Clipping de Notícias
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- 15/09/2021 - Por falta de verba, Ipen suspende a produção de remédios contra câncerO órgão federal está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem
O órgão federal está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem
Fonte: Metrópoles
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), informou que, a partir do dia 20 de setembro, vai suspender temporariamente sua produção, devido à falta de verbas para aquisições e contratações.
O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, na Holanda e na Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material é usado na radioterapia e em exames de diagnóstico por imagem, entre outros.
O Ipen fabrica 25 diferentes radiofármacos, ou 85% do fornecimento nacional. Para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação pelo Congresso Nacional de um Projeto de Lei que adicionaria R$ 34,6 milhões ao seu orçamento. Outros R$ 55,1 milhões estão sendo buscados pelo MCTIC para completar os R$ 89,7 milhões que o instituto precisa para produzir os radiofármacos até dezembro deste ano.
Em publicação do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Federal de São Paulo (Sindsef-SP), a falta de recursos para o Ipen é classificada de "desastre sem precedentes”. O sindicato informa que o problema vem sendo relatado desde o início do ano e que o Ipen tem feito "malabarismo” para se manter em atividade.
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- 15/09/2021 - STF derruba artigo da constituição da Paraíba e autoriza energia nuclear no estadoCom a decisão, Paraíba poderá ter usina nuclear e depósito de lixo nuclear. Ação foi do procurador-geral Augusto Aras.
Com a decisão, Paraíba poderá ter usina nuclear e depósito de lixo nuclear. Ação foi do procurador-geral Augusto Aras.
Fonte: G1 - ParaíbaO Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente uma ação do Ministério Público Federal (MPF), protocolada pelo procurador-geral Augusto Aras, que questionava a validade do art. 232 da Constituição da Paraíba. O artigo proibia a instalação de usinas nucleares no estado e o depósito de lixo atômico em território paraibano.
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de número 6.895, Aras defendeu que a norma paraibana invadiu competência exclusiva da União. A decisão do STF se deu em julgamento no plenário virtual, em que os ministros depositam seus votos sem a necessidade de encontro em tempo real.
O artigo impugnado proibia o depósito de lixo atômico não produzido no estado e, ainda, impedia a instalação de usinas nucleares no território. No texto da ação, o procurador-geral defendeu que "inexiste espaço para que estados, Distrito Federal e municípios editem normas paralelas” sobre a temática.
No voto, a relatora, ministra Cármen Lúcia, reiterou que a União já tem instituída a Comissão Nacional de Energia Elétrica, responsável pela "expedição de normas de instalações nucleares, transporte de material nuclear e a elaboração de regulamentos referentes à construção e à operação de estabelecimentos destinados a produzir materiais nucleares e a utilizar energia nuclear”.
O voto da relatora foi seguido pelos outros ministros da corte.
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- 15/09/2021 - Falta de verba faz Ipen anunciar suspensão de produção de remédios para câncerÓrgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem; corte afeta entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas em tratamento
Órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia está sem recursos para comprar insumos utilizados na radioterapia e nos exames de diagnóstico por imagem; corte afeta entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas em tratamento
Fonte: O Estado de S. Paulo
Saúde
Denise LunaO Instituto de Pesquisa Energética e Nucleares (Ipen), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), informou esta semana aos serviços de medicina nuclear que, a partir do próximo dia 20, vai suspender temporariamente sua produção, devido à impossibilidade orçamentária para aquisições e contratações. O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material é usado na radioterapia e exames de diagnóstico por imagem, entre outros.
No documento que o Estadão teve acesso, o Ipen explica que está fazendo todos os esforços para manter a produção, mas destaca o cenário desafiador e o momento delicado que a medicina passa diante da pandemia do coronavírus. "O IPEN-CNEN, a CNEN e o MCTI entendem perfeitamente, de forma solidária, que a ausência temporária dos geradores de 99Mo/99mTc e dos radiofármacos aos hospitais e às clínicas no País, resultará em transtornos familiares de grande monta", admite na carta ao mercado. Procurado, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) não respondeu aos questionamentos da reportagem.
O caso no Ipen ocorre na mesma semana em que o governo do presidente Jair Bolsonaro criou uma nova estatal dentro do plano de privatização da Eletrobras, a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional, a ENBpar. Serão destinados R$ 4 bilhões do Orçamento deste ano para constituir a nova empresa pública, segundo o Ministério da Economia.
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear(SBMN), George Coura Filho, avalia que entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas serão prejudicadas com a falta de distribuição dos radiofármacos do Ipen, e não apenas os doentes de câncer. Ele recebeu na terça-feira a carta do Ipen, e junto com outras entidades vai tentar junto aos ministérios relacionados uma saída para o problema. Os remédios do Ipen representam cerca de 10% dos medicamentos usados para tratar a doença.
"O Ipen é produtor quase exclusivo no Brasil dos isótopos radioativos que são utilizados na medicina nuclear. Por exemplo, no diagnóstico de cintilografia óssea para procurar metástase óssea em paciente com câncer, na cintilografia miocárdica para avaliar pacientes com doença coronariana, infartados", explicou.
O Ipen fabrica 25 diferentes radiofármacos, ou 85% do fornecimento nacional. Para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação pelo Congresso Nacional de um Projeto de Lei que adicionaria R$ 34,6 milhões ao seu orçamento. Outros R$ 55,1 milhões estão sendo buscados pelo MCTIC para completar os R$ 89,7 milhões que o instituto precisa para produzir os radiofármacos até dezembro deste ano.
"O fato de recursos orçamentários extras ainda não estarem disponíveis no Instituto, até o momento, implica na inexistência de lastro em crédito orçamentário. Tão logo tenhamos a informação quanto ao recebimento dos recursos orçamentários extras e, consequentemente, à normalização nos fornecimentos, entraremos em contato imediatamente", informa o Ipen na carta aos estabelecimentos que utilizam a medicina nuclear.
Um dos mais prejudicados será o paciente com câncer de tireóide, que depende 100% do iodo radioativo, sob risco de perder a chance de cura. "O universo de pacientes vai muito além do câncer. Tem paciente pediátrico que a gente faz cintilografia renal dinâmica, para avaliar obstrução, o que numa criança pode resultar na perda do rim se não for feito", alertou George Coura Filho.
De acordo com a presidente da Uddo Diagnósticos Médicos, Beatriz Cancegliero, também conselheira da Abdan, a medicina nuclear atende no Brasil cerca de 10 mil pacientes por dia, sendo que a grande maioria, cerca de 70%, pela saúde pública. "Todos os procedimentos de medicina nuclear em câmaras de cintilografia são realizados 100% com material do Ipen que é o tecnécio (material radioativo) de monopólio do estado brasileiro. Os materiais para tratamento também são de referência do IPEN, sendo o iodo 131 o de maior utilização, usado para o tratamento de câncer de tireoide e hoje também somente comercializado pelo IPEN/CNEN", informou.
Para o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, a crise é grave e haverá um apagão no tratamento de câncer no País. Ele explica que o Ipen não está conseguindo importar um mineral chamado molibdênio, que serve de base, após processado pelo Ipen, para a produção de vários produtos.
"O molibdênio vem de fora e a legislação impede que a importação seja feita por empresas privadas. Sem dinheiro, o mercado ficará desabastecido e as clínicas que fazem o diagnóstico e tratamento de câncer vão parar", alerta Cunha.
Em publicação do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Federal de São Paulo (Sindsef-SP), a falta de recursos para o Ipen é classificada de "desastre sem precedentes". O sindicato informa que o problema vem sendo relatado desde o início do ano e que o Ipen tem feito "malabarismo" para se manter em atividade.
