Cade abre processo contra sete construtoras no caso Angra 3
DAVID FRIEDLANDER
BRUNO FÁVERO
DE SÃO PAULO
Após três meses de apuração, o Cade (Conselho de defesa Econômica) abriu processo nesta quarta (18) contra sete construtoras e 21 pessoas suspeitas de conluio para fraudar a disputa pelas obras da usina nuclear de Angra 3.
As empresas são formalmente acusadas de atuar em cartel para fixar preços e dividir o mercado. Os contratos da licitação das obras, que pertencem à Eletronuclear, chegavam a R$ 3 bilhões.
Conforme o Cade, as construtoras se dividiram em dois consórcios e, em vez, de competirem entre si, combinaram os lances do leilão para obter o maior preço possível.
Os executivos dos consórcios, que que não deveriam se comunicar, faziam seus acertos por e-mails e em reuniões no escritório da Queiroz Galvão no Rio. As firmas se referiam a si mesmas como "Grupão" ou "Conselhão".
Os e-mails e documentos que embasam a investigação foram entregues ao Cade em julho pela construtora Camargo Corrêa, que fez acordo de leniência com o órgão.
As acusadas são Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo, EBE, Techint e UTC, além de funcionários e ex-funcionários dessas empresas.
Se forem condenadas, as construtoras terão de pagar multa de até 20% do faturamento naquela área de negócios. No fim do processo a Camargo poderá ser perdoada e ficar isenta de multa.
OUTRO LADO
A Camargo disse que está colaborando com as investigações. A Queiroz afirmou "que sempre pautou suas atividades pela ética e pelo cumprimento da legislação".
A EBE disse que não foi comunicada oficialmente. A Odebrecht disse que se manifestará no processo. Andrade e a UTC não quiseram se manifestar. A Techint não deu retorno.