IPEN estuda utilização de lasers de alta intensidade como terapia complementar de combate ao câncer
Impulsionado pela recente premiação do Nobel de Física para as “ferramentas feitas de luz”, pesquisador Nilson Dias Vieira Júnior retoma proposta apresentada em 2014.
Desde sua descoberta, em 1960, o laser
tem se tornado um instrumento versátil
presente em um grande número de
avanços científicos e tecnológicos e vem
revolucionando o mundo em vários
campos. Um deles é a medicina. De olho
nesse potencial, o IPEN estuda a utilização
de lasers de alta intensidade como
complemento a terapias contra o câncer.
O interesse se intensificou com a recente
premiação do Nobel de Física para as
"ferramentas feitas de luz”.
Por suas "invenções pioneiras no campo
da física do laser”, o cientista norteamericano
Arthur Ashkin, o francês Gérard
Mourou e a canadense Donna Strickland
foram os vencedores em 2018. Ashkin
recebeu o prêmio por desenvolver pinças
ópticas, Mourou e Strickland, por avanços
que levaram ao laser de pulsos mais
rápidos e intensos. As técnicas
desenvolvidas têm aplicações na medicina,
como a realização de cirurgias e
tratamentos contra o câncer.
"Fontes de laser mais intensas e de pulsos
muito mais curtos permitem controlar
melhor a interação da luz com a matéria.
Com elas, é possível, por exemplo, fazer
uma cirurgia de alta precisão, da ordem de
micrômetro, inclusive dispensando
suturas. Imagine o que é recortar a córnea
de um doador e esculpir a área na qual
será implantada no olho de quem a
recebe, não é fantástico?”, destaca o físico
Nilson Dias Vieira Júnior.
Coordenador do Laboratório de Lasers de Altíssima Intensidade, do IPEN, Vieira
estagiou nos Laboratórios Bell, nos Estados
Unidos, entre 1981 e 1984. Foi onde
Ashkin desenvolveu a pinça ótica ou pinça
de luz, como também é conhecida. Tratase
de um feixe muito focalizado de laser
que permite aprisionar e manipular uma
infinidade de objetos microscópicos
(partículas, átomos etc.) sem danificá-los,
inclusive células vivas.
Membro do International Committee on
Ultra-High Intensity Lasers – ICUIL (Comitê
Internacional de Lasers de Ultra-Alta
Intensidade, em tradução livre), do qual
Mourou foi membro fundador e atuou
como presidente, Vieira participou
ativamente do meeting inaugural do ICUIL,
em 2004, onde conheceu o cientista francês e de quem se tornou amigo.
"Quando soube do trabalho que o Mourou
desenvolvia, ainda lá atrás, eu disse: - Ele
vai ganhar um Nobel”, conta o
pesquisador do IPEN.
É de Vieira a iniciativa de avançar nas
pesquisas com laser de alta intensidade na
medicina, por meio do projeto "Lasers de
Alta Intensidade como aceleradores
compactos de partículas: possíveis usos
em terapias contra o câncer”, cuja Nota
Técnica foi apresentada à direção do
IPEN/CNEN e da FAPESP em 2014. Para o
pesquisador, o Brasil precisa
definitivamente avançar e se consolidar
nessa área, impulsionado pelos trabalhos
reconhecidos de Ashkin, Mourou e
Strickland.
Vieira defende que o desenvolvimento de
aceleradores de partículas carregadas
(elétrons e prótons) para uso em medicina
permitirá o acesso mais viável para
tratamentos e diagnósticos de primeira
qualidade.
Saiba por que na reportagem completa, disponível no Órbita On-line, edição Set-Out.
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Ana Paula Freire, jornalista MTb 172/AM
Assessoria de Comunicação Institucional