Pentaquarks, mais um passo para decifrarmos o universo
Com a observação dessas partículas, a ciência se aproxima cada vez mais da constituição da matéria
Fonte: Web Jornal Unesp
O que são pentaquarks?
Essa nova classe de partículas é explicada a partir do átomo, com seu núcleo dividido em prótons e nêutrons. Estes, por sua vez, são constituídos fundamentalmente em quarks, partículas ainda menores que geram várias combinações e classes de partículas como bárions e mésons. O pentaquark seria uma nova combinação, com quatro quarks e um antiquark (o equivalente em antimáteria de um quark comum).
Guilherme Zahn, físico e pesquisador do Centro do Reator de Pesquisas do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), destaca a importância desse acontecimento: "a descoberta do pentaquark nos dá uma oportunidade enorme de aumentar o nosso conhecimento sobre o ‘funcionamento’ do quark e, por consequência, sobre o funcionamento do nosso universo na escala mais microscópica possível."
O porta-voz do CERN, Guy Wilkinson, relatou em entrevista à Physical Review Letters, que após essa observação poderemos entender mais sobre como é constituída toda a matéria, à qual somos feitos. "O pentaquark não é qualquer nova partícula, ele representa uma forma de agregar quarks, nomeadamente os constituintes fundamentais de prótons e nêutrons normais, em um padrão que nunca foi observado antes em mais de 50 anos de pesquisas experimentais. Estudando suas propriedades podem nos permitir entender melhor como a matéria comum, os prótons e nêutrons a partir do qual estamos todos feitos, é constituído."
A descoberta
O grande problema na identificação da partícula, segundo Zahn, estava na quantidade de energia utilizada, até então imprecisa. Com uma atualização do LHC, foi possível fazer colisões em que a energia liberada fosse grande o bastante para permitir a formação de pentaquarks.
Os pesquisadores do LHC identificaram a existência do pentaquark examinando o decaimento da partícula Bárion, conhecida como Lambda b, se dividindo em três partículas. O estudo do espectro de massas de duas delas revelaram que estados intermediários eram envolvidos na sua produção.
Os pentaquarks são muito instáveis, de difícil acompanhamento. O próximo passo é analisar como os quarks estão vinculados no interior deles. Seu estudo é extremamente importante para o ramo de pesquisa da constituição da matéria, afinal basicamente tudo é constituído por quarks, além da resposta às perguntas mais fundamentais dos mistérios do universo, que o homem tenta incessantemente responder.
No Brasil
Zahn relata que o Brasil ainda não investe o suficiente no setor de pesquisa e desenvolvimento tecnológico quanto deveria. "Historicamente, se investe pouco em ciência e tecnologia. Mais que isso, o investimento não tem ligação com a indústria, restringindo-se principalmente às universidades e institutos de pesquisas públicos e, com isso, acaba havendo pouca aplicação tecnológica para o investimento científico." Ressalta também que há linhas de pesquisa nacionais que podem ganhar diretamente com essa descoberta.
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