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Nova gestão da ABEN quer ampliar número de parcerias e organizará grande evento para discutir sobre o setor nuclear

Fonte: Petronotícias

A Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN) está vivendo um novo momento. A entidade anunciou recentemente uma mudança em seu comando, com a chegada de Carlos Freire à presidência. A instituição reúne técnicos, pesquisadores e empresas do setor nuclear brasileiro. Entre as suas atribuições, está a difusão de informações sobre as aplicações pacíficas da energia nuclear. Segundo Freire, uma das metas da nova gestão é justamente ampliar a presença da associação nos principais fóruns de discussão sobre os projetos nucleares brasileiros. O novo presidente da ABEN conta também que a entidade quer ampliar o número de associados, além de expandir a quantidade de parcerias nacionais e internacionais. Nesse sentido, Freire esteve recentemente em reunião com a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). "Vejo uma complementaridade muito boa entre as duas entidades. Dentro dos nossos objetivos traçados, um deles é realizar um trabalho sinérgico com a ABDAN”, disse. Além disso, Freire vê que o Brasil tem uma oportunidade única de ser um grande fornecedor de urânio para o mundo. "O Brasil possui a tecnologia, a capacidade técnica e as empresas estabelecidas para extrair urânio e produzir combustível nuclear. O que falta é alinhar todas essas peças de forma harmônica, buscando aumentar a produção segura de urânio e expandir o beneficiamento desse material”, avaliou. Por fim, o entrevistado falou sobrea nova edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico (INAC 2024), que será organizado pela ABEN de 6 a 10 de maio, na Escola de Guerra Naval (EGN), no Rio de Janeiro.

Como a ABEN chega nesse novo momento de sua história, após mais de quatro décadas de atuação?

Eu deixei a presidência da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) no final de agosto, logo após a empresa comemorar 35 anos de existência. Pouco tempo depois, eu fui convidado para assumir esse desafio de presidir a ABEN. Estou completando o mandato deixado por John Forman, que renunciou ao cargo por motivos pessoais. A ABEN tem 41 anos de existência e é uma associação consolidada, de caráter técnico-científico. Essa abordagem da associação é crucial, pois fornece informações e dados sobre a energia que servirão de subsídios para órgãos governamentais, bem como para o intercâmbio com entidades científicas e profissionais do setor.

A associação buscará novas parcerias?

Sim. Recentemente, tive uma reunião com o presidente da ABDAN, Celso Cunha. Eu entendo que a ABEN e a ABDAN têm uma capacidade de sinergia muito grande. A ABDAN tem um foco preciso nas empresas, visando fomentar os negócios. Já a ABEN é uma entidade técnico-científica, com o objetivo de divulgar a importância do uso pacífico da energia nuclear e congregar profissionais técnicos e cientistas que atuam na área.

Vejo uma complementaridade muito boa entre as duas entidades. Dentro dos nossos objetivos traçados, um deles é realizar um trabalho sinérgico com a ABDAN. Além disso, um dos nossos objetivos é também ampliar o relacionamento com grandes players internacionais, tais como a World Nuclear Association (WNA), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a Nuclear Energy Agência (NEA), entre outros.

Quais são as outras prioridades da ABEN?

Mesmo diante das dificuldades, a associação tem cumprido seu papel, participando de reuniões e interagindo na comunidade nuclear. Como meta, vamos buscar ampliar o número de empresas associadas à ABEN, bem como atrair sócios individuais.

Com seus associados de alto nível, a ABEN possui um capital humano rico. No entanto, há uma preocupação de todos nós com a renovação e inclusão. Nesse sentido, a participação de universidades, institutos, empresas de tecnologia e a Marinha do Brasil em um evento como o INAC é extremamente gratificante. Precisamos incentivar essa aproximação da ABEN com a academia, os institutos, a Marinha e as empresas para construir uma ABEN cada vez mais forte.

Quais devem ser os primeiros passos de sua gestão à frente da ABEN?

Eu diria que o mais prioritário é estabelecer contatos diretos com todas as partes envolvidas no setor nuclear, sejam empresas, institutos ou associações. Em segundo lugar, atuaremos junto às instituições governamentais nos diversos fóruns de discussão sobre a conclusão de Angra 3, a expansão do enriquecimento de urânio, o aumento das áreas de mineração por meio de parcerias e intensificar a divulgação das aplicações da tecnologia nuclear.

Temos também o compromisso de apoiar vigorosamente o desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro para a produção de radiofármacos. Ao compararmos o Brasil com outras nações, notamos que o acesso ao tratamento com radioterapia é significativamente maior em outros países. Portanto, considero o RMB uma iniciativa crucial. A ABEN, principalmente nos aspectos institucionais, pode destacar a importância desse projeto por meio de evidências técnico-científicas, deixando assim um grande legado para o país.

Outro ponto essencial é desenvolver a irradiação de alimentos. Dado que o Brasil é um grande exportador de frutas e outros produtos agrícolas, precisamos avançar nessa área. A ABEN possui o potencial para contribuir significativamente na formatação desses debates.

A ABEN vai retomar a realização do INAC neste ano. Quais são os objetivos desta edição?

O tema do INAC deste ano é sugestivo: ‘Energia Nuclear: Garantindo Energia, Saúde e Alimentação’. O tema é extremamente apropriado com o momento e as discussões atuais do setor.

O evento será realizado no Rio de Janeiro, uma cidade com uma vocação clara para a energia nuclear. Nesse contexto, a ABEN firmou um Memorando de Entendimentos com o governo do Rio de Janeiro, com o objetivo de desenvolver atividades nucleares no estado.

Acredito que o INAC poderá contribuir significativamente para toda a agenda que estamos discutindo. O evento está programado para ocorrer de 6 a 10 de maio, na Escola de Guerra Naval, na Urca.

Por fim, quais são as suas perspectivas com os desafios e as oportunidades do setor nuclear brasileiro?

Precisamos observar atentamente o que está acontecendo no mundo. A discussão sobre energia nuclear em suas diversas aplicações tem se tornado mais madura. Nos últimos anos, especialmente, tem havido uma reavaliação significativa da importância da energia nuclear. O mundo agora enxerga a nuclear com uma perspectiva diferente, abrindo uma janela de oportunidade para o Brasil. A construção de usinas nucleares, os SMRs (Reatores Modulares Pequenos) e a necessidade de expandir a produção de radiofármacos vão aumentar a demanda por urânio.

O Brasil possui a tecnologia, a capacidade técnica e as empresas estabelecidas para extrair urânio e produzir combustível nuclear. O que falta é alinhar todas essas peças de forma harmônica, buscando aumentar a produção segura de urânio e expandir o beneficiamento desse material. Também é essencial avançar na etapa de conversão, algo que ainda não é realizado no Brasil.

O país se encontra em uma posição única, considerando as reservas de urânio, o conhecimento tecnológico, a disponibilidade de pessoal e as empresas presentes. O Brasil precisa aproveitar esse momento e ABEN está pronta para contribuir com esse movimento.

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