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- 14/09/2021 - ENBpar, estatal que assumirá funções públicas da Eletrobras, vai gerir nucleares e ItaipuEm nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) explicou que a criação da nova estatal está prevista na lei que prevê a privatização da Eletrobrás.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) explicou que a criação da nova estatal está prevista na lei que prevê a privatização da Eletrobrás.
Fonte: Correio BrazilienseA nova estatal que assumirá as funções públicas da Eletrobras foi criada, ontem, por meio de decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar) terá capital de R$ 4 bilhões e vai reunir ativos que não serão privatizados, como a Eletronuclear, gestora das usinas nucleares Angra I e Angra II, no Rio de Janeiro, e a Itaipu Binacional.Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) explicou que a criação da nova estatal está prevista na lei que prevê a privatização da Eletrobrás. E que ela será necessária, tendo em vista que determinadas atividades atualmente geridas pela Eletrobrás não podem ser exercidas por empresas privadas. É o caso da energia nuclear, cuja exploração constitui monopólio da União, de acordo com a Constituição. No Caso de Itaipu, trata-se de um empreendimento binacional, regido por um tratado assinado com o Paraguai. "Sendo assim, as atividades públicas que estão sob a gestão da Eletrobras deverão ser repassadas para um ente da União”, diz a nota.Segundo a pasta, a nova holding terá estrutura "enxuta” e recorrerá a concursos públicos pra recrutar funcionários, que serão contratados pelas regras da CLT. Futuramente, a nova empresa poderá, ainda, incorporar as Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), fabricante do elemento combustível usado nas usinas de Angra dos Reis.
De acordo com o MME, depois de constituída, a EnBpar não dependerá de recursos da União para custeio de suas atividades.
A nova estatal também vai gerir os contratos da Reserva Global de Reversão — RGR firmados até 2016 e os seguintes programas de governo: Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica — Procel; Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa; Mais Luz para Amazônia; e Mais Luz para Todos.
O professor de Economia do Ibmec Brasília William Baghdassarian, afirma que a criação da nova estatal representa um custo muito grande para as contas públicas. Por outro lado, a motivação da criação dessa estatal é muito particular.
"A Itaipu e a Empresa de Energia Nuclear que têm características muito peculiares. A empresa nuclear usa uma tecnologia que é bastante sensível. Em outros países há empresas privadas, mas o normal, realmente, é ter um controle muito estrito do governo em relação a essas empresas. A Itaipu é uma empresa binacional, o que gera uma certa dificuldade, porque temos acordos internacionais entre o Brasil e o Paraguai e que traria uma série de empecilhos e complexidades para você reverter esses acordos passando para a iniciativa privada”, explicou o especialista.
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- 13/09/2021 - Parte dos rejeitos do Césio-137 ainda serão radioativos por 300 anosMaterial radioativo que hoje está na unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em São Paulo pode ser levado para a cidade.
Material radioativo que hoje está na unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em São Paulo pode ser levado para a cidade.
Fonte: Mais GoiásO coordenador da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Walter Mendes Ferreira, garante que Goiânia está segura desde a descontaminação do acidente do Césio-137, há 34 anos, mas afirma que osrejeitos retirados podem continuar com atividades radioativas por 300 anos. Ele lembra que foram retirados 6 toneladas de resíduos radioativos após o maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear.
Ele, que foi quem identificou o acidente do Césio-137 em Goiânia e ainda atuou na descontaminação, informa que a meia-vida do agente radioativo é de 30 anos, o que significa que neste período ele perde metade de sua atividade. "Mas a atividade deixa de ser radioativa após 300 anos, uma quantidade muito pequena.”
O físico lembra, ainda, que oito locais foram contaminados, o que resultou em casas demolidas e terrenos perfurados. Ao Mais Goiás, ele explica que a descontaminação é feita por análise de terra, com verificação de indícios. "Descontaminar é tirar o material da superfície. Como retirar uma camada de poeira”, faz uma analogia as toneladas que foram removidas da superfície do solo.
Desta forma, questionado se há qualquer risco em Goiânia, ele afirma que não, desde a descontaminação. Walter informa, ainda, que as pessoas contaminadas levam vidas normais e são acompanhadas pelo Centro de Assistência aos Radioacidentados (CARA).
Ele lembra, ainda, que a Comissão que coordena mantém, em Abadia de Goiás, o depósito para controle dos resíduos.
Césio-137 em Goiânia: 34 anos do maior acidente radiológico do mundo
Em setembro de 1987, Goiânia foi palco do maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear, com o Césio-137. Há exatos 34 anos, o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado gerou o acidente que envolveu centenas de pessoas direta e indiretamente. A abertura irremediada de uma cápsula de chumbo que guardava o mencionado elemento ocasionou mortes e sequelas irreparáveis.
Além da pequena Leide das Neves, a tia dela, Maria Gabriela e dois funcionários de um ferro-velho morreram após o contato com o Césio. Eles são considerados as vítimas diretas da tragédia. Outras centenas de pessoas precisaram ser hospitalizadas, com diversos sintomas.
Ao todo, foram monitoradas 112.800 pessoas, das quais 249 apresentaram significativa contaminação interna e/ou externa. Em 120 delas, a contaminação era apenas em roupas e calçados. As mesmas foram liberadas após a descontaminação.
Outras 129 pessoas passaram a receber acompanhamento médico regular. Destas, 79 com contaminação externa receberam tratamento ambulatorial; 50 radioacidentados com contaminação interna; 30 foram assistidos em albergues em semi-isolamento e 20 foram encaminhados ao Hospital Geral de Goiânia.
Destes últimos, 14 em estado grave foram transferidos para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, onde quatro deles foram a óbito, oito desenvolveram a Síndrome Aguda da Radiação – SAR -, 14 apresentaram falência de medula óssea e 01 sofreu amputação do antebraço.
No total, 28 pessoas desenvolveram em maior ou menor intensidade, a Síndrome Cutânea da Radiação (as lesões cutâneas também eram ditas "radiodermites”). Os casos de óbito ocorreram cerca de 04 a 05 semanas após a exposição ao material radioativo, devido a complicações esperadas da SAR – hemorragia (02 pacientes) e infecção generalizada (02 pacientes).
Resíduos e monitoramento
No total, resíduos parciais ou integrais de 46 casas, 50 automóveis, 45 ruas, árvores, calçadas, roupas, utensílios domésticos e animais sacrificados foram recolhidos. Todos eles viraram lixo nuclear. Além de Goiânia, o césio circulou por Aparecida de Goiânia, Anápolis e Inhumas.
Até hoje os lotes na região Central da capital seguem isolados. Quaisquer tipos de intervenção nos locais são proibidos. As vítimas ainda lutam por direitos à indenização e aumento de pensão.
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- 13/09/2021 - Câmara aprova requerimento pedindo informações sobre lixo nuclear que pode ser levado para Caldas, MGMaterial radioativo que hoje está na unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em São Paulo pode ser levado para a cidade.
Material radioativo que hoje está na unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em São Paulo pode ser levado para a cidade.
Fonte: G1A Câmara de Vereadores de Caldas (MG) aprovou por unanimidade um requerimento que será encaminhado às Indústrias Nucleares do Brasil (INB) com perguntas sobre a situação da empresa e da possibilidade da cidade receber mais rejeitos radioativos.
No começo do mês, foi divulgada a informação de que a unidade da empresa em Caldas poderá receber cerca 1 mil toneladas de materiais e equipamentos radioativos que atualmente estão armazenados em uma unidade desativada da empresa em Interlagos, São Paulo.
