º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais (CBECiMat), evento de envergadura nacional a ser realizado em novembro em Fortaleza.
Os próximos desdobramentos da parceria serão um levantamento, a ser feito na UFC e no IPEN, para identificar pesquisadores interessados em integrar as atividades previstas no acordo, ampliando as possibilidades de colaboração e pesquisa, além da organização conjunta do 25º CBECiMat, em cuja comissão organizadora estão os professores Jesualdo Rossi, Walney Araújo e Igor Vasconcelos, os dois últimos do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFC.
Participaram da reunião os pesquisadores Igor Frota Vasconcelos, Walney Silva Araújo e Elineudo Pinho de Moura (DEMM-UFC); a assessora de Meio Ambiente do Gabinete do Reitor, Profª Aliny Abreu; o assessor especial do Gabinete da Reitoria, Prof. Ciro Nogueira Filho; e o coordenador de Articulação Política Institucional do Gabinete da Reitoria, Daniel Fonsêca.
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- 13/02/2024 - Ciência no ritmo da bateria... nuclear!!!Fonte: Brasil Com Ciência
O programa de divulgação científica Brasil Com Ciência divulga em sua edição de 13/02/2024 o desenvolvimento da primeira bateria nuclear no Brasil por pesquisadores do IPEN-CNEN. A entrevista feita pelo jornalista e apresentador Edmon Garcia com a coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, do Centro de Engenharia Nuclear, e com Carlos Zeituni, do Centro de Tecnologia das Radiações, inicia-se aos 28 minutos e 40 segundos do programa. Ambos comentam sobre o desenvolvimento da bateria, suas aplicações e perspectivas. O programa Brasil Com Ciência é uma produção do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial - SindCT, em parceria com a TVT
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- 03/02/2024 - Celular Nuclear: 200 anos longe da tomada (e com a bateria cheia)O Canaltech divulga vídeo sobre a primeira bateria nuclear brasileira desenvolvida por pesquisadores do IPEN-CNEN. A matéria comenta sobre a pesquisa e oferece noções sobre energia nuclear. A pesquisadora Maria Alice Morato Ribeiro, do Centro de Engenharia Nuclear (CEENG) do IPEN e coordenadora do projeto foi entrevistada para a edição do vídeo.Link para a matéria:
https://www.youtube.com/watch?
v=sZWFliXP9TE
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- 26/01/2024 - IPEN, unidade técnico-científica da CNEN em São Paulo, recebe honraria da USP em seus 90 anosA diretora do IPEN, Isolda Costa, recebeu do reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior a Medalha "Armando de Salles Oliveira” — a mais alta honraria da USP —, durante a cerimônia dos 90 anos de sua fundação, realizada nesta noite de 25 de janeiro, na Sala São Paulo.A celebração contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros Fernando Haddad, Camilo Santana, Nísia Trindade, Alexandre Padilha, Silvio Almeida, entre outros.A honraria foi instituída em 2008, para homenagear pessoas, entidades e organizações nacionais ou estrangeiras que tenham contribuído de modo excepcional e decisivo para a valorização institucional, cultural, social e acadêmica da USP. O IPEN/CNEN foi a primeira instituição citada pelo reitor Carlotti, em seu discurso.O IPEN, unidade técnico-científica da CNEN em São Paulo, tem parceria histórica com a USP, que inclui o Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear IPEN/USP, vinculado à Pós-Graduação da Universidade, considerado de excelência, conceito 6 na Capes.Além da pós-graduação, IPEN/CNEN e USP têm colaboração no curso de graduação em engenharia nuclear, da Escola Politécnica (Poli/USP), iniciado em 2021. Os estudantes têm à disposição laboratórios e instalações nucleares para realizar suas atividades acadêmicas e de pesquisa, e os pesquisadores do Instituto também integram o corpo docente.A Incubadora USP/IPEN, localizada no campus do IPEN/CNEN, desde a sua criação, em 1997, é pioneira em inovação de base tecnológica no Brasil, com mais de mil startups em seu portfolio. Tem como missão conectar atores do ecossistema de CT&I para transformar ideias disruptivas em negócios de impacto positivo em todo o país."A história do IPEN se confunde com a história da USP, no melhor e mais amplo sentido que isso possa ter. Receber essa honraria é o reconhecimento de que nossa atuação de décadas em parceria e colaborações é extremamente exitosa. Mas esse reconhecimento é recíproco, nós também consideramos que a USP contribuiu de modo excepcional e decisivo para a valorização institucional do IPEN", afirmou Isolda Costa.Francisco Rondinelli Júnior, presidente da CNEN, também marcou presença na cerimônia e destacou a importância da homenagem como um reconhecimento da USP à contribuição do IPEN para o avanço da ciência brasileira, principalmente na área nuclear.A noite de homenagens repercutiu nas redes sociais oficiais do governo, com destaque no Instagram, na conta @lulaoficial e também na conta da primeira-dama, Janja da Silva (@janjalula). Lula também recebeu a Medalha "Armando de Salles Oliveira”.Armando Salles Oliveira, engenheiro e político brasileiro, graduado pela Escola Politécnica de São Paulo, foi governador de São Paulo, em cujo mandato foi criada a USP. -
- 25/01/2024 - Concerto da Osusp e homenagens marcam início da comemoração dos 90 anos da USP28 instituições e pessoas que fazem parte da história da Universidade foram agraciados com a medalha Armando de Salles Oliveira
28 instituições e pessoas que fazem parte da história da Universidade foram agraciados com a medalha Armando de Salles Oliveira
Fonte: Jornal da USP
O imponente prédio da Sala São Paulo viveu uma noite festiva no dia 25 de janeiro. Um concerto da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) marcou o início da comemoração dos 90 anos da USP. O evento reuniu autoridades governamentais, entre eles o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o vice-presidente Geraldo Alckmin; seis ministros de Estado, além de ex-reitores, docentes, alunos e servidores da Universidade.
"Hoje, quando celebramos os 90 da nossa Universidade de São Paulo, além da alegria, do orgulho legítimo e da confiança na potência transformadora do conhecimento, somos convidados a analisar nosso passado e a pensar nosso futuro. A grandeza da USP decorre do trabalho de excelência de gerações que pesquisaram, estudaram, ensinaram e difundiram o saber para o progresso do nosso país”, afirmou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, na abertura da cerimônia (leia aqui a íntegra do discurso do reitor).
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, agradeceu à USP pelos 12 presidentes formados pela Universidade e por dezenas de ministros e mentes extraordinárias que servem o Brasil. "O conhecimento é uma poderosa ferramenta. A USP mostra que, para fazer parte desse eixo do conhecimento, não é preciso ter nascido em berço de ouro. A cada dia a USP vai ficando cada vez mais com a cara do Brasil, preta, branca, indígena. A cara do povo brasileiro da periferia, que durante muitas décadas nem sonhava em entrar na USP e hoje já é metade dos alunos”, afirmou Lula.
"É uma alegria extraordinária ter a USP como parceira na condução de uma realidade melhor para todos os brasileiros, de todos os Estados, de todas as cores, de todas as raças”, ressaltou o presidente.
"Sem a ciência, a tecnologia e a inovação, não é possível ter um desenvolvimento consistente e sustentável no nosso Estado e no nosso país. O Estado de São Paulo teve uma liderança esclarecida que se preocupou com a educação e isso fez com que a USP se tornasse esse centro de excelência. Por isso eu quero agradecer, em nome do governador, a todos os professores, funcionários e alunos da USP que mantêm sempre viva essa busca incessante da qualidade. Não é apenas a formação de recursos humanos, é a formação de uma sociedade mais justa”, ressaltou o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, que representou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no evento.
A cerimônia também foi marcada pela entrega da Medalha Armando de Salles Oliveira para 28 entidades e pessoas com atuação de grande relevância na parceria com a USP ao longo desses 90 anos.A condecoração foi criada em 2008 para homenagear pessoas, entidades e organizações que contribuem para a valorização institucional, cultural, social e acadêmica da USP e leva o nome do governador do Estado de São Paulo que assinou o decreto de criação da USP no ano de 1934.
Durante todo o ano de 2024, serão promovidos eventos e atividades para celebrar o aniversário da Universidade. Clique aqui e acompanhe a programação.
