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Cnen e USP oferecem nova graduação em Engenharia Nuclear

Fonte: Revista Brasil Nuclear

Com grandes projetos no horizonte, tais como a finalização das obras de Angra 3 e construção de novas usinas nucleares; a implantação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), o qual tornará o país autossuficiente na produção de radiofármacos para a Medicina Nuclear; a fabricação do primeiro submarino com propulsão nuclear, dentro do escopo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil e a instalação do Repositório de Baixo e Médio Nível de Rejeitos Radioativos (RBMN), dentre outros, o Programa Nuclear Brasileiro (PNB) precisará, fundamentalmente, da reoxigenação dos recursos humanos.

A despeito de o setor historicamente enfrentar questões político-orçamentárias, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Madison Almeida, acredita que os jovens que desejam trilhar uma carreira na área receberão oportunidades efetivas, pois a expansão do programa nuclear acarretará a criação e a modernização de usinas termonucleares, laboratórios e instalações nucleares e radioativas - seja para pesquisa, seja para uso médico ou industrial. "Da mesma forma, aplicações na agricultura, no meio ambiente e na mineração, dentre outras, também demandarão trabalho dos nossos engenheiros nucleares. No âmbito público e privado. Essa opinião não é somente da Cnen, mas já foi compartilhada pela Eletronuclear, Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), Marinha do Brasil e Indústrias Nucleares do Brasil (INB), por exemplo”, afirma.

Nesse sentido, a Cnen deve prestar uma grande contribuição na formação de profissionais especializados no setor nuclear, com a criação de um curso de graduação em Engenharia Nuclear, envolvendo seu Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen) e a Universidade de São Paulo (USP). Esse será o segundo curso de Engenharia Nuclear, em nível de graduação, no Brasil, pois a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ministra o seu, desde 2010.

De acordo com Madison Almeida, a expectativa é que o curso tenha início em 2021 e contemple uma grade curricular robusta e abrangente, tanto em termos de disciplinas obrigatórias como eletivas. Ele explica que houve grande discussão de outubro de 2019 a março de 2020, da qual surgiram, como alguns dos conteúdos pretendidos, Física de Reatores Nucleares, Engenharia do Núcleo do Reator, Radioproteção/Aplicações Nucleares, Experimentos em Reator de Pesquisa, Aplicações da Radiação Ionizante e de Radioisótopos em Processos Industriais e no Meio Ambiente, Fundamentos para o Transporte de Radiação, Química das Radiações e Redes Neurais Artificiais na Engenharia Nuclear. As vagas foram fixadas pela Escola Politécnica da USP (Poli/ USP) em número de dez, para a entrada em 2021.

"Trata-se de belíssimo projeto, multidisciplinar, que demonstra a sinergia histórica entre a Cnen e a USP, materializadas pelo Ipen/Cnen e pela Escola Politécnica da USP (Epusp). O Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/ Esalq/USP), o Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo (CCEMSP) e outros órgãos também participam da iniciativa. Já estivemos com o Professor Dr. Antonio Carlos Hernandes, vice-reitor da USP e, juntamente com o corpo de professores do Ipen/Cnen, queremos registrar o apoio e empenho da Profa. Dra. Liedi Bernucci, diretora da Epusp, do Prof. Dr. Claudio Schon, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, do Prof. Dr. José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, ambos da Epusp, dentre outros. Também dos vários Professores Doutores do Ipen/Cnen, como Wilson Calvo, Delvonei Andrade e Antonio Teixeira. É uma retomada de ações que foram descontinuadas em 2013, por motivos de força maior”, declara Madison Almeida. 

De acordo com ele, a Escola Politécnica da USP e o Ipen/Cnen chegaram ao consenso de que o curso deverá ser oferecido no Município de São Paulo, na Cidade Universitária Armando Salles Oliveira, no Butantã. O campus oferecerá possibilidade integrada, laboratorial, para que docentes e discentes utilizem instalações como os reatores de pesquisa no Ipen/Cnen, que são o IEA/R-1 e o Ipen/MB-01, bem como o irradiador multipropósito, os aceleradores cíclotron e de elétrons e inúmeras outras dos campi da USP e do Ipen/Cnen. "Sem falar que a maior atratividade docente e discente, para esta proposta, reside na Grande São Paulo, em que pese desejarmos ter alunos de todo o país”, completa.

Com relação ao corpo docente, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen revela que será composto por egressos da própria USP e do Ipen/ Cnen, uma vez que já há expertise profissional concentrada nos professores doutores de ambas as organizações. Atualmente, não está em discussão o número exato de docentes. Todos da Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e alguns departamentos da Escola Politécnica da USP estarão envolvidos no projeto. 

Ao passo que se prepara para contribuir na formação de jovens engenheiros nucleares em nível de graduação, em parceria com a USP, a Cnen tem feito uma radiografia quanto à situação de pessoal na ativa no setor nuclear. Em paralelo, a Comissão estuda a realização de programas de gestão do conhecimento, bem como concede bolsas de estudo nos diversos níveis. "A Medida Provisória nº 922, de 28 de fevereiro de 2020, também é instrumento do governo que converge para a possibilidade de contratações no âmbito público. E todos os projetos de arrasto são objeto de empregabilidade dos formandos na almejada graduação. Damos destaque ao Reator Multipropósito Brasileiro, ao Repositório de Baixo e Médio Nível de Rejeitos Radioativos e ao Laboratório de Fusão Nuclear (LFN), dentre outros”, pontua.

À frente da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Cnen desde agosto de 2019, Madison Almeida é mestre em Ciências Aeroespaciais, com MBA em Administração e especialização em gestão de pessoas no serviço público. Foi coordenador geral das áreas nuclear e aeroespacial, no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC), no biênio 2017/18, e gerente de tecnologia satelital, na Telebras, em 2019, cargo ocupado até vir trabalhar na Cnen. Em sua visão, o maior desafio é a implantação de projetos estruturantes, como o RMB, o RBMN e o LFN, com equipes de excelentes profissionais na gestão dos mesmos. Ele assinala, ainda, que outro grande desafio é a recomposição e manutenção dos recursos humanos na área nuclear. Com relação aos projetos em curso, cita o planejamento de uma rede de pesquisas, a ida da DPD/Cnen acompanhada de outros atores às escolas, a divulgação sistemática das ações ao público, a realização de atividades envolvendo Small Modular Reactors (SMRs), gestão de radiofármacos, Técnica do Inseto Estéril, dentre outros. Além, é claro, das ações interinstitucionais focadas no combate à pandemia Covid-19. 

"Trabalhamos em profunda sinergia com instituições como a Marinha do Brasil (com histórico de cooperação, de décadas), com os ministérios de Minas e Energia, da Defesa, das Relações Exteriores, da Saúde, com o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Gostaria de agradecer o apoio do nosso Ministério, na pessoa do ministro Marcos Pontes, bem como da Cnen, na pessoa do presidente Paulo Pertusi, que pauta sua gestão pela integração dos esforços - dentro e fora da Comissão. Como última palavra, gostaria de dizer que entidades como a Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) têm muito a contribuir com o Programa Nuclear Brasileiro, por meio de ações integradas conosco, sobretudo pelo alcance que têm junto aos diversos públicos”, finaliza Madison Almeida. 

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