O requerimento aprovado pela Câmara de Caldas na última sexta-feira (10), será enviado para a presidência da empresa e para a CNEN, a Comissão Nacional de Energia Nuclear.
No requerimento, os vereadores pedem informações sobre a situação atual do material radioativo que já está armazenado em Caldas. Eles também questionam e pedem a documentação que comprove que a unidade da cidade seria a mais ideal para receber esse novo material.
Os vereadores também questionam sobre o andamento das ações civis públicas em vigor e perguntam ainda se a INB tem interesse em transformar a unidade de caldas em um "lixão" radioativo nuclear.
Assim que a informação veio à tona, uma comitiva com prefeitos de Caldas e cidades vizinhas, além de outras autoridades, esteve na sede da INB, onde foi recebida pelo presidente da empresa. Na ocasião, o prefeito de Caldas reafirmou que o município não tem interesse de receber essa carga de material radioativo.
O procurador jurídico de Caldas disse que, por enquanto, a prefeitura busca encontrar uma solução na base do diálogo.
"Nós fomos literalmente surpreendidos com a informação, ofício dando conta que a INB tem intenção de trazer mais materiais de rejeitos radioativos do estado de São Paulo para cá. A partir de então nós começamos a tomar diversas medidas na esfera administrativa, inclusive com o próprio procurador que nos mandou esse ofício, nós temos uma pré-reunião agendada e o prefeito, assim, faremos, que a gente busque o diálogo antes de tomar qualquer medida. Estivemos também na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com o presidente da Feam, que se demonstraram solícitos à nossa causa e assim estamos buscando. Não faz sentido uma área que já está em descomissionamento receber novos materiais radioativos", disse o procurador Luiz Cláudio Luchini.
A INB chegou a marcar uma visita na cidade para esta terça-feira (14), mas a própria empresa cancelou avisando que o presidente teria agenda em Brasília e uma nova data seria remarcada. A câmara de vereadores informou que vai realizar uma audiência pública para discutir o assunto com a população, mas por enquanto não há uma data marcada.
Região de olho
A possibilidade de envio de Caldas receber mais rejeitos radioativos fez com que cidades da região acompanhassem de perto a situação. Uma reunião da Comissão Especial das Águas na Câmara Municipal de Poços de Caldas ocorreu na tarde desta segunda-feira (13).
Entre as decisões tomadas na reunião, está a de que será marcada uma audiência pública, em outubro, para debater o tema com toda comunidade.
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- 13/09/2021 - Governo cria estatal para processo de privatização da Eletrobras, com R$ 4 bilhões no Orçamento de 2021EnBPar vai deter o capital social e a comercialização da usina hidrelétrica de Itaipu, além de ser sócia majoritária na Eletronuclear, ativos que não serão privatizados.
EnBPar vai deter o capital social e a comercialização da usina hidrelétrica de Itaipu, além de ser sócia majoritária na Eletronuclear, ativos que não serão privatizados.
Fonte: G1A Eletrobras comunicou nesta segunda-feira (13) que foi criada a Empresa Brasileira de Participação em Energia Nuclear e Binacional, a ENBpar, em razão do processo de privatização da companhia. A empresa terá sede em Brasília e o plano é que tenha uma estrutura "enxuta”.
Segundo o governo, há R$ 4 bilhões no Orçamento de 2021 para a constituição da EnBpar. Com esses recursos, a nova estatal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, comprará o controle da Eletronuclear e a parte da Eletrobras no capital de Itaipu, ativos que não serão privatizados.
A ENBpar irá gerir ainda os contratos da Reserva Global de Reversão (RGR) firmados até 2016, como também os Programas Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), Mais Luz para Amazônia e o Mais Luz para Todos.
Segundo o comunicado, a forma de segregação dos ativos está em avaliação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ainda será aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE).
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) poderão futuramente ser incorporadas à EnBPar, informaram em nota os ministérios da Economia e das Minas e Energia.
Impedimento constitucional
O desmembramento de Eletronuclear e Itaipu é necessário porque há impedimento constitucional à privatização dessas duas empresas. A primeira, porque as atividades nucleares são monopólio da União. A segunda, por se tratar de uma empresa binacional (o Brasil é sócio do Paraguai).
"A nova estatal foi desenhada como um modelo de holding e terá como objetivos deter o capital social e a comercialização da usina hidrelétrica de Itaipu, ser a sócia majoritária na Eletronuclear e gerir os contratos da Reserva Global de Reversão (RGR), firmados até 2016”, informam os ministérios em nota.
"Além disso, a ENBpar também vai gerir o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), o Mais Luz para Amazônia e o Mais Luz para Todos.”
A pasta da Economia informa ainda que Itaipu e Eletronuclear representam 27,2% do valor total do ativo da Eletrobras e 5,1% do patrimônio líquido da estatal. Os profissionais das duas empresas representam 21,3% do total do grupo Eletrobras.
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- 10/09/2021 - Comunicado FAPESP sobre atendimento telefônico e entrega de documentosFonte: FAPESP
Comunicado sobre retomada do atendimento
10 de setembro de 2021
Considerando a situação atual de controle da pandemia e as ações do Governo
do Estado de São Paulo para retomada das atividades presenciais e
funcionamento de estabelecimentos públicos e privados, informamos que a
FAPESP retomará parcialmente o atendimento telefônico e o recebimento de
documentos na sede da Fundação, a partir de 15/09/2021.
I - Atendimento telefônico
O atendimento telefônico será retomado a partir de 15/09/2021, de segunda à
sexta-feira, das 10 às 12h.
O telefone para contato com a Fundação permanece o mesmo: (11) 3838-4000.
II - Entrega de Documentos
a) Setor de Informações
Esclarecemos que o atendimento presencial para esclarecimento de dúvidas
permanecerá suspenso. No entanto, a FAPESP passará a receber documentos
entregues pessoalmente na sede da Fundação, no período de segunda à
sexta-feira, das 9 às 16h, também a partir de 15/09/2021.
Os documentos entregues pessoalmente deverão ser deixados no balcão
existente na entrada principal da Fundação, observando as sinalizações e
orientações disponíveis no local.
Não haverá emissão de protocolos no ato da entrega. Os documentos serão
processados e registrados nos sistemas eletrônicos da Fundação. Os
outorgados poderão acompanhar o registro de compromissos de Relatório
Científico e Prestação de Contas no histórico de seus processos no sistema
SAGe, para processos eletrônicos, ou no sistema Agilis, para processos que
tramitam em formato impresso.
O recebimento de documentos via correspondência ou pelos malotes das
Instituições continuará funcionando normalmente.
b) Setor de Liberação de Recursos
O atendimento presencial para esclarecimento de dúvidas ou entrega de
documentos pelo Setor de Liberação de Recursos também permanecerá suspenso.
As liberações de recursos de Auxílios e Bolsas devem ser solicitadas
observando as instruções disponíveis em <https://fapesp.br/financeiro>
www.fapesp.br/financeiro.
c) Recebimento de Termos de Outorga e demais documentos de contratação
A FAPESP continua aceitando, excepcionalmente, a assinatura digitalizada de
outorgados e dirigentes de instituições sede nos Termos de Outorga e
Aditivos aos Termos de Outorga, bem como nos demais documentos exigidos para
a contratação dos processos concedidos.
O envio dos documentos poderá ser feito por meio do Converse com a FAPESP,
em Recebimento de Termo de Outorga por meio eletrônico (
<https://fapesp.br/converse/solicitacoes/recebimento-de-termo-de-outorga-por
-meio-eletronico>
https://fapesp.br/converse/solicitacoes/recebimento-de-termo-de-outorga-por-
meio-eletronico).
