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Cirurgia de mama com mais precisão e redução de custos para hospitais e pacientes

Pesquisa coordenada pela pesquisadora Maria Elisa Cheury Martins Rostelato vai ajudar a reduzir a morbidade e deve estabelecer um protocolo para esse procedimento no País.

O câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres e também a principal causa de morte por câncer no mundo. No Brasil, representa também a maior incidência na população feminina (ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma). Uma técnica inovadora para cirurgia desse tipo de câncer, muito menos invasiva, promete reduzir a morbidade e os custos para os sistemas de saúde do País, incluindo pacientes e hospitais.

Essa é a meta do projeto de pesquisa "Técnica de marcação com sementes de iodo-125 como localizador alvo para tratamento cirúrgico em câncer de mama”, coordenado pela pesquisadora Maria Elisa Chuery Martins Rostelato, do Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do IPEN. A técnica vai possibilitar o aumento da quantidade de pacientes em tratamento e melhorar a sua qualidade de vida. Será confeccionado um protocolo para o procedimento, visto que ainda não existe no país.

"Nós vamos realizar a dosimetria do processo para calcular a dose no paciente, uma vez que não se encontrou literatura a respeito. A marcação correta minimiza a quantidade de tecido sadio que é retirado durante os procedimentos de tratamento de câncer. Esta diminuição gerará um menor tempo do paciente em sala durante o procedimento cirúrgico e disponibilidade de equipe”, adiantou a pesquisadora.

Outra vantagem é a redução do uso de radiofármacos, na forma líquida, em hospitais. "Vamos usar fontes seladas sólidas que geram menor risco de contaminação e, portanto, aumentam a segurança do paciente e da equipe durante o procedimento”, disse Rostelato. 

O projeto foi o grande vencedor da quinta edição do Prêmio IPEN de Inovação Tecnológica, cujo resultado foi anunciado no dia 31 de agosto, por ocasião das comemorações dos 62 anos do Instituto. Ao ser anunciada, Rostelato fez questão de chamar toda a sua equipe, dizendo que a pesquisa é resultado de um trabalho coletivo e cooperativo. A gerente do CTR, Margarida Hamada, também recebeu troféu para o Centro.

Alcance
De acordo com Rostelato, sua pesquisa auxiliará o tratamento de mulheres com câncer de mama em estágio inicial e avançado. A intervenção será por meio da demarcação em lesões de mama e tumores mama e axila com sementes de iodo-125, para facilitar a localização da massa tumoral a ser retirada durante o procedimento cirúrgico. 

A pesquisadora explica que os dados obtidos por meio da marcação utilizando sementes de iodo-125 (RSL-radioguided seed localization) serão comparados com a marcação pelos métodos convencionais (agulhamento por fio metálico ou clip metálico (WGL – wire guided localization), em mulheres que apresentam lesões de mama, tumores mama e axilas.

Outra aplicabilidade possível devido às propriedades físicas da semente de iodo-125 é o uso em lesão metastáticas da região ganglionar axilar.

"No momento da biópsia do gânglio suspeito, com orientação por ultrassom, é introduzida a semente, para após término da quimioterapia neo adjuvante, o patologista diagnosticar com certeza se houve ou não a remissão total da doença no gânglio afetado pelas células tumorais cancerígenas", salienta a pesquisadora.

O objetivo final, segundo Rostelato, é comprovar a acurácia, a sensibilidade e efetividade da técnica para a realização do protocolo do procedimento. "Com este procedimento definido, poder-se-á escrever ou ajudar a escrever o protocolo nacional desta técnica, ainda inexistente", acrescenta.

A pesquisa já foi submetida e aceita pela Plataforma Brasil e pelo Comitê de Ética do Hospital Beneficência Portuguesa (Parecer 523.550). O procedimento de marcação de lesões com sementes de iodo-125 já foi realizado, com sucesso, em mais de 50 pacientes.

A equipe
Além de Maria Elisa Chuery Martins Rostelato, coordenadora, a pesquisa tem a coautoria de Carlos Alberto Zeituni, engenheiro químico, responsável pela dosimetria das fontes de iodo-125. Ele é quem fará o acompanhamento da parte clínica. 

Colaboram também o médico Sérgio Mendes, responsável pela realização do procedimento de marcação com as sementes de iodo-125 e realização da cirurgia de retirada do tumor; o físico Cristiano Rodrigues Duarte, responsável pelo apoio na realização do procedimento de marcação com as sementes de iodo-125, na realização da cirurgia de retirada do tumor e também pela manipulação da fonte radioativa no hospital; e o radiologista Bruno Gonçalves Tassetto, no apoio técnico à realização e análise dos exames de imagem. Todos do Hospital Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência.

A pesquisa tem ainda o apoio do Professor Larry DeWerd, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), e do Professor Javier Vijande, da Universidade de Valencia (Espanha).

Mais sobre a pesquisa e os procedimentos clínicos no Órbita.

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