Histórico
No período do pós-guerra, mais precisamente em 1953, o então presidente norte-americano Dwight Eisenhower propôs um projeto chamado "Átomos Pela Paz” (Atoms for Peace), que visava levar os benefícios da recém-descoberta tecnologia nuclear para os países aliados dos EUA. Dentro desta iniciativa, foi incentivada a construção de reatores nucleares de pesquisa ao redor do mundo, e por meio dela foi construído o primeiro reator nuclear do Brasil, o IEA-R1. Este reator foi implantado no recém-inaugurado Instituto de Energia Atômica em 1956, dentro do então praticamente deserto campus da USP no Butantã – que, nesta época, contava com apenas 2 ou 3 construções.
Nos anos que se seguiram, o reator, projetado para operar à potência de 5MW, foi operado a 2MW, sendo amplamente empregado para a produção de radioisótopos (desde 1959, quando ocorreu a primeira produção de I-131) e, principalmente, em pesquisas de ciência básica e aplicada que empregavam o reator como fonte de radiação.
Entre as pesquisas desenvolvidas neste período, pode-se ressaltar os trabalhos em metrologia das radiações, física nuclear, química e na física do estado sólido. Estes trabalhos se desenvolviam tanto utilizando instrumentos dedicados instalados nos canais de irradiação do reator, por exemplo espectrômetros e difratômetros, como também irradiando amostras diretamente com os nêutrons oriundos da fissão nuclear e analisando-se posteriormente.
Ao longo dos anos, com o desenrolar do acordo nuclear Brasil-Alemanha e com a construção da usina nuclear de Angra 1, o reator IEA-R1 passou também a ter importante papel no treinamento dos operadores de reatores nucleares para o Brasil.Em meados da década de 1990, com o crescimento da demanda por radioisótopos produzidos em reator, o IEA-R1 passou por uma grande modernização, e sua potência de operação cresceu gradualmente até atingir 4,5 MW, em operações contínuas de 120 horas semanais; este aumento permitiu também uma ampliação nas pesquisas efetuadas no reator, melhorando a qualidade e o alcance da pesquisa científica realizada no CRPq.
No ano 2000, como parte da reestruturação gerencial pela qual passou o IPEN, o Departamento de Física e Química Nucleares fundiu-se com a Divisão de Operação e Manutenção do Reator IEA-R1 e com o Laboratório de Metrologia Nuclear, formando o Centro do Reator de Pesquisas (CRPq), que assim passou a reunir todas as áreas ligadas à operação e utilização do reator IEA-R1.
(Autor: G.S.Zahn)