Homenageados com a medalha Armando de Salles Oliveira
- Governo da República Federativa do Brasil;
- Governo do Estado de São Paulo;
- Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo;
- Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo;
- Supremo Tribunal Federal;
- Universidade Estadual de Campinas;
- Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho;
- Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;
- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo;
- Instituto Butantan;
- Marinha do Brasil;
- Instituto de Pesquisas Tecnológicas;
- Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares;
- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência;
- Academia Brasileira de Ciências;
- Academia de Ciências do Estado de São Paulo;
- Academia Brasileira de Letras;
- Academia Paulista de Letras;
- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo;
- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo;
- Associação Brasileira de Imprensa;
- Tribunal de Contas do Estado de São Paulo;
- Financiadora de Estudos e Projetos;
- Ministério Público do Estado de São Paulo;
- Congresso Nacional
- Júlio de Mesquita Filho (in memoriam)
- Fernando de Azevedo (in memoriam)
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- 23/01/2024 - Primeira bateria nuclear brasileira pode funcionar por 2 séculos sem recargaFonte: Correio de CarajásO gigantesco potencial que a energia nuclear possui não é um tema – e fato comprovado – recentes. No entanto, ao contrário de algumas décadas atrás, pesquisadores estão desmistificando o uso dessa fonte energética no que tange à segurança e melhor aproveitamento. Nesse sentido, a primeira bateria nuclear brasileira, recém desenvolvida, pode fornecer energia por mais de 200 anos. Este, certamente, pode ser o começo do fim dos carregadores que conhecemos hoje.Bateria nuclear brasileira termoelétricaUm grupo de cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) alcançaram um marco inovador ao desenvolverem a pioneira bateria nuclear brasileira. A significativa conquista baseia-se na utilização de um elemento denominado amerício-241, que, por sua natureza de decomposição, permite uma notável autonomia.A característica distintiva dessa bateria reside na sua capacidade de operar por mais de 200 anos sem a necessidade de recargas adicionais.Essa notável inovação significa que, uma vez ativada, a bateria nuclear pode oferecer um suprimento constante e duradouro de energia, representando um avanço significativo nas tecnologias energéticas desenvolvidas no país.É evidente que esse feito científico não apenas destaca o potencial do Brasil na pesquisa nuclear, mas também aponta para novas possibilidades e avanços no campo da geração de energia de forma sustentável e eficiente que pode até inspirar outros trabalhos internacionais.Desse modo, o resultado da pesquisa brasileira resultou na construção de uma bateria nuclear termoelétrica, também referida como gerador termoelétrico radioisotópico (RTG).Diferenciando-se da fissão nuclear, responsável por baterias termonucleares, esta tecnologia gera eletricidade por meio do calor, representando um método inovador e seguro de produção de energia.A abordagem termoelétrica adotada, portanto, elimina os riscos associados à fissão nuclear, destacando-se como uma alternativa promissora.Funcionamento da bateria nuclear brasileiraImagem: E. R. Paiva/IPEN-CNENQuando se fala de bateria nuclear, a fonte de energia provém do calor gerado pelo decaimento natural do radioisótopo. Nesse processo, o calor atravessa pastilhas termoelétricas geradoras de eletricidade (TEGs).Atualmente, a tensão de saída nas pastilhas termoelétricas é de 20 milivolts (mV), resultado da diferença de temperatura entre o lado quente (fonte de amerício) e o lado frio (externo). Essa tensão alimenta um circuito coletor, acumulando energia suficiente para fornecer pequenas cargas periodicamente.No entanto, devido à capacidade relativamente baixa de geração de energia no modelo atual, é necessário uma fonte com atividade mais intensa apenas para acender um simples LED.A limitação destaca a importância de avanços tecnológicos para tornar a produção de energia mais eficiente e adaptada às nossas necessidades cotidianas.Impressionantes 200 anos de duraçãoÉ aceitável que os holofotes estejam voltados para a durabilidade da bateria nuclear brasileira, já que pode permanecer em ação, sem necessidade de carga, por incríveis 200 anos, graças à meia-vida do amerício, que se estende por 432,6 anos.Contudo, como aponta Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do Centro de Engenharia Nuclear do IPEN e coordenadora do projeto, há desafios técnicos no que diz respeito à confiabilidade das pastilhas termoelétricas, as quais necessitam operar por um período correspondente.Diante desse cenário, a cientista destaca que a primeira bateria foi desenvolvida principalmente para validar o conceito. O próximo passo consiste em criar uma versão aprimorada, com uma potência de 100 mW, visando superar as limitações técnicas e consolidar ainda mais a eficácia desse inovador sistema de geração de energia.Usos da bateria nuclearAtualmente, as baterias nucleares desempenham um papel crucial em áreas de difícil acesso, como faróis em ilhas isoladas e dispositivos enviados ao espaço, incluindo satélites e rovers da NASA, como o Curiosity e o Perseverance.Quanto à bateria nuclear brasileira, a intenção, afirma Ribeiro, é utilizá-la em dispositivos instalados em locais remotos, mas ainda não há maiores informações. -
- 23/01/2024 - Pesquisa sobre radiofármacos do programa de pós-graduação Ipen/USP recebe prêmio internacionalTrabalho premiado aborda como otimizar a produção de radiofármacos, utilizados para diagnósticos, tratamentos e terapias de várias doenças que são objeto da medicina nuclear
Trabalho premiado aborda como otimizar a produção de radiofármacos, utilizados para diagnósticos, tratamentos e terapias de várias doenças que são objeto da medicina nuclear
Fonte: Jornal da USP
O trabalho Circuito microfluídico aplicado à concentração de18F (Flúor-18) para produção de radiofármacos, realizado por Antonio Arleques Gomes pelo programa de pós-graduação Ipen/USP, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, conquistou o 1º lugar com a láurea Marcos Pinotti Barbosa, concedida à melhor pesquisa estudantil apresentada durante o XII Congresso Latino-Americano de Órgãos Artificiais e Biomateriais (Colaob/2023) realizado no período de 12 a 15 de dezembro de 2023 em Mar del Plata, Argentina.
O prêmio, inédito para o programa de pós-graduação do Ipen/USP, é considerado um dos mais importantes para a comunidade científica da Sociedade Latino-Americana de Biomateriais e Órgãos Artificiais (SLABO), organizadora do evento, e presta homenagem ao professor Marcos Pinotti (1965-2016), reconhecido como um dos principais cientistas brasileiros nas áreas de Biomimética e Bioengenharia e cofundador da SLABO.
A pesquisa, escolhida entre 69 trabalhos apresentados durante o congresso, está sob a orientação do professor dr. Wagner de Rossi, gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP) e co-orientada pelo farmacêutico dr. Emerson S. Bernardes, gerente do Centro de Radiofarmácia (CECRF) do Ipen. Também contou com a importante participação do radioquímico dr. Arian Pérez Nario, bolsista de pós-doutorado do Ipen, e do físico dr. André Luis Lapolli, responsável pelo Serviço de Operação de Aceleradores Cíclotron do instituto.
Na prática, a pesquisa visa desenvolver um sistema microfluídico por meio de técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos para a produção de radiofármacos a partir de Flúor-18. No trabalho, foi produzido um circuito microfluídico dedicado chamado de "microcartucho de troca aniônica”, destinado ao primeiro estágio de obtenção de qualquer radiofármaco; um produto utilizado essencialmente para diagnósticos, tratamentos e terapias de várias doenças que são objeto da medicina nuclear.
O processo compreende duas fases distintas. Na primeira, o Flúor-18 obtido em cíclotron fica retido no microcartucho. Na segunda, de eluição, o Flúor-18 é extraído resultando em um eluente líquido com uma concentração significativamente elevada do radionuclídeo.
Inovação
Além de inédito no Brasil, o resultado da pesquisa desenvolvida no Ipen-Cnen pode ser considerado significativo uma vez que conseguiu uma concentração do eluente com Flúor-18 de seis a dez vezes maior que a obtida por meio de outros processos convencionais na primeira etapa de produção de radiofármaco, como, por exemplo, o Fluordexogliocose (FDG).
"Ter sido premiado com o trabalho de maior importância e relevância científica em um congresso desse nível é, sem dúvida, uma grande satisfação para mim e, acredito, de grande importância para o Ipen”, destacou o doutorando Antonio Gomes, o qual enfatiza a dedicação do prêmio ao seu grupo de pesquisa e, em especial, a seu orientador pelo apoio incondicional.
O doutorando explicou ainda que os resultados apresentados, bem como o desenvolvimento da técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos, posicionam o Ipen como uma instituição de destaque na inovação tecnológica e científica nesta área do conhecimento.
Uma das principais missões do Ipen é tornar a medicina nuclear cada vez mais acessível à sociedade brasileira e o Flúor-18 tem destaque em exames que se utilizam de equipamentos de tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT).
"O próximo passo após a conclusão da pesquisa é buscar parcerias no setor produtivo para disponibilizar para a sociedade radiofármacos mais eficazes para a medicina nuclear”, finaliza Gomes.
Para o físico Wagner de Rossi, este prêmio coroa um trabalho que se iniciou há alguns anos a partir de uma sugestão do dr. Jair Mengatti, gerente da Radiofarmácia na época.
"Nós encaramos a sugestão como um desafio para produzir radiofármacos com microfluídica. O trabalho ainda não está concluído, pois o prêmio se refere apenas a uma parte já desenvolvida, mas demonstra que estamos num bom caminho para conseguir produzir radiofármacos a partir de um sistema inovador que vai trazer inúmeras vantagens para o processo”, conclui Rossi.
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- 22/01/2024 - Brasil anuncia o desenvolvimento de sua primeira bateria nuclearEm seu canal no YouTube, o Global Militar divulga vídeo sobre o desenvolvimento da primeira bateria nuclear no Brasil por meio de projeto de cientistas do IPEN, coordenados pela pesquisadora Maria Alice Morato Ribeiro, do Centro de Engenharia Nuclear.Link para a matéria:
https://www.youtube.com/watch?v=KFo9XFpBnY0 -
- 22/01/2024 - Bateria nuclear brasileira poderá durar 200 anosFonte: Inovação TecnológicaBateria atômica de amerícioEnquanto uma empresa chinesa anunciava uma bateria nuclear com duração de 50 anos, pesquisadores brasileiros divulgaram seu próprio feito, mostrando uma bateria que poderá durar quatro vezes mais.A bateria nuclear brasileira está sendo desenvolvida por uma equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo (SP).Enquanto a bateria chinesa é baseada no isótopo radioativo níquel-63 (63Ni), que tem meia-vida de 100,1 anos, a bateria nuclear brasileira usa o isótopo amerício-241 (241Am), que tem meia-vida de 432 anos.Meia-vida é o período de tempo necessário para que metade de uma dada quantidade de um radioisótopo transforme-se em outro elemento devido à emissão de uma partícula. Assim, a bateria nuclear baseada em amerício-241 tem potencial para continuar fornecendo pelo menos metade de sua carga original por mais de dois séculos.Diversos radionuclídeos têm sido utilizados no desenvolvimento de baterias nucleares, dependendo do tempo de duração da carga e potência desejados. Entre os mais utilizados estão o estrôncio-90, plutônio-238 e o próprio amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores.Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país, mas o IPEN possui o material como rejeito radioativo, o que o torna particularmente interessante para uma aplicação de longa duração - o amerício-241 tem diversos usos, como nos medidores de densidade do combustível dos aviões.As fontes radioativas (Am-241) são postas junto com um material termoelétrico (TEGs), que transforma o diferencial de temperatura em energia elétrica.As fontes radioativas (Am-241) são postas junto com um material termoelétrico (TEGs), que transforma o diferencial de temperatura em energia elétrica.