III - Converse com a FAPESP
O atendimento via Converse com a FAPESP ( <https://fapesp.br/converse>
www.fapesp.br/converse) continuará sendo realizado normalmente pela
Fundação.
O comunicado sobre a suspensão do atendimento da FAPESP no início da
pandemia pode ser consultado em <https://fapesp.br/14095>
www.fapesp.br/14095.
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- 09/09/2021 - MIT testa primeiro elemento de reator de fusão nuclear inovadorFonte: Site Inovação TecnológicaÍmã supercondutor
Engenheiros do MIT fizeram o primeiro teste prático de um elemento crucial de um reator de fusão nuclear inovador que eles planejam colocar em funcionamento em pouco mais de uma década.
O projeto foi apresentado em 2018. No ano passado, um conjunto de artigos científicos publicados simultaneamente delineou a base física e, por simulação, confirmou a viabilidade do novo reator de fusão. Os artigos mostraram que, se os ímãs funcionassem conforme o esperado, todo o sistema de fusão deveria de fato produzir potência líquida, ou seja, gerar mais energia do que consome.
Foi isto que eles conseguiram agora, fazendo com que o primeiro eletroímã supercondutor chegasse a uma intensidade de campo magnético de 20 teslas, atingindo o funcionamento esperado.
O reator proposto é do tipo tokamak, um anel onde o plasma é colocado para circular, controlado por um conjunto de 18 eletroímãs. O teste consistiu em verificar o funcionamento do primeiro desses eletroímãs.
O ímã é composto por 16 placas supercondutoras empilhadas, cada uma das quais, por si só, seria o ímã supercondutor de alta temperatura mais poderoso já fabricado. O teste consistiu em elevar gradualmente a energia aplicada ao eletroímã até que ele atingisse a meta de um campo magnético de 20 teslas - a maior intensidade de campo já alcançada por um magneto supercondutor de alta temperatura.
O objetivo agora é construir o restante dos magnetos para compor o SPARC, o protótipo do reator, que deverá produzir 100 MW de potência por volta de 2025. Os testes com esse protótipo deverão permitir a construção de um reator já próximo da escala comercial, com duas vezes a dimensão do SPARC, que deverá produzir 200 MW.
Estrela dentro de uma garrafa
A fusão nuclear é o processo que alimenta as estrelas: A fusão de dois pequenos átomos para formar um maior, liberando quantidades prodigiosas de energia. Mas o processo requer temperaturas muito além do que qualquer material sólido poderia suportar. Para colocar uma miniestrela "dentro de uma garrafa", como os físicos dizem, é necessário conter algo tão quente - 100 milhões de graus ou mais - suspendendo-o de uma forma que evite que ele entre em contato com qualquer coisa sólida.
Isso é feito por meio de campos magnéticos intensos, que formam uma espécie de garrafa invisível para conter a sopa quente de prótons e elétrons, o plasma. Como as partículas têm carga elétrica, elas são fortemente controladas pelos campos magnéticos, e a configuração mais usada para contê-las é um dispositivo em forma de anel chamado tokamak. A maioria dos reatores experimentais desse tipo produz seus campos magnéticos usando eletroímãs convencionais de cobre, mas uma versão maior em construção na França, chamada ITER, usará o que é conhecido como supercondutores de baixa temperatura.
O projeto liderado pelo MIT, por sua vez, usa os chamados supercondutores de alta temperatura, que ainda são bem frios, mas geram um campo magnético mais forte em um espaço menor porque são fabricados na forma de folhas planas - o eletroímã com supercondutores de alta temperatura ocupa um volume 40 vezes menor.
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- 09/09/2021 - FAPESP atualiza normas de Reserva TécnicaFonte: Agência FapespAgência FAPESP – A FAPESP concluiu uma extensa revisão nas normas de Reserva Técnica de Auxílios e Bolsas, oficializadas pela Portaria PR nº 67, de 26 de agosto de 2021.
Uma das novidades é que as Reservas Técnicas para Infraestrutura Institucional de Pesquisa, Coordenação de Programas e Conectividade à ANSP (Rednesp) passam a ter instruções detalhadas em páginas específicas, com a forma de submissão de propostas, documentos exigidos e requisitos para solicitação.
A revisão das normas incorporou novos procedimentos adotados pela FAPESP em alterações de legislação e de atos normativos editados pela própria Fundação, como, por exemplo, a Portaria PR nº 35/2020, que regulamenta a utilização de diárias no país e no exterior, manutenção mensal no exterior e manutenção mensal de pesquisador visitante com recursos outorgados pela FAPESP. Também incorporou as novidades da Portaria PR nº 58/2021, que instituiu as novas Normas para Uso de Recursos e Prestação de Contas de Auxílios e Bolsas.
Os modelos de formulários e as páginas do site da FAPESP que contêm informações relacionadas à Reserva Técnica e Benefícios Complementares também foram atualizados.
As normas de Reserva Técnica estavam, no site da FAPESP, em uma única página (fapesp.br/rt), que passa agora a se referir exclusivamente à utilização dos recursos de Reserva Técnica de Auxílios e Bolsas concedidos nas modalidades em que está prevista.
Os outros tipos de Reserva Técnica estão detalhados em:
• Reserva Técnica para Infraestrutura Institucional de Pesquisa: fapesp.br/rti.
• Reserva Técnica para Coordenação de Programas: fapesp.br/rtcp.
• Reserva Técnica para Conectividade à Rede ANSP: fapesp.br/rtansp.Além da separação das normas de Reserva Técnica, as informações sobre o Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa do Estado de São Paulo também foram atualizadas na página fapesp.br/paip, que passa a incluir links para as novas normas de Reservas Técnicas Institucional, Coordenação de Programas e Conectividade à Rede ANSP.
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- 08/09/2021 - Filhos de pais expostos à radiação de Chernobyl não tiveram aumento dos níveis de novas mutações genéticasEstudo com os filhos de pessoas expostas à radiação originada da explosão nuclear na usina ucraniana, em 1986, mostra que eles não desenvolveram mutações genéticas além do esperado
Estudo com os filhos de pessoas expostas à radiação originada da explosão nuclear na usina ucraniana, em 1986, mostra que eles não desenvolveram mutações genéticas além do esperado
Fonte: Jornal da USPPor Sebastião Moura
Arte: Lívia Magalhães/Jornal da USPEstudo internacional que analisou o material genético de aproximadamente 100 famílias ucranianas constatou que os filhos nascidos entre 1987 e 2002 de pessoas expostas à radiação do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, não desenvolveram as chamadas mutações germinativas de novo acima do esperado.
Essas mutações aparecem pela primeira vez nos filhos devido a alterações nos gametas de, pelo menos, um dos pais, e são modificações genéticas normais da evolução humana.O intuito dos cientistas era descobrir se essas mutações apareceriam em um número excessivamente elevado nesses indivíduos por causa da radiação a que os pais foram expostos. A pesquisa mostrou que isso não aconteceu.
O trabalho contou com a participação de 38 pesquisadores de várias universidades nacionais e internacionais, entre eles, o professor Leandro Machado Colli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, coordenador do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital das Clínicas da FMRP, e que fez parte da equipe que analisou os dados genômicos.
Um artigo descrevendo o estudo foi publicado em 14 de maio na revista Science. A pesquisa foi coordenada pelo National Cancer Institute, agência de estudos sobre câncer financiada pelo governo federal dos Estados Unidos.
O acidente de Chernobyl ocorreu em abril de 1986, no reator número 4 da usina nuclear homônima, próxima à cidade de Pripyat, na atual Ucrânia. Ele foi gerado por uma combinação de falhas no projeto da instalação e erros humanos. O número de mortos e feridos ainda é incerto. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), duas pessoas morreram com a explosão e outras 28 morreram nas semanas seguintes, devido à exposição à radiação.
De acordo com um relatório do Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica publicado em 2008, o grande impacto de saúde pública proveniente dessa exposição radioativa nas duas décadas seguintes foram cerca de 6.000 casos de câncer de tireoide em crianças e adolescentes da região.
Os pesquisadores desse novo estudo sequenciaram o genoma de 105 famílias compostas por, pelo menos, um indivíduo que teve algum tipo de exposição à radiação ionizante proveniente do desastre. Entre eles, estavam pais e mães que sofreram diferentes graus de exposição (um grupo que foi exposto diretamente, um que não trabalhava na usina mas morava na região e outro de funcionários de limpeza que não estavam na usina no momento do acidente mas que foram ao local trabalhar depois).
Os autores ressaltam no artigo que não foi possível avaliar os casos dos filhos de pessoas que sofreram as maiores exposições e morreram pouco tempo depois do acidente em decorrência disso, justamente porque o material genético deles não estava disponível para análise.
Análises genéticas
Por meio da comparação entre o material genético de ambos os pais e os filhos (concebidos e nascidos após o acidente) os cientistas buscaram averiguar se esses descendentes nasceram com um número acima do normal das chamadas mutações germinativas de novo.
"Nós sempre encontramos essas alterações, isso faz parte da evolução da espécie. O que fizemos foi estimar quantas mutações desse tipo acontecem normalmente na evolução humana e comparar com o observado nos trios [pai, mãe e filho]”, explica ao Jornal da USP o professor Leandro Machado Colli.
Após a análise do material, os pesquisadores concluíram que a taxa nesses casos foi a esperada, indicando que a radiação não teve um efeito geral nas mutações dos descendentes. Esse mesmo resultado normal foi encontrado em todos os grupos avaliados.
Segundo o professor Colli, do ponto de vista da saúde pública, a importância desses resultados é mostrar que, provavelmente, a radiação deve ter um efeito limitado na prole de pessoas expostas a acidentes radioativos.
Estudos futuros
Colli adianta que o próximo passo é realizar a mesma análise em outros casos de acidentes radioativos, com níveis e tipos de radiação diferentes, para descobrir se neles também não houve impactos genéticos nos filhos das vítimas sobreviventes concebidas e nascidas após esses acidentes.
Os pesquisadores querem fazer análise similar em Fukushima, no Japão, onde, em março de 2011, um terremoto de magnitude 9.0 seguido de um tsunami danificaram a Central Nuclear de Fukushima I, provocando liberação de material radioativo e evacuação de dezenas de milhares de pessoas.
Também pretendem estudar o caso ocorrido no Brasil, em Goiânia (Goiás), em 1987, quando o descarte inadequado de uma máquina de radioterapia expôs direta e indiretamente muitas pessoas ao isótopo radioativo césio-137, o que levou a, pelo menos, 1.400 contaminações e 66 mortes, segundo levantamentos de sindicatos, associações e do Ministério Público de Goiás.
Mais informações: e-mailleandroc@fmrp.usp.br, comLeandro M. Colli
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- 02/09/2021 - Eletronuclear e INB de olho em ampliar relações comerciais com Micro e Pequenas Empresas BrasileirasFonte: PetronotíciasPor Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br)O setor nuclear brasileiro está aproximando-se ainda mais da cadeia nacional de pequenos e médios fornecedores. Duas das grandes companhias desse segmento, a Eletronuclear e a INB, revelaram nesta semana algumas oportunidades de negócios que podem ser transformadas em novos contratos para fornecedores de porte menor. Embora seja um segmento de muita tecnologia e alta exigência de segurança, a indústria nuclear brasileira também demanda muitos produtos e serviços mais simples que podem ser entregues por pequenas empresas. Esse movimento de fortalecimento da cadeia produtiva nacional está sendo encabeçado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), que realizou na tarde de quarta-feira uma roda de negócios para detalhar algumas das demandas do setor.
O presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, afirmou que a retomada das obras da usina de Angra 3, por exemplo, envolverá milhares de itens, materiais e serviços para garantir a operação e manutenção da planta de forma segura. "Essa cadeia produtiva é muito ampla e há espaço para os fornecedores de pequenos itens. Para que os grandes equipamentos funcionem, existe toda uma sequência de pequenos serviços e produtos que garantem a operação segura”, afirmou o executivo em uma gravação exibida na abertura do evento da ABDAN. "Essa cadeia produtiva associada à cadeia elétrica nuclear é muito extensa, complexa e múltipla, criando enormes oportunidades para as pequenas e médias empresas”, completou.
Os números da Eletronuclear ajudam a entender o tamanho do potencial de negócios por de trás da indústria nuclear. Levando em consideração o ano de 2019, ainda antes da pandemia de Covid-19, a estatal celebrou cerca de 2400 contratos, sendo que 90% foram firmados com fornecedores nacionais. O total investido pela companhia nesses negócios foi de R$ 561 milhões – uma fatia de 73% desse valor é referente a serviços. Além disso, 50% das compras da Eletronuclear são requisições comuns, enquanto que outros 20% são requisições de segurança nuclear e 30% são requisições de qualidade.
Em 2020, por conta da pandemia, a Eletronuclear restringiu bastante o seu volume de compras, priorizando os materiais urgentes e essenciais. "Porém, agora é um momento muito bacana de oportunidade para os fornecedores, porque estamos retomando nossa demanda anterior à pandemia”, revelou a engenheira comercial da superintendência de aquisições da Eletronuclear,Juliana Oliveira. "Estamos em um momento de atualização daquilo que não foi comprado. Também formamos, nesse tempo, um backlog de materiais que ficou em espera para ser adquirido. Nossa perspectiva de contratação para os próximos meses é muito boa”, afirmou Juliana durante o evento da ABDAN.
Algumas das aquisições em espera da Eletronuclear são itens como válvulas, materiais de vedação, manômetros, lubrificação, bombas e parafusos. "Temos em torno de 800 requisições aguardando atas para início do processo de contratação. Um total de 80% dessas requisições são materiais de estoque e prateleira”, finalizou Juliana.
Por parte da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), também é grande o interesse em estreitar laços com a cadeia de pequenos fornecedores nacionais. O superintendente de produção de combustível nuclear na INB, Marcelo Sobral, que também participou da roda de negócios, revelou que a demanda de aquisições de serviços da estatal envolve atividades como movimentação de carga, refrigeração industrial, manutenção de empilhadeiras, manutenção de áreas verdes, tratamento de águas industriais, segurança patrimonial, automação industrial, entre outras.
"Observe que os serviços prestados são de natureza comum. Qualquer outra empresa que não seja do setor nuclear pode desenvolver esse trabalho. Não existe essa mística de que para fornecer para o setor nuclear você precisa ser, necessariamente, uma empresa altamente tecnológica”, ponderou Sobral. "É óbvio que temos serviços que demandam alta tecnologia. Nesses casos, vamos buscar os fornecedores específicos para essas atividades. Mas a maioria dos nossos serviços é simples e qualquer empresa de outro ramo pode ser nossa fornecedora”, acrescentou.
O presidente da ABDAN, Celso Cunha, lembrou também da vocação das empresas fluminenses para o setor nuclear, uma vez que o Rio de Janeiro é considerado a capital nacional da geração termonuclear. Como grandes âncoras dessa indústria estão instaladas no estado, a cadeia de fornecedores deve aproveitar essa proximidade geográfica e buscar uma aproximação maior com o setor.
Além disso, Cunha frisou que empresas de outros setores também devem olhar para as chances de negócios no segmento nuclear. "Em Resende, existe toda uma cadeia produtiva em torno da indústria automobilística. Já quando pensamos em Campos, há a cadeia produtiva do petróleo e gás. Existe uma transversalidade, sem sombra de dúvida, desses setores com o segmento nuclear”, concluiu.
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- 31/08/2021 - Ministro defende futura autoridade para segurança nuclearProposta recebeu muitas críticas de especialistas, servidores e parlamentares
Proposta recebeu muitas críticas de especialistas, servidores e parlamentares
Fonte: Agência Câmara de NotíciasEm audiência pública na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (31), o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, defendeu a Medida Provisória 1049/21, que cria a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). O texto precisa da aprovação da Câmara e do Senado até o fim de setembro para não perder a validade, mas recebeu muitas críticas de especialistas, servidores e parlamentares.
O único consenso foi em torno da separação das atribuições da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que era a responsável por todas as ações de regulação, fiscalização, planejamento e pesquisa do setor. Esse acúmulo de funções da CNEN é alvo de críticas de autoridades internacionais e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Marcos Pontes destacou que, com o novo modelo, a ANSN ficará responsável pela regulação e fiscalização. "Esse é um ganho em termos de governança desse sistema, trazendo maior credibilidade internacional para o País. Tecnologia nuclear é tecnologia para a saúde e para a indústria, além de toda a pesquisa, desde física nuclear até o desenvolvimento de novos produtos. É um setor estratégico”, ressaltou.
Vinculação
O ministro de Ciência e Tecnologia admitiu que a ideia inicial era criar, de imediato, uma agência independente e não apenas uma autoridade nacional. Porém, o Ministério da Economia não autorizou a criação de cargos nem gastos extras. Marcos Pontes informou que gradativamente a ANSN será transformada em agência. "Administrativamente, ela tem que ser tratada com muita parcimônia. Espero que essa nova autoridade se transforme, no futuro, em uma agência nuclear do país. Tudo tem de ser feito de uma forma muito gradual”.
As críticas mais duras à medida provisória partiram do servidor da CNEN Sidney Rabello, pós-graduado em energia nuclear pela Universidade de São Paulo. Segundo ele, o texto contradiz artigos da Convenção Internacional de Segurança Nuclear e mantém a ANSN, um órgão regulatório, vinculada aos interesses de ministérios que promovem a energia e a tecnologia nucleares, como as pastas de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia.
"A medida provisória foi elaborada a portas fechadas, sem incluir a experiência dos colegas da segurança nuclear. Foi resultado de um grande acordo dos ministérios da promoção da energia nuclear e se contrapõe à segurança nuclear. Gostaria que todos atentassem para o objetivo não explícito da medida provisória de criar uma ANSN fraca, subordinada aos interesses da promoção da energia nuclear e muito mais fraca do que a atual CNEN regulatória”, alertou.
Rabello afirmou que acidentes nucleares – como o de Fukushima, ocorrido no Japão em 2011 – costumam surgir do "conluio” entre órgãos reguladores e operadoras de usinas. Segundo o servidor da CNEN, não basta a criação de uma autoridade nacional, mas sim a garantia de estrutura funcional adequada, recursos financeiros e transparência das ações. Rabelo também criticou a licença de construção da Usina de Angra 3, mesmo sem recursos nem projetos para mitigar acidentes severos.
Controle social
Vencedor do prêmio Right Livelihood Award, concedido pelo Parlamento da Suécia e considerado uma espécie de "prêmio Nobel alternativo”, o ambientalista Chico Whitaker defendeu o "controle social” da atividade nuclear diante dos riscos e danos de longa duração, como no caso do acidente com o Césio 137, que deixou quatro mortos em Goiânia. em 1987.
Ele também lembrou do arsenal de 15 mil bombas nucleares que deixa o planeta sob risco permanente desde os tempos da "guerra fria”. Para Whitaker, o estímulo à "cultura da segurança nuclear” é fundamental.
Organizador do debate, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), chegou a fazer um apelo para o governo retirar a medida provisória e, assim, interromper a tramitação da matéria. Segundo Glauber, o tema exige amplo debate e deveria tramitar em forma de projeto de lei e não de medida provisória, que gera efeitos imediatos.
"Me preocupou muito o fato de o Ministério da Ciência e Tecnologia ter feito questão de ressaltar que a medida provisória procurou atender o objetivo de não aumentar o que seriam gastos, a partir de limites colocados pelo Ministério da Economia. Quando se trata de proteção e garantia de vidas de milhões de pessoas, no que diz respeito à energia nuclear, esse tipo de fala torna a matéria ainda mais preocupante com uma tramitação acelerada”, lamentou.
O presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Waldenor Pereira (PT-BA), alertou o governo quanto à possibilidade de contestação judicial da medida provisória em caso de aprovação.
Aperfeiçoamento
Já o diretor de radioproteção e segurança nuclear da CNEN, Ricardo Guterres, viu "imprecisão técnica” em algumas críticas e disse que a MP não impede que o Parlamento faça ajustes futuros por meio de projetos de lei. O presidente da Associação dos Fiscais de Radioproteção e Segurança Nuclear (AFEN), João do Nascimento, acredita que a MP pode ser aperfeiçoada por meio das 25 emendas parlamentares apresentadas ao texto principal.
Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Geórgia Moraes -
- 28/08/2021 - Programa Ciência é Tudo destaca pesquisas sobre hidrogênio e células a combustível"Hidrogênio: as diversas finalidades do elemento mais leve do universo" foi o tema do episódio exibido em 28/08 do programa de divulgação científica Ciência é Tudo, produzido pela TV Brasil em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
"Hidrogênio: as diversas finalidades do elemento mais leve do universo" foi o tema do episódio exibido em 28/08 do programa de divulgação científica Ciência é Tudo, produzido pela TV Brasil em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Dentre os institutos de pesquisa nacionais envolvidos com desenvolvimentos na área da produção de energia limpa com hidrogênio, o IPEN-CNEN participou com entrevista do físico Fábio Coral Fonseca, gerente do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CECCO). Fonseca comenta sobre as linhas de pesquisa realizadas no Instituto e a parceria com a Nissan para desenvolvimento de um veículo movido a célula a combustível para geração de energia elétrica a partir da utilização de etanol.O episódio encontra-se disponível no site ou pelo canal do Ciência é Tudo no Youtube: -
- 27/08/2021 - CDTN realiza live em comemoração aos 69 anosNo dia 27 de agosto, a partir das 9h, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), uma das unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), realizará uma live em comemoração aos 69 anos da instituição.
No dia 27 de agosto, a partir das 9h, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), uma das unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), realizará uma live em comemoração aos 69 anos da instituição.
A ocasião, além de comemorar o aniversário do CDTN, celebra também o projeto de implementação do Laboratório de Materiais Avançados e Minerais Estratégicos (LMA/Granioter), que está sendo executado por meio da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação de Materiais Avançados, uma ação do MCTI.
Todos e todas estão convidados a participar da transmissão e celebrar mais esse importante passo para o avanço da pesquisa, desenvolvimento e inovação do Brasil!
Link da Live:https://youtu.be/aabM2xYLxMo
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- 26/08/2021 - Dosimetria das radiações ionizantes em física médicaFonte: Agência FapespAgência FAPESP – Como parte das atividades do Seminário de Física Aplicada com Aceleradores de Partículas, o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) receberá amanhã (27/08) o pesquisador Hélio Yoriyaz, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), para apresentar o evento on-line "Dosimetria das radiações ionizantes em física médica”.
Serão abordadas as principais atividades de pesquisa e os trabalhos realizados pelo grupo de Dosimetria e Monte Carlo Aplicados à Física Médica do Ipen ao longo dos últimos anos, em especial no que se refere às aplicações radioterápicas.
O seminário também discutirá a protonterapia, seus desafios e as atividades do grupo voltadas para essa nova modalidade de tratamento de câncer. Em particular, será apresentado um projeto em parceria com o Laboratório de Análise de Materiais por Feixes Iônicos do IF-USP para o desenvolvimento de um protocolo de testes microdosimétricos para feixes de prótons em busca da redução de fontes de incerteza no planejamento protonterápico.
O evento é gratuito e será transmitido às 14 horas. O público interessado deve solicitar o link para acompanhar on-line pelo e-maillamfi@if.usp.br.
Mais informações:https://bit.ly/37YOcYb.
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- 23/08/2021 - Palestras na área de física explicam sobre radiações ionizantes e materiais bidimensionaisEventos promovidos pelo Instituto de Física da USP nesta semana apresentam temas atuais e relevantes da física com especialistas
Eventos promovidos pelo Instituto de Física da USP nesta semana apresentam temas atuais e relevantes da física com especialistas
Fonte: Jornal da USPDois eventos com transmissão on-line promovidos pelo Instituto de Física (IF) da USP nesta semana vão abordar temas da área de física, com pesquisadores e especialistas que trazem novidades de sua área ou informações sobre seus estudos, com tópicos sempre atuais e relevantes, frequentemente nas fronteiras do conhecimento científico.
A primeira palestra nesta quinta-feira, dia 26 de agosto, vai abordar Novos fenômenos em materiais bidimensionais e possíveis aplicações em dispositivos. Neste evento, o professor Helio Chacham, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especialista em Física da Matéria Condensada, vai falar sobre materiais 2D que têm sido extensamente estudados nos últimos anos, como o grafeno.
Serão apresentadas previsões teóricas e colaborações com experimentais na investigação de fenômenos anômalos associados a fortes deformações de materiais 2D, como dobras verticais (nanoparedes) que são observadas experimentalmente. Essas dobras podem ser utilizadas, por exemplo, em dispositivos eletrônicos e nanofluídicos. Também, como materiais 2D sofrem transições estruturais e eletrônicas levando, por exemplo, à formação de famílias de "diamantes 2D”.
A palestra faz parte da série Colóquios do IFUSP e a transmissão será às 16 horas pelo Canal do IF no YouTube, neste link.
Mais informações: http://bit.ly/ProximoColoquio. Assista às edições anteriores em http://bit.ly/playColoquioIF.
Outro evento, na sexta-feira, dia 27 de agosto, às 14 horas, vai abordar as principais atividades de pesquisa e os trabalhos realizados pelo grupo de Dosimetria e Monte Carlo Aplicados à Física Médica do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) ao longo dos últimos anos, em especial no que se refere às aplicações radioterápicas. O palestrante será Hélio Yoriyaz, pesquisador do Ipen com experiência na área de Engenharia Nuclear, com ênfase em Física Médica.
Com o aumento vertiginoso do Método de Monte Carlo na solução de problemas na área médica, devido a sua capacidade de simular problemas complexos envolvendo o transporte de radiação, hoje este método tem sido considerado o padrão ouro no cálculo de dose absorvida em tratamentos de câncer com o uso da radiação. Sendo assim, alguns dos problemas práticos encontrados na rotina clínica que têm sido solucionados por esse método serão tratados neste seminário.
O Seminário de Física Aplicada com Aceleradores de Partículas é realizado mensalmente e busca divulgar possibilidades de colaboração e pesquisas realizadas no Laboratório de Análises de Materiais por Feixes Iônicos do IFUSP. Para participar, é necessário solicitar o link pelo e-mail lamfi@if.usp.br.
Com informações da Comunicação do IFUSP
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- 23/08/2021 - Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação – Desafios e Dificuldades na ImplementaçãoFonte: Agência FapespAgência FAPESP – O Tribunal de Contas da União (TCU) realizará, entre quarta (25/08) e sexta-feira (27/08), o Ciclo de Debates sobre o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação – Desafios e Dificuldades na Implementação.
O objetivo é discutir os desafios na aplicação do referido marco legal (EC 85/2015, Lei 13.243/2016 e Decreto 9.283/2018), que inseriu no arcabouço normativo brasileiro mecanismos para corrigir os entraves que impediam o alcance de resultados pelas iniciativas públicas voltadas à área de ciência, tecnologia e inovação.
O encontro é direcionado a técnicos do TCU e da Controladoria-Geral da União, técnicos do poder executivo envolvidos com programas de ciência, tecnologia e inovação, dirigentes de institutos de ciência e tecnologia, membros da academia, consultores e técnicos de organismos internacionais, servidores públicos em geral e representantes do setor privado que tenham interesse pelo tema.
O evento contará com a participação da presidente do TCU, ministra Ana Arraes, do ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, e do secretário-geral de Controle Externo do TCU, Leonardo Albernaz.
A transmissão será pelo canal do TCU no YouTube, a partir das 9 horas. Os interessados podem se inscrever pelo site do TCU.
Mais informações: https://bit.ly/2W1eA1i.
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- 22/08/2021 - 'Na Amazônia, a realidade é pior do que disse o IPCC', conta Luciana Gatti, cientista do Inpe responsável pelo estudo de nove anos sobre a Floresta AmazônicaTrabalho de 9 anos de cientista do INPE mostra que partes da floresta emitem mais carbono do que absorvem
Trabalho de 9 anos de cientista do INPE mostra que partes da floresta emitem mais carbono do que absorvem
Fonte: O Estado de S.Paulo
Emílio Sant'Anna, O Estado de S.PauloAs últimas semanas trouxeram notícias nada animadoras sobre as mudanças climáticas. No início deste mês, o relatório do IPCC, o painel climático da Organização das Nações Unidas, apontou que o planeta ficará 1,5ºC mais quente até 2040 – uma década antes do previsto. Menos de um mês antes, um estudo publicado na revista Nature mostrou que algumas áreas da Floresta Amazônica já emitem mais dióxido de carbono do que absorvem. A pesquisa foi liderada por Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, e não foi parte das análises do relatório do IPCC por ter ficado pronta pouco tempo antes.
Foram nove anos dedicados a esse estudo – com uma depressão, como consequência, para sua autora. "A Amazônia é como um ser gigantesco, de uma divindade enorme. Imaginava que aquela grandeza toda fosse capaz de achar uma saída para o dano que estamos fazendo nela. Quando eu vi que não, isso me baqueou", diz Luciana nesta entrevista ao Estadão.
Como você avalia os resultados do IPCC em relação a seu trabalho? Ele não fez parte do relatório?
O início do trabalho está lá. É uma série de nove anos, e a primeira parte, 2010 e 2011, está lá. Naquele momento, não dava para concluir nada porque um ano foi completamente diferente do outro. Em 2010, foi um ano de El Niño, muito quente, muito seco, com muita queimada e a emissão de carbono foi enorme. A gente esperava, como todo mundo, que a Amazônia fosse um sumidouro de carbono. Naquela época, achamos que 2011 não foi porque estava se curando do 2010 dramático. Aí veio o resultado de 2012, 2013 também. E 2014, mais ainda. Em 2017, eu apresentei pela primeira vez esse trabalho. Na época, eu estava deprimida por ver que a Amazônia é realmente uma fonte de carbono e isso foi muito pesado para mim, passei um tempo deprimida.
Deprimida clinicamente?
Sim. Ver que a Amazônia está emitindo mais do que absorvendo é notícia terrível. Ela está em mudança e uma mudança séria. Isso foi em 2016.
Como isso a surpreendeu?
Em 2014, meu primeiro movimento foi questionar o nosso método. Comecei a pensar que havia algo errado. Investi anos em melhorar isso. Desenvolvi sete métodos diferentes. O que usamos, o sétimo, é super-sofisticado, validado. Foram dois anos de trabalho até publicarmos esse método. É muita responsabilidade você dizer ao mundo que a Amazônia está emitindo mais carbono do que absorvendo. Eu não me sentiria confortável em dizer se não tivesse 100% de certeza.
A que você atribui essa reação tão forte?
Tenho uma relação muito forte com a natureza. A Amazônia é como um ser gigantesco, uma divindade enorme. Imaginava que aquela grandeza toda fosse capaz de achar uma saída para o dano que lhe estamos fazendo. Quando vi que não, isso me baqueou. Do ponto de vista científico, a Amazônia, hoje se acredita, está compensando uma quantidade muito grande do quanto a humanidade está emitindo de CO² na atmosfera. Então, não só não tê-la ajudando como vê-la contribuindo (para emitir mais CO²)... significa que a realidade é pior do que o que o IPCC disse. Cerca de 86% das emissões mundiais vêm da queima de combustível fóssil e 14% das mudanças do uso da terra e floresta. Se imagina que a Amazônia está contribuindo com 20% de toda a remoção que é feita na parte continental. Só que não...
Quando digo que a Amazônia está emitindo mais do que absorvendo, não falo só da floresta, mas de tudo o que está acontecendo lá. Quem está emitindo são desmatamento e queimadas. As emissões dessas duas são três vezes maiores que a absorção que a floresta está fazendo. A Amazônia ainda remove carbono da atmosfera, mas muito menos do que se acreditava.
O que isso significa?
A média, em nove anos, foi de 130 milhões de toneladas de carbono. Mas desmatamento e queimadas emitem cerca de três vezes esse valor, 410 toneladas. A Amazônia está jogando na atmosfera 290 milhões de toneladas de carbono por ano. Quando eu falo carbono é só carbono, não CO². No balanço (entre emissões e absorção de CO²), o total é de 1,06 bilhão de toneladas de dióxido de carbono lançados por ano. Das emissões (totais), 1,51 bilhão vem de queimadas. A floresta consegue remover 30% desse valor. Essa é a Amazônia total. A parte brasileira, sozinha, é bem pior.
Quais são as regiões mais afetadas por esse problema?
Uma coisa que nos intrigava é: por que temos áreas com resultados tão diferentes? Nesses nove anos calculamos mês a mês e as correlações só eram fortes para emissões de queimadas. Queríamos entender por que certas regiões funcionavam de forma tão diferente das outras. Aí resolvemos estudar 40 anos de temperatura e precipitações por mês. E também estudei as áreas desmatadas. Aí consegui ver que na média anual as coisas não estão mudando tanto, mas quando você vê determinadas épocas do ano... o impacto é gigante.
Pode dar exemplos?
Descobri que as áreas mais desmatadas haviam sofrido maior mudança na precipitação e na temperatura, principalmente a estação seca (agosto, setembro e outubro). Aí você pega Santarém com 37% de desmatamento, até na média anual essa região perdeu 9% de chuva. Só que em agosto, setembro e outubro perdeu 34% de chuva. Um terço de chuva a menos ao longo de 40 anos. E aumentou 1,9ºC a temperatura. Isso é a região nordeste da Amazônia. Quando vai para a região sudeste da floresta, com 28% de desmatamento, perdeu 24% de chuva nesses meses de agosto, setembro e outubro. Só que o aumento de temperatura foi maior ainda: 2,5º C. E se olhar só agosto e setembro: 3,1º C de aumento em 40 anos.
Agora imagina uma árvore típica de uma floresta tropical úmida, uma árvore com abundância de água e temperaturas amenas.
Que providência poderia ser tomada nessa situação?
Se a gente conseguir proibir queimada e desmatamento no ano que vem, a Amazônia vai remover mais carbono do que emitir. Então, já vai conseguir se recuperar um pouco. Se ainda fizer projetos de reflorestamento ainda mais. Veja que esse processo está acontecendo na parte leste da Amazônia que tem área, em média, 30% desmatada. O que nosso estudo está mostrando? Que com 30% desmatado a Amazônia é mais fonte do que sumidouro.
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- 16/08/2021 - Fapesp adotará registro ORCID iD na submissão de propostasCódigo de identificação digital de pesquisadores ajudará no monitoramento de publicações resultantes de projetos apoiados e facilitará elaboração de relatórios de pesquisa entre outras vantagens
Código de identificação digital de pesquisadores ajudará no monitoramento de publicações resultantes de projetos apoiados e facilitará elaboração de relatórios de pesquisa entre outras vantagens
Fonte: Agência FapespA FAPESP adotará o Open Researcher and Contributor ID (Orcid iD) para identificar bolsistas e pesquisadores e monitorar as publicações resultantes de projetos apoiados. Em breve, em data a ser previamente anunciada, todos que submeterem propostas no Sistema de Apoio à Gestão da Fundação (SAGe) terão que apresentar o número de seu Orcid iD.Atualmente, a identificação é opcional. Dos cerca de 280 mil pesquisadores cadastrados no SAGe, 14% informaram o núméro de seu Orcid iD. No entanto, apenas 4% deste total autorizaram a integração entre os sistemas, digitando o login e a senha do Orcid iD em local específico do SAGe."Para a FAPESP, o uso do Orcid iD ajudará no processamento das submissões, no monitoramento das publicações e de outros resultados das pesquisas financiadas”, afirma Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.Para o pesquisador, o uso do registro reduzirá o tempo de cadastramento no SAGe e facilitará a elaboração dos relatórios finais, além de permitir que o Sistema da FAPESP mantenha automaticamente um registro de todo o fomento recebido ao longo de sua carreira.O Orcid iD é um código alfanumérico não proprietário de identificação digital de pesquisadores, vinculando-os à sua produção científica e aos programas de financiamento. A associação do registro individual com o trabalho publicado permite buscas automáticas, facilita o trabalho das agências de fomento, das instituições de pesquisa e do próprio pesquisador, além de evitar o risco de homonimato.Adicionalmente, o Orcid iD – cujo registro é gratuito – pode ser utilizado como backup de informações acadêmicas relacionadas à carreira do pesquisador, em caso de indisponibilidade de plataformas públicas.Identificadores como Researcher ID e Scopus ID já estão integrados ao Orcid iD, assim como as bases Web of Science (Thomson Reuters) e Scopus (Elsevier). Grupos editoriais como Springer-Nature, PNAS, PLOS, entre outros, utilizam o Orcid em seus processos de submissão e publicação de artigos. Também o DOI (Digital Object Identifier) está integrado ao Orcid, o que garante a atualização automática das publicações.Grandes universidades norte-americanas (Harvard, Duke, Stanford, entre outras) e as três universidades estaduais paulistas (Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Estadual Paulista) já adotam o Orcid iD.O registro Orcid deve ser criado no endereço https://orcid.org/. A FAPESP incentiva o cadastramento de pesquisadores no Orcid iD e a autorização para a integração deste cadastro com o SAGe. A integração completa SAGe-Orcid iD está em fase final de desenvolvimento e será oportunamente anunciada pela Fundação.