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Mais que um desafio, a não proliferação nuclear é um compromisso, dizem participantes do Simpósio

Evento realizado no IPEN, na semana de 19 a 23 de junho, mobilizou mulheres em STEM que atuam na área nuclear, em instituições da América Latina e Caribe.

O papel central da América Latina e Caribe em formar novas lideranças para o desarmamento nuclear levando em consideração a importância de uma sociedade mais igualitária, com mais equidade de gênero e diversidade de ideias, mais do que um desafio, é um compromisso que as participantes do "1º Simpósio sobre Não Proliferação Nuclear e Segurança para Mulheres em STEM na América Latina e Caribe” abraçaram, depois de uma semana ouvindo experts e trocando experiências e conhecimentos sobre o tema.

Florencia Renedo, licenciada em Ciência Política pela Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de Buenos Aires, disse que o evento "gerou um clima muito confortável, solidário e de sororidadede troca de conhecimentos e experiências com mulheres de diferentes partes da América Latina e do Caribe”. Analista de Salvaguardas, Subgestão de Políticas de Não Proliferação, da Autoridade Reguladora Nuclear (ARN) da Argentina, Renedo é membro da Women in Nuclear de seu país (WiN Argentina) e da WiN Global.

Mais do que expectativas, Florencia diz que o Simpósio "gerou muitos sentimentos positivos e otimistas”. "Tomei conhecimento através da instituição onde trabalho, a Autoridade Reguladora Nuclear da Argentina. Fiquei feliz de poder participarjunto com colegas da região, de um evento que abrange os temas que mais me apaixonam: a não proliferação nuclearSaio daqui feliz por ter tido essa experiência em São Paulo. Esperamos que seja o primeiro Simpósio de muitos que virão”, afirmou.

Realizado no IPEN, e promovido em colaboração com o James Martin Center for Nonproliferation Studies (CNS), vinculado ao Middlebury Institute of International Studies at Monterey (MIIS), com apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Simpósio ocorreu no período de 19 a 23 de junho. O objetivo principal: proporcionar uma compreensão mais ampla da não proliferação, dos usos pacíficos da energia nuclear e das políticas de segurança nuclear, bem como ferramentas e mecanismos necessários para lidar com essas questões e seus desafios.

A física médica Gabryele Moreira, doutoranda no Programa de Pós-Graduação Tecnologia Nuclear IPEN/USP, comentou que o Simpósio pode ser o caminho para a criação deuma rede de contatos, "entender novas histórias e criar melhores possibilidades de permanecer na área”.Tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, como a Mércia e Ketrim, representantes da INBe histórias motivadoras como a da Mônica Georgia, física na Eletronuclear e primeira mulher a operar uma usina nuclear no Brasil”, destacou.

Gabryele se refere à física Mércia Assis da Silva, mestre em Ciência e Tecnologias Nucleares pelo Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), supervisora (em uma equipe com sete homens) responsável pelo controle e contabilidade de material nuclear da instalação e diretamente com as inspeções de salvaguardas da AIEA, e à administradora Ketrim Souza, analista de Desenvolvimento de Pessoal, ambas das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), cujas trajetórias são "inspiradoras”. "Saio muito satisfeita e com a consciência que pode se desenvolver muito para as mulheres no Brasil”, acrescentou.

Natural de Salvador (BA), Gabryele foi contemplada, em 2021, no Programa de Bolsas Marie Sklodowska-Curie (MSCFP), concedida pela AIEA, quando ainda cursava o mestrado. Sob a orientação do físico Frederico Genezini, do Centro do Reator de Pesquisa (CERPQ) do IPEN, sua pesquisa traçou o perfil sociocultural das mulheres do IPEN-CNEN. Em sua apresentação no Simpósio, a convite do pesquisador José Eduardo de Souza Sarkis, um dos coordenadores, Gabryele destacou a importância da representatividade feminina na ciência, especificamente na área nuclear.

"Tivemos cientistas incríveis, como Marie Curie, vencedora de dois Prêmios Nobel, o de Física (1903) e o de Química (1911). Foi ela quem conduziu pesquisas pioneiras sobre a radioatividade e até hoje foi a única pessoa a ser premiada em dois campos científicos diferentes. Ou seja, o universo nuclear é feminino desde sempre”, afirmou Gabryele. Na sua avaliação, o simpósio ofereceu um curso bem completo sobre segurança e não proliferação nuclear. "Durante as nossas formaçõesnão temos acesso tão direto sobre o tema abordado. Espero que mais cursos como esses adentre ao Instituto”, acrescentou.

Durante o evento, foi mencionada a possibilidade de um documento, que poderia ser um Guia de Boas Práticas. "Acredito que seria uma excelente oportunidade nós criarmos um guia que reúna as valiosas contribuições compartilhadas pelas palestrantes e participantes durante o simpósio. O guia também poderia abordar questões como inclusão, igualdade de oportunidades, promoção da diversidade e capacitação das mulheres em STEM, com um foco específico na não proliferação nuclear e segurança física", sugeriu Camila Araújo, mestre em Biofísica, doutoranda em Engenharia Nuclear na COPPE/UFRJ.

Na mesma linha das de Florencia e Gabryele, Camila entende que o papel da mulher pode ser inspirador para um mundo em que apenas o uso pacífico da energia nuclear seja viável. "A liderança feminina na não proliferação e desarmamento nuclear promove diálogo e cooperação global, enfrentando os desafios. Ela não apenas abre caminho para um futuro pacífico e seguro, mas também serve como uma inspiração poderosa para todos que sonham com um mundo livre de armas nucleares.”

Camila, Mercia Assis, Ketrim Souza, Vivianne Lúcia Bormann de Souza, tecnologista do CRCN-NE, Krizia Rosy Capizzi, Centro de Pesquisas em Ciências e Tecnologia das Radiações, Martha Mariana Mendoza Basulto, oficial de Relações Internacionais da Agência para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe (OPANAL), Florencia Renteria del Toro, do Departamento de Cooperação Técnica, da AIEA, dentre outras, participaram de gravação na Web Rádio IPEN FM, oportunidade em que falaram de suas experiências no Simpósio.

Representantes do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) também marcaram presença falando sobre as atividades de proteção, segurança e articulação dos projetos estratégicos do setor nuclear brasileiro, e destacaram a importância das ações de comunicação social para a divulgação dos benefícios da tecnologia nuclear para a sociedade.

"Cooperação no futuro"

Além de Jorge Sarkis, pesquisador do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP), Juan Du Preez e Margarita Kalinina-Pohl, ambos do James Martin Center for Nonproliferation Studies(CNS), colaboraram na organização do Simpósio. Foram debatidos temas relativos a desarmamento nuclear e ações de fortalecimento da participação feminina no setor nuclear. Aspectos históricos, políticos, culturais e a trajetória profissional das participantes foram expostos em sessões híbridas, mesas-redondas, painéis e visitas técnicas às instalações do IPEN.

Kalimina-Pohl destacou que realizar o Simpósio para mulheres em STEM foi muito gratificante, "mas é fundamental insistir em iniciativas que promovam a liderança de mais mulheres”. Ao agradecer as participantes, destacou a "semana maravilhosa de discussões, troca de informações, risadas e diversão". "Aprendi muito com todos vocês e espero que possamos continuar a cooperação no futuro", completou.

Du Preez, responsável pela gestão de educação e treinamento do Middlebury Institute of International Studies at Monterey (MIIS), afirmou que "soluções científicas para eliminar armas nucleares em nível global certamente podem surgir de eventos como o Simpósio realizado no IPEN”.

O evento contou com a participação de 4mulheres, 12 de forma híbrida, representantes de oito países da América Latina e Caribe, além de membros de instituições internacionais e brasileiras que atuam na área nuclear. No penúltimo dia, participantes e convidados visitaram as instalações do Centro de Radiofarmácia (CECRF), Centro de Tecnologia das Radiações (CETER) e o Centro de Pesquisa do Reator IEA-R1.

Sarkis comentou que organizar um evento internacional envolve horas de trabalho, planejamento e execução."Foi um trabalho de equipe. Contamos com cerca de 30 funcionários e terceirizados, diretamente envolvidos na execução das atividadessem contar com equipe de segurança e administrativa.Também tivemos cerca de 12 profissionais prestadores de serviço e o apoio fundamental da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da CNEN, da Superintendência e das Chefias de serviços e Centros do IPEN”.


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