[Imagem:E.R. Paiva/IPEN-CNEN]Fraca por falta de combustívelNo protótipo da bateria nuclear foram usadas 11 fontes de amerício-241, com cerca de 2,9 Curies (Ci). O calor gerado pelo decaimento radioativo é então passado para um material termoelétrico, o qual transforma um diferencial de temperatura em eletricidade.Em razão da limitação da quantidade de material radioativo disponível para a construção do protótipo, o aumento de temperatura gerado pela bateria é pequeno, de cerca de 6 ºC. Em conjunto com o material termoelétrico utilizado pela equipe, a bateria gera uma tensão elétrica de apenas 20 milivolt.Apesar do baixo rendimento, o protótipo serviu para demonstrar a viabilidade do conceito. Segundo a pesquisadora Maria Alice Ribeiro, com materiais de maior atividade será possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar sensores e pequenos dispositivos da internet das coisas - por exemplo, cita ela, uma estação meteorológica remota.A equipe agora está lidando com os trâmites legais para viabilizar o licenciamento das baterias nucleares e regulamentar seu uso. -
- 22/01/2024 - Primeira bateria nuclear brasileira vai durar 200 anos sem recargaFonte: Defesa Área & NavalNo Brasil, cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) desenvolveram a primeira bateria nuclear nacional, a partir de um isótopo em decomposição de amerício (amerício-241). Sem precisar de uma recarga extra, ela pode fornecer energia para aparelhos por mais de 200 anos.A pesquisa brasileira desenvolveu uma bateria nuclear termoelétrica, também conhecida como gerador termoelétrico radioisotópico (RTG). A produção de eletricidade é feita a partir do calor e não envolve fissão nuclear – este seria o caso de uma bateria termonuclear.Buscando entender as etapas de desenvolvimento e quando poderemos usar as baterias nucleares – que colocam um fim nos carregadores -, o Canaltech conversou com Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do Centro de Engenharia Nuclear do IPEN e coordenadora do projeto.Como funciona a bateria nuclear?Antes de explicarmos, vale definir o que é o amerício. Trata-se de um metal radioativo, relativamente maleável e de coloração prateada, cujo símbolo na tabela periódica é Am. Ele é um emissor de partículas alfa e gama, com atividade de partículas alfa aproximadamente três vezes maior que a do rádio. O elemento possui 10 isótopos conhecidos pela ciência.Na bateria nuclear, o calor de decaimento natural do radioisótopo é que vai gerar energia elétrica. Como parte do processo, esse calor precisa passar através de pastilhas termoelétricas geradoras de energia elétrica (TEGs).Por enquanto, a tensão de saída nas pastilhas termoelétricas é de 20 milivolts (mV). Isso é resultado da diferença de temperatura nas pastilhas termoelétricas entre a fonte de Amerício (lado quente) e a parte externa (lado frio).Essa tensão alimenta um circuito coletor que acumula energia suficiente e assim fornece pequenas cargas, periodicamente. No entanto, como o atual modelo possui uma capacidade muito baixa de geração de energia, é necessária uma fonte com atividade maior apenas para acender um LED.A seguir, veja um esquema de como funciona a bateria nuclear termelétrica:O que é impressionante na bateria é o tempo de duração, estimado em 200 anos, devido à meia-vida do amerício ser de 432,6 anos. No entanto, "ainda enfrentamos desafios técnicos relacionados à confiabilidade das pastilhas termoelétricas, as quais precisam operar por um período equivalente”, destaca Ribeiro.Por isso, a cientista conta que esta primeira bateria foi desenvolvida, na verdade, para validar o conceito. O próximo passo é construir uma versão melhorada, com potência de 100 mW.Onde usar uma bateria nuclear?Hoje, as baterias nucleares já são usadas em locais de difícil acesso. São os casos de faróis em ilhas desertas e dispositivos enviados para o espaço, como satélites. Os rovers da NASA também usam esse tipo de tecnologia, como o Curiosity e o Perseverance.Recentemente, uma startup chinesa anunciou o desenvolvimento de baterias para alimentar dispositivos de uso pessoal, como celulares, drones e computadores.No caso da bateria brasileira, a ideia é usá-la para em dispositivos instalados em locais remotos. No entanto, a cientista ainda não pode entrar em detalhes sobre esses planos por questões de confidencialidade envolvendo os parceiros.Bateria nuclear oferece riscos?Pensar em algo nuclear logo remete a sérios riscos para à saúde humana e ao meio ambiente, mas existem inúmeras proteções. Por exemplo, "o uso de blindagens eficientes” garante a segurança, como afirma Ribeiro. Além disso, "o radioisótopo está contido em fonte selada, não havendo perigo de dispersão do material”, acrescenta.Curiosamente, ela lembra que, na década de 1970, as baterias nucleares, como as de plutônio-238 e promécio-147, eram amplamente usadas em marca-passos de pacientes com problemas no coração. O uso só foi descontinuado com a ascensão das baterias de lítio.Reciclagem de resíduos radioativosOutro ponto interessante envolvendo essas baterias é que elas podem ser criadas a partir da reciclagem dos radioisótopos encontrados nos combustíveis (já usados) provenientes de reatores nucleares de usinas, incluindo o amerício-241. -
- 22/01/2024 - Pesquisadores do IPEN-CNEN desenvolvem bateria nuclearA pesquisa, inédita no País, demonstra a capacidade técnica de reciclar rejeitos radioativos de baixa intensidade, utilizando-os como fonte de energia
A pesquisa, inédita no País, demonstra a capacidade técnica de reciclar rejeitos radioativos de baixa intensidade, utilizando-os como fonte de energia
Fonte: Forças TerrestreEquipe multidisciplinar de pesquisadores do IPEN-CNEN realizou estudo pioneiro para o desenvolvimento de uma bateria nuclear utilizando Amerício-241.A pesquisa foi conduzida nos Centros de Engenharia Nuclear (CEENG) e de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN-CNEN com objetivo de encontrar uma alternativa energética para locais de difícil acesso ou em que haja necessidade de um fluxo ininterrupto de energia.O projeto foi desenvolvido pelo CEENG e a bateria foi montada pelos pesquisadores do CETER, usando como combustível pastilhas de Amerício-241 que se encontravam no Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR).O pesquisador Eduardo Cabral, do CEENG, explica que a bateria nuclear é um dispositivo que utiliza o calor produzido pelo decaimento radioativo para gerar energia elétrica. Entretanto, para que o calor originado seja utilizado. é necessário um sistema de conversão de energia que, neste caso, são pastilhas termelétricas que geram energia elétrica quando submetidas a um gradiente de temperatura.Embora o conceito seja simples e baterias nucleares sejam conhecidas desde no início do século XIX, a execução é complexa por razões que envolvem danos de materiais e proteção radiológica.Carlos Alberto Zeituni, gerente e pesquisador do CETER, comenta que diversos radionuclídeos podem ser utilizados em uma bateria nuclear, dependendo do tempo de duração e potência desejados. Entre os mais utilizados, encontram-se o Estrôncio-90, o Plutônio-238 e o Amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores. Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país.Nessa bateria foram utilizadas 11 fontes de Amerício 241, que estavam armazenadas no SEGRR como rejeitos radioativos. Com autorização do Serviço de Radioproteção (SERAP) do IPEN, essas fontes, com cerca de 2,9 Ci, seguiram para os laboratórios do CETER após análise de estanqueidade efetuada no SEGRR.No CETER, foi realizada a análise dimensional e de atividade das fontes. Com essas informações, pesquisadores do CEENG definiram os termelétricos e projetaram um invólucro para transformar. de forma eficiente, a energia do decaimento radioativo das fontes em energia elétrica.De posse de todos os materiais, foi construída a primeira bateria nuclear do Brasil. Em razão da limitação da quantidade de material radioativo, o aumento de temperatura gerado nesse protótipo é pequeno, sendo de cerca de 6º C, que em conjunto com o material termoelétrico utilizado, gera uma tensão elétrica de 20 milivolt. Como a meia vida do Amerício 241 é de 416 anos, após um ano ligada, a bateria mantém o desempenho inicial, produzindo quase a mesma quantidade de energia por centenas de anos.A coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do CEENG, ressalta ainda que embora o material utilizado tenha baixa atividade, o experimento comprovou a viabilidade do conceito. Com materiais de maior atividade, seria possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar, por exemplo, uma estação meteorológica remota.Este desenvolvimento foi resultado de um projeto de pesquisa financiado por uma grande empresa nacional e seu êxito permitiu que o IPEN fosse agraciado com sua continuidade no intuito de produzir uma bateria nuclear para utilização em locais de difícil acesso.É importante ressaltar que graças ao esforço conjunto dos pesquisadores de vários centros do IPEN-CNEN e do reaproveitamento de material radioativo armazenado, foi possível desenvolver e construir um protótipo de bateria nuclear, demonstrando a capacidade técnica de produzir esse tipo de equipamento no país.Esse projeto abre a possibilidade de desenvolvimento de diferentes tipos de baterias nucleares, específicas para diferentes tipos de uso. O trabalho para viabilizar o licenciamento dessas baterias já foi iniciado. -
- 19/01/2024 - Primeira bateria nuclear brasileira vai durar 200 anos sem recargaFonte: Canaltech
No Brasil, cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) desenvolveram a primeira bateria nuclear nacional, a partir de um isótopo em decomposição de amerício (amerício-241). Sem precisar de uma recarga extra, ela pode fornecer energia para aparelhos por mais de 200 anos.A pesquisa brasileira desenvolveu uma bateria nuclear termoelétrica, também conhecida como gerador termoelétrico radioisotópico (RTG). A produção de eletricidade é feita a partir do calor e não envolve fissão nuclear - este seria o caso de uma bateria termonuclear.
Buscando entender as etapas de desenvolvimento e quando poderemos usar as baterias nucleares - que colocam um fim nos carregadores -, o Canaltech conversou com Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do Centro de Engenharia Nuclear do IPEN e coordenadora do projeto.
