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Iodo em escassez na pandemia

Setor de Medicina Nuclear sofre com dificuldades para obter o insumo no país

Fonte: Conexão Nuclear/ABDAN

O iodo-131 é um elemento fundamental na produção de radiofármacos para diagnóstico e tratamentos médicos relacionados ao câncer, com demanda constante, mas vem sendo cada vez mais difícil de se obter no Brasil, por questões geradas pela pandemia do Covid-19. Prazos de entrega que já eram fatores complicadores se alongaram ainda mais, e o IPEN vem tentando equacionar o fornecimento da melhor forma, mas depende de soluções que não atendem totalmente à necessidade do curto prazo. Dos 465 serviços de Medicina Nuclear em atividade no país, mais de 70 já se manifestaram relatando problemas à ABDAN em relação ao fornecimento do insumo e agora o setor privado vem se preparando para tentar auxiliar no atendimento dessa demanda.

De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer, há uma média de 13.780 novos casos de câncer de tireoide (1.830 em homens e 11.950 em mulheres) ao ano no Brasil, sendo este o tipo de câncer mais comum na região da cabeça e pescoço. O iodo radioativo é utilizado para complementar o tratamento cirúrgico ou para tratar metástases do carcinoma diferenciado da tireoide, em casos considerados de alto risco.

Para atender a esses tratamentos, o suprimento de radiofármacos a base de iodo-131 é feito no Brasil exclusivamente pelo Centro de Radiofarmácia do IPEN/CNEN, a partir da importação do radioisótopo produzido em reatores da África do Sul e da Rússia, que demandam prazos mínimos de 20 e 30 dias para as solicitações, respectivamente.

"Os prazos impostos pelos fabricantes, associados à pandemia do Covid-19, que altera drasticamente a relação entre a oferta e a procura, à meia vida do produto (de 8 dias), ao compromisso na redução no desperdício, à logística complexa de voos internacionais, à dependência orçamentária do Governo Federal e à variação cambial, tornam a pronta entrega do radiofármaco de difícil equalização pelo IPEN/CNEN aos 465 Serviços de Medicina Nuclear no País. Com o Reator Multipropósito Brasileiro em operação, teríamos domínio total na produção nacional dos radioisótopos utilizados em Medicina Nuclear e a logística de abastecimento dos radioisótopos estaria restrita e exclusiva às necessidades e demandas no País”, afirma o superintendente do Instituto, Wilson Calvo.

Em função disso, o IPEN estabeleceu, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, o prazo de 21dias para que os clientes realizem seus pedidos, mas em 17/05/2021 uma carga de iodo-131 vinda do exterior apresentou desvio técnico, sem possibilidade de solução e condições de uso pelo Instituto, atrasando o fornecimento por uma semana, gerando mais complicações para o setor.

Em breve, o Instituto assinará um acordo de cooperação com a Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha para operar o Reator de Pesquisa IEA-R1, por 9 dias consecutivos, para produção local dos radioisótopos com iodo-131 e lutécio-177, porém isso só será viável a partir de 2022.

Apesar de todos estes esforços do IPEN, o setor de medicina nuclear tem se reunido em busca de soluções para o curto prazo. Com isso, há um esforço em andamento para que a iniciativa privada possa complementar os fornecimentos no país, e quatro empresas já desenvolvem atividades locais para viabilizar o atendimento à demanda.

O Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal tem acompanhado a discussão, e a expectativa do setor é que a Anvisa dê tratamento prioritário aos pedidos de autorização protocolados pela iniciativa privada, além de haver uma busca pela equalização dos preços praticados pela tabela SUS, a partir da inclusão do iodo- 131 na tabela do Confaz, que permitiria ao setor fornecer em bases mais equânimes com o mercado internacional e com os custos associados.

É um problema sério, que afeta muitos tratamentos de saúde no País, mas que tem solução. Agora é fundamental que todos os entes envolvidos sigam com seus esforços na mesma direção. Faltam poucos passos.

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