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Mina no Nordeste pode levar Brasil a exportar urânio

A estatal INB formou um consórcio com a empresa de fertilizantes Galvani para o projeto de fosfato-urânio Santa Quitéria, no Ceará

Fonte: Exame

Um projeto de mineração visto como prioritário pelo governo brasileiro pode transformar o país em exportador de urânio e reduzir suas necessidades de importação de fertilizantes, se for bem-sucedido.

O país, que atualmente importa urânio para suas usinas nucleares e importa a maior parte de suas necessidades de fertilizantes, pode se tornar mais autossuficiente com um projeto de 400 milhões de dólares na região Nordeste, de acordo com o consórcio formado para explorar a jazida.

A estatal INB, que detém o monopólio da produção de urânio no Brasil, formou um consórcio com a empresa local de fertilizantes Galvani para o projeto de fosfato-urânio Santa Quitéria. A INB espera extrair cerca de 2.100 toneladas de concentrado de urânio por ano da jazida, enquanto precisa de cerca de 750 toneladas para abastecer suas usinas de energia nuclear. Adicionando capacidade nominal a outra jazida explorada pela INB, o Brasil produzirá cerca de 2.400 toneladas de concentrado de minério de urânio por ano quando Santa Quitéria atingir sua capacidade total em 2026.

"Isso corresponde a 4% da produção mundial de urânio”, disse Carlos Freire, presidente da INB, em entrevista por telefone. "Podemos ser um player com uma responsabilidade interessante.”

O desastre de Fukushima Daiichi e os altos custos de desenvolvimento mantiveram o número e a capacidade das usinas nucleares praticamente estáveis na última década, com excesso de oferta dos mercados de urânio. Ainda assim, o preço do urânio U3O8 atingiu a maior alta em quatro anos em maio, após cortes de oferta no Canadá e no Cazaquistão, embora tenha recuado desde então devido à menor demanda. A longo prazo, a indústria está atraindo esforços para cumprir metas ambiciosas de carbono que podem estimular a demanda por energia nuclear.

Inicialmente, o urânio de Santa Quitéria deve ir para as usinas nucleares da INB, embora a empresa esteja em conversas com o governo para vender o excedente no exterior, disse Freire.

Santa Quitéria foi incluído no Programa de Parceria para Investimentos do governo, conhecido como PPI, para projetos considerados prioritários. Trazer mais parceiros, incluindo consumidores de fertilizantes, está sendo considerado para financiar o investimento, enquanto a família que controla a Galvani ficaria com a participação majoritária.

A produção de fertilizantes fosfatados do projeto é estimada em 750.000 toneladas por ano em 2026, o que equivale a cerca de 20% das importações brasileiras de fertilizantes fosfatados no ano passado. O país – maior exportador de soja, café e açúcar – produz apenas 30% do seu consumo de fertilizantes fosfatados.

"Essa é uma grande deficiência estratégica para o país”, disse Ricardo Neves, presidente da Galvani, em entrevista por telefone. Galvani encerrou uma joint venture com a Yara International ASA no Brasil no ano passado.

O projeto Santa Quitéria, localizado no estado do Ceará, atenderia à demanda crescente de fertilizantes na nova fronteira agrícola do Brasil, o Matopiba. O consórcio busca aproveitar as viagens de retorno dos portos às fazendas para transportar o fertilizante.

"É uma região onde a produção de grãos e soja cresce rápido e continuará crescendo com a conversão das pastagens em agricultura”, disse Neves.

O projeto prevê ainda a produção de 270 mil toneladas de fosfato bicálcico, que é utilizado como suplemento alimentar para o gado. Esse volume representa cerca de 20% do consumo atual do país, que deve crescer 78% até 2026, segundo o Sindirações, grupo que representa a indústria de ração animal.

A maior parte do gado no Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina, é criada em pasto, mas o uso de confinamentos – e suplemento alimentar como consequência – deve aumentar nos próximos anos em meio à crescente pressão para conter o desmatamento.

O consumo de fosfato bicálcico no Brasil deve crescer de 3,5% a 4,5% ao ano nos próximos 15 anos, enquanto a demanda por fertilizantes deve aumentar de 3% a 4%, disse Neves.

"O Brasil continuará crescendo como uma superpotência agrícola, e a necessidade de fosfato acompanhará isso”, disse ele.

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