Como funciona a bateria nuclear?
Antes de explicarmos, vale definir o que é o amerício. Trata-se de um metal radioativo, relativamente maleável e de coloração prateada, cujo símbolo na tabela periódica é Am. Ele é um emissor de partículas alfa e gama, com atividade de partículas alfa aproximadamente três vezes maior que a do rádio. O elemento possui 10 isótopos conhecidos pela ciência.
Na bateria nuclear, o calor de decaimento natural do radioisótopo é que vai gerar energia elétrica. Como parte do processo, esse calor precisa passar através de pastilhas termoelétricas geradoras de energia elétrica (TEGs).
Por enquanto, a tensão de saída nas pastilhas termoelétricas é de 20 milivolts (mV). Isso é resultado da diferença de temperatura nas pastilhas termoelétricas entre a fonte de Amerício (lado quente) e a parte externa (lado frio).
Essa tensão alimenta um circuito coletor que acumula energia suficiente e assim fornece pequenas cargas, periodicamente. No entanto, como o atual modelo possui uma capacidade muito baixa de geração de energia, é necessária uma fonte com atividade maior apenas para acender um LED.
A seguir, veja um esquema de como funciona a bateria nuclear termelétrica:
Bateria nuclear brasileira pode funcionar por 200 anos (Imagem: IPEN-CNEN)
O que é impressionante na bateria é o tempo de duração, estimado em 200 anos, devido à meia-vida do amerício ser de 432,6 anos. No entanto, "ainda enfrentamos desafios técnicos relacionados à confiabilidade das pastilhas termoelétricas, as quais precisam operar por um período equivalente”, destaca Ribeiro.
Por isso, a cientista conta que esta primeira bateria foi desenvolvida, na verdade, para validar o conceito. O próximo passo é construir uma versão melhorada, com potência de 100 mW.
Onde usar uma bateria nuclear?
Hoje, as baterias nucleares já são usadas em locais de difícil acesso. São os casos de faróis em ilhas desertas e dispositivos enviados para o espaço, como satélites. Os rovers da NASA também usam esse tipo de tecnologia, como o Curiosity e o Perseverance.
Recentemente, uma startup chinesa anunciou o desenvolvimento de baterias para alimentar dispositivos de uso pessoal, como celulares, drones e computadores.
No caso da bateria brasileira, a ideia é usá-la para em dispositivos instalados em locais remotos. No entanto, a cientista ainda não pode entrar em detalhes sobre esses planos por questões de confidencialidade envolvendo os parceiros.
Bateria nuclear oferece riscos?
Pensar em algo nuclear logo remete a sérios riscos para à saúde humana e ao meio ambiente, mas existem inúmeras proteções. Por exemplo, "o uso de blindagens eficientes” garante a segurança, como afirma Ribeiro. Além disso, "o radioisótopo está contido em fonte selada, não havendo perigo de dispersão do material”, acrescenta.
Curiosamente, ela lembra que, na década de 1970, as baterias nucleares, como as de plutônio-238 e promécio-147, eram amplamente usadas em marca-passos de pacientes com problemas no coração. O uso só foi descontinuado com a ascensão das baterias de lítio.
Reciclagem de resíduos radioativos
Outro ponto interessante envolvendo essas baterias é que elas podem ser criadas a partir da reciclagem dos radioisótopos encontrados nos combustíveis (já usados) provenientes de reatores nucleares de usinas, incluindo o amerício-241.
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- 17/01/2024 - Pesquisa sobre radiofármacos desenvolvida pelo Ipen-CNEN/USP recebe prêmio internacionalTrabalho premiado reúne profissionais de dois centros de pesquisa do Instituto e é inovador ao utilizar microusinagem com laser de femtosegundo para sistema microfluídico para otimizar a produção de radiofármacos
Trabalho premiado reúne profissionais de dois centros de pesquisa do Instituto e é inovador ao utilizar microusinagem com laser de femtosegundo para sistema microfluídico para otimizar a produção de radiofármacos
Fonte: Jornal da Ciência
O trabalho "Circuito microfluídico aplicado à concentração de 18F (Flúor-18) para produção de radiofármacos”, que é parte da pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida pelo aluno da pós-graduação do IPEN/USP, Antonio Arleques Gomes, conquistou o 1º lugar com a láurea "Marcos Pinotti Barbosa”, concedida à melhor pesquisa estudantil apresentada durante o XII Congresso Latino-Americano de Órgãos Artificiais e Biomateriais (COLAOB/2023) realizado no período de 12 a 15 de dezembro de 2023 em Mar del Plata, Argentina.
O prêmio, inédito para o programa de pós-graduação do IPEN/USP, é considerado um dos mais importantes para a comunidade científica da Sociedade Latino-Americana de Biomateriais e Órgãos Artificiais (SLABO), organizadora do evento, e presta homenagem ao professor Marcos Pinotti (1965-2016) reconhecido como um dos principais cientistas brasileiros nas áreas de Biomimética e Bioengenharia e cofundador da SLABO.
A pesquisa, escolhida entre 69 trabalhos apresentados durante o congresso, está sob a orientação do professor Dr. Wagner de Rossi, gerente do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP) e coorientada pelo farmacêutico Dr. Emerson S. Bernardes, gerente do Centro de Radiofarmácia (CECRF) do IPEN. Também contou com a importante participação do radioquímico Dr. Arian Pérez Nario, bolsista de pós-doutorado do IPEN e do físico Dr. André Luiz Lapolli, responsável pelo Serviço de Operação de Aceleradores Cíclotron do instituto.
Na prática, a pesquisa visa desenvolver um sistema microfluídico por meio de técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos para a produção de radiofármacos a partir de Flúor-18. No trabalho, foi produzido um circuito microfluídico dedicado chamado de "Microcartucho de troca aniônica” destinado ao primeiro estágio de obtenção de qualquer radiofármaco; um produto utilizado essencialmente para diagnósticos, tratamentos e terapias de várias doenças que são objeto da medicina nuclear.
O processo compreende duas fases distintas. Na primeira, o Flúor-18 obtido em cíclotron fica retido no microcartucho. Na segunda, de eluição, o Flúor-18 é extraído resultando em um eluente líquido com uma concentração significativamente elevada do radionuclídeo.
Inovação
Além de inédito no Brasil, o resultado da pesquisa desenvolvida no IPEN-CNEN pode ser considerado significativo uma vez que conseguiu uma concentração do eluente com Flúor-18 de seis a dez vezes maior que a obtida por meio de outros processos convencionais na primeira etapa de produção de radiofármaco, como, por exemplo, o Fluordexogliocose (FDG).
"Ter sido premiado com o trabalho de maior importância e relevância científica em um congresso desse nível é, sem dúvida, uma grande satisfação para mim e acredito, de grande importância para o IPEN”, destacou o doutorando Antonio Gomes, o qual enfatiza a dedicação do prêmio ao seu grupo de pesquisa e, em especial, a seu orientador pelo apoio incondicional.
O doutorando explicou ainda que os resultados apresentados, bem como o desenvolvimento da técnica de microusinagem com laser de pulsos ultracurtos, posicionam o IPEN como uma instituição de destaque na inovação tecnológica e científica nesta área do conhecimento.
Uma das principais missões do IPEN é tornar a medicina nuclear cada vez mais acessível à sociedade brasileira e o Flúor-18 tem destaque em exames que se utilizam de equipamentos de tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT).
"O próximo passo após a conclusão da pesquisa é buscar parcerias no setor produtivo para disponibilizar para a sociedade radiofármacos mais eficazes para a medicina nuclear”, finaliza Gomes.
Para o físico Dr. Wagner de Rossi este prêmio coroa um trabalho que iniciou há alguns anos a partir de uma sugestão de Dr. Jair Mengatti, gerente da Radiofarmácia na época.
"Nós encaramos a sugestão como um desafio para produzir radiofármacos com microfluídica. O trabalho ainda não está concluído, pois o prêmio se refere apenas a uma parte já desenvolvida, mas demonstra que estamos num bom caminho para conseguir produzir radiofármacos a partir de um sistema inovador que vai trazer inúmeras vantagens para o processo”, conclui Rossi.
Mais informações no site do IPEN. (www.ipen.br)
Ulysses Varela – Bolsista BGE-DA/IPEN-CENEN
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- 15/01/2024 - Visita da China National Nuclear Corporation Overseas (CNNC) à CNEN visa divulgar e promover negócios e oportunidades de parceriasFonte: CNENO presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Junior, recebeu nesta quarta-feira uma delegação do escritório de representação para a América Latina da China National Nuclear Corporation (CNNC), localizado em Buenos Aires, Argentina. A visita faz parte de uma série de encontros promovidos pela CNNC em países da América do Sul, com o objetivo de fomentar parcerias e oportunidades de negócios com a China.A reunião ocorreu no Salão Nobre da CNEN, com a presença do diretor de Gestão Institucional, Pedro Maffia, do coordenador geral de Ciência e Tecnologia Nucleares (CGTN), Leslie de Molnary, da coordenadora geral de Assuntos Internacionais, Viviane Simões, e do chefe de Gabinete, Rogério Mamão Gouveia. A comitiva chinesa, chefiada pelo gerente de Desenvolvimento de Negócios, GAO Wei, era composta ainda pele também gerente BI Kum e pelos assessores DENG Pan e YANG Lu.Durante a reunião, foram discutidas as iniciativas da CNEN relacionadas a Pequenos Reatores Modulares (SMRs) e atividades dos reatores de pesquisa nas unidades técnico-científicas da CNEN, localizadas em São Paulo (IPEN), Rio de Janeiro (IEN), Belo Horizonte (CDTN) e Recife (CRCN-NE). A CNNC apresentou os avanços na geração termonuclear na China, seu apoio a projetos de pesquisa nuclear e o compromisso em colaborar internacionalmente na disseminação de conhecimento em projetos e construção de reatores nucleares de potência.No que diz respeito a acordos e parcerias, a CNNC expressou disposição para futuros contatos comerciais e colaborações de pesquisa na área nuclear. A CGTN manifestou interesse na formação especializada, e a CNNC destacou programas de intercâmbio e formação de mestrado e doutorado em universidades chinesas, oferecendo bolsas de ensino e fomento tecnológico para alunos brasileiros e abrindo instalações nucleares chinesas para pesquisadores da CNEN.A relevância dessa reunião foi ressaltada pelo coordenador geral da CGTN, Leslie de Molnary, como resultado de uma primeira aproximação ocorrida durante um evento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Sanya, na China, em setembro de 2023. Na ocasião, a CNEN apresentou o cenário da área nuclear no Brasil e os papeis de cada organização no programa nuclear brasileiro.Também foram abordadas as perspectivas do uso dos pequenos reatores nucleares no apoio à geração elétrica e para o apoio em outras aplicações industriais nas próximas décadas visando apoiar a transição energética que o país deverá desenvolver até 2050. Por sua vez, a CNNC demonstrou interesse em parcerias tecnológicas com as UTCs da CNEN, destacando a capacidade significativa da China em investimento e desenvolvimento tecnológico na geração nucleoelétrica."Essa visita representa um passo importante na construção de laços colaborativos entre os dois países, abrindo portas para avanços significativos na área nuclear e fortalecendo a cooperação bilateral”, afirmou Molnary.O presidente Rondinelli fez um apanhado geral sobre as principais atividades que cabem à CNEN no apoio ao programa nuclear brasileiro, e perspectivas de médio e curto prazo que vislumbra para aumentar o parque de geração nucleoelétrica no Brasil. Também comentou sobre a importância de dar prosseguimento ao projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), no âmbito da cooperação Brasil-Argentina.Rondinelli também ressaltou as diversas aplicações da tecnologia nuclear em diversos setores no Brasil além do já consagrado uso na área médica, mas também na área de alimentação e agricultura, meio ambiente, e indústria, sem perder de vista o mandamento da segurança radiológica que permeia todas essas aplicações.CNNC e o mercado externoGAO Wei, BI Kum, DENG Pan e YANG Lu integram a CNNC Overseas Ltd. (CNOS), plataforma especializada no desenvolvimento do mercado externo de toda a indústria nuclear chinesa, sob a CNNC. Primeira no país asiático a construir projetos de energia nuclear no estrangeiro, a CNOS abriu a fronteira para a globalização da indústria chinesa na área nuclear.Entre os meses de novembro e dezembro, a empresa está conduzindo uma série de encontros de trabalho em vários países da América do Sul. No Brasil, realizou visitas a diversas entidades do setor nuclear, incluindo a Eletronuclear, as usinas Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis, as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende, culminando com a reunião na CNEN. -
- 10/01/2024 - Podcast que discute protonterapia reconhece relevância da CNEN e do IPEN no cenário da medicina nuclear brasileiraTratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
Tratamento de câncer com feixes de prótons ainda não disponível no Brasil requer investimentos, equipamentos e conhecimentos para que possa ser implementado no país.
O podcast, disponível no canal do Youtube da empresa Tractebel, discute os avanços no tratamento do câncer por meio da protonterapia e ressalta a importância da Comissão Nacional de Energia Nuclear e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) no cenário brasileiro.No episódio, o CEO da Tractebel, América do Sul, Cláudio Maia, entrevista o oncologista Marcos Castilho e o representante do Grupo IBA, Mauro Ferreira, para falar sobre a necessidade de trazer a protonterapia para o Brasil.O tratamento inovador e promissor contra câncer que usa a medicina nuclear a partir de raios de prótons ainda não está disponível no Brasil, mas já é amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos.Além de discutirem como funciona o tratamento, as dificuldades de implantação aqui no país e o benefício para as crianças, o grupo citou a capacidade e o preparo das instituições governamentais brasileiras como o IPEN e a CNEN para lidar com o processo de implantação e acompanhamento deste tratamento no futuro.O vice-presidente comercial do Instituto IBA, Mauro Ferreira, destaca o apoio do Governo Federal para o setor, a capacidade técnica do IPEN e o fato da CNEN já ter enviado técnicos para visitar centros de prótons e ter legislação e pessoal preparado para lidar com essa tecnologia.Para saber mais e ficar por dentro do assunto assista ao podcast completo disponível no canal da Tractebel no Youtube.Saiba mais
A radioterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que tem como objetivo destruir ou impedir o crescimento das células tumorais, por meio da aplicação de radiação concentrada, diretamente no tumor.
A prototerapia ou protonterapia é um tipo avançado de tratamento de câncer que utiliza um feixe de prótons direcionado diretamente ao tumor. O feixe de prótons acelerados destrói as células cancerígenas, minimizando o dano aos tecidos saudáveis.
Ulysses Varela
Bolsista BGE-DA
Com supervisão -
- 10/01/2024 - Um Novo Projeto de Motor a ÁlcoolUm consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Fonte: Jornal do Vale
OPINIÃO
No início de dezembro, escrevi ao Presidente Lula propondo um novo Proálcool. Fiquei obcecado pelo rendimento de uma célula etanol apresentada dias antes pelos bolsistas PCI (Programa de Capacitação Institucional) do INPE. O Instituto desenvolve uma célula de etanol (gera eletricidade diretamente por reações eletrolíticas), com uma eficiência de 70%. Algo espetacular, já que um motor a combustão não chega a 30%, ou seja, mais que o dobro. Se um carro comum faz 10 km/l, um carro elétrico com célula de etanol faria mais de 23 km/l.
O PCI é um programa patrocinado pelo MCTIC e operacionalizado pelo CNPq com vistas a fomentar a capacitação técnica, científica e de inovação das Unidades de Pesquisas ligadas ao MCTIC como o INPE. Eu sou responsável pelos bolsistas da Ciência e Tecnologia Espaciais.
Tomei a liberdade de sugerir ao presidente Lula repetir a ideia do Motor a Álcool Brasileiro, quando o presidente Geisel encomendou ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial) fazer estudos técnicos sobre o etanol que permitiram que o governo mais tarde criasse o Proálcool logo após a crise do petróleo em 1973.
De 1973 a 1976, realizaram experiências com diversos tipos de motores adaptando-os para o uso do etanol combustível. Em 1975, apresentou os resultados de seus estudos ao presidente Ernesto Geisel, fato que levou o governo brasileiro a criar o programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo por álcool. Até 1976, o CTA adaptou e testou motores de diversos fabricantes.
A situação atual está mais fácil, pois há diversos institutos federais e estaduais, além das indústrias automobilísticas, estudando e testando células de etanol, como meus colegas do INPE. O governo federal deveria apadrinhar o novo carro a etanol, mais eficiente e bem menos poluente. Os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Indústria poderiam gerir. A necessidade de dinheiro para a pesquisa já está até suprida no orçamento e, posteriormente, incentivos para a fabricação e venda na forma de empréstimo é dinheiro que volta ao Erário.
A Revista Pesquisa da Fapesp vem divulgando diversas pesquisas brasileiras sobre o assunto. Uma parceria entre a montadora japonesa Nissan e o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) desenvolve uma tecnologia da célula a combustível a etanol, que permite abastecer o veículo com esse combustível em qualquer posto do país, como já ocorre hoje.
Um consórcio de empresas reunindo as multinacionais Mercedes-Benz, Stellantis (Fiat, Chrysler, Opel, Peugeot e Citroën), Bosch, Umicore e a brasileira Ipiranga, estabeleceu dois acordos de parceria com o Ipen para o desenvolvimento de células a combustível de baixa temperatura, que opera por volta de 100º C, para o aproveitamento do etanol como combustível de carros elétricos.
Outro consórcio, formado por Volkswagen, Stellantis, Toyota, Ford, Shell, Bosch, AVL e a brasileira Caoa, também fechou um contrato de parceria com a Unicamp para desenvolver células a combustível a etanol, apoiado pela FAPESP e Finep.
Já temos todos os ingredientes para fazer no Brasil um projeto de sucesso.
Por Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado Mariano
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- 06/01/2024 - Pesquisadores do IPEN/CNEN desenvolvem bateria nuclearEquipe multidisciplinar de pesquisadores do IPEN-CNEN realizou estudo pioneiro para o desenvolvimento de uma bateria nuclear utilizando Amerício-241.A pesquisa foi conduzida nos Centros de Engenharia Nuclear (CEENG) e de Tecnologia das Radiações (CETER) do IPEN-CNEN com objetivo de encontrar uma alternativa energética para locais de difícil acesso ou em que haja necessidade de um fluxo ininterrupto de energia.O projeto foi desenvolvido pelo CEENG e a bateria foi montada pelos pesquisadores do CETER, usando como combustível pastilhas de Amerício-241 que se encontravam no Serviço de Gestão de Rejeitos Radioativos (SEGRR).O pesquisador Eduardo Cabral, do CEENG, explica que a bateria nuclear é um dispositivo que utiliza o calor produzido pelo decaimento radioativo para gerar energia elétrica. Entretanto, para que o calor originado seja utilizado. é necessário um sistema de conversão de energia que, neste caso, são pastilhas termelétricas que geram energia elétrica quando submetidas a um gradiente de temperatura.Embora o conceito seja simples e baterias nucleares sejam conhecidas desde no início do século XIX, a execução é complexa por razões que envolvem danos de materiais e proteção radiológica.Carlos Alberto Zeituni, gerente e pesquisador do CETER, comenta que diversos radionuclídeos podem ser utilizados em uma bateria nuclear, dependendo do tempo de duração e potência desejados. Entre os mais utilizados, encontram-se o Estrôncio-90, o Plutônio-238 e o Amerício-241, que são materiais obtidos por meio do reprocessamento de combustível nuclear utilizado em reatores. Essa etapa do ciclo do combustível nuclear não é realizada no país.Nessa bateria foram utilizadas 11 fontes de Amerício 241, que estavam armazenadas no SEGRR como rejeitos radioativos. Com autorização do Serviço de Radioproteção (SERAP) do IPEN, essas fontes, com cerca de 2,9 Ci, seguiram para os laboratórios do CETER após análise de estanqueidade efetuada no SEGRR.No CETER, foi realizada a análise dimensional e de atividade das fontes. Com essas informações, pesquisadores do CEENG definiram os termelétricos e projetaram um invólucro para transformar. de forma eficiente, a energia do decaimento radioativo das fontes em energia elétrica.De posse de todos os materiais, foi construída a primeira bateria nuclear do Brasil. Em razão da limitação da quantidade de material radioativo, o aumento de temperatura gerado nesse protótipo é pequeno, sendo de cerca de 6º C, que em conjunto com o material termoelétrico utilizado, gera uma tensão elétrica de 20 milivolt. Como a meia vida do Amerício 241 é de 416 anos, após um ano ligada, a bateria mantém o desempenho inicial, produzindo quase a mesma quantidade de energia por centenas de anos.A coordenadora do projeto, Maria Alice Morato Ribeiro, pesquisadora do CEENG, ressalta ainda que embora o material utilizado tenha baixa atividade, o experimento comprovou a viabilidade do conceito. Com materiais de maior atividade, seria possível construir uma bateria com capacidade suficiente para energizar, por exemplo, uma estação meteorológica remota.Este desenvolvimento foi resultado de um projeto de pesquisa financiado por uma grande empresa nacional e seu êxito permitiu que o IPEN fosse agraciado com sua continuidade no intuito de produzir uma bateria nuclear para utilização em locais de difícil acesso.É importante ressaltar que graças ao esforço conjunto dos pesquisadores de vários centros do IPEN-CNEN e do reaproveitamento de material radioativo armazenado, foi possível desenvolver e construir um protótipo de bateria nuclear, demonstrando a capacidade técnica de produzir esse tipo de equipamento no país.Esse projeto abre a possibilidade de desenvolvimento de diferentes tipos de baterias nucleares, específicas para diferentes tipos de uso. O trabalho para viabilizar o licenciamento dessas baterias já foi iniciado. -
- 31/12/2023 - 'Tempo é Saúde': Projeto da ABDAN é apresentadono 37o. Congresso de Medicina NuclearRevista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Revista Conexão Nuclear entrevista Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN)
Fonte: Conexão Nuclear
Lopes comenta sobre os desafios do setor de medicina nuclear entre eles a dependência externa com a importação de insumos para produção de radiofármacos. O IPEN é citado como principal fornecedor nacional de geradores de Tecnécio-99m entre outros radiofármacos utilizados para diagnóstico e terapia em Medicina Nuclear.
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- 20/12/2023 - Presidente da SBMN alerta: produção de radiofarmacos (medicamentos usados no combate ao câncer) pode estar ameaçada em 2024Fonte: Blog Tania Malheiros
Às vésperas de completar um ano na presidência da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o médico nuclear e cardiologista Rafael Willain Lopes, 47 anos, conversou com o Blog e fez um balanço sobre algumas das situações críticas que ameaçam a continuidade da produção de radiofármacos (insumos usados na produção de radioisótopos, medicamentos destinados à realização de diagnóstico e combate a doenças como o câncer), em 2024. "A demanda por serviços é grande, está reprimida e deve crescer por conta do envelhecimento populacional e doenças crônicas”, afirmou o médico, natural de Florianópolis, radicado em São Paulo desde 2004. Na entrevista exclusiva, ele, alertou que é "preciso que se resolva outras questões estruturais intrinsicamente relacionadas como a logística, infraestrutura, financiamento, regulação. E para isso precisamos de toda ajuda possível tanto pública, como privada, para suprir a demanda”. Falou também sobre a quebra do monopólio da produção de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares (IPEN), por exemplo. Eis a entrevista:BLOG: A falta de radioisótopos gerou vários problemas e interrompeu o tratamento de pacientes no decorrer de 2021. Como está a situação no momento?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Em relação ao presente e ao futuro, com a quebra de monopólio de produção de radioisótopos de meia vida longa, aprovada em 2022 pelo Congresso Nacional, a SBMN mantém o seu posicionamento em defesa da Medicina Nuclear brasileira, alinhada com sua missão. A SBMN está trabalhando sempre em prol dos pacientes que se beneficiam desta especialidade, buscando ampliar a utilização de suas metodologias, assim como expandir o acesso dos pacientes a elas, para melhorar, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso dos pacientes aos procedimentos de medicina nuclear que impactam a tomada de decisão e o resultado do tratamento, atuamos junto às diversas instituições, visando a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
BLOG: E a quebra do monopólio?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Durante décadas, por determinação legal, apenas ao IPEN era permitida a produção e a distribuição de geradores de Tecnécio, dentre outros insumos radioativos, item fundamental à nossa especialidade. Este cenário mudou, do ponto de vista legal, recentemente, a partir do momento em que empresas privadas foram autorizadas a comercializar tal material em território nacional. Somos imensamente gratos por todos os esforços e todas as entregas que o IPEN fez à Medicina Nuclear desde o seu surgimento, há 67 anos. Entendemos que o instituto prestou, presta e seguirá prestando papel fundamental neste cenário. Não existe um futuro para a medicina nuclear dissociado de um futuro para o IPEN, assim como para os demais institutos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
BLOG: Há outros passos a serem dados...
RAFAEL WILLAIN LOPES: O que deverá ser discutido dentro de cada instituição, seja do IPEN, sejam em outros centros de pesquisa da CNEN, será qual deverá ser esse papel. Como cada um pode colaborar para o país e para a região específica em que se encontra. Em um país continental como o Brasil, é natural que existam demandas regionais mais especificas. Por outro lado, a entrada de outras empresas neste cenário tem o potencial de expandir a Medicina Nuclear para horizontes que ainda não temos acesso. Acreditamos que a demanda por serviços por parte da nossa população é grande, está reprimida, e deve crescer por conta do envelhecimento populacional e doenças crônicas, e que, resolvendo-se outras questões estruturais intrinsicamente relacionadas (logística, infraestrutura, financiamento, regulação etc.), precisaremos de toda ajuda possível, tanto pública quando privada, para suprir a demanda.
BLOG: Qual a posição da SBMN?
RAFAEL WILLAIN LOPES: A SBMN apoia a pluralidade de participantes no processo da Medicina Nuclear, declara seu fundamental apoio ao IPEN e congratula qualquer empresa que possa, porventura, acrescentar opções. Ocorre que discutir Medicina Nuclear no Brasil não passa, simplesmente, por permitir a entrada de novos players no cenário de suprimento.
BLOG: Como assim?
RAFAEL WILLAIN LOPES: A SBMN entende que urge discutirmos revisão de reembolso dos procedimentos, tanto os oferecidos pelo SUS, que não sofrem qualquer tipo de reajuste desde 2009, apesar dos crescentes custos, quanto os oferecidos aos usuários do sistema de saúde suplementar. Ao resolvermos o gap de financiamento existente no Brasil nestes procedimentos, vislumbramos um crescimento da especialidade, com expansão de serviços em todo o Brasil. A Medicina Nuclear brasileira se desenvolveu com o IPEN, segue e seguirá sendo grande parceira deste instituto, com o qual mantemos inclusive projeto de pesquisa junto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A entrada de outros entes nesse processo, por outro lado, pode ser auspicioso e vir a beneficiar a todos. Quando se somam esforços, reduzem-se as limitações, multiplicam-se os resultados e dividem-se os louros.
BLOG: Poderia exemplificar? Tem relação com importação?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Uma vulnerabilidade da medicina nuclear do Brasil é a dependência externa de radioisótopos, principal exemplo sendo o molibdênio-99 para a produção de geradores de tecnécio, radiofármaco empregado na maioria dos exames de cintilografia no país e que são fornecidos quase que na sua totalidade pelo IPEN. O radioisótopo é importado, semanalmente, de países como Argentina, Israel, África do Sul e Rússia. Qualquer irregularidade no seu fornecimento impacta na produção dos geradores de tecnécio, que são distribuídos para todo o país.
BLOG: A quantas anda a demanda pelo tratamento?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Anualmente, são realizados no país cerca de dois milhões de procedimentos de medicina nuclear, considerando-se o conjunto da saúde suplementar e Sistema Único de Saúde (SUS). Os exames de cintilografia do miocárdio respondem pela metade dos procedimentos. Os radiofármacos também são utilizados em exames de diagnóstico PET-CT e cintilografias tradicionais, além do tratamento de doenças como o câncer de tireoide, com o iodo-131 e tumores neuroendócrinos, com o lutécio-177.
BLOG: Qual a expectativa diante de novos cenários?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Nossa estimativa é de que esse número, no entanto, deveria ser pelo menos o dobro, considerando o tamanho da nossa população e a prevalência dessas doenças. Em outros países da América Latina como Argentina e Chile, a possibilidade de um paciente realizar um exame ou tratamento de medicina nuclear é duas vezes maior do que a disponibilidade existente no Brasil, o gap é ainda maior se comparamos o número de procedimentos realizados na medicina suplementar em relação ao sistema público. Cerca de 94% dos serviços de medicina nuclear são privados - embora a grande maioria das clínicas preste serviços para o SUS – e apenas 6% são públicos, estimando-se, assim, que mesmo com um crescimento constante, seriam necessários 30 anos para que o número de procedimentos na saúde pública alcance os realizados na saúde suplementar.
BLOG: Outras questões prementes?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Sim. Além desde cenário desafiador, temos questões ainda mais urgentes tais como a indisponibilidade de inúmeros kits liofilizados (cold-kits), muitos com excepcionalidade de importação no momento autorizada pela ANVISA. Mas isto também acarreta aumento de custos, que reduz a disponibilidade de uso e, por consequente, dos exames que os utilizam. Some-se a isso questões regulatórias que pairam há tempos sobre a medicina nuclear.
BLOG: Problemas nacionais?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Não são exclusivas de nosso país. Mas diante da realidade brasileira, também impactam a utilização e até uma eventual expansão da metodologia. Claro, para um país continental como o nosso, com desafios para a interiorização da medicina e acesso a saúde pública como um todo, questões de infraestrutura e logísticas, que já são limitantes. No cenário da medicina nuclear tudo isso têm impacto ainda maior, colocando em risco a sobrevivência de muitos serviços pelo país afora, assim como a perspectiva de expansão de novos serviços, públicos e privados, tão necessário para podermos atender à demanda crescente da nossa população em função do envelhecimento e das doenças crônicas. A questão ficou evidente no último censo recém publicado.
BLOG: E a questão financeira?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Por fim, é uma questão que hoje permeia todo sistema de saúde e não é diferente na nossa área, a sustentabilidade financeira e que na medicina nuclear vem se tornando crítica considerando a falta de reajuste dos procedimentos da tabela SUS desde 2009, bem como as dificuldades com as fontes pagadoras da saúde suplementar em seu momento talvez mais desafiador.
BLOG: Quais as soluções?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Neste ponto, um projeto de grande relevância é o do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), a cargo da CNEN, que propiciará uma série de mudanças no contexto dos desafios que enfrentamos, ao garantir a autonomia do país na produção de diversos isótopos, principalmente o molibdênio-99. Dentro desta perspectiva, os geradores de tecnécio serão produzidos com matéria prima brasileira, seja pelo IPEN ou até mesmo pela iniciativa privada, que, com a flexibilização do monopólio, ocorrida em 2022, já pode também exercer tal atividade, mas ambos o fariam com custo em Real, o que facilitará sua distribuição e, principalmente, permitirá ampliar o acesso e reduzir os custos da medicina nuclear para a população. Além disso, o RMB será um polo de agregação do conhecimento que permitirá produzir novos isótopos e terá capacidade para abastecer não só o Brasil, como outros países da América Latina. O RMB sozinho não resolverá todos os problemas, mas pode trazer em sua concepção perspectivas para um futuro menos incerto e ampliar horizontes nas áreas da pesquisa, visando aplicações práticas e desenvolvimento de capital humano e intelectual associada à prática da medicina nuclear e das ciências nucleares nas mais variadas vertentes.
BLOG: Mas o RMB ainda é projeto que levará alguns anos para se tornar realidade. Assim, o que temos de soluções no horizonte atual?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Diante de tantos desafios no curto e longo prazo, temos buscado continuamente manter diálogo com as diversas instituições e entes governamentais, tentando sensibilizar os tomadores de decisão no intuito de compreenderem a importância da medicina nuclear para o futuro da saúde da população. A delicada situação atual necessita de atenção para que ela possa realizar todo o potencial que vem se apresentando no horizonte.
BLOG: Bem complicado.
RAFAEL WILLAIN LOPES: Além das perspectivas no campo da cardiologia, as maiores promessas residem no campo da oncologia e do teranóstico, com a evolução de exames diagnósticos e tratamentos a eles associados. Alguns já estão disponíveis no Brasil, muitos outros estão por vir, e precisamos estar preparados para oferecê-los aos brasileiros, não apenas na saúde suplementar, mas também e principalmente, no âmbito da saúde pública e, para tanto, buscamos apoiar o desenvolvimento e implantação do programa nuclear brasileiro e o plano de expansão da medicina nuclear, que possuem dentro de sua concepção a importância da medicina nuclear e diretrizes para ajudar em sua sobrevivência e desenvolvimento do seu grande potencial em prol da população brasileira, que merece ter acesso ao que de melhor a medicina nuclear pode oferecer atualmente.
BLOG: Poderia exemplificar?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Exemplos destes esforços vêm se materializando ao longo do tempo na forma de reuniões com a presidência da CNEN, superintendência do IPEN, fornecedores e parceiros, Ministérios e/ou ministros de Estado e com o próprio Vice-Presidente da República, explicando a urgência em olhar para a comunidade da medicina nuclear, seus desafios, com destaque para o IPEN, a gravidade da situação do seu Centro de Radiofarmácia e a incerteza de continuidade de produção de radiofármacos a partir de janeiro de 2024.
BLOG: Muito grave. Poderia fornecer maiores informações?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Existe uma preocupação real e legítima, também compartilhada pela SBMN, segundo a visão exposta pelo IPEN, a sociedade em diversas reuniões, acerca de situações críticas que ameaçam a continuidade da produção de radiofármacos. Essas preocupações já foram endereçadas, tanto pelo IPEN como pela SBMN, em vários fóruns e com as mais diversas autoridades e instituições, em que discorremos sobre a falta de recursos necessários a investimentos de infraestrutura de instalações do centro de radiofarmácia, além da adequação às boas práticas de fabricação, uma exigência de longa data da ANVISA. Outra questão é a falta de recursos humanos, considerando que o IPEN vem, consistentemente, perdendo boa parte do seu capital humano, por conta da longevidade de seus servidores, muitos já aposentados ou em processo, sem uma adequada reposição ao longo dos anos, por conta da falta de concursos públicos e/ou outras alternativas. Neste sentido, entende-se também a necessidade de evolução do modelo de gestão, com mais agilidade, essencial para lidar com essas demandas, com as mudanças e dinâmicas de um setor globalizado como o da produção de radioisótopos e de sua cadeia logística, tanto mundial, como nacional. Diante desta incerteza de continuidade da produção de radiofármacos, expressada pelo órgão, a SBMN se une ao IPEN como voz em busca de soluções, visando garantir o futuro da produção de radioisótopos e, assim, assegurar a continuidade da prestação dos bons serviços que, historicamente, o uso desses radioisótopos na medicina tem oferecido à população brasileira.
BLOG: O que está sendo feito?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Estamos cientes que estes órgãos e suas respectivas instâncias superiores estão empenhados na busca por soluções no curto, médio e longo prazo, nós como SBMN nos solidarizamos e empenhamos em expandir o diálogo, dar conhecimento e visibilidade a estas questões e a necessidade de se colocar em prática soluções no curto prazo, para que possamos realizar a promessa do futuro brilhante que se anuncia para a medicina nuclear, de modo a contribuir, na prática para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
BLOG: Há metas?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Com a nova diretoria da SBMN, ainda ao final de 2022 elencamos as seguintes metas que vêm norteando as principais ações deste novo biênio 2023-24, em consonância com a visão da instituição, e o que tem sido feito para atingi-las: apoiar e fomentar o ecossistema para o presente e futuro da Medicina Nuclear. Acreditando ser papel da SBMN ouvir as demandas dos diversos entes da comunidade nuclear, especialmente seus associados, e buscando coordenar esses diferentes atores em prol de objetivos comuns.
A SBMN se propõe a buscar a ampliação do uso e acesso das tecnologias nucleares para fins diagnósticos e de tratamento, propondo novas indicações de procedimentos já comprovadamente eficazes para Agência Nacional de Saúde (ANS) e na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no sistema Único de Saúde (CONITEC) para uma quantidade cada vez maior de brasileiros alinhados a uma conduta técnico-científica, ética e socialmente responsável. Realizamos, como de costume, este ano, nossa prova de título de especialista em parceria com a CNEN, assim como nosso 37º Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, que foi um grande sucesso.
Temos trabalhado em nossas mídias com intuito de atingir tanto o público leigo, desmistificando a medicina nuclear e seus usos em prol da saúde e com toda a segurança a que estamos habituados em nossa prática cotidiana, assim também suas indicações para médicos das mais diversas especialidades e, claro, para os especialistas médicos e de áreas correlatas da medicina nuclear, para quem oferecemos cursos, simpósios com treinamentos e aulas, que vão desde conceitos básicos até técnicas avançadas, em conjunto com diversas entidades como a Agência internacional de Energia Atômica - IAEA, a própria CNEN e IPEN, Associação Brasileira de Física Médica - ABFM, Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
BLOG: O que a entidade tem feito pela capacitação profissional?
RAFAEL WILLAIN LOPES: No que se refere ao crescimento e reconhecimento da especialidade, buscamos fortalecer os laços institucionais e criar, especialmente no âmbito da formação e educação dos profissionais médicos e de áreas correlatas, proporcionando, assim, sementes para o crescimento futuro do capital humano na área da saúde nuclear brasileira.
Neste sentido, promovemos cursos e simpósios próprios ou em parcerias com diversas instituições, nos mais diversos formatos, presencial, on line, híbrido e contamos para isto com grande apoio de diversas instituições como Agência Internacional de Energia Atômica - IAEA, CNEN, IPEN, Associação Brasileira de Física Médica - ABFM, Colégio Brasileiro de Radiologia - CBR, Associação Americana de Cardiologia - ASNC, ALASBIMN, Associação Europeia de Medicina Nuclear - EANM, dentre outras. Além de diversos webinares, desde a nossa já tradicional quinta-nuclear mensalmente discutindo casos e patologias com participação de profissionais em formação de diversas partes do país, assim como outros específicos que vem a atender a demandas e anseios da comunidade nuclear para discutir temas relevantes a sua prática.
No intuito de alinhar estes dois objetivos, buscamos firmar acordos de cooperação com entidades médicas internacionais que facilitem o intercâmbio de profissionais entre seus respectivos eventos científicos, seja na forma de vantagens para inscrições ou participação direta em eventos ou programas específicos, espaço para entidade nos eventos de forma a difundir a atuação da SBMN. Ainda neste alinhamento, tivemos a oportunidade representar o Brasil integrando uma delegação, em um fórum de especialista de Medicina Nuclear dos BRICS realizado em julho de 2023, no qual podemos constatar a enorme capacidade de cooperação que podemos oferecer aos demais países por meio do material humano e conhecimento acumulado ao longo dos mais de 62 anos de história da SBMN e prática da especialidade no Brasil, com profissionais de competência e renome internacional nas mais diversas áreas da medicina nuclear, da mesma forma que podemos aprender muito e trocar experiências sobre a produção de radiofármacos, com alguns dos líderes mundiais do setor.
BLOG: Bom trânsito na administração pública?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Nas relações institucionais nacionais e internacionais queremos fortalecer as relações da SBMN com os diversos órgãos da administração pública na esfera federal, em especial, aqueles relacionados ao exercício da medicina nuclear.
Buscamos reafirmar o papel da SBMN como o interlocutor dos médicos nucleares, desta forma, dialogar com a comunidade nuclear, e as mais diversa instituições, das mais diferentes esferas, estaduais, federais, públicas e privadas, autarquias, ministérios, poder executivo e legislativo, organizações sem fins lucrativos, conselhos de classe, sociedades profissionais, médicas e não médicas, agências nacionais e internacionais, visando a cooperação mútua, para difusão e expansão do conhecimento sobre a medicina nuclear, sua prática e utilização, bem como perspectivas, sempre com caráter institucional, quando possível na forma através de acordos que possam perdurar e se fortalecer ao longo do tempo tendo como escopo o crescimento do conjunto da comunidade da medicina nuclear e suas áreas de atuação.
A exemplo disso, temos realizados ao longo deste ano reuniões institucionais com ANVISA, suas gerências e presidência, IAEA, EANM, ALASBIMN, ABFM, CBR, com diretorias e a presidência da CNEN, destacando-se na última semana com ministérios como segurança institucional, saúde e o Vice-presidente da República e na sequência com a superintendência do IPEN, tendo em vista alinhamentos conjuntos.
BLOG: Qual o trabalho da SBMN na Educação?
RAFAEL WILLAIN LOPES: No que se refere à Educação, trabalhamos junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e sua câmara técnica de Medicina Nuclear, juntamente com Ministério da Educação (MEC) e Comissão Nacional de Residências Médicas (CNRM), visando uma proposta de inclusão da disciplina no currículo da Medicina em todo o Brasil.
Apesar de termos recebido uma negativa junto à câmara técnica do CFM em uma primeira consulta, continuamos buscando rediscutir o assunto e levar o pleito adiante em outras esferas com MEC e CNRM, uma vez que, sendo uma residência com acesso direto e fundamental, que os estudantes de medicina tomem conhecimento da especialidade já na sua graduação, se não por modo de uma disciplina formal, ao menos por uma carga horaria dedicada a falar sobre a Medicina Nuclear.
De forma similar, achamos extremamente importante divulgar as ciências nucleares para as áreas correlatas, e despertar também interesse nos demais profissionais, fundamentais para o crescimento do conjunto da comunidade, como Físicos, Biomédicos, Farmacêuticos, Químicos, Biólogos, e claro, fomentar também a pesquisa, tão intrinsicamente ligada à educação e ao avanço de qualquer área do conhecimento, através da participação em eventos que visem divulgar as aplicações da medicina nuclear, bem como sua multidisciplinaridade e as perspectivas de atuação neste campo.
E, claro, temos nosso congresso anual, como grande vitrine, a materialização e celebração da ciência da medicina nuclear nas suas mais diferentes vertentes, onde buscamos dar espaços para todos, especialmente pesquisadores de apresentarem seus trabalhos.
Também para a comunidade se atualizar, discutir os avanços que poderão virar benefícios aos pacientes no dia a dia de clinicas e hospitais através do aprimoramento técnico cientifico de seus profissionais e métodos empregados, tanto nos diagnósticos, como nas terapias que vêm ressurgindo com enormes perspectivas no campo agora do que se convenciona chamar de teranóstico, a ideia de associação da terapia ao diagnóstico, ou seja, eu trato o que eu vejo.
BLOG: Na área médica, o que faz a SBMN no que diz respeito à ética?
RAFAEL WILLAIN LOPES: Fazemos a defesa da atuação profissional ética e responsável, trabalhando junto às instituições para o fortalecimento do papel do médico nuclear como pivô central no cuidado de pacientes em sua jornada de diagnóstico e tratamentos. Além disso, vamos criar um código de compliance e conduta da SBMN, objetivando orientar sócios, diretores, funcionários e parceiros em suas relações futuras, baseado nos preceitos do próprio código de ética médica, tendo em vista a crescente relação da instituição com diversos entes públicos e privados.
Com intuito de atingir este objetivo, já foi comunicado aos sócios em assembleia, os desafios que o mundo moderno e a realidade pós pandemia nos impõe nos aspecto de compliance e das relações com nossos parceiros, e que, para isso, está sendo iniciado o processo de criação de uma cultura de compliance interno e que deverá ter repercussão em todos os níveis de atividade e relações da SBMN, visando ainda mais transparência e segurança, com a criação de documentos relacionados que nos orientarão no futuro destas relações institucionais. Também foi iniciada uma aproximação com as entidades de classe regionais, associações médicas e conselhos, tendo em vistas possíveis sinergias na busca por soluções de questões mais localizadas ou pontuais, e neste sentido uma das sugestões que já surgiu seja a constituição de uma comissão de ética permanente e independente da SBMN, a se discutir no processo que se iniciará.
Perfil
Rafael Willain Lopes - Formado em medicina aos 23 anos pela Universidade Federal de Santa Catarina, cursou Residências em Medicina Interna e Cardiologia em hospitais públicos (Hospital Regional de São José e Instituto de Cardiologia de Santa Catarina) da Secretaria de Saúde de Santa Catarina e ambas pelo MEC, Pós-graduação Lato Sensu em Medicina Nuclear pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Doutorado em 2013 pelo Instituto Dante Pazzanese/Universidade de São Paulo; foi membro do programa de desenvolvimento de lideranças da Sociedade Americana de Cardiologia Nuclear (ASNC), ex-presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia Nuclear do Departamento de Ergometria e Reabilitação (DERC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), membro do corpo editorial do Journal Nuclear Cardiology - JNC e da Revista dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Imagem Cardiovascular - ABC-IC e coordenador médico e responsável técnico do Departamento de Medicina Nuclear do Hospital do Coração/SP; entre outros.
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- 20/12/2023 - Parceria entre Acervo dos Palácios e IPEN restaura escultura de São JerônimoTécnica inovadora consegue recuperar imagem e preservar o patrimônio artístico do Palácio do Governo
Técnica inovadora consegue recuperar imagem e preservar o patrimônio artístico do Palácio do Governo
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
O governo do Estado de São Paulo, através de uma parceria entre o Acervo dos Palácios – departamento da Secretaria da Casa Civil – e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) implementaram com sucesso um processo inovador de recuperação de uma escultura de São Jerônimo em madeira que estava em processo de deterioração.
O projeto, que conta com diversas fases, como o diagnóstico do objeto, a consolidação polimérica, a análise evolutiva das etapas, o restauro e as análises finais, é muito importante para as Ciências do Patrimônio, pois pela primeira vez esse tipo de ação foi realizado com sucesso em um objeto artístico-histórico no Brasil.
O processo começou com uma avaliação do objeto e da escolha pela melhor técnica para recuperá-lo, que levou muitos anos de pesquisa da restauradora-conservadora do Acervo dos Palácios, Adriana Pires. Ela é responsável pelo laboratório de restauro do Acervo dos Palácios há 21 anos e conheceu a técnica de consolidação polimérica durante um simpósio. Logo se lembrou da escultura e da possibilidade de restaurá-la com esse procedimento.
"A escultura de São Jerônimo, em madeira policromada, chegou ao laboratório de restauração em estado grave de conservação. A peça apresentava muitas perdas de suporte por ataques intensos de insetos xilófagos, cupim e broca, e estava totalmente desestruturada pelas perdas significativas de material. Existiam lacunas enormes no interior da peça, o que dificultou nosso trabalho de restauração, já que não dispúnhamos de nada que pudesse alcançar e preencher tão profundamente as áreas atacadas”, disse Adriana.
Segundo a restauradora, a consolidação polimérica com uso de radiação ionizante foi a técnica perfeita para esse processo de reestruturação do suporte. Foi a partir da consolidação no irradiador de cobalto 60 que o processo de restauração da peça pôde ser concretizado.
Para viabilizar o projeto, foi indispensável o apoio da equipe do IPEN, coordenada por Pablo Vasquez, que participou ativamente da pesquisa e possuía laboratório com equipamentos de ponta para a execução.
A consolidação polimérica é um processo que preenche perdas da escultura ("orifícios”) com uma resina que solidifica em contato com radiação gama. Para sua utilização num objeto histórico-artístico, os pesquisadores Dr. Pablo Vasquez e Dra. Maria José de Oliveira selecionaram uma resina específica, dentre diversas desenvolvidas, que se adequasse às especificidades necessárias para o procedimento e respeitassem as particularidades da escultura.
Colaboraram para a viabilização da ação o Departamento de Tomografia do Hospital Universitário da USP e o Museu de Zoologia da USP, que captaram imagens para as análises iniciais do procedimento e as imagens finais para a avaliação de resultados.
Também foram feitas análises físico-químicas em parceria com o Laboratório Essencis Tecnologies, que possibilitarão estudos mais aprofundados sobre a composição técnica da obra.
Durante a consolidação polimérica, a peça foi colocada num pequeno reator, criado sob medida para a escultura. O processo cria um vácuo que força a entrada da resina nos espaços vazios no interior da obra, submersa na substância e dentro da estrutura, com a indução de uma pressão positiva. O processo leva aproximadamente 24 horas.
Na sequência, a escultura passou por processo de restauro no laboratório de restauração do Acervo dos Palácios, onde foram realizadas ações curativas como limpeza (após a realização dos testes de solvência), nivelamentos e reintegração pictórica. Todos os materiais usados na restauração da obra são reversíveis e específicos para esse tipo de ação.
"É gratificante ver o resultado bem-sucedido desse processo de restauro nesta escultura sacra. Acredito que após 10 anos de pesquisa em busca de um método para poder recuperar a obra estamos frente a uma grande conquista científica, que aplicou tecnologia de ponta numa área tão específica como o restauro, possibilitando que a escultura volte a ser exposta.”, declarou